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aula 44 testemunhas interrogatório

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Direito Processual Penal
Provas VI
Interrogatório II. Confissão. Testemunhas.
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal
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Doutrina referência para a nossa aula:
• Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal
Comentado.
• Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado.
• Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal.
• Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal.
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Do Interrogatório
O Interrogatório do preso será feito em regra no
estabelecimento prisional em sala própria desde que haja
as condições necessárias de segurança, de acordo com §1º
do art. 185, CPP:
§1o O interrogatório do réu preso será realizado,
em sala própria, no estabelecimento em que
estiver recolhido, desde que estejam garantidas a
segurança do juiz, do membro do Ministério
Público e dos auxiliares bem como a presença do
defensor e a publicidade do ato.
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Todavia, excepcionalmente não estando presentes os
requisitos do §1º do art. 185, CPP, o Interrogatório do Réu
(somente na fase judicial da persecução criminal) poderá
ser feito por videoconferência ou meio virtual ou on line
ou por meio eletrônico conforme o §2º do art. 185, CPP:
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§2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão
fundamentada, de ofício ou a requerimento das
partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso
por sistema de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, desde que a medida seja necessária para
atender a uma das seguintes finalidades:
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A decisão pela videoconferência haverá de ser
fundamentada conforme um dos incisos do §2º do art.
185, CPP:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organização
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir
durante o deslocamento;
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II - viabilizar a participação do réu no referido ato
processual, quando haja relevante dificuldade para
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou
outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de
testemunha ou da vítima, desde que não seja possível
colher o depoimento destas por videoconferência, nos
termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem
pública.
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Não havendo a possibilidade de realização do
Interrogatório do réu preso no estabelecimento
penitenciário ou por videoconferência, deverá ser feito por
meio de uma terceira modalidade, qual seja, requisição do
réu preso em juízo. Nesta hipótese o estado providencia o
encaminhamento do Réu, nos termos do art. 185, CPP:
§7o Será requisitada a apresentação do réu preso em
juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se
realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.
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Da Confissão
Segundo AVENA:
Trata-se a confissão do reconhecimento pelo réu
da imputação que lhe foi feita por meio da
denúncia ou da queixa-crime. Segundo dispõe o
art. 190 do CPP, se o réu confessar a autoria,
deverá ser perguntado sobre os motivos e
circunstâncias do fato, bem como se outras
pessoas concorreram para a infração, declinando-
as, em caso positivo.
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É, portanto, o meio de Prova que consiste no
reconhecimento por parte do Indiciado ou Réu dos fatos
que lhe são imputados.
A confissão é divisível (pode ser considerado apenas em
parte) e é retratável, podendo o réu voltar atrás de forma
tempestiva, conforme o art. 200, CPP:
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem
prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no
exame das provas em conjunto.
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A confissão pode ser extraprocessual, não
necessitando ser em sede de Interrogatório, mas haverá
de ser tomada por termo nos autos – Quo no est in actis,
non est in mundus – de acordo com o CPP:
Art. 199. A confissão, quando feita fora do
interrogatório, será tomada por termo nos autos,
observado o disposto no art. 195.
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A confissão é um relevante meio de Prova.
Todavia, ela não se constitui em “rainha das
provas”.
Com efeito, a simples confissão não enseja
incontinenti condenação e não obsta a
produção probatória de outros elementos de
prova.
Mais ainda, o sistema do livre convencimento,
vide art. 155, CPP, exige que haja o Juiz julgue
de forma fundamentada com lastro em todo o
conjunto probatório trazido aos autos
Atenção
Assim, ordena o CPP:
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos
critérios adotados para os outros elementos de
prova, e para a sua apreciação o juiz deverá
confrontá-la com as demais provas do processo,
verificando se entre ela e estas existe
compatibilidade ou concordância.
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Há ainda de se sustentar que o silêncio do Indiciado, e
mais particularmente do Réu, não implica em confissão.
Este silêncio, que é expressão de autodefesa do
interrogado e afasta a autoincriminação, considerando
que ninguém é obrigado a produzir prova contra si, não
pode influir na formação de convencimento do Juiz.
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Todavia, prescreve o art. 198, CPP:
Art. 198. O silêncio do acusado não importará
confissão, mas poderá constituir elemento para a
formação do convencimento do juiz.
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Das Testemunhas
Segundo o escólio de AVENA:
Conforme ensina Mirabete, testemunha é a pessoa
que, perante o juiz, declara o que sabe acerca dos
fatos sobre os quais se litiga no processo penal, ou as
que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre as
suas percepções sensoriais a respeito dos fatos
imputados ao acusado.
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As testemunhas classificam-se em:
1) Testemunha referida - é a que é citada por uma outra,
chamada de referente, não sendo contada no rol para
contagem do número máximo de testemunhas.
2) Testemunha judicial - inquirida pelo juiz ex officio
fundamenta-se no poder-dever que assiste ao magistrado
de buscando a verdade material.
3) Testemunha própria - é a testemunha chamada para
ser ouvida sobre o fato objeto do litígio, seja porque os
tenha presenciado, seja porque deles ouviu dizer.
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4) Testemunha imprópria ou instrumental - é a que
prestará depoimento sobre fatos que não se referem
diretamente ao mérito da ação penal.
5) Testemunha numerária - é regularmente
compromissada, na forma da lei.
6) Testemunha não compromissada ou informante -
são as dispensadas do compromisso em razão ele
presunção absoluta no sentido ele que são suspeitas
as suas declarações.
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7) Testemunha direta - trata-se da testemunha que
presenciou os fatos por meio dos sentidos,
possuindo melhores condições de elementos
referentes ao fato criminoso.
8) Testemunha indireta - é aquela que declara ao
magistrado sobre o que não presenciou, mas
soube ou ouviu dizer.
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No Processo Penal, toda e qualquer pessoa tem
capacidade para ser testemunha. Todavia, cabe à
Autoridade (Policial ou Judicial) valorar o teor do
depoimento de cada testemunha, vide art. 202, CPP:
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
E como regra a toda Testemunha tem o
compromisso de dizer a verdade e não tem direito ao
silêncio.
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Neste sentido, o silêncio não pode ser exercido pela Testemunha
nem mesmo em relação aos dados qualificativos, cf. CPP:
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a
promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for
perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade,
seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde
exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de
alguma das partes, ou quais suas relações com
qualquer delas, e relatar o que souber, explicando
sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias
pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
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Assim não sendo, a Testemunha pode ser responsabilizada
pelo crime de Falso testemunho, nos termos do art. 342,
CP:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral:
Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
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Há de se registrar, outrossim, que a
testemunha poderá se calar em relação aos
fatos que possam lhe incriminar,
considerando que ninguém é obrigado a
produzir provacontra si.
Atenção
Em razão deste estado de coisas o art. 211, CPP determina
que o Juiz reconhecendo a prática do falso testemunho
encaminhará ao Delegado de Polícia cópia do testemunho
eivado de falsidade para a devida apuração em sede de
Inquérito Policial:
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final,
reconhecer que alguma testemunha fez afirmação
falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do
depoimento à autoridade policial para a instauração
de inquérito.
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Além disso, o próprio CPP no seu art. 211, parágrafo único,
autoriza expressamente a Prisão em Flagrante da
testemunha que prestou falso testemunho com sua
apresentação ao Delegado de Polícia no caso de
ocorrência de tal crime no Plenário do Tribunal do Júri:
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado
em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir
decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art.
561), ou o conselho de sentença, após a votação dos
quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a
testemunha à autoridade policial.
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Não obstante o dever de depor da testemunha, a lei
Processual Penal prevê dispensa do dever de depor de
algumas pessoas em face dos laços de afinidade que elas
guardam com o réu, nos termos do art. 206, CPP:
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da
obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a
fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o
pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
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Todavia, mesmo estas pessoas que tem relação com o Réu
podem ser ouvidas na persecução criminal sem o
compromisso de dizer a verdade, sem possibilidade de
praticar, portanto, o crime de falso testemunho.
O CPP no seu art. 208 dispensa o compromisso de dizer a
verdade das pessoas nestas condições:
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude
o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos
menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a
que se refere o art. 206.
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De outro lado, a lei Processual Penal traz o rol das pessoas
que estão proibidas de depor. Isso, em razão da função,
ministério, ofício ou profissão destas pessoas que
implicam em guarda de segredo como os psicólogos,
psiquiatras, médicos, padres e pastores, nos termos do
art. 207, CPP:
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que,
em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas
pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho. 32
Contudo, há de se ressaltar que elas poderão servir como
Testemunhas quando desobrigadas pela parte interessada
caso queiram.
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Direito Processual Penal
Muito obrigado!
Até a próxima.
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal

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