Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Processual Penal Provas VI Interrogatório II. Confissão. Testemunhas. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal 2 de 23 3 Doutrina referência para a nossa aula: • Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal Comentado. • Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. • Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal. • Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. 4 Do Interrogatório O Interrogatório do preso será feito em regra no estabelecimento prisional em sala própria desde que haja as condições necessárias de segurança, de acordo com §1º do art. 185, CPP: §1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. 5 Todavia, excepcionalmente não estando presentes os requisitos do §1º do art. 185, CPP, o Interrogatório do Réu (somente na fase judicial da persecução criminal) poderá ser feito por videoconferência ou meio virtual ou on line ou por meio eletrônico conforme o §2º do art. 185, CPP: 6 §2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 7 A decisão pela videoconferência haverá de ser fundamentada conforme um dos incisos do §2º do art. 185, CPP: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 8 II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 9 Não havendo a possibilidade de realização do Interrogatório do réu preso no estabelecimento penitenciário ou por videoconferência, deverá ser feito por meio de uma terceira modalidade, qual seja, requisição do réu preso em juízo. Nesta hipótese o estado providencia o encaminhamento do Réu, nos termos do art. 185, CPP: §7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. 10 11 Da Confissão Segundo AVENA: Trata-se a confissão do reconhecimento pelo réu da imputação que lhe foi feita por meio da denúncia ou da queixa-crime. Segundo dispõe o art. 190 do CPP, se o réu confessar a autoria, deverá ser perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato, bem como se outras pessoas concorreram para a infração, declinando- as, em caso positivo. 12 É, portanto, o meio de Prova que consiste no reconhecimento por parte do Indiciado ou Réu dos fatos que lhe são imputados. A confissão é divisível (pode ser considerado apenas em parte) e é retratável, podendo o réu voltar atrás de forma tempestiva, conforme o art. 200, CPP: Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. 13 A confissão pode ser extraprocessual, não necessitando ser em sede de Interrogatório, mas haverá de ser tomada por termo nos autos – Quo no est in actis, non est in mundus – de acordo com o CPP: Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195. 14 15 A confissão é um relevante meio de Prova. Todavia, ela não se constitui em “rainha das provas”. Com efeito, a simples confissão não enseja incontinenti condenação e não obsta a produção probatória de outros elementos de prova. Mais ainda, o sistema do livre convencimento, vide art. 155, CPP, exige que haja o Juiz julgue de forma fundamentada com lastro em todo o conjunto probatório trazido aos autos Atenção Assim, ordena o CPP: Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. 16 Há ainda de se sustentar que o silêncio do Indiciado, e mais particularmente do Réu, não implica em confissão. Este silêncio, que é expressão de autodefesa do interrogado e afasta a autoincriminação, considerando que ninguém é obrigado a produzir prova contra si, não pode influir na formação de convencimento do Juiz. 17 Todavia, prescreve o art. 198, CPP: Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz. 18 19 Das Testemunhas Segundo o escólio de AVENA: Conforme ensina Mirabete, testemunha é a pessoa que, perante o juiz, declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais se litiga no processo penal, ou as que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre as suas percepções sensoriais a respeito dos fatos imputados ao acusado. 19 As testemunhas classificam-se em: 1) Testemunha referida - é a que é citada por uma outra, chamada de referente, não sendo contada no rol para contagem do número máximo de testemunhas. 2) Testemunha judicial - inquirida pelo juiz ex officio fundamenta-se no poder-dever que assiste ao magistrado de buscando a verdade material. 3) Testemunha própria - é a testemunha chamada para ser ouvida sobre o fato objeto do litígio, seja porque os tenha presenciado, seja porque deles ouviu dizer. 20 4) Testemunha imprópria ou instrumental - é a que prestará depoimento sobre fatos que não se referem diretamente ao mérito da ação penal. 5) Testemunha numerária - é regularmente compromissada, na forma da lei. 6) Testemunha não compromissada ou informante - são as dispensadas do compromisso em razão ele presunção absoluta no sentido ele que são suspeitas as suas declarações. 21 7) Testemunha direta - trata-se da testemunha que presenciou os fatos por meio dos sentidos, possuindo melhores condições de elementos referentes ao fato criminoso. 8) Testemunha indireta - é aquela que declara ao magistrado sobre o que não presenciou, mas soube ou ouviu dizer. 22 No Processo Penal, toda e qualquer pessoa tem capacidade para ser testemunha. Todavia, cabe à Autoridade (Policial ou Judicial) valorar o teor do depoimento de cada testemunha, vide art. 202, CPP: Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. E como regra a toda Testemunha tem o compromisso de dizer a verdade e não tem direito ao silêncio. 24 Neste sentido, o silêncio não pode ser exercido pela Testemunha nem mesmo em relação aos dados qualificativos, cf. CPP: Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. 25 Assim não sendo, a Testemunha pode ser responsabilizada pelo crime de Falso testemunho, nos termos do art. 342, CP: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 26 27 Há de se registrar, outrossim, que a testemunha poderá se calar em relação aos fatos que possam lhe incriminar, considerando que ninguém é obrigado a produzir provacontra si. Atenção Em razão deste estado de coisas o art. 211, CPP determina que o Juiz reconhecendo a prática do falso testemunho encaminhará ao Delegado de Polícia cópia do testemunho eivado de falsidade para a devida apuração em sede de Inquérito Policial: Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito. 28 Além disso, o próprio CPP no seu art. 211, parágrafo único, autoriza expressamente a Prisão em Flagrante da testemunha que prestou falso testemunho com sua apresentação ao Delegado de Polícia no caso de ocorrência de tal crime no Plenário do Tribunal do Júri: Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial. 29 Não obstante o dever de depor da testemunha, a lei Processual Penal prevê dispensa do dever de depor de algumas pessoas em face dos laços de afinidade que elas guardam com o réu, nos termos do art. 206, CPP: Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 30 Todavia, mesmo estas pessoas que tem relação com o Réu podem ser ouvidas na persecução criminal sem o compromisso de dizer a verdade, sem possibilidade de praticar, portanto, o crime de falso testemunho. O CPP no seu art. 208 dispensa o compromisso de dizer a verdade das pessoas nestas condições: Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 31 De outro lado, a lei Processual Penal traz o rol das pessoas que estão proibidas de depor. Isso, em razão da função, ministério, ofício ou profissão destas pessoas que implicam em guarda de segredo como os psicólogos, psiquiatras, médicos, padres e pastores, nos termos do art. 207, CPP: Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 32 Contudo, há de se ressaltar que elas poderão servir como Testemunhas quando desobrigadas pela parte interessada caso queiram. 33 Direito Processual Penal Muito obrigado! Até a próxima. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal
Compartilhar