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RESENHA A CLASSE OPERARIA VAI AO PARAÍSO

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FACULDADE REBOUÇAS
CAMPUS I – CAMPINA GRANDE
PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E GESTÃO DE PESSOAS
JAQUELANE LORRANI MAIA LOURENÇO
Atividade apresentada como exigência de avaliação da disciplina ética nas organizações ministrado no semestre 3º pela professora Helena Monteiro. 
CAMPINA GRANDE
2020
PETRI, Elio; PIRRO, Ugo; TUCCI, Ugo. A Classe Operária Vai ao Paraíso (La Classe Operaia Va in Paradiso, Itália, 1971). Filme-VHS). Direção de Elio Petri, Produção de Ugo Tucci, Argumento e Roteiro de Elio Petri e Ugo Pirro. Euro International Films, v. 125.
A história se passa em uma fábrica Italiana na década de 1970 e conta a história de Lulu Massa, um operário exemplar, ensinava aos novatos como executar seu trabalho e era contra os sindicatos dos operários. Após um acidente de trabalho, em que perde um dos dedos, e diante do descaso com sua saúde por parte da chefia o personagem muda sua perspectiva de vista a respeito das lutas de classes, chegando a integrar o movimento sindical.
A indústria de peças é gerida com base na administração cientifica. Há a presença de linhas de montagem, divisão social e de tarefas, com operários executando trabalhos manuais, como apertar parafusos e os supervisores chefes controlando o tempo com vistas na otimização da produção, com práticas de assédio e pressão, no filme vemos os supervisores com pranchetas e cronometro anotando o tempo gasto para produzir.
Neste modelo o sujeito é visto como um recurso. Em uma conversa entre Militina, ex-empregado da fábrica que adoeceu, e Lulu eles apontam esse uso do sujeito como recurso, além de Lulu em outra cena declara que seria uma máquina, um parafuso. Esse discurso levanta a discussão ética a respeito do principio ético da dignidade humana, ou seja, reconhecer a qualidade do ser humano (ALONSO, LÓPEZ & CASTRUCCI, 2012).
Gallo (2003) aponta que a sociedade atual vivencia uma crise de valores e como característica ocorre a perda da humanidade do homem, ele passa a ser sujeito das situações. O operário vive como uma máquina, tal qual é dito pelos chefes de Lulu “Sua saúde depende da sua relação com a máquina”, é um sujeito desumanizado, vira apenas um recurso para produção, no capitalismo.
O sistema econômico muda todas as esferas sociais. “A partir disso, observam-se profundas mutações no universo do trabalho, que impactam inclusive nos modos de sofrimento, acidentes e mortes de trabalhadores” (MACHADO, GIONGO E MENDES, 2016, pg 229.) Segundo os autores, as transformações ocorridas são marcadas pela precarização da condição social e do trabalho e o declínio do estado de bem estar. 
Os trabalhadores adoecem, ficam loucos tal qual Militina, adquirem ulcera e perdem o dedo, são humilhados como Lulu e Adalgisa em nome da produtividade, do tempo “Vocês cortam o tempo e nós cortamos o dedo”. A empresa, não garante o bem estar de seus empregados. São explorados como coloca um dos sindicalistas “Esses dirigentes que organizam cientificamente sua exploração”. São constantemente assediados por seus superiores e pares, como Lulu que sofre e pratica. 
O protagonista se revolta pois ao se machucar a empresa não se preocupa com sua saúde e sim com a produção do que com sua saúde. Machucado, resolve escolher o quanto vai produzir e é ameaçado pelo supervisor a pagar uma multa. O trabalho não está a serviço do homem, mas do capital, ferindo o princípio ético da primazia do trabalho, do bem comum e da subsidiariedade, pois o trabalho está acima da dignidade humana, não a seu favor auxiliando-o a estar em sociedade como de acordo como de acordo com Alonso, Lopéz e Castrucc (2012) deveria ser. 
Ao invés de subsidiar Lulu a empresa questiona a razão de seus distúrbios após o acidente, se desresponsabilizando dos princípios da garantia do bem comum, desqualificando o empregado, agindo de modo antiético. Hoje essas práticas continuam corriqueiras como aponta Porcaro (2018) no setor de telemarketing. 
Em visita a fabrica pós acidente do protagonista, o chefe discursa sobre os trabalhadores continuarem unidos, produzindo e para os supervisores diz que planeja demitir alguns desses operários. Alencastro (2016) discute sobre empresas que tem comportamento amoral, aponta que estar preocupam-se apenas com o lucro, não importando os meios de consegui-lo, comportamento parecido com o relatado acima. 
O patrão faz ainda uso do poder que possui ao chamar seguranças para a porta da empresa utilizando-se do discurso de que quer garantir o direito de trabalhar, entretanto o que se vê é um poder opressor que fere o principio do bem comum e uma autoridade baseada no poder instituído, não uma autoridade natural. 
Alonso, López & Castrucci (2012) apontam que os sistemas econômicos parecem não se preocupar com a ética, mas com o conflito de forças entre classes. Há uma clara luta de classes, os sindicatos lutam pelo direito da primazia do trabalho, salários justos pois tem produzido muito e não tem um retorno financeiro equivalente, havendo abusos e exploração ao trabalhador. De acordo com os autores é nesse contexto que surgem os sindicatos para a defesa de trabalhadores, como é retratado no filme.
Entretanto o filme também mostra a falha ética dos sindicalistas observada é o desrespeito a liberdade humana, a primazia do trabalho, pois ao fazer greve eles impediam outros trabalhadores que queriam continuar suas atividades, além de na mesma cena violarem o principio da propriedade privada ao quebraram o carro do patrão. 
Lulu é demitido do emprego e o grupo de sindicalistas mostra-se dividido, uma parte diz que irá tentar ajuda-lo e a outra coloca que não pode ajuda-lo pois luta pelo coletivo e sua demanda seria pessoal. Tal posicionamento do segundo grupo fere o principio ético da subsidiariedade, que fala sobre o auxilio aos que estão tendo dificuldades de fazer parte da sociedade. O personagem parece compreender as percas que o trabalho lhe suscitou, pois ao conseguir o emprego de volta não aparenta muita felicidade, o que lhe traz esse sentimento seria vencer uma luta de classes.
Foi possível perceber que este principio também é quebrado quando a família de Lulu Massa retorna para casa, eles haviam perdido o convívio e tinham certa dificuldade no convívio, por isso outro principio que diz respeito a proporcionar as condições de desenvolvimento moral, psíquico e institucional foi violado, o da primazia do bem comum. 
Por fim “A classe Operaria vai ao paraíso” levanta diversos aspectos envolvendo a ética nas empresas e na sociedade como um todo. A realidade retratada não é distante da encontra nos dias atuais, atitudes antiéticas como o assédio e a pressão características do processo de precarização do qual fala Antunes (2018) e que reflete no campo ético da sociedade. 
Diante dessa crise destaca-se a necessidade de propostas de intervenção que visem possibilitar o desenvolvimento de uma sociedade mais ética, com empresas éticas, colaborando para um mundo mais justo para todos e práticas de gestão mais humanas, que considerem não só a produção, mas o bem estar de seus empregados.
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCASTRO, Mario Sergio. Ética Empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2016.
ALONSO, Félix Ruiz; LÓPEZ, Francisco Granizo; DE LAURO CASTRUCCI, Plínio. Curso de ética em administração. Editora Atlas SA, 2012.
ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: O novo proletariado de serviço na era digital. Boitempo Editorial, 2018.
GALLO, Silvio. Ética e Cidadania: caminhos da filosofia: elementos para o ensino de filosofia. 11. ed. rev. e atualizada. Campinas, SP: Papirus, 2003.
 MACHADO, Fabiane Konowaluk Santos; GIONGO, Carmem Regina; MENDES, Jussara Maria Rosa. Terceirização e Precarização do Trabalho: uma questão de sofrimento social. Rev. psicol. polít.,  São Paulo ,  v. 16, n. 36, p. 227-240, ago.  2016 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2016000200007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  28  Out.  2019.PORCARO, L. A. O presenteísmo entre trabalhadores de centrais de telecomunicação. 2018. 175f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde - PPGPS) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2018.

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