Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
25/04/2018 1 TERMODINÂMICA Cap.5 TEORIA CINÉTICA DOS GASES Prof. Dr. Sérgio Turano de Souza História Em 1738, o físico matemático Daniel Bernoulli, publicou Hidrodinâmica, que lançou a base para a teoria cinética dos gases. Nesse trabalho, Bernoulli posicionou seu argumento, ainda sólido até a atualidade, que os gases consistem em um grande número de moléculas se movendo em todas as direções, onde elas colidem entre si e esse impacto causa uma pressão na superfície de contato que podemos sentir. Como exemplos, podemos citar o que nós sentimos como calor, que corresponde simplesmente a energia cinética do seu movimento. A teoria não foi imediatamente aceita, em parte por causa da conservação de energia que não estava bem estabelecida, e ainda, não era óbvio aos físicos que as colisões entre as moléculas poderiam ser perfeitamente elásticas. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases 25/04/2018 2 Em 1857 Rudolf Clausius, desenvolveu uma teoria que incluía o movimento translacional das moléculas, e, também o movimento rotacional e vibracional das moléculas. Ele introduziu, neste mesmo trabalho, o conceito de livre caminho médio de uma partícula. Em 1859, após ler um artigo de Clausius, James Clerk Maxwell formulou a distribuição de Maxwell de velocidades moleculares, que deu a proporção de moléculas com uma determinada velocidade em um alcance específico. Esta foi a primeira lei estatística na física. Em um de seus artigos Maxwell afirma: "nos é dito que um 'átomo' é um ponto material, envolvido e cercado por 'forças potenciais', e quando uma 'molécula flutuante' choca-se contra um corpo sólido em sucessão constante causa a chamada pressão do ar e dos outros gases.“ Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases Distribuição das velocidades de Maxwell Em 1871, Ludwig Boltzmann generalizou a realização de Maxwell e formulou a distribuição de Maxwell-Boltzmann. Além disso, a conexão logarítmica entre entropia e probabilidade foi estabelecida pela primeira vez por ele. No início do século XX, no entanto, átomos eram considerados, por vários físicos, como estruturas puramente hipotéticas. Um marco importante foram os artigos de Albert Einstein (1905) e Marian Smoluchowski (1906) sobre o movimento browniano, que sucedeu certas previsões quantitativas precisas baseadas na teoria cinética. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases Boltzmann e Maxwell 25/04/2018 3 GASES Um gás é formado de átomos (isolados ou unidos em moléculas) que ocupam totalmente o volume do recipiente em que se encontram e exercem pressão sobre suas paredes. Podemos considerar uma temperatura uniforme em um gás confinado. Volume, Pressão e Temperatura de um gás estão relacionadas ao movimento dos átomos. • VOLUME – é resultado da liberdade que os átomos tem para se espalhar por todo o recipiente; • PRESSÃO – é causada por colisões dos átomos com as paredes do recipiente; • TEMPERATURA – está associada à energia cinética dos átomos. A teoria cinética dos gases relaciona volume, pressão e temperatura de um gás ao movimento dos átomos. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases Princípios A teoria cinética dos gases pode ser aplicada apenas se algumas suposições forem feitas. A seguir os postulados da teoria cinética, a respeito dos gases perfeitos: • As moléculas estão se movendo em todas as direções. • As moléculas se movem em linha reta entre as colisões. • As colisões são perfeitamente elásticas. • Os diâmetros das moléculas são desprezíveis em comparação com a distância percorrida entre as colisões. • Forças intermoleculares são desprezíveis, exceto durante as colisões. • O tempo gasto durante a colisão é muito menor que o tempo gasto entre as colisões. • Todos os gases são constituídos por um enorme número de esferas perfeitas, rígidas e extremamente pequenas. • O volume total ocupado pelas moléculas é desprezível se comparado ao volume do recipiente. • Estão constantemente em movimento aleatório e colidindo entre si e com as paredes do recipiente. • Quando as moléculas gasosas colidem com a parede do recipiente ocorre a transferência de momento, diretamente relacionado com a pressão do gás. • A energia cinética dos gases das moléculas é diretamente proporcional a temperatura do gás em kelvin. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases 25/04/2018 4 Utilidades: • estudo da queima do combustível vaporizado (gás) nos motores dos carros; • taxa de produção do gás de fermentação que faz o pão crescer; • gás que produz o “colarinho” em um copo de chope; • tempo que um mergulhador deve levar para subir à superfície para que não ocorra o risco de que bolhas de nitrogênio se formem no sangue; • efeitos das trocas de calor entre oceanos e a atmosfera sobre as condições do tempo, etc Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases NÚMERO DE AVOGADRO Medimos o tamanho de amostras de átomos e moléculas em mols. Assim, comparamos amostras que contêm o mesmo número de átomos e moléculas. O mol é uma das sete unidades fundamentais do Sistema Internacional (SI). Um mol é o número de átomos em uma amostra de 12 g de carbono 12. Quantos átomos ou moléculas existem em um mol? NA = 6,02 x 10 23 mol-1 (número de Avogadro) mol-1 é o inverso do mol ou “por mol”. “Todos os gases que ocupam o mesmo volume nas mesmas condições de temperatura e pressão contêm o mesmo número de átomos ou moléculas” Selo italiano de 100 anos da morte de Avogadro Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases 25/04/2018 5 - Número de mols n contidos em uma amostra de qualquer substância [número] - Número de átomos ou moléculas N da amostra [número] - Número de átomos ou moléculas NA em 1 mol [número] - Massa da amostra Mam [g ou kg] - Massa molar M (a massa de um mol) [g/mol ou kg/mol] - Massa molecular m (a massa de uma molécula) [g ou kg] 𝑛 = 𝑁 𝑁𝐴 𝑛 = 𝑀𝑎𝑚 𝑀 = 𝑀𝑎𝑚 𝑚𝑁𝐴 - A Massa M de 1 mol é o produto da massa m de uma molécula pelo número de moléculas NA em 1 mol: 𝑀 = 𝑚𝑁𝐴 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases A unidade do número de Avogadro (que é dado em 1/mol) pode ser expressa em termos de átomos ou moléculas: NA = 6,02 x 10 23 átomos/mol ou NA = 6,02 x 10 23 moléculas/mol exercícios Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases 25/04/2018 6 GASES IDEIAS O produto da pressão pelo volume de uma amostra de gás de pequena massa específica é uma constante, quando a temperatura é constante. Este resultado foi descoberto experimentalmente por Robert Boyle (1627-1691 e é conhecido como a lei de Boyle: pV = constante (temperatura constante) Uma lei mais geral foi descoberta experimentalmente por Jacques Charles (1746- 1823) e Joseph Gay-Lussac (1778-1850): pV = CT Onde C é uma constante de valor positivo Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases GASES IDEIAS Se colocarmos 1 mol de vários gases em recipientes de mesmo volume e mantivermos os gases à mesma temperatura, as pressões medidas serão quase iguais. Se repetirmos as medidas com concentrações dos gases cada vez menores, essas pequenas diferenças das pressões medidas tendem a desaparecer. Medidas mais precisas mostram que, em baixas concentrações todos os gases reais obedecem à relação: pV = nRT Lei dos gases ideais p é a pressão absoluta (não manométrica) V é o volume da amostra n é o número do mols do gás T é a temperatura em kelvins R é chamado de constante dos gases ideais R = 8,31 J/mol.K Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases R = 8,31 J/mol∙K = 0,0821 L∙atm/(mol∙K) 25/04/2018 7 Valor de R Unidades 287,0530 (ar) J · kg−1 . K−1 8,3144621 J · K−1 · mol−1 0,0820574587 L · atm · K−1 · mol−1 8,20574587 x 10−5 m³ · atm · K−1 · mol−1 8,314462 cm3 · MPa · K−1 · mol−18,314462 L · kPa · K−1 · mol−1 8,314462 m3 · Pa · K−1 · mol−1 62,3637 L · mmHg · K−1 · mol−1 62,3637 L · Torr · K−1 · mol−1 83,14462 L · mbar · K−1 · mol−1 1,987 cal · K−1 · mol−1 6,132439833 lbf · ft · K−1 · g · mol−1 10,7316 ft³ · psi · °R−1 · lb-mol−1 8,63 x 10−5 eV · K−1 · atom−1 0,7302 ft3·atm·°R−1·lb-mol−1 1,987 Btu · lb-mol−1 · °R−1 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases Também podemos escrever em termos de uma constante k chamada de constante de Boltzmann 𝑘 = 𝑅 𝑁𝐴 = 8,31 Τ𝐽 𝑚𝑜𝑙 ∙ 𝐾 6,02 × 1023𝑚𝑜𝑙−1 = 1,38 × 10−23 Τ𝐽 𝐾 Temos que R = k.NA e n = N/NA 𝑛𝑅 = 𝑁𝑘 A segunda expressão para os gases ideais: 𝑝𝑉 = 𝑁𝑘𝑇 n – número de mols N – número de moléculas Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases k = 8,62 x 10-5 eV/K 25/04/2018 8 Gases ideias – todos os gases reais se aproximam do estado ideal em concentrações suficientemente baixas, ou seja, em condições nas quais as moléculas estão tão distantes umas das outras que praticamente não interagem. - Vapor d’água foi utilizado para limpar o interior de vagão-tanque. - Fecharam as válvulas do vagão. - No início a pressão no interior do tanque era igual à pressão atmosférica. - Quando o vagão esfriou, o vapor esfriou e se transformou em água. - O volume V se manteve constante, a pressão diminuiu. - A pressão do gás no interior ficou tão baixa que a pressão atmosférica foi suficiente para esmagar as paredes de aço do vagão. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases TESTE Os dois dormitórios de uma suíte, de tamanhos idênticos, estão ligados por uma porta aberta. O quarto de Antônio, com ar condicionado, está 5,0 °C mais frio do que o de João. Qual dos quartos possui mais ar em seu interior? exercícios Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases Resp: Antônio 25/04/2018 9 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II TRABALHO REALIZADO POR UM GÁS IDEAL EM UMA ISOTERMA TRABALHO REALIZADO A VOLUME CONSTANTE E A PRESSÃO CONSTANTE Vimos que, se a temperatura varia, o trabalho W realizado por um gás ideal (ou qualquer outro gás) durante qualquer processo (V constante ou pressão constante) é calculado de outra forma. Se o volume é constante: W = 0 Se o volume varia enquanto a pressão p do gás é constante: W = p(Vf - Vi) Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 25/04/2018 10 TRABALHO REALIZADO POR UM GÁS IDEAL A TEMPERATURA CONSTANTE Consideremos um gás ideal em um cilindro com um êmbolo. O gás se expande de um volume inicial Vi para um volume final Vf, com temperatura constante T. O processo à temperatura constante é chamado de expansão isotérmica (e compressão isotérmica no sentido oposto). No diagrama p-V, uma isoterma é uma curva que liga pontos de mesma temperatura. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II Para n mols de um gás ideal, a equação é 𝑝 = 𝑛𝑅𝑇 𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 1 𝑉 Para determinar o trabalho realizado por um gás ideal durante uma expansão isotérmica 𝑊 = න 𝑉𝑖 𝑉𝑓 𝑝𝑑𝑉 Para o caso de um gás ideal podemos utilizar 𝑊 = න 𝑉𝑖 𝑉𝑓 𝑛𝑅𝑇 𝑉 𝑑𝑉 Como é uma expansão isotérmica 𝑊 = 𝑛𝑅𝑇 𝑙𝑛𝑉 𝑉𝑖 𝑉𝑓 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 𝑊 = 𝑛𝑅𝑇න 𝑉𝑖 𝑉𝑓 𝑑𝑉 𝑉 𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 25/04/2018 11 Calculando temos 𝑊 = 𝑛𝑅𝑇 ln 𝑉𝑓 𝑉𝑖 Para expansão o trabalho será positivo, para uma compressão o trabalho é negativo. (gás ideal, processo isotérmico) Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II TESTE Um gás ideal tem uma pressão inicial de 3 unidades de pressão e um volume inicial de 4 unidades de volume. A tabela mostra a pressão final e o volume final do gás (nas mesmas unidades) em cinco processos. Que processos começam e terminam na mesma isoterma? “c” está fora da isoterma EXERCÍCIOS 25/04/2018 12 PRESSÃO, TEMPERATURA E VELOCIDADE MÉDIA QUADRÁTICA Considere n mols de um gás ideal em uma caixa cúbica de volume V. As paredes da caixa são mantidas a uma temperatura T. Qual a relação entre a pressão p exercida pelo gás sobre as paredes da caixa e a velocidade das moléculas? As moléculas se movem em todas as direções e com várias velocidades, colidindo umas com as outras e com as paredes. Primeiro vamos considerar apenas as colisões com as paredes. As colisões das moléculas com as paredes são elásticas (apenas a componente da direção muda). Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II Esta equação representa a teoria cinética dos gases, pois mostra como a pressão de um gás (uma grandeza macroscópica), e consequentemente a temperatura depende da velocidade das moléculas que o compõem (uma grandeza microscópica). 𝑣𝑟𝑚𝑠 = 3𝑅𝑇 𝑀 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II M – massa molar conhecida como velocidade média quadrática das moléculas (vrms). [“root mean square”]. 𝑣2 𝑚𝑒𝑑 = 𝑣𝑟𝑚𝑠 25/04/2018 13 O momento p’ (p’ = mv) transferido para a parede durante a colisão é: ∆p’x = (mvx) + (mvx) = 2mvx A molécula se choca várias vezes com a parede. ∆t é o intervalo de tempo entre as colisões, tempo que a molécula leva para se deslocar até a parede oposta e voltar (distância 2L). ∆t = 2L / vx A taxa média com a qual o momento é transmitido para a parede é: ∆𝑝′𝑥 ∆𝑡 = 2𝑚𝑣𝑥 Τ2𝐿 𝑣𝑥 = 𝑚𝑣𝑥 2 𝐿 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II DEMONSTRAÇÃO Lei de Newton para o momento - a taxa com a qual o momento é transferido para a parede é a força que age sobre a parede. F = dp’ / dt Dividindo a força total Fx pela área da parede L², temos a pressão (p) a que é submetida a parede. Onde N é o número de moléculas que existem na caixa. 𝑝 = 𝐹𝑥 𝐿2 = Τ𝑚𝑣𝑥1 2 𝐿 + Τ𝑚𝑣𝑥2 2 𝐿 +⋯+ Τ𝑚𝑣𝑥𝑁 2 𝐿 𝐿2 = 𝑚 𝐿3 𝑣𝑥1 2 + 𝑣𝑥2 2 +⋯+ 𝑣𝑥𝑁 2 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 25/04/2018 14 Como N = nNA, são nNA parcelas. E chamamos de (vx 2)med o valor médio do quadrado da componente x da velocidade de todas as moléculas. E como temos que mNA é a massa molar M do gás (massa de um mol de gás). E ainda L³ é o volume do gás. 𝑝 = 𝑛𝑚𝑁𝐴 𝐿3 𝑣𝑥 2 𝑚𝑒𝑑 𝑝 = 𝑛𝑀 𝑣𝑥 2 𝑚𝑒𝑑 𝑉 N – número de moléculas NA – número de moléculas em 1 mol n – número de mols M – massa molar m – massa molecular Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II Para qualquer molécula: v² = vx² + vy² + vz². Os valores médios dos quadrados das velocidades são iguais, assim: vx 2 = (1/3)v² A raiz quadrada de (v2)med é uma velocidade média, conhecida como velocidade média quadrática das moléculas (vrms). [“root mean square”]. 𝑣 2 𝑚𝑒𝑑 = 𝑣𝑟𝑚𝑠 𝑝 = 𝑛𝑀 𝑣2 𝑚𝑒𝑑 3𝑉 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 25/04/2018 15 Assim, temos: Esta equação representa a teoria cinética dos gases, pois mostra como a pressão de um gás (uma grandeza macroscópica) depende da velocidade das moléculas que o compõem (uma grandeza microscópica). Lembrando que pV = nRT 𝑝 = 𝑛𝑀𝑣𝑟𝑚𝑠 2 3𝑉 𝑣𝑟𝑚𝑠 = 3𝑅𝑇 𝑀 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 𝑝 = 𝑛𝑀𝑣𝑟𝑚𝑠 2 3𝑉 → 𝑝𝑉 𝑛 = 𝑀𝑣𝑟𝑚𝑠 2 3 → 𝑅𝑇 = 𝑀𝑣𝑟𝑚𝑠 2 3 • As velocidades são muito altas; • Moléculas de hidrogênio, à temperatura ambiente tem velocidade média de 6900 km/h; • Em temperaturas altas (Sol) as velocidades são maiores ainda; • Em velocidades tão altas as moléculas não sobrevivem a colisões com outras moléculas; • Esta é uma velocidade média, tem velocidades maiores e menores; • Em uma onda sonora, a perturbação é passada de molécula para molécula através decolisões. A velocidade do som é menor que a velocidade média, porque nem todas as moléculas estão se movendo na mesma direção; • As moléculas não seguem uma trajetória retilínea, por isso o cheiro de um perfume aberto demora um tempo para chegar até você. exercícios Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 25/04/2018 16 ENERGIA CINÉTICA DE TRANSLAÇÃO Considere o mesmo gás ideal em uma caixa, mas agora a velocidade de uma molécula varia quando colide com outras moléculas. A energia cinética de translação média da molécula (Ecmed ou Kmed) é: Substituindo o valor de vrms Como o número de Avogadro é NA = M/m 𝐸𝑐𝑚𝑒𝑑 = 1 2 𝑚𝑣2 𝑚𝑒𝑑 = 1 2 𝑚𝑣𝑟𝑚𝑠 2 𝐸𝑐𝑚𝑒𝑑 = 1 2 𝑚𝑣2 𝑚𝑒𝑑 = 1 2 𝑚 3𝑅𝑇 𝑀 𝐸𝑐𝑚𝑒𝑑 = 3𝑅𝑇 2𝑁𝐴 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II Como temos que k = R/NA Em uma dada temperatura T, todas as moléculas de um gás, independente de suas massas, tem a mesma energia cinética da translação (3/2)kT. Quando medimos a temperatura de um gás também estamos medindo a energia cinética de translação média de suas moléculas. 𝐸𝑐𝑚𝑒𝑑 = 3 2 𝑘𝑇 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II 𝐸𝑐𝑚𝑒𝑑 = 3𝑅𝑇 2𝑁𝐴 25/04/2018 17 (a) Todos iguais exercícios TESTE – Uma mistura de gases contém moléculas dos tipos 1, 2 e 3, com massas moleculares m1 > m2 > m3. Ordene os três tipos de acordo com a energia cinética média em ordem decrescente. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases II LIVRE CAMINHO MÉDIO A trajetória de uma molécula no interior de um gás, sofre mudanças abruptas tanto no módulo como na orientação da velocidade. Livre caminho médio λ – é a distância média percorrida por uma molécula entre duas colisões. Do que depende λ? Quanto maior o valor N/V (número de moléculas por unidade de volume, concentração de moléculas), maior deve ser o número de colisões e menor o livre caminho médio. λ é inversamente ao tamanho das moléculas (quadrado do diâmetro d – área do alvo). Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 18 O livre caminho médio é d → diâmetro das moléculas N/V → número de moléculas por unidade de volume, concentração de moléculas. 𝜆 = 1 2 𝜋𝑑2 Τ𝑁 𝑉 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III DEMONSTRAÇÃO Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Suponha uma única molécula se movendo com velocidade constante v e as outras moléculas em repouso. As moléculas são esferas de diâmetro d -> uma colisão ocorre se os centros de duas moléculas chegam a uma distância d um do outro. 25/04/2018 19 A molécula varre um pequeno cilindro de seção reta π.d² entre as colisões. No intervalo de tempo ∆t a molécula percorre uma distância v ∆t. O volume do cilindro total é (π.d²) (v ∆t). O número de colisões em um intervalo de tempo ∆t é igual ao número de moléculas no interior deste cilindro. Como N/V é o número de moléculas por unidade de volume, N/V vezes o volume do cilindro é o número de moléculas no interior deste volume. (N/V) (π.d² v ∆t). Assim (N/V) (π.d² v ∆t) é o número de colisões que acontecem no intervalo ∆t. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III O livre caminho médio é o comprimento da trajetória (e do cilindro) dividido pelo número de colisões: Esta equação é aproximada, pois todas as moléculas estão em movimento. A diferença com a equação completa é Τ1 2, devido à velocidade média das moléculas em relação ao recipiente e a velocidade em relação as outras moléculas. 𝜆 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 𝑒𝑚 ∆𝑡 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠 𝑒𝑚 ∆𝑡 = 𝑣∆𝑡 𝜋𝑑2 𝑣 ∆𝑡 Τ𝑁 𝑉 = 1 𝜋𝑑2 Τ𝑁 𝑉 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Portanto, o livre caminho médio é 𝜆 = 1 2 𝜋𝑑2 Τ𝑁 𝑉 25/04/2018 20 EXEMPLOS: O livre caminho médio das moléculas de ar ao nível do mar é 0,1 μm. A uma altura de 100 km é de 16 cm. A uma altura de 300 km é de 20 km. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES DAS MOLÉCULAS Qual é a porcentagem de moléculas com velocidade maior que vrms? Qual é a porcentagem de moléculas com velocidade maior que o dobro de vrms? Como os valores estão distribuídos? Em 1852, o físico escocês James Clerk Maxwell calculou a distribuição de velocidades das moléculas de um gás. Lei da distribuição de velocidades de Maxwell. M massa molar R constante dos gases ideais T temperatura v velocidade escalar da molécula P(v) função distribuição de probabilidade 𝑃 𝑣 = 4𝜋 𝑀 2𝜋𝑅𝑇 ൗ3 2 𝑣2𝑒 Τ−𝑀𝑣 2 2𝑅𝑇 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 21 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III TEORIA CINÉTICA DOS GASES - PARTE III Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Prof. Sergio Turano 25/04/2018 22 OS CALORES ESPECÍFICOS MOLARES DE UM GÁS IDEAL Obteremos uma equação para a energia interna de um gás ideal – movimentos aleatórios dos átomos ou moléculas de um gás. ENERGIA INTERNA Eint Vamos supor um gás monoatômico (átomo isolado e não molécula, exemplo: hélio, neônio e argônio). A energia cinética de translação média de um átomo depende apenas da temperatura do gás: Kmed = (3/2)kT A amostra de n mols de um gás monoatômico contém nNA átomos. A Energia Interna é o número de átomos (nNA) vezes a energia cinética: 𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑛𝑁𝐴 𝐾𝑚𝑒𝑑 = 𝑛𝑁𝐴 3 2 𝑘𝑇 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Como a constante de Boltzmann k = R/NA. 𝐸𝑖𝑛𝑡 = 3 2 𝑛𝑅𝑇 A energia interna Eint de um gás ideal é função apenas da temperatura do gás, não depende de outras variáveis. (gás monoatômico ideal) Calcularemos agora o calor específico molar de um gás ideal para o volume constante (CV) e para a pressão constante (Cp). Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 23 CALOR ESPECÍFICO MOLAR A VOLUME CONSTANTE Consideremos uma amostra de n mols de um gás ideal, pressão p, temperatura T e um volume V fixo. Estado inicial i. Adicionamos uma pequena quantidade de energia Q na forma de calor, aumentando a temperatura T + ΔT e a pressão p + Δp até o estado final f. Sendo CV o calor específico molar a volume constante. (ΔEint = Q − W) ΔEint = nCVΔT − W Q = nCVΔT (volume constante) Lembrando da Primeira Lei da Termodinâmica Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Como o volume é constante, o gás não se expande e assim, não realiza trabalho (W = 0). 𝐶𝑉 = ∆𝐸𝑖𝑛𝑡 𝑛 ∆𝑇 E a energia interna ∆𝐸𝑖𝑛𝑡= 3 2 𝑛𝑅 ∆𝑇 Substituindo estas equações, o calor específico molar a volume constante é 𝐶𝑉 = 3 2 𝑅 (gás monoatômico) 𝐶𝑉 = 3 2 8,31 = 12,5 Τ𝐽 𝑚𝑜𝑙 ∙ 𝐾 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III ΔEint = nCVΔT − 0 25/04/2018 24 Na tabela temos os valores experimentais reais os obtidos com esta previsão. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Três trajetórias entre duas isotermas. Trajetória 1 – volume constante Trajetória 2 – pressão constante Trajetória 3 – sem troca de calor Os valores de Q e do trabalho W são diferentes para as trajetórias. As ΔEint são iguais, uma vez que envolvem a mesma variação de temperatura. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 25 CALOR ESPECÍFICO MOLAR A PRESSÃO CONSTANTE Consideremos agora a mesma variação de temperatura ΔT , mas a energia (o calor Q) é fornecido mantendo o gás a uma pressão constante O calor Q está relacionado à variação de temperatura com CP – calor específico molar a pressão constante. Como a energia é usadanão só para aumentar a temperatura do gás, mas também para realizar trabalho de levantar o êmbolo, CP é sempre maior do que CV. Q = nCPΔT (pressão constante) Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Da Primeira Lei da Termodinâmica (ΔEint = Q – W). A pressão constante temos (W = pΔV). E pela equação dos gases ideias: pV = nRT W = pΔV = nR ΔT ΔEint = Q – W nCVΔT = nCPΔT – nR ΔT Dividindo por nΔT CV = CP – R CP = CV + R Como R = 8,31 J/mol.K, as unidades de CP e CV também são J/mol.K Vale para gases em geral que estejam suficientemente rarefeitos para serem tratados como ideias. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 26 5 (maior variação de temperatura; depois 1,2,3,4 empatados) Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III TESTE A figura mostra cinco trajetórias de um gás em um diagrama p-V. Ordene as trajetórias de acordo com a variação da energia interna do gás, em ordem crescente GRAUS DE LIBERDADE E CALORES ESPECÍFICOS MOLARES Vimos que CV = (3/2)R vale para gases monoatômicos, mas não para diatômicos e poliatômicos. Consideremos as configurações: (a) hélio monoatômico; (b) oxigênio diatômico e; (c) metano poliatômico. Temos movimentos de translação (para esquerda, direita, para cima e para baixo) e rotação (rodando em torno de um eixo, como um pião). E movimentos oscilatórios (átomos se aproximando e se afastando), para as diatômicas e poliatômicas. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 27 James Clerk Maxwell propôs o teorema da equipartição da energia: Toda molécula tem um certo número f de graus de liberdade, que são formas independentes pelas quais a molécula pode armazenar energia. A cada grau de liberdade está associada (em média) uma energia (1/2)kT por molécula (ou (1/2)RT por mol) Translação – em coordenadas xyz, as moléculas possuem componentes da velocidade nos três eixos - a energia correspondente de 3(1/2)kT por molécula. Rotação – a origem do sistemas de coordenadas xyz está no centro da molécula. Para diatômicos temos apenas 2 graus de liberdade de rotação e uma energia rotacional de 2(1/2)kT por molécula. A molécula poliatômica possui três graus de liberdade e, em média, a energia adicional é 3(1/2)kT. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Substituindo Eint = (3/2)nRT por Eint = (f/2)nRT f é o número de graus de liberdade 𝐶𝑉 = 𝑓 2 𝑅 = 4,16𝑓 ൗ 𝐽 𝑚𝑜𝑙 ∙ 𝐾 Para gases monoatômicos f = 3 Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III Graus de Liberdade Calor Específico Molar Molécula Exemplo De Translação De Rotação Total (f) CV CP=CV+R Monoatômico He 3 0 3 3/2 R 5/2 R Diatômico O2 3 2 5 5/2 R 7/2 R Poliatômico CH4 3 3 6 6/2 R = 3 R 8/2 R = 4 R Graus de Liberdade de Várias Moléculas 25/04/2018 28 EFEITOS QUÂNTICOS Para melhorar a concordância da teoria cinética dos gases com os resultados experimentais incluindo as oscilações dos átomos nos gases de moléculas diatômicas ou poliatômicas. Por exemplo, dois átomos da molécula de O2 podem oscilar, como se estivessem ligados por uma mola. Experimentos mostram que estas oscilações ocorrem apenas em temperaturas altas. A rotação aparece apenas em temperaturas baixas. No gráfico, abaixo de 80 K CV/R = 1,5. Este resultado sugere que apenas os três graus de liberdade da translação do hidrogênio estão envolvidos no calor específico. Quando a temperatura aumenta, graus de liberdade são adicionados. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III A teoria quântica mostra que esses graus de liberdade estão associados ao movimento de rotação das moléculas, que requer uma quantidade de energia. A curva do gráfico é interrompida em 3200 K porque a essa temperatura os átomos de uma molécula de hidrogênio oscilam tanto que a ligação entre os átomos se rompe e a molécula se dissocia, dando origem a dois átomos independentes. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 29 EXPANSÃO ADIABÁTICA DE UM GÁS IDEAL 𝑄 = 0 𝑝𝑉𝛾 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝛾 = Τ𝐶𝑃 𝐶𝑉 𝑝𝑖𝑉𝑖 𝛾 = 𝑝𝑓𝑉𝑓 𝛾 (𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑎𝑑𝑖𝑎𝑏á𝑡𝑖𝑐𝑜) 𝑇𝑖𝑉𝑖 𝛾−1 = 𝑇𝑓𝑉𝑓 𝛾−1 (𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑎𝑑𝑖𝑎𝑏á𝑡𝑖𝑐𝑜) Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III - Na parte superior da garrafa há uma mistura de dióxido de carbono e vapor d’água; - A pressão do gás é maior que a atmosférica; - Quando a garrafa é aberta, o gás se expande; - Volume aumenta; - A expansão é rápida – adiabática - A energia interna diminui, pois realizou trabalho para expandir o gás; - A temperatura também diminui. - O vapor d’água se condensa em gotículas. Prof. Sergio Turano de Souza TERMODINÂMICA V. Teoria Cinética dos Gases III 25/04/2018 30 Da série: Termodinâmica. Processos Termodinâmicos. Transformação Isobárica, Isotérmica, Isocórica e Adiabática.
Compartilhar