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Lesões reversíveis

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Lesões reversíveis 
 
 
Antes de se discutir os mecanismos bioquímicos que levam a alterações, é útil descrever as 
alterações básicas que ocorrem nas células lesadas. Todos os estresses e influências nocivas 
exercem seus efeitos, primeiro, em nível molecular ou bioquímico. 
A função celular pode ser perdida ANTES que ocorra morte celular, e as alterações 
morfológicas na lesão (ou morte) surgem mais tarde. Por exemplo, as células miocárdicas 
tornam-se não contrateis após 1 a 2 minutos de isquemia. Esses miócitos não parecem mortos 
na microscopia eletrônica por 2 a 3 horas e por 6 a 12 horas na microscopia óptica. 
As duas principais características morfológicas da lesão celular reversível são a tumefação 
celular e a degeneração gordurosa. 
Os desarranjos celulares da lesão reversível podem ser reparados e, se o estímulo nocivo cessa, 
a célula retorna à sua normalidade. 
Em algumas situações, lesões potencialmente nocivas induzem alterações específicas nas 
organelas celulares, como o retículo endoplasmático. O retículo endoplasmático agranular está 
envolvido no metabolismo de vários agentes químicos, e as células expostas a esses agentes 
exibem hipertrofia do RE como uma resposta adaptativa que pode ter consequências funcionais 
importantes. 
OBS.: NOTAR QUE AS CÉLULAS RAPIDAMENTE SE TORNAM NÃO FUNCIONAIS APÓS O INÍCIO DA LESÃO, 
EMBORA ESTEJAM AINDA VIÁVEIS COM LESÃO POTENCIALMENTE REVERSÍVEL; UMA LESÃO DE DURAÇÃO 
MAIS LONGA (CONTINUIDADE DO ESTÍMULO NOCIVO) LEVA FINALMENTE À LESÃO IRREVERSÍVEL E À MORTE 
CELULAR. TIPICAMENTE, A MORTE CELULAR PRECEDE AS ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS VISÍVEIS 
MACROSCOPICAMENTE, À MICROSCOPIA ÓPTICA E ULTRAESTRUTURAIS. 
As alterações celulares associadas à lesão reversível incluem: alterações na membrana 
plasmática, como: bolhas, apagamento ou distorção das microvilosidades e perda das adesões 
intercelulares; alterações mitocondriais, como tumefação e presença de densidades amorfas 
ricas em fosfolipídeos; dilatação do RE com destacamento dos ribossomos; alterações nucleares, 
como condensação da cromatina. 
• Tumefação celular ou degeneração hidrópica: é o 
resultado da falência das bombas de íons dependentes de energia na membrana 
plasmática, levando a uma incapacidade de manter a homeostasia iônica e líquida. É a 
primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular. É uma alteração 
morfológica reversível, de difícil observação na microscopia óptica, podendo ser mais 
visível ao nível do órgão inteiro. 
Quando afeta muitas células em um órgão, induz alguma palidez, resultante da 
compressão dos capilares, aumento do turgor e aumento do peso do órgão. 
O exame microscópico pode revelar pequenos vacúolos claros dentro do citoplasma que 
representam segmentos distendidos e separados do retículo endoplasmático. 
 
Explicando melhor: o conceito de tumefação é o acúmulo intracelular de água, devido 
a DESEQUILÍBRIOS do gradiente osmótico à nível de membrana plasmática e nos 
mecanismos de absorção e eliminação de água e eletrólitos intracelulares. 
No exame de rotina, observa-se aumento do volume celular, com alteração da 
proporção entre o citoplasma e o núcleo e VACUOLIZAÇÃO CITOPLASMÁTICA. 
As causas compreendem hipóxia, infecções bacterianas e virais, hipertermia, 
intoxicações endógenas e exógenas, etc... 
Explicando o mecanismo: a baixa de oxigênio, por exemplo, leva à diminuição de 
respiração mitocondrial, que por sua vez induz a diminuição da geração de energia em 
forma de ATP. Daí, tem-se queda na atividade da bomba de sódio e potássio 
(mecanismo ativo, com gasto de energia), que culmina na alta de sódio e água dentro 
da célula e na baixa de potássio (é a bomba que regula a quantidade de água que entra 
na célula – osmolaridade, meio mais concentrado e menos concentrado). 
Outras consequências são a queda na síntese e reciclagem de fosfolipídeos, com 
aumento de lactato e da acidez intracelulares, provocando perda dos grânulos da 
matriz e condensação da cromatina nuclear. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Degeneração gordurosa: ocorre na lesão hipóxica e em várias formas de 
lesão metabólica ou tóxica e manifesta-se pelo surgimento de vacúolos lipídicos, 
grandes ou pequenos, no citoplasma. Ela é encontrada principalmente nas células que 
participam do metabolismo da gordura (hepatócitos, células miocárdicas) e é também 
reversível. 
As células lesadas podem exibir também coloração eosinofílica que se torna muito mais 
pronunciada com a progressão para a necrose. 
 
Para melhor compreender é necessário observar o metabolismo normal dos 
triglicerídeos, os quais são largamente utilizados pelo organismo como reserva de 
energia, devido à sua alta concentração de calorias e mínimo grau de hidratação. 
Os triglicerídeos ingeridos na dieta são empacotados pelas células da mucosa 
intestinal em partículas de lipoproteína chamadas QUILOMÍCRONS, os quais são 
enviados para o sangue e vão diretamente para o tecido adiposo, onde sofrem 
ação da enzima lipase lipoproteínica, presente nos capilares. 
A lipase quebra os triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol. Ácidos graxos são 
incorporados a adipócitos e novamente esterificados com glicerol, voltando a 
forma original de triglicerídeo, sendo, então, armazenado. 
Os açúcares e proteínas, quando ingeridos em excesso são transformados em 
triglicerídeos no fígado por várias vias metabólicas. Nesses casos, os TG são 
empacotados em partículas de LIPOPROTEÍNAS chamadas VLDL, tendo também o 
destino ao tecido adiposo, como ocorre com a ação dos quilomícrons. 
Para sintetizar VLDL, os hepatócitos necessitam de 2 matérias primas básicas: 
FOSFOLIPÍDEOS, que formam a membrana externa da partícula e faz interface 
com o meio aquoso do citoplasma (a cauda hidrófoba fica voltada para dentro no 
VLDL, onde faz contato com os TGs) e PROTEÍNAS chamadas de apoproteínas, que 
ficam embutidas na face externa do VLDL, endereçando a partícula aos destinos 
corretos. Conclusão: tanto a falta de fosfolipidídeo quanto a falta de proteína faz 
com que haja dificuldade na síntese de VLDL, o que é um dos mecanismos básicos 
da esteatose. 
Para mobilizar os lipídeos presentes no tecido adiposo, existe a enzima lipase 
hormônio sensível (LHS), regulada pelos hormônios catecolaminas (ativação) e 
insulina (inibição). Na falta da insulina (jejum), a LHS fica intensamente ativada, 
removendo de maneira abundante TG de adipócitos. Os TG são então lançados no 
plasma na forma de ácidos graxos e são captados no fígado pelos hepatócitos. 
Daí, podem ser esterificados com glicerol, formam TG, ou queimados a Acetil CoA. 
 
Quando e como ocorre a esteatose hepática (degeneração lipídica)? 
Ocorre em consequência de diversas desordens metabólicas. No ser humano, é 
observada principalmente em: (1) DESNUTRIÇÃO CRÔNICA; (2) DIABETES MELLITUS 
DESCOMPENSADO; (3) ALCOOLISMO CRÔNICO; (4) OBESIDADE. 
 
Os mecanismos básicos da esteatose: normalmente, o hepatócito sintetiza lipídeos e os 
exporta para o tecido de armazenamento (tecido adiposo). Em condições normais de 
boa alimentação e metabolismo não há ACÚMULO de triglicerídeos no hepatócito. A 
esteatose pode ocorrer de 2 alterações básicas e não mutuamente exclusivas: 
a) Excesso de oferta de ácidos graxos ao fígado, de tal forma que excedem a 
capacidade do hepatócito de processá-los e exportá-los. Este fenômeno é 
observado tanto no jejum ou desnutrição, quanto no diabetes 
descompensado (ambos causam intensa mobilização de ácidos graxos ao 
tecido adiposo). A ativação da lipase hormônio sensível é excessiva devido 
principalmente à falta de insulina – lembrar que o indivíduo em jejum não 
produz insulina alguma, o que também ocorre no caso da diabetes tipo I. A 
quantidade de ácidos graxos que aportam ao fígado é muito maior que a 
capacidade de metabolização pelos hepatócitos, ou de síntese de VLDL para 
realizaro transporte para o tecido adiposo. Portanto, há esterificação e 
acúmulo de TG no citoplasma dos hepatócitos. 
b) Deficiência na produção de lipoproteínas, de tal forma que dificulta a 
exportação de TG do fígado para os outros tecidos. Tal fenômeno pode 
ocorrer tanto pela diminuição na síntese de proteínas quanto pela na 
síntese de fosfolipídeos. Na inanição há falta de aminoácidos indispensáveis 
para síntese de fosfolipídeos, fazendo com que os TG não possam ser 
empacotados em VLDL, impossibilitando sua exportação e culminando no 
acúmulo dentro de hepatócitos (esteatose) 
 
Obs.: substâncias tóxicas podem também causar esteatose, uma vez que podem prejudicar a 
síntese proteica dos hepatócitos. 
 
Por que alcoolismo gera esteatose, parça? Primeiro que o alcóolatra é frequentemente um 
desnutrido crônico, segundo que o álcool é um potencial agente lesivo aos hepatócitos 
O metabolismo do álcool produz acetil CoA em excesso, composto que acaba sendo utilizado 
para síntese de ácidos graxos pelos hepatócitos e, por fim, de TG (esterificação). Ademais, o 
metabolismo de grandes quantidades de etanol consome grande parte do NAD+, que é utilizado 
como aceptor de elétrons no Ciclo de Krebs. 
Melhor explicando o consumo do NAD+: o álcool é metabolizado no fígado pela enzima álcool-
desidrogenase e se torna acetaldeído, o qual sofre ação de outra enzima, acetaldeído-
deidrogenase e produz ACETIL CoA. Nessas duas reações, libera-se elétrons e H+, que são 
captados por NAD+ e formam NADH+. Como existe muito álcool para ser metabolizado devido 
ao consumo excessivo, falta NAD+ para aceitar elétrons no Ciclo de Krebs (desvio de vias). Com 
isso, o Ciclo de Krebs como um todo é inibido, levando ao acúmulo de Acetil CoA (o qual é 
quebrado no ciclo). Esse composto, como já dito, acaba sendo desviado para síntese de ácidos 
graxos, e formando novos TG, gerando acúmulo (esteatose). 
 
A esteatose é habitualmente um processo reversível, com a remoção dos fatores causais há o 
rearranjo da gordura acumulada e restauração do aspecto normal do tecido. Porem, a 
persistência prolongada da esteatose, associada a outras lesões, como o alcoolismo (toxicidade), 
pode levar a uma destruição progressiva dos hepatócitos, chamada CIRROSE HEPÁTICA, na qual 
o fígado fica com superfície externa nodulosa e consistência mais firme que a normal.

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