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resumo piaget vygotsky e wallon

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JEAN PIAGET
Construtivismo: 
Tudo que sabemos do mundo é resultado de nossas interpretações e nossas experiências de vida, considerando que cada um vê o mundo de forma individual.
- Interação com o ambiente: cada experiência passada ensina algo a pessoa, mesmo as mais insignificantes. Agimos sobre o ambiente e o ambiente age sobre o indivíduo.
- Sujeito e meio: na linguagem construtivista, ao invés de dizer que uma pessoa interagiu com o ambiente, diz-se que o sujeito interagiu com o meio. Tudo o que não é sujeito, é meio.
Construtivismo piagetiano: No Brasil: ideias chegaram somente em 1980
- Equilibração majorante: 
Behaviorismo – enfatiza papeis dos estímulos na aprendizagem, como os estímulos discriminativos e os estímulos reforçadores.
Cognitivismo – enfatiza o papel do processamento cognitivo desses estímulos
Nessas duas abordagens, o conhecimento parece ser algo que vem de fora, na forma de estímulos, que são recebidos e de alguma forma absorvido ou processado pelos indivíduos. 
Já o construtivismo enfatiza o papel ativo do sujeito na construção da sua aprendizagem. Aqui, o conhecimento é algo que não existe pronto ou pré-pronto nos estímulos. No construtivismo, o conhecimento é algo construído em suas mentes ao longo da vida No construtivismo, o conhecimento é algo que só passa a existir a partir do momento em que o sujeito interage com os estímulos e dá seu próprio significado a esses estímulos. O estimulo não é absorvido e nem processado, ele é interpretado.
Equilibração: as pessoas tem a necessidade de aprender para poderem se manter em equilíbrio. Pessoas se sentem melhor quando elas entendem o mundo que a cerca. Ex: quando se depara com algo que não compreende, de alguma forma aquilo te incomoda, te desequilibra. E para voltar ao estado de equilíbrio é preciso fazer algo, em geral toma-se uma das seguintes atitudes: negação (fingir que aquela novidade não nos incomoda, ignorar o conflito, quando alguém nos diz algo e comprova com um papel por exemplo, e nós ignoramos e fingimos que nada aconteceu e que não nenhum conflito em nossa mente), curiosidade (impulso em tentar compreender o mundo e as novidades).
Para Piaget esse processo de compreensão, se vale em dois subprocessos que nos permitem conhecer o mundo: assimilação e acomodação.
Assimilação: quando nos deparamos com coisas que podem ser facilmente compreendidas porque elas nos são familiares. Ex: criança de 5 anos que nunca viu uma boneca, quando vê a boneca pela primeira vez, pode achar que se trata de uma pessoa, pois a aparência é parecida com ser humano. Esse processo de reconhecer uma boneca como uma pessoa chama assimilação, ou seja, ela compreende algo novo com base no conhecimento que já possui. Uma boneca não é uma pessoa, logo quando a criança começar a mexer na boneca, vai perceber que a textura da pele é diferente, que a boneca não tem respiração, que o cabelo é sintético, que ela não reage ao contato físico. Em pouco tempo, a criança vai perceber que não se trata de uma pessoa, mas de um objeto que ela desconhecia. Então o processo de assimilação se torna insuficiente para compreender a boneca, e então outro processo entra em ação: a acomodação – a criança precisara modificar conhecimentos prévios para dar conta das novas informações com as quais está se deparando. A esse processo de modificação de conhecimentos prévios chamamos acomodação, e ele é fundamental para que a compreensão sobre a boneca seja enfim assimilada pela criança. 
ASSIMILAÇÃO – reconhecer o que é familiar
ACOMODAÇÃO – modificar conhecimentos prévios para podermos assimilar os novos
Ambos subprocessos foram o processo maior denominado equilibração majorante. Graças a esse processo, estamos constantemente reformulando nosso conhecimento sobre o mundo.
Piaget diz que é construtivista, pensa que o conhecimento se realiza através de construções continuas e renovadas por uma interação com o real. Não são pré-formadas, existe uma criatividade contínua. O conhecimento não se encontra pré-formado nem nos sujeitos nem nos objetos, o que existe é uma auto-organização e consequentemente, uma construção e reconstrução contínuas.
Esquemas:
São nosso repertório de conhecimento sobre o mundo. Piaget trabalha com esquemas em sua teoria, porem diferente do cognitivismo.
Para Piaget, tudo que sabemos fazemos e pensamos sobre o mundo, está organizado em estruturas que tem certas semelhanças com o cognitivismo.
Períodos desenvolvimentais:
 
Período sensório-motor (0 a 2 anos)
Nesse período, a criança é capaz de lidar com informações em um nível muito elementar. Ao interagir com um objeto, ela é capaz de sentir sua temperatura (quente ou fria), a textura de sua superfície (lisa ou áspera), a resistência do material (duro ou mole), se ele faz algum barulho, quais partes do objeto são fixas e quais ela consegue movimentar etc. Os esquemas da criança nesse período são constituídos essencialmente de informações sensoriais e motoras.
Período pré-operacional (2 a 7 anos)
A evolução dos esquemas adquiridos no período anterior permite que agora eles ganhem uma dimensão simbólica, ou seja, a criança já é capaz de pensar e falar sobre coisas que não estão presentes, assim como é capaz de raciocinar sobre elas em uma lógica “toda sua” (egocêntrica), muitas vezes incompreensível ao adulto.
Período operatório-concreto (7 a 12 anos)
Nessa faixa etária, a criança consegue raciocinar sobre objetos e situações concretas (que ela consegue ver e manipular) de forma próxima a dos adultos. São capazes de perceber, por exemplo, que seus pontos de vista nem sempre são compartilhados por outras pessoas, embora tenham dificuldade em lidar com pontos de vista divergentes do seu e com informações que pareçam desmentir a aparência do real, ou seja, frequentemente deixam-se levar pelas aparências.
Período lógico-formal (a partir dos 12 anos)
Nesse período, o pensamento do indivíduo já é capaz de operar plenamente sobre elementos abstratos, sem necessidade de vê-los ou manuseá-los. Conceitos abstratos como liberdade, honestidade, equidade já podem ser perfeitamente compreendidos, assim como pode ser exercitada muito da capacidade crítica do sujeito, ainda que seus valores tendam a estar presos àqueles do seu grupo social de referência (amigos e familiares). É possível captar com facilidade o sentido figurado das expressões, criar hipóteses (explicações) sobre fenômenos e testá-las.
Piaget identificou que as formas pelas quais as pessoas interagem com o meio depende da maturidade de suas estruturas cognitivas, ou seja, dos recursos mentais dos quais elas dispõem para organizar as informações que conseguem obter enquanto exploram o mundo que as cerca. Uma criança pequena consegue lidar com essas informações de maneira muito diferente de um adulto, e Piaget mapeou todo o percurso que essa criança precisará percorrer para atingir a maturidade intelectual. Todas as pessoas passam por 4 estágios de desenvolvimento cognitivo. Segundo Piaget, não é possível pular estágios e nem retroceder.
Desenvolvimento neurológico: 
Amadurecimento do sistema nervoso, particularmente do cérebro: quando o cérebro amadurece suficientemente para suportar novas formas de raciocínio, o indivíduo avança de um estágio para o seguinte.
Estagio sensório motor: no primeiro mês de vida, os comportamentos do bebe não passam de reflexos, que são respostas biológicas automáticas a estímulos externos e tem a função de garantir sua sobrevivência, como o reflexo de sugar o seio da mãe.
A partir do segundo mês, o bebe já começa a exibir comportamentos voluntários, que passa a repetir inúmeras vezes. Inicialmente o foco desses comportamentos é o próprio corpo do bebe como o ato de colocar os dedos na boca, mas depois de algum tempo o bebe passa a direcionar seus comportamentos aos objetos que os cerca. 
Ao final do primeiro ano, o bebe já percebeu que certos comportamentos resultam em certas consequências, então gradualmente ele adquire conhecimentos sobre a relação de causa e efeito no mundo que o cerca. A partir desse ponto,o bebe começa a exibir comportamentos direcionados a determinados objetivos, ou seja, ele passa a se comportar de forma a provocar resultados desejados. Por essa época, o bebe também se dá conta da permanência dos objetos, quer dizer, ele percebe que os objetos físicos continuam existindo mesmo quando estão fora de sua vista.
Segundo Piaget, durante a maior parte do estágio sensório motor, o pensamento do bebê está restrito aos objetos do seu ambiente imediato, mas no final da segunda metade do estágio, a criança desenvolve o pensamento simbólico, ou seja, a capacidade de pensar em objetos e pessoas ausentes, bem como em eventos que ocorreram no passado ou que ocorrerão no futuro. E uma vez que os objetos já não precisam mais estar presentes para a criança pensar neles, ela é capaz de planejar atos com objetos mentais, imaginar o que acontecerá no mundo real e depois colocar seu plano em ação. A criança também já é capaz de lembrar e imitar comportamentos de outras pessoas. Na visão de Piaget, todos esses comportamentos simbólicos marcam o início dos verdadeiros processos de pensamento.
Estágio pré-operacional: a habilidade de representar objetos e eventos mentalmente dá a criança uma visão mais ampla do mundo do que aquela que tinha no estágio anterior, e um recurso chave para essa capacidade simbólica é a linguagem, que praticamente explode durante o início do estágio pré-operacional.
A linguagem oferece palavras que são usadas como símbolos para a criança pensar em objetos e eventos ausentes, além de permitir que ela comunique seus pensamentos e receba informações de maneira que não era possível no estágio anterior. Contudo, o modo de pensar pré-operacional também tem suas limitações, as crianças pequenas tendem a confundir fenômenos psicológicos como sentimentos e emoções, com a realidade física. Por exemplo, ao atribuir sentimentos aos objetos inanimados como bola ou achar que existem monstros em lugares escuros.
A criança também exibe o egocentrismo, que é a incapacidade de ver situações pelo ponto de vista de outras pessoas, então ela pode fazer comentários desagradáveis abertamente sem se dar conta que outros podem se sentir ofendidos, ou contar uma história de forma fragmentada sem perceber que está omitindo detalhes importantes para que a história possa fazer sentido para aquele que a escuta. Por isso, Piaget considerava que a interação social é tão importante para o desenvolvimento cognitivo. Só a interação social repetida permite a criança perceber que seu ponto de vista não é o único que existe e que nem todas as pessoas compartilham de suas opiniões. A criança tem dificuldades também de perceber a conservação de volumes como, por exemplo, se duas jarras contendo 1 litro de liquido forem esvaziadas em dois recipientes de formatos diferentes, a criança considera que o recipiente mais alto também terá um volume maior de liquido, mesmo tendo visto que as duas jarras continham exatamente o mesmo volume. 
Estágio operatório concreto: o pensamento da criança começa a apresentar a forma de operações lógicas, então ela consegue pensar em objetos e eventos levando em conta diferentes características e perspectivas. A criança já percebe que seu ponto de vista não é compartilhado por todos e que está sujeita ao erro, então procura validação externa, quer dizer, se interessa em saber o que os outros pensam sobre suas ideias.
A aparência das coisas ainda é importante, mas não é o único principal aspecto a ser considerado. Por exemplo, a criança já percebe que o formato de um recipiente não altera o volume do liquido existente dentro dele. Também percebe que duas bolas de massa continuam com o mesmo peso, mesmo que uma delas passe a ter um formato diferente, contudo o pensamento operacional da criança nesse estágio só pode ser aplicado a objetos e eventos concretos, quer dizer, objetos e eventos que podem ser diretamente observados ou manipulados, por isso se chama operatório concreto. Conceitos abstratos e hipóteses portanto são coisas difíceis para a criança lidar nesse estágio, principalmente se tais conceitos e hipóteses contrariarem a realidade conhecida pela criança. 
Estagio logico-formal: segue por toda a vida. Nesse estágio, a criança torna-se capaz de pensar e raciocinar sobre coisas que tem pouca ou mesmo nenhuma base na realidade, ou seja, conceitos abstratos, hipóteses, afirmações contrarias aos fatos. Ela também se torna capaz de entender a linguagem figurada, por exemplo, ao ouvir não coloque a carroça na frente dos bois, ela entende que não se deve agir precipitadamente.
Conceitos científicos e filosóficos como números negativos, infinito, república, direitos humanos são aprendidos pela criança nesse estágio. Ela também consegue separar e controlar variáveis, ou seja, realizar experimentos cientificamente controlados. O desabrochar da capacidade logica permita a criança examinar os próprios processos de pensamento em busca de falhas e contradições, avaliando a qualidade de suas próprias conclusões. A criança também já lida com hipóteses e com ideias que contrariem a realidade que ela conhece e ela se torna capaz de imaginar que o mundo pode se tornar diferente do que realmente é, um mundo melhor por exemplo. Então nesse estágio a criança pode se tornar bastante idealista sobre questões sociais, éticas e políticas e pode ser capaz de oferecer muitas soluções lógicas para os problemas do mundo, embora suas propostas não sejam práticas. Esse idealismo adolescente, segundo Piaget, reflete uma inabilidade da criança em temperar a própria abstração logica, com considerações praticas a respeito do mundo, algo que só o ganho de experiência ao longo da vida conseguirá solucionar. 
O construtivismo na escola: implicações pedagógicas
- Conflito sociocognitivo: trabalho em equipe é importante para promoção de aprendizagem.
- Desequilibrar: importante que toda atividade tenha como ponto de partida algo que já é conhecido, que possa ser compreendido sem grandes dificuldades, que dá segurança ao estudante, porem as atividades também devem ter algo desafiador e desconhecido e que precise investigar para ter novos aprendizados, demandando acomodação e estimulando a curiosidade. Ao encadear elementos que são conhecidos e desconhecidos, o professor faz o uso da assimilação e da acomodação.
- Errar: de acordo com o construtivismo, não se deve explicar tudo ao estudante, mas deixar que ele descubra certas coisas através do próprio esforço. Isso significa que o aluno cometera erros durante a aprendizagem, mas errar faz parte da busca pelo conhecimento.
VYGOTSKY
O projeto conciliador: o socioconstrutivismo diz que de fato existe o conhecimento do lado de fora, ou seja, um conhecimento que está na cultura, nos objetos nas formas como as pessoas vivem, mas quando esse conhecimento é internalizado, ou seja, quando alguém adota esse conhecimento, ele é reinterpretado pelo sujeito com base na sua história de vida, não são meras copias do que já existe na cultura. Todas as pessoas que vivem em uma sociedade compartilham as ideias, hábitos e valores mas tem suas próprias interpretações sobre essas coisas, afinal cada pessoa passa por experiências diferentes ao longo da vida e isso interfere na forma como cada uma interpreta a realidade à sua volta. O fundador do socioconstrutivismo foi Vygotsky, que estudava como a interação social interfere no desenvolvimento e na aprendizagem das pessoas. 
Piaget X Vygotsky: existem pontos em comum entre as duas teorias (construtivismo e socioconstrutivismo), como a compreensão de que o conhecimento é resultado de interpretações que fazemos sobre o mundo que nos cerca, mas há divergências também. O construtivismo considera que o amadurecimento biológico torna as pessoas capazes de raciocinar de maneira cada vez mais complexa, a interação social teria um papel importante, mas um tanto secundário nesse processo. Já o socioconstrutivismo considera que a interação social que torna as pessoas capazes de raciocinar de maneira cada vez mais complexa. O amadurecimento é importante,mas sem interação social ele seria incapaz de aumentar a complexidade de raciocínio das pessoas.
Tomando como ponto de partida o materialismo dialético de Karl Marx, Vygotsky entende que o homem, esse ser biológico, torna-se, ao longo da vida, também um ser psicossocial, através dos processos de socialização de que toma parte no meio em que vive. Esses processos de socialização (brincadeiras, atividades culturais, convívio familiar etc.) permitem que as pessoas internalizem as práticas culturais que estão socialmente estabelecidas, dando origem aos processos psicológicos superiores (a capacidade de tomar decisões, de pensar em coisas que não estão presentes, de planejar o futuro etc.). Também é por meio da socialização que adquirimos os sistemas simbólicos culturalmente partilhados como a linguagem.
Vygotsky considera que são características exclusivamente humanas a capacidade de pensarmos sobre objetos ausentes, imaginarmos situações nunca vivenciadas e planejarmos eventos futuros. Assim, além de ações reflexas (sugar o seio da mãe), automatizadas (direcionarmos a vista em direção a um movimento ou som que nos chama a atenção) e associações simples (evitarmos tocar na ponta de uma agulha após sentirmos que ela machuca), somos capazes de processos psicológicos mais sofisticados, considerados superiores. Nós planejamos o futuro, tomamos decisões complexas, estudamos a nós mesmos. Nós somos capazes de agir sobre o meio de modo intencional e, nesse processo, transformá-lo em um nível de intensidade possível apenas aos humanos.
Ferramentas cognitivas: ferramentas que usamos para controlar a nós mesmos, controlar nossas ações psicológicas. Os sistemas simbólicos como a linguagem exercem essa função. Quando nos apropriamos da linguagem utilizada em nossa comunidade, nós podemos organizar melhor nosso pensamento e facilitar nossa comunicação com as pessoas, podemos falar sobre coisas que não estão presentes, planejar ações, discutir problemas. Toda ferramenta psicológica precisa ser internalizada, não surge do nada. Ex: quando somos crianças usamos os dedos para fazer cálculos. Os dedos são instrumentos que estão fora da nossa mente. Com o passar o tempo, deixamos de usar os dedos e passamos a fazer os cálculos mentalmente, isso acontece porque vamos conhecendo os numerais, as operações matemáticas e com o tempo, deixamos de precisar usar os dedos, pois agora temos ferramentas cognitivas para fazer as contas. Essas ferramentas foram internalizadas graças ao convívio com outras pessoas que as utilizavam e que nos ensinaram.
Pensamento e linguagem: uma das mais poderosas ferramentas cognitivas é a linguagem (imagine um mundo sem linguagem, sem fala, sem escrita, sem gestos). A linguagem é parte fundamental de nosso mundo. Nos comunicamos nossos pensamentos aos outros através da linguagem e mesmo quando raciocinamos intimamente, a linguagem está presente (ex, quando pessoa fala sozinha).
Quando somos adultos, nosso pensamento e nossa linguagem estão intimamente relacionados. Em geral, comunicamos nossos pensamentos aos outros através de palavras, e quando raciocinamos para nós mesmos, nosso pensamento costuma apoiar-se também em palavras, numa espécie de discurso interior.
Mas nos primeiros anos de nossa vida, o pensamento e a linguagem são processos separados. O pensamento ocorre independente da linguagem. A linguagem, por sua vez, quando começa a ser adquirida, tem função principal de comunicação em um nível muito rudimentar, para pedir coisas como água ou alimento e para comunicar dor ou desconforto. Nesse nível, a linguagem ainda não é um instrumento cognitivo. Só por volta dos dois anos de idade, a linguagem e o pensamento começam a se inter-relacionar, resultando no pensamento verbal (quando pensamos e uma vozinha interior vai costurando nosso raciocínio) e na linguagem racional (quando falamos sobre nossos planos, apresentamos ideias etc.). Quando isso ocorre, os processos de raciocínio ganham maior sofisticação, devido à dimensão simbólica da linguagem, ou seja, à capacidade da linguagem de representar objetos e situações que não estão presentes ou que nunca foram vistos ou vivenciados.
Isso não quer dizer que não possa mais ocorrer linguagem sem pensamento, ela continua ocorrendo quando repetimos frases decoradas, por exemplo. Também não significa que não ocorra mais o pensamento sem linguagem. Ele ocorre quando operamos uma máquina que já dominamos perfeitamente e nem precisamos refletir sobre os procedimentos de operação. Mas o pensamento verbal e a linguagem racional são as ações psicológicas que passam a preponderar.
Implicações pedagógicas:
- Pseudoconceitos: Vygotsky acredita que existem dois tipos de conceitos, os pseudoconceitos e os conceitos verdadeiros. Pseudoconceitos são aqueles conceitos espontâneos que todos temos sobre o mundo e que estão baseados principalmente nas nossas observações (ex: quando uma criança afirma que o sol se movimenta pelo céu é um pseudoconceito pois sabemos que a movimentação do sol em torno da terra é apensas uma aparência). Os pseudoconceitos se apoiam nas aparências das coisas, nas superstições e na experiência pessoal. A principal função da escola é fazer a criança abandonar esses achismos, ou pseudoconceitos e passar a raciocinar com conceitos verdadeiros, ou seja, conceitos científicos.
- Os conceitos científicos são verdadeiros e baseados em pesquisas controladas, não sei deixam levar pelas aparências. Para Vygotsky, nos permitem ver melhor a realidade e cabe a escola ensiná-los.
ZDP – zona de desenvolvimento proximal: as coisas que uma pessoa sabe fazer sozinha são os saberes dentro de sua zona de desenvolvimento real, são aprendizagens já consolidadas. O que a pessoa ainda não sabe fazer sozinha, mas que é capaz de aprender com a ajuda de outros, são saberes que se encontram na zona de desenvolvimento proximal, são aprendizagens que ainda estão emergindo e precisam da ajuda de alguém mais experiente. Agora, o que a pessoa não é capaz de fazer nem mesmo com ajuda são saberes que se localizam fora da zona de desenvolvimento proximal. Sempre que uma aprendizagem proximal vira uma aprendizagem real, isso quer dizer que algo que uma pessoa só conseguia fazer com ajuda dos outros, virou algo que ela já sabe fazer sozinha. Na medida em que esse fenômeno vai se repetindo e ela vai aprendendo a fazer mais e mais coisas sozinha, a pessoa vai se tornando mais capaz e aquelas aprendizagens que antes eram impossíveis, começam a entrar na zona de desenvolvimento proximal, ou seja, vão se tornando aprendizagens possíveis. Quando mais se aprende, mais se torna capaz de aprender.
A importância do brincar: Vygotsky atribuía grande importância à brincadeira baseada em imitação para o desenvolvimento intelectual das crianças. Durante a imitação, geralmente os papéis representados estão ligados a pessoas e situações que exigem da criança que saia de si mesma e atue como uma pessoa mais velha que desempenha um papel social que lhe desperta a curiosidade.
Nesse processo, as crianças precisam discutir padrões sociais, chegar a consensos sobre regras de conduta e aprender a regular seu próprio comportamento segundo o que é exigido ou esperado no contexto da brincadeira.
WALLON
Estudou desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, ou seja integral, recusando a aceitar abordagens que reduzissem o desenvolvimento humano a uma dessas dimensões. A escola deve oferecer formação integral, ou seja, formação afetiva, intelectual e social. Sua teoria é um marco no pensamento pedagógico, pois até então não se pensava na formação afetiva no contexto escolar.	
Psicologia genética: diferente de epistemologia genética. Se relacionam mas não são a mesma coisa. A epistemologia genética é desenvolvida por Piaget em seus estudos como sobre os indivíduos constroem conhecimento. Piaget queria saber como alguém passa do estado de não conhecimento para conhecimento. Já a psicologia genética está interessada em compreender quais as origens dos processos psíquicos. Piaget se interessa pela origemdo conhecimento e psicologia genética se interessa pela origem dos processos psíquicos. 
Wallon usou a antropologia, psicopatologia e neurologia e entendia que os processos psicológicos tem origem orgânica, ou seja, biológica, mas que eles só podem ser bem compreendidos quando consideramos as maneiras pelas quais as influencias socioambientais interagem com esses processos. Seu método de estudo considera as condições orgânicas quanto as exigências sociais que influenciam o desenvolvimento psíquico.
O biológico e o social: a estrutura biológica é a primeira condição para a atividade psíquica, ou seja, não pode haver psiquismo sem um equipamento orgânico que o comporte, contudo, a nossa mente opera sobre estímulos que são recebidos de fora do organismo, logo as condições orgânicas e as condições do mundo externo são as grandes mantenedoras da existência e do desenvolvimento humano. Nós nos desenvolvemos na interdependência entre fatores biológicos e sociais.
O desenvolvimento do pensamento infantil segundo Wallon, não ocorre de forma continua, ele é marcado por descontinuidades, ou seja, crises e conflitos. Essas descontinuidades são resultados do amadurecimento do sistema nervoso que traz novas possibilidades orgânicas para o exercício do pensamento, e de alterações no meio social que trazem situações novas e estímulos diferenciados. É do conflito entre essas duas condições que emergem o pensamento e a inteligência. Essa compreensão nos ajuda a reconhecer que conflitos e contradições fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança e não são necessariamente problemas a serem combatidos pelos educadores. As crises muitas vezes são dinamizadoras do processo desenvolvimental e portanto benéficas.
Afetividade, motricidade e inteligência: a inteligência se desenvolve após a afetividade, contrariando outras teorias psicológicas. Para Wallon, a inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece com ela certa relação de conflito, talvez por isso nos interessamos em aprender mais as coisas que gostamos e evitamos as que não se conectam com nossos afetos. Para alimentar a inteligência, faz-se necessário mobilizar os afetos. Ao nascermos, somos frágeis seres orgânicos e o nosso desamparo biológico exige que outros seres humanos cuidem de nós. Essa condição de absoluta dependência caracteriza nossos dois primeiros anos de vida e por isso nos tornamos seres afetivos, ou seja, a emotividade do bebe expressa no choro e no grito, garante que o adulto se mobilizara para atender suas necessidades. Logo a expressão emocional é uma linguagem e sua função é fundamentalmente social, usada para comunicar as necessidades.
Essa afetividade tem raízes biológicas, mas ao mesmo tempo sua função é social. Não se deve confundir afetividade com amor e carinho. Quando falamos em afetividade, falamos das coisas que nos afetam (todos somos afetados por elementos externos como olhar do outro, um objeto que chama atenção, mas também somos afetados por elementos internos como a fome, as lembranças), então a afetividade é a capacidade de sermos afetados de forma positiva ou negativa por eventos externos e internos. O choro da criança por exemplo, afeta o adulto que cuida dela, esse caráter contagiante da afetividade humana permite que as expressões afetivas como o choro sejam culturalmente interpretadas pelo adulto, que então age para atender a criança. É no contexto dessa interação social e emocional que se dá o desenvolvimento cognitivo da criança. 
O autor ainda destaca a importância das atividades motoras nesse processo, pois o bebe também expressa sua emotividade por gestos, expressões faciais, agitação corporal. O ato motor é uma atividade expressiva que comunica os estados emocionais do bebe e ao mesmo tempo gera estados emocionais nos adultos. 
Na medida em que a função simbólica se desenvolve, ou seja, que a criança se torna capaz de pensar sobre coisas que não estão presentes, de ver o desenho de um cachorro e associar mentalmente a um animal real. Essa sofisticação das capacidades cognitivas permite a internalização de atos motores, quer dizer, os atos motores vão diminuindo porque a criança desenvolve outros recursos para se comunicar como as palavras. Além disso, ela adquire maior controle e refino sobre o ato motor.
Estágios de desenvolvimento: em cada um deles, a criança interage com seu ambiente de formas especificas, enquanto busca construir sua identidade. Cada estágio representa um tipo de preparação para o estágio seguinte, mas ao mesmo tempo revela descontinuidades e rupturas e relativismos que são próprios do processo de desenvolvimento. O desenvolvimento alterna fases de introspecção (voltar-se para si mesmo) e outras de extroversão (volta-se mais para o mundo externo). Há um continuo movimento de internalização e externalização que lhe permite construir sua caminhada em direção a autonomia.
Estagio impulsivo-emocional (0 a 1 ano): nos primeiros três meses desse estagio, o bebe realiza movimentos reflexos, involuntários e impulsivos. Pouco a pouco começa a responder afetivamente aos seus cuidadores, que são os intermediários entre ele e a realidade externa. Nessa relação a criança passa a usar gestos para se comunicar. Aos 3 meses ela consegue dirigir sorrisos às pessoas e através da afetividade que se estabelece e o primeiro e o mais forte vínculo entre as pessoas. Segundo Wallon, a função da emotividade é mobilizar a mãe para atender as necessidades do bebe, que dela necessitará por muito tempo. É pela expressão emotiva como choro grito e expressões faciais e agitação corporal que o bebe comunica suas necessidades. Apesar de ser uma comunicação emocional e primitiva, ela é a porta de entrada da criança para o mundo da cultura humana. Até aproximadamente 1 ano, o bebe está vivenciando ativamente o seu processo de socialização com aqueles que o cercam e é totalmente dependente desse contato para sobreviver. Durante essa fase, o interesse do bebe por objetos se dá na medida em que eles são apresentados pelos adultos, mas com o avançar do desenvolvimento a criança vai aprendendo a agir diretamente sobre seu meio e vai se dessocializando, quer dizer, vai agindo de forma mais autônoma em um processo crescente de individuação. 
Estagio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos): nesse estágio a exploração do ambiente físico se acentua na medida em que a criança aprende a segurar coisas e a se deslocar. O desenvolvimento das capacidades cognitivas estão em andamento, explorando o mundo através dos sentidos e das habilidades motoras. Tudo que estiver ao alcance deve ser tocado e sentido. São os atos mentais projetando-se através de atos motores, mas pouco a pouco o ato motor vai diminuindo e cedendo lugar ao ato mental, ao pensamento. Com o desenvolvimento da fala, o pensamento também ganha impulso. A aquisição da linguagem permite que o pensamento se manifeste através da fala, o que rompe com a manifestação motora do pensamento e isso representa um salto qualitativo no desenvolvimento infantil. É necessário que a vivencia sensório motora do mundo seja inibida pela criança para que a sua vida mental floresça.
Estagio do personalismo (3 a 6 anos): a criança se depara com o conflito que envolve por um lado seu desejo por autonomia e por outro o fortalecimento do vínculo com a família. Como o processo de formação da personalidade é a tarefa psíquica mais importante desse estagio, a criança nega os adultos muitas vezes se opondo a eles. O seu pensamento volta quase que exclusivamente para si. Ela precisa adquirir consciência de si mesma em suas relações com o mundo. Com o início da vida escolar o vínculo familiar se flexibiliza e a criança se direciona para a autonomia, uma vez que a vida no ambiente escolar exige que gradativamente ela realize escolhas por si só, bem como exige que ela concorde, discorde, ou seja, que se envolva em situações conflituosas. Contraditoriamente, enquanto ela caminha em direção a autonomia, também é nessa fase que se desenvolve a imitação. A criança imita o modo de ser e de pensardas pessoas com as quais convive, particularmente aquelas que lhes despertam admiração como os pais e os professores. A imitação é uma forma de inserção social. No que diz respeito à afetividade, nessa fase ela se mostra de modo mais simbólico por palavras e ideias.
Estagio categorial (7 a 12 anos): nesse estágio a criança utiliza cada vez mais a inteligência para explorar e conhecer os objetos e o meio físico e social, com grande interesse em explorar situações novas, particularmente se envolvem coisas que podem ser manejadas e transformadas, que dão margem ao exercício da criatividade. Nessa fase, a inteligência e o interesse pelo mundo externo são aspectos que predominam, ao contrário da afetividade e do interesse pelo mundo interno. Com o desenvolvimento da inteligência, a criança avança para o pensamento abstrato, ganha maior controle de habilidades como a memória voluntária (capacidade de memorizar coisas intencionalmente), obtém maior controle da atenção etc.
Estagio da adolescência (a partir dos 12 anos): as modificações corporais que resultam da ação dos hormônios sexuais influenciam o adolescente a buscar uma nova personalidade. Em função disso, há uma ruptura do equilíbrio afetivo. O adolescente deseja compreender suas inquietações, desejos, sexualidade e real identidade. É importante que os adultos ao perceberem essas necessidades, ofereçam dialogo e apoio, mas também estabelecimento de limites. Se a criança pequena busca identificar-se com o adulto pela imitação, na adolescência o indivíduo deseja diferenciar-se do adulto. É comum que a afetividade apresente contornos racionais, o que leva o adolescente a criar teorias sobre seus relacionamentos com as pessoas. Isso é uma forma de tentar tornar compreensível para si mesmo seu próprio universo afetivo. Os conflitos externos e internos fazem com que ele se volte cada vez mais para si mesmo e busque sua autoafirmação como forma de lidar com as transformações corporais e psíquicas, impulsionadas pela maturação sexual. 
Wallon afirma que o desenvolvimento não se encerra na adolescência, ele permanece por toda a vida, a afetividade e a cognição estarão sempre em desenvolvimento, com predomínio de uma ou de outra as vezes, porem estarão sempre em interação durante as aprendizagens que desenvolvemos ao longo da vida.

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