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Gestão do Fator Humano Unidade II Prof. Renato Berton 2 Conhecendo o professor Renato Berton ● Mestre em Administração de Empresas – UNIP. ● Pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios – USP. ● Atua como consultor de educação corporativa há dez anos. ● Especialista em Andragogia e Metodologias Participativas. ● Coordenador da pós-graduação da Universidade Paulista UNIP dos cursos de MBA em Gestão de Vendas, MBA em Estratégias Comerciais, MBA em Empreendedorismo e Inovação e MBA em Relacionamento Interpessoal. ● Principais treinamentos comportamentais: Negociação e Influência, Inteligência Emocional, Relacionamento Interpessoal, Team Building, Gestão de Mudanças, Networking, Foco no Cliente. ● Atuou por quinze anos em departamentos de marketing e vendas (Nestlé e Sanofi). ● Foi apresentador da Rádio Mundial 95,7 FM. 3 Conhecendo o seu material Esse livro-texto tem o objetivo de auxiliar o seu processo de aprendizado de duas maneiras: Ao longo das aulas, oferecendo o conteúdo apresentado pelo facilitador e demais materiais utilizados (testes, cases e ferramentas). Após o término de cada tema, por meio de artigos complementares, há indicação de endereços na internet e de uma bibliografia básica sobre cada um dos temas. Lembre-se de que o processo de aprendizado não acaba aqui: reveja a apresentação, leia os artigos e visite os sites. Segundo Robert Kornikau e Frank McElroy, o nível de retenção do conteúdo aprendido aumentará 65% se você retomar o contato com os temas aprendidos nos próximos quinze dias. 4 1. Inteligência emocional A grande maioria das pessoas conheceu esse conceito depois dos anos 1990, quando Daniel Goleman transformou a expressão em um best seller, provocando nas pessoas o questionamento: “qual é o seu QE (quociente emocional)?”. A partir desse marco, a sociedade passou a não mais dar só relevância ao QI, como também aos aspectos não só cognitivos. Voltando um pouco mais na história, o emprego mais antigo de um conceito similar à inteligência emocional, provém de Charles Darwin, quando ele se referia, em sua obra, sobre a importância da adaptabilidade para a sobrevivência e a perpetuação da espécie. Em 1940, David Weschler, estudioso da área, escreveu também sobre a inteligência e concluiu que não poderíamos falar de inteligência, caso a ciência não abrisse espaço para fatores chamados de “não intelectuais”. Howard Gardner, psicólogo cognitivo e educacional, ligado à universidade de Harvard, introduziu o conceito de inteligências múltiplas. A ideia, que surgiu em 1983, é de que o ser humano tem a capacidade de compreender a si mesmo e de identificar e apreciar as suas próprias motivações, sentimentos e medos, assim como a capacidade de compreender as intenções, as motivações e os desejos das outras pessoas. Isso ele chamou de inteligência intrapessoal e interpessoal, respectivamente. O primeiro uso do termo “inteligência emocional” ocorreu em 1985, na tese de doutorado de Wayne Payne, que mais tarde foi seguido por Peter Salovey e John D. Mayer (1990) e, finalmente, popularizado em 1995, por Daniel Goleman: [...] a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros (SALOVEY; MAYER, 1990). 1.1 Inteligência emocional. Conceitos de Salovey & Mayer Para esses especialistas, a inteligência emocional divide-se em quatro macro domínios: percepção das emoções. uso das emoções. entendimento das emoções. controle (e transformação) da emoção. 1) Percepção das emoções: consiste na identificação dos sentimentos, através do estímulo auditivo ou visual, isto é, por meio da mudança do timbre e tom de voz, ou das expressões faciais. 2) Uso das emoções: é a habilidade em empregar as informações emocionais para o dia a dia, para facilitar o raciocínio ou o pensamento. 3) Entender as emoções: inclui a habilidade em captar variações emocionais que não necessariamente estão evidentes. 4) Controle da emoção: é quando sabemos lidar com os próprios sentimentos, estando em qualquer ambiente e em qualquer situação. 5 1.2 Inteligência emocional. Conceitos de Daniel Goleman Para Goleman, é a capacidade de reconhecer nossos sentimentos e os das outras pessoas, para motivarmos e para podermos lidar adequadamente com as emoções, tanto em relação a nós mesmos quanto em relação às pessoas com as quais nos relacionamos. Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a inteligência emocional em cinco áreas de habilidades. São elas: Autoconhecimento emocional – reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre. Controle emocional – habilidade de lidar com os próprios sentimentos, adequando-os para a situação. Automotivação – dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se caminhando. Reconhecimento de emoções em outras pessoas. Habilidade em relacionamentos interpessoais. Quando desenvolvemos essas habilidades, vários são os impactos percebidos, seja por nós mesmos, seja pelas pessoas que nos rodeiam. Desse modo, nós nos aprimoramos na: comunicação; assertividade; negociação; solução de conflitos; liderança; flexibilidade; autocontrole; respeito e cooperação; habilidades sociais. Além disso, a inteligência emocional facilita os relacionamentos interpessoais nos seguintes aspectos: na forma de reconhecer e administrar emoções; na construção de relacionamentos de confiança; na habilidade de perceber contextos; na forma de lidar com conflitos; no processo de comunicação. Teste de inteligência emocional Para cada item dê uma nota de 1 a 7. Escreva a nota no espaço em branco. Antes de responder, pense em situações reais nas quais você precisou usar essa aptidão. 6 Capacidade baixa Capacidade alta 1 2 3 4 5 6 7 Capacidade Intrapessoal Interpessoal Aptidões Autoconsciência Controle de emoções Automotivação Relacionar- se bem Ser mentor emocional Identificar mudanças fisiológicas Relaxar em situações de pressão Agir produtivamente quando irritado Agir produtivamente quando ansioso Acalmar-se depressa quando irritado Associar indícios fisiológicos a diferentes emoções Usar “conversa interna” para influenciar emoção Comunicar sentimentos com eficácia Pensar sobre sentimentos ruins e não se perturbar Ficar calmo quando for alvo da raiva de alguém Saber quando está sendo pessimista Consciência de que está pensando com a razão Saber quando está ficando zangado Saber como interpretar os acontecimentos Saber quais sentidos está usando no momento Comunicar corretamente o que sente Saber o que mais influencia sua percepção Identificar suas mudanças de estado de espírito 7 Saber quando se comunica incoerentemente “Aumentar a potência do motor” quando quiser Recuperar-se depressa depois de um retrocesso Atingir metas longas dentro do prazo previsto Manter o foco quando realiza algo de que não gosta Cessar ou modificar hábitos pouco eficazes Aprender comportamentos produtivos Realizar aquilo que promete Conseguir resolver conflitos Ser eficaz quando se comunica com outros Influenciar pessoas direta ou indiretamente Construir relacionamentos de confiança Montar equipes que se apoiam Fazer outras pessoas se sentirem bem Dar conselhos e apoio a outros quando necessário Analisar sentimentos dos outros corretamente Reconhecer quando alguém está preocupado Ajudar outras pessoas a controlar emoções Conseguir se colocar no lugar dooutro (empatia) Ajudar um grupo a controlar emoções Perceber incongruência entre sentimento e comportamento de outra pessoa TOTAL Divide por 10 10 8 14 13 Média 8 2. Inteligências múltiplas Howard Gardner, psicólogo americano, professor de Cognição e Educação e integrante do Projeto Zero – um grupo de pesquisa em cognição humana pela Universidade de Harvard –, trouxe à tona, no ano de 1985, uma discussão sobre inteligência: ela é inata, geral e única? Gardner, insatisfeito com o que até então prevalecia de conceitos sobre inteligência, desacreditava no QI (Quociente Intelectual) e nas visões unitárias de inteligência, que focalizam, sobretudo, nas habilidades importantes para o sucesso escolar. Assim, ele resolveu compreender o que é inteligência a partir das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Em sua pesquisa, o estudioso se debruçou sobre o desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e em crianças superdotadas, em adultos com lesões cerebrais e em populações ditas excepcionais, tais como autistas, além de estudar como se deu o desenvolvimento do ser humano através dos milênios. Mesmo muito influenciado por Piaget, acreditava no desenvolvimento cognitivo da criança como uma capacidade de entender e expressar significados em vários sistemas simbólicos, utilizados dentro de um contexto cultural. Acreditava também que não há necessariamente uma ligação entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento com uma outra área de domínio, não sendo um sistema único, mas algo compartimentado. Enfim, Gardner sugeriu que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal que dê a impressão de ser algo geral e único. Propôs que existem várias formas independentes de percepção, memória e aprendizado em cada uma das áreas ou domínio, ou seja, a inteligência tinha um “todo” que era composto por “partes”. Para que ele continuasse a desenvolver a sua ideia, partiu dos seguintes pressupostos: A ocorrência de prejuízos com dano em uma das áreas do cérebro, no entanto, não havendo danos em todas as capacidades do ser. A existência de gênios ou indivíduos eminentes com habilidades especiais nos quais podemos observar uma habilidade isolada. A facilidade que uma pessoa comum tem em relação aos ritmos propostos pela música e essa mesma pessoa tem dificuldades em relação aos símbolos. O desenvolvimento diferenciado de cada indivíduo, dependendo de sua história de vida. A inteligência espacial desenvolvida nos mamíferos ou a inteligência musical desenvolvida nos pássaros. 9 A partir desses estudos e constatações, Gardner identificou as seguintes inteligências: 1 Lógico-matemática – capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações fazendo discernimento entre as relações e os princípios existentes. 2 Linguística – domínio e gosto especial pelos idiomas e pelas palavras, assim como o desejo de explorá-las. 3 Musical – habilidade em compor e executar padrões musicais. Está relacionada a outras inteligências: espacial e linguística. 4 Espacial – compreender o mundo visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções e recriar experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. 5 Corporal cinestésica – capacidade de controlar os movimentos do corpo. 6 Intrapessoal – expressa a capacidade de se conhecer. 7 Interpessoal – habilidade em entender as intenções, as motivações e os desejos dos outros. 8 Naturalista – traduz-se na sensibilidade para organizar e compreender os fenômenos e os padrões da natureza. 9 Existencial – é a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. 10 3. Estilos comportamentais O objetivo do aprendizado deste tema é apresentar o resultado do levantamento acerca dos estilos comportamentais individuais (teste de autoconhecimento do perfil comportamental). Partindo do autoconhecimento, é possível compreender e aprender a lidar com os demais, melhorando nossa capacidade de influência, comunicação e relacionamento interpessoal. Por meio da compreensão das diferenças entre as pessoas e dos seus estilos de comportamentos, pode-se utilizar o conhecimento do nosso cotidiano com os clientes, principalmente: na preparação de uma comunicação efetiva; na realização de uma abordagem comercial compatível com cada estilo de comportamento. 3.1 A importância de se entender os estilos comportamentais Com o conteúdo dos estilos comportamentais, teremos um parâmetro do comportamento de cada pessoa. Dessa forma, poderemos trabalhar com maior assertividade, estabelecendo estratégias de atuação baseadas em uma metodologia que auxiliará no momento do contato comercial. Assim, os relacionamentos ficarão melhores, tornando maior a produtividade de cada colaborador. 3.2. Comparando os estilos comportamentais Um determinado estilo comportamental não será melhor do que o outro. Porém, será mais ou menos adequado às diferentes situações que se apresentam em nosso cotidiano. Cada um de nós possui estilos comportamentais distintos e isso não significa que somos melhores ou piores que os outros, mas que somos diferentes. Algumas vezes, acabamos nos escondendo ou nos mantendo irredutíveis em nosso comportamento, para evitarmos enfrentar as diversas situações cotidianas, principalmente, quando essas situações exigem relacionamentos com pessoas diferentes de nós, em seu modo de pensar e agir. As diferenças entre as pessoas, inevitavelmente, acabam provocando divergências e conflitos. Se tivermos opiniões diferentes sobre um assunto, formas antagônicas de executar uma atividade, ou apresentarmos soluções desiguais, estaremos diante de uma possível situação de conflito. 11 A origem dos conflitos não está, necessariamente, no fato de sermos e pensarmos diferentemente dos demais, mas no fato de termos aprendido que: diferente = errado. A origem do conflito está no paradigma que muitos acreditam: “para eu ganhar, alguém tem que perder” ou “para que eu esteja certo, o outro precisa estar errado”. A realidade é que o conflito não está no fato de sermos diferentes, mas na postura que adotamos diante dos outros. Somos e sempre seremos diferentes uns dos outros, pois temos percepções diferentes das coisas e das situações que ocorrem ao nosso redor e em nossas vidas. Tanto na Psicologia como na Neurociência, percepção é a função cerebral que atribui significados a estímulos sensoriais. Esses significados estão intimamente relacionados com a história de vida de cada ser, logo, com as suas vivências passadas. A percepção consiste em: adquirir + interpretar + selecionar + organizar informações Ela pode ser estudada do ponto de vista biológico, no qual observamos o estímulo e os órgãos dos sentidos, e, do ponto de vista psicológico, envolvendo processos mentais, memória e outros aspectos que influenciam na interpretação ou ressignificação dos dados percebidos. Vale ressaltar o significado da palavra percepção: “ato ou efeito de perceber ou de obter informações através dos sentidos”. As percepções individuais de tudo o que acontece ao nosso redor são efetivadas através dos sentidos: visão, audição, tato, 12 olfato e paladar. Alguns também incorporam a “intuição” como influenciadora na percepção das pessoas. Porém, se um grupo de pessoas estiver diante de um mesmo fato, utilizando-se dos mesmos sentidos para analisá-los, talvez essas pessoas tenham percepções diferentes, porque: Somos diferentes. Temos crenças, valores, sentimentos, experiências e condições distintas uns dos outros. Portanto, se essa é uma das origens dos conflitos, temos que substituir nosso paradigma, estabelecendo como nova regra de comportamento o seguinte: diferente= diferente Para isso, precisamos mudar nosso modelo mental utilizando os seguintes passos: Compreender que por meio das diferenças podemos aprender mutuamente. Estabelecer uma relação em que todos ganham… você e eu! 3.3 O modelo dos estilos comportamentais O modelo estilos comportamentais é uma metáfora do cérebro e trata-se de uma fusão das preferências de pensamento dos dois sistemas pensantes (límbico e neocórtex). Todo o lado esquerdo se relaciona com nossas habilidades racionais e o lado direito com nossas habilidades emocionais. 1º 2 º 13 R A Z Ã O E M O Ç Ã O RESULTADO RELACIONAMENTO 14 Identificando o seu estilo comportamental Responda com muita sinceridade! Não existem respostas certas ou erradas. Procure ser bem verdadeiro e escolher a resposta mais adequada para você. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 Estilo % Decisivo Intuitivo Analítico Amigável 15 16 REFERÊNCIAS GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. SALOVEY, P.; MAYER, J. D. Emotional intelligence. In: Imagination, cognition, and personality, v. 9, n. 3, 1990. 185-211. 17 BIBLIOGRAFIA BÁSICA FREITAS, L. V. Grupos vivenciais sob uma perspectiva junguiana. Psicologia USP, São Paulo, v. 16, 2005. GAILLARD, C. Jung e a vida simbólica. São Paulo: Loyola, 2003. GUIRADO, M. Psicologia institucional. São Paulo: EPU, 2004. HILLMAN, J. A tipologia de Jung. São Paulo: Cultrix, 1990. JUNG, C. G. Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991. JUNG, C. G. Presente e futuro. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. (Obras completas de C. G. Jung).
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