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Hebreus (MHenry)

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HEBREUS 
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 Introdução Capítulo 4 Capítulo 8 Capítulo 12 
 Capítulo 1 Capítulo 5 Capítulo 9 Capítulo 13 
 Capítulo 2 Capítulo 6 Capítulo 10 
 Capítulo 3 Capítulo 7 Capítulo 11 
 
Introdução 
Esta epístola mostra o Senhor Jesus Cristo como a finalidade, o 
fundamento, o corpo e a verdade das figuras da lei mosaica, aquelas que 
por si mesmas não traziam nenhuma virtude para a alma. A grande 
verdade expressa nesta epístola é que Jesus de Nazaré é o Deus 
verdadeiro. 
Os judeus não convertidos utilizaram muitos argumentos para tirar 
os seus irmãos convertidos da fé cristã. Apresentavam a lei de Moisés 
como superior à dispensação cristã. Falavam contra tudo aquilo que 
estava relacionado ao Salvador. No entanto, o apóstolo ressalta a 
superioridade de Jesus de Nazaré como o Filho de Deus, e os benefícios 
de seus sofrimentos e de sua morte como sacrifício pelo pecado, de 
modo que a religião cristã é muito mais excelente e perfeita que a de 
Moisés. O principal objetivo é fazer com que os hebreus convertidos 
progridam no conhecimento do Evangelho, sejam estabelecidos na fé 
cristã e impedidos de afastarem-se dela, contra o que são fervorosamente 
advertidos. Mesmo contendo muitas coisas que eram adequadas aos 
hebreus dos primeiros tempos, também contém muitas que nunca deixam 
de interessar à Igreja de Deus, porque o conhecimento de Jesus Cristo é a 
própria medula e os ossos de todas as Escrituras. A lei cerimonial está 
repleta de temas relacionados a Cristo, assim como todo o Evangelho 
também está; as benditas linhas de ambos Testamentos juntam-se nEle, e 
o principal objetivo da epístola aos Hebreus é descobrir como ambos 
estão de acordo, e unem-se de modo harmônico e doce em Jesus Cristo. 
 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 
Hebreus 1 
Versículos 1- 3: A insuperável dignidade do Filho de Deus em sua 
Pessoa divina, e em sua obra de mediação e criação; 4-14: A 
insuperável dignidade do Filho de Deus em sua superioridade a todos os 
santos anjos. 
Vv. 1-3. Deus falou ao seu antigo povo em diversos tempos, em 
sucessivas gerações e de maneiras diversas, como lhe pareceu 
apropriado. Às vezes, por meio de instruções pessoais e sonhos, às vezes 
por visões e influência divina na mente dos profetas. A revelação do 
Evangelho supera a anterior com excelência, por ser uma revelação que 
Deus concedeu por meio de seu Filho. Ao contemplar o poder, a 
sabedoria e a bondade do Senhor Jesus Cristo, contemplamos o poder, a 
sabedoria e a bondade de Deus Pai (Jo 14.7). A plenitude da divindade 
habita não somente como em um tipo ou em uma figura, mas sim de 
modo real nEle. Quando, por ocasião da queda do homem, o mundo foi 
despedaçado sob a ira e a maldição de Deus, o Filho de Deus 
empreendeu a obra da redenção, sustentando-a por meio de seu poder e 
bondade como Todo-Poderoso. 
Da glória da pessoa e do ofício de Cristo, passamos à glória da sua 
graça. A glória e a natureza de sua pessoa deram mérito aos seus 
sofrimentos, que foram uma plena satisfação para a honra de Deus, pois 
sofreu um dano e uma afronta infinita por causa dos pecados dos 
homens. Nunca poderemos estar suficientemente agradecidos por Deus 
nos ter revelado a salvação, e ter-nos falado de tantas formas e com 
claridade crescente, a nós, que éramos pecadores caídos. O fato de Ele 
mesmo nos ter limpado de nossos pecados é um prodígio de amor 
superior à nossa capacidade de admiração, gratidão e louvor. 
Vv. 4-14. Muitos judeus tinham um respeito supersticioso ou 
idólatra pelos anjos, porque haviam recebido a lei e outras notícias a 
respeito da vontade divina por meio da ministração destes. 
Consideravam-nos como mediadores entre Deus e os homens, e alguns 
chegaram tão longe que renderam-lhes uma espécie de homenagem 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 
religiosa ou adoração. Desta maneira, era necessário que não somente o 
apóstolo insistisse em que Cristo é o Criador de todas as coisas e, 
portanto, o Criador dos próprios anjos, e que era também o Messias em 
natureza humana, ressuscitado e exaltado, a quem estão sujeitos os anjos, 
bem como todas as autoridades e potestades. Para provar esta verdade 
cita várias passagens do Antigo Testamento. 
Comparando aquilo que Deus disse acerca dos anjos, com o que 
disse ao Senhor Jesus Cristo, é claramente manifestada a inferioridade 
dos anjos em relação a Ele. Aqui está o trabalho dos anjos: são ministros 
ou servos de Deus para fazerem a sua vontade. Que coisas grandiosas 
foram ditas pelo Pai do Senhor Jesus Cristo! Reconheçamo-lo e 
honremo-lo como Deus, porque se não fosse Deus, jamais teria feito a 
obra de mediação, e jamais teria a coroa de Mediador. 
É declarado como Cristo foi apto para o ofício de Mediador e como 
foi confirmado neste: tem o nome de Messias por ser o Ungido. Somente 
como homem possui semelhantes, e como ungido pelo Espírito Santo; 
porém, está acima de todos os profetas, sacerdotes e reis que já foram 
empregados no serviço a Deus na terra. 
Cita-se outra passagem das Escrituras (Sl 102.25-27), na qual 
declara-se o poder onipotente do Senhor Jesus Cristo, tanto ao criar o 
mundo como ao mudá-lo. Cristo envolverá este mundo como se fosse 
uma roupagem, para que não se abuse mais dele, nem seja utilizado 
como o foi. Como soberano, mesmo enquanto a roupagem de seu estado 
real esteja dobrada e guardada, continua sendo o soberano; da mesma 
maneira que o nosso Senhor continuará sendo o Senhor quando tiver 
deixado de lado a terra e os céus como uma roupa. Então, não 
coloquemos o nosso coração naquilo que não é o que cremos ser, e que 
não será o que é agora. O pecado trouxe uma grande mudança ao mundo, 
para pior, e Cristo traz uma mudança ainda maior, porém para melhor. 
Que estes pensamentos nos alertem, e nos tornem diligentes e desejosos 
em relação ao mundo melhor. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 
O Salvador fez muito para que todos os homens fossem seus 
amigos, porém, tem inimigos que ainda serão postos por estrado de seus 
pés, pela humilde sujeição, ou pela extrema destruição. Cristo continuará 
vencendo e agindo para vencer. Os anjos mais excelsos são espíritos 
ministradores, servos de Cristo para executarem as suas ordens. Os 
santos são, no presente, herdeiros que ainda não tomaram a posse 
completa de sua herança. Os anjos ministram-lhes opondo-se à maldade 
e ao poder dos maus espíritos, protegendo e cuidando de seus corpos, 
instruindo e consolando as suas almas, sujeitos a Cristo e ao Espírito 
Santo. Os anjos reunirão todos os santos no último dia, quando todos 
aqueles que colocaram o seu coração e as suas esperanças nos tesouros 
perecíveis, e nas glórias passageiras, serão lançados da presença de 
Cristo à miséria eterna. 
 
Hebreus 2 
Versículos 1-4: O dever de nos aderirmos firmemente a Cristo e ao 
seu Evangelho; 5-9: Os seus sofrimentos não constituem objeção à sua 
iminência; 10-13: A razão de seus sofrimentos, e o quão adequados 
foram; 14-18: Cristo assume a natureza humana porque era necessária 
para o seu ofício sacerdotal, e não toma a natureza dos anjos. 
Vv. 1-4. Tendo demonstrado que Cristo é superior aos anjos, a 
doutrina é aplicável. A mente e a memória são como vasos quebrados 
que não retêm aquilo que é vertido neles, se não for dedicado muito 
cuidado. Isto procede da tendência que temos ao pecado, das tentações, 
dos afãs e dos prazeres do mundo. Pecar contra o Evangelho é rejeitar 
esta grandiosa salvação; é desprezar a graça salvadora de Deus em 
Cristo, tomando-a com leviandade, sem interessar-se por ela nem 
considerar o valor da graça do Evangelho ou da necessidade dela, nem o 
nosso estado de condenação sem esta. 
Os juízos do Senhor durante a dispensação do Evangelho são 
principalmente espirituais; por isto devem ser ainda mais temidos. Aqui 
apela-se à consciência dos pecadores.Nem sequer seu descuido parcial 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 
escapará das repreensões, porque costumam trazer escuridão às almas 
que não foram destruídas definitivamente. 
A proclamação do Evangelho foi continuada e confirmada por 
aqueles que ouviram a Cristo, pelos evangelistas e apóstolos, 
testemunhas do que Cristo começou a fazer e a ensinar; e pelos dons do 
Espírito Santo foram equipados para a obra para a qual foram chamados. 
Tudo isso aconteceu conforme a vontade de Deus. Era a vontade de Deus 
que tivéssemos uma base firme para a nossa fé, e um forte alicerce para a 
nossa esperança ao recebermos o Evangelho. Preocupemo-nos somente 
com isto, que é o necessário, e demos ouvidos às Sagradas Escrituras, 
escritas por aqueles que ouviram as palavras da graça de nosso Senhor e 
que foram inspirados por seu Espírito; então seremos abençoados com a 
boa parte que não pode ser tirada. 
Vv. 5-9. Nem no presente estado, nem em seu estado mais 
plenamente restaurado, quando os reinos da terra se tornarem o reino de 
Cristo e o príncipe deste mundo for expulso, a Igreja será governada por 
anjos. Ele assumirá seu grande poder e reinará. Qual é a causa de toda a 
bondade que Deus demonstra aos homens ao dar Cristo a eles e por eles? 
É a graça de Deus. Como recompensa pela humilhação de Cristo ao 
sofrer a morte, Ele tem um domínio ilimitado sobre todas as coisas; 
assim esta antiga Escritura cumpriu-se nEle. De maneira que, Deus tem 
feito na criação e na providência, coisas maravilhosas por nós, as quais 
temos recompensado com suma vileza. 
Vv. 10-13. Independente do que o soberbo, carnal e incrédulo possa 
imaginar ou objetar, a mente espiritual verá a glória peculiar da cruz de 
Cristo e se satisfará no fato de que é Ele quem, em todas as coisas, 
distribui a sua perfeição ao levar tantos filhos à glória. 
Seu caminho à coroa passou pela cruz, e assim deve acontecer com 
o seu povo. Cristo santifica; Ele adquiriu e enviou o Espírito 
santificador. Os verdadeiros crentes são santificados, dotados com 
princípios e poderes santos, separados para usos e propósitos santos e 
elevados. Cristo e os crentes são todos de um só Pai celestial, que é 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 
Deus. Os crentes são levados a uma relação de parentesco com Cristo. 
As palavras: "por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos", 
expressam a elevada superioridade de Cristo em relação à natureza 
humana. Isto é mostrado em três passagens da Escritura: Salmos 22.22; 
28.2 e Isaías 8.18. 
Vv. 4-18. Os anjos caíram e ficaram sem esperanças nem socorro. 
Cristo nunca concebeu ser o Salvador dos anjos caídos; portanto, não 
assumiu a natureza deles; a natureza dos anjos não podia ser sacrifício 
expiatório pelo pecado do homem. Aqui há um preço pago suficiente e 
apto para todos, porque foi em nossa natureza. Aqui é demonstrado o 
maravilhoso amor de Deus, porque mesmo Cristo sabendo o que deveria 
sofrer em nossa natureza e como deveria morrer nela, assumiu-a 
prontamente. A expiação deu lugar à libertação de seu povo da 
escravidão de Satanás e ao perdão de seus pecados pela fé. Os que 
temem a morte e se esforçam por tirar benefícios de seus terrores não 
devem ser negligentes nem tornem-se maus por causa do desespero. 
Não esperem ajuda do mundo nem dos artifícios humanos, mas 
busquem o perdão, a paz, a graça e a viva esperança do céu por fé 
naquele que morreu e ressuscitou, para que desta maneira possam 
superar o medo da morte. 
A lembrança de suas tristezas e tentações faz com que Cristo se 
interesse pelas provas de seu povo e esteja sempre pronto para ajudá-lo. 
Ele está sempre pronto e disposto a socorrer àqueles que são tentados e o 
buscam. Fez-se homem e foi tentado, para que fosse apto de todas as 
formas a socorrer ao seu povo, tendo passado pelas mesmas tentações e 
continuando perfeitamente livre de pecado. 
Então, que o aflito e o tentado não percam a esperança nem dêem 
lugar a Satanás, como se as tentações fizessem com que fosse mau 
recorrer ao Senhor em oração. Nenhuma alma jamais pereceu sendo 
tentada, se desde seu verdadeiro alarme de perigo clamou ao Senhor com 
fé e esperança de alívio. Este é o nosso dever quando somos 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 
surpreendidos pelas tentações e queremos deter seu avanço, o que é 
sábio de nossa parte. 
 
Hebreus 3 
Versículos 1-6. Mostra-se o valor e a dignidade superior de Cristo 
sobre Moisés; 7-13: Os hebreus são advertidos sobre o pecado e o 
perigo da incredulidade; 14-19: A necessidade da fé em Cristo e de 
segui-lo constantemente. 
Vv. 1-6. Cristo deve ser considerado o Apóstolo de nossa confissão, 
o Mensageiro enviado aos homens por Deus, o grande Revelador da fé 
que professamos e da esperança que confessamos ter. Como Cristo, o 
Messias, é o Ungido para o ofício de Apóstolo e Sacerdote. Como Jesus, 
é o nosso Salvador, e aquEle que nos cura, o grande Médico das almas. 
Considere-o assim. Considere o que Ele é em si mesmo, o que é e será 
para nós no além e para sempre. Pensar íntima e seriamente em Cristo 
nos leva a saber mais dEle. Os judeus tinham uma elevada opinião 
quanto à fidelidade de Moisés; todavia, a sua fidelidade tipificava a de 
Cristo. 
Cristo é o Senhor desta casa, de sua Igreja, que é o seu povo, e é o 
seu Criador. Moisés foi um servo fiel; Cristo, como o eterno Filho de 
Deus, é o dono legal e o Rei soberano da Igreja. Não só devemos nos 
estabelecer retamente nos caminhos de Cristo mas também devemos 
seguir e preservar firmemente até o fim. Toda a meditação em sua 
Pessoa e em sua salvação, sugere mais sabedoria, novos motivos para 
amar, confiar e obedecer a Ele. 
Vv. 7-13. Os dias de tentação costumam ser dias de desafios. Sem 
dúvida somos desafiados a tentar a Deus quando Ele nos permite ver que 
dependemos inteiramente dEle. O endurecimento do coração é a fonte de 
todos os demais pecados. Os pecados alheios, especialmente os de 
nossos parentes, devem servir de alarme para nós. Todos os pecados, 
especialmente o pecado cometido pelo povo privilegiado que professa a 
Deus, não só o provoca, mas também o entristece. Deus detesta destruir 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 
alguém em seu pecado ou por seu pecado, e espera muito para ser 
bondoso com eles. Porém, o pecado no qual se persiste por longo tempo, 
faz com que a ira de Deus seja revelada quando Ele destrói ao 
impenitente; não há repouso sob a ira de Deus. 
"Cuidado": todos os que pretendem chegar a salvo ao céu devem 
cuidar-se; se alguma vez nos permitirmos desconfiar de Deus, logo 
poderemos abandoná-lo. Aqueles que pensam estar firmes, vigiem para 
que não caiam. Uma vez que o amanhã não nos pertence, devemos 
aproveitar ao máximo o dia de hoje. Não há ninguém, nem sequer os 
mais fortes do rebanho, que não precise de ajuda de outros cristãos. 
Tampouco há alguém tão humilhado e desprezado cujo cuidado na fé e 
sua segurança, não pertença a todos. O pecado tem tantos caminhos e 
cores, que precisamos ter mais olhos do que os que temos. O pecado 
pode parecer justo, mas é vil; pode parecer agradável, porém é 
destrutivo; promete muito, e não cumpre nada. O engano do pecado 
endurece a alma; um pecado permitido dá lugar a outro; e cada ato 
pecaminoso confirma o costume. Que cada um de nós evite o pecado. 
Vv. 14-19. O privilégio dos santos é que são feitos participantes de 
Cristo, isto é, do Espírito, da natureza, das virtudes, da justiça e da vida 
de Cristo; estão interessados em tudo o que Cristo é, em tudo o que Ele 
tem feito ou fará. O mesmo espírito com que os cristãos empreendem o 
caminho de Deus é o que devem manter até o fim. A perseverança na fé 
é a maior prova da sinceridade da nossa fé. 
Ouvir a Palavra muitas vezes, é um meio de salvação; quem não der 
ouvidos a ela se exporá ainda mais à ira divina. A alegria de ser 
partícipes de Cristo e de sua completa salvação, e o temor da ira de Deus 
e da miséria eterna, devem nos estimulara preservar na vida de 
obediência e fé. Não confiemos em privilégios ou profissões de fé 
exteriores e peçamos para ser contados com os crentes verdadeiros que 
entrarão no céu, quando todos os demais falham por causa da 
incredulidade. Como a nossa obediência está de acordo com o poder de 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 
nossa fé, assim também os nossos pecados e a falta de cuidado estão de 
acordo com o predomínio da nossa incredulidade. 
 
Hebreus 4 
Versículos 1-10: Exorta-se ao temor humilde e cuidadoso, para que 
não aconteça que por causa da incredulidade alguém não entre no 
repouso prometido; 11-16. Argumentos e motivos para termos fé e 
esperança ao aproximarmo-nos de Deus. 
Vv. 1-10. Os privilégios que temos com o Evangelho são maiores 
do que os que existiam sob a lei de Moisés, ainda que em sua essência se 
pregou o mesmo Evangelho em ambos Testamentos. Em todas as épocas 
têm existido muitos ouvintes que não tiram proveito da mensagem de 
Deus, e a incredulidade é a causa de toda esterilidade quando se trata da 
Palavra. A fé do que ouve é a vida da Palavra. Uma triste conseqüência 
do descuido parcial e de uma profissão de fé vacilante e relaxada, é que 
muitas vezes faz com que os homens não a alcancem. Sejamos então 
diligentes para ter livre acesso ao reino de Deus. 
Como Deus terminou sua obra e depois descansou, fará com que os 
que crêem terminem a sua obra e depois desfrutem de seu repouso. É 
evidente que resta um dia de repouso para o povo de Deus, mais 
espiritual e excelente do que o do sétimo dia, ou daquele ao qual Josué 
dirigiu os judeus. Este repouso é um repouso de graça, consolo e 
santidade no estado do Evangelho. O repouso em glória é onde o povo 
de Deus desfrutará o final de sua fé e o objeto de todos os seus santos 
desejos. O repouso, que é o tema do raciocínio do apóstolo, e do qual 
conclui que fica por ser desfrutado, é sem dúvida o repouso celestial que 
resta para o povo de Deus, e que se opõe ao estado de trabalhos e 
transtornos deste mundo. É o repouso que obterão quando o Senhor 
Jesus aparecer no céu. Porém, os que não crêem nunca entrarão neste 
repouso espiritual, seja o de graça aqui ou o de glória no além. Deus 
sempre tem declarado que o repouso do homem está nEle e que o seu 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 
amor é a única alegria verdadeira da alma; e a fé em suas promessas por 
meio de seu Filho é o único caminho para entrar naquele repouso. 
Vv. 11-16. Observe a finalidade proposta: repouso espiritual e 
eterno; o repouso de graça aqui, e o de glória no além; em Cristo na 
terra; com Cristo no céu. Depois do devido e diligente labor virá o 
repouso, doce e satisfatório; o trabalho de agora se transformará no 
repouso mais prazeroso quando chegar. Trabalhemos e estimulemo-nos 
uns aos outros a ser diligentes em nosso dever. 
As Sagradas Escrituras são a Palavra de Deus. Quando Deus a 
estabelece por seu Espírito, convence, converte e consola 
poderosamente. Faz com que a alma que tem sido orgulhosa por muito 
tempo torne-se humilde, e o espírito perverso torne-se manso e 
obediente. Os hábitos pecaminosos que têm se tornado naturais para a 
alma, estando profundamente arraigados nela, são separados e cortados 
pela espada. Trará à luz os pensamentos e propósitos dos homens e a 
vileza de muitos, os princípios maus que os movem, e as finalidades 
pecaminosas para as quais atuam. A Palavra mostrará ao pecador tudo o 
que há no seu coração. 
Firmemos as doutrinas da fé cristã em nossas mentes, seus 
princípios vivificantes em nossos corações, sua confissão franca em 
nossos lábios e submetamos as nossas vidas a eles. Cristo executou uma 
parte de seu sacerdócio na terra ao morrer por nós; executa a outra parte 
no céu, intercedendo pela causa de seu povo e apresentando as suas 
ofertas. A critério da sabedoria infinita, era necessário que o Salvador 
dos homens fosse alguém que tivesse o sentimento de companheirismo 
que nenhum ser, salvo um congênere, poderia ter; portanto, era 
necessário que experimentasse realmente todos os efeitos do pecado que 
pudessem ser separados de sua verdadeira culpa. Deus enviou o seu 
Filho em semelhança da carne do pecado (Rm 8.3); quanto mais puro e 
santo Ele era, menos disposto deve ter estado de pecar em sua natureza, e 
mais profunda deve ter sido a impressão de seu mal; conseqüentemente, 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 
Ele deve ter estado mais preocupado para livrar o seu povo da culpa e do 
poder do pecado. 
Devemos nos animar, pela excelência de nosso Sumo Sacerdote, a 
irmos diretamente ao trono da graça. A misericórdia e a graça são as 
coisas que queremos; misericórdia que perdoe todos os nossos pecados, e 
graça que purifique as nossas almas. Além de nossa dependência diária 
de Deus para as provisões presentes, há épocas para as quais devemos 
prover em nossas orações; tempos de tentação, seja pela adversidade, 
seja pela prosperidade, e especialmente em nosso momento de morrer. 
Devemos ir ao trono de justiça com reverência e santo temor; não como 
arrastados, mas como convidados ao trono de misericórdia onde reina a 
graça. Só pelo sangue de Jesus temos ousadia para entrar no Lugar 
Santíssimo; Ele é o nosso Advogado e adquiriu tudo o que as nossas 
almas possam desejar ou querer. 
 
Hebreus 5 
Versículos 1-10: O ofício e o dever do sumo sacerdote foram 
completamente cumpridos em Cristo; 11-14: Os cristãos hebreus são 
repreendidos por seu pequeno avanço no conhecimento do Evangelho. 
Vv. 1-10. O Sumo Sacerdote deveria ser um homem, participante 
de nossa natureza. Isto demonstra que o homem havia pecado. Deus não 
permite que o homem pecador vá a Ele por si mesmo. Porém, é bem 
vindo todo aquele que vai a Ele por meio deste Sumo Sacerdote; como 
valorizamos a aceitação com Deus e o perdão, devemos por fé recorrer a 
este Jesus, o nosso grande Sumo Sacerdote, que pode interceder por 
aqueles que se encontram fora do caminho da verdade, do dever e da 
felicidade; aquEle que tem a ternura para guiá-los de volta dos desvios e 
dos erros, do pecado e da miséria. Só podem esperar a ajuda de Deus, 
sua aceitação, sua presença e benção para si mesmos e suas obras, os que 
são chamados por Deus, por meio de Cristo. 
Nos dias de sua encarnação, Cristo se submeteu até mesmo à morte; 
teve fome, foi tentado, sofredor e moribundo. Cristo deu o exemplo não 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 
de só orar, mas de ser fervoroso para orar. Quantas orações secas, quão 
pouco umedecidas com lágrimas, oferecemos a Deus! Ele foi fortalecido 
para suportar o imenso peso do sofrimento colocado sobre Ele. Não 
existe libertação real da morte, senão por ser levado através dela. Ele foi 
levantado e exaltado, e a Ele foi dado o supremo poder de salvar a todos 
os pecadores que vão a Deus por meio dEle. 
Cristo nos deixou o exemplo para que aprendamos a obedecer 
humildemente a vontade de Deus em meio a todas as nossas aflições. 
Precisamos ser afligidos para que aprendamos a ser submissos. Sua 
obediência em nossa natureza nos estimula em nossos intentos de 
obedecer, e para que esperemos ser sustentados e consolados em todas as 
tentações e sofrimentos a que estamos expostos. Sendo perfeito para esta 
grande obra, Ele é o Autor da eterna salvação para todos os que lhe 
obedecem; porém, será que nos encontramos neste número? 
Vv. 11-14. Os ouvintes surdos dificultam a pregação do Evangelho, 
e até os que têm alguma fé podem ser ouvintes surdos e lentos para crer. 
Muito se espera daqueles a quem muito se dá. 
Ser pouco hábil denota a falta de experiência nas coisas do 
Evangelho. A experiência cristã é um sentimento, sabor ou prazer 
espiritual da bondade, doçura e excelência das verdades do Evangelho. 
Nenhuma língua pode expressar a satisfação que a alma recebe por meio 
do sentimento da bondade, graça e amor divinos de Cristo por ela. 
 
Hebreus 6 
Versículos 1-8: Os hebreus são instados a seguir adiante na 
doutrinade Cristo – Descreve-se as conseqüências da apostasia ou da 
rejeição; 9,10: O apóstolo expressa satisfação pela maioria deles; 11-
20: E os anima a perseverar na fé e na santidade. 
Vv. 1-8. Deve-se expor toda a verdade e a vontade de Deus diante 
de todos os que professam o Evangelho, e estabelecê-las em seus 
corações e consciências. Não devemos estar sempre falando de coisas 
exteriores, as quais têm seu lugar de uso, mas muitas vezes consomem 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 
demasiadamente a nossa atenção e tempo, que poderiam ser melhor 
empregados. 
O pecador humilhado que se declara culpado e clama por 
misericórdia, não tem motivos para se desesperar a partir desta 
passagem, qualquer que seja a acusação de sua consciência. Tampouco 
prova que alguém que tenha se tornado uma nova criatura em Cristo 
possa tornar-se um apóstata definitivo. O apóstolo não fala das quedas 
dos meros professos, nunca convencidos nem influenciados pelo 
Evangelho. Estes não têm nada do que cair, senão de um nome vazio ou 
uma confissão hipócrita. Tampouco fala dos desvios ou dos resvalos 
temporários, nem quer representar aqui os pecados nos quais os cristãos 
caem por força das tentações ou do poder de alguma luxúria carnal. Aqui 
se faz alusão à queda que significa renunciar aberta e claramente a Cristo 
por causa da inimizade do coração contra Ele, contra a sua causa e o seu 
povo, por parte dos homens que em suas mentes aprovam os atos de seus 
assassinos, e tudo isto depois de terem recebido o conhecimento da 
verdade e saboreado alguns de seus consolos. Destes se diz que é 
impossível serem outra vez renovados para o arrependimento. Não 
porque o sangue de Cristo seja insuficiente para obter o perdão deste 
pecado, mas porque este pecado, por sua própria natureza, opõe-se ao 
arrependimento e a tudo o que conduza a ele. 
Os que temem que não haja misericórdia para eles, por entender 
erroneamente esta passagem e suas próprias situações, seriam aliviados 
de seus temores equivocados se atentassem para o relato dado sobre a 
natureza deste pecado, que é uma renuncia total e voluntária de Cristo e 
de sua causa, e a união a seus inimigos. Nós mesmos devemos ter 
cuidado e advertir ao nosso próximo sobre toda aproximação ao tão 
terrível abismo da apostasia; porém, ao fazê-lo, devemos nos manter 
próximos à Palavra de Deus, tendo o cuidado de não ferir nem aterrorizar 
ao mais fraco ou desanimar ao caído e penitente. Os crentes não só 
saboreiam a Palavra de Deus, mas também a bebem. Este fértil campo ou 
jardim recebe a bênção. Porém, o cristão que só tem nome de crente 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 
continua estéril sob os meios da graça, e nada produz, exceto engano e 
egoísmo, estando perto do espantoso estado recém descrito; a miséria 
eterna é o fim reservado para ele. Vigiemos com humilde cautela e 
oração por nós mesmos. 
Vv. 9,10. Existem coisas que nunca se separam da salvação; coisas 
que mostram que a pessoa está no caminho da salvação, e que resultará 
na sua salvação eterna. As coisas que acompanham a salvação são coisas 
melhores, das quais os apóstatas ou aqueles que se afastam nunca 
desfrutaram. 
As obras de amor feitas para a glória de Cristo ou para os seus 
santos por amor a Cristo, às vezes, segundo Deus dá oportunidade, são 
sinais evidentes da salvação do homem; e são marcas seguras da graça 
salvadora dada mais que a iluminação e do sabor daquilo que se 
mencionou anteriormente. Nenhum amor deve ser reconhecido como 
amor, senão o amor que trabalha; e nenhuma obra é boa se não flui do 
amor a Cristo. 
Vv. 11-20. A esperança aqui aludida é esperar com confiança as 
coisas boas prometidas por meio dessas promessas, com amor, desejo e 
valorizando-as. A esperança tem seus graus, como a fé também os tem. 
A promessa de benção que Deus tem feito aos crentes, desde o eterno 
propósito de Deus, estabelecida entre o Pai eterno, o Filho eterno e o 
Espírito Santo eterno. Pode-se confiar com toda segurança nesta 
promessa de Deus, porque aqui temos duas coisas imutáveis: o conselho 
e o voto de Deus, em que é impossível que Deus minta, porque seria 
contrário à sua natureza e à sua vontade. Como não pode mentir, a 
destruição do incrédulo e a salvação do crente são igualmente certas. 
Observe aqui que os que têm direito à herança são aqueles a quem 
Deus tem dado plena segurança de felicidade. Os consolos de Deus são 
suficientemente fortes para sustentar o seu povo quando este se encontra 
submetido às provas mais pesadas. Aqui há um refúgio para todos os 
pecadores que fogem à misericórdia de Deus por meio da redenção em 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 
Cristo, conforme o pacto de graça, deixando de lado qualquer outra 
confiança. 
Estamos neste mundo como um barco no mar, sacudido de um lado 
para outro e correndo o risco de naufragar. Necessitamos de uma âncora 
que nos mantenha seguros e firmes. A esperança do Evangelho é nossa 
âncora nas tormentas deste mundo. É segura e firme, pois caso contrário 
não poderia nos manter assim. A graça gratuita de Deus, os méritos e a 
mediação de Cristo e as poderosas influências de seu Espírito, são as 
bases desta esperança, que por esta razão é segura. Cristo é o objeto e o 
fundamento da esperança do crente. Portanto, depositemos nossos afetos 
nas coisas do alto e esperemos com paciência sua manifestação, quando 
certamente nos manifestaremos com Ele em glória. 
 
Hebreus 7 
Versículos 1- 3: Comparação do sacerdócio de Melquisedeque com 
o de Cristo; 4-10: Se demonstra a excelência do sacerdócio de Cristo 
sobre o sacerdócio levítico; 11-25: Isto se aplica a Cristo; 26-28: Disto 
a fé e a esperança da igreja recebem alento. 
Vv. 1-3. Melquisedeque saiu ao encontro de Abraão quando este 
voltava de sua batalha para resgatar a Ló. Seu nome, "rei de Justiça", é 
sem dúvida próprio para seu caráter, que o marca como figura do 
Messias e de seu reino. O nome de sua cidade significa "paz", e como rei 
de paz tipificava a Cristo, o Príncipe da Paz, o grande reconciliador entre 
Deus e o homem. Nada se registra acerca do início ou do fim de sua 
vida, e figuradamente lembra o Filho de Deus, cuja existência é de 
eternidade a eternidade; não houve ninguém antes dEle, e não haverá 
ninguém que venha após Ele em seu sacerdócio. Cada parte das 
Escrituras honra ao Grande Rei de Justiça e de Paz, nosso glorioso Sumo 
Sacerdote e Salvador, e quanto mais a examinarmos, mais nos 
convenceremos de que o testemunho de Jesus é o espírito de profecia. 
Vv. 4-10. O Sumo Sacerdote que apareceria posteriormente, o qual 
Melquisedeque tipificava, seria muito superior aos sacerdotes levíticos. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 
Observe a grande dignidade e a felicidade de Abraão; ele teve as 
promessas. Sem dúvida, feliz e rico é o homem que tem as promessas da 
vida presente e da vida vindoura. Todos os que recebem ao Senhor Jesus 
têm esta honra. Sigamos adiante, em nossos conflitos espirituais, 
confiando em sua Palavra e em seu poder, atribuindo nossas vitórias à 
sua graça e desejando ser abençoados por Ele em todos os nossos 
caminhos. 
Vv. 11-25. O sacerdócio e a lei, pelos quais não poderia vir a 
perfeição, acabaram; um Sacerdote se levanta e se estabelece em uma 
dispensação pela qual os verdadeiros crentes podem ser aperfeiçoados. 
Claro está que esta mudança existe. A lei que estava ligada ao sacerdócio 
levítico mostrava que os sacerdotes eram criaturas frágeis, mortais e 
incapazes de salvar suas próprias vidas, e que muito menos podiam 
salvar as almas dos que iam a eles. Porém, o Sumo Sacerdote de nossa 
profissão exerce seu ofício pelo poder da vida eterna que há nEle; não só 
para mantê-lo vivo, mas para dar vida eterna e espiritual a todos os que 
confiam em seu sacrifício e intercessão. 
O melhor pacto, do qual Jesus foi fiador, não é aqui contrastado 
com o pacto de obras pelo qual todo transgressor fica sob a maldição. Se 
distingue do pacto do Sinaicom Israel e da dispensação da lei, sob a qual 
a Igreja esteve por longo tempo. O pacto melhor colocou a Igreja e todo 
crente sob uma luz mais clara, uma liberdade mais perfeita e privilégios 
mais abundantes. 
Na ordem de Arão havia uma multidão de sacerdotes, sumos 
sacerdotes uns após outros; porém, no sacerdócio de Cristo, há somente 
um, e é Ele próprio. Esta é a segurança e a felicidade do crente; que este 
Sumo Sacerdote eterno é capaz de salvar completamente em todos os 
tempos e em todos os casos. Seguramente, então, convém que desejemos 
a espiritualidade e a santidade, muito mais do que os crentes do Antigo 
Testamento, porque nossas vantagens excedem às deles. 
Vv. 26-28. Observe a descrição da santidade pessoal de Cristo. Ele 
está livre de todos os hábitos ou princípios de pecado, não tendo a menor 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 
disposição a isto em sua natureza. Nada de pecado habita nEle, nem a 
mínima inclinação pecaminosa, ainda que exista no melhor dos cristãos. 
Ele é inocente, livre de todo pecado presente; Ele não cometeu pecado, 
não houve engano algum em sua boca nem se corrompeu. É difícil nos 
mantermos puros a ponto de não participarmos da culpa dos pecados de 
outros homens. Porém, ninguém que for a Deus em o nome de seu Filho 
amado desfalecerá. Devem estar seguros de que Ele os livrará no tempo 
da prova e do sofrimento, no tempo da prosperidade, na hora da morte e 
no dia do juízo. 
 
Hebreus 8 
Versículos 1-6. Mostra-se a excelência do sacerdócio de Cristo sobre o 
de Arão; 7-13: A grande excelência do novo pacto em relação ao anterior. 
Vv. 1-6. A essência ou o resumo do que aqui foi declarado é que os 
cristãos teriam um Sumo Sacerdote como o que necessitavam. Este 
assumiu a natureza humana, manifestou-se na terra e aqui se ofereceu 
como sacrifício a Deus pelos pecados de seu povo. Não nos atrevamos a 
nos aproximar de Deus ou em apresentar-lhe nada, senão em Cristo e 
através dEle, dependendo de seus méritos e mediação, porque somos 
aceitos somente no Amado. 
Em toda a obediência e adoração devemos nos manter dentro da 
Palavra de Deus, que é a norma única e perfeita. Cristo é a essência e a 
finalidade da lei da justiça. O pacto aqui aludido foi feito com Israel 
como nação, assegurando-lhes os benefícios temporais. As promessas de 
todas as bênçãos espirituais e da vida eterna, reveladas no Evangelho e 
garantidas por meio de Cristo, são de valor infinitamente maior. 
Louvemos a Deus porque temos um Sumo Sacerdote idôneo para nossa 
condição indefesa. 
Vv. 7-13. A excelência superior do sacerdócio de Cristo sobre o de 
Arão é demonstrada a partir do pacto da graça, do qual Cristo é o 
Mediador. A lei não só fazia com que todos os submetidos a ela 
estivessem sujeitos à condenação pela culpa do pecado, mas era também 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 
incapaz de retirar a culpa e limpar a consciência do sentimento e do 
terror dela. Em contrapartida, pelo sangue de Cristo se provê a plena 
remissão de pecados, de modo que Deus não se lembrará mais deles. 
Uma vez Deus escreveu suas leis a seu povo; agora, as escreverá 
neles; Ele lhes dará entendimento para que conheçam e creiam em suas 
leis; dará memória para retê-las, corações para amá-las, coragem para 
professá-las e poder para colocá-las em prática. Este é o fundamento do 
pacto; e quando este é estabelecido, o dever é cumprido com sabedoria, 
sinceridade, presteza, facilidade, resolução, constância e consolo. Um 
derramamento pleno do Espírito de Deus fará a ministração do 
Evangelho tão eficaz que haverá um forte incremento e difusão do 
conhecimento cristão em todas as classes de pessoas. Que esta promessa 
se cumpra em nossos dias; que a mão de Deus esteja com os seus 
ministros para que um grande número de pessoas creia e converta-se ao 
Senhor! 
O perdão dos pecados será sempre encontrado na companhia do 
verdadeiro conhecimento de Deus. Observe a liberdade deste perdão: sua 
plenitude, sua certeza. Esta misericórdia que perdoa está ligada a todas 
as demais misericórdias espirituais: o pecado não perdoado prejudica a 
misericórdia e acarreta juízos; porém o perdão do pecado impede o juízo 
e abre uma ampla porta para todas as bênçãos espirituais. 
Perguntemo-nos se somos ensinados pelo Espírito Santo a conhecer 
a Cristo, de modo que o amemos, o temamos, confiemos e obedeçamos 
retamente. Toda a vaidade do mundo, os privilégios exteriores ou as 
puras noções religiosas se desvanecerão rapidamente, e deixarão em 
miséria eterna os que confiaram neles. 
 
Hebreus 9 
Versículos 1-5: O tabernáculo judeu e seus utensílios; 6-10: Seu 
uso e significado; 11-22: O cumprimento em Cristo; 23-28: A 
necessidade, a dignidade superior e o poder de seu sacerdócio e 
sacrifício. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 
Vv. 1-5. O apóstolo mostra aos hebreus suas cerimônias como tipo 
de Cristo. O tabernáculo era um templo móvel, a sombra da situação 
instável da Igreja na terra, e da natureza humana do Senhor Jesus Cristo, 
em quem habitou corporalmente a plenitude da divindade. O significado 
da tipificação destas coisas foi mostrado em comentários anteriores; e as 
ordenanças e os artigos do pacto mosaico apontam para Cristo como 
nossa Luz e o Pão da vida para as nossas almas; e nos lembram sua 
Pessoa divina, seu sacerdócio santo, sua justiça perfeita e sua intercessão 
absolutamente vencedora. Assim, o Senhor Jesus Cristo era tudo em 
todos desde o princípio. Segundo a interpretação do Evangelho, estas 
coisas são uma representação gloriosa da sabedoria de Deus e confirmam 
a fé em quem foi prefigurado por elas. 
Vv. 6-10. O apóstolo continua falando dos serviços religiosos do 
Antigo Testamento. Quando Cristo se propôs ser nosso Sumo Sacerdote, 
não podia entrar no céu até derramar seu sangue por nós; e assim 
também ninguém pode entrar na bondosa presença de Deus aqui, ou em 
sua gloriosa presença no além, senão pelo sangue de Jesus. Os pecados 
são erros enormes de juízo e de prática, e quem pode entender todos os 
seus erros? Eles deixam a culpa na consciência, a qual só pode ser lavada 
pelo sangue de Cristo. Podemos usar este sangue como argumento na 
terra, enquanto Ele intercede por nós no céu. 
Alguns crentes viram, pelo ensino divino, algo do caminho de 
acesso a Deus, da comunhão com Ele e da admissão ao céu por meio do 
Redentor prometido; porém, os israelitas em geral não viram nada além 
das aparências exteriores. Estas não podiam acabar com a corrupção nem 
com o domínio do pecado. Tampouco podiam saldar as dívidas nem 
resolver as dúvidas do que fazia o serviço. Os tempos do Evangelho são 
e devem ser tempos de conserto, de luz mais clara acerca de todas as 
coisas necessárias que se deve saber, e do maior amor, fazendo com que 
não tenhamos má vontade para com ninguém, mas boa vontade para com 
todos. Temos maior liberdade de espírito e de falar no Evangelho, e 
obrigações maiores de levar uma vida mais santa. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 20 
Vv. 11-14. Todas as coisas boas passadas, presentes e futuras 
estiveram e estão fundamentadas no ofício sacerdotal de Cristo, e dali 
nos vêm. Nosso Sumo Sacerdote entrou no céu de uma vez por todas e 
obteve a eterna redenção. O Espírito Santo representou e mostrou 
posteriormente que os sacrifícios do Antigo Testamento só livravam o 
homem exterior da imundícia cerimonial, e os preparavam para alguns 
privilégios exteriores. O que deu tal poder ao sangue de Cristo? Foi o 
fato de que Cristo se ofereceu a si mesmo sem nenhuma mancha 
pecaminosa em sua natureza e vida. Isto limpa a consciência mais 
culpável das obras mortas ou mortais para servir ao Deus vivo; das obras 
pecaminosas, como as que contaminam a alma, como os corpos mortos 
contaminavam os judeus que os tocavam; em contrapartida é a graça que 
sela o perdão que cria de novo na alma contaminada. Nada destrói mais a 
fé no Evangelho do que enfraquecer por qualquer meio o poder direto do 
sanguede Cristo. Não podemos penetrar na profundidade do mistério do 
sacrifício de Cristo, não podemos compreender o quão elevado é. Não 
podemos indagar a respeito da grandeza nem da sabedoria, do amor e da 
graça que há nEle. Porém, ao considerar o sacrifício de Cristo, a fé 
encontra vida, alimento e renovação. 
Vv. 15-22. Os tratos solenes de Deus com o homem são, às vezes, 
chamados de pacto, aqui testamento, que é a vontade de uma pessoa de 
deixar legado às pessoas que nomeia, e que só se efetiva após a sua 
morte. Assim, Cristo morreu não só para adquirir as bênçãos da salvação 
para nós, mas para dar poder conforme a sua disposição. 
Por causa do pecado, nos tornamos todos culpáveis diante de Deus 
e renunciamos a tudo que é bom; porém Deus, disposto a demonstrar a 
grandeza de sua misericórdia, proclamou um pacto de graça. Nada podia 
ser limpo para um pecador, nem sequer seus deveres religiosos, salvo se 
a sua culpa fosse tirada pela morte de um sacrifício, de valor suficiente 
para esse fim, e a menos que dependesse continuamente disto. 
Atribuamos todas as verdadeiras boas obras à mesma causa que todos 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 21 
procuram, e ofereçamos nossos sacrifícios espirituais como espargidos 
com o sangue de Cristo, e sejamos assim purificados da contaminação. 
Vv. 23-28. É evidente que os sacrifícios de Cristo são infinitamente 
melhores que os da lei, que não podiam conceder o perdão pelo pecado, 
nem dar poder contra o pecado que havia sobre nós e havia nos 
dominado. Jesus Cristo, por meio de um sacrifício, destruiu as obras do 
Diabo para que nós, os crentes, fôssemos feitos justos, santos e felizes. 
Como nenhuma sabedoria, conhecimento, virtude, riqueza ou poder pode 
impedir que algum homem morra, assim nada pode livrar um pecador de 
ser condenado no dia do juízo, salvo o sacrifício expiatório de Cristo; 
nem tampouco será salvo do castigo eterno aquele que desprezar ou 
rejeitar esta grande salvação. 
O crente sabe que seu Redentor vive e que o verá. Nisto consiste a 
fé e a paciência da Igreja, de todos os crentes sinceros. Daqui pois, a 
nossa oração continua como fruto e expressão de nossa fé. Amém, assim 
seja, vem Senhor Jesus. 
 
Hebreus 10 
Versículos 1-18: A insuficiência dos sacrifícios para tirar o pecado – 
A necessidade e o poder do sacrifício de Cristo para este propósito; 19-25: 
Um argumento a favor da santa ousadia do acesso do crente a Deus 
através de Jesus Cristo – A constância da fé, do amor e do dever mútuos; 
26- 31: O perigo da apostasia; 32-39: Os sofrimentos dos crentes e a 
exortação a manter sua santa profissão de fé. 
Vv. 1-10. Havendo mostrado que o tabernáculo e as ordenanças do 
pacto do Sinai eram somente emblemas e tipificações do Evangelho, o 
apóstolo conclui que os sacrifícios que os sumos sacerdotes ofereciam 
continuamente não podiam aperfeiçoar os adoradores quanto ao perdão e 
a purificação de suas consciências. Porém, quando "Deus manifestado 
em carne" se ofereceu como sacrifício, e o resgate foi sua morte no 
madeiro maldito, então, por ser de infinito valor o que sofreu, seus 
sofrimentos voluntários foram de infinito valor. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 
O sacrifício expiatório deve ser digno de aceitação e deve dar-se 
por vontade própria no lugar do pecador: Cristo fez assim. A fonte de 
tudo isso que Cristo fez por seu povo é a soberana vontade e graça de 
Deus. A justiça introduzida e o sacrifício oferecido uma só vez por 
Cristo, são de poder eterno, e sua salvação nunca será tirada. São de 
poder para tornar todos os que vão a Ele, perfeitos; estes tiram do sangue 
expiatório a força e os motivos para obedecer e para consolo interior. 
Vv. 11-18. Sob o novo pacto ou sob a dispensação do Evangelho, 
têm-se o perdão pleno e definitivo. Isto significa uma enorme diferença 
do novo pacto em relação ao antigo. No antigo, os sacrifícios deviam ser 
repetidos muitas vezes e, depois de tudo, obtinha-se por eles o perdão 
que era válido somente neste mundo. Sob a dispensação do novo pacto, 
bastou um só sacrifício para adquirir o perdão espiritual de todas as 
nações e em todas as épocas, ou para ser livre do castigo no mundo 
vindouro. Este pacto é apropriadamente chamado de novo pacto. 
Que ninguém suponha que as invenções humanas têm algum valor 
para aqueles que as colocam em lugar do sacrifício do Filho de Deus. O 
que nos resta então, senão que busquemos os benefícios por fé neste 
sacrifício; e o selo dele em nossas almas pela santificação do Espírito 
para obediência? Deste modo, uma vez que a lei está escrita em nossos 
corações, podemos saber que somos justificados e que Deus não se 
lembrará mais dos nossos pecados. 
Vv. 19-25. Após haver concluído a primeira parte da epístola, o 
apóstolo aplica a doutrina a propósitos práticos. Como os crentes tinham 
caminho aberto à presença de Deus, então convinha-lhes usar este 
privilégio. O caminho e os meios pelos quais os cristãos desfrutam 
destes privilégios passa pelo sangue de Jesus, pelo mérito desse sangue 
que Ele ofereceu como sacrifício expiatório. A conciliação da santidade 
infinita com a misericórdia que perdoa não foi claramente estendida até 
que a natureza humana de Cristo, o Filho de Deus, foi ferida e moída por 
nossos pecados. Nosso caminho ao céu passa pelo Salvador crucificado; 
sua morte é para nós o caminho de vida, e para os que crêem nisto, Ele é 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 
precioso. Deveriam se aproximar de Deus, seguí-lo de longe seria 
desprezá-lo. 
Seus corpos tinham de ser lavados com água pura, aludindo às 
lavagens ordenadas pela lei: desta maneira, o uso da água no batismo 
servia para lembrar aos cristãos que a sua conduta deveria ser pura e 
santa. Como estes derivam consolo e graça de seu Pai reconciliado às 
suas próprias almas, adornam a doutrina de Deus seu Salvador em todas 
as coisas. 
Os crentes devem procurar saber como podem servir uns aos outros, 
especialmente estimulando-se ao exercício mais vigoroso e abundante do 
amor e da prática das boas obras. A comunhão dos santos é uma grande 
ajuda e privilégio, e um meio de constância e perseverança. Devemos 
observar a chegada de tempos de prova, e por estes ser despertados a 
uma diligência maior. Há um dia de prova que vem para todos os 
homens: o dia de nossa morte. 
Vv. 26-31. As exortações contra a apostasia e a favor da 
perseverança são enfatizadas por muitas razões de peso. O pecado aqui 
mencionado é a falha total e definitiva em que os homens desprezam e 
rejeitam a Cristo, o único Salvador, com vontade e resolução total e 
firme; desprezam e resistem ao Espírito Santo, o único Santificador; e 
desprezam e renunciam o Evangelho, o único caminho à salvação, e as 
palavras de vida eterna. Todavia, desta destruição Deus dá na terra, um 
aviso prévio temível às consciências de alguns pecadores, que perdem a 
esperança de ser capazes de suportá-la ou de escapar dela. Que castigo 
pode ser mais doloroso do que morrer sem misericórdia? Respondemos: 
morrer por misericórdia, pela misericórdia e pela graça que eles 
desprezaram. 
Quão temível é o caso quando não só a justiça de Deus, mas sua 
graça e misericórdia, que sofreram abusos, clamam por vingança! Tudo 
isto não significa, sequer de forma mínima, que as almas que se 
lamentam pelo pecado fiquem excluídas da misericórdia, ou que se 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 24 
negue o benefício do sacrifício de Cristo a alguém disposto a aceitar 
estas bênçãos. Cristo não lançará fora aqueles que recorrerem a Ele. 
Vv. 32-39. Muitas e variadas aflições uniram-se contra os primeiros 
cristãos, e estes passaram por grandes conflitos. O espírito cristão não é 
um espírito egoísta; leva-nos a compadecermo-nos do próximo, visitá-lo, 
ajudá-lo e rogar por ele. 
Aqui todas as coisas são somente sombras. A felicidade dos santos 
durará para sempre no céu; os inimigos nunca poderão roubá-la, como 
acontece com os bens terrenos. Istofará uma rica restauração de tudo o 
que perdermos e sofrermos aqui. Todavia, a maior parte da felicidade 
dos santos está na promessa. É uma prova da paciência dos cristãos, o 
fato de contentarem-se em viver depois que a sua obra já estiver feita, e 
seguir após sua recompensa até que chegue o tempo de Deus concedê-la. 
Logo Ele virá a eles, na morte, para acabar com todos os seus 
sofrimentos e dar-lhes a coroa da vida. O atual conflito do cristão pode 
ser agudo, mas logo terminará. Deus nunca se agrada da profissão formal 
de fé e dos deveres e serviços exteriores dos que não perseveram, e os 
contempla com muito desagrado. Os que se mantiveram fiéis nas grandes 
provas de épocas passadas, têm razões para esperar que a mesma graça 
ainda os ajude a viver por fé, até que recebam o objetivo de sua fé e 
paciência, que é a salvação de suas próprias almas. vivendo por fé, e 
morrendo por fé, nossas almas estarão a salvo para sempre. 
 
Hebreus 11 
Versículos 1-3: Se descreve a natureza e o poder da fé; 4-7: Ela é 
estabelecida pelos casos desde Abel até Noé; 8-19: Por Abraão e seus 
descendentes; 20-31: Por Jacó, José, Moisés, os Israelitas e Raabe; 32- 
38: Por outros crentes do Antigo Testamento; 39, 40: A melhor situação 
dos crentes do Evangelho. 
Vv. 1-3. A fé tem sido sempre a marca dos servos de Deus, desde o 
princípio do mundo. Onde o Espírito regenerador de Deus implanta o 
princípio, fará que se receba a verdade acerca da justificação por meio 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 25 
dos sofrimentos e dos méritos de Cristo. As mesmas coisas que são o 
objeto de nossa esperança são o objeto de nossa fé. É uma firme 
persuasão e expectativa a de que Deus cumprirá tudo o que tem nos 
prometido em Cristo. Este convencimento dá à alma o gozo destas coisas 
agora; lhe dá uma subsistência ou realidade na alma pelas primícias e 
antecipação delas. A fé demonstra à mente a realidade das coisas que não 
se podem ver com os olhos do corpo. É a plena demonstração de tudo o 
que foi revelado por Deus como santo, justo e bom. Este enfoque da fé é 
explicado mediante o exemplo de muitas pessoas que viveram nos 
tempos passados, e que obtiveram um bom testemunho ou um caráter 
digno de honra na Palavra de Deus. A fé foi o princípio de sua santa 
obediência, de seus notáveis serviços e pacientes sofrimentos. 
A Bíblia dá o melhor e exato relatório sobre todas as coisas, e 
devemos crer neles sem discutir o relato da criação que ela nos dá, 
mesmo que este não corresponda às divergentes fantasias dos homens. 
Tudo o que vemos das obras da criação foi levado a cabo por ordem de 
Deus. 
Vv. 4-7. Aqui seguem alguns exemplos ilustres da fé de algumas 
pessoas do Antigo Testamento. Abel trouxe um sacrifício expiatório das 
primícias do rebanho, reconhecendo-se como pecador que merecia 
morrer, e esperando misericórdia somente por meio do grande sacrifício. 
A ira e a inimizade orgulhosa de Caim contra Abel, o adorador que Deus 
aceitou, conduziram à espantosa conseqüência que os mesmos princípios 
produzem em todas as épocas: a perseguição cruel e até o assassinato dos 
crentes. No entanto, por fé, Abel, mesmo morto ainda fala; deixou um 
exemplo instrutivo e eloqüente. 
Enoque foi transladado ou transportado porque não viu a morte; 
Deus o levou para o céu, como Cristo fará com os santos que estiverem 
vivos em sua Segunda Vinda. Não podemos ir a Deus, a menos que 
creiamos que Ele é o que Ele mesmo tem revelado ser nas Escrituras. 
Aqueles que desejam encontrar a Deus, devem buscá-lo com todo o seu 
coração. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 26 
A fé de Noé influiu em sua conduta: levou-o a preparar a arca. Sua 
fé condenou a incredulidade dos demais, e sua obediência condenou o 
desprezo e a rebelião deles. Os bons exemplos convertem ou condenam 
os pecadores. Isto mostra como os crentes, estando advertidos por Deus, 
fogem da ira vindoura movidos pelo temor a refugiar-se em Cristo, e 
passam a ser herdeiros da justiça da fé. 
Vv. 8-19. Muitas vezes somos chamados a deixar as ligações, os 
interesses e o conforto do mundo. Se somos herdeiros da fé de Abraão 
devemos obedecer e seguir adiante, ainda que não saibamos o que nos 
sucederá; e assim seremos achados no caminho do dever, buscando o 
cumprimento das promessas de Deus. A prova da fé de Abraão foi que 
ele simplesmente obedeceu o chamado de Deus de modo completo. Sara 
recebeu a promessa como promessa de Deus; estando convencida 
daquilo, ela julgava verdadeiramente que Ele poderia e queria cumprir. 
Muitos que têm parte nas promessas não recebem rapidamente 
aquilo que lhes está prometido. A fé pode firmar-se às bênçãos, mesmo 
estando a uma grande distância; pode fazê-las presentes, amá-las e 
regozijar-se nelas, ainda que sejam estranhas; como santos cujo lugar é o 
céu, como peregrinos que viajam para seu lar. Pela fé eles venceram os 
terrores da morte e deram um jubiloso adeus a este mundo e a todos os 
seus benefícios e cruzes. Aqueles que uma vez foram chamados e 
retirados de seu estado pecaminoso, de forma verdadeira e com salvação, 
não se interessam por retornar. Todos os crentes verdadeiros desejam a 
herança celestial; e quanto mais forte for a fé, mais fervorosos serão seus 
desejos. Apesar da maldade de sua natureza, de sua -vileza pelo pecado e 
da pobreza da condição exterior do ser humano, Deus não se envergonha 
de ser chamado o Deus de todos os crentes verdadeiros; tal é sua 
misericórdia, tal é seu amor por eles. Que eles nunca se envergonhem de 
ser chamados seu povo, nem de nenhum daqueles que são 
verdadeiramente assim, por mais que sejam desprezados no mundo. 
Acima de tudo, que eles cuidem de não ser uma vergonha nem motivo de 
reprovação para seu Deus. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 27 
A prova e a ação mais grandiosa de fé que foi registrada, é Abraão 
que oferece a Isaque (Gn 22.2). Aqui toda palavra é uma prova. Nosso 
dever é eliminar as nossas dúvidas e temores, contemplando, como fez 
Abraão, o poder onipotente de Deus. A melhor forma de desfrutar de 
nossas bênçãos é atribuí-las a Deus; então Ele as devolverá da melhor 
forma para nós. 
Observemos até que ponto nossa fé tem causado uma obediência 
semelhante, quando somos chamados a realizar menores ações de 
abnegação ou a fazer sacrifícios menores em nosso dever. Temos 
entregado o que nos tem sido pedido, crendo plenamente que o Senhor 
recompensará todas as nossas perdas, e até mesmo nos abençoará em 
meio às dispensações mais aflitivas? 
Vv. 20-31. Isaque abençoou a Jacó e Esaú em relação às coisas 
futuras. As coisas presentes não são as melhores; ninguém conhece o 
amor e o ódio tendo-os ou querendo-os. Jacó viveu por fé e morreu por 
fé, e em fé. A graça da fé sempre nos beneficia durante toda a nossa 
vida, é especialmente assim quando chega a nossa hora de morrer. A fé 
tem uma grande obra a fazer no final para ajudar o crente a morrer no 
Senhor, dando-lhe honra com paciência, esperança e gozo. 
José foi provado pelas tentações de pecar, pela perseguição para 
manter sua integridade, e foi provado pelas honras e pelo poder na corte 
de Faraó; porém, sua fé superou tudo isto. 
É uma grande misericórdia estar livres das Íeis e dos maus editos; 
quando não o estivermos, deveremos recorrer á todos os meios legais 
para nossa segurança. Nesta fé dos pais de Moisés havia uma mistura de 
incredulidade, mas agradou a Deus ignorá-la. A fé dá aos homens forças 
contra o temor pecador; coloca Deus diante da alma e mostra a vaidade 
da criatura, e tudo isso deve dar lugar à vontade e ao poder de Deus. Os 
prazeres do pecado são e serão de curta duração; terminarão em rápido 
arrependimento ou em rápida ruína. Os prazeres deste mundo são em sua 
maioria deleites de pecado; sempre o são quando não podemos desfrutá-
los sem nos apartarmos de Deus e de seu povo. E melhor optar por 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 28 
sofrer, do que por pecar; há mais mal em um pequeno pecado, do que 
podehaver no maior sofrimento. 
O povo de Deus é e sempre tem sido um povo vituperado. O 
próprio Cristo se declara como vituperado em seus opróbrios, e deste 
modo os vitupérios chegam a ser riquezas maiores do que os tesouros do 
império mais rico do mundo. Moisés fez sua escolha quando estava 
maduro para juízo e deleite, capaz de saber o que fazia e porque o fazia. 
É necessário que as pessoas sejam seriamente religiosas, que desprezem 
o mundo quando estiverem mais capacitadas a deleitarem-se nele e 
desfrutá-lo. Os crentes podem e devem valorizar a recompensa do 
prêmio. 
Por fé podemos estar totalmente seguros da providência de Deus e 
de sua graciosa e poderosa presença conosco. Tal visão de Deus 
capacitará os crentes a suportar até o fim qualquer coisa que encontrem 
no caminho. O fato de sermos salvos da ira de Deus não se deve à nossa 
própria justiça nem a nossos melhores logros, mas ao sangue de Cristo e 
à sua justiça imputada. A verdadeira fé faz com que o pecado seja 
amargo para a alma, ainda que receba o perdão e a expiação. Todos os 
nossos privilégios espirituais na terra deveriam nos estimular em nosso 
caminho ao céu. O Senhor fará cair até a Babilônia ante a fé de seu povo, 
e quando tem algo grande a fazer por eles, suscita-lhes uma grande e 
forte fé. 
O crente verdadeiro deseja não só estar em pacto com Deus, mas 
também em comunhão com o povo de Deus, e está disposto a lançar com 
eles a sua sorte. Raabe declarou-se justa por suas obras. Manifesta-se 
claramente que ela não foi justificada por suas obras, porque a obra que 
ela fez era defeituosa em sua maneira, e não era perfeitamente boa; 
portanto não correspondia à perfeita justiça ou retidão de Deus. 
Vv. 32-38. Depois de todo nosso esquadrinhamento das Escrituras, 
ainda haverá mais a aprender delas. Deveria nos comprazer pensar quão 
grande foi o número dos crentes do Antigo Testamento, e quão firme era 
a fé deles, ainda que o objeto destes não estava, então, tão claramente 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 29 
dado a conhecer como agora. Devemos lamentar que agora, nos tempos 
do Evangelho, quando a regra de fé é tão clara e perfeita, seja tão 
pequeno o número dos crentes e tão frágil a sua fé. É a excelência da 
graça da fé que, enquanto ajuda os homens a fazer grandes coisas como 
Gideão, os impede de pensar em coisas grandes e elevadas acerca de si 
mesmos. A fé, como a de Baraque, recorre a Deus em todos os perigos e 
dificuldades, e então responde agradecida a Deus por todas as suas 
misericórdias e libertações. 
Por fé, os servos de Deus vencerão até àquele que ruge como leão, 
que anda a procura de quem devorar. A fé do crente dura até o fim, e ao 
morrer, dá a ele vitória sobre a morte e sobre todos os seus inimigos 
mortais, como a Sansão. A graça de Deus costuma firmar-se sobre 
pessoas totalmente indignas e pouco merecedoras para fazer grandes 
coisas por eles e para eles. Porém, a graça da fé, onde quer que esteja, 
fará os homens reconhecerem a Deus em todos os seus caminhos, como 
aconteceu com Jefté. Tornará os homens ousados e valentes para uma 
boa causa. Poucos encontraram-se com provas maiores do que Davi, e 
poucos mostraram uma fé mais viva do que a dele, e ele deixou um 
testemunho quanto às suas provas e os seus atos de fé nos Salmos, que 
têm sido e sempre serão de grande valor para o povo de Deus. 
Provavelmente os que crescem e se distinguem por sua fé começaram a 
exercê-la como Samuel. A fé capacitará o homem para servir a Deus e à 
sua geração de todas as formas em que esta puder ser empregada. 
Os interesses e os poderes dos reis e dos reinos costumam opor-se a 
Deus e ao seu povo; porém, Deus pode submeter facilmente a todos os 
que se posicionem contra Ele e contra os seus. Fazer justiça é uma honra 
e uma alegria maior do que fazer milagres. Por fé temos o consolo das 
promessas, e por fé somos preparados para esperá-las e recebê-las a seu 
devido tempo. Mesmo que não esperemos ver nossos parentes ou amigos 
mortos serem restaurados à vida neste mundo, de qualquer modo, a fé 
nos susterá ao perdê-los e nos dirigirá à esperança de uma ressurreição 
melhor. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 30 
Nos surpreenderemos mais pela maldade da natureza humana, 
capaz de crueldades tão espantosas com seus semelhantes, ou com a 
excelência da graça divina, capaz de sustentar o fiel submetido à estas 
crueldades e fazê-lo passar a salvo por todas elas? Que grande diferença 
há entre o juízo de Deus a um de seus santos, e o do homem! O mundo 
não é digno dos santos perseguidos e injuriados, a quem seus 
perseguidores reconheceram como indignos de viver. Não são dignos de 
sua companhia, exemplo, conselho e outros benefícios. Eles não sabem o 
que é um santo, não conhecem o seu valor nem sabem como utilizá-lo; 
eles odeiam e lançam longe aos tais, como fazem com a oferta de Cristo 
e com a sua graça. 
Vv. 39,40. O mundo considera que os justos não são dignos de 
viver no mundo, e Deus declara que o mundo não é digno deles. Ainda 
que o justo e o mundo difiram amplamente no juízo que fazem, 
concordam nisto: que não é apropriado que os homens bons tenham 
repouso neste mundo. Portanto, Deus os recebe fora deste. 
O apóstolo disse aos hebreus que Deus providenciou coisas 
melhores para eles; portanto, devem estar seguros que ele esperava 
coisas boas deles. Como nossas vantagens, com as coisas melhores que 
Deus tem providenciado para nós, estão muito além das deles, por fé, a 
nossa obediência deve ser maior, nossa paciência deve ser repleta de 
esperança e nosso trabalho deve ser feito com amor. 
A menos que tenhamos uma fé verdadeira, como tinham estes 
crentes, eles se levantarão para nos condenar no último dia. Então, 
oremos continuamente pelo aumento de nossa fé, para que possamos 
seguir estes exemplos brilhantes, e com eles ser progressivamente 
aperfeiçoados em santidade e felicidade, e brilhar como o sol no reino de 
nosso Pai para todo sempre. 
 
Hebreus 12 
Versículos 1-11: Exortação a ser constante e perseverante. 
Apresenta-se o exemplo de Cristo e o desígnio da graça de Deus em 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 31 
todos os sofrimentos que os crentes suportam; 12-17: Se recomendam a 
paz e a santidade com advertência contra o desprezo em relação às 
bênçãos espirituais; 18-29: A dispensação do Novo Testamento é 
demonstrada como mais excelente que a do Antigo Testamento. 
Vv. 1-11. A obediência perseverante por fé em Cristo era a carreira 
colocada diante dos hebreus, na qual ganhariam a coroa de glória ou 
teriam a miséria eterna como sua porção, e isto nos é exposto. Pelo 
"pecado que tão de perto nos rodeia", entendamos que é ao que mais nos 
inclinamos, ao qual estamos mais expostos, por costume, idade ou 
circunstâncias. Esta é uma exortação de suma importância, porque 
enquanto o pecado favorito de um homem não for subjugado, seja qual 
for, o impedirá de correr a carreira cristã, porque tira-lhe a motivação 
para correr e o faz entrar no mais completo desalento. 
Quando estiverem esgotados e enfraquecidos em suas mentes, 
devem se lembrar de que o santo Jesus sofreu para salvá-los da desgraça 
eterna. Olhando firmemente para Jesus, seus pensamentos fortalecerão 
santos afetos e subjugarão os desejos carnais; então, pensemos 
freqüentemente nEle. O que são nossas pequenas provas ou nossas 
desolações, comparadas com suas agonias? O que são em comparação 
com os sofrimentos de tantos outros? Nos crentes há uma inclinação a 
esgotar-se e enfraquecer-se quando são submetidos a provas e aflições; 
isto acontece por causa da imperfeição de suas virtudes e dos vestígios 
da corrupção. 
Os cristãos não devem desmaiar sob as suas provas. Ainda que os 
seus inimigos e perseguidores sejam instrumentos para infligir 
sofrimentos, de qualquer modo são uma disciplina divina; nosso Pai 
celestial tem sua mão em tudo, e seu sábio objetivo é responder por tudo. 
Não devem tomar as suas aflições com leviandade, nem entristecer-sesob elas, porque são a mão e a vara de Deus, sua repreensão pelo pecado. 
Não devem se deprimir nem submergirem sob as provas, cansarem-se 
nem se irritarem, mas devem suportar com fé e paciência. Deus pode 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 32 
deixar os demais homens a sós em seus pecados, mas corrigirá o pecado 
em seus próprios filhos. Ele trabalha nisto como convém a um Pai. 
Nossos pais terrenos às vezes nos castigam para satisfazer as suas 
próprias paixões, mais do que para corrigir os nossos modos. Porém, o 
Pai de nossas almas nunca quer afligir nem castigar aos seus filhos. 
Sempre nos corrige para nosso proveito. Toda nossa vida aqui é um 
estado infantil e imperfeito quanto às coisas espirituais; portanto, 
devemos nos submeter à disciplina de tal condição. Quando chegarmos 
ao estado perfeito, estaremos plenamente reconciliados com todas as 
disciplinas presentes de Deus para conosco. A correção de Deus não é 
condenação; o castigo pode ser suportado com paciência e contribui 
grandemente para a nossa santificação. Então, aprendamos a considerar 
as aflições que a maldade dos homens nos acarreta, como correções 
enviadas por nosso bondoso e santo Pai, para nosso benefício espiritual. 
Vv. 12-17. Uma carga aflitiva pode fazer com que as mãos dos 
cristãos desfaleçam e que os seus joelhos se enfraqueçam em desespero e 
desalento; porém devem lutar contra isto para poderem correr melhor sua 
carreira. A fé e a paciência capacitam os crentes a seguir a paz e a 
santificação, como um homem que segue a sua vocação constante, 
diligentemente e com prazer. A paz com os homens de todas as seitas e 
partidos será favorável para a busca da nossa santificação. Porém, a paz 
e a santidade andam juntas; não pode haver paz justa sem santidade. 
Onde as pessoas não conseguem ter a verdadeira graça de Deus, a 
corrupção irromperá e prevalecerá; tome cuidado, e não permita que 
alguma concupiscência do coração, que pareça morta, brote para 
perturbar e transtornar todo o corpo. 
Desviar-se de Cristo é a conseqüência de se preferir os prazeres da 
carne à bênção de Deus e à herança celestial, como fez Esaú. Porém, os 
pecadores nem sempre terão pensamentos tão vis em relação à bênção e 
à herança divina, como os têm agora. Existe uma disposição profana de o 
homem desejar a bênção e desprezar os meios pelos quais a bênção deve 
ser obtida, porque Deus nunca separa a bênção do meio, nem une a 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 33 
bênção à satisfação da luxúria do homem. A misericórdia de Deus e sua 
bênção nunca são buscadas com cuidado sem que sejam obtidas. 
Vv. 18-29. O monte Sinai, onde a Igreja do estado judeu foi 
formada, era um monte que podia ser tocado ainda que estivesse 
proibido fazê-lo, um lugar que podia ser sentido; assim, a dispensação 
mosaica foi em grande parte formada de coisas externas e terrenas. O 
estado do Evangelho é amável e condescendente, adequado para nossa 
frágil constituição. Todos podemos ir com franqueza à presença de Deus 
se estivermos sob o Evangelho. Porém, o mais santo deve se desesperar 
se for julgado pela santa lei dada no Sinai sem ter o Salvador. A Igreja 
do Evangelho é chamada Monte Sião, porque ali os crentes têm uma 
visão mais clara do céu e um temperamento mais celestial da alma. 
Todos os filhos de Deus são herdeiros, e cada um tem os privilégios do 
primogênito. A alma que supõe unir-se no alto a essa gloriosa assembléia 
e Igreja, sem estar ainda familiarizada com Deus e continuando orientada 
carnalmente, amando o presente estado das coisas e olhando para trás 
com olhar anelante, parece ter se equivocado em relação ao caminho, 
lugar, situação e companhia. Isto seria incômodo para ela e para os que a 
rodeiam. 
Cristo é o Mediador do novo pacto entre Deus e o homem, para 
reuni-los neste pacto; para mantê-los juntos; para interceder por nós 
diante de Deus e por Deus diante de nós; para finalmente reunir a Deus e 
a seu povo no céu. Este pacto está firmado pelo sangue de Cristo, 
espargido sobre nossas consciências como o sangue do sacrifício era 
espargido sobre o altar e sobre a vítima. Este sangue de Cristo fala a 
favor dos pecadores; roga não por vingança, mas por misericórdia. 
Então, procurem não rejeitar o seu bondoso chamado e a sua oferta 
de salvação, àquEle que fala desde o céu com infinita ternura e amor; 
como poderiam escapar os que rejeitam a Deus com incredulidade e 
apostasia, enquanto Ele com tanta bondade roga-lhes que se reconciliem 
e recebam seu favor eterno? O trato de Deus com os homens, sob o 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 34 
Evangelho e em um caminho de graça, nos assegura que tratará com os 
que desprezam o Evangelho em um caminho de juízo. 
Não podemos adorar a Deus de forma aceitável a menos que o 
adoremos com reverência e santo temor. Só a graça de Deus nos capacita 
para adorar retamente a Deus. 
Ele é o mesmo Deus justo e reto no Evangelho que era na lei. A 
herança dos crentes lhes está assegurada; e todas as coisas 
correspondentes à salvação nos são dadas gratuitamente como resposta à 
oração. Busquemos a graça para que possamos servir a Deus com 
reverência e santo temor. 
 
Hebreus 13 
Versículos 1-6. Exortações a diversos deveres e a estar contentes 
com o que a providência determina; 7-15: A respeitar as instruções dos 
pastores fiéis, com advertência contra ser desviados por doutrinas 
estranhas; 16-21: Mais exortações aos deveres que se relacionam a 
Deus, ao nosso próximo e aos que estão em autoridade sobre nós no 
Senhor; 22-25: Esta epístola deve ser considerada com toda seriedade. 
Vv. 1-6. O desígnio de Cristo ao dar-se por nós é adquirir um povo 
peculiar, zeloso de boas obras; a religião verdadeira é o mais firme laço 
de amizade. Estas são algumas sérias exortações a diversos deveres 
cristãos, especialmente o contentamento. O pecado oposto a esta graça e 
dever é a cobiça, um desejo excessivamente apaixonado pela riqueza 
deste mundo, unido à inveja para com os que têm mais do que nós. 
Tendo tesouros no céu podemos estar contentes com as poucas coisas 
que temos aqui. Os que não podem se sentir assim não ficarão contentes 
ainda que Deus melhore sua situação. 
Adão estava no paraíso, mas não estava contente; alguns anjos não 
estavam contentes no céu; porém, o apóstolo Paulo, ainda que humilhado 
e desprovido, havia aprendido a estar contente em toda e qualquer 
situação. Os cristãos têm motivos de sobra para estarem contentes com a 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 35 
sua condição atual. Esta promessa contém a suma e a essência de todas 
as promessas: "Não te desampararei, nem te deixarei". 
Na língua original há cinco negativas juntas para confirmar a 
promessa: o crente verdadeiro terá a bondosa presença de Deus consigo 
na vida, na morte e para sempre. Os homens não podem fazer nada 
contra Deus, e Deus pode fazer com que tudo o que os homens façam 
contra o seu povo seja para o bem. 
Vv. 7-15. As instruções e o exemplo dos ministros que terminaram 
seus testemunhos de forma honrosa e consoladora devem ser 
particularmente lembrados pelos que sobrevivem a eles. Ainda que 
alguns de seus ministros estivessem mortos e outros moribundos, Cristo 
é a Cabeça e Sumo Sacerdote da Igreja, o Bispo de suas almas, que vive 
sempre, e sempre será o mesmo. Cristo é o mesmo da época do Antigo 
Testamento e do Evangelho, e sempre o será para o seu povo: igualmente 
misericordioso, poderoso e absolutamente suficiente. Ele ainda alimenta 
o faminto, alenta o temeroso e dá boas vindas aos pecadores 
arrependidos; ainda rejeita o soberbo e ao de justiça própria, aborrece a 
falsa confissão e ensina a todos os que salva a amarem a justiça e 
odiarem a iniqüidade. 
Os crentes devem procurar fazer com que seus corações estejam 
estabelecidos pelo Espírito Santo em uma dependência simples da livre 
graça, que consolará seus corações e os tornará resistentes aos enganos. 
Cristo é o nosso Altar e o nosso Sacrifício; Ele santificao homem. 
A ceia do Senhor é a festa de páscoa do Evangelho. 
Havendo mostrado que manter a lei levítica conforme as suas 
próprias regras impediria que os homens fossem ao altar de Cristo, o 
apóstolo acrescenta: saiamos pois a Ele fora do arraial, fora da lei 
cerimonial, do pecado, do mundo e de nós mesmos. vivendo por fé em 
Cristo, apartados para Deus por meio de seu sangue, separemo-nos 
voluntariamente deste mundo mau. 
O pecado, os pecadores e a morte não deixarão que continuemos 
aqui por muito mais tempo; portanto, saiamos agora por fé e busquemos 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 36 
em Cristo o repouso e a paz que este mundo não nos pode proporcionar. 
Levemos os nossos sacrifícios a este altar e a este nosso Sumo Sacerdote, 
e ofereçamo-los por seu intermédio. Devemos sempre oferecer 
sacrifícios de louvor a Deus. Nestes se incluem o louvor, a oração e a 
ação de graças. 
Vv. 16-21. De acordo com as nossas possibilidades, devemos 
prover para as necessidades das almas e dos corpos dos homens; Deus 
aceitará estas ofertas e as abençoará com agrado, e aceitará e abençoará 
os que as oferecem por meio de Cristo. 
Em seguida o apóstolo expressa qual é o dever deles para com os 
ministros vivos: obedecê-los e submeterem-se a eles de uma maneira que 
esteja de conformidade com o pensamento e a vontade de Deus, 
mostrados em sua Palavra. Os cristãos não devem pensar que sabem 
muito, que são muito bons ou muito grandes para aprender. O povo deve 
esquadrinhar as Escrituras, e à medida que os ministros ensinarem 
conforme essa regra, devem receber suas instruções como a Palavra de 
Deus que opera naqueles que crêem. Interessa aos ouvintes que a conta 
que seus ministros dêem de si mesmos seja com gozo, não com tristeza. 
Os ministros fiéis entregarão suas próprias almas porque a ruína de um 
povo infiel e estéril recairá sobre as suas próprias cabeças. 
Enquanto o povo orar com mais fervor por seus ministros, mais 
benefícios podem esperar do ministério deles. A boa consciência respeita 
todos os mandamentos de Deus e todo o nosso dever. Os que possuem 
esta boa consciência necessitam, contudo, das orações dos demais. 
Quando os ministros vão a um povo que ora por eles, vão com maior 
satisfação para si e êxito para o povo. Devemos procurar todas as 
misericórdias com oração. 
Deus é o Deus de paz, completamente reconciliado com os crentes; 
Ele tem aberto caminho para a paz e para a reconciliação de si mesmo 
com os pecadores, e ama a paz na terra, especialmente em suas igrejas. 
Ele é o Autor da paz espiritual no coração e na consciência de seu povo. 
Hebreus (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 37 
Que firme pacto é aquele que tem seu fundamento no sangue do 
Filho de Deus! O aperfeiçoamento dos santos em toda a boa obra é a 
maior bênção desejada por eles e para eles; e que eles possam ser, a 
longo prazo, equipados para o emprego e para a felicidade do céu. 
Não há coisa boa realizada em nós que não seja a obra de Deus. 
Deus não realiza nada bom em nós que não seja por meio de Cristo, por 
amor a Ele e a seu Espírito. 
Vv. 22-25. Os homens são tão maus que até mesmo os crentes, por 
causa dos restos de sua corrupção, necessitam ser estimulados e 
exortados a ouvir quando se lhes entrega a doutrina mais importante e 
consoladora, para seu próprio bem e com as provas mais convincentes 
para que as recebam e não se desencaminhem com elas, não descuidem-
se delas ou as rejeitem. 
Bom é que a lei do santo amor e da bondade seja escrita nos 
corações de todos os cristãos. A religião ensina aos homens o verdadeiro 
civismo e a boa educação. Não é de temperamento mau nem descortês. 
Que o favor de Deus esteja convosco, e que a sua graça opere 
continuamente em vós e convosco, produzindo os frutos da santidade 
como as primícias da glória. 
 
 
 
	HEBREUS 
	Introdução 
	Hebreus 1 
	Hebreus 2 
	Hebreus 3 
	Hebreus 4 
	Hebreus 5 
	Hebreus 6 
	Hebreus 7 
	Hebreus 8 
	Hebreus 9 
	Hebreus 10 
	Hebreus 11 
	Hebreus 12 
	Hebreus 13

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