Buscar

MODULO 02

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ana Lygia Cunha
Maria Cristina Lobato
PORTUGUÊS
A Língua Padrão
1ª Edição
2019
Belém - Pará
Todo conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença
Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Copyright © 2018 Editora EditAedi Todos os direitos reservados.
REITOR
Dr. Emmanuel Zagury Tourinho
VICE-REITOR
Dr. Gilmar Pereira da Silva
COMITÊ EDITORIAL
Presidente:
Dr. José Miguel Martins Veloso
Diretora:
Dra. Cristina Lúcia Dias Vaz
Membros do Conselho:
Dr. Aldrin Moura de Figueiredo
Dr. Iran Abreu Mendes
Dra. Maria Ataide Malcher
AUTORAS
Ana Lygia Cunha
Maria Cristina Lobato
CAPA
Andreza Jackson de Vasconcelos
DIAGRAMAÇÃO
Andreza Jackson de Vasconcelos
Nayara Amaral Araújo
EDITORA
EditAedi
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Cunha, Ana Lygia; Lobato, Maria Cristina
Português: A língua padrão
Módulo Português - Vol. II/ Ana Lygia Cunha, Maria Cristina Lobato. Belém: EDITAEDI/
UFPA, 2018
ISBN:
1. Português
2. Linguagem
MÓDULO II
PORTUGUÊS
A Língua Padrão
Atividade 6 
Objetivos
 Discutir a noção de língua padrão como uma forma linguística 
reveladora de poder político, econômico e social;
 Refletir sobre as características de um bom texto como unidade de 
comunicação escrita.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
5
 Até aqui já tivemos oportunidade de refletir sobre alguns aspectos do uso 
da língua, mas ainda não nos aprofundamos na questão de uma dessas formas 
linguísticas, que é a língua padrão. Mas, afinal, o que é língua padrão?
 As línguas apresentam um conjunto variado de formas linguísticas, cada 
uma delas com a sua gramática, a sua organização estrutural, sem que se possa 
dizer que uma forma linguística é melhor que a outra.
 Porém, é fato que há uma diferenciação valorativa, que nasce não da 
diferença desta ou daquela forma em si, mas do significado social que certas 
formas linguísticas adquirem nas sociedades. É pela linguagem que revelamos 
nossa classe social, a região de onde viemos, o nosso ponto de vista, a nossa 
escolaridade, a nossa intenção... Nesse sentido, a linguagem também é um índice 
de poder.
 Assim, na rede das linguagens de uma dada sociedade, a língua padrão 
ocupa um espaço privilegiado; ela é o conjunto de formas consideradas como o 
modo correto, socialmente aceitável, de falar ou escrever.
 A norma combina elementos reais – é uma variante que se alçou à 
condição de padrão por fatores culturais e políticos – a elementos ideais – 
é a variante que corporifica o que uma comunidade considera perfeito em 
matéria de linguagem.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
6
Como surgiu o padrão?
 A língua padrão se estabeleceu na sociedade como resultado de um processo 
histórico seletivo sempre ligado aos grupos sociais hegemônicos, isto é, a língua 
padrão, na sua origem, é a língua do poder político, econômico e social.
 É essa força coercitiva a usada pela escola, que tenta transmitir e conservar 
apenas uma modalidade de língua - a língua “certa” – que, assim, se identifica 
fortemente com a língua escrita.
 Os próprios usuários da língua lutam por identificar-se com as formas 
linguísticas consideradas “boas”, porque sabem que não usá-las em certos 
contextos implica censura, discriminação e mesmo bloqueio à ascensão social.
 Já discutimos aqui a necessidade de sermos claros e de escrevermos com 
correção. Para isso é preciso saber usar palavras e sintaxes mais ou menos formais, 
dependendo do nível de formalidade da situação em que estamos inseridos, ou 
seja, devemos ser mais formais em situações formais e mais informais em situações 
informais. Podemos dizer a mesma coisa (com o mesmo conteúdo informacional) 
de maneiras diferentes, dependendo das situações.
 Por exemplo:
 Ao acordar, logo cedo, para ir trabalhar, Roberto sentiu-se 
indisposto. Tinha dores de cabeça e de garganta e estava bastante 
desanimado. Resolveu, então, ligar para seu chefe:
 — Bom dia, Dr. Arnaldo. Aqui fala o Roberto. Desculpe-me por 
incomodá-lo, mas acordei com uma forte indisposição e acho que devo ir 
ao médico. Queria que me dispensasse do trabalho pelo menos durante 
a manhã. Seria possível?
Já para seu melhor amigo ele disse:
 — Cara, estou malzaço. Acho que é gripe. Vou ficar de molho hoje. 
 
 Você percebeu a diferença entre as duas formas usadas pelo mesmo falante? 
Com o chefe ele usou uma sintaxe mais complexa e palavras mais formais, enquanto 
Módulo II
Português: A Língua Padrão
7
com o amigo ele formou frases bem mais curtas e simples, e um vocabulário 
mais informal (inclusive usando gíria).
 Ao produzir textos, devemos atentar para essa questão da adequação 
da sintaxe e do vocabulário ao nível de linguagem que a situação pede, não 
sendo formais demais em uma situação corriqueira e nem muito informais em 
situações que exigem elementos mais eruditos, digamos assim. E para sermos 
capazes de fazer essa adequação não é necessário um conhecimento teórico 
do assunto. Basta bom senso, pois essa capacidade está dentro de todos nós, 
falantes de nossa língua materna. 
 Vamos, então, por em prática tudo isso. Desenvolva os exercícios abaixo.
Questões - bloco 1
 Todas as frases que seguem aludem, literalmente ou por metáfora, à parte 
superior de nosso corpo, a cabeça. 
 Separe essas frases em dois conjuntos, conforme o nível de formalidade 
dos discursos em que seriam encontradas (termos mais formais e termos mais 
informais):
Ele foi uma das melhores cabeças que já passaram 
por nossa firma.
Joãozinho não tinha nada na cachola.
Aí, deu na telha dele de fazer essa viagem.
Não esquenta a moringa com dívidas.
Os cabelos tinham caído, e no lugar tinha ficado uma calva luzidia.
Eu faço exatamente o que me dá na bola.
Faz interlace pra esconder a careca.
Se ele não fosse tão cabeça-oca, não teria largado o emprego.
 1
Módulo II
Português: A Língua Padrão
8
 As expressões que se referem à morte são numerosas em português. Entre 
essas expressões há algumas que tratam do tema com respeito, outras com 
irreverência e mesmo desprezo. Na lista de expressões que segue, aponte aquelas 
que você não usaria para falar seriamente da morte de um ente querido.
alimentar tapuru
abotoar o paletó
bater (com) as botas
bater a canastra
bater com o rabo na cerca
entregar a alma a Deus
esticar a canela
falecer
finar-se
ir comer capim pela raiz
ir para a cidade dos pés juntos
ir para a cucuia
ir para o beleléu
ir para o vinagre
morrer
passar desta para melhor
vestir o pijama de madeira
 Você já deve ter percebido que, ao utilizarmos a linguagem, temos ao 
nosso dispor um considerável número de recursos linguísticos responsáveis pela 
construção dos sentidos pretendidos.
 Quando usamos a língua no dia a dia não nos damos conta do enorme 
repertório de conhecimentos e da variedade dos processos que mobilizamos; são 
operações que realizamos o tempo todo. Vamos, então, “descobrir” alguns aspectos 
da linguagem que, além de descreverem as realidades de que se fala, criam uma 
 2
Módulo II
Português: A Língua Padrão
9
representação do falante, do ouvinte e da interação verbal que pode ser mais ou 
menos adequada ao momento.
 A escolha de uma determinada palavra ou expressão dá informações 
sobre o falante, sobre a maneira como ele representa o ouvinte, o assunto e 
os propósitos da fala em que ambos estão engajados etc. Imaginemos este 
diálogo, que poderia ser ouvido numa feira:
 A. Vamos comprar um jerimum para colocar no feijão?
 B. Boa ideia! Eu adoro abóbora no feijão.
 Nesse diálogo as palavras jerimum e abóbora referem-se à mesma fruta. 
O uso dessas duas palavras fornece pistas sobre a procedência dos falantes. 
A e B, que poderiam ser, respectivamente, um paraense e um paulista, já que 
a escolha de palavras diferentes para designar a mesma coisa se explica pela 
diversidade vocabular que existe nas diversas regiões.
 Muitas vezes, uma mesma palavra ou construção pode ser adequada numa 
determinada situação de comunicação e totalmenteinadequada em outra.
Assim,
Pode-se dizer que falar ou escrever bem é falar ou escrever de forma adequada 
à situação em que o ato de comunicação se realiza, seguindo uma estratégia 
conveniente.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
10
Questões - bloco 2
Vamos praticar um pouco o que acabamos de discutir, refletindo sobre as 
possibilidades de uso adequadas à situação.
 Em um cartão, que deverá acompanhar um presente de casamento, você 
escreveu:
“Tomara que os noivos encontrem a felicidade”.
 Mas aí você releu o texto e se deu conta de que ele não estava muito bom e 
era necessário melhorá-lo. Para isso, você considera a possibilidade de usar outras 
palavras ou expressões para substituir a palavra “tomara”. Qual seria a forma mais 
adequada de escrever este cartão?
 Uma testemunha de um crime prestou o depoimento a seguir ao juiz. Redija-o 
novamente, fazendo as adaptações necessárias, já que se trata de uma situação de 
formalidade.
 Senhor Juiz, a parada estava maneira, todo mundo numa boa, quando, 
de repente, sujou: pintou, não sei como, um berro na mão de um camarada 
que começou a tacar chumbo; quem pôde se mandou; quem não pôde se 
malocou já que ninguém é zé mané pra ficar de bobeira. Não sei qual o 
motivo da sujeira porque eu não sou da área, só estava ali nas abas de 
um amigo.
 O texto “O FMI vem aí, viva o FMI”, do articulista Luís Nassif, publicado na 
revista Ícaro, está redigido no português culto característico do jornalismo, e 
contém, inclusive, um bom número de expressões típicas da linguagem dos 
economistas, como “desequilíbrio conjuntural”, “royalties”, “produtos primários”, 
“política cambial”. No entanto, contém também termos ou expressões informais, 
como na seguinte frase: “Há um ou outro caso de mudanças estruturais no mundo 
que deixa os países com a broxa na mão”.
 1
 2
 3
Módulo II
Português: A Língua Padrão
11
 Leia o trecho abaixo, que é parte do mesmo artigo, e resolva as questões:
 Países já chegam ao FMI com todos esses impasses, denotando 
a incapacidade de suas elites de chegarem a fórmulas consensuais para 
enfrentar a crise – mesmo porque essas fórmulas implicam prejuízos aos 
interesses de alguns grupos poderosos. Aí a burocracia do FMI deita e 
rola. Há, em geral, economistas especializados em determinadas regiões 
do globo. Mas, na maioria das vezes, as fórmulas aplicadas aos países 
são homogêneas, burocráticas, de quem está por cima da carne-seca e 
não quer saber de limitações de ordem social ou política (...). Sem os 
recursos adicionais do fundo, a travessia de 1999 seria um inferno, com 
as reservas cambiais se esvaindo e o país sendo obrigado ou a fechar 
sua economia ou a entrar em parafuso. O desafio maior será produzir 
um acordo que obrigue, sim, o governo e o congresso a acelerarem as 
reformas essenciais.
Ícaro, 170, out. 1998
a) Transcreva outras três expressões do trecho que tenham a mesma característica 
de informalidade.
b) Substitua as referidas expressões por outras, típicas da linguagem formal.
 Agora, refletiremos um pouco sobre algumas características de um bom 
texto como unidade de comunicação escrita para que você possa escrever sempre 
melhor.
 Vamos começar lendo os dois fragmentos abaixo:
A Nikolas Cruz, 19, o atirador que cometeu o massacre na escola Marjorie 
Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida (EUA), há dois meses, disse 
à justiça norte-americana que quer doar a herança que receberá de sua 
mãe para sobreviventes e familiares das vítimas.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
12
 Quando fizer 22 anos, Cruz terá direito a receber uma quantia ainda 
não determinada, entre 800 mil (cerca de R$ 2,4 milhões) e 1 milhão de 
dólares (cerca de R$ 3,14 milhões), de um seguro de vida e um fundo 
de investimentos feitos em nome da mãe, Lynda Cruz, que morreu em 
novembro do ano passado. (Portal R7, 14/04/2018)
B O que enobrece o homem não são seus atos, mas seus desejos. Um 
único indivíduo com um bom laboratório nos fins de semana tem acesso 
a tecnologia de destruição capaz de dizimar o mundo. Agora o cinema 
nacional decola. Tribos indígenas costumam assimilar da cultura urbana 
as roupas, o apego ao dinheiro e hábitos alimentares não exatamente 
saudáveis.
 Qual a grande diferença entre os trechos A e B?
 Não é difícil perceber que A tem unidade temática (todas as frases estão 
amarradas ao mesmo assunto), enquanto B não tem (num primeiro momento, 
é possível pensar que o trecho desenvolve o mesmo assunto, porém, com mais 
atenção, percebe-se que há quatro assuntos dissociados entre si).
 Podemos dizer, então, que um dos requisitos essenciais de um bom texto é a 
unidade temática: tratar do mesmo assunto do começo ao fim. Mas será que basta 
a unidade temática para termos um bom texto? Não. Além da unidade temática, é 
necessário que o texto tenha uma organização, isto é, é necessária uma interligação 
entre as partes.
 Leia o trecho abaixo e observe se as ideias estão organizadas numa 
sequência:
Durante décadas a medicina e a psicologia conspiraram para manter de 
pé a crença de que a personalidade das pessoas é imutável. A primeira 
tarefa para alguém muito tímido pode ser perguntar as horas a uma 
Módulo II
Português: A Língua Padrão
13
senhora num ponto de ônibus. Essas pequenas conquistas reforçam a 
percepção de mudança e o tímido vai tomando coragem para arriscar. 
Uma das características mais imutáveis da personalidade é a capacidade 
de seguir uma dieta alimentar diferente.
 Com a leitura do trecho, é fácil observar que ele apresenta unidade temática 
(personalidade humana), porém falta a este uma organização: as frases estão 
soltas, sem relação umas com as outras. Falta a este trecho unidade estrutural. É 
como se um alfaiate, ao montar um paletó, costurasse uma manga nas costas, o 
colarinho no punho, as lapelas no forro...
 Um bom texto não é um mero ajuntamento de boas 
frases: ele exige, principalmente,
a) unidade temática (mesmo assunto) e
b) unidade estrutural (boa sequência e boa costura)
 Portanto, quando produzirmos um texto, deveremos, primeiramente, fazer 
o seu esquema, para escolher as informações mais importantes e para dispô-las 
numa boa sequência
 Dar uma boa sequência às ideias selecionadas é distribuí-las em três grandes 
partes;
 
 a introdução (que ideias servirão para abrir o texto?)
 o desenvolvimento (que ideias darão continuidade ao assunto?)
 a conclusão (que ideias serão úteis para fechar o texto?)
 Como selecionar ideias e dispô-las numa boa sequência?
Módulo II
Português: A Língua Padrão
14
 Para fazer essas opções, é fundamental determinar previamente para quem 
estamos escrevendo e com que finalidade. Quer dizer: nosso texto é sempre uma 
espécie de conversa que fazemos à distância com nosso(s) leito(es), tendo um 
determinado objetivo em vista.
 Pôr-se no lugar do leitor (imaginar suas reações, suas dificuldades para 
compreender o texto) é um dos grandes desafios para quem escreve. Como o leitor 
não está presente no momento em que se escreve, é fundamental (para garantir a 
comunicação com o leitor) que quem escreve seja como um ator que desempenha 
dois papéis.
 Então, para planejar um texto, é importante responder com clareza as 
seguintes questões:
a) sobre que vou escrever? (assunto)
b) para quem vou escrever? (destinatário)
c) com que finalidade? (objetivo)
 Depois disso,
d) tendo em vista meu(s) destinatário(s), meu(s) objetivo (s) e tudo o que sei sobre 
o assunto:
quais as informações mais relevantes que devem estar em meu texto? 
(seleção de ideias)
qual a melhor sequência para essas ideias? (o que colocar na abertura do 
texto; como dar continuidade ao texto; o que reservar para o fechamento do 
texto?)
Ao escrever, cuidar para que todas as partes estejam harmonicamente 
“costuradas”.
Vale a pena saber!
 Comentamos, a seguir, algumas dúvidas gramaticais comumente encontradas 
em situações cotidianas de uso da língua escrita.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
15
Por que, por quê,porque ou porquê?
 Usa-se por que
a) nas interrogativas diretas e indiretas.
Ex: Por que você demorou tanto?
Quero saber por que meu dinheiro está valendo menos.
b) sempre que estiverem expressas ou subentendidas as palavras “motivo”, “razão”.
Ex: Não sei por que ele se ofendeu.
Eis por que não lhe escrevi antes.
c) quando a expressão puder ser substituída por “para que” ou “pelo qual”, “pela 
qual”, “pelos quais”, “pelas quais”.
Ex: A estrada por que passei está em péssimo estado de conservação.
d) em títulos.
Ex: Por que o governo substituiu o ministro da Economia?
Usa-se por quê quando a expressão aparecer em final de frase ou sozinha.
Ex: Ria, ria sem saber por quê.
Brigou de novo? Por quê?
Usa-se porque quando a expressão equivaler a “pois”, “uma vez que”, “para 
que”.
Ex: Não responda, porque ele está com a razão.
Eles resolveram ficar porque já estava muito tarde.
Usa-se porquê quando a expressão for substantivada, situação em que é 
sinônimo de motivo, razão.
Ex: O diretor negou-se a explicar o porquê de sua decisão.
Por que?
Por quê?Porque?
Porquê?
Módulo II
Português: A Língua Padrão
16
Questões - bloco 3
Reflita sobre as questões abaixo:
 Preencha as lacunas com por que, por quê, porque ou porquê:
a) Eles resolveram partir _____________ já era muito tarde.
b) Retiraram-se da assembleia sem dizer _____________.
c) Você fala demais. Eis ____________ você não entende o que o professor explica.
d) O diretor gostaria de saber ____________ vocês sempre chegam atrasados às 
quartas-feiras.
e) O título da reportagem é: ____________ o novo Código de Trânsito tem falhas.
f) Não sei ____________ estou tão aborrecido hoje.
g) Talvez ela ainda não tenha consciência do ____________ de sua atitude.
h) Você é contra a liberdade de imprensa? ____________?
i) Fique atento, ____________ eu não vou explicar novamente.
j) Responda-me ____________ não podemos sair agora.
 1
Módulo II
Português: A Língua Padrão
17
Resumo da Atividade 6
Norma ou padrão é a variante linguística de prestígio, ensinada pela 
escola, e capaz de fornecer ao falante um meio de comunicação isento de 
regionalismos.
Para que um conjunto de frases constitua um bom texto é fundamental que 
haja unidade temática e estrutural.
Sobre a Atividade 7
 Na próxima atividade, continuaremos a falar sobre os aspectos responsáveis 
pela organização de um bom texto.
MÓDULO II
PORTUGUÊS
A Língua Padrão
Atividade 7
Objetivos
 Observar os objetivos e as características do texto informativo;
 Perceber que toda enunciação compreende, antes de mais nada, 
uma orientação apreciativa.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
19
 A dificuldade em dominar a língua padrão começa na escola, quando as 
orientações para o domínio da língua escrita restringem-se a um conjunto de 
macetes para o estudante ganhar nota e para o professor corrigir itens gramaticais 
isolados (acentuação gráfica, ortografia, concordância...).
 
 Essa prática ignora a própria noção de texto – com sua rede de relações 
internas e externas – dando lugar somente a questões técnicas, sem referências 
concretas, em que um eu abstrato repete opiniões fragmentadas, edificantes e 
moralizantes sobre um Homem e um Mundo igualmente abstratos para um universo 
concreto no qual a linguagem escrita age sobre o mundo. Porque, afinal de contas, 
é para isso que se escreve – esta ação está presente tanto no bilhete de um semi-
analfabeto quanto no mais sofisticado texto científico.
 Vamos começar nossa prática observando um gênero de linguagem que tem 
presença maciça em quase tudo o que lemos e ouvimos: o texto de informação.
 Mas, afinal, a informação não é uma qualidade presente em todo texto?
 Sim, mas podemos dizer que nesse tipo de texto o objetivo primeiro é 
informar o leitor.
 
Sua prática também não foi essa?
 Saber ler e escrever é, portanto, muito mais do que dominar uma 
técnica ou um sistema de sinais: é agir sobre o mundo e defender-se dele, 
sempre em situações específicas e concretas, intencionalmente construídas 
e com objetivos claros.
Sua prática também não foi essa?
Módulo II
Português: A Língua Padrão
20
DO CHURRASCO À RAPADURA
A viagem de ônibus mais longa do Brasil 
vai de Pelotas a Fortaleza em três dias de absurdos
 Se você gosta de desafios, que tal este: enfrentar a viagem de 
ônibus mais longa do Brasil? A da empresa Penha, entre Pelotas, no 
Rio Grande do Sul, e Fortaleza, no Ceará, tem 4.170 quilômetros e leva 
72 horas. É quase uma peregrinação por lugares perdidos do interior 
do país, como Capim Grosso, na Bahia, ou Icó, no Ceará. No total, o 
ônibus faz 32 (trinta e duas!) paradas, troca nove vezes de motorista 
e atravessa nada menos que sete estados do país: Rio Grande do Sul, 
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e, finalmente, 
Ceará. Leva exatos três dias para chegar.
 Histórias são o que não falta para quem já fez esta viagem. (...)
 Numa viagem assim, não há paisagem que disfarce o tempo. 
Parece que o relógio parou. O cansaço é grande e as alternativas para 
distrair, nenhuma. (...) Mas o que as pessoas mais fazem mesmo é 
tricô e palavras cruzadas. E dormem e acordam; dormem e acordam...
 O que diverte é apenas a comida. Por isso, dentro do ônibus, o 
cardápio dos passageiros é pra lá de variado. Quando o ônibus parte 
de Porto Alegre, rola muito pão com carne. Quando vem do Nordeste, 
sobram farinhas e rapaduras.(...)
 As paradas, em geral, são de 15 minutos, para lanches, e de 
30 minutos, para refeições. Em algumas, é possível tomar banho, o 
que, no entanto, poucos fazem. O cheiro vai ficando insuportável. O 
banheiro de bordo é limpo com frequência, mas depois de um dia de 
viagem, ninguém mais suporta o odor do desinfetante.
 
Vejamos um exemplo:
Módulo II
Português: A Língua Padrão
21
 Eis aí um texto básico de informação: tudo o que ele pretende é dar 
informações ao leitor sobre a viagem de ônibus mais longa do Brasil. O leitor, aliás, 
é sempre um elemento importante: observe, por exemplo, que o autor começa 
e termina o texto fazendo perguntas – “Se você gosta de desafios, que tal este: 
enfrentar a viagem de ônibus mais longa do Brasil?”; “E você? Iria?”. Qual a função 
dessas perguntas?
 Observe, também, que as frases são bastante curtas. No caso, isso é uma 
qualidade porque elas tornam o texto mais fácil de ser lido e compreendido.
 Trata-se, portanto, de um texto informativo. Mas existirá informação pura? 
Não, no caso do texto em questão é possível depreender algumas opiniões: o 
simples fato de a revista escolher a viagem de ônibus mais longa do país como 
assunto já implica uma avaliação do que é ou não é relevante para o leitor.
 Por tratar-se de um texto apenas informativo, o autor não aparece emitindo 
opiniões (por exemplo, em construções como “(não) gosto muito dessa viagem”, 
“eu acho que”...). Mas é possível encontrar uma opinião subentendida em trechos 
como “(trinta e duas!)”, em que o autor, apesar de já ter citado o número de horas 
da viagem em algarismos arábicos (32), coloca entre parênteses o número por 
extenso seguido de um ponto de exclamação, com o objetivo, provavelmente, 
de chamar a atenção do leitor para a quantidade absurda de paradas durante 
a viagem. Nesse momento, o autor está emitindo uma apreciação sobre a longa 
 Mesmo assim, tem quem goste da viagem e a repita sempre. É o 
caso de Vera Machado, que faz a rota ao menos uma vez por ano, para 
visitar o filho, que mora em Fortaleza. Este ano, ela resolveu passar 
o dia das mães lá, mas teve que adiar a comemoração, pois o ônibus 
só chegou na capital cearense um dia depois da data. Mesmo assim, 
não reclamou: com os R$ 302 que pagou pela passagem (a volta custa 
um pouco mais, R$ 322, mas também em ônibus convencional) ela 
não iria de avião nem até Curitiba. E, no ano que vem, já avisou, vai 
de novo. E você? Iria?
Revista Viaje Mais, junho 2003, p.72.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
22
distância da viagem, o que é feito também nos trechos“Numa viagem assim, não 
há paisagem que disfarce o tempo” e “e atravessa nada menos que sete estados 
do país”.
 Veja o que diz Mikhail Bakhtin em relação a esses aspectos da natureza da 
linguagem:
 “Não se pode construir uma enunciação sem modalidade 
apreciativa. Toda enunciação compreende antes de mais nada uma 
orientação apreciativa. É por isso que, na enunciação viva, cada elemento 
contém ao mesmo tempo um sentido e uma apreciação.”
 Em outras palavras, Bakhtin diz que não há “informação pura”, isto é, toda 
palavra está carregada de opinião. O próprio destaque gráfico dado a uma ou a 
outra informação já indica apreciação, ou seja, um ponto de vista sobre o que é e 
o que não é relevante. Pense nos noticiários da televisão: a simples escolha das 
notícias que vão ao ar também já é, em si, uma opinião sobre um determinado 
acontecimento.
 Na linguagem oral, a orientação apreciativa transparece não só no sentido 
das palavras, mas também na entonação da voz, na expressão facial, etc.
 Voltando às escolhas feitas pelo repórter no texto lido, observe as expressões 
em destaque nos trechos: 
 “Por isso, dentro do ônibus, o cardápio dos passageiros é pra lá de variado”.
 e
 “...rola muito pão com carne”.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
23
Observe as informações de cada parágrafo do texto “Do Churrasco à 
Rapadura”:
1º parágrafo: descrição da viagem (perímetro, quantidade de quilômetros e de 
horas necessários para o percurso, estados por onde o roteiro passa e quantidade 
de dias para chegar).
2º parágrafo: histórias de quem já fez esta viagem.
 Em sua opinião, por que ele optou por expressões próprias da modalidade 
informal em um texto jornalístico?
 Você acha que é adequado?
 Você percebe alguma intenção “por trás” dessas escolhas?
 Você reparou o recurso gráfico (...), que aparece várias vezes no texto “Do 
Churrasco à Rapadura”? Você sabe por que ele foi usado?
 Bem, ele é utilizado para demonstrar que foi retirado um fragmento deste 
lugar, sem prejuízo do texto. Essa opção fica a critério de quem está transcrevendo 
o texto, desde que a retirada não comprometa a compreensão do seu conteúdo. 
 No exemplo, os fragmentos retirados eram depoimentos de pessoas que já 
haviam feito a viagem.
Com o exemplo do texto acima,
 Já é possível considerar as duas qualidades básicas de um texto 
informativo:
1 Um bom texto de informação se concentra num assunto específico, e 
tudo nele deve dizer respeito a esse assunto (ao contrário da linguagem 
oral, em que costumamos divagar, mudar o rumo da conversa, abrir longas 
interrupções etc).
2 Um aspecto básico de um bom texto de informação é a ordem das 
informações, a sua sequência. Isto é, o texto deve apresentar um conjunto de 
dados de cada vez, que em geral se organizam em parágrafos.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
24
3º parágrafo: consequências da viagem prolongada (cansaço) e alternativas dos 
passageiros para descontrair.
4º parágrafo: informações sobre a alimentação durante a viagem.
5º parágrafo: número e duração das paradas e descrição do banheiro de bordo.
6º parágrafo: justificativas para a procura por esse tipo de viagem.
 
 Como se vê, há uma ordem na apresentação das informações, que dá 
clareza ao texto. O texto bem escrito obedece a uma hierarquia de informações, 
que se dividem em parágrafos. Isto é, o texto avança em partes semanticamente 
organizadas, de modo que as informações não se atropelem. Mas o avanço das 
informações deve ser “costurado”, ou então será apenas uma sequência avulsa 
de dados. O velho ditado da linguagem popular – “uma coisa puxa a outra” – é 
particularmente verdadeiro no texto escrito.
 Para que essa “costura” seja clara e lógica, a língua dispõe de uma série 
de recursos coesivos, que são aquelas palavras que estabelecem relação entre o 
que foi dito e o que se vai dizer, que ligam uma coisa com outra. Esses recursos 
coesivos também são chamados de elementos de coesão ou de relatores.
 Como exercício, diga o que significam as palavras em negrito no texto abaixo:
Escute com atenção a história que se segue: “Era uma vez uma terra 
distante onde todo mundo trabalhava naquilo que mais gostava – e, 
mesmo assim, só quando acordasse disposto. Nesse lugar, escola e 
assistência médica eram gratuitas, ninguém pagava aluguel e, nas horas 
de folga, todos se dedicavam à dança, ao teatro, à música e às artes em 
geral”.
Veja que em si essas palavras pouco significam – elas apenas “apontam” 
para outras palavras. Tais relatores são elementos extremamente importantes da 
linguagem escrita: a eles, também, devemos a precisão e a clareza de um texto.
Os relatores são fundamentais, por exemplo, na costura dos parágrafos. 
Módulo II
Português: A Língua Padrão
25
Cada parágrafo novo deve contar com as informações dos parágrafos anteriores, 
que não precisam ser repetidas, mas que devem ser levadas em conta para que o 
texto não se transforme numa mera colagem de informações avulsas entre si. De 
alguma forma o início de um parágrafo deve se relacionar com aquilo que foi dito 
antes.
Em outro momento nos aprofundaremos mais no estudo desses relatores.
Questões - bloco 1
 Compare, agora, os dois textos a seguir: ambos falam de Brasília e têm 
praticamente o mesmo conteúdo. 
São, porém, muito diferentes no que diz respeito à linguagem, porque o texto 
1 é informativo (apenas passa informações) e o texto 2 é poético (fala do mundo 
metaforicamente, isto é, por meio de figuras de linguagem).
 1
Texto 1
BRASÍLIA
 Em 1957, Brasília não passava de um sonho arquitetônico preso 
a uma prancha de desenho. Três anos depois, porém, a cidade estava 
inaugurada, atraindo a atenção do mundo todo, especialmente pelo 
arrojo de seu plano urbanístico desenhado por Lúcio Costa e pela 
beleza dos prédios criados por Oscar Niemeyer.
 O processo acelerado de construção da nova capital fez fluir 
para o centro do país grande parte da mão-de-obra excedente, 
constituída em especial de nordestinos, a maioria dos quais 
permaneceu na região depois de terminado o período intensivo 
da construção, passando a residir em favelas ou nas chamadas 
“cidades-satélites” do Distrito Federal. Estas constituem hoje um 
dos mais sérios problemas sócio-econômicos da região, ao lado do
Módulo II
Português: A Língua Padrão
26
trágico desvirtuamento no plano original de Lúcio Costa e da obra 
plástica de Niemeyer. 
 Desta, ainda sobram exemplares magníficos do gênio criativo 
do arquiteto, como, por exemplo, a Catedral, cuja estrutura é 
composta de colunas de concreto intercaladas de vidros; ou o 
Palácio da Alvorada, cujas colunas contínuas e onduladas conferem 
à construção leveza e elegância; ou ainda a sede do Ministério do 
Exterior com seus imensos arcos de concreto armado, cercada por 
um enorme espelho de água. Tudo isso a lembrar o que o próprio 
arquiteto costuma dizer: ao conceber Brasília, ele procurou a 
surpresa, a forma inesperada, a curva leve e inusitada, evitando os 
contornos ultrapassados. Buscou ainda os vãos livres, reconhecendo 
que chegou a abusar dos concretos, quando esticou ao máximo suas 
passarelas sem sustentação e as suas enormes colunas. 
A Oscar Niemeyer
J. Antônio d’Ávila 
Texto 2
BRASÍLIA
Aos homens de couro
entregaram o aço, o cristal e o mármore
e isso os deslumbrou!
Pensavam outra vez brincar de criança, 
quando viram saltar de suas mãos humildes e pobres
um mundo de formas
e coisas fantásticas!
Depois, entenderam que tinham um poder.
Todos sentiam que eram, agora, em vez de devotos
Módulo II
Português: A Língua Padrão
27
implorando milagres nas cidades incendiadas do sol
nas estradas de fogo, de ossos e pó,
eram eles, agora, os santos, os santos senhores dos
poderes divinos!
Mas a luz do cristal,
a força do aço,
a frieza, a dureza do mármore causavam cansaço
e o encantamento do santos de couro se apagava, morria,
e renascia o anseio de, outra vez, serem homens.
A solidão esmagava!
Os olhos não viam uma jurema em flor!...
E regressaramao país dos angicos,
mas lá já chegaram estranhos, sem nada entender.
E ninguém os reconhecia!
Voltaram, outra vez, para trabalhar nos milagres.
Então, os milagres surgiram com força maior.
Estrelas enormes cravaram no chão.
Pedaços de nuvens amarraram para sempre no lugar
que escolheram.
Longas tiras de nada viraram tudo em suas mãos.
E as tiras imensas esticaram no espaço.
Blocos de ar de água viraram flor, num momento
- para sempre!
Paravam o vento onde bem entendiam
e, num instante, com um gesto,
lhe davam formato, lhe davam uma cor.
Um deus os guiava.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
28
Um deus ordenava que assim tudo fosse.
E assim foi.
Onde os santos homens de couro
puseram a mão
a vida passou a existir!
Um dia chegaram os homens de pano.
Eram os donos.
Os donos do aço,
do cristal
e do mármore.
E apenas ficou prometido
que, só transcorridos mil milagres daqueles,
os filhos dos filhos de um homem de couro
poderiam ser donos
de uma estrela no chão,
de uma nuvem cativa,
da água e do ar transformados em flor!
As cidades incendiadas de sol,
as estradas de fogo, de ossos e de pó, esperam...
esperam e sorriem perversas...
Elas sabem que os pobres homens de couro custarão
a descobrir:
Os deuses sabem criar
mas não sabem dividir!
(Publicado em Vento Cansado. São Paulo, 1962)
Módulo II
Português: A Língua Padrão
29
 A partir da leitura dos textos 1 e 2, responda às questões abaixo.
Quanto ao Texto 1
 Por que Brasília atraiu a atenção do mundo?
 Quais os principais problemas que atualmente afetam Brasília e o Distrito 
Federal?
 Como explicar o surgimento das chamadas “cidades-satélites” no Distrito 
Federal?
 Quais as obras de Niemeyer citadas no texto?
 O que norteava o arquiteto ao conceber Brasília?
 1
 2
 3
 4
 5
Quanto ao Texto 2
 A quem é dedicado o poema?
 Quem são os “homens de couro”? Como se construiu essa figura?
 Por que eles “pensavam outra vez brincar de criança”?
 A que se referem os versos “um mundo de formas e coisas fantásticas”?
 Os homens de couro sentiam que eram “os santos senhores dos poderes 
divinos”. Como interpretar “poderes divinos”?
 A que se referem as imagens “cidades incendiadas de sol, nas estradas de 
fogo, de ossos e pó”? Por quê?
 O tom emocional do primeiro conjunto de versos (verso 1 a 13) é o entusiasmo. 
Quais as palavras que transmitem este tom? Qual o tom emocional do segundo 
conjunto de versos (verso 13 a 22)? Quais as palavras aliadas a esse tom?
 Por que eram estranhos em sua terra de origem?
 Nos versos 24 a 38, qual o tom emocional?
 De que se fala do verso 25 a 32?
 A quem se refere o verso 33? Como justificar a imagem?
 Do verso 39 em diante, estabelece-se um contraste entre os homens de couro 
e os homens de pano. Quem são os homens de pano? Qual o contraste que se põe 
nesses versos?
 1
 2
 3
 4
 5
 8
 9
10
11
12
 6
 7
Módulo II
Português: A Língua Padrão
30
 Interprete a promessa dos homens de pano.
 Interprete os dois últimos versos. Dê fatos concretos que mostrem que o 
poeta tem razão.
Vale a pena saber!
 No início desta atividade, nós fizemos uma pergunta sobre sua observação a 
respeito do emprego da palavra “nesse”, lembra? Então, essa é uma palavrinha que, 
juntamente com “este”, dá um nó na cabeça de muita gente. Quando empregá-las? 
O pior é que o papel delas é bem definido. Elas são parecidas, mas não são iguais.
 As palavrinhas de que estamos falando denominam-se “pronomes 
demonstrativos”, são versáteis e podem ser empregadas em três situações.
 Vejamos:
 Indicam situação no espaço:
este: diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós): 
esta sala (a sala onde a pessoa que fala ou escreve está);
este livro (o livro que temos em mão)
esse: diz que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu): 
essa sala (a sala onde está a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos)
aquele: diz que o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se 
fala; aquele quadro (o quadro que está longe das duas pessoas)
 Indicam situação no tempo:
este: indica tempo presente: 
esta semana (a semana em curso), 
este mês (o mês em curso), 
este ano (o ano em curso)
esse / aquele: indica tempo passado (esse: passado próximo; aquele: passado 
13
14
Módulo II
Português: A Língua Padrão
31
remoto):
Estive em Salvador em 1990. Nesse (naquele) ano, visitei toda o Mercado Modelo.
 Eis um nó. Como saber se o passado é próximo ou remoto? Depende de cada 
um. O tempo é psicológico. Uma hora com dor de dente é uma eternidade. Se for à 
noite, nem se fala. São duas eternidades.
 Indicam situação no texto (é o caso que oferece maior dificuldade):
este: exprime referência posterior (anuncia-se o fato que será referido depois):
O candidato disse esta frase: “Nossa proposta é a melhor de todas”.
Reparou? A frase é anunciada: “disse esta frase”. Depois expressa: “Nossa proposta 
é a melhor de todas”.
Esse: exprime referência anterior (o fato é referido antes; depois, retomado):
“Nossa proposta é a melhor de todas”. Essa frase foi dita pelo candidato.
Ufa!
Módulo II
Português: A Língua Padrão
32
Resumo da Atividade 7
Com o estudo que acabamos de fazer, constatamos que o texto informativo 
tem como objetivo primeiro informar, porém não existe a informação 
“pura”, pois sempre se encontrará nesse tipo de texto uma apreciação 
(opinião) do autor – a orientação apreciativa – que se manifesta por 
meio de palavras, expressões, pontuação, sinais gráficos, etc.
Sobre a Atividade 8
 Em nossa próxima atividade, abordaremos dois tópicos da língua padrão que 
oferecem dificuldade ao se produzir textos escritos: a crase e o pronome “onde”. 
Também exercitaremos a habilidade de leitura de textos.
MÓDULO II
PORTUGUÊS
 
A Língua Padrão
Atividade 8
Objetivos
 Conhecer o emprego adequado da “crase” e do pronome “onde” em 
textos escritos;
 Exercitar a leitura de textos.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
34
 Abordaremos agora alguns tópicos da língua padrão que costumam 
representar dificuldade ao usuário no momento de produzir textos.
 CRASE
 A crase parece ser uma unanimidade nacional: todos dizem que não sabem 
usá-la! Pior que isso: qualquer professor de português sincero será obrigado a 
confessar que, apesar de todos os esforços ao longo de anos, seus alunos continuam 
sem entender quando empregar ou não o acento grave! Há, provavelmente, 
duas razões para isso. A primeira é que no português do Brasil não há qualquer 
diferença fonética entre a preposição a e o artigo a. Isto é: para nós, a crase só 
existe na escrita, ou melhor, só nos preocupamos com o emprego do acento grave 
no momento em que produzimos textos escritos.
 A segunda razão diz respeito à mudança da língua: na nossa gramática 
de falantes, dispensa-se a preposição a na regência de um grande número de 
palavras. Por exemplo, todo mundo assiste um filme, e não a um filme! É por essa 
razão que os macetes, tão úteis em outros casos, fracassam redondamente! Sem 
se conhecer a regência padrão, a crase não tem solução!
 Mas venceremos essa guerra! 
Questões - bloco 1
 Como primeira batalha, preencha os espaços com a, à, às, ou ao:
a) Ele chegou ________ conclusão do trabalho.
b) Ele chegou ________ essa conclusão.
c) Ele chegou ________ fim do exercício.
d) Ele chegou ________ conclusões completamente diferentes.
e) Ele chegou ________ ver o fim do túnel.
f) Ele chegou ________ sete horas.
g) Ele chegou ________ fim de criar problema.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
35
 Com certeza, você já decorou mil vezes que a crase é o encontro da preposição 
a com o artigo a... Bem, lembre-se mais uma vez de que o emprego ou não do 
acento gráfico indicativo da crase ( ̀ ) é apenas uma questão de regência. Vejamos 
quais são as perguntas que devem ser feitas para sabermos se a crase deve ou 
não ser empregada:
 Para perceber o encontro da preposição a com o artigo – a(s) ou (o)s –, faça 
o que se pede a seguir.
Questões - bloco 2Reescreva as frases abaixo, substituindo as palavras sublinhadas pelas 
palavras entre parênteses.
a) Alguns retornam ao berço convencidos de que ali é um bom lugar para se viver. 
(cidade de origem)
b) Os rituais estão sempre ligados ao mito da fertilidade. (questão)
c) Eles pedem satisfação aos governantes. (autoridades)
d) As críticas às normas rígidas do sistema penal são o assunto principal. 
(regulamentos)
e) O fato de o general ter pertencido à nomenklatura soviética não atenua suas 
provações. (sistema militar)
f) Não é possível saber quanto tempo o jacaré resistirá ao envenenamento do rio. 
(poluição)
g) Eles invadiram às 7h30 um luxuoso sobrado e se renderam às 21h20 à polícia. 
(amanhecer / noite / delegado)
O antecedente exige a preposição a?
O artigo também está presente antes da palavra seguinte ao verbo?
Módulo II
Português: A Língua Padrão
36
 Veja algumas situações que merecem atenção quanto ao emprego da crase:
 O uso da crase é obrigatório nas seguintes situações:
a) Diante de nome feminino acompanhado de artigo:
Vou à Bahia.
b) Diante de nomes de cidades e países particularizados:
Vou à Minas dos conjurados.
c) Diante de demonstrativos começados por a:
Falamos àquele que nos impediu de entrar.
d) Nas locuções formadas por nomes femininos:
Primeira rua à direita.
e) Diante de pronomes possessivos que se referem a substantivo oculto:
Falou a minha irmã e não à sua.
Observação:
 Antes de nomes próprios femininos ou de possessivos femininos, o uso do 
acento grave é optativo, já que, nesses casos, o emprego do artigo também é.
 Não se usa o acento grave indicativo da crase nos casos a seguir:
a) Diante de nomes masculinos (sem nome feminino elíptico).
b) Antes de verbo.
c) Antes da palavra casa quando significar lugar onde o falante mora.
d) Antes de palavras de sentido indefinido.
e) Antes da palavra terra no sentido de chão firme.
f) Antes de palavras tomadas em sentido geral.
g) Nas expressões de palavras repetidas: gota a gota, frente a frente.
h) Antes de pronomes pessoais de tratamento.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
37
Observações:
Em todos esses casos não se usa a crase porque não se admite o emprego do 
artigo.
Antes do pronome relativo que só se usa o acento grave se o antecedente 
do pronome for o demonstrativo a: Isto se refere às que declaramos. Se o a, 
porém, for apenas preposição, não haverá o acento: Esta é a menina a que 
aludimos.
Questões - bloco 3
 Coloque o acento grave indicativo da crase nas frases a seguir, quando for 
conveniente.
a) Estava a procura de dinheiro.
b) Comprava a prazo e vendia a vista.
c) Chegava sempre a noite, quando todos já dormiam.
d) Irei a essa festa hoje.
e) Falei a um repórter sobre esse tema.
f) Trabalho até as três horas.
g) Vou a Almirante Barroso e volto por São Brás.
h) Estive com ela frente a frente.
i) A medida que cantava, provocava emoção.
j) As águas chegaram até a rua.
“ONDE” MESMO?
 Certamente você já ouviu muitas pessoas, na rua ou mesmo em entrevistas 
de rádio e TV, dizendo coisas como “Fui falar com o chefe, onde me disse...”, em 
vez de dizer “que me disse...”
 A palavrinha onde tem levado ao desespero os gramáticos normativos e 
intrigado os linguistas. Essa palavra, na linguagem oral, está praticamente se 
universalizando como conectivo: usa-se onde no lugar de que, de e, de mas – 
Módulo II
Português: A Língua Padrão
38
e até mesmo no lugar de onde! E tudo indica que esse fenômeno não escolhe 
“cliente”: a ocorrência aparece tanto nas faixas menos escolarizadas da população 
como nas mais escolarizadas. Não é impossível que seu uso não-padrão seja até 
mais frequente entre pessoas que estudaram, devido a um fenômeno chamado 
hipercorreção – isto é, o desejo de falar “certo” pode levar ao emprego de estruturas 
e expressões que não se dominam.
 Bem, isso é problema dos linguistas.
 Nas gramáticas e nos dicionários, “onde” consta como advérbio, por 
primeiro; depois, como pronome, mas só quando significa “em que”, como em 
“terra onde nasci”, isto é, “terra em que nasci”. Nenhuma gramática registra “onde” 
como pronome que retoma um nome, como chefe (no exemplo acima). Mas o que 
se pode ouvir, atualmente, é a palavra “onde” funcionando como um verdadeiro 
curinga.
 Para quem está interessado apenas em dominar o padrão escrito, é 
interessante seguir as orientações abaixo.
Dois casos básicos
 Para começar: na escrita, esqueça a forma aonde. Em qualquer caso, use 
sempre onde, que não tem erro! Embora aonde seja uma forma clássica da língua, 
em muitos casos ela é estigmatizada – alguns gramáticos vivem inventando 
regrinhas de distinção (do tipo, se exigir preposição a, pode-se usar aonde) e 
outras besteiras sem fundamento. Já o onde é sempre aceito, em qualquer caso.
 Segundo lembrete: no padrão escrito, a referência de onde é sempre, 
obrigatoriamente, lugar, espaço. Veja o primeiro caso, em que o onde faz referência 
a alguma coisa fora do texto:
Ninguém sabe onde foi parar o dinheiro. (em que lugar)
Onde fica a praça? (em que lugar)
O policial sabe onde aconteceu o crime, 
mas não diz. (em que lugar)
Módulo II
Português: A Língua Padrão
39
 Observe agora o segundo caso, em que a palavra faz referência a alguma 
coisa que está escrita no texto:
Abri o cofre onde estava o dinheiro. (em que, no qual – onde = o cofre)
Nos bairros periféricos, onde a pobreza é maior, a saúde pública não chega. 
(em que, nos quais – onde = nos bairros periféricos)
 Observe que, no padrão escrito, muitas vezes o onde traz junto a preposição 
exigida pelo verbo, independentemente se faz referência a algo fora do texto ou a 
algo que está escrito no texto. Confira:
Ninguém sabe de onde ele tirou esse 
dinheiro. (de que lugar)
Ele explicou por onde a estrada vai passar. (por que lugar)
O encanador soldou a fenda por onde a água 
escapava. (por que lugar = fenda)
 E assim se esgota o emprego da palavra onde, segundo o padrão escrito.
 
 Para reforçar, faça os exercícios seguintes.
Questões - bloco 4
 Junte os grupos de orações seguintes usando a palavra onde, de acordo com 
o padrão escrito:
a) Ele subiu distraído a arquibancada. Os torcedores estavam se matando na 
arquibancada.
b) Fulano vive no mundo dos sonhos. No mundo dos sonhos não se paga imposto.
c) O gato se escondeu na gaveta. O gato não queria sair da gaveta.
d) O guarda estava exatamente naquele corredor. Por aquele corredor o assaltante 
passou.
e) O ministro entrou no salão. Todos os convidados correram para o salão.
 1
Módulo II
Português: A Língua Padrão
40
 Analise com atenção as ocorrências abaixo, todas não-padrões, e substitua 
em cada caso a palavra onde por outra expressão, de acordo com o padrão escrito:
a) Fevereiro é o mês onde nasci.
b) O pessoal discutiu muito, onde não chegou a nenhuma conclusão.
c) Visitei aquela praça, onde é muito bonita.
d) O carro de repente quebrou, onde ninguém sabia qual era o problema.
e) Pois na hora me deu aquele medo, onde você fica sem saber o que fazer.
Vale a pena saber
 Um jornalista estava redigindo sua matéria quando, de repente, surgiu a 
dúvida. Deveria dizer: “Falei com Eduardo e Sônia” ou “Falei com Eduardo e com 
Sônia?”
 Pensou, pensou e, esperto, contornou a dificuldade: “Primeiro entrevistei o 
Eduardo; depois, a Sônia”.
 Mas a dúvida continuou “Quando se deve repetir a preposição?” Então 
resolveu estudar.
 A questão é saber se os termos constituem o mesmo conjunto contemporâneo 
ou conjunto separado:
Em “O jornalista se dirigiu ao Prefeito e administrador”, entende-se que ele 
se dirigiu a uma pessoa a um só tempo: prefeito que é administrador.
Agora, “O jornalista se dirigiu ao Prefeito e ao administrador”, entende-se 
que ele se dirigiu a duas pessoas (um Prefeito e um administrador). 
Vamos, agora, exercitar a habilidade de leitura.
 2
Módulo II
Português: A Língua Padrão
41
GRUNHIDO ELETRÔNICO
 Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se 
conhecem pela Internet e acabamcasando ou vivendo juntas – uma 
semana depois. As conversas por computador são, necessariamente, 
sucintas e práticas e não permitem namoros longos, ou qualquer tipo 
de aproximação por etapas. Estamos longe, por exemplo, do tempo 
em que as pessoas se viam numa quermesse de igreja e se mandavam 
recados pelo alto-falante. Quando finalmente se aproximavam, eram 
mais dois anos de namoro e um de noivado e só na noite de núpcias, 
imagino, ficavam íntimos, e mesmo assim acho que o vovô dizia “com 
licença”. Na geração seguinte o homem pedia a mulher em namoro, 
depois pedia em noivado, depois pedia em casamento, e quando 
finalmente podia dormir com ela era como chegar ao guichê depois 
de preencher todas as firmas e esperar que chamassem a sua senha. 
Durante o namoro ele lhe mandava poemas, o que sempre funcionava, 
e muitas mulheres de uma certa época, para serem justas, deveriam 
ter casado com o Vinícius de Moraes.
 As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que 
houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução. No tempo das 
cavernas o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava 
para a cama, ou para o mato. Com o tempo desenvolveu-se a corte, 
a etiqueta da conquista, todo o ritual de aproximação que chegou 
a exageros de regras e restrições e depois foi-se abreviando aos 
poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. 
Fechou-se o ciclo.
 A corte, claro, tinha sua justificativa. Dava à mulher a 
oportunidade de cumprir seu papel na evolução, selecionando para 
Questões – bloco 5
 Leia o texto de Luis Fernando Verissimo e responda às questões de 1 a 10:
Módulo II
Português: A Língua Padrão
42
procriação aqueles machos que, durante a aproximação, mostravam 
ter aptidões que favoreciam a espécie, como potência física ou 
econômica ou até um gosto por Vinícius de Moraes. Isso quando todo 
namoro for pela Internet, todo sexo for virtual e as mulheres – ou os 
homens, nunca se sabe – só derem à luz bytes, o único critério para 
seleção será ter um computador com modem e um bom provedor de 
linha.
 Talvez toda a comunicação futura seja por computador. Até 
dentro de casa. Será como se os nossos namorados de quermesse 
levassem os alto-falantes para dentro de casa. Na mesa do café, 
marido e mulher, em vez de falar, digitarão seus diálogos, cada um 
no seu terminal. E quando sentirem falta da palavra falada e do calor 
da voz, quando decidirem que só frases soltas numa tela não bastam 
e quiserem se comunicar mesmo, como no passado, cada um pegará 
seu celular.
 Não sei o que será da espécie. Tenho uma visão do futuro em 
que viveremos todos no ciberespaço, volatilizados. Só nossos corpos 
ficarão na terra porque alguém tem que manejar o teclado e o mouse 
e pagar a conta da luz.
Luis Fernando Verissimo
Revista Domingo, Jornal do Brasil
Módulo II
Português: A Língua Padrão
43
 No fragmento
“Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela 
Internet e acabam casando ou vivendo juntas – uma semana depois.”
o autor usou o travessão
a) para indicar a mudança de interlocutor no diálogo.
b) porque queria destacar a expressão “uma semana depois”.
c) porque se enganou, já que não há explicação para isso.
d) para indicar uma interrupção na frase, sugerindo hesitação.
e) para marcar uma quebra na sequência da fala do personagem. 
 No texto o autor
a) defende a importância da tecnologia moderna para o bom relacionamento entre 
as pessoas.
b) analisa as causas dos maus relacionamentos entre os homens e as mulheres.
c) critica o modo como se dão os namoros pela Internet.
d) prevê para o futuro relacionamentos com mais diálogos.
e) descreve os benefícios dos relacionamentos iniciados pela Internet.
 Podemos afirmar que o título do texto “Grunhido Eletrônico” foi construído 
com palavras que
a) pertencem a dois campos semânticos opostos: antiguidade e modernidade.
b) pertencem somente ao campo semântico da modernidade.
c) caracterizam o bem e o mal, opondo uma visão positiva a outra, negativa.
d) exprimem preconceitos, apresentando uma visão negativa do assunto.
e) por se oporem não podem ser usadas na construção de um título.
 1
 2
 3
Módulo II
Português: A Língua Padrão
44
 Segundo o texto, os namoros pela Internet diferem dos namoros antigos 
principalmente porque
a) permitem à mulher selecionar os machos para procriação.
b) são mais propícios à corte, à conquista e à sedução.
c) são mais sucintos e práticos do que os namoros de antigamente.
d) geralmente duram mais do que os namoros de antigamente.
e) são muito mais românticos do que os namoros de antigamente.
 Observe o trecho:
“Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro 
e um de noivado e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e 
mesmo assim acho que o vovô dizia ‘com licença’”.
O uso das aspas na expressão “com licença”, neste fragmento, serve para
a) ressaltar o valor significativo da expressão.
b) indicar o início e o fim de uma citação.
c) destacar a fala de um personagem.
d) intercalar palavras que não pertencem ao texto.
e) destacar o sentido pejorativo da expressão.
 No trecho “O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução”, a 
palavra grifada indica que
a) o homem, hoje, voltou a se relacionar como na pré-história.
b) houve uma verdadeira revolução sexual.
c) o ciclo se fechou porque o homem conseguiu alcançar a perfeição.
d) o ciclo de fechou porque o homem chegou a exageros de regras e restrições.
e) o homem evoluiu em seus relacionamentos sexuais.
 4
 5
 6
Módulo II
Português: A Língua Padrão
45
 O contraste entre o namoro antigo e o moderno se constrói no texto pelas 
palavras ou expressões
a) “casar” e “viver juntos”.
b) “quermesse” e “alto-falante”.
c) “calor da voz” e “palavra falada”.
d) “macho” e “fêmea”.
e) “alto-falante” e “mouse”.
 O item “que” se relaciona com a expressão grifada em
a) “Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro e um de 
noivado e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e mesmo assim acho 
que o vovô dizia ‘com licença’”.
b) “... e quando finalmente podia dormir com ela era como chegar ao guichê depois 
de preencher todas as firmas e esperar que chamassem a sua senha.”
c) “As pessoas dizem que houve uma revolução sexual.”
d) “Só nossos corpos ficarão na terra porque alguém tem que manejar o teclado e 
o mouse e pagar a conta da luz.”
e) “Dava à mulher a oportunidade de cumprir seu papel na evolução, selecionando 
para procriação aqueles machos que, durante a aproximação, mostravam ter 
aptidões que favoreciam a espécie...”
 O autor expressa incerteza ou compartilha ideias de outras pessoas ao 
comentar os relacionamentos entre homens e mulheres, EXCETO em
a) “Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela 
Internet e acabam casando ou vivendo juntas – uma semana depois.”
b) “Estamos longe, por exemplo, do tempo em que as pessoas se viam numa 
quermesse de igreja e se mandavam recados pelo alto-falante.”
c) “Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro e um de 
noivado e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e mesmo assim acho 
que o vovô dizia ‘com licença’.”
 7
 8
 9
Módulo II
Português: A Língua Padrão
46
d) “As pessoas dizem que houve uma revolução sexual.”
e) “Talvez toda a comunicação futura seja por computador.”
 A respeito do trecho
“Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro 
e um de noivado e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e 
mesmo assim acho que o vovô dizia ‘com licença’.”
é possível afirmar que a conjunção e, grifada, tem valor
a) aditivo.
b) adversativo.
c) conclusivo.
d) explicativo.
e) alternativo.
10
Módulo II
Português: A Língua Padrão
47
Resumo da Atividade 8
Vimos, nesta atividade, como empregar adequadamente o acento 
indicativo da crase e o pronome onde – tópicos da língua padrão que 
costumam oferecer dificuldade no momento de usar a língua escrita. 
Também,por meio de exercícios de compreensão de texto, exercitamos 
a habilidade de leitura, tão exigida em nossa vida cotidiana.
Sobre a Atividade 9
 Em nossa próxima atividade, estudaremos os recursos coesivos de que a 
língua portuguesa dispõe – elementos extremamente importantes da linguagem 
escrita aos quais devemos grande parte da precisão e da clareza de nossos textos.
MÓDULO II
PORTUGUÊS
A Língua Padrão
Atividade 9
Objetivos
 Observar que um texto não é uma simples somatória de frases, mas 
uma unidade de sentido estabelecida por meio do encadeamento de 
enunciados que garantem sua coesão.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
49
O VALOR DA SESTA
Estudo de Harvard mostra que dormir 
à tarde melhora a capacidade mental
 Típico dos climas quentes, o cochilo depois do almoço tem 
sido encarado como um hábito arcaico, incompatível com o ritmo da 
vida moderna. Pois um estudo da Universidade Harvard conseguiu 
reabilitar a sesta, mostrando que ela é um modo excelente para 
restaurar a capacidade intelectual. A pesquisa envolveu 129 
voluntários, que faziam um mesmo teste de percepção visual quatro 
vezes por dia, duas de manhã e duas à tarde. O desempenho individual 
piorava sensivelmente no decorrer do dia. No fim da tarde, era em 
média 52% menor. Mas quem dormia por meia hora entre o segundo 
e o terceiro testes, lá pelas 14 horas, chegava ao fim do dia com o 
padrão do meio dia. Aqueles que podiam dar-se ao luxo de dormir 
uma hora inteira voltavam a se comportar no teste como no início da 
manhã. 
A coesão no texto
 Vamos tratar, agora, dos elementos responsáveis pelo encadeamento das 
ideias do texto – os elementos de coesão, conectivos ou relatores –, que são uma 
espécie de espinha dorsal de qualquer texto bem escrito.
 O texto é a unidade básica de manifestação da linguagem, dotada de 
propriedades estruturais específicas que fazem com que não se reduza a 
uma simples somatória de frases. Nele, as intenções, as ideias e as unidades 
linguísticas devem estar perfeitamente relacionadas, por meio do encadeamento 
de enunciados.
 Esse encadeamento resulta das relações de sentido estabelecidas pelos 
recursos linguísticos presentes no texto, responsáveis pela sua conexão, que 
lhe garantirão sua unidade, ou seja, sua textualidade. Considere as palavras 
sublinhadas no texto abaixo.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
50
 Observe que as palavras em negrito, isoladamente, nada significam; elas só 
ganham significado pela relação que estabelecem entre uma informação e outra. 
Os enunciados desse texto não estão amontoados caoticamente, mas estritamente 
interligados entre si: ao lermos o texto, percebemos que há conexão entre as 
partes.
 No caso do texto acima, pode-se observar a função de alguns desses 
elementos de coesão. A palavra pois, no primeiro parágrafo (“Pois um estudo da 
Universidade Harvard...”), serve para dar continuidade ao que foi dito anteriormente 
e acrescentar um outro dado: um estudo da Universidade Harvard sugere a 
reabilitação da sesta, mostrando que ela é um modo excelente para restaurar a 
capacidade intelectual. Nesse mesmo trecho, a palavra ela retoma a palavra sesta, 
com o objetivo de evitar a repetição desta. Com a mesma função (de retomada) 
encontramos a palavra que no trecho “A pesquisa envolveu 129 voluntários, que 
faziam um mesmo teste de percepção visual quatro vezes por dia, duas de manhã 
 O estudo indicou que é necessário dormir de verdade. Fechar 
os olhos e simplesmente descansar um pouquinho não faz efeito. Já 
está comprovado que o relógio biológico programa as pessoas para 
dois períodos de sonolência: o mais forte à noite, entre 22 horas e 
meia-noite, e um mais leve, no início da tarde, entre 14 e 15 horas. 
Isso pouco tem a ver com questões culturais. Nos lugares quentes, 
até os animais evitam sair ao ar livre no horário em que o sol está a 
pino. “O padrão natural do homem seria sempre dormir no começo 
da tarde, se não fossem as pressões do mundo moderno”, diz Rubens 
Reimão, neurologista do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Mesmo 
em países que não têm a chamada “cultura da sesta”, pode-se estimar 
que pelo menos 20% da população durma durante um período da 
tarde. “O estudo de Harvard mostra que esse sono da tarde tem 
função importante no aprendizado”, explica o neurologista. Agora é 
só convencer o patrão disso.
Revista Veja, 19/06/2002
Módulo II
Português: A Língua Padrão
51
e duas à tarde”, sendo que neste caso a palavra referida é “voluntários”.
 No segundo parágrafo, a palavra isso retoma tudo o que foi dito no período 
anterior (“Já está comprovado que o relógio biológico programa as pessoas para 
dois períodos de sonolência: o mais forte à noite, entre 22 horas e meia-noite, 
e um mais leve, no início da tarde, entre 14 e 15 horas”). No mesmo parágrafo, o 
emprego do conector até (Nos lugares quentes, até os animais evitam sair ao ar 
livre no horário em que o sol está a pino.) pressupõe que os animais (como os 
homens) evitam sair ao ar livre no horário em que o sol está a pino.
 Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos 
por entre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto. 
Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de 
um texto e compreender que todos estão interligados entre si.
São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de 
elemento de coesão:
 as preposições: a, de, para, com, por, etc.;
 as conjunções: que, para que, quando, embora,
 mas, e, ou, etc.;
 os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, 
 que, o qual, etc.;
 os advérbios: aqui, ali, lá, assim, etc.
 A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no 
texto dá-se o nome de coesão. Essa conexão entre os vários enunciados, 
obviamente, não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem 
entre eles, manifestadas, sobretudo, por certa categoria de palavras, que 
são chamadas conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é 
exatamente a de por em evidência as várias relações de sentido que existem 
entre os enunciados.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
52
O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e 
contribui consideravelmente para a expressão clara das ideias. O uso inadequado 
sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis.
Veja, agora, alguns aspectos que devem ser observados sobre os elementos 
de coesão:
Em um texto bem escrito, eles não permitem ambiguidade.
Há duas importantes distinções entre a oralidade e a escrita. A primeira nós já 
vimos: a oralidade dispõe de recursos extralinguísticos que resolvem qualquer 
ambiguidade (um gesto, um dedo apontando, uma informação presumida 
porque você já conhece o interlocutor, etc.). A segunda é o fato de que alguns 
conectivos passaram a ser usados exclusivamente na escrita. Por exemplo, 
considere as expressões seu e sua no enunciado
“Os amigos precisavam saber urgentemente a resposta de seu chefe 
sobre o período de férias de cada um, porém a sua secretária informou-
lhes que ele ainda não havia retornado da viagem.”
 Na linguagem oral, elas se transformam quase sempre em dele e dela (formas 
que também podem ser perfeitamente usadas por escrito). Veja que, se eu leio a 
oração Fulano foi para a sua casa, não há dúvida de que a casa é do Fulano; mas 
se eu digo a alguém Fulano foi para a sua casa, o meu interlocutor pode entender 
que Fulano foi para a casa dele, interlocutor, e não dele, Fulano...
Finalmente, lembremos que, se não houvesse relatores, a escrita seria 
“insuportável”. Veja como ficaria um trecho sem eles: 
Módulo II
Português: A Língua Padrão
53
por acaso. A distribuição do tubarão branco está mais restrita às regiões 
sul e sudeste do Brasil, em especial o litoral norte do Rio de Janeiro. No 
litoral norte do Rio de Janeiro a ressurgência do tubarão branco é comum 
em determinadas épocas do ano.
 Para fins didáticos, podemos separaros elementos de coesão em três grupos 
principais:
Elementos de referência textual. São aqueles que “apontam” para outras 
palavras do próprio texto, e só têm sentido próprio em função dessas palavras. 
Esses relatores geralmente apontam para palavras que já foram citadas (no 
início da oração, na oração anterior, no parágrafo anterior), mas podem 
também apontar para palavras que venham, depois (Confira: O problema é 
este: que fazer?).
Elementos de referência situacional. São aqueles que “apontam” para 
informações que estão fora do texto, na “cabeça” do leitor. Observe o subtítulo 
do texto “Turista Ocasional”: Ele já foi visto por aqui 24 vezes, apavorando 
pescadores e banhistas. Mas parece preferir águas mais frias. A pergunta que 
ocorre ao leitor é “aqui onde?”. No caso, o Brasil.
Elementos de relação lógica. São aqueles que estabelecem uma relação lógica 
entre uma informação (ou conjunto de informações) e outra (ou outras). Veja: 
Mas quem dormia por meia hora entre o segundo e o terceiro testes, lá pelas 
14 horas, chegava ao fim do dia com o padrão do meio dia. O que significa 
esse “mas”?
Os padrões migratórios do tubarão branco no Atlântico 
Sul ainda são desconhecidos, mas o aparecimento 
do tubarão branco quase exclusivo em locais de 
ressurgência (nos locais de ressurgência a água fria 
aflora para a superfície), confirma a tese de que o 
tubarão branco não tem muita queda pelo tempero 
brasileiro e só acaba petiscando no Atlântico Sul
Módulo II
Português: A Língua Padrão
54
 Para dar ideia da importância desses elementos na construção das frases e 
do texto, vamos comentar sua funcionalidade em algumas situações concretas da 
língua e mostrar como o seu mau emprego pode perturbar a compreensão.
 O período composto, como o nome indica, é constituído de várias orações, 
que, se não estruturadas com coesão, de acordo com as regras do sistema linguístico, 
produzem um sentido obscuro, quando não, incompreensível.
 O período que segue é plenamente compreensível porque os elementos de 
coesão estão bem empregados.
 Esse período consta de três orações, e a oração principal é: devem abandonar 
a cidade; antes da principal vem uma oração que estabelece a condição que vai 
determinar a obrigação de as indústrias abandonarem a cidade (o conectivo, no 
caso, é a conjunção se); depois da oração principal segue uma terceira oração, que 
indica a finalidade que se quer atingir com a expulsão das indústrias poluentes (o 
conectivo é a conjunção para que).
 Não é raro ocorrerem em textos escritos períodos desprovidos da oração 
principal, como no exemplo que segue: 
O homem que tenta mostrar a todos que a corrida 
armamentista que se trava entre as grandes potências é 
uma loucura.
Se estas indústrias são poluentes, devem abandonar 
a cidade, para que as boas condições de vida sejam 
preservadas.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
55
No primeiro período temos:
o homem;
que tenta mostrar a todos: oração subordinada adjetiva;
que a corrida armamentista é uma loucura: oração subordinada substantiva 
objetiva direta;
que se trava entre as grandes potências: oração subordinada adjetiva.
 A segunda oração está subordinada àquela que seria a primeira, referindo-
se ao termo homem; a terceira é subordinada à segunda; a quarta à terceira. A 
primeira oração está incompleta. Falta-lhe o predicado. O autor do trecho colocou 
o termo a que se refere a segunda oração, começou uma sucessão de inserções e 
“esqueceu-se” de desenvolver a ideia principal.
 A escrita não exige que os períodos sejam longos e complexos, mas que 
sejam completos e que as partes estejam absolutamente conectadas entre si.
 Para evitar deslizes como os apontados, graves porque o período fica 
incompreensível, não é preciso analisar sintaticamente cada período que se 
constrói. Basta usar a intuição linguística que todos os falantes possuem e reler o 
que se escreveu, preocupado em verificar se tem sentido aquilo que acabou de ser 
redigido.
 Ao escrever, devemos ter claro o que pretendemos dizer e, uma vez escrito o 
enunciado, devemos avaliar se o que foi escrito corresponde àquilo que queríamos 
dizer. A escolha do conectivo adequado é importante, já que é ele que determina 
a direção que se pretende dar ao texto, é ele que manifesta as diferentes relações 
entre os enunciados.
Módulo II
Português: A Língua Padrão
56
Questões - bloco 1
 Abaixo apresentamos alguns segmentos separados por ponto. Retire o ponto 
e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para 
isso os elementos de coesão adequados.
a) A antecipação informal da campanha eleitoral de 2018 vai contra a determinação 
do TSE. O TSE estipula a data de 16 de agosto para o início oficial do período.
b) Aero-shopping: tem jeito de shopping. É um aeroporto.
c) A cidade está muito maltratada. Quando caem as chuvas, imediatamente as 
casas das baixadas são inundadas.
d) Um clima seco assola no início da primavera a região sul. As doenças respiratórias 
aumentam nessa época do ano.
e) A maioria dos brasileiros vítimas de asma não se trata como deveria. As 
consequências desse pouco caso podem ser desastrosas.
 Os trechos seguintes apresentam problemas de coesão por causa do mau 
uso do conectivo, isto é, da palavra que estabelece a conexão. A palavra ou 
expressão conectiva inadequada vem em destaque. Procure descobrir a razão 
dessa impropriedade de uso e substitua a forma errada pela correta.
a) As previsões mais otimistas sobre o destino do Google falharam pois o lançamento 
de ações do site ainda foi um sucesso.
b) Em São Paulo já não chove há mais de dois meses, apesar de que já se pense em 
racionamento de energia elétrica.
c) As evidências resultaram em um artigo onde não se apontou uma única inverdade.
 Leia o período que segue:
Chegaram instruções repletas de recomendações para que os 
participantes do congresso, que, por sinal, acabou não se realizando 
por causa de fortes chuvas, que inundaram a cidade e paralisaram 
todos os meios de comunicação.
 1
 2
 3
Módulo II
Português: A Língua Padrão
57
UM POUCO DE SILÊNCIO
 Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, 
gostar de sossego é uma excentricidade.
 Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de 
adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de 
obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que 
não combinam conosco nem nos interessam.
 Não há perdão ou anistia para os que ficam de fora da ciranda: 
os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço de 
sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos 
sem alguma resistência.
 O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado. É 
indispensável circular, estar enturmado. Quem não corre com a 
manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa 
jaula: um animal estranho.
 Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião 
alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito 
hâmsteres que se alimentam de sua própria agitação.
 Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se 
em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto cada 
vez que examina sua alma.
 Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se 
arrumou ninguém – como se amizade ou amor se “arrumasse” em 
loja. Com relação a homem pode até ser libertário: enfim só, ninguém 
a) É compreensível o seu conteúdo?
b) Qual o seu grande defeito?
 Para exercitar, leia o texto abaixo e responda aos itens de 1 a 10. 4
Módulo II
Português: A Língua Padrão
58
pendurado nele controlando, chateando. Enfim, livre!
 Mulher, não. Se está só, em nossa mente preconceituosa é 
sempre porque está abandonada: ninguém a quer.
 Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Logo 
pensamos em depressão: quem sabe terapia e antidepressivo? Criança 
que não brinca ou salta nem participa de atividades frenéticas está 
com algum problema.
 O silêncio nos assusta por retumbar no vaziodentro de nós. 
Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas 
quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga 
outro ângulo de nós mesmos. Nos damos conta de que não somos 
apenas figurinhas atarantadas correndo entre casa, trabalho e bar, 
praia ou campo.
 Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, 
algo além desse que paga a conta, transa, ganha dinheiro, e come, 
envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem 
é esse que afinal sou eu? Quais seus desejos e medos, seus projetos 
e sonhos?
 No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. 
Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou 
pasta. Não é para assistir a um programa: é pela distração.
 Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona 
sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de ver quem – ou o que 
– somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras.
 Mas, se a gente aprende a gostar um pouco de sossego, descobre 
– em si e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e 
não necessariamente ruins. (...)
Lya Luft, Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004
Módulo II
Português: A Língua Padrão
59
 A partir do texto, é incorreto afirmar que
a) vida moderna impõe comportamentos de diversas naturezas ao homem. 
b) nos dias atuais, solidão e quietude pressupõem estado doentio.
c) o ritmo frenético da vida moderna torna o homem refém de muitos compromissos.
d) a solidão assusta o homem porque o faz refletir sobre si próprio.
e) é impossível ceder à agitação cotidiana da vida.
 Do trecho “Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar 
de sossego é uma excentricidade” (linhas 1 e 2), depreende-se que
a) em nossa cultura, é impossível gostar de sossego.
b) a agitação do cotidiano torna as pessoas esquisitas.
c) só o sossego cotidiano é capaz de deixar as pessoas menos agitadas.
d) em nossa cultura, as pessoas que gostam de sossego são acomodadas.
e) na movimentada vida moderna, não é normal gostar de sossego.
 O trecho “Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não 
se cuidar botam numa jaula: um animal estranho” (linhas 12 a 14) possibilita a 
interpretação de que
a) há preconceitos com os que não se deixam escravizar pelas obrigações cotidianas.
b) a solidão escraviza o homem, podendo torná-lo um animal estranho.
c) a agitação contemporânea incomoda e assusta o homem, podendo levá-lo à 
loucura.
d) o homem se sente acuado pelo excesso de compromissos da vida cotidiana.
e) a agitação do homem contemporâneo se assemelha à de um animal enjaulado.
 Em “Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus 
que desconcerto nosso” (linhas 43 e 44), o trecho em destaque indica que temos
a) dúvida em relação a nossa própria existência.
b) certeza de que somente Deus é capaz de desvendar nossos segredos.
c) medo de encontrar desejos reprimidos.
 1
 2
 3
 4
Módulo II
Português: A Língua Padrão
60
d) problemas inconscientes que podem vir a ser lembrados.
e) convicção da sabedoria de Deus para desvendar mistérios.
 O pronome pessoal de terceira pessoa a encontra-se no trecho
a) “Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que 
desconcerto nosso.”
b) “Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer 
coisa, assumimos uma infinidade de obrigações.”
c) “Com relação a homem pode até ser libertário: enfim só, ninguém pendurado 
nele controlando, chateando.”
d) “Não é para assistir a um programa: é pela distração.”
e) “Mulher, não. Se está só, em nossa mente preconceituosa é sempre porque está 
abandonada: ninguém a quer.”
 
 O termo em destaque no trecho “Nos damos conta de que não somos apenas 
figurinhas atarantadas correndo entre casa, trabalho e bar, praia ou campo” (linhas 
34 e 35) expressa ideia de
a) negação.
b) restrição.
c) explicação.
d) conclusão.
e) modo.
 Da palavra em destaque no trecho “Não é para assistir a um programa: é pela 
distração” (linhas 41 e 42), é correto afirmar que
a) deveria estar grafada com o acento indicador da crase, pois é uma preposição 
exigida pela regência do verbo assistir.
b) está grafada sem o acento indicador da crase porque está diante de uma palavra 
masculina.
c) não devia ter sido empregada nesta construção, porque a regência do verbo 
assistir não a exige.
 6
 5
 7
Módulo II
Português: A Língua Padrão
61
10
d) é um pronome demonstrativo, logo não há exigência do acento indicador da 
crase.
e) a construção não exige crase porque a palavra “programa” foi usada com sentido 
indeterminado.
 Em “Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença” (linha 18), o sinal de 
dois pontos, sem alterar o sentido do trecho, pode ser substituído por
a) ou.
b) porém.
c) pois.
d) por isso.
e) também.
 No trecho “Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se 
arrumou ninguém – como se amizade ou amor se ‘arrumasse’ em loja” (linhas 21 e 
22), infere-se que o uso de aspas no termo arrumasse sugere que a autora pretende
a) isolar a palavra, por ser estranha à norma culta.
b) mostrar que a palavra está empregada em sentido denotativo.
c) indicar que a palavra está empregada em tom irônico.
d) demonstrar que se trata de uma citação.
e) chamar a atenção do leitor para um neologismo.
 Há problema de pontuação no trecho
a) “Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto cada 
vez que examina sua alma.” (linhas 18 e 19)
b) “O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado. É indispensável circular, 
estar enturmado.” (linhas 11 e 12)
c) “Quem é esse que afinal sou eu? Quais seus desejos e medos, seus projetos e 
sonhos?” (linhas 38 e 39)
d) “No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos.” (linha 40)
 8
 9
Módulo II
Português: A Língua Padrão
62
e) “Com medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se o defrontamento com 
nossa alma sem máscaras.” (linhas 44 e 45)
Vale a pena saber
 CURTAS
 Há palavras que pegam como praga. Abusam. Sem pedir licença, vão 
penetrando aqui e ali. Infiltram-se nas frases. Aparecem na TV. Chegam ao Diário 
Oficial.
 O através é uma delas. Virou erva daninha. Pior – desnaturalizou-se. O 
pobrezinho pertence à família do verbo atravessar. Deve ser empregado no sentido 
de passar de um lado para o outro ou passar ao longo de:
Vejo o jardim através da janela.
 Meu olhar atravessa a janela e chega ao jardim. O emprego, aí, está perfeito.
O conceito de beleza mudou através dos tempos.
 Correto? Sim. O através não trai a origem. Significa atravessar o tempo (ao 
longo dos anos, o belo foi adquirindo significados diferentes).
 Não use através de no lugar de mediante, por meio de, por intermédio de, 
graças a ou por: 
Falei com ele pelo telefone.
O acordo será aprovado mediante acordo de líderes.
A nomeação foi feita por decreto.
 Algumas expressões também pegam. Viram moda. Espalham-se. Os jornais 
Módulo II
Português: A Língua Padrão
63
as escrevem. A tevê as bombardeia. O personagem da novela as repete. Enfim, 
caem na língua do povo.
 Uma delas é a nível de. Essa praga não existe. Mas, de tanto ser ouvida, 
parece ter carne e osso. Enganadora, dá a impressão de que é certa. Só para pegar 
os desavisados, que caem como patos: 
A nível nacional, os grevistas decidiram continuar a paralisação.
O acordo foi feito a nível de papel.
A disputa já está a nível de briga.
 Não caia na esparrela. Guarde bem isto: a nível de não existe. O que há é em 
nível de e ao nível de.
 Em nível de quer dizer no âmbito de. Mas é modismo desgastado. Sobra no 
texto. Como tudo que sobra, sobrecarrega a frase. Podemos muito bem viver sem 
ele. Quer ver?
Faço um curso em nível de pós-graduação.
(Curso em nível de pós-graduação é de pós-graduação, certo?)
A decisão foi tomada em nível de diretoria.
(Decisão em nível de diretoria? É nada mais, nada menos que decisão de 
diretoria ou tomada pela diretoria.)
E ao nível de? Significa

Outros materiais