Prévia do material em texto
AULA 1 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS Profª Natalya Silvestrini Borges Vieira Negrini 02 CONVERSA INICIAL Antes de iniciarmos nossa matéria de gerenciamento da qualidade em projetos, vamos parar para responder aos seguintes questionamentos: • O que é qualidade? • Por que se preocupar com qualidade? • Onde encontrar qualidade? • Como mensurar a qualidade? • Qual é o custo da qualidade? Nos tempos atuais, em que excelência e qualidade estão cada vez mais difundidas, os profissionais buscam melhores resultados por meio de controles efetivos. A qualidade em projetos tem como objetivo o cumprimento dos requisitos. O gerenciamento da qualidade inclui processos, tais como planejar o gerenciamento da qualidade, realizar a garantia da qualidade e controlar a qualidade. CONTEXTUALIZANDO Vejamos uma história sobre qualidade. Uma família contrata serviços de manutenção e reforma para sua casa. Chegando em casa, ao primeiro dia, encontram o pedreiro pintando a parede do quarto de verde. Em meio às conversas, o pai exclama: “isso não é qualidade”. Agora vamos pensar na afirmação do pai por um momento. Por que essa pintura não seria de qualidade? Se o contrato exigia que o pedreiro usasse determinado tipo de tinta e cumprisse padrões para a manutenção, e ele estava fazendo isso, o trabalho cumpria os requisitos de qualidade. A verdadeira questão para o pai era que a parede do quarto, antes coberta com papel de parede, estava sendo pintada, e o antigo layout sendo alterado. Em outras palavras, era uma discordância com os requisitos e não com a qualidade em si. TEMA 1 – HISTÓRIA DA QUALIDADE A palavra qualidade tem sua origem do latim qualitate, uma interrogação que indagava o qualis, a natureza. Muitas literaturas indicam que a qualidade teve seu início na Revolução Industrial, com a produção em série. No entanto, algumas histórias apresentam a Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 qualidade desde os tempos do babilônico Hamurabi e seu código, que condenava à morte os trabalhadores que construíssem uma casa que desmoronasse, por não ser sólida o suficiente, matando o morador. O desmoronamento e a morte eram resultado da falta de qualidade na construção. Dos tempos babilônicos aos artesãos que dominavam o ciclo produtivo e os elementos da qualidade (o próprio produto que seria vendido, o processo produtivo, separando produtos bons e ruins, e as vendas), chegamos à Revolução Industrial e à produção em série, que trouxe a padronização e o conceito de conformidade. Henry Ford implementou o modelo T e contribui para a disseminação dos conceitos de qualidade e o controle de processos, em que a inspeção é trabalhada para produzir de acordo com as especificações, otimizando e propagando a produção em massa. Resumindo: Podemos dizer que a qualidade surgiu nos tempos babilônicos com a construção das casas, em que a falta de qualidade resultava na morte dos moradores. Os artesãos asseguravam a qualidade de seus produtos, separando produtos bons e ruins antes das vendas. Com a Revolução Industrial, surge a produção em massa e os inspetores da qualidade, responsáveis por garantir que os produtos estivessem de acordo com a especificação. Imagine uma fábrica responsável por desenvolver um celular: cada área fabrica uma peça deste celular e, ao final, juntam-se todas as peças para entregar ao cliente. Acontece que, no meio deste processo, uma das peças não estava de acordo com o especificado, não sendo possível finalizar a montagem do aparelho. Cada setor culpa o outro e ficam à procura de culpados, a famosa bola por cima da cerca. Com a segunda guerra mundial, a corrida armamentista e o mundo bi polarizado entre EUA e URSS, a indústria bélica se destacou pela necessidade de produtos com qualidade, ou seja, pela garantia de que todos os produtos fabricados tivessem as mesmas características e não apresentassem defeitos (na medida do possível). Imagine se, no campo de batalha, uma arma falha? O exército americano solicitava garantia da qualidade dos produtos, por meio de especificações contratuais, denominando um único responsável pelo desenvolvimento do produto e por interagir com os setores e fornecedores. Este conceito de controle é disseminado pelas empresas, de modo que se propaga a gestão da qualidade. 04 O Society of Quality Engineers surge como a primeira associação de profissionais na área de qualidade, tendo como seu fundador Joseph Juran, também conhecido como pai da qualidade, que definiu a “adequação ao uso” e estimulou o envolvimento da alta direção nos processos. Neste período, surgem mais alguns nomes importantes, como Shewhart e seu trabalho de Controle Estatístico do Processo e Deming com o PDCA e a melhoria contínua. Uma última onda de conceitos se apresenta como gestão da qualidade total, que tem como objetivo a satisfação do cliente. Neste momento, todos estão conscientes sobre suas responsabilidades no processo e no resultado final, os assuntos e metas são tratados pela alta direção, métricas são definidas para quantificação dos custos e Crosby apresenta o programa zero defeitos. Garvin surge como precursor da gestão estratégica da qualidade, que se caracteriza por: a. Estabelecer ligação entre qualidade e lucratividade; b. Definir qualidade pelo ponto de vista do consumidor; c. Comprometer a alta direção com a qualidade. Resumindo: A gestão da qualidade existe há muitos anos e passou por diversas evoluções até chegar os tempos atuais, em que a excelência é considerada um diferencial. A qualidade, como conhecemos, está envolvida em três fatores principais: • Satisfação do cliente: Entender, administrar e influenciar as necessidades de maneira a satisfazer as expectativas do cliente. • Adequação ao uso: Os produtos/ serviços devem satisfazer necessidades reais. • Conformidade aos requisitos: O projeto deve produzir o que está descrito nos requisitos. Indicadores são utilizados para medir o grau de conformidade dos requisitos. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 Dentro dos processos e projetos, ao acompanhar a qualidade, podemos encontrar: Figura 1 – Características de não conformidade, falha, anomalia e problema TEMA 2 – CRONOLOGIA Para compreender o histórico dos principais processos e marcos de gestão, segue um breve histórico: Figura 2 – Cronologia • 1960 – 1985: sem aliados • 1985: Gestão da Qualidade Total (TQC) • É o não atendimento a um requisito definido pelo cliente.Não conformidade • Ocorre quando o item não executa a função determinada. É a diminuição total ou parcial da capacidade de desempenho da função de uma peça, componente ou máquina durante um período de tempo, no qual deverá haver o reparo ou a substituição do item. Falha • É qualquer desvio não programado que ocorre em um produto ou processo e que altera as condições normais de operação. Pode ser um defeito, uma falha, um erro ou um resultado melhor que o esperado. Anomalia • É o resultado indesejável de um processo por conta da dificuldade para se atingir a meta.Problema Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 Com a introdução dos conceitos de gestão da qualidade total, as empresas perceberam que só poderiam competir por meio da qualidade. A implantação da gestão da qualidade total utilizou os princípios do gerenciamento de projetos. • 1990: Engenharia simultânea As empresas perceberam que deveriam ser pioneiras para introduzir o produto no mercado. Surgiu a engenharia simultânea, com o envolvimento das equipes do projeto, facilitando o “time to 6arket”. • 1991 – 1992: Delegação e equipes autogerenciáveis Surgiram equipes autogerenciáveis. A descentralização da tomada dedecisão e de autoridade fez o gerenciamento de projetos ficar mais eficiente. • 1995: Controle de mudanças de escopo Como normalmente os projetos sofrem mudanças no escopo, foram desenvolvidas metodologias para o gerenciamento eficaz de mudanças. • 1996: Gerenciamento de riscos Foram introduzidos os planejamentos de riscos nos planos de gerenciamento de projetos. • 1997 – 1998: Escritório de projetos e centros de excelência O gerenciamento de projetos foi reconhecido como carreira profissional e foram criados escritórios de projetos e centros de excelência, identificados como o core das organizações. • 2000: Equipes multifuncionais Intensificaram-se as fusões e as aquisições, o que gerou mais organizações multinacionais. Com isso, o desafio de gerenciamento de projetos aumentou nas empresas, que passou a lidar com novas e diferentes culturas e costumes. • 2002: Planejamento estratégico para gerenciamento de projetos O gerenciamento de projetos se tornou uma competência estratégica para a organização. Os projetos eram tratados como planejamento estratégico e tinham como base os modelos de maturidade em gerenciamento de projetos. • 2003: Relatório de acompanhamento via intranet A intranet agilizou a comunicação entre as unidades de negócio da organização multinacional via relatórios de acompanhamento on-line. 07 • 2005: Gerenciamento de projetos aliado ao Six Sigma Foi desenvolvida a melhoria contínua na metodologia de gerenciamento de projetos com base na utilização da técnica “seis sigma”. • 2008: Biblioteca de melhores práticas Foi reconhecida a importância de se armazenar as melhores práticas em gerenciamento de projetos. Foram desenvolvidas bibliotecas dessas práticas ou repositório de conhecimentos. TEMA 3 – SOPA DE LETRINHAS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS A qualidade e a gestão de projetos apresentam uma sopa de letrinhas e de acrônimos que significam: • CEP: Controle Estatístico do Processo; • CCQ: Círculos de Controle da Qualidade; • TQM: Total Quality Management (gestão da qualidade total); • PDCA: Plan (planejar), Do (fazer/ desenvolver/ executar), Check (checar/ verificar), Act (agir/ ajustar/ atuar); • Kick off: Reunião de abertura do projeto; • Stakeholders: Partes interessadas; • PMBOK: Project Management Body of Knowledge (corpo de conhecimento de gestão de projetos ou guia para o conjunto de conhecimentos de gerenciamento de projetos); • PMI: Comitê de Padronização (instituição internacional sem fins lucrativos, que desenvolve e divulga as melhores práticas do gerenciamento de projetos); • PMP: Project Management Professional (certificação internacional baseada nas práticas do PMBOK, deve ser renovada junto ao PMI, por meio de realizações medidas em PDUs); • PDU: Professional Development Unit (unidade de desenvolvimento profissional é o sistema de pontuação utilizado pelo PMI para medir as “realizações” e fornecer renovação da certificação PMP); • PMO: Project Management Office (escritório de projetos é o departamento responsável pelos processos de gestão de projetos na empresa); Candido Marcelo Realce 08 • CPM: Critical Path Method (método do caminho crítico, que ajuda a identificar qual caminho consome mais tempo, analisando prazo, custo e qualidade); • ERP: Enterprise Resource Planning (planejamento de recursos empresariais. São softwares complexos para controle sinérgico de todos os departamentos da empresa); • PCP: Planejamento e Controle da Produção; • SLA: Service Level Agreement (acordo sobre o nível de serviços, ou seja, datas de entrega combinadas entre projetos). TEMA 4 – GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS A gestão da qualidade dentro do contexto de projetos é definida como o nível de cumprimento dos requisitos pelo projeto. Classificada como uma área de conhecimento do PMBOK, é também conhecida como guia para o conjunto de conhecimentos de gerenciamento de projetos. O PMBOK tem sua autoria pelo PMI e, como objetivo, a criação de padrão, que identifica, conceitua processos, áreas de conhecimento, ferramentas e técnicas. Não se trata de uma metodologia, pois não fornece abordagens diferentes de acordo com cada tipo de projeto, tampouco apresenta modelos únicos de documentos a serem utilizados. Apresenta, contudo, melhores práticas, as quais acabaram se transformando em um padrão que serve como base para diversas metodologias/certificações. O mundo globalizado e as grandes corporações precisam, cada vez mais, de projetos que atendam aos requisitos em termos de escopo, custo, prazo e qualidade. Como resultado, temos excelência na condução pelo gerente de projetos, com visibilidade nas ações, maior comunicação, prazos extremamente controlados e o produto entregue dentro das especificações. Os processos do PMBOK são organizados em cinco grupos: Candido Marcelo Realce 09 Figura 1 – Os cinco grupos de processos do PMBOK 4.1 Iniciação Início do projeto ou uma nova fase do projeto existente. O projeto só pode ser iniciado com o aceite formal do sponsor do projeto (termo de abertura), devidamente documentado e arquivado. São definidos: escopo do projeto, reunião de kick off e liberação de recursos financeiros. Nesta fase, é possível avaliar se o projeto deve ser cancelado, adiado ou liberado. 4.2 Planejamento Um dos processos mais complexos existentes, pois é responsável pela avaliação de todas as variáveis que compõem o projeto e suas atividades até o encerramento. As variáveis são controladas por meio de escopo, cronograma, custos, riscos, qualidade, comunicação (além de um repositório com toda documentação, disponível para os stakeholders do projeto). Um planejamento bem realizado é capaz de definir o caminho crítico (por meio da técnica CPM), economizar recursos, prever os principais riscos e garantir que todo o processo de execução ocorra da melhor maneira possível. O planejamento é a etapa fundamental para o gestor conhecer o empreendimento, as regras de negócio, a tecnologia e outros componentes que formam sua totalidade, organizando, de forma cronológica, todas as etapas, fases e atividades. Estas informações auxiliam na tomada de decisões e na delegação de tarefa aos respectivos responsáveis. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 4.3 Execução Ocorre a execução do planejamento. Todo o trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto é executado nesta fase. O processo de monitoramento e controle segue fazendo a avaliação do projeto, garantindo que todas as atividades definidas sejam executadas. Reuniões de acompanhamento ajudam a seguir o plano (se necessário, podem incluir atualizações), rever riscos e comunicar a equipe do projeto. 4.4 Monitoramento e Controle Busca garantir que a execução esteja acordo com o planejamento, medindo e reportando aos principais stakeholders. Na etapa de monitoramento e controle: [...] é realizado o acompanhamento, a revisão e o controle do progresso e desempenho do projeto. Todas as áreas afetadas devem ser identificadas, avaliando a necessidade de mudanças. Caso sejam necessárias, as mudanças devem ser realizadas o mais rápido possível, evitando que todo o projeto seja prejudicado. (Builder, 2017) A matriz de riscos também deve ser monitorada. Porém, deve-se lembrar que um risco é uma condição incerta, podendo ser positiva ou negativa. Dessa forma, é necessário maximizar as oportunidades e mitigar as ameaças, buscando sempre o melhor cenário possível. Vale lembrar! O trabalho não deve se concentrar em problemas, e sim evitar que eles ocorram. Os critérios de avaliação do risco são: • Analisar a probabilidade de um risco acontecer; • Avaliar o impacto (resultados possíveis); • Quando se espera que o risco ocorra/ data de resolução. 4.5 Encerramento Responsável por formalizar o final do projeto ou uma fase doprojeto, além de registrar as lições aprendidas para uso futuro. A formalização do encerramento se dá pela criação de vários documentos, como aceite do sponsor, entregas de atividades e rollout em produção. Importante! A gestão da qualidade é classificada como uma área de conhecimento do PMBOK, de modo que o seu planejamento, execução e controle estão dentro de outras áreas de conhecimento, conforme segue: Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 Figura 4 - A qualidade e seu planejamento, execução e monitoramento e controle Planejamento: Planejar o gerenciamento da qualidade Identificar requisitos e padrões da qualidade do projeto e do produto e documentar como o projeto demostrará a conformidade Execução: Realizar a garantia da qualidade Auditar os requisitos da qualidade e os resultados das medições do controle da qualidade para certificar que os padrões da qualidade e definições operacionais apropriadas estão sendo utilizadas. Monitoramento e Controle: Controlar a qualidade Monitorar e registrar os resultados da execução das atividades para avaliar a performance e recomendar mudanças necessárias. Fonte: Mulcahy (2013). Figura 2 – A sinergia entre planejamento, execução e monitoramento e controle Fonte: Mulcahy (2013). O guia PMBOK é uma das maiores referências para o gerenciamento de projetos no mundo, porém, as melhores práticas podem não ser suficientes para garantir uma gestão efetiva e satisfatória em um projeto. A condução depende também do desenvolvimento e da busca de conhecimentos e habilidades do gerente de projetos. Este deve estar atento às inovações e buscar aperfeiçoamento contínuo, alavanco à sua carreira para se tornar um líder de sucesso. Monitoramento e Controle Execução Planeja- mento Candido Marcelo Realce 012 TEMA 5 – FERRAMENTAS DA QUALIDADE Quando se trata da qualidade, referenciamos algumas ferramentas que estão diretamente relacionadas à estratégia da empresa. Estratégia pode ser entendida como “ação humana em diversas esferas, guiando a ações voltadas para conquista e busca do êxito em qualquer situação”. Vejamos alguns exemplos: • A política tem como objetivo a conquista do poder; • A economia busca a riqueza; • Na guerra, a vitória; • As empresas buscam atingir os objetivos estratégicos. As ferramentas da qualidade são um grande apoio para as organizações implementarem a qualidade. São utilizadas para definir, mensurar, analisar e propor soluções aos problemas identificados que interferem no desempenho dos processos organizacionais, além de estabelecer padrões e melhoria contínua. (Martins, 2013) São as 7 ferramentas da qualidade: 5.1 Fluxograma “Também chamado de gráfico de procedimentos ou gráfico de processos é a representação gráfica da sequência das etapas de um processo. É uma ferramenta de documentação do processo permitindo entender de forma rápida o funcionamento do processo” (Ferramentas da Qualidade, 2016). Figura 6 – Fluxograma 5.2 Diagrama de Ishikawa Muito conhecido por espinha de peixe, por causa do seu formato gráfico, e de causa e efeito, por detalhar as possíveis causas de um efeito (ou problema). É Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 usada para encontrar, organizar, classificar, documentar e exibir graficamente as causas de determinado problema, agrupando-as por categorias que facilitam o brainstorming de ideias e a análise da ocorrência. Como as causas são hierarquizadas, é possível identificar de maneira concreta as fontes de um problema. Figura 7 - Diagrama de Ishikawa Fonte: Blog Luz. 5.3 Folha de Verificação “Ou lista de verificação, checklist e lista de recolhimento de defeitos é a ferramenta mais disseminada e utilizada dentre as ferramentas, talvez por sua simplicidade de utilização. Representada por um formulário utilizado para padronizar e facilitar a coleta de dados, além de uniformizar a verificação e execução de processos” (Ferramentas da Qualidade, 2016). Figura 8 – Folha de Verificação Fonte: Gin Tonic/Shutterstock. https://www.shutterstock.com/g/emin%20rahimov Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 014 5.4 Diagrama de Pareto Utiliza-se a relação 80/20 para analisar os problemas de Qualidade encontrados no SGQ (Sistema de Gestão da Qualidade). “Com o uso da ferramenta, é possível estudar e descobrir quais ocorrências são mais relevantes e, com isso, devem ter a tratativa priorizada” (Ferramentas da Qualidade, 2016). Figura 9 – Diagrama de Pareto 5.5 Histograma “Ou gráfico de distribuição de frequências é uma representação gráfica para distribuição de dados numéricos, ou seja, um modelo estatístico para a organização dos dados, exibindo a frequência que uma determinada amostra de dados ocorre” (Ferramentas da Qualidade, 2016). Figura 10 – Histograma 5.6 Diagrama de Dispersão “Ou gráfico de dispersão é uma representação gráfica da possível relação entre duas variáveis de natureza quantitativa. Mostra o que acontece com uma 54 42 33 22 0 10 20 30 40 50 60 Bug 1 Bug 2 Bug 3 Bug 4 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 015 variável quando a outra se altera, ajudado a verificar a relação entre elas” (Ferramentas da Qualidade, 2016). Figura 11 – Gráfico de dispersão 5.7 Controle Estatístico do Processo (CEP) “É um método de coleta e verificação de amostra de resultados de um processo, a fim de controlar seu funcionamento e diminuir as falhas decorrentes da sua execução” (Ferramentas da Qualidade, 2016). Figura 12 – CEP FINALIZANDO A evolução da qualidade se deu na busca pela excelência em atividades, processos e gerenciamento. Passando pelo histórico da inspeção, gestão da qualidade total até chegarmos na globalização e no diferencial competitivo. Alguns gurus da qualidade surgem para fomentar técnicas de controle estatístico, indicadores e melhoria contínua. Nomes como Deming, Shewhart e Ishikawa nos ajudam a difundir as ferramentas da qualidade, que se configuram 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 2 4 6 8 10 0 10 20 30 40 50 Limite Superior Limite Inferior Média Causas Comuns Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 016 um grande apoio para as empresas implementarem rotinas, controles e resultados. O papel do gerente de projetos surge para consolidar atividades e entregas, buscando a conformidade com os requisitos. Baseado nas melhores práticas do guia PMBOK, utiliza 5 áreas de conhecimento: Iniciação, Planejamento, Monitoramento e Controle, e Encerramento. A gestão da qualidade também é classificada como uma área de conhecimento e seu planejamento, execução e monitoramento e controle estão dentro de outras áreas, identificando e auditando os requisitos padrões, monitorando e registrando resultados para avaliar performance e recomendar mudanças necessárias no processo. (PMBOK, 2013) 017 REFERÊNCIAS DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J., CHASE, R. B. Fundamentos da Administração da Produção. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. FARIA, C. História da qualidade. Infoescola. Disponível em: <https://www.infoescola.com/administracao_/historia-da-qualidade/>. Acesso em: 4 fev. 2018. FERRAMENTAS DA QUALIDADE. Disponível em: <http://www.ferramentasdaqualidade.org/>. Acesso em: 4 fev. 2018. GESTÃO DA QUALIDADE. Disponível em: <http://gestao-de-qualidade.info/>. Acesso em: 4 fev. 2018. GRUPO de processos de gerenciamento de projetos. Diego Macedo – Especialista de TI, 23 dez. 2011. Disponível em: <http://www.diegomacedo.com.br/grupos-de-processos-de-gerenciamento-de- projetos/>. Acesso em: 4 fev. 2018. GRUPOS de processos do PMBOK. Project Builder, 13 set. 2017. Disponível em: <https://www.projectbuilder.com.br/blog/quais-sao-os-grupos-de-processos-segundo-o-pmbok/>. Acesso em: 4 fev. 2018. GUIA do PMBOK. Trentim – Gestão & Projetos, 31 out. 2015. Disponível em: <http://trentim.com.br/2015/10/guia-pmbok-5/>. Acesso em: 4 fev. 2018. KERZNER, H. Gerenciamento de Projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. São Paulo: Blucher, 2011. MARTINS, R. As 7 ferramentas da qualidade. Blog da Qualidade, 19 dez. 2013. Disponível em: <http://www.blogdaqualidade.com.br/as-sete-ferramentas-da- qualidade/>. Acesso em: 4 fev. 2018. MULCAHY, R. Preparatório para o Exame de PMP. USA, Ed. RMC Publications, 8th 2013. PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 018 PMI – Project Management Institute. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc, 2013. QUAIS são os grupos de processos segundo o PMBOK? Builder, 13 set. 2017. Disponível em: <https://www.projectbuilder.com.br/blog/quais-sao-os-grupos-de- processos-segundo-o-pmbok/>. Acesso em: 4 fev. 2018. RODRIGUES, E. Sopa de letrinhas do gerenciamento de projetos. Gestão de projeto na prática – por Eli Rodrigues, 13 out. 2015. Disponível em: <https://www.elirodrigues.com/2015/10/13/sopa-de-letrinhas-do-gerenciamento- de-projetos/>. Acesso em: 4 fev. 2018. AULA 2 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS Profª Natalya Silvestrini Borges Vieira Negrini 02 CONVERSA INICIAL Vamos falar um pouco mais sobre qualidade, mas, desta vez, dentro do contexto organizacional. O que são indicadores? Onde os indicadores são aplicados? O que é eficiência e eficácia? O que são processos? No ambiente competitivo, quais são as técnicas e processos que podem contribuir para a inovação e conquista de mercado? Vamos abordar todos os temas a partir do contexto da qualidade, buscando a melhoria contínua. CONTEXTUALIZANDO Imagine uma empresa que não apresenta processos definidos e trabalha apagando incêndios. Seus gerentes conduzem projetos de forma descoordenada e conforme suas próprias experiências profissionais. Sem treinamentos, documentos-padrão, metodologias, instrução de trabalho ou comunicação adequada, buscam entregar os resultados. A gestão da qualidade surge para contribuir no controle de todas as etapas de processo, garantir a conformidade e buscar a melhoria contínua e excelência. TEMA 1 – PARA QUE SERVE UM EMPREENDIMENTO? Um planejamento adequado proporciona uma visão ampla de todos os pontos com que o gerente de projetos deve trabalhar. Com o plano completo, todas as etapas, atividades e responsáveis são previstos. As empresas estruturadas possuem funções de planejamento e de expansão organizadas em uma área responsável pelos projetos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos. As áreas de planejamento e pesquisa (P&D), ao atuarem com sinergia, são as grandes responsáveis pelas mudanças operadas na empresa. O estudo de novos produtos, por vezes, gera a necessidade de planejamento de uma nova linha de produção ou, até mesmo, de uma nova unidade. Para Casarotto (2009), a implantação do que foi planejado torna-se uma Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 decisão estratégica, que exige o desenvolvimento de um estudo de viabilidade econômica. A definição clara do escopo do projeto aumenta a probabilidade de seu êxito, uma vez que explicitar sua missão e seus objetivos facilita sua implantação e reduz os conflitos com os clientes. O planejamento correto do produto, de suas especificações, componentes e características é a chave para o sucesso. Contudo, somente esse planejamento não é suficiente; é preciso que a empresa se certifique de que os objetivos serão atingidos e de que a participação da equipe está sendo efetiva. Os conceitos de gestão da qualidade são utilizados para que a empresa realize uma pesquisa com o cliente com o objetivo de entender seus desejos, para definir o escopo do projeto de forma condizente com as necessidades do mercado e, em seguida, determinar seus objetivos e iniciar o planejamento de todas as etapas que constituirão o projeto. Esta etapa é constituída, portanto, por estudos aprofundados sobre a viabilidade técnica, econômica e financeira, para que os envolvidos possam decidir se o empreendimento pode ter continuação e, caso tenha, partir para a engenharia básica. Com as novas características de mercado, como a globalização, novas abordagens devem ser inseridas nessa etapa, por exemplo, as análises estratégica e logística e o desenvolvimento de redes, entre outros. Todavia, as decisões estratégicas são responsáveis por direcionar essa etapa. Além disso, essa fase é primordial para a qualidade do projeto, pois são realizadas todas as definições que nortearão seu desenvolvimento. Atualmente, para que o desenvolvimento de um projeto de negócios possa garantir sucesso ao empreendimento, os seguintes elementos precisam ser considerados: Estratégia Competitiva; Mercado; Marca; Parcerias com fornecedores; Clientes e concorrentes; Terceirização; Franquias; Fabricação; Logística; 04 Gestão; Equacionamento econômico financeiro. O plano de negócio, ou business plan, se torna um documento de saída, consolidando todo o planejamento do empreendimento com informações estratégicas, objetivos, expansão, métricas, entre outros. Com ele em mãos, o empreendedor tem uma visão analítica e situacional, entendendo melhor a realidade inserida e quais ações serão adotadas nos diferentes momentos e ocasiões. TEMA 2 – QUALIDADE, PRODUTIVIDADE, COMPETITIVIDADE E NORMALIZAÇÃO 2.1 Qualidade O controle da qualidade se realiza por meio do emprego de técnicas e atividades operacionais que servem para monitorar se determinado processo atende aos requisitos definidos previamente. Entre estas atividades, são realizados controles estatísticos, acompanhamento de indicadores, entre outros. Desta forma, é possível criar ações preventivas para eliminar as ocorrências que desviam o processo de sua função de atender às necessidades do cliente. Essas ocorrências que devem ser eliminadas são denominadas falhas, anomalias, não conformidades e problemas. 2.2 Produtividade A utilização de recursos de uma empresa para a geração de produtos e serviços, por meio de um sistema dinâmico e contínuo de trabalho, resulta em produtividade. Desta forma, a produtividade cresce com a qualidade dos produtos, gerando diferencial e maior competitividade no mercado. O resultado é chamado de eficiência. O equilíbrio entre produtividade e qualidade é uma combinação de eficiência e eficácia: Eficiência: ato de fazer certo as coisas. Quando a tarefa é executada da melhor maneira possível, com o menor desperdício de tempo, esforço e recursos (produtividade). Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 Eficácia: Fazer as coisas certas. É algo adequado para atingir um propósito, de modo a alcançar o resultado pretendido ou esperado (qualidade). 2.3 Competitividade A competitividade empresarial é uma grande motivadora para a geração de negócios e inovação, além de um super desafio diário para as organizações. Mas como alavancar o negócio em meio a tanta disputa? Em um mercado volátil, uma série de fatores influencia e determina o grau de competitividade de uma empresa, como processos definidos, qualidade de produtos, treinamentos, inovação mercadológica, entre outros. 2.4 Normalização A normalização é o processo de desenvolvimento, difusão e aplicação de normas técnicas para a solução ou prevenção de problemas, com a participação das partes interessadas. As normas técnicas estabelecemas expectativas em relação ao produto, processo, serviço ou sistema de gestão quanto aos requisitos da qualidade, indicadores de desempenho, de segurança, ambientais, de procedimentos, de formas, entre outros. As normas técnicas são estabelecidas com base em um comitê e aprovadas por uma organização nacional/internacional que visa otimizar benefícios para as empresas e para a comunidade. A ISO (International Organization for Standardization) é a Organização Internacional para Padronização. Criada em Genebra, no ano de 1947, é a entidade de padronização e normatização para qualidade. Seu principal objetivo é aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, como normas técnicas, normas de procedimentos e processos. As normas mais conhecidas são ISO 9000, ISO 9001 e 14000. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos e reconhecida como único foro nacional de normalização. TEMA 3 – PROJETOS, PROCESSOS, PROJETO DE PROCESSO E PROCESSO DE PROJETO Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 A integração global resultou na quebra do conceito de escala para o conceito de economia de escopo, tendo o processo aliado às atividades produtivas e sequência de passos que dão forma ao produto ou ao serviço que a organização produz. O PMBOK (2013) define: “Abordagem para identificar, desenhar (ou projetar), executar, medir, monitorar e controlar processos de negócio, automatizados ou não, para alcançar consistência e resultados alinhados aos objetivos estratégicos da organização”. Uma empresa que não apresenta processos definidos, treinamentos, capacitação, papéis e responsabilidades claros tem de lidar com todos os desvios que surgem nas atividades do dia a dia. Principais problemas: Formação de filas; Confusão de atividades; Síndrome da demora; Excessos burocráticos e deficiências de controle. Para estruturar as informações de forma ordenada, pode-se dividir em: Macroprocessos: É o meio pelo qual a organização reúne os grandes conjuntos de atividades para gerar valor e cumprir a sua missão. Contém as funções da organização e devem estar alinhados com os objetivos organizacionais da empresa. Processos: Processo é um conjunto de atividades sequenciais e logicamente relacionadas, com início e fim determinados, envolvendo pessoas, equipamentos, procedimentos e informações que, quando executadas, transformam entradas em saídas, agregam valor e produzem resultados específicos para o cliente. Atividades: São as ações executadas, descritas no processo. O que e como será feito. Tarefas: São as orientações de processo, com um nível maior de detalhamento. Descrevem as atividades sequenciais e independentes Ao elaborar um processo, devemos analisar: Utilidade de cada etapa do processo; verificar vantagens em alterar a sequência das operações; adequar as operações (atividades) às pessoas que as executam; identificar treinamento para o trabalho específico no processo; institucionalização do processo. O fluxograma: detalha o processo do início ao fim e por meio dele é possível analisar e propor mudanças. Algumas fermentas auxiliam neste desenho de processo, como Visio, Bizagi ou Excel. (Balzani, 2009) Figura 1 – Fluxograma Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 Quando a etapa de elaboração do processo se inicia, é preciso convocar uma reunião com todos os envolvidos, utilizar a técnica de brainstorm e, com a participação e colaboração de todos, responder aos seguintes questionamentos: Quanto o processo é importante? Como é repassado aos demais setores da organização? Quais pessoas deveriam ter acesso? Quais os perfis? Alterações serão significativas para estes recursos? O impacto será positivo? Quais dificuldades vividas? Problemas específicos ou da organização? Problemas percebidos durante o processo? É necessário eliminar passos? Ou criar novos passos? As alterações serão significativas? O impacto será positivo? As informações devem ser analisadas e preparadas para a escrita do fluxograma. Vale reforçar: a observação pessoal e a capacidade analítica são importantes para a eficiência do processo. Algumas vezes, perder um passo no processo significa perder tudo, ou seja, anote tudo, analise tudo. Envolva as pessoas estratégicas na escrita do processo e busque o apoio da alta direção. Mantenha o histórico ao escrever manuais ou instruções de trabalho. E, por fim, comunique a elaboração e qualquer alteração do processo para toda a organização. Dois pontos muito importantes e aliados à implementação de processos são a cultura organizacional e a institucionalização. 08 Figura 2 – Definição de cultura organizacional e institucionalização Cultura organizacional Conjunto de valores, crenças, rituais e normas adotadas por determinada organização. Institucionalização Por meio de reuniões, treinamentos, e-mails informativos para toda a organização. Segundo Figueiredo, “com base nas informações geradas, os usuários podem avaliar o desempenho de equipes, atividades, processos e da própria organização, para tomar decisão e executar ações para melhoria de desempenho”. TEMA 4 – PDCA COMO METODOLOGIA BÁSICA DE GERENCIAMENTO O Ciclo PDCA, também conhecido por ciclo de Shewhart, foi reformulado e difundido por Eduard Deming, também conhecido por ser o pai da qualidade. Um pouco sobre Deming: Trabalhou com Shewhart (CEP) no Departamento da Agricultura; Foi consultor, escritor e professor; Convidado a trabalhar na reformulação de processos e aplicar a sua metodologia no Japão, onde recebeu a Medalha da 2ª Ordem do Sagrado Tesouro (reconhecido por gerar maior impacto sobre a indústria e economia do país); A JUSE (União Japonesa de Cientistas e Engenheiros) criou o prêmio Deming de Qualidade; Homenageado pelo Reagen, nos EUA, recebeu a Medalha Nacional de Tecnologia; Criou o Eduards Deming Institute. Segundo Deming, qualidade é melhoria contínua, aplicada às empresas, com impacto positivo na produtividade. PDCA é um processo de desenvolvimento e melhoria contínua. Auxilia na promoção da qualidade e é utilizado, atualmente, por empresas que querem dar ênfase para a qualidade do processo, e não somente para a do produto, por meio de um método contínuo (Kersner, 2011). Embora simples, o PDCA precisa de disciplina, treinamento e comprometimento para que todas as etapas sejam colocadas em prática. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 Sua aplicação consiste em 4 etapas: Figura 3 – Ciclo PDCA 4.1 Plan (“Planejar”) Planejar o trabalho a ser executado com base em um plano de ação. Definir quais são os objetivos para solucionar um desvio e desenvolver um plano para atingi-lo. As metas são baseadas no planejamento estratégico ou nos objetivos que a organização pretende atingir em termos de mercado, produtividade, redução de custo, aumento da qualidade, entre outros. O plano de ação, ou plano de atividades, é utilizado para garantir que todas as tarefas sejam executadas. Seguem os principais objetivos do plano de ação: Planejar e acompanhar as atividades; Monitorar a execução e garantir o cumprimento de todas atividades; Controlar as informações de objetivos, ações e responsáveis, com datas de entregas. Plan Do Check Act Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce010 Figura 4 – Plano de Ação 4.2 Do (“Fazer”/“Desenvolver”/“Executar”) Realizar o trabalho planejado de acordo com o plano de ação. Colocar o planejamento em prática, ou seja, executar todas as ações que foram determinadas. Nesta etapa também são feitas coletas de dados que serão utilizados na próxima etapa. 4.3 Check (“Checar”/“Verificar”) Medir ou avaliar o que foi feito, identificando a diferença entre o planejado e realizado do plano de ação. Analisar os dados gerados no processo de execução, comparando o que foi executado versus o que foi planejado, verificando se há conformidade com o que se pretendia. São criados indicadores de desempenho para facilitar a análise e verificação do cumprimento das metas. 4.4 Act (“Agir”/“Ajustar”/“Atuar”) Atuar corretivamente sobre as não conformidades identificadas. Após verificação, os desvios são identificados e mapeadas as causas raiz. Com ações corretivas, estas causas são eliminadas para que o problema não mais ocorra, dando continuidade ao processo padronizado. Depois desta etapa, caso ainda existam melhorias a ser feitas, o ciclo PDCA deve ser reiniciado, corrigindo as não conformidades, os métodos e as atividades, buscando a melhoria contínua. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 TEMA 5 – INDICADORES DE DESEMPENHO, ITENS DE CONTROLE E ITENS DE VERIFICAÇÃO 5.1 Indicadores de desempenho Os indicadores de desempenho, ou KPI (Key Performance Indicator), são métricas que quantificam a performance de acordo com os objetivos organizacionais (estratégia). Os indicadores podem ser classificados como produtividade, qualidade, capacidade, estratégia, lucratividade, ticket médio e turnover. Seguem: Quadro 1 – Indicadores Indicadores Produtividade: Tem como objetivo avaliar o rendimento e a eficiência dos processos na empresa, ou seja, tem como objetivo mensurar a utilização dos recursos da empresa com relação às entregas. Exemplo: O controle da quantidade produzida de roupas infantis. Qualidade: Possui sinergia com o indicador de produtividade, pois ajuda a entender qualquer desvio ou não conformidade que ocorreu durante o processo produtivo. Exemplo: Em uma fábrica de motores, consideramos as não conformidades, em que a quantidade de ocorrências durante um período é comparada com o nível de aceitação estabelecida. Capacidade: Mede a capacidade de resposta de um processo. Exemplo: Em uma fábrica de biscoitos, é necessário controlar a quantidade de produtos que uma máquina consegue embalar durante determinado período de tempo. Estratégicos: Auxiliam na orientação de como a empresa se encontra com relação aos objetivos estabelecidos anteriormente. Eles indicam e fornecem um comparativo de como está o cenário atual da empresa com relação ao que deveria ser. Exemplo: Uma corretora de seguros busca o crescimento orgânico, com a estratégia de lançamento de venda do produto “previdência privada”. Lucratividade: Calcula o percentual de lucro sobre o faturamento e ajuda a entender qual caminho o negócio tem seguido e quais ações podem ser tomadas para melhorar o resultado. Exemplo: Um posto de gasolina inclui produtos para venda na loja de conveniência com o objetivo de incrementar o lucro sobre o faturamento. Ticket Médio: Permite entender como funciona o controle de vendas por meio de três parâmetros: vendas, por cliente e por vendedor. Exemplo: Uma empresa telecom deseja mapear as vendas por cliente. Sendo assim, coleta informações de quais clientes compram mais (top 5 de vendas) e, com base nestas informações, muda a forma de relacionamento, oferecendo atendimento diferenciado e negociações especiais. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 Turnover: Avalia o grau de rotatividade dos funcionários e contribui para o entendimento de questões internas da empresa. Grandes taxas de turnover sinalizam problemas de liderança, de clima organizacional e de desvalorização dos colaboradores. Exemplo: Em uma área de televendas, os funcionários não ficam mais que três meses, pedindo o desligamento de suas atribuições. Um desafio comum para as organizações é apresentar os indicadores de desempenho para os diversos setores, a fim de monitorar a evolução dos resultados de acordo com as metas definidas. A apresentação das informações de forma visual contribui no entendimento de todos os funcionários, desde os estagiários até a alta direção. Mas afinal, o que são dashboards? São painéis que mostram métricas e indicadores de forma visual, facilitando a compreensão das informações geradas. Figura 5 – Dashboards Fonte: Shutterstock. Dicas para elaborar um dashboard: Definir o objetivo e o público para envio; Não apresentar informações desnecessárias ou irrelevantes de acordo com o objetivo do dashboard; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 Não trabalhar com barra de rolagem (o ideal é apresentar todas as informações em uma única tela); Usar poucas cores (de preferência neutras); Não utilizar imagens desnecessárias. 5.2 Itens de Controle São índices numéricos relacionados com as quatro dimensões da qualidade: custo, qualidade, entrega e serviços. 5.3 Itens de Verificação São índices numéricos estabelecidos sobre as causas que exercem influência sobre determinado item de controle. FINALIZANDO O gerente tem algumas atribuições na condução dos projetos, buscando a melhoria de processos, o monitoramento e controle de indicadores e objetivos estratégicos. Possui também o papel de agente transformador na melhoria contínua, aplicando métodos como PDCA e metodologias para atingir a qualidade. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 014 REFERÊNCIAS BALZANI, H. Visão prática: conceitos fundamentais em gestão por processos. Comunidade ADM, 17 abr. 2009. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/visao-pratica-conceitos- fundamentais-em-gestao-por-processos/29427/>. Acesso em: 5 fev. 2018. BULGACOV, S. et al. Administração estratégica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007. CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. INDICADORES de Controle e Verificação. Passei direto. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/4344204/6-indicadores-de-controle-e-de- verificacao>. Acesso em: 5 fev. 2018. CORRÊA, K. Como elaborar, utilizar e monitorar itens de controle no gerenciamento da rotina. Administração e Gestão, 11 nov. 2014. Disponível em: <https://www.administracaoegestao.com.br/planejamento-estrategico/modulo-iv- implementacao-da-estrategia/como-elaborar-utilizar-e-monitorar-itens-de- controle-no-gerenciamento-da-rotina/>. Acesso em: 5 fev. 2018. KERZNER, H. Gerenciamento de Projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. São Paulo: Blucher, 2011. MARQUES, J. R. Como atingir o equilíbrio entre produtividade e qualidade na empresa? Portal IBC, 5 maio 2017. Disponível em <http://www.ibccoaching.com.br/portal/como-atingir-o-equilibrio-entre- produtividade-e-qualidade-na-empresa/>. Acesso em: 5 fev. 2018. MULCAHY, R. Preparatório para o exame de PMP. USA, Ed. RMC Publications, 8th 2013. PMI – Project Management Institute. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc, 2013. INDICADORES de Desempenho. Endeavor Brasil, 26 maio 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/indicadores-de- desempenho/?gclid=CjwKCAiApo3SBRA4EiwAty8i-hUHPxpKNIv_27TDEqWTyJS2U- NqfJeFqB19XWbxlmoLRKuWf5wpBxoCRLsQAvD_BwE>.Acesso em: 5 fev. 2018. 015 CAROLINA, C. Melhores práticas de BPMN. Net Coders, 9 set. 2015. Disponível em: <http://netcoders.com.br/melhores-praticas-de-bpmn/>. Acesso em: 5 fev. 2018. NASCIMENTO, R. O que é um dashboard? Marketing por dados, 19 maio 2017. Disponível em <http://marketingpordados.com/analise-de-dados/o-que-e- dashboard-%F0%9F%93%8A/>. Acesso em: 5 fev. 2018. QUAIS são os grupos de processos segundo o PMBOK? Builder, 13 set. 2017. Disponível em: <https://www.projectbuilder.com.br/blog/quais-sao-os-grupos-de- processos-segundo-o-pmbok/>. Acesso em: 4 fev. 2018. AULA 3 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS Profª Natalya Silvestrini Borges Vieira Negrini 02 CONVERSA INICIAL A qualidade dos protudos tem sido aperfeiçoada no decorrer dos últimos anos. Os principais feitos são traduzidos na inspeção dos produtos e, mais atualmente, na satisfação do cliente final. A gerência se torna mais participativa, as equipes auto gerenciáveis, as atividades são mapeadas para um maior desempenho, além da presença técnicas e ferramentas que contribuem na medição, monitoramento e em correções de não conformidades. Os processos são organizados, detalhados e armazenados para manter o controle e a rastreabilidade, sem perder informações importantes ou a continuidade de atividades na possível ausência de um colaborador. CONTEXTUALIZANDO João acaba de passar em um processo seletivo para trabalhar em uma multinacional de fast food. Sua alegria e empolgação giram em torno da oportunidade que se inicia, seus os pensamentos começam a divagar quanto ao desafio que tem pela frente. Quais serão as atividades desempenhadas? Quem será o responsável por apresentar essas atividades? Existe algum tipo de verificação de que as atividades foram repassadas? Onde são salvos os documentos com o fluxo das atividades? TEMA 1 – GERENCIAMENTO DA QUALIDADE TOTAL O Gerenciamento da Qualidade Total, ou TQM (Total Quality Management), surgiu nas décadas de 50 e 60, época em que houve uma quebra de paradigmas, quando as empresas entenderam que a qualidade não era apenas derivada do processo produtivo ou do produto, mas da empresa como um todo. A gestão da qualidade total está baseada em processos de aperfeiçoamento e melhoria contínua, resultando em maior produtividade e lucratividade. É um conceito de controle da qualidade que atribui responsabilidades a toda organização e a toda cadeia produtiva. Suas orientações devem ser top-dowm, partindo do apoio da alta direção até o chão de fábrica. A proposta é que seja trabalhada a autonomia dos funcionários, para que eles consigam resolver questões e tomar decisões que normalmente eram de responsabilidade dos gerentes. Esse processo de empoderamento das pessoas possibilita um desenvolvimento ágil, pois garante necessidades atendidas em Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 pouco tempo e respostas rápidas aos problemas. De acordo com Deming, a qualidade total está baseada em dez mandamentos que norteiam as melhores práticas de forma incremental: 1. Satisfação do cliente 2. Delegação 3. Gerência participativa 4. Melhoria Contínua 5. Desenvolvimento das pessoas 6. Comunicação e disseminação de informações 7. Não aceitação de erros 8. Constância de propósitos 9. Garantia de qualidade 10. Gerência de Processos A qualidade total tem o foco no cliente e trabalha de forma simultânea à produtividade e competitividade da empresa, resultando em excelência dos processos, inovação e destaque no mercado em que atua. Ou seja, a qualidade total é uma metodologia que faz uso de técnicas e ferramentas da qualidade integradas ao modelo de gestão, valorizando o trabalho participativo como forma de motivar e estimular inovações e melhorias, buscando a satisfação dos clientes internos e externos. TEMA 2 – FLUXOGRAMA O fluxograma é uma ferramenta de documentação, uma representação gráfica das etapas de um processo, e permite interpretar e entender de forma rápida e visual todas as atividades. Mostra como um processo flui do início ao fim, como os elementos se relacionam e quais são os caminhos alternativos que o processo pode tomar. Mas por que criar processos? A criação de processos pode facilitar de forma a: documentar um processo existente de forma clara e objetiva; prestar suporte a treinamentos; estabelecer padrões para a avaliação da conformidade; entender comportamentos em diferentes situações nas mudanças organizacionais; identificar e analisar oportunidades de melhorias; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 facilitar um novo processo ou uma nova abordagem para o processo existente; comunicar atividades; analisar problemas de qualidade e desenvolver soluções; manter controle e rastreabilidade, sem perder informações importantes. Os processos são utilizados como apoio para todas as atividades organizacionais, através de padrões, controles, comunicação e rastreabilidade. O que é um processo: Conjunto de atividades interdependentes, ordenadas no tempo e espaço de forma encadeada, que ocorrem como resposta a eventos e que possui um objetivo, início, fim, entradas e saídas bem definidas. Essas atividades são geralmente interfuncionais ou interorganizacionais que trabalham juntas para criar um produto ou serviço final (CBOK, 2013). Os processos podem ser divididos em: Processos Primários. São de natureza interfuncional e compõem a cadeira de entrega de valor para o cliente. Processos de Suporte. São os que habilitam outros processos. Processos de Gerenciamento. São processos que medem, monitoram e controlam atividades de negócio, assegurando que os processos primários e de suporte atinjam suas metas Algumas ferramentas podem contribuir na elaboração e modelagem de processos, de forma simples e complexas. As ferramentas simples são quadro branco, flip-chart e post-its. As complexas são ferramentas sofisticadas de BPM (Business Process Management), que incluem ferramentas de modelagem, análise, desenho, armazenamento, workflow, dashboard, entre outras. TEMA 3 – BPM O BPM, ou Business Process Management (“Gerenciamento de Processos de Negócio”), é uma metodologia que facilita o mapeamento de todos os processos, atividades e informações de uma empresa. Imagine que uma seguradora muda o processo de orçamentação, mas os corretores não são comunicados da mudança. O BPM aparece para ajudar a identificar os pontos de melhoria, desenhar o novo processo, documentar as instruções de trabalho e atividades, além de monitorar e medir os impactos do Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 novo processo, sejam eles automatizados ou não, para alcançar os resultados pretendidos pela organização. O BPMN, ou Business Process Model Notation (Notação de Modelagem de Processos de Negócio), trabalha com a escrita do processo de forma gráfica, através de um fluxo de atividades, representados por símbolos, de tal maneira que fiquem organizados da melhor foma, sendo eles orientados ou não por desenvolvimento de software. O BPMN foi desenvolvido pelo BPMI (Business Process Managament Initiative), tendo sido subsequentemente incorporado ao OMG (Object Management Group), organização que detém o controle do UML (Unified Modeling Language).As principais vantagens e desvantagens na utilização do processo estão listadas nos quadros abaixo. Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do BPM Vantagens Utilização e entendimento amplamente difundidos em muitas organizações Flexibilidade para utilizar em diferentes cenários Visão e compreensãodo processo Possui suporte a diversas ferramentas BPM Desvantagens Necessário treinamento e experiência para utilização dos símbolos Quando é necessário utilizar diferentes níveis do processo, pode dificultar a visão Não suporta diferentes subconjuntos de notação Não é possível mapear organogramas, telas de sistemas, mapas estratégicos, entre outros Um elemento chave da linguagem BPM é a escolha correta das formas e ícones que serão utilizados no processo. Eles são importantes, pois servem como uma linguagem visual padrão, em que os responsáveis poderão reconhecer e compreender as instruções. A linguagem é composta por diagramas simples e alguns símbolos que representam graficamente o mapeamento de processos padrão. Utilizando o software Bizagi, seguem alguns elementos detalhados da notação utilizada nos diagramas de processos (Quadro 2). Quadro 2 – Notação em Bizagi Tipo Descrição Notação Piscinas (Pools) Representa o processo, que contém o fluxo entre atividades e/ ou entidades externas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 Raias (Lanes) São subdivisões do processo, usadas para organizar o fluxo entre os diferentes papéis funcionais que vão executam as atividades detalhadas. Evento (Events) Indicam o fluxo do processo. Usualmente, apresentam uma causa (gatilho) ou impacto (resultado). Os três principais são: início (inicia o processo), intermediário (caso inicie um novo fluxo) e fim (finaliza o processo). Atividades (Tasks) Representam o trabalho realizado durante o fluxo do processo. Subprocesso Adicional O subprocesso tem níveis adicionais de detalhamento, representado pelo “+”. Decisores (Gateways) Símbolos de controle de decisão, divisão e unificação de fluxos. Conectores (Connectors) Representam fluxo de sequência de atividades, fluxo de mensagens ou alguma associação. Objeto de Dados (ou Artefatos) Descreve o detalhamento de atividades e instrução de trabalho ou manuais. Anotação de texto Utilizado para adicionar informação complementar ao diagrama. Grupo Grupo de atividades para documentação ou análise. Não afeta o fluxo do processo. 07 Conector de Páginas Geralmente usado em impressões, indica onde inicia e termina o processo (usado como conector de páginas). Os diagramas de processos são representados pelos ícones de atividades, seguindo um fluxo de processos. Para sua elaboração, deve-se seguir algumas orientações: 1. Iniciar com o desenho da piscina, nomear o processo e definir os papéis; 2. Seguir com as atividades de forma sistêmica e contínua; 3. Deve apresentar: início, atividades, fim; 4. As atividades representam as ações a serem executadas; 5. Se uma atividade tem artefato, é possível incluir um objeto de dados; 6. Para comentários, utilizar o ícone de “anotações de texto”. O BPMN tem diferentes níveis de maturidade, definidos entre descritivo, analítico e executável. O nível descritivo apresenta uma visão básica do processo, com foco em descrever o que se inicia e finaliza no processo, quais são os fluxos paralelos e os elementos condicionais e quais são as exceções relevantes que causam o término do fluxo do processo. O nível analítico enfatiza os eventos e os tratamentos das exceções do processo, como nível analítico, uso de padrões de modelagem (símbolos de notação BPM) e uma visão mais técnica do processo. Já o nível executável tem como foco o detalhamento dos serviços que não serão implementados no processo, como nível executável, as trocas de mensagens e o armazenamento de dados. TEMA 4 – GESTÃO DA MUDANÇA Segundo o CBOK (2013), o gerenciamento de mudanças é uma abordagem estruturada para gerenciar aspectos de mudança relacionados a pessoas, com vistas a alcançar os resultados desejados para o negócio. Ainda de acordo com o CBOK (2013), “transformar processos representa a criação de um estado novo com foco no alinhamento estratégico e no aumento mensurável de valor para o cliente”. Sua abrangência pode contemplar desde pequenos ajustes até mudanças consideráveis em relação à forma como o processo é realizado na situação atual. Para fundamentar essa mudança, é necessário ter o apoio da alta direção, o Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 envolvimento das pessoas estratégicas no processo, além da avaliação de impactos e de comunição efetiva. Algumas empresas tem um Grupo de Gestão da Mudança, responsável por analisar, documentar e aprovar o fluxo de solicitações. Essas pessoas têm um perfil estratégico, com os conhecimentos necessários para a efetividade nas aprovações. Uma solicitação de mudança formalmente documentada é submetida à aprovação, para que haja o controle integrado das mudanças. Os gerentes de projetos esperam mudanças e implementam processos para mantê-las gerenciadas e controladas, além de comunicá-las a todos os stakeholders. Segundo Kotter (1997), existem oito diretrizes de gerenciamento da mudança nas organizações: 1. Estabelecimento de um senso de urgência 2. Criação de uma coalizão administrativa 3. Desenvolvimento de visão estratégica 4. Comunicação da visão da mudança 5. Como investir de empowerment os funcionários para ações abrangentes 6. Realização de conquistas a curto prazo 7. Consolidação de ganhos e produção de mais mudanças 8. Estabelecimento de novos métodos na cultura TEMA 5 – SIPOC O SIPOC está associado às fases iniciais dos projetos Six Sigma. A definição vem do inglês e diz respeito a informações do processo: Supplier (fornecedor), Input (entrada), Process (processo), Output (saídas) e Customer (cliente). Através destes elementos busca identificar atividades e responsáveis no processo, padronização e oportunidades de melhoria. Apresenta informações macro do processo, e não recomenda-se a inclusão de maiores detalhes, que devem ser construídos através de fluxogramas. Quadro 3 – SIPOC S Supplier Fornecedor Fornecedores do processo (internos ou externos da organização). I Input Entrada São recebidas dos fornecedores e servem como ponto de partida do processo Assim, é importante que as entradas estejam de acordo com as necessidades para que o trabalho seja executado adequadamente. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 P Process Processo Deve descrever o nome do processo, utilizando o verbo no infinitivo para indicar ação (orçamentar, vender, comprar etc). O Output Saída Saídas ou resultados gerados. São elas que importam ao cliente e são através delas que os indicadores de eficácia são coletados. C Customer Cliente Clientes do processo (internos ou externos da organização). São os responsáveis por definir os requisitos e o que é adequado para as saídas do processo. Vejamos quais são os passos para criar um SIPOC: 1. Entender o objetivo e definir o nome do processo. Entender qual processo está sendo analisado e qual seu objetivo. Após entender o processo, deve-se definir o nome, utilizando o verbo no infinitivo mais o complemento, por exemplo: “Realizar programa Seis Sigma na área de Qualidade”. 2. Definir as saídas do processo. As saídas são os resultados do processo, por exemplo: produto, relatório, resultado de exame, cotação de seguros etc. 3. Definir os clientes do processo. São as pessoas, empresas ou outros processos internos da organização que são beneficiados com o processo. Toda saída tem um cliente. 4. Definir as entradas do processo. São os elementos necessários para iniciar o processo, por exemplo: uma nova demanda, um exame de sangue, entre outros. 5. Definir os fornecedores do processo. São as pessoas ou outros processos que fornecem as entradas. Toda entrada deve ter um fornecedor. Em alguns processos que vão do início ao fim, o fornecedor e o cliente poderão ser a mesma pessoa.6. Definir as macroatividades do processo: Através de um mapeamento simples e reduzido, definem-se as principais atividades do processo e a ordem em que devem ser feitas (no máximo quatro ou cinco passos). Serão a base para o mapa de processos a ser criado após a elaboração do SIPOC. Vejamos, na figura abaixo, um exemplo gráfico para a construção do SIPOC Candido Marcelo Realce 010 Figura 1 – Construção do SIPOC Para entender como esta ferramenta pode ser usada na prática, segue um exemplo com o desenvolvimento de todos os passos do SIPOC, na cotação de um seguro: 1. Entender o objetivo e definir o nome do processo. O objetivo do processo é realizar a cotação de seguro para um cliente da corretora. Para este caso, o nome selecionado foi “cotar seguro”. 2. Definir o cliente do processo. O cliente do processo de cotação de seguros é um possível cliente da corretora, que deve orçar o seguro automotivo. 3. Definir as entradas do processo. As entradas do processo são: e-mail de solicitação de orçamento, documentação do cliente e formulários preenchidos. 4. Definir as saídas do processo. O corretor consegue realizar a cotação do seguro com valores e emitir uma proposta ao cliente. 5. Definir os fornecedores do processo. Os fornecedores do processo são todas as seguradoras conveniadas com a corretora. 6. Definir as macro atividades do processo. São apresentadas todas as atividades realizadas no processo de cotação de seguros, como o 011 recebimento da demanda de cotação, a solicitação do cliente, a cotação, a negociação e fechamento do seguro, e por fim, o agendamento da vistoria. Vejamos, na figura abaixo, como ficam as informações de forma gráfica. Figura 2 – Exemplo Lembre-se! O processo sempre deve ser comunicado aos envolvidos dentro da organização. O SIPOC, aliado a algumas ferramentas de melhoria, contribui para o diagnóstico inicial, o controle de todas as etapas do processo, a identificação dos papéis, entradas e saídas e a rastreabilidade das atividades. FINALIZANDO Os processos são muito mais que necessários. Eles são estratégicos para as empresas que buscam se consolidar no mercado e alcançar um diferencial competitivo. Eles ajudam a empresa em termos de rastreabilidade, controle, histórico e definição de responsabilidades. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 REFERÊNCIAS CBOK. Bpm Cbok v 3.0. 2013. Disponível em: <http://www.abpmp-br.org/bpm- cbok-v3-0/>. Acesso em: 21 fev. 2018. KOTTER, J. P. Liderando mudança. 20. ed. São Paulo: Elsevier, 1997. MULCAHY, R. Preparatório para o Exame de PMP. Minnetonka: RMC Publications, 2013. PMI – Project Management Institute. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5 ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc, 2013. AULA 04 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS Profª Natalya Silvestrini Borges Vieira Negrini 02 CONVERSA INICIAL As sete ferramentas da qualidade são instrumentos facilitadores na busca pela excelência dentro das organizações. Seus métodos e procedimentos ajudam em coleta de dados, monitoramento e ações corretivas nos mais diversos processos. A gestão da qualidade em projetos, aliada ao correto planejamento e execução, tem como resultado um diferencial competitivo e a satisfação do cliente. Em nossa aula, falaremos sobre algumas dessas ferramentas, seus conceitos e técnicas aplicadas nas organizações: método dos cinco porquês, diagrama de Ishikawa, histograma e diagrama de dispersão. CONTEXTUALIZANDO Maria trabalha na fábrica de brinquedos Brink Kids e é responsável pela inspeção das peças. Ao encontrar um problema, ela age rapidamente na solução, mas o problema é recorrente na linha de produção. Ao ser questionada pelo gerente sobre a recorrência do problema, Maria retorna que sempre soluciona prontamente. Porém, para que os problemas sejam solucionados de forma definitiva, é necessário buscar a causa raiz, através de algumas ferramentas da qualidade. TEMA 1 – MÉTODO DOS CINCO PORQUÊS O método dos cinco porquês é utilizado para a resolução de problemas que apresentam dificuldades simples ou moderadas. Ao invés de agir prontamente no problema, de forma paliativa, deve-se trabalhar na causa que o origina, buscando solucioná-lo em definitivo. Mas como? Deve-se questionar o porquê cinco vezes até que se encontre a causa verdadeira. Nesse contexto, um problema é um resultado indesejável de um processo. Fazemos perguntas da mesma como uma criança faz. Assim, por trás da metodologia dos cinco porquês, reside um truque simples. Pense em uma criança perguntando continuamente o porquê de algo, várias e várias vezes. A ideia é essa simplicidade para o meio corporativo, questionando o porquê repetidas vezes, em direção ao entendimento do problema com clareza e eficiência. Deve- se elaborar questões como uma criança, elencando as respostas e perguntando novamente até que a causa raiz seja encontrada. Frisamos não é obrigatório fazer exatamente cinco perguntas: elas podem ser feitas quantas vezes forem Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 necessárias para identificar a causa raiz. Trata-se de uma ferramenta simples, de fácil aplicação, que não requer processos pré-estabelecidos nem conhecimento técnico. Vejamos um exemplo. Imagine que uma peça tem um defeito. Podemos perguntar: 1. Por quê? Resultou de um problema no processo produtivo. 2. Por quê? Ocorreu uma avaria no equipamento. 3. Por quê? Não foi realizada a manutenção preventiva do equipamento. 4. Por quê? A manutenção preventiva do equipamento não estava inclusa no plano. 5. Por quê? O manual do fornecedor do equipamento não foi consultado. A solução seria incluir ações de manutenção preventiva para o equipamento. Para problemas mais complexos, ou quando certas dúvidas permanecerem após os questionamentos, deve-se avaliar a utilização de um método mais abrangente, como por exemplo o diagrama de Ishikawa. TEMA 2– DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO Historicamente, os processos de excelência foram criados na Revolução Industrial. Após a Segunda Guerra, o Japão busca se reestruturar com base na ideia de qualidade, eliminando excessos burocráticos e deficiências de controle, aumentando a produtividade por colaborador e trabalhando a cultura organizacional e a qualidade das entregas diariamente. Com isso, a avaliação e o controle se voltam ao aprimoramento da instituição. Nesse cenário, um grande nome surge para contribuir na reconstrução do Japão: Kaoru Ishikawa. Formado em Engenharia Química e membro da União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE), ele teve grande participação nos programas de qualidade. Seu principal feito foi a criação das sete ferramentas da qualidade, utilizadas por empresas do mundo todo. Mas o que é o diagrama de causa e efeito, que leva o nome de seu guru, Ishikawa? É uma ferramenta gráfica que permite analisar todas as causas de um efeito indesejado. Permite encontrar os fatores que influenciam um problema ou uma dificuldade. Seus principais objetivos são: Melhoria de processos Resolução de problemas Descobrimento da causa raiz Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 Análise de processos Seus principais benefícios são: Melhor entendimento das causas e efeitos Pouco esforço na prática Colaboração para o aperfeiçoamento do processo Leitura fácil Uma técnica bastante utilizada para decompor as causas do problema e diagramar o que chamamos de espinha de peixe é a técnica do 6M, que significam: 1. Mão de Obra. Pressa, imprudência ou falta de qualificação. 2. Material.Matéria-prima utilizada no trabalho, que pode ser a causa dos problemas. 3. Método. Metodologia incorreta na execução de um trabalho ou procedimento. 4. Máquina. Falta de manutenção ou operacionalização de forma inadequada. 5. Medida. Tomada de decisões anteriores. 6. Meio Ambiente. Layout, poluição, poeira, calor, falta de espaço, entre outros. Figura 1 – Diagrama da espinha de peixe com técnica dos 6M Vejamos um exemplo. Imagine que desejamos buscar a causa raiz ou u problema do trânsito de Curitiba através do diagrama de Ishikawa. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 Figura 2 – Exemplo No diagrama do exemplo, o fator corresponde às causas do efeito (problema), ou seja, o trânsito. Já o problema é resultado dos efeitos, como pressa, imprudência, falta de luz nos semáforos, falta de treinamento de reciclagem de trânsito, chuva, entre outros. TEMA 3 – FOLHA DE VERIFICAÇÃO A folha de verificação, ou lista de verificação, checklist e lista de recolhimento de defeitos, é a ferramenta mais disseminada e utilizada dentre as disponíveis, talvez por sua simplicidade. É representada por um formulário que visa padronizar e facilitar a coleta de dados, além de uniformizar a verificação e a execução de processos. As folhas de verificação podem ser: Acompanhamento de atividades Testes de aceitação Verificação de itens defeituosos Causas de defeitos Tipos de reclamação Contagem de quantidades Utilizar uma folha de verificação acarreta em economia tempo, eliminando o trabalho de desenhar figuras ou escrever números repetitivos, evitando assim o comprometimento da análise de dados. Mas como se deve montar uma folha de Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 verificação? Não existe um modelo pronto, com campos e informações padronizados, mas podemos seguir algumas práticas: 1. Definir um objetivo para a coleta de dados; 2. Montar a lista com os campos a serem verificados (e posteriormente registrados); 3. Elaborar uma instrução de trabalho para preenchimento da lista de verificação; 4. Conversar e alinhar com os colaboradores o novo método de controle, os objetivos e as instruções; 5. Fazer a coleta dos dados. Depois de realizar a verificação da amostra, é aconselhável utilizar outras ferramentas para tomada de decisão. Vejamos um exemplo de controle de peças para refugo. Em uma fábrica de usinagem, a área de qualidade identificou uma perda grande na produção, resultando em peças de refugo. Dessa forma, foi elaborada uma folha de verificação para identificar qual era o defeito que mais gerava refugos na produção. Durante duas semanas, o Analista da Qualidade José da Silva acompanhou a linha, anotando a ocorrências dos defeitos, conforme verificamos na lista de verificação a seguir. Figura 3 – Lista de verificação Após o levantamento dos dados, é possível observar que o problema de rebarba é o que mais ocorre durante a produção das bielas. Dessa forma, a área de qualidade deve atuar em busca de maior eficácia na resolução do problema. Candido Marcelo Realce 07 TEMA 4 – HISTOGRAMA O histograma é uma ferramenta que ajuda a identificar problemas recorrentes e mais urgentes, com dados apresentados em forma de barras ou colunas. Para visualizar graficamente a tendência central e a variabilidade de um conjunto de dados, é necessário realizar diversas medições de uma variável quantitativa, como por exemplo peso, largura, comprimento, temperatura, volume, tempo, entre outros. No gerenciamento da qualidade do projeto, pode-se medir a frequência com que determinadas causas de um problema ocorrem, a fim de identificar as mais comuns. Dentro dos processos mais utilizados, encontramos três variações principais de histograma: 1. Histograma simétrico ou normal. Trata de um processo padronizado com dados estáveis, permitindo variações pequenas. O pico de dados fica ao centro do gráfico, e as variações vão decrescendo de maneira simétrica dos dois lados. 2. Histograma assimétrico. Apresenta os dados com um número limite, que não pode ser ultrapassado. Seu pico é concentrado em um dos lados, e os dados fora do padrão são decrescentes para o lado oposto. 3. Histograma aleatório. Os dados analisados não apresentam um padrão. As barras são dispersas, sem critério. Figura 4 – Historiograma simétrico, assimétrico e aleatório O ponto negativo do histograma é que os dados aparecem sem ordem específica e sem referência de tempo. Por exemplo, não é possível interpretar na análise se os dados aconteceram em uma mesma época ou se eles estão dispersos aleatoriamente no processo. O histograma pode apresentar dois tipos de variáveis: a variável discreta, que apresenta números inteiros, como 1, 2 e 3; e a variável contínua, que apresenta números quebrados, como 5,35 e 6,42. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 Um exemplo de variável discreta é o resultado da avaliação dos motoristas do aplicativo Uber, com notas que variam de 1 a 5 estrelas. Após um mês, o motorista José realizou 50 corridas; o aplicativo precisa registrar a média de avaliações para consulta dos usuários. Seguem notas das avaliações recebidas. Tabela 1 – Avaliação do motorista Para construir o histograma, deve-se mensurar a quantidade de cada avaliação possível – neste caso, a quantidade de avaliações para as notas 1, 2, 3, 4 e 5 respectivamente. Tabela 2 – Contagem das avaliações Ou seja, o motorista recebeu: 4 avaliações com a nota 1 7 avaliações com a nota 2 9 avaliações com a nota 3 14 avaliações com a nota 4 16 avaliações com a nota 5 Após a contabilização dos dados, geramos o histograma. Primeiro, colocamos os dados no gráfico com as categorias no eixo horizontal (avaliações de 1 a 5) e a frequência de ocorrência no eixo vertical (quantidade de avaliação por categoria). Notas Frequência 1 4 2 7 3 9 4 14 5 16 09 Gráfico 1 – Historiograma de avaliação do motorista De acordo com o gráfico, pode-se notar que as avaliações foram, em sua maioria, positivas, com um pico entre as notas 4 e 5. TEMA 5 – DIAGRAMA DE DISPERSÃO O diagrama de dispersão, ou gráfico de dispersão, é uma representação gráfica de uma relação possível entre duas variáveis de natureza quantitativa. Ele mostra o que acontece com uma variável quando outra se altera, e desse modo ajuda a verificar a relação existente entre elas. Gráfico 2 – Diagrama de dispersão Seus objetivos são: apresentar valores de um conjunto de dados; 0 2 4 6 8 10 12 14 16 1 2 3 4 5 Fr e q u ê n ci a Avaliação Motorista 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 2 4 6 8 10 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 verificar se existe relação de causa e efeito entre duas variáveis de natureza quantitativa; mostrar o que acontece com uma variável quando a outra se altera, o que ajuda a verificar a relação entre elas. Como se deve entender a correlação entre as variáveis? A relação vem de uma variável que é independente (causa que provoca o efeito) e outra que é dependente da primeira (efeito). Graficamente: y= f(x), sendo que: (y) Variável independente (causa que provoca o efeito) (x) Variável dependente (efeito) Vejamos um exemplo: a temperatura ambiente aumenta a quantidade de sorvetes vendidos. Quanto maior a temperatura, mais sorvetes são vendidos. Neste caso, a variável independente é a temperatura e a dependente é a quantidade de sorvetes vendida. Um segundo exemplo é o preço baixo dos produtos, que aumenta a quantidadede clientes da loja. Quanto menor o valor, mais roupas serão vendidas. Neste caso, a variável independente é o preço das roupas e a dependente é a quantidade de clientes na loja. Um terceiro exemplo é o valor do jogo da NBA (National Basketball League, a liga oficial de basquete norte-americana) em relação à quantidade de público. Os jogos da NBA são tradição e as pessoas estão dispostas a pagar qualquer valor para assistirem. A correlação entre essas variáveis pode ser representada graficamente de três formas, com correlação positiva, negativa ou nula. 1. Correlação positiva. É apresentada graficamente através da aglomeração dos pontos em tendência crescente. Significa que, conforme uma variável aumenta, a outra também aumenta (primeiro exemplo). 2. Correlação negativa. Os pontos se concentram em uma linha decrescente. Significa que, enquanto uma variável diminui, a outra aumenta (segundo exemplo). 3. Correlação nula. Quando há uma grande dispersão entre os pontos, significa que não há nenhuma correlação aparente entre as variáveis (terceiro exemplo). Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 Gráfico 3 – Correção positiva, negativa e nula (respectivamente) FINALIZANDO As ferramentas da qualidade são facilitadoras do processo de gestão, pois apresentam métodos, elementos gráficos de controle e soluções focadas na causa raiz, eliminando retrabalho e diminuindo os prejuízos nas empresas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 REFERÊNCIAS MULCAHY, R. Preparatório para o Exame de PMP. Minnetonka: RMC Publications, 2013. PMI – Project Management Institute. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc, 2013. SILVEIRA, C. B. Método dos 5 porquês causa raiz. Disponível em: <https://www.citisystems.com.br/5-porques-causa-raiz/> Acesso em: 24 fev. 2018. TOYOTA. A história de Sakichi Toyoda. Disponível em: < https://www.toyota- industries.com/company/history/toyoda_sakichi/> Acesso em: 24 fev. 2018. AULA 5 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS Profª Natalya Silvestrini Borges Vieira Negrini 02 CONVERSA INICIAL A qualidade apresentou a sua evolução desde a inspeção dos produtos até a busca de alta performance com elaboração de técnicas e controles. Foram desenvolvidas ferramentas que funcionam como facilitadoras para atingir a excelência. As mais conhecidas e difundidas são as 7 ferramentas clássicas e as 7 novas ferramentas da qualidade, conforme segue: Figura 1 – A evolução de técnicas e controles para qualidade: 7 ferramentas clássicas e as 7 novas ferramentas. Cada ferramenta apresenta uma técnica particular que contribui na coleta de dados, monitoramento e ações corretivas dos processos. As 7 novas ferramentas da qualidade, também conhecidas por 7 ferramentas do planejamento da qualidade, contribuem no controle dos dados e informações de processos, desenvolvendo técnicas e apresentando diagramas para facilitar na leitura e compreensão dos resultados. CONTEXTUALIZANDO Para contextualizar a aula de hoje, seguem dois conceitos dos gurus da qualidade, Crosby e Deming: As 7 ferramentas Clássicas • Flugrograma •Diagrama de causa e efeito (Ishikawa) •Método dos 5 porquês • Folha de verificação •Histograma •Diagrama de dispersão •Carta de controle (CEP) As 7 novas ferramentas •Diagrama de afinidades •Diagrama de relações •Diagrama de árvore •Diagrama de matriz •Matriz de priorização •Diagrama de flechas •Diagama de processos de decisões (PDCP) Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 1. “Problemas geram problemas, e a falta de um processo metódico de lidar abertamente com eles gera ainda mais problemas” (Crosby, [s.d.]) 2. “Se você não pode descrever o que está fazendo como um processo, você não sabe o que está fazendo” (Deming, 1990) As organizações contam com políticas e processos para apoiar as definições estratégicas, treinar os colaboradores e incrementar melhorias. TEMA 1 – GRÁFICO DE CONTROLE O gráfico de controle ou gráfico de tendência é uma ferramenta utilizada para identificar e controlar a variabilidade do processo, ou seja, todos os dados fora dos limites definidos e aceitáveis do processo, as não conformidades. Esse gráfico foi desenvolvido por Walter Shewhart (1891-1967), mas amplamente difundido por Deming (1900-1993) na indústria japonesa, que sofria uma reestruturação e crescente utilização dos controles de qualidade, após a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o site Ferramentas da Qualidade ([s.d.]), “O controle estatístico do processo (CEP) é um método de coleta e verificação de amostra de resultados de um processo, a fim de controlar seu funcionamento e diminuir as falhas decorrentes da sua execução” Deming (1990) costumava dizer que “não se gerencia o que não se mede”. O CEP vem ao encontro do gerenciamento, apresentando um método de identificar saídas não conformes, reprovando as saídas que não atendem às especificações e atuando corretivamente na causa raiz. Figura 2 – Exemplo de carta de controle 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Limite Superior Limite Inferior Média Causas Comuns Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 Principais vantagens: Mostrar tendência ao longo do tempo Apresentar dados estratificados em diversas categorias Comparar dados resultantes de processo de contagem (variáveis discretas e atributos) Desvantagens: Deve ser atualizado por período (diário, semanal, mensal, anual) É genérico. Não apresenta detalhes sobre a informação Precisa de conhecimento básico de estatística para elaboração (qual o modelo mais adequado para cada situação) O gráfico de controle é uma representação gráfica da amostragem do processo, que apresenta os limites superior e inferior (LSC e LIC) permitidos na variação e a linha média (LM) do resultado realizado no processo. LSC: Limite Superior de Controle LIC: Limite Inferior de Controle LM: Linha Média Como elaborar um gráfico de controle: 1. Identificar o método de amostragem do processo: escolher se vai medir defeito, custo ou tempo 2. Através de uma ferramenta de controle (por exemplo, a lista de verificação), coletar a amostra de dados 3. Analisar e calcular a amostra: média, limites superior e inferior. Analisar a base histórica para verificar como o processo se comporta e fazer uma média e desvio padrão dos dados para definir o LSC e LIC 4. Construir o gráfico: Desenhar o LSC, LIC e LM com os dados analisados 5. Avaliar todos os dados fora dos limites do gráfico de controle: identificar as variações (verificar se existem dados que ultrapassam as linhas de limites) 6. Identificar as causas das variações e elaborar planos de ação: usar ferramentas como Ishikawa e 5W2H 7. Alimentar com mais dados a medida do tempo e monitorar as causas comuns e causas especiais Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 Amostra de dados: conjunto de dados coletados ou selecionados de uma população estatística. Como a população é muito grande para alguns cálculos, a amostra representa um subconjunto dos valores coletadas. Exemplo: um gerente de uma fábrica de celular tem o interesse de analisar a fabricação dos eletrônicos. O indicador de conformidade apresenta a meta de 60 equipamentos (LSC), com a tolerância de 2 refugos (LIC). Então foi construído o gráfico com as informações da fabricação no primeiro semestre de 2018. Figura 3 – Gráfico de controle: fabricação de peças dentro dos limites de controleCom os dados expostos graficamente, pode-se perceber que o processo apresentou estabilidade e ficou próximo à média (LM) nos meses de abril a junho. Para ilustrar a importância dos dados dentro dos limites de controle, imagine uma pista de avião onde manobras dentro da média apresentam maior segurança enquanto manobras que variam entre os limites da pista apresentam instabilidade no voo. 0 10 20 30 40 50 60 70 Jan Fev Mar Abr Mai Jun LCS LCI LM Candido Marcelo Realce 06 Figura 4 – Exemplo prático de CEP, cuja quantidade de manobras dentro do média apresenta maior segurança O gráfico de controle é uma das ferramentas mais utilizadas e difundidas na indústria, pois apresenta os dados dentro dos limites e da média, podendo atuar prontamente nas falhas de sua execução. Segundo Deming (1990), “Sem os dados, você é apenas uma pessoa qualquer com opinião”. Para buscar fundamentar os indicadores, devem-se utilizar técnicas, documentar processos e apresentar os resultados. TEMA 2 – AS 7 NOVAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE Em 1976, a União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE) encontrava-se em face da necessidade de ferramentas que promovessem inovação, comunicassem a informação e contribuíssem com o sucesso do planejamento de projetos. O time pesquisou e desenvolveu as novas 7 ferramentas da qualidade, chamadas de 7 ferramentas de gerenciamento e planejamento ou simplesmente de 7 ferramentas da qualidade. As novas 7 ferramentas de gerenciamento e planejamento, listadas em ordem e análise do planejamento detalhado, são: 1. Diagrama de Afinidades Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 2. Diagrama de Relações 3. Diagrama de Árvore 4. Diagrama de Matriz 5. Matriz de Priorização 6. Diagrama de Flechas 7. Diagrama de Processo de Decisões (PDCP) O início do controle da qualidade se deu pela inspeção nas áreas de produção, resultando na redução de produtos defeituosos. Com o amadurecimento da inspeção, observou-se que essa atividade de controle da qualidade poderia se tornar um meio econômico para a produção de bens e serviços, tendo como objetivo a satisfação do cliente. As áreas administrativas e de apoio passaram a ser cobradas na participação do controle da qualidade, garantindo equipes autogerenciáveis, controle de processos, políticas e estratégias amplamente difundidas. Por volta de 1962, o professor Kauro Ishikawa introduz no Japão atividades de CCQ (círculos de controle da qualidade), que consistia em reunir alguns grupos de colaboradores de um mesmo setor para discutirem como melhorar a qualidade. Com a participação dos funcionários de todos os departamentos (desde a alta direção até o chão de fábrica) e em toda cadeia produtiva, deu-se início ao TQC (Total Quality Management). O que se entende nesse desenvolvimento é que a qualidade passa a ser mais do que produtos não conformes, mas algo que tem significado e implicações mais amplas, onde os clientes passam a exigir produtos de qualidade. Os clientes se tornam a referência para a qualidade com a satisfação e cumprimento de requisitos. O método estatístico da qualidade (CEQ) inclui todos os controles realizados pelas 7 ferramentas clássicas da qualidade, tais como gráficos de controle, inspeções amostrais, testes estatísticos e de estimativas, análises de variação e correlação, entre outros. Com o cenário globalizado, o crescimento da economia e a era da informação, as empresas começaram a buscar inovação, traduzindo a qualidade desde o planejamento, desenvolvimento e engenharia, buscando criar novas demandas para a melhoria da qualidade de projeto. Candido Marcelo Realce 08 O cliente passa a ser o centro da qualidade, buscando entender a real necessidade ou quais atrativos e diferenciais competitivos que agregam ao produto. As novas 7 ferramentas da qualidade surgem com métodos desenvolvidos para extrair informações de alta precisão dos dados de linguagem (informações coletadas, expressas através de dados de linguagem). Figura 5 – Ferramentas clássicas da qualidade x novas ferramentas da qualidade Princípios das 7 novas ferramentas: 1. Montar a equipe certa: 2. Definir papéis e funções 3. Investir no planejamento para economizar tempo: utilizar mais tempo no planejamento para ganhar com o desenvolvimento assertivo 3. Valorizar a opinião dos colaboradores: 4. Valorizar o trabalho em equipe, buscando o consenso na tomada de decisão. Treinar, treinar e treinar (e desenvolver) os colaboradores As ferramentas buscam a melhoria contínua: levantar o maior número de dados possível, enriquecer planos, obter cooperação das pessoas envolvidas, estabelecer prioridades e padronizar métodos. Ferramentas de Controle da Qualidade Dados numéricos + Produção Ferramentas de Planejamento da Qualidade Dados verbais + Planejamento Candido Marcelo Realce 09 TEMA 3 – DIAGRAMA DE AFINIDADES O diagrama de afinidades é utilizado para ordenar grande quantidade de dados. O objetivo é de categorizar e agrupar os dados em funções de afinidades, ou seja, por meio de alguma relação entre eles e uma das maneiras mais comuns para a sua aplicação é através do uso de etiquetas ou cartões. 3.1 Principais objetivos Ordenar e agrupar grandes quantidades de dados qualitativos ou ideias Entender o cenário atual e como deve melhorar o “as is” Mapear cenários futuros Desenvolver títulos para os gráficos de Pareto Ajudar o usuário a descobrir temas comuns por meio do arranjo de dados em categorias de assuntos Figura 6 – Diagrama de afinidades na prática Fonte: Vianna et al. (2012). 3.2 Como criar um diagrama de afinidades 1. Formar um grupo de trabalho 2. Definir um moderador 3. Definir o tema, a questão que será trabalhada 4. Fazer um brainstormig com o grupo de trabalho 5. O moderador deve intermediar o tema 6. Cada participante apresenta sua ideia por escrito em cartões (por exemplo, post it) Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 7. Os dados devem ser escritos de forma clara e com significado único 8. As frases devem ser curtas e objetivas 9. Espalhar os cartões para que todos possam ler com facilidade 10. Agrupar os cartões similares, por afinidades 11. Rotular os grupos de cartões: 12. Cada grupo de cartão deve receber um rótulo (título). Estes rótulos devem ser escolhidos por consenso, com um título que seja representativo 13. Agrupar por grupos/subgrupos de cartões 14. Completar o diagrama de afinidades 3.3 Vale lembrar a definição de brainstorming! Técnica de discussão em grupo que busca a contribuição espontânea de ideias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou de conceber algum trabalho criativo. Figura 7 – Diagrama de afinidades A figura apresenta a distribuição dos cartões desde as ideias após o brainstorming (em cinza), até a sua organização por atividades, apresentadas em grupo e sub grupos (vermelho, verde e amarelo). 3.4 Exemplo Elaborar um diagrama de afinidade para o desenvolvimento de uma locadora de automóveis. Candido Marcelo Realce 011 Iniciar a atividade formando um grupo de trabalho. Podem ser os perfis do gerente de projetos, analista funcional, desenvolvedor, analista de testes e o líder técnico O gerente de projetos deve assumir o papel de moderador Definir um tema. Pode-se utilizar o “Desenvolvimento de uma locadora de automóveis” Iniciar o brainstorming com o grupo Cada participante deve apresentar sua ideia por escrito em cartões, conforme segue: Figura 8 – Diagrama de afinidades – Resultado do brainstorm com informações nos cartõesSaiba mais Os dados devem ser escritos de forma clara e com significado único Agrupar os cartões similares, por afinidades Cada grupo deve receber um título, que são escolhidos por consenso Agrupar por grupos/subgrupos de cartões GPS Identifica ção Carro Ano Modelo Aluguel Seguro Site Controle kms Login/ Senha Cadastro Área VIP Candido Marcelo Realce 012 Completar o diagrama de afinidades Figura 9 – Exemplo de diagrama de afinidades O diagrama de afinidades é amplamente utilizado para reduzir grandes quantidades de informações, além de contribuir com uma visão de melhoria de processos. O uso da ferramenta pode expandir o pensamento crítico da equipe e obter apoio para implementação de mudanças. TEMA 4 – DIAGRAMA DE RELAÇÕES O diagrama de relação é muito útil para analisar a causa de um defeito, esclarecer a estrutura de um problema e quais causas encontram-se relacionadas entre si de maneira complexa. Mostra os diversos fatores ou itens relevantes em uma situação ou problema completo, indicando as relações lógicas entre eles através de setas. Ano Grupo Carro Site Grupo Internet Modelo Controle kms Identificaçã o Carro App Celular Login/ Senha Cadastro GPS Seguro Aluguel Área VIP Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 4.1 Como criar um diagrama de relações 1. Formar um grupo de trabalho 2. Definir o tema, a questão que será trabalhada 3. Gerar os dados através de brainstormig com o grupo de trabalho: pode-se utilizar os dados do diagrama de afinidade ou do diagrama de árvore 4. Analisar os cartões e selecionar as ideias geradas Figura 10 – Diagrama de relações: análise das ideias geradas 5. Fazer uma relação entre as ideias: estabelecer a relação de causa e efeito entre os cartões 6. Gerar relações entre todas as ideias: analisar todos os cartões e gerar uma relação de causa e efeito com as informações e sempre que um cartão for escolhido como causa, a seta deve partir dele para o efeito Figura 11 – Diagrama de Relações: estabelecer causa e efeito entre os cartões ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . Efeito Causa Efeito ........... ..... ........... ..... Causa ........... ..... ........... ..... ........... ..... ........... ..... ........... ..... ........... ..... Candido Marcelo Realce 014 7. Revisar o diagrama de relação: realizar revisões até chegar à conclusão final 8. Selecionar os itens críticos: identificar os fatores críticos para a situação ou problema 9. Causa principal: apresenta a maior quantidade de setas saindo (a seta parte da causa para o efeito) 10. Efeito principal: apresenta maior quantidade de setas chegando Figura 12 – Diagrama de relações: principal causa e principal efeito Com o gráfico completo, o grupo pode realizar uma análise mais avançada da situação problema, identificando as relações existentes e chegando à causa raiz. Com a causa raiz identificada, segue para a elaboração do plano de ação e melhoria do processo, buscando assertividade e eficiência. TEMA 5 – DIAGRAMA DE ÁRVORE O diagrama de árvore é a ferramenta mais simples entre as novas ferramentas da qualidade. Permite obter uma visão sistemática do problema, através da decomposição dos objetivos, em uma estrutura de árvore, muito parecida com o organograma de empresa, no qual se propõe uma relação hierárquica. O diagrama de árvore permite a visualização gráfica de diferentes níveis do problema e pode ser elaborada tanto horizontalmente quanto verticalmente na página. Efeito ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . ............... . Causa Efeito Causa Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 015 Existem três tipos de diagrama de árvore diferentes, dependendo do uso que se pretende dele. Diagrama de árvore de solução de problemas Diagrama de árvore de planejamento Diagrama de árvore de análise Figura 13 – Diagrama de árvore. Imagem ilustrativa para assimilar conceito Principais vantagens: Permitem o desenvolvimento sistemático e lógico de um sistema de estratégia para se resolver um problema ou de meios de se alcançar um objetivo Não permite pontos soltos, o que exige continuidade lógica na análise Seu detalhamento visual é de fácil compreensão e contribui em apresentações No nível superior encontra-se o objetivo principal a ser atingido e na sequência são desdobrados os objetivos secundários, as informações, riscos ou porquês do problema em questão. Candido Marcelo Realce 016 Figura 14 – Diagrama de árvore e sua representação gráfica Saiba mais Uma regra prática para todos os desdobramentos com base no objetivo principal é perguntar: “O que se deseja alcançar?” (O quê?). A resposta sempre deve ser “O objetivo principal”. Em seguida, deve-se perguntar: “Como fazer para alcançar o objetivo principal?” (Como?). Dessa forma são desdobrados os objetivos principais, secundários e terciários. O diagrama de árvore é similar a um diagrama de causa e efeito. Lembre- se de Ishikawa e da espinha de peixe, onde temos as causas de um efeito sendo avaliadas. FINALIZANDO As novas ferramentas da qualidade têm o foco no planejamento, sendo utilizadas pela gerência no controle das políticas e estratégias da organização. O conjunto das ferramentas obtém informações pelo desenvolvimento ou integração de dados de linguagem, ou seja, dados verbais, representados graficamente. Essa representação gráfica permite que a natureza do problema seja entendida e facilita o consenso entre o grupo de trabalho, levando à rápida solução do problema. A utilização de ferramentas, métricas e indicadores serve como balizadora na aplicação de processos e políticas dentro das organizações, reforçando o comprometimento dos colaboradores com as entregas e qualidade. Problemas ou Oportunidades Candido Marcelo Realce 017 REFERÊNCIAS CROSBY, P. Problemas geram problemas... Quem Disse, [s.d.]. Disponível em: < https://quemdisse.com.br/frase/problemas-geram-problemas-e-a-falta-de-um- processo-metodico-de-lidar-abertamente-com-eles-gera/61693/>. Acesso em: 28 mar. 2018. DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Saraiva, 1990. FERRAMENTAS DA QUALIDADE. Disponível em: <http://www.ferramentasdaqualidade.org/>. Acesso em 28 mar. 2018. GRUPO FORLOGIC. Controle estatístico de processo (CEP). Ferramentas da Qualidade, 8 nov. 2016. Disponível em: <http://www.ferramentasdaqualidade.org/controle-estatistico-de-processo/>. Acesso em: 31 mar. 2018. MULCAHY, R. Preparatório para o exame de PMP. 8. ed. São Paulo: RMC Publications, 2013. PEREIRA, M. A. As 7 novas ferramentas da qualidade. Marco.eng, [s.d.]. Disponível em: <http://www.marco.eng.br/qualidade/aulas/AulaExtra- As7NovasFerramentas.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2018. PETENATE, M. Como fazer um diagrama de afinidades. Escola EDTI, 5 jun. 2013. Disponível em: <http://www.escolaedti.com.br/diagrama-de-afinidades/>. Acesso em: 31 mar. 2018. PMI. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5 ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc, 2013. SANTOS, V. M. Diagrama de árvore: o que é e como fazer o diagrama? FM2S, 29 maio 2017. Disponível em: <https://www.fm2s.com.br/diagrama-de-arvore/>. Acesso em: 31 mar. 2018 SEVEN new management and planning tools. ASQ,2018. Disponível em: <http://asq.org/learn-about-quality/new-management-planning- tools/overview/overview.html> Acesso em 31 mar. 2018. TAVARES, F. M. As 7 novas ferramentas da qualidade, histórico e detalhamento. Marketing Futuro, 13 set. 2012. Disponível em <http://marketingfuturo.com/as-7- novas-ferramentas-de-qualidade/>. Acesso em: 31 mar. 2018. 018 VIANNA, M. et al. Design thinking: inovação em negócios. Rio de janeiro: MJV Press, 2012. AULA 6 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS Profª Natalya Silvestrini Borges Vieira Negrini 02 CONVERSA INICIAL As sete novas ferramentas da qualidade surgiram para ajudar no planejamento e na solução de problemas; o foco está em informações verbais, utilizando-se da linguagem, da expertise do colaborador, do trabalho em equipe, da definição de objetivos e do atingimento da estratégia. Na aula de hoje vamos trabalhar as últimas ferramentas da qualidade e algumas características importantes no desenvolvimento do profissional. O gerente de projetos é peça fundamental para a condução e entrega do projeto com sucesso. Através das hard e soft skills, é possível desenvolver melhores práticas combinando o conhecimento técnico (conhecimento na área de atuação) com as características humanas (habilidades pessoais). A combinação destas características contribui na tomada de decisões em ambientes complexos, perante uma perspectiva sistêmica de gestão. Um projeto é um quebra-cabeças que precisa ser montado a partir do entendimento das relações sistêmicas existentes entre suas diferentes áreas e interesses. CONTEXTUALIZANDO Segundo o grande guru da qualidade, Kaoru Ishikawa, “O controle da qualidade começa e termina com educação”. Os colaboradores são peças fundamentais na busca da qualidade. Treinamento, envolvimento, comunicação e trabalho em equipe corretos proporcionam a condução de projetos com excelência. Há um grande questionamento a fazer: Como as grandes corporações poderiam trabalhar sem processos, ferramentas, indicadores, treinamentos e melhoria contínua? Vale lembrar: as ferramentas de controle da qualidade trabalham com dados numéricos (estatísticos) e produção. Já as ferramentas de planejamento da qualidade trabalham com dados verbais e planejamento. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 Figura 1 – Sete ferramentas de planejamento da qualidade TEMA 1 – DIAGRAMA DE MATRIZ O diagrama de matriz é utilizado para apresentar graficamente a relação que existe entre dois aspectos ou variáveis. Através de algumas matrizes é possível vincular opções e critérios, causas e efeitos, informações e dados. Distribuídos entre linhas e colunas, os aspectos apresentados se correlacionam e apresentam intersecção, representada por símbolos. Figura 2 – Grau de relação Relação Forte Relação Neutra Relação Fraca Na elaboração de todos os tipos de matrizes, deve-se utilizar símbolos de correlação forte, neutra e fraca, os quais contribuem na interpretação dos dados. Existem diferentes tipos de matrizes, relacionadas com as diferentes análises. Dentre elas, destacam-se a matriz em L, a matriz em T, a matriz em X e a matriz em C. O quadro abaixo apresenta as diferentes relações possíveis nas matrizes L, T, X e C. Figura 3 – Quando usar as diferentes matrizes em suas diversas formas Matriz L 2 grupos A B (ou A A) Matriz T 3 grupos B A C mas não B C Matriz X 4 grupos A B C D A mas não A C ou B D Matriz C 3 grupos Toda a árvore é simultânea em 3D Fonte: ASQ.org, [S.d.]. 7 FPQ 1 2 3 45 6 7 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 1.1 Matriz tipo L A matriz mais comum e mais utilizada é a matriz tipo L, a qual vincula duas dimensões. A matriz forma um L de cabeça para baixo, resumindo os requisitos do cliente. Figura 4 – Matriz tipo L Customer D Customer M Customer R Customer T Purity % >99.2 >99.2 >99.4 >99.0 Trace metals (pppm) <5 – <10 <25 Water (ppm) <10 <5 <10 – Viscosity (cp) 20-35 20-30 10-50 15-35 Color <10 <10 <15 <10 Drum Truck Railcar Fonte: ASQ.org, [S.d.]. Importante observar que a matriz tipo L é a mais comum, sendo utilizada como base para os outros tipos de matrizes, com suas diferentes combinações. 1.2 Matriz tipo T A matriz do tipo T relaciona os modelos de produtos do grupo A com os locais de fabricação do grupo B e seus clientes do grupo C. Para ajudar: visualizar duas matrizes L combinadas, apresentando informações em lista e comparando simultaneamente com as outras duas. No exemplo apresentado, o modelo A é produzido em grande volume na planta do Texas e em pouco volume na planta do Alabama. Ao mesmo tempo, o Time Inc. é o principal fornecedor, enquanto o Arlo Co. compra em pequena quantidade. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 Figura 1 – Matriz tipo T Texas plant Mississipi plant Alabama plant Arkansas plant Large volume Small volume Model A Model B Model C Model D Zig Corp. Arlo Co. Lyle Co. Time Inc. Fonte: ASQ.org, S.d. 1.3 Matriz tipo X A matriz do tipo X vincula quatro matrizes L combinadas, comparadas cada uma com outras duas, em pares. Cada grupo está relacionado a outros dois grupos de forma circular. No exemplo, a matriz T é apresentada com as informações adicionais de frete e os sites de fabricação. Cada eixo da matriz está relacionado aos dois adjacentes, mas não ao outro. Assim, os modelos de produtos estão relacionados aos sites da planta e aos clientes, mas não às linhas de frete. Figura 6 – Matriz tipo X Texas plant Mississipi plant Alabama plant Arkansas plant Red Lines Zip Inc. World- wide Trans South Model A Model B Zig Corp. Arlo Co. Lyle Co. Time Inc. Large volume Small volume Fonte: ASQ.org Candido Marcelo Realce 06 1.4 Matriz tipo C Utilizada para comparar três grupos simultaneamente. A matriz do tipo C é representada por um cubo tridimensional. No exemplo, a matriz apresenta o relacionamento entre produtos, clientes e locais de fabricação. Ou seja, o modelo B da Zig é produzido na fábrica do Mississipi. Figura 7 – Matriz tipo C Fonte: ASQ.org TEMA 2 – MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO É uma ferramenta que auxilia na definição de prioridades e resolução de problemas. A matriz classifica possíveis soluções, tarefas e questões da empresa pelos critérios de gravidade (do problema), da urgência (de resolução do problema) e pela tendência (do problema piorar com rapidez ou lentamente). A elaboração da matriz deve ser feita com a equipe do projeto, para que os diversos pontos de vista sejam analisados. Para selecionar os critérios é necessário utilizar o bom senso, pois o objetivo é reduzir a complexidade da análise. Seus principais benefícios são: • A matriz de priorização contribui para a tomada de decisão aliada à estratégia. • Possui uma implementação simples. • Pode ser utilizada por qualquer empresa e qualquer setor. • Permite a priorização de resolução de problemas de forma assertiva. Existem diversas variações da matiz de priorização de processos, mas a mais utilizada é a matriz GUT – Gravidade, Urgência, Tendência. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 • Gravidade: caso o problema não seja solucionado, deve-se analisar a intensidade ou impacto. Esta análise pode ser quantitativa ou qualitativa. • Urgência: quanto ao tempo, analisar qual apressão para resolver determinada situação. Esta análise pode levar em consideração os prazos estabelecidos no planejamento do projeto, SLA (Service Level Agreement) de negócio ou resposta para o cliente. • Tendência: considerando um problema sem solução efetiva, analisar tendência e evolução da situação. Esta análise apresenta a probabilidade de o problema ocorrer ao longo do tempo. Figura 8 – Matriz GUT e os critérios de avaliação para classificação dos problemas G Gravidade U Urgência T Tendência 1 – Sem gravidade 1 – Pode esperar 1 – Não vai mudar 2 – Pouco grave 2 – Pouco urgente 2 – Vai piorar a longo prazo 3 – Grave 3 – O mais rápido possível 3 – Vai piorar 4 – Muito grave 4 – É urgente 4 – Vai piorar em pouco tempo se nada for feito 5 – Extremamente grave 5 – Precisa de ação imediata 5 – Irá piorar rapidamente se nada for feito 2.1 Como elaborar uma matriz de priorização 1. Listar os problemas. 2. Classificar os problemas dentro das três variáveis GUT. 3. Fazer um ranking com os principais problemas, multiplicando pela nota 3. 4. Analisar onde estão os pontos fracos (dentro do ranking de principais problemas). 5. Elaborar plano de ação com prazo e responsável para solucionar ou mitigar problemas. Com a matriz de priorização é possível potencializar o trabalho em equipe, analisar a prioridade na solução dos problemas identificados e escalonar, quando necessário. TEMA 3 – DIAGRAMA DE SETAS O Diagrama de Setas é conhecido também como Diagrama de Rede de Atividades, Gráfico de Atividades, CPM (Método do Caminho Crítico) ou Pert Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 (Programa de Avaliação e Revisão Técnica). Tem como objetivo apresentar a ordem de tarefas necessárias em um projeto ou processo através do melhor caminho, além de analisar o que consome mais tempo no plano: prazo, custo e qualidade. Figura 9 – Gráfico de Pert Fonte: Shutterstock. 3.1 Como elaborar o Diagrama de Setas 1. Identificar início, atividades, predecessoras, sucessoras, fim. 2. Somar a duração de todas as atividades em todos os caminhos possíveis. O que tiver maior duração deve ser identificado como caminho crítico. 3. Importante: fatores externos podem afetar a lógica da dependência. O diagrama de setas ajuda no acompanhamento e monitoramento do plano, iniciando os caminhos críticos, mapeando possíveis gargalos e elaborando o cronograma. TEMA 4 – DIAGRAMA DE PROCESSO DE DECISÕES (PDCP) Utilizado para identificar sistemicamente o que pode dar errado em um plano em desenvolvimento, o Diagrama de Processo de Decisões, também conhecido pela sigla em inglês PDCP (Process Decision Program Chart), consiste em um modelo gráfico com possíveis decisões relativas à solução de um problema. As contramedidas são desenvolvidas para prevenir ou compensar estes problemas. Ao usar o PDCP, é possível revisar o plano para evitar os problemas ou se preparar para a melhor solução quando acontecer um problema. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 Figura 10 – Diagrama de Processos de Decisões Fonte: Shutterstock. O PDCP deve ser usado: • Antes de implementar o plano, especialmente quando o plano é grande e complexo; • Quando precisa completar o plano no prazo, de acordo com o cronograma; • Quando o valor do fracasso é alto. 4.1 Como elaborar o PDCP 1. Definir objetivo, início e fim. 2. Definir um plano otimista, passo a passo, para atingir resultados favoráveis. 3. Para cada tarefa, definir o que pode dar errado, com resultados desfavoráveis (situações de risco). 4. Analisar os problemas. 5. Propor possíveis soluções e ações preventivas. 6. Desenhar o gráfico de PDPC. 7. Após exeutar o plano, revisar o diagrama para aumentar a confiabilidade do processo. O PDCP é um diagrama parecido com o diagrama de árvore, com uma situação-núcleo; a análise se expande em várias direções, com o objetivo de eliminar a ocorrência de elementos inesperados ou minimizar sua influência no processo. O principal objetivo é o de escolher a melhor alternativa no processo. Candido Marcelo Realce 010 Figura 11 – Diagrama PDCP Saiba mais Algumas perguntas estratégicas para facilitar a identificação de problemas: • Quais entradas devem estar presentes? Existem entradas indesejáveis ligadas às boas entradas? • Quais saídas esperamos? Existem outras que também podem acontecer? • O que se supõe fazer? Teria mais alguma coisa para fazer no lugar de ou em adicional de? • O que depende de ações, condições ou eventos? São controláveis ou incontroláveis? • O que não pode mudar ou é inflexível? • Tem possibilidade para margem de erros? • Quais assuntos estão sendo trabalhados e podem dar erro? • Dentro das lições aprendidas, é possível encontrar alguma situação similar do passado? • Quão diferente é de antes? • Caso queira que haja falha, como pode realizar? A ideia de ter perguntas para seguir, como um script, é a de facilitar na identificação de possíveis problemas e suas respostas, utilizando o fluxos de decisão do Diagrama PDPC. TEMA 5 – HARD SKILLS VERSUS SOFT SKILLS As dificuldades nos processos de análise e solução de problemas continuam a desafiar gestores e empregados das empresas. O capital humano e intelectual se destaca na busca da excelência e se apresenta como um diferencial competitivo para os profissionais. Início Passo 1 Passo 2 Fim Candido Marcelo Realce 011 O gerente de projetos aparece como principal agente integrador, responsável por montar o quebra-cabeças do projeto através das melhores práticas. O gerente de projetos não precisa e nem deve ser um especialista técnico do projeto conduzido, mas carece de equilibrar suas competências (hard skills) com suas habilidades humanas (soft skills) numa condução assertiva e eficiente. O senso de liderança é o grande diferencial. Imagine o gerente de projetos como um técnico de futebol, trabalhando as suas competências e habilidades para interpretar o jogo, reforçando a defesa ou o ataque quando necessário, buscando ganhar a partida. Mas o que são estas hard e soft skills? Hard skills são habilidades técnicas de fácil desenvolvimento e mensuráveis, aprendidas para executar um trabalho. Por exemplo: curso técnico; faculdade; MBA; pós-graduação; mestrado; doutorado; certificação; treinamentos; fluência em algum idioma; domínio de determinada ferramenta. Figura 12 – Hard versus Soft Skills como competências para a condução com excelência da gestão de projetos. Fonte: Shutterstock. O termo soft skill faz referência às habilidades intangíveis, suaves ou leves, relacionadas aos traços de personalidade da pessoa. São as cohecidas competências comportamentais, que caracterizam nossos relacionamentos com os outros. De acordo com Goleman, no livro Inteligência Emocional (1996), as “habilidades como resiliência, empatia, colaboração e comunicação são todas competências baseadas na inteligência emocional e que distinguem profissionais incríveis da média”. As principais competências são: trabalho colaborativo; saber trabalhar em grupo; trabalhar sob pressão; gerenciar o stress sem perder o foco; priorizar atividades; comunicação eficaz; buscar ouvir atentamente e comunicar Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 de forma clara; foco em resultados, orientado pela estratégia; liderança de equipe; saber motivar e engajar a equipe; resiliêcia; possui princípios éticos; passa confiança. As soft skills são fundamentais para foco, motivação de equipe e espírito de colaboração. São elas que realmente capacitam alguém para ocupar cargos de liderança, que envolvem lidar com outras pessoas e com si mesmo. Apenas inteligênciae experiência não bastam. Um bom gerente de projetos tem a capacidade de criar espaços de debate e reflexão de qualidade, dos quais surgem soluções coletivas e inovadoras. Grandes corporações valorizam a importância de treinar e desenvolver os seus colaboradores com instrumentos que ajudem a resolver problemas nos processos, produtos e rotinas de trabalho. Aos profissionais pouco preocupados com as competências do soft skills cabe uma mudança de mentalidade (mindset) com relação à sua importância para a sobrevivência no mundo corporativo do século 21. É pontual que o gerente de projetos esteja sempre atento ao seu desenvolvimento, investindo no seu conhecimento e trabalhando em prol do alcance de resultados, promovendo o seu próprio sucesso e o da organização. FINALIZANDO O conjunto das sete novas ferramentas da gestão e planejamento da qualidade se distingue das sete ferramentas clássicas e estatísticas da qualidade. As sete novas ferramentas do planejamento da qualidade têm como principal métrica os dados verbais e trabalha com a capacidade de obter infomações e dados de linguagem quando a natureza do problema se expressa e precisa de uma clara articulação verbal. Para isso, estão disponíveis os diagramas de afinidade, relações, árvore, matriz, flechas de processos de decisão e a matriz de priorização. Resumindo a utilização das sete novas ferramentas do planejamento da qualidade: Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 Figura 13 – Resumo das sete novas ferramentas do planejamento da qualidade O gerenciamento de projetos aliado às melhores práticas do PMBOK e em conjunto com as ferramentas da qualidade contribuem nos padrões essenciais referentes à entrega de projetos com melhor qualidade. O perfil do gerente de projetos deve ser desenvolvido com as competências técnicas, também conhecidas por hard skills, e as competências intrínsecas, ou soft skills, que fazem com que o profissional se destaque no mercado de trabalho. Todas as características podem ser trabalhadas como um PDCA, buscando a melhoria contínua. O desenvolvimento dos colaboradores, a busca por técnicas e ferramentas, a apresentação de indicadores, as entregas com qualidade e a busca pela excelência e satisfação do cliente final ajudam as empresas a ter diferencial competitivo e a buscar inovação e crescimento. Candido Marcelo Realce 014 015 REFERÊNCIAS ÁVILA, R. O que é e como montar uma Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência), Blog LUZ, Rio de Janeiro, 4 nov. 2014. Disponível em: <https://blog.luz.vc/o-que- e/matriz-gut-gravidade-urgencia-e-tendencia>. Acesso: 3 abr. 2018. FERRAMENTAS DA QUALIDADE. Ferramentas da qualidade. Disponível em: <http://www.ferramentasdaqualidade.org>. Acesso: 3 abr. 2018. GOLEMAN, D. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. São Paulo: Objetiva, 1996. MARQUES, C. O desafio das soft skilss. Estadão, São Paulo, 20 jan. 2018. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/blogs/radar-do-emprego/o- desafio-das-soft-skills>. Acesso: 3 abr. 2018. MULCAHY, R. Preparatório para o exame de PMP. 8. ed. São Paulo: RMC Publications, 2013. PEREIRA, M. A. As sete novas ferramentas da qualidade. Prof. Dr. Marco Antonio, Lorena, [S.d.]. Disponível em: <http://www.marco.eng.br/qualidade/aulas/AulaExtra- As7NovasFerramentas.pdf>. Acesso: 3 abr. 2018. PDCP – Process Decision Program Chart. ASQ, Milwaukee, [S.d.]. Disponível em <http://asq.org/learn-about-quality/new-management-planning- tools/overview/process-decision-program-chart.html>. Acesso: 3 abr. 2018. PMI. A guide to the project management body of knowledge. 5. ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc., 2013. SEVEN new management and planning tools. ASQ, Milwaukee, [S.d.]. Disponível em: <http://asq.org/learn-about-quality/new-management-planning- tools/overview/overview.html>. Acesso: 3 abr. 2018. TAVARES, F. M. As sete novas ferramentas da qualidade. Marketing Futuro, [S.l.], 13 set. 2012. Disponível em <http://marketingfuturo.com/as-7-novas- ferramentas-de-qualidade>. Acesso: 3 abr. 2018. VALENTE, E. Soft skills são tão importantes quanto habilidades técnicas. Valor Econômico, São Paulo, 15 abr. 2014. Disponível em: <http://www.valor.com.br/carreira/3517610/soft-skills-sao-tao-importantes- quanto-habilidades-tecnicas>. Acesso: 3 abr. 2018.