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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
	
	
SIMÃO ALBERTO MASSINQUI
A RESPONSABILIDADE CIVIL E AS SUAS MODALIDADES
Nampula
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
SIMÃO ALBERTO MASSINQUI
A RESPONSABILIDADE CIVIL E AS SUAS MODALIDADES
	Trabalho individual de carácter avaliativo na cadeira Teoria Geral do Direito Civil I, submetido a Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique.
Docente: Dr. Bogaio Nhacalaza
Nampula
2020
Lista de abreviaturas
CC: Código civil
P. Página 
Art. Artigo 
N.º número 
Índice 
1.	Introdução	4
2.	A RESPONSABILIDADE CIVIL E AS SUAS MODALIDADES	5
2.1	Noção da responsabilidade civil	6
2.2	Espécies ou modalidades da Responsabilidade Civil	7
2.2.1	Responsabilidade Civil Subjectiva e Objectiva	7
2.2.1.1	Responsabilidade Civil Subjectiva	7
2.2.1.1 Responsabilidade Civil objectiva	7
2.2.2	Responsabilidade Civil contratual e extracontratual	8
2.2.2.1	Responsabilidade Civil contratual	8
2.2.2.2 Responsabilidade Civil extracontratual	8
3.	Conclusão	11
4.	Bibliografia	12
iii
1. Introdução
O presente trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Teoria Geral do Direito Civil I, que tem como tema a Responsabilidade Civil e as suas Modalidades, elaborado este, pelo discente do 2º ano, Turma B, do período Diurno.
No actual trabalho visa analisar a Responsabilidade Civil em e as suas Modalidades, bem como ilustrar os seus pressuposto. Existe a necessidade de sintetizar os aspectos abordados sobre a Responsabilidade Civil, de modo a obter informações de forma concreta, clara, e sem ambiguidades.
No âmbito da realização deste trabalho, sobreveio a controvérsia, qual é a importância da Responsabilidade Civil no mundo Jurídico? Essa questão será aduzida os argumentos de modo a exaurir a descrença sobre estes ou os demais assuntos relacionados ao tema.
Para a realização do presente trabalho usa-se o método dedutivo, que partindo das teorias das leis prediz a ocorrência de fenómenos particulares. Igualmente usa-se a pesquisa documental, que envolve o manuseio de determinados documentos neste caso a observância de leis e seus regulamentos. E usa-se a pesquisa bibliográfica, que vincula a análise e interpretação dos livros.
2. A RESPONSABILIDADE CIVIL E AS SUAS MODALIDADES
De mesmo modo que a autonomia privada decorre do principio geral da autodeterminação do homem, desta relacionado com a natureza deste que corresponde aos seus actos: “o homem é um ser que existe com vista a sua auto responsabilidade”. De facto, a responsabilidade ou melhor a consciência de responder pelos actos que vierem a ser praticados por virtude da inclusão das suas consequências de decisão de agir, limita a liberdade do agente no sentido de evitar voluntarismos e abusos de poder. Esta constatação de acordo com o conceito de liberalistas, vale como ideia fundamental para todos e qualquer tipo de actividades assumir a responsabilidade e ser responsabilizado são, por isso prerrogativas e ónus do Homem. Vistos nestes termo9s a responsabilidade tem um fundamento ético.[footnoteRef:2] [2: HOSTER, Heinrich Ewald, a Parte Geral do Código Civil Português: Teoria Geral do Direito Civil, Livraria Almedina, Coimbra, 1992. P. 70 ] 
No entanto a responsabilidade moral não coincide com a responsabilidade jurídica. Para que possa haver a responsabilidade jurídica, não são suportados por quem a sofreu (casum sentit dominus), mas sim são imputados a quem causou, ou seja, ao agente segundo determinados critérios legais, iguais para todos. A responsabilidade pressupõe a existência de um dano e o dever de indemnizar este dano na medida que vai para alem do risco geral da vida que cada um deve assumir individualmente ao tomar, sempre que possível, conta das suas coisas e cuidar dos seus interesses. Deve indemnizar aquele a quem o facto danoso é imputado por lei. Dai nasce a responsabilidade civil.[footnoteRef:3] [3: Idem. P. 71] 
Os danos podem surgir na sequencia de um contrato (que não é devidamente cumprido ou cujo cumprimento fala por completo) ou pode nascer também de um comportamento fora do campo negocial. No primeiro caso, a ultima razão a ultima razão para a responsabilidade reside em factos oriundos da vontade autónoma-privada, sendo de ajuizar, portanto, o resultado de uma vontade jurídico-privada; na segunda hipótese já não se trata de ajuizar vontades, mas sim de aliviar condutas desconformes com a lei as quais estas atribui efeitos regularmente sancionatórios sem atender a vontade. Entendido nestes termos latos, a responsabilidade civil abrange tanto a responsabilidade contratual como a responsabilidade extracontratual.[footnoteRef:4] [4: Idem. P. 71] 
Contudo, a sistematização do código civil adaptado a respeito da responsabilidade diferencia entre as duas modalidades atendendo a mencionada diversidade dos factos que estão na sua origem: as eventuais obrigações de indemnizar têm fontes diferentes. Assim, na sistematização da lei, a responsabilidade civil coincide com a responsabilidade extracontratual, englobando este conceito então a responsabilidade por factos ilícitos, a responsabilidade pelo risco e a responsabilidade por determinados factos lícitos. [footnoteRef:5] [5: HOSTER, Heinrich Ewald, a Parte Geral do Código Civil Português: Teoria Geral do Direito Civil, Livraria Almedina, Coimbra, 1992. P. 72] 
2.1 Noção da responsabilidade civil 
A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim responder, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus actos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus actos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana.[footnoteRef:6] [6: STOCO, Rui, Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência, 7 ed., São Paulo Editora, Revista dos Tribunais, 2007. P. 114.] 
É a responsabilidade civil, ou obrigação de indemnizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da acção violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado.[footnoteRef:7] [7: BITTAR, Carlos Alberto,  Curso de direito civil, 1ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 1994. P. 561.] 
Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção.[footnoteRef:8] [8: SILVA, De Plácido,  Vocabulário jurídico conciso, 1 ed. Rio de Janeiro, Forense, 2008. P. 642.] 
2.2 Espécies ou modalidades da Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil costuma ser classificada pela doutrina em razão da culpa e quanto a natureza jurídica da norma violada.[footnoteRef:9] [9: SANTOS, Pablo de Paula Saul, responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais, 2012. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/responsabilidade-civil-origem-e-pressupostos-gerais/amp/?espv=1 acesso em: 20 de Maio de 2020.
] 
· Quanto ao primeiro critério a responsabilidade é dividida em objectiva e subjectiva. Em razão do segundo critério ela pode ser dividida em responsabilidade contratual e extracontratual.
· A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever jurídico violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual.
2.2.1 Responsabilidade Civil Subjectiva e Objectiva
2.2.1.1 Responsabilidade Civil Subjectiva
Denomina-se responsabilidade civil subjectiva aquela causadapor conduta culposa lato sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se quando o agente causador do dano praticar o acto com negligência ou imprudência. Já o dolo é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.[footnoteRef:10] A responsabilidade subjectiva está plausível arts. 483.º (extraobrigacional), 798.º (obrigacional) e 227.º (précontratual) do código civil. [10: SANTOS, Pablo de Paula Saul, responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais, 2012. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/responsabilidade-civil-origem-e-pressupostos-gerais/amp/?espv=1 acesso em: 20 de Maio de 2020.] 
2.2.1.1 Responsabilidade Civil objectiva 
Por outro lado surge a denominada responsabilidade civil objectiva, que prescinde da culpa. A teoria do risco é o fundamente dessa espécie de responsabilidade, sendo resumida por Sérgio Cavalieri nas seguintes palavras: “Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa.[footnoteRef:11] [11: Idem.] 
2.2.2 Responsabilidade Civil contratual e extracontratual
2.2.2.1 Responsabilidade Civil contratual
A responsabilidade civil contratual configura-se o dano em decorrência da celebração ou da execução de um contrato. O dever violado é oriundo ou de um contrato ou de um negócio jurídico unilateral. Se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir as obrigações que convencionaram. [footnoteRef:12] [12: Idem.] 
A responsabilidade contratual se origina da inexecução contratual. Pode ser de um negócio jurídico bilateral ou unilateral. Resulta, portanto, de ilícito contratual, ou seja, de falta de adimplemento ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação. É uma infracção a um dever especial estabelecido pela vontade dos contratantes, por isso decorre de relação obrigacional preexistente e pressupõe capacidade para contratar. A responsabilidade contratual é o resultado da violação de uma obrigação anterior, logo, para que exista é imprescindível a preexistência de uma obrigação.[footnoteRef:13] [13: SILVA, Gissselle Miranda Ratton, responsabilidade contratual e extracontratual, 2002. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/874/Responsabilidade-contratual-e-extracontratual acesso em: 20 de Maio de 2020. ] 
2.2.2.2 Responsabilidade Civil extracontratual
Já a responsabilidade propriamente dita, a extracontratual, que também é denominada de aquiliana, tem por fonte deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento jurídico considerado como um todo. O dever jurídico violado não está previsto em nenhum contrato e sem existir qualquer relação jurídica anterior entre o lesante e a vítima; o exemplo mais comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os danos oriundos de acidente entre veículos.[footnoteRef:14] [14: SANTOS, Pablo de Paula Saul, responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais, 2012. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/responsabilidade-civil-origem-e-pressupostos-gerais/amp/?espv=1 acesso em: 20 de Maio de 2020.] 
Esta categoria de responsabilidade civil – que visa a reparar os danos decorrentes da violação de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens alheios – costuma ser denominada de responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou, ainda, responsabilidade civil geral.[footnoteRef:15] [15: Idem.] 
Na prática, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual dão ensejo à mesma consequência jurídica: a obrigação de reparar o dano. Desta forma, aquele que, mediante conduta voluntária, transgredir um dever jurídico, existindo ou não negócio jurídico, causando dano a outrem, deverá repará-lo.[footnoteRef:16] [16: Idem.] 
A responsabilidade extracontratual, se resulta do inadimplemento normativo, ou seja, da prática de um ato ilícito por pessoa capaz ou incapaz, da violação de um dever fundado em algum princípio geral de direito, visto que não há vínculo anterior entre as partes, por não estarem ligadas por uma relação obrigacional. A fonte desta inobservância é a lei. É a lesão a um direito sem que entre o ofensor e o ofendido preexista qualquer relação jurídica. Aqui, ao contrário da contratual, caberá à vítima provar a culpa do agente.[footnoteRef:17] [17: SILVA, Gissselle Miranda Ratton, responsabilidade contratual e extracontratual, 2002. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/874/Responsabilidade-contratual-e-extracontratual acesso em: 20 de Maio de 2020.] 
Entretanto, para que alguém tenha o dever de indemnizar outro, alguns pressupostos tem que estar presentes: 
· Facto voluntário do agente – comportamento dominado pela vontade do agente (que não é hipnotizado, instrumentalizado, coagido, manietado)
· Ilicitude – violação do direito de outrem ou qualquer disposição destinada a proteger interesses alheios.
· Culpa – dolo (intenção de causar danos); mera culpa ou negligencia (494º) (omissão do dever de cuidado e de diligência)
· Dano – patrimonial (danos cessantes – art.564º CC e danos emergentes – art.564º CC); moral e Não Patrimoniais
· Nexo de causalidade – ligação causal entre o facto gerador do dano e o próprio dano.
Contudo, no Ordenamento Jurídico moçambicano, compreende diversos modelos da responsabilidade extracontratual designadamente:
· Responsabilidade por factos ilícitos (subjectiva) 
· Responsabilidade pelo risco (objectiva) 
· Responsabilidade por factos lícitos
E dentro destas existem outras modalidades a saber:
· Responsabilidade por facto lícito que encontra abrigo nos arts. 339.º/2, 1348/2,1349/3, 1367,1172, 1229 do Código Civil (CC);
· Responsabilidade por danos sofridos em actividade no interesse doutrem arts. 468.º/1 e 1167.º/ do CC;
· Responsabilidade pelo risco esta plasmado nos arts. 502.º, 503.º, 509.º do CC;
· Responsabilidade subjectiva/ Delitual/Aquiliana esta plasmado nos arts. 483.º, 798.º 227.º CC;
3. Conclusão 
No âmbito da nossa análise observa-se que, a responsabilidade civil assume especial importância e delas inclui a obrigação de indemnizar outros pelos danos causados. Além do mais, esta obrigação de indemnizar não é apenas com base na culpa, mas, existe espaço de uma responsabilização por risco, como refere o art. 500 Código Civil. Ao abordar sobre a responsabilidade pressupõe a existência de um agente cujo dever é ressarcir uma perda, ou seja, o agente a quem recai o dever de responder pelos seus actos para reparar uma perda e que existe sempre um dano, quer seja patrimoniais ou não patrimoniais que foi causado para outra pessoa. 
4. Bibliografia
HOSTER, Heinrich Ewald, a Parte Geral do Código Civil Português: Teoria Geral do Direito Civil, Livraria Almedina, Coimbra, 1992. 
STOCO, Rui, Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência, 7 ed., São Paulo Editora, Revista dos Tribunais, 2007.
BITTAR, Carlos Alberto,  Curso de direito civil, 1ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 1994. 
SILVA, De Plácido,  Vocabulário jurídico conciso, 1 ed. Rio de Janeiro, Forense, 2008. 
SANTOS, Pablo de Paula Saul, responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais, 2012. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/responsabilidade-civil-origem-e-pressupostos-gerais/amp/?espv=1 acesso em: 20 de Maio de 2020.
SILVA, Gissselle Miranda Ratton, responsabilidade contratual e extracontratual, 2002. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/874/Responsabilidade-contratual-e-extracontratual acesso em: 20 de Maio de 2020.

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