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11 - Consumidor

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Projeto CONCEITOS BÁSICOS 2019 – DIREITO CONSUMIDOR 
1 
 
Sumário 
PONTO 1 - NATUREZA E FONTE DAS REGRAS DE CONSUMO. A RELAÇÃO DE CONSUMO E SUAS CARACTERÍSTICAS. .......... 6 
1. QUAL A DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR E QUAL SUA FINALIDADE? ........................................................................................ 6 
2. QUAL A NATUREZA DO DIREITO DO CONSUMIDOR? ......................................................................................................................... 6 
3. O QUE SE ENTENDE POR MICROSSISTEMA JURÍDICO DO DIREITO DO CONSUMIDOR? .............................................................................. 6 
4. QUAL A RELAÇÃO DE DIREITO DO COSUMIDOR E A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL? .............................................................. 6 
5. QUAL A CONSEQUÊNCIA DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO DO CONSUMIDOR? ........................................................................... 7 
6. EM QUAL GERAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS SE ENCONTRA O DIREITO DO CONSUMIDOR E POR QUÊ? ............................................. 7 
7. QUAL O SIGNIFICADO DE PROTEÇÃO DO DIREITO DO CONSUMIDOR COMO PRINCÍPIO DE ORDEM ECONÔMICA? ......................................... 7 
8. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR? ............................................................................................. 8 
9. COMO SE RESOLVE AS APARENTES ANTINOMIAS ENTRE O CDC E O CC? ............................................................................................. 8 
10. EM QUE CONSISTE O DIÁLOGO DAS FONTES? ............................................................................................................................... 8 
11. QUAIS AS ESPÉCIES DE DIÁLOGO DAS FONTES? DÊ EXEMPLOS. ........................................................................................................ 9 
12. O DIÁLOGO DAS FONTES É APLICADO PELA JURISPRUDENCIA? DÊ EXEMPLOS. .................................................................................... 9 
13. EXISTE PREVISÃO EXPRESSA DA TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES NO CDC? .................................................................................... 10 
14. COMO SÃO SISTEMATIZADOS OS PRINCÍPIOS DO CDC? ............................................................................................................... 10 
15. O QUE É POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO? ....................................................................................................... 10 
16. O QUE É PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR? ......................................................................................................... 12 
17. O QUE É PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR? ....................................................................................................... 12 
18. O CONSUMIDOR É SEMPRE VULNERÁVEL? ................................................................................................................................. 12 
19. O QUE É PRINCÍPIO DO FAVOR DEBILIS? .................................................................................................................................... 13 
20. QUAIS ESPÉCIES DE VULNERABILIDADE? .................................................................................................................................... 13 
21. O CONSUMIDOR VULNERÁVEL SEMPRE SERÁ HIPOSSUFICIENTE? .................................................................................................... 14 
22. A HIPOSSUFICIÊNCIA PREVISTA NO CDC É SOMENTE ECONÔMICA? ................................................................................................ 14 
23. QUAL O SIGNIFICADO DE PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA? DÊ UM EXEMPLO DE APLICAÇÃO. ............................................................... 14 
24. QUAL O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA BOA FÉ NO CDC? ............................................................................................................. 15 
25. O QUE SÃO DEVERES LATERAIS E QUAL A RELAÇÃO COM A BOA FÉ? ................................................................................................ 15 
26. A BOA FÉ PREVISTA NO CDC É OBJETIVA OU SUBJETIVA? .............................................................................................................. 15 
27. QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA? DÊ EXEMPLOS. ..................................................................................................... 16 
PONTO 2 - INTEGRANTES E OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DAS 
RELAÇÕES DE CONSUMO. ............................................................................................................................................ 16 
1. O QUE SIGNIFICA RELAÇÃO DE CONSUMO? .................................................................................................................................. 16 
2. QUAL O CONCEITO DE CONSUMIDOR? ........................................................................................................................................ 17 
3. O QUE É CONSUMIDOR STRICTO SENSU? ..................................................................................................................................... 17 
4. O QUE SIGNIFICA SER DESTINATÁRIO FINAL? ................................................................................................................................ 17 
5. EXPLIQUE AS TEORIAS A RESPEITO DO CONSUMIDOR. .................................................................................................................... 17 
 
Projeto CONCEITOS BÁSICOS 2019 – DIREITO CONSUMIDOR 
2 
 
6. PESSOA JURÍDICA PODE SER ENQUADRADA COMO DESTINATÁRIA FINAL? QUAL POSIÇÃO DO STJ? .......................................................... 18 
7. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO PODE SER CONSUMIDORA? ................................................................................................... 18 
8. QUEM SÃO OS CONSUMIDORES EQUIPARADOS? EXEMPLIFIQUE. ..................................................................................................... 18 
9. QUAL A ABRANGÊNCIA DA EXPRESSÃO “HAJA INTERVINDO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO” NA DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR EQUIPARADO À 
COLETIVIDADE? ............................................................................................................................................................................. 19 
10. A COLETIVIDADE DE PESSOAS INTEGRANTE DO CONCEITO DE CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO ABRANGE TAMBÉM AS PESSOAS JURÍDICAS?
 19 
11. SE NENHUM CONSUMIDOR REAL FOR IDENTIFICADO, HÁ PROTEÇÃO DO CDC?................................................................................. 20 
12. NO CASO DE UMA EXPLOSÃO NUM SHOPPING CENTER, TODAS PESSOAS SERIAM CONSIDERADAS CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO? 
DEFINA BYSTANDERS. ...................................................................................................................................................................... 20 
13. QUAL O CONCEITO DE FORNECEDOR? ....................................................................................................................................... 20 
14. DIANTE DO CONCEITO DE FORNECEDOR, QUAIS ELEMENTOS ESSENCIAIS PODEMOS EXTRAIR PARA SUA DEFINIÇÃO? ............................... 20 
15. O CONCEITO DE FORNECEDOR SE CONFUNDE COM O CONCEITO DE EMPRESÁRIO? ............................................................................ 21 
16. AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO SÃO FORNECEDORAS? ................................................................................................................. 21 
17. QUAIS REQUISITOS DEVEMOS IDENTIFICAR NA PESSOA FÍSICA PARA ENQUADRÁ-LA NA DEFINIÇÃO DE FORNECEDOR? ............................. 21 
18. PARA SER FORNECEDOR EXIGE O PROFISSIONALISMO? .................................................................................................................21 
19. ENTE DESPERSONALIZADO PODE SER FORNECEDOR? EXEMPLIFIQUE. .............................................................................................. 22 
20. EXISTE FORNECEDOR “EQUIPARADO”? ..................................................................................................................................... 22 
21. QUAIS SÃO AS CATEGORIAS QUE A DOUTRINA CLASSIFICA OS FORNECEDORES? ................................................................................ 22 
22. QUAL O CONCEITO DE PRODUTO? ............................................................................................................................................ 22 
23. AMOSTRA GRÁTIS É PRODUTO? SE CAUSOU DANO, CABE RESPONSABILIDADE CIVIL PELO CDC? ........................................................... 23 
24. QUAL O CONCEITO DE SERVIÇO PELO CDC? ............................................................................................................................... 23 
25. O QUE SE ENTENDE POR REMUNERAÇÃO DIRETA E INDIRETA? EXEMPLIFIQUE. ................................................................................. 23 
26. O CDC SE APLICA AO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE? POR QUÊ? ...................................................................................................... 23 
27. O CDC SE APLICA ÀS ENTIDADES ABERTAS E FECHADAS DE PREVIDÊNCIA? ....................................................................................... 23 
28. O CDC SE APLICA AOS PLANOS DE SAÚDE DE AUTOGESTÃO? POR QUÊ? ......................................................................................... 24 
29. CITE HIPÓTESES EM QUE NÃO SE APLICA O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: ............................................................................ 24 
PONTO 3 - OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR. INTERPRETAÇÃO DAS REGRAS DE CONSUMO. .............................. 24 
1. QUAIS SÃO OS DIREITOS BÁSICOS ELENCADOS NO CDC? A ENUMERAÇÃO É EXEMPLIFICATIVA OU EXAUSTIVA? FORNECEDORES TAMBÉM SÃO 
DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS? ........................................................................................................................................................ 24 
2. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO COMO DIREITO DO CONSUMIDOR? ........................................................................ 25 
3. QUAL A FINALIDADE DA INFORMAÇÃO? DÊ UM EXEMPLO DE INFORMAÇÃO OBRIGATÓRIA EXPRESSA NA LEI. ........................................... 25 
4. COMO A JURISPRUDÊNCIA INTERPRETA A OBRIGAÇÃO DE INFORMAÇÃO PREVISTO NO CDC? ................................................................ 25 
5. É POSSÍVEL A MODIFICAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL NO CDC? RECEBE O MESMO TRATAMENTO DO CC? ........................................ 25 
6. QUAL TEORIA SE APLICA À REVISÃO DAS CLÁUSULAS EXCESSIVAMENTE ONEROSAS POR FATO SUPERVENIENTE? RECEBE O MESMO 
TRATAMENTO DO CC? ..................................................................................................................................................................... 26 
7. QUAL A ABRANGÊNCIA DO DIREITO BÁSICO DO CONSUMIDOR DA EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS? .................................... 26 
8. O QUE É ABALO DE CRÉDITO E QUANDO ELE SE CONFIGURA? .......................................................................................................... 27 
 
Projeto CONCEITOS BÁSICOS 2019 – DIREITO CONSUMIDOR 
3 
 
9. É APLICÁVEL O DANO MORAL COLETIVO NAS AÇÕES VINCULADAS A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR?..................................... 27 
10. STJ ADMITE O DANO MORAL COLETIVO? PORQUE HÁ DIVERGÊNCIA? ............................................................................................. 27 
11. QUANDO O CONSUMIDOR TERÁ DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA? .................................................................................... 28 
12. QUAL O MOMENTO ADEQUADO PARA A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA? ....................................................................................... 28 
13. DIFERENCIE A DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA PREVISTA NO CPC DA INVERSÃO DO ÔNUS DO CDC. ................................... 28 
PONTO 4 - DA QUALIDADE QUE OS PRODUTOS E SERVIÇOS DEVEM TER. DA RESPONSABILIDADE DOS AGENTES QUE 
FIGURAM NAS RELAÇÕES DE CONSUMO....................................................................................................................... 29 
1. EXPLIQUE SOBRE OS RISCOS DOS PRODUTOS COLOCADOS NO MERCADO ........................................................................................... 29 
2. DEFINA FATO E VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO ........................................................................................................................... 29 
3. QUAIS AS FORMAS DE VÍCIOS?................................................................................................................................................... 29 
4. O CONSUMIDOR PODE EXIGIR OS REQUISITOS DO ARTIGO 18 DO CDC SEM OPORTUNIZAR AO FORNECEDOR QUE SANE O VÍCIO NOS 30 DIAS?
 30 
5. O QUE NECESSITA PARA CONFIGURAR VÍCIO DE QUALIDADE POR INSEGURANÇA? QUAIS OS REQUISITOS? PERICULOSIDADE ADQUIRIDA O QUE 
SERIA? E A INERENTE? .................................................................................................................................................................... 30 
6. O QUE É RECALL? ELE TEM PREVISÃO EXPRESSA NO CDC? ............................................................................................................... 31 
PONTO 5 - ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADES PREVISTAS NA LEI DE CONSUMO. ............................................................ 31 
1. O QUE É TEORIA UNITÁRIA DA RESPONSABILIDADE? ..................................................................................................................... 31 
2. QUAIS AS ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL PREVISTA NO CDC? ............................................................................................... 31 
3. QUAL A DIFERENÇA ENTRE VÍCIO E DEFEITO? ................................................................................................................................ 32 
4. O QUE SIGNIFICA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA?......................................................................................................................... 32 
5. QUAL A MODALIDADE DE RESPONSABILIDADE ADOTADA PELO CDC? INFORMADA POR QUAL TEORIA? .................................................. 32 
6. EXPLIQUE A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO .............................................................................................................. 32 
7. FALE SOBRE A RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE .................................................................................................................... 33 
8. QUAIS AS CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE? .............................................................................................................. 33 
9. FALE SOBRE A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO ............................................................................................................. 34 
10. A SITUAÇÃO É A MESMA NO CASO DE PROFISSIONAIS LIBERAIS? .................................................................................................... 34 
11. DIFERENCIE A RESPONSABILIDADE DE MEIO DA RESPONSABILIDADE DE RESULTADO. .......................................................................... 35 
12. HÁ RESPONSABILDIADE OBJETIVA DO PROFISSIONAL LIBERAL NO CASO DE ATIVIDADES DE RESULTADO?................................................ 35 
13. FALE SOBRE A RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO ......................................................................................................... 36 
14. FALE SOBRE A RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO ...........................................................................................................36 
15. PROVEDORES DA INTERNET TÊM RESPONSABILIDADE POR SEU CONTEÚDO?..................................................................................... 37 
16. TODO SERVIÇO PÚBLICO ESTÁ SUJEITO À RESPONSABILIDADE PELO CDC? ....................................................................................... 37 
17. O QUE É LIVRE CONSENTIMENTO INFORMADO? EXISTE EXCEÇÃO? QUAL A CONSEQUÊNCIA DA INOBSERVÂNCIA? .................................. 38 
PONTO 6 - DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA NAS AÇÕES ATINENTES A MATÉRIA DE CONSUMO. ................................ 38 
1. DIFERENCIE OS PRAZOS DECADENCIAIS E PRESCRICIONAIS PREVISTOS DO CDC. ................................................................................... 38 
2. QUAL O PRAZO PARA RESPONSABILIDADE DO FATO DO PRODUTO E SERVIÇO? É DECADENCIAL OU PRESCRICIONAL? ................................. 38 
3. PRAZO PARA RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO? É DECADENCIAL OU PRESCRICIONAL? ........................................................................... 39 
4. EXISTE A DIFERENÇA ENTRE OS PRAZOS DECADENCIAIS POR VÍCIO APARENTE OU DE FÁCIL CONSTATAÇÃO E VÍCIO OCULTO? ....................... 39 
 
Projeto CONCEITOS BÁSICOS 2019 – DIREITO CONSUMIDOR 
4 
 
5. SE O VÍCIO SE MANIFESTAR APÓS O TÉRMINO DO PRAZO DE GARANTIA CONTRATUAL, PODE AINDA RECLAMAR PELO VÍCIO OCULTO? ........... 39 
6. QUAL O PRAZO PRESCRICIONAL DE INDENIZAÇÃO POR RESPONSABILIDADE ADVINDA DE TRANSPORTE AÉREO?......................................... 39 
PONTO 7 - DAS PRÁTICAS COMERCIAIS. DA OFERTA E DA PUBLICIDADE. AS PRÁTICAS ABUSIVAS E SEUS EFEITOS. ......... 40 
1. SE O FORNECEDOR RECUSAR CUMPRIMENTO DE OFERTA E PUBLICIDADE. O QUE FAZER? O CONSUMIDOR TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO? .... 40 
2. O QUE OS TRIBUNAIS ENTENDEM SOBRE OFERTA EM QUE HOUVE ERRO DE PUBLICAÇÃO QUANTO AO VALOR DE UM TV? VALE 500,00 E FOI 
ANUNCIADA POR 50,00. CONSUMIDOR PODE OBRIGAR A AQUISIÇÃO PELO PREÇO OFERTADO ERRADO? ....................................................... 40 
3. CASO O CONSUMIDOR ALEGUE FATO NEGATIVO (O NÃO REQUERIMENTO DE UM SERVIÇO, POR EXEMPLO), COMO FUNCIONA A DISTRIBUIÇÃO 
DA PROVA? ................................................................................................................................................................................... 40 
4. QUANDO UMA COBRANÇA AO CONSUMIDOR É CONSIDERADA VEXATÓRIA? EXEMPLO......................................................................... 41 
5. O JUIZ PODE DECLARAR UMA NULIDADE DE CLÁUSULA ABUSIVA DE OFÍCIO? ...................................................................................... 41 
6. QUAL SERÁ A CONSEQUÊNCIA DE UMA CLÁUSULA CONTRATUAL ABUSIVA? ........................................................................................ 41 
7. O JUIZ PODE REVISAR O CONTEÚDO DA CLAUSULA ABUSIVA AO INVÉS DE DECLARA-LA NULA? ............................................................... 41 
8. QUAIS PRINCÍPIOS REGEM A PUBLICIDADE NO CDC? ...................................................................................................................... 41 
9. É POSSÍVEL QUE VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO RESPONDA POR PUBLICIDADE ENGANOSA? ..................................................................... 42 
10. DIFERENÇA ENTRE PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA: .............................................................................................................. 42 
11. O QUE É “PUFFING”? ELE ENSAJA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR? ........................................................................................ 43 
12. O QUE É PRÁTICA ABUSIVA PARA O CDC? ................................................................................................................................. 43 
13. O ROL DO CDC DE PRÁTICAS ABUSIVAS É TAXATIVO OU EXEMPLIFICATIVO? INDIQUE 3 PRÁTICAS ABUSIVAS VEDADAS PELO CDC. ............. 43 
14. SERIA LEGÍTIMA À LUZ DO CDC A COBRANÇA DE TARIFA MÍNIMA PELO SERVIÇO DE ASSINATURA MENSAL DE TELEFONIA FIXA? ................. 44 
PONTO 8 - DA PROTEÇÃO CONTRATUAL EM MATÉRIA DE CONSUMO. PRINCÍPIOS QUE REGEM A MATÉRIA. OS 
CONTRATOS DE ADESÃO. DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS. ESPÉCIES E EFEITOS JURÍDICOS. .................................................. 44 
1. QUAL É O MODELO QUE REGE O CONTRATO DE CONSUMO EM NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO? ........................................................ 44 
2. QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS QUE INFORMAM OS CONTRATOS NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO? ................................................. 44 
3. QUAIS OS INTRUMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRATUAL PREVISTOS NO CDC? ....................................................................................... 44 
4. EM QUE CONSISTE A TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL OU ADIMPLEMENTO MÍNIMO? ............................................................ 44 
5. QUAL PRINCÍPIO, NA ATUALIDADE, SE CONTRAPÕE AO PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS? CITE UM EXEMPLO NAS RELAÇÕES DE 
CONSUMO. ................................................................................................................................................................................... 45 
6. COMO DEVEM SER INTERPRETADAS AS CLÁUSULAS CONTRATUAIS QUE REGULAM A RELAÇÃO DE CONSUMO? .......................................... 45 
7. O QUE É GARANTIA LEGAL? ....................................................................................................................................................... 45 
8. QUAL É A NATUREZA DA GARANTIA CONTRATUAL PREVISTA NO CDC? .............................................................................................. 45 
9. EXISTE A POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA GARANTIA LEGAL PELA CONTRATUAL? ........................................................................... 45 
10. EM QUE CONSISTE A CLÁUSULA DE DECAIMENTO? ...................................................................................................................... 45 
11. EM QUE CONSISTE O CONTRATO DE ADESÃO? ............................................................................................................................ 46 
PONTO 9 - A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO. AC ̧ÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS. LEGITIMIDADE PARA SUA 
PROPOSITURA. EFEITOS DA COISA JULGADA. ................................................................................................................ 46 
1. NA SISTEMÁTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, DISTINGA DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: ......... 46 
2. QUAIS SÃO OS LEGITIMADOS CONCORRENTES PARA A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO? ................................................................. 46 
3. QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE AÇÕES CABÍVEIS PARA A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO? ................................................................... 47 
 
Projeto CONCEITOS BÁSICOS 2019 – DIREITO CONSUMIDOR 
5 
 
4. APONTE A DIFERENÇA ENTRE AÇÃO CIVIL COLETIVA E AÇÃO CIVIL PÚBLICA: ........................................................................................ 47 
5. EM QUE CONSISTE O PRINCÍPIO DO MÁXIMO BENEFÍCIO DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA? ............................................................. 47 
6. O QUE SE ENTENDE POR LIQUIDAÇÃO IMPRÓPRIA NO ÂMBITO DAS AÇÕES COLETIVAS DE CONSUMO? .................................................... 47 
7. QUAL É O CONCEITO DE “FLUID RECOVERY” OU REPARAÇÃO FLUIDA? ............................................................................................... 47 
8. QUAIS SÃO OS EFEITOS DA COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS TRATADAS NO CDC? ...................................................................... 48 
9. É CABÍVEL A DENUNCIAÇÃO DA LIDE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO? ................................................................................................. 48 
10. E SE O CONSUMIDOR CONCORDAR? .........................................................................................................................................48 
PONTO 10 - DAS AÇÕES COLETIVAS PARA DEFESA DOS DIREITOS DOS CONSUMIDORES. DAS AÇÕES DE 
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS. ............................................................................... 49 
1. QUANTO À PROTEÇÃO DOS DIREITOS COLETIVOS, O QUE SÃO DIREITOS METAINDIVIDUAIS? ................................................................. 49 
2. QUAL A JUSTIFICATIVA PARA A PROTEÇÃO DE DIREITOS COLETIVOS DO CONSUMIDOR? ........................................................................ 49 
3. NO QUE TANGE A INSERÇÃO DO CONSUMIDOR NO CONTEXTO ECONÔMICO-SOCIAL GLOBALIZADO, QUAIS AS MUDANÇAS ADVINDAS COM AS 
AÇÕES COLETIVAS? ......................................................................................................................................................................... 49 
4. QUAL O MARCO NA EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL COLETIVO? ............................................................................................... 49 
5. COMO IDENTIFICAR, EM DETERMINADA AÇÃO COLETIVA, BUSCA-SE A TUTELA DE NATUREZA DIFUSA, COLETIVA OU INTERESSE INDIVIDUAL 
HOMOGÊNEO? .............................................................................................................................................................................. 49 
6. O QUE SÃO COISA JULGADA SECUNDUM EVENTUM LITIS E SECUNDUM EVENTUM LITIS IN UTILIBUS ....................................................... 50 
7. O QUE É LIMITAÇÃO TERRITORIAL DA COISA JULGADA? .................................................................................................................. 50 
PONTO 11 - RESPONSABILIDADE CIVIL. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL. DANO PATRIMONIAL E 
MORAL. DA COBRANÇA DE DÍVIDAS E DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS............................................................... 51 
1. QUAL O TERMO INICIAL DO PRAZO MÁXIMO DE 05 ANOS QUE O NOME DO DEVEDOR PODE FICAR INSCRITO EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO 
CRÉDITO? ..................................................................................................................................................................................... 51 
2. SE O CONSUMIDOR ESTÁ INADIMPLENTE, O FORNECEDOR PODERÁ INCLUÍ-LO EM CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO? QUAL CUIDADO 
PRÉVIO QUE DEVE SER TOMADO? ...................................................................................................................................................... 51 
3. O QUE ACONTECE SE NÃO HOUVER ESSA NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO CONSUMIDOR, NO CASO DE INSERÇÃO DO SEU NOME EM 
CADASTRO DE INADIMPLENTE? ................................................................................................................................................ 51 
4. DE QUEM É A RESPONSABILIDADE PARA EXCLUSÃO DO NOME DO DEVEDOR NOS CADASTROS NEGATIVOS? E NO CASO DE INSCRIÇÃO 
IRREGULAR? .................................................................................................................................................................................. 52 
5. O QUE É CREDIT SCORE? É NECESSÁRIA PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO CONSUMIDOR? .............................................................................. 52 
6. O QUE DIFERENCIA A REPETIÇÃO DE INDÉBITO PREVISTA NO ART.42, PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC DAQUELA PREVISTA NO ART. 940 DO CC?
 52 
7. QUAL A TEORIA ADOTADA PELO CDC PARA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E QUAIS HIPÓTESES ELA É POSSÍVEL? ............. 52 
8. EXISTE DIFERENÇA NA RESPONSABILIDADE DAS SOCIEDADES CONSORCIADAS, COLIGADAS, INTERGRANTES DE GRUPOS SOCIETÁRIOS E 
CONTROLADAS? ............................................................................................................................................................................. 53 
9. O QUE É DESCONTO DE PONTUALDIADE? ELE É VÁLIDO? ................................................................................................................ 53 
10. QUAIS SÃO AS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS APLICÁVEIS, CONFORME CDC? ...................................................................................... 53 
 
 
Projeto CONCEITOS BÁSICOS 2019 – DIREITO CONSUMIDOR 
6 
 
PONTO 1 - NATUREZA E FONTE DAS REGRAS DE CONSUMO. A RELAÇÃO DE CONSUMO E SUAS 
CARACTERÍSTICAS. 
1. QUAL A DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR E QUAL SUA FINALIDADE? 
Direito do Consumidor é o conjunto de normas e princípios que disciplina a relação jurídica que se 
estabelece entre consumidor e fornecedor, tendo por objeto a aquisição de um produto ou serviço. A finalidade 
é a redução das desigualdades existentes na relação de consumo, diante da vulnerabilidade do consumidor 
frente aos fornecedores, detentores do monopólio dos meios de produção. 
2. QUAL A NATUREZA DO DIREITO DO CONSUMIDOR? 
A sistematização tradicional do direito o divide entre público e privado, baseada na preponderância de 
interesses. Assim, existem basicamente três correntes sobre a natureza do direito do consumidor. 
A primeira o considera como direito privado por tratar de relações travadas entre particulares 
(consumidor e fornecedor). A segunda entende que é direito público, pois suas normas tem origem em 
mandamento constitucional, além da constante intervenção estatal nas relações de consumo, preponderando o 
interesse público imediato na tutela do consumidor. 
Todavia, na visão mais moderna, não há sentido na dicotomia direito privado e direito público, já que o 
Direito do Consumidor possui tanto elementos de Direito Público quanto do Direito Privado. Assim, 
modernamente, a doutrina tende a mitigar a separação, principalmente em virtude da tendência em 
descodificação e surgimento de microssistemas jurídicos. Portanto, o direito do consumidor faz parte do 
movimento de fragmentação do Direito Civil. 
3. O QUE SE ENTENDE POR MICROSSISTEMA JURÍDICO DO DIREITO DO CONSUMIDOR? 
Microssistema jurídico são normas de diversas naturezas aglutinadas num único diploma jurídico. É um 
fenômeno de transformação do direito privado, antes codificado somente no Código Civil, que na sociedade 
contemporânea se ramifica em vários sistemas. Tem surgimento a partir da preocupação em tutelar os “novos 
direitos” que passaram a despontar na atualidade, caracterizada pelo pluralismo e heterogeneidade da 
sociedade contemporânea. 
O CDC constitui um microssistema jurídico multidisciplinar na medida em que possui normas que regulam 
todos os aspectos da proteção do consumidor, coordenadas entre si, com tutelas específicas ao consumidor no 
campo civil (arts. 8º a 54), administrativo (arts. 55 a 60), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104). 
 
4. QUAL A RELAÇÃO DE DIREITO DO COSUMIDOR E A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO 
DIREITO CIVIL? 
A constitucionalização do direito civil, surgida a partir da CF88, também chamada de direito civil 
constitucional, significa interpretar os institutos do direito civil conforme os valores constitucionais. A 
 
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Constituição, como norma hierarquicamente superior, irradia efeitos a todas as normas infraconstitucionais, 
impondo valores a serem obedecidos. 
Como a relação consumerista se caracteriza pela vulnerabilidade e desigualdade, a Constituição elevou o 
Direito do Consumidor ao patamar de Direito Fundamental, previsto expressamente no rol de direitos 
fundamentais (art. 5º, XXXII) e como fundamento das normas de ordem econômica (art. 170, V). Ainda, trouxe 
como mandamento constitucional a elaboração em 120 dias do Código de Defesa do Consumidor (art. 48 da 
ADCT). Portanto, sendo o direito do consumidor direito fundamental constitucional, as normas 
infraconstitucionais devem refletir a preocupação constitucional de proteção do consumidor. 
5. QUAL A CONSEQUÊNCIA DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO DO 
CONSUMIDOR? 
Podemos citar como consequências: 
• a garantia da existência do direito e vedação ao retrocesso (CDC não poderia ser revogado,sem 
outra norma que protegesse o consumidor); 
 
• o limite interpretativo e funcional, que significa que as normas privadas devem ser construídas e 
interpretadas visando sempre a proteção do consumidor, principio geral constitucional; 
 
• a imperatividade da norma constitucional de proteção ao consumidor, que obriga não só os 
particulares, como também o Estado; 
 
• a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que assegura o cumprimento das normas 
protetivas do consumidor não só pelo Estado, mas também pelos fornecedores de serviços e 
produtos nas relações com consumidores. Lembrando que a eficácia dos direitos fundamentais é a 
imposição desses direitos nas relações entre particulares, como limite de sua atuação. 
6. EM QUAL GERAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS SE ENCONTRA O DIREITO DO 
CONSUMIDOR E POR QUÊ? 
Na verdade, o Código de Defesa do Consumidor tem relação com todas as três dimensões. Todavia, é 
melhor enquadrá-lo na terceira dimensão, já que a Lei Consumerista visa à pacificação social, na tentativa de 
equilibrar a díspar relação existente entre fornecedores e prestadores. 
 
7. QUAL O SIGNIFICADO DE PROTEÇÃO DO DIREITO DO CONSUMIDOR COMO 
PRINCÍPIO DE ORDEM ECONÔMICA? 
O artigo 170 da constituição prevê nos seus incisos tanto o direito à livre concorrência, como o direito ao 
consumidor. Isso significa que, sob o enfoque de princípio de ordem econômica, é plenamente livre a exploração 
 
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atividade econômica (princípio da livre concorrência), desde que não haja violação das normas de proteção do 
direito do consumidor. Portanto, ambos os princípios devem ser interpretados de forma interligada. 
8. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR? 
Podemos citar três características do CDC: 
O CDC é uma lei principiológica, isto é, constitui-se de uma série de princípios que possuem como 
objetivo conferir ampla tutela ao consumidor. É um sistema aberto de proteção, baseado em conceitos legais 
indeterminados para melhor adequação às circunstâncias do caso concreto. A finalidade é a concretização da 
igualdade material. 
O CDC é uma norma de ordem pública e de interesse social, quer dizer, é uma norma cogente que não 
pode ser afastada pela vontade das partes. Também é de interesse social, pois extrapola o âmbito de interesse 
individual dos contratantes, interessando a toda coletividade a obediência aos direitos protetivos do 
consumidor. Como consequência, o juiz poderá reconhecer de ofício os direitos, bem como as decisões tomadas 
no âmbito da relação consumerista repercutem por toda a sociedade, possibilitando a tutela coletiva. O STJ 
firmou exceção ao vedar o julgador conhecer de ofício abusividade de cláusula em contratos bancários (súmula 
381). Há crítica da doutrina quanto ao posicionamento do STJ justamente pelo caráter cogente do direito do 
consumidor. 
Por último, o CDC é microssistema multidisciplinar, porque alberga em seu conteúdo as mais diversas 
disciplinas jurídicas com o objetivo de dar maior abrangência à tutela do consumidor, que é a parte mais fraca — 
o vulnerável — da relação jurídica de consumo. 
9. COMO SE RESOLVE AS APARENTES ANTINOMIAS ENTRE O CDC E O CC? 
Pelo critério clássico de solução de antinomias, a resolução do conflito entre normas sempre preza pela 
exclusão de uma das leis. As técnicas são pautadas no critério hierárquico — lei de hierarquia superior 
prevaleceem relação à lei de hierarquia inferior; critério da especialidade — lei especial prevalece sobre a lei 
geral, ainda que não seja capaz de revogar esta; critério cronológico — lei mais recente prevalece sobre a lei mais 
antiga. 
Como forma de solução alternativa para a resolução de conflito aparente entre normas, a doutrina 
alemã criou outro sistema com o objetivo de conformar a aplicação de todos os Diplomas vigentes na busca de 
proteger de maneira mais apropriada o sujeito de direitos, realizando verdadeiro diálogo entre as fontes 
existentes. Daí surgiu o diálogo das fontes, expressão criada pelo alemão Erik Jayme, e introduzido no Brasil por 
Cláudia Lima Marques. 
10. EM QUE CONSISTE O DIÁLOGO DAS FONTES? 
O diálogo das fontes é forma de solução de antinomias aparentes, resultando na aplicação simultânea, 
coerente e coordenada de várias leis ou fontes legislativas, sob a luz dos valores constitucionais. Tem a 
 
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finalidade de substituir e superar os critérios clássicos de solução das antinomias jurídicas (hierárquico, 
especialidade e cronológico) e fomentar a ideia de que o Direito deve ser interpretado como um todo de forma 
sistemática e coordenada. Portanto, o CDC não é um microssistema jurídico totalmente isolado do CC02. 
O CC é lei central do sistema e o CDC é microssistema específico que não está completo em seu conteúdo, 
e apenas com a complementação há a tutela adequada aos consumidores. Exemplo: O CDC trata da prescrição e 
da decadência, dos contratos de consumo e da responsabilidade civil consumerista. Todavia, os conceitos 
estruturantes de tais institutos constam do Código Civil de 2002. 
11. QUAIS AS ESPÉCIES DE DIÁLOGO DAS FONTES? DÊ EXEMPLOS. 
Cláudia Lima Marques apresenta três espécies de diálogo: 
 
1) DIÁLOGO SISTEMÁTICO DE COERÊNCIA: na aplicação simultânea de duas leis, uma lei pode vir a servir 
de base conceitual para a outra. Exemplo: Os conceitos dos contratos de espécie podem ser retirados do Código 
Civil, mesmo sendo o contrato de consumo, caso de uma compra e venda (art. 481 do CC). 
 
2) DIÁLOGO SISTEMÁTICO DE COMPLEMENTARIDADE E SUBSIDIARIEDADE: na aplicação coordenada das 
duas leis, uma lei pode complementar ou ser subsidiária à aplicação de outra. Exemplo: Nos contratos de adesão 
se aplica tanto o artigo art. 51 do CDC, protegendo o consumidor de cláusula abusiva, como a proteção dos 
aderentes constante do art. 424 do CC (nulidade de cláusula que prevê renuncia antecipada a direito do 
aderente). 
 
3) DIÁLOGO DE INFLUÊNCIAS RECÍPROCAS SISTEMÁTICAS: estão presentes quando os conceitos 
estruturais de uma determinada lei sofrem influências da outra. É a influência do sistema especial no geral e do 
geral no especial. Exemplo: o conceito de consumidor pode sofrer influências do próprio Código Civil. 
12. O DIÁLOGO DAS FONTES É APLICADO PELA JURISPRUDENCIA? DÊ EXEMPLOS. 
Sim. Existem diversos casos em que o STJ aplica a teoria do diálogo das fontes. Podemos citar como 
exemplos: 
• Prazo prescricional de repetição de indébito da tarifa de água e esgoto: STJ determina a 
aplicação do CDC neste caso por se tratar de prazo prescricional diverso do tema de 
responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (súmula 412). 
 
• Contrato de plano de saúde: estão disciplinados por legislação específica (Lei n. 9.656/98), mas 
nem por isso estará excluída a incidência do CDC (Súmula 469). 
 
 
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• Tutela de direitos difusos, coletivo e individuais homogêneos: o CDC faz parte do microssistema 
de tutela coletiva, havendo aplicação coordenada e harmônica da LACP e do CDC e demais 
normas. Exemplo: interpretação dos efeitos da coisa julgada nos direitos individuais homogêneos. 
13. EXISTE PREVISÃO EXPRESSA DA TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES NO CDC? 
Podemos considerar como previsão expressa do diálogo das fontes a previsão do art. 7º do CDC 
considerar essa teoria do diálogo das fontes é o Código de Defesa do Consumidor, que dispõe sobre a proteção 
das relações de consumo e estabelece em seu art. 7º a aplicação de tratados e convenções internacionais. 
14. COMO SÃO SISTEMATIZADOS OS PRINCÍPIOS DO CDC? 
A sistematização dos princípios pela doutrina encontra alguma variação. Em regra, podemos dizer que o 
CDC dispõe de princípios gerais ao tratar da Politica Nacional das Relações de Consumo (art. 4º) e dos Direitos 
Básicos do Consumidor (art. 6º) e princípiosespecíficos decorrente das regras de publicidade e das normas 
contratuais. Por último, incidem também princípios complementares, previstos constitucionalmente e em 
outros diplomas. 
Tartuce sistematiza de forma diferente os princípios, retirando tanto de normas expressas do CDC, 
basicamente dos artigos 1º, 4º e 6º, como também dos princípios implícitos à norma, como a função social do 
contrato. Assim, elenca como fundamentais o Princípio do PROTECIONISMO do consumidor, Princípio da 
VULNERABILIDADE do consumidor, Princípio da HIPOSSUFICIÊNCIA do consumidor, Princípio da 
TRANSPARÊNCIA, Princípio da CONFIANÇA e princípio da BOA-FÉ, Princípio da FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO, 
Princípio da EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL (art. 6º, inc. II, da Lei 8.078/1990), Princípio da REPARAÇÃO INTEGRAL 
DOS DANOS (art. 6º, inc. VI, da Lei 8.078/1990). 
15. O QUE É POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO? 
A PNRC elenca objetivos (artigo 4º, caput); princípios (artigo 4º, incisos); e instrumentos (artigo 5º) 
essenciais para a tutela do consumidor. 
 
Os objetivos são vetores para todas as disposições do CDC: 
• Atendimento das necessidades dos consumidores; 
• Respeito à sua dignidade, saúde e segurança; 
• Proteção de seus interesses econômicos; 
• Melhoria da sua qualidade de vida; 
• Transparência e harmonia das relações de consumo; 
 
Os instrumentos são meios para alcançar as finalidades da lei: 
• Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; 
 
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• Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; 
• Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de 
infrações penais de consumo; 
• Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios 
de consumo; 
• E concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. 
 
Por fim, os princípios, ao lado dos direitos básicos dos consumidores, estabelecem uma rede de proteção 
aberta. A PNRC define como princípio: 
• Princípio da vulnerabilidade: pressupõe que o consumidor é a parte mais fraca na relação de 
consumo, portanto, vulnerável. 
 
• Princípio da Boa fé Objetiva: dever de conduta de honestidade e lealdade que deve permear a 
relação de consumo. 
 
• Princípio da intervenção estatal: o Estado precisaria intervir no mercado consumidor com o 
objetivo de proteger a parte mais vulnerável da respectiva relação jurídica. 
✓ Por iniciativa direta (Ex. PROCON); 
✓ Por meio de incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas (Ex. 
IDEC); 
✓ Pela sua presença no mercado de Consumo (Ex. mediante regulação dos serviços públicos); 
✓ Pela garantia de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho dos produtos e serviços; 
✓ Por meio do estudo constante das modificações do mercado de consumo; 
 
• Princípio da harmonia nas relações de consumo: visa compatibilizar os interesses das partes na 
relação de consumo e também compatibilizar a tutela com o desenvolvimento econômico e 
tecnológico. 
 
• Princípio do equilíbrio: parte da vulnerabilidade do consumidor e necessidade de reequilíbrio da 
situação fática de desigualdade por intermédio da tutela jurídica do sujeito vulnerável. 
 
• Princípios da educação e da informação: tanto pela educação formal, como pela educação 
informal (órgãos e entidades protetoras). Como exemplo, a lei inovou ao exigir um exemplar do 
Código de Defesa do Consumidor em cada estabelecimento comercial. 
 
• Princípio da qualidade e segurança: engloba o dever de informar sobre a qualidade e segurança, 
comunicar a periculosidade por anúncios publicitários, informar de forma ostensiva sobre a 
 
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nocividade e periculosidade, vedar o produto ou serviço com alto grau de nocividade e 
periculosidade. 
 
• Princípio da coibição e repressão ao abuso: as autoridades competentes devem se esforçar ao 
máximo para bem fiscalizar e evitar a ocorrência de condutas abusivas no mercado de consumo. 
Se houver abuso, deve reprimir. 
 
• Princípio da racionalização e melhoria dos serviços públicos: o serviço deve ser realmente 
eficiente e funcional. A eficiência é um plus necessário da adequação. 
 
• Princípio da responsabilidade solidária: sendo reconhecida a solidariedade dentro da cadeia de 
fornecedores, terá o consumidor a prerrogativa de eleger quem será acionado ou até mesmo o 
direito de acionar todos os sujeitos que colocaram o produto ou o serviço no mercado de 
consumo. 
16. O QUE É PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR? 
O princípio do protecionismo do consumidor impõe que as regras do CDC não podem ser afastadas nem 
mesmo por convenção das partes, sob pena de nulidade absoluta. É extraído artigo 1º do CDC ao prever que as 
normas são de ordem pública e de interesse social e encontram fundamento expresso na Constituição. 
Tem por consequências práticas: a impossibilidade de afastar as normas, sob pena de nulidade absoluta; 
cabe sempre a intervenção do Ministério Público; deve ser conhecida de ofício pelo juiz. Neste último, como 
temperamento, o STJ prevê a vedação ao julgador de conhecer de ofício abusividade de cláusula contratual 
(súmula 381). 
17. O QUE É PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR? 
O princípio da vulnerabilidade está previsto nas normas que regem a Politica Nacional das Relações de 
Consumo (art. 4º, I, CDC). Visa garantir a igualdade formal e material do consumidor na relação jurídica de 
consumo. Portanto, guarda relação com o princípio da isonomia. O princípio da vulnerabilidade pressupõe de 
forma absoluta a vulnerabilidade do consumidor, ou seja, sua situação de inferioridade e fragilidade na relação 
de consumo exige maior proteção pela lei, equilibrando as forças na relação consumerista. 
Temos então que a vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes envolvidas, logo, se 
um dos polos é vulnerável as partes são desiguais e, justamente por força da desigualdade, é que o vulnerável é 
protegido pela legislação, com o fim de garantir os princípios constitucionais da isonomia e igualdade nas 
relações jurídicas minimizando deste modo a desigualdade. 
18. O CONSUMIDOR É SEMPRE VULNERÁVEL? 
 
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A lei presume a vulnerabilidade de forma absoluta do consumidor pessoa física, quer dizer, não admite 
prova em contrário, sendo pressuposto para a incidência do CDC, decorrência lógica do Princípio do favor debilis. 
A única ressalva refere-se ao consumidor pessoa jurídica, cuja vulnerabilidade (tecnicamente, a hipossuficiência) 
não é presumida e, logo, precisa ser comprovada no caso concreto. 
19. O QUE É PRINCÍPIO DO FAVOR DEBILIS? 
Trata-se de um princípio que orienta o direito dogmaticamente, reconhecendo que, em determinada 
relação jurídica, em uma cadeia de produção, que podemos chamar também de cadeia de consumo, existe uma 
parte que será mais forte, e outra que será mais fraca. No caso do direito do consumidor, é identificada pela 
vulnerabilidade deste frente ao fornecedor. 
Sobre o assunto, ensina Claudia Lima Marques que o “favor debilis” superou a ideia de igualdade formal, 
admitindo que alguns são mais fortes ou detêm posição jurídica mais forte (em alemão, Machtposition), pois 
detêm mais informações, são experts ou profissionais, transferem mais facilmente seus riscos e custos 
profissionais para os outros. De outro lado, há o reconhecimento de uma parte mais fraca, que geralmente são 
leigos, não detêm informações sobre os produtos e serviços oferecidos no mercado, não conhecem as técnicas 
da contratação de massa ou os materiais que compõem os produtos ou a maneira de usar os serviços, são pois 
mais vulneráveis e vítimas fáceis de abusos. 
20. QUAIS ESPÉCIES DE VULNERABILIDADE?Para Claudia Lima Marques, três tipos de vulnerabilidades são identificáveis: a técnica, a jurídica (ou 
científica) e a fática (ou socioeconômica). 
Resumidamente, a VULNERABILIDADE TÉCNICA seria aquela na qual o comprador não possui 
conhecimentos específicos sobre o produto ou o serviço, podendo, portanto, ser mais facilmente iludido no 
momento da contratação. 
A VULNERABILIDADE JURÍDICA seria a própria falta de conhecimentos jurídicos, ou de outros ramos 
científicos pertinentes à relação de consumo, como contabilidade, matemática financeira e economia. Ex. 
Fixação de cálculo de juros remuneratórios num contrato bancário. 
Já a VULNERABILIDADE FÁTICA é a vulnerabilidade real diante do parceiro contratual, seja em 
decorrência do grande poderio econômico deste último, seja pela sua posição de monopólio, ou em razão da 
essencialidade do serviço que presta, impondo, numa relação contratual, uma posição de superioridade. 
O STJ ainda reconhece a VULNERABILIDADE INFORMACIONAL que se refere basicamente à importância 
das informações a respeito dos bens de consumo e sobre sua influência cada vez maior no poder de persuadir o 
consumidor no momento de escolher o que comprar ou contratar no mercado consumidor. Força de persuasão 
no momento da contratação. 
 
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Parte da doutrina, ainda, reconhece a HIPERVULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR com relação à 
determinadas categorias de consumidores, cuja fragilidade se apresenta em maior grau de relevância ou de 
forma agravada, como no caso das gestantes, crianças, idosos, nos enfermos, nos portadores de necessidades 
especiais, analfabetos, dentre outros. 
21. O CONSUMIDOR VULNERÁVEL SEMPRE SERÁ HIPOSSUFICIENTE? 
Não. Vulnerabilidade não é sinônimo de hipossuficiência. Embora ambos os institutos se refiram à 
situação de inferioridade do consumidor perante o fornecedor, a vulnerabilidade é fenômeno de direito material 
— com presunção absoluta da lei — e a hipossuficiência é fenômeno de direito processual — com presunção 
relativa, exigindo comprovação no processo. 
Sergio Cavalieri identifica que a hipossuficiência é um agravamento da situação de vulnerabilidade, um 
plus, uma vulnerabilidade qualificada. Além de vulnerável, o consumidor vê-se agravado nessa situação por sua 
individual condição de carência cultural, material ou ambos. 
O CDC empregou a expressão hipossuficiência só para as hipóteses de inversão do ônus da prova a ser 
determinada pelo juiz em face do caso concreto. (art. 6º VIII, CDC). 
22. A HIPOSSUFICIÊNCIA PREVISTA NO CDC É SOMENTE ECONÔMICA? 
O reconhecimento judicial da hipossuficiência deve ser feito, à luz da situação socioeconômica do 
consumidor perante o fornecedor (hipossuficiência fática). Todavia, a hipossuficiência fática não é a única 
modalidade contemplada na noção de hipossuficiência. Também caracteriza hipossuficiência a situação jurídica 
que impede o consumidor de obter a prova que se tornaria indispensável para responsabilizar o fornecedor pelo 
dano verificado (hipossuficiência técnica). 
A hipossuficiência geralmente está relacionada com a fraqueza econômica do consumidor, mas nada 
impede que no caso concreto seja constatada pelo juiz sua fragilidade em qualquer outro aspecto fático ou 
mesmo técnico. De fato, não possuindo o consumidor condições econômicas, fáticas, técnicas ou de informação 
para comprovar o seu direito, poderá o juiz inverter o ônus probante e exigir do fornecedor a demonstração de 
que não foi o responsável pelos danos. 
23. QUAL O SIGNIFICADO DE PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA? DÊ UM EXEMPLO DE 
APLICAÇÃO. 
Inserido dentre os princípios que regem a Politica Nacional da Relação de Consumo e também como 
direito básico do consumidor (artigos 4º caput e 6º, III), o princípio da transparência significa o dever de 
informação clara e correta sobre o produto ou serviço e sua forma de aquisição e prestação. Baseando-se neste 
princípio, o consumidor tornou-se detentor do direito subjetivo de informação e o fornecedor sujeito de um 
dever de informação. 
 
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O princípio da transparência (art. 4º, caput) atua como um reflexo da boa-fé exigida aos agentes 
contratuais, que devem agir com lealdade durante toda a fase contratual e, inclusive, pré-contratual. 
Como exemplo, podemos citar o dever de informação sobre os riscos do glúten aos doentes celíacos, já 
reconhecido pelo STJ, diante da condição de hipervulnerabilidade dos portadores de doença celíaca. Portanto, há 
dever de informação mesmo que se dirija a apenas uma minoria da população. 
 
24. QUAL O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA BOA FÉ NO CDC? 
É princípios basilar do direito do consumidor, assim como no direito privado em geral. Previsto como 
princípio da Política Nacional da Relação de Consumo (art. 4º, III), o princípio da boa fé estabelece um dever de 
conduta, constituindo um conjunto de padrões éticos de comportamento, aferíveis objetivamente, a ser 
seguido pelas partes por todas as fases da relação contratual (pré-contratual, contratual e pós-contratual). 
É dever das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se 
estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo. Protege a expectativa de cumprimento pelas partes e traz a 
ideia de equilíbrio negocial, que deve ser mantido em todos os momentos do negócio jurídico. 
25. O QUE SÃO DEVERES LATERAIS E QUAL A RELAÇÃO COM A BOA FÉ? 
Ao lado do dever principal do consumidor de pagar pelos serviços e produtos e do fornecedor de prestá-
los, há os deveres anexos, laterais e secundários. Não estão explícitos no contrato, mas decorrem da boa fé 
como dever de conduta de agir com lealdade. Basicamente se refere ao dever de informação, cooperação e 
proteção. 
Ao versar sobre o dever anexo de cooperação e lealdade, a doutrina moderna, inspirada no dogma da 
eticidade que deve reinar nas relações jurídicas, acentua a existência do dever anexo de o credor mitigar as 
próprias perdas em virtude do inadimplemento do devedor (DEVER DE COOPERAÇÃO). Enunciado da 169 da III 
Jornada de Direito Civil: “o princípio da boa fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio 
prejuízo”. É a teoria do duty to mitigate the loss. 
26. A BOA FÉ PREVISTA NO CDC É OBJETIVA OU SUBJETIVA? 
É objetiva. A boa fé, como princípio tem natureza objetiva, uma verdadeira regra de comportamento de 
fundo ético em de expectativa de conduta leal, visando a garantir estabilidade e segurança aos negócios 
jurídicos. Não se preocupa com questões de ordem subjetiva, mas sim com regras de conduta, ou seja, analisa-se 
a relação no plano dos fatos, de forma objetiva. 
Por outro lado, a boa-fé subjetiva não é princípio, mas uma situação psicológica entendida como a 
crença interna do indivíduo. Está no plano psicológico ou intencional do sujeito. A boa-fé psicológica refere-se 
ao desconhecimento ou a ignorância do agente sobre determinado fato ou situação. Investiga-se por meio da 
 
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boa fé subjetiva se o sujeito tinha ciência ou não da existência do vício que inquina a prática de determinado ato 
jurídico. 
27. QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA? DÊ EXEMPLOS. 
Sergio Cavalieri Filho identifica três funções da boa-fé objetiva: 
Função interpretativa ou teleológica: é critério hermenêutico para interpretação do negócio jurídico, 
que privilegia o sentido mais conforme à lealdade e honestidade entre as partes na relação de consumo. Ex.: se 
o contrato de plano de saúde prevê a cobertura de determinado tratamento, a melhor interpretação é a que 
inclua os procedimentos imprescindíveis. 
Função criadora ou integrativa: trata-se da função supletiva de criar deveres acessórios, anexos, laterais 
ou instrumentais. Ex.: Informação adequada, ou seja, completa, gratuita e útil ao consumidor. 
Função de controle ou limitadora:limita o exercício abusivo do direito subjetivo, o que configura, aliás, 
ato ilícito. Na sua função limitadora da conduta, a boa-fé se manifesta através da teoria dos atos próprios, 
proibindo o venire contra factum proprium, o uso abusivo da exceptio non adimpleti contractus, afastando a 
exigência de um direito cujo titular permaneceu inerte por tempo considerável incompatível (supressio) e em 
sentido contrário a surrectio. Ex.: suspensão de atendimento pelo plano de saúde, por conta de simples atraso 
da prestação mensal, ainda que restabelecido o pagamento. O CDC prevê essa função de controle no art. 51 ao 
prever abusividade de clausula contratual incompatível com a boa fé. 
Cita-se ainda: 
Função Corretiva de desequilíbrios: a fim de evitar que desigualdades materiais se instalem. Ex.: nulidade 
de cláusula contratual que preveja total perda das prestações pagas em caso de desfazimento do contrato. 
PONTO 2 - INTEGRANTES E OBJETO DA RELAC ̧ÃO DE CONSUMO. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA 
POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO. 
1. O QUE SIGNIFICA RELAÇÃO DE CONSUMO? 
A relação de consumo é uma relação jurídica, ou seja, é uma relação social que repercute no mundo 
jurídico. Constitui-se entre consumidor e fornecedor, a qual possui como objeto a aquisição de um produto ou a 
contratação de um serviço. 
Do conceito de relação de consumo, verifica-se a presença de elementos subjetivos (consumidor e 
fornecedor) e objetivos (produtos e serviços). Alguns doutrinadores (como Nelson Nery Jr.) incluem, ainda, 
elemento finalístico ou teleológico (finalidade com a qual o consumidor adquire o serviço ou produto, qual seja, 
como destinatário final). 
Portanto, somente a partir do elementos identifico a existência de uma relação de consumo. Ex. Não há 
relação de consumo entre empresários, pois falta o elemento subjetivo consumidor. 
 
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2. QUAL O CONCEITO DE CONSUMIDOR? 
O consumidor constitui-se, pois, em elemento subjetivo do conceito de relação de consumo, sendo 
definido pelo CDC em quatro dispositivos, como consumidor stricto sensu (art. 2º, caput) ou consumidor por 
equiparação (art. 2º, parágrafo único; art. 17; art. 29). 
3. O QUE É CONSUMIDOR STRICTO SENSU? 
O consumidor stricto sensu são pessoas físicas ou jurídicas que efetivamente adquire, contrata ou utiliza 
um produto ou serviço como destinatário final. Está conceituado pelo art. 2º do CDC: “Consumidor é toda pessoa 
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. 
4. O QUE SIGNIFICA SER DESTINATÁRIO FINAL? 
O conceito de consumidor adotado pelo Código foi exclusivamente de caráter econômico, ou seja, 
levando-se em consideração tão somente quem age com a finalidade de atendimento de uma necessidade 
própria de destinatário final e não para o desenvolvimento de outra atividade negocial. 
No entanto, há distintas acepções de destinatário final na doutrina, o que influi de forma decisiva na 
conceituação de consumidor pessoa jurídica. O destinatário pode ser somente fático (retira o produto ou serviço 
do mercado de consumo ao simplesmente utilizá-lo) ou fático e econômico (além de retirar o produto ou 
serviço, tem a finalidade de uso para consumo e não como insumo, quer dizer, coloca um fim na cadeia de 
produção). A partir de sua conceituação surgem duas teorias para definição do consumidor: a finalista e a 
maximalista. 
5. EXPLIQUE AS TEORIAS A RESPEITO DO CONSUMIDOR. 
Com relação elemento finalístico da relação de consumo, surgiram duas correntes para explicar a 
expressão “destinatário final”, constante no conceito de consumidor stricto sensu: 
Teoria Maximalista: para esta teoria, com base no conceito jurídico de consumidor, o destinatário final 
seria somente o destinatário fático, pouco importando a destinação econômica que lhe deva sofrer o bem. 
Assim, para os maximalistas, a definição do consumidor é objetiva, NÃO importando a finalidade da aquisição 
ou o uso do produto ou serviço, podendo até mesmo haver intenção de lucro. 
Teoria finalista: parte do conceito de consumidor como destinatário fático e econômico, o que significa 
que, não basta retirar o bem do mercado de consumo, havendo a necessidade de aquisição ou utilização para 
uso próprio ou de sua família, colocando um fim na cadeia de produção (viés econômico). Aquele que retira 
definitivamente de circulação o produto ou serviço do mercado. 
NÃO é consumidor aquele que adquire ou utiliza o bem ou serviço para o exercício de atividade 
econômica, civil ou empresarial, como insumo para sua atividade. Adota-se, portanto, o conceito econômico de 
consumidor, levando-se em consideração somente a pessoa que no mercado de consumo adquire bens como 
destinatário final, deixando-se de ser analisada a vulnerabilidade no caso concreto, uma vez presumida. 
 
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6. PESSOA JURÍDICA PODE SER ENQUADRADA COMO DESTINATÁRIA FINAL? QUAL 
POSIÇÃO DO STJ? 
Inicialmente o STJ pacificou o tema considerando, em regra, a teoria finalista como melhor conceito de 
destinatário final, restringindo o conceito de consumidor, fundamentando-se no fato que somente o consumidor 
não profissional é a parte vulnerável da relação de consumo e merece especial tutela, presumindo, portanto, sua 
vulnerabilidade. 
Porém, numa visão mais extremada desta corrente estariam excluídas do conceito de consumidor todas 
as pessoas jurídicas e todos os profissionais, já que estes normalmente adquirem um produto ou contratam um 
serviço para integrar a cadeia produtiva, ou seja, para produzir novos bens ou serviços. Neste contexto, surgiu a 
teoria intermediária, corrente finalista mitigada ou atenuada, pautada na ideia de se enquadrar a pessoa 
jurídica como consumidora desde que comprovada a sua vulnerabilidade, ou seja, tal posicionamento realiza o 
exame in concreto do conceito de consumidor. Assim, apesar de o STJ ter adotado a teoria finalista, passou a 
interpretá-la de tal forma a enquadrar no conceito de consumidor destinatário final a pessoa jurídica, desde que 
a vulnerabilidade desta esteja presente no caso concreto. 
Cláudia Lima Marques chama de finalismo aprofundado (maduro) aduzindo que em casos de pequenas 
empresas que utilize insumos para sua produção, mas não em sua área de expertise ou com uma utilização 
mista, provada sua vulnerabilidade, prevalece sua destinação final para consumo. 
 Tal contexto é muito recorrente às relações envolvendo microempresas, empresas de pequeno porte, 
profissionais liberais, profissionais autônomos, dentre outros. 
Em suma, a pessoa física seja sempre consumidora frente a um fornecedor, presumindo sua 
vulnerabilidade, e também se permite que a pessoa jurídica vulnerável prove sua vulnerabilidade para ser 
enquadrada como consumidora. 
7. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO PODE SER CONSUMIDORA? 
SIM. As pessoas jurídicas de direito público podem ser consumidoras, desde que vulneráveis na relação 
jurídica. Assim, podemos perfeitamente considerar um determinado Município, Estado ou até mesmo a União 
como consumidora. 
8. QUEM SÃO OS CONSUMIDORES EQUIPARADOS? EXEMPLIFIQUE. 
Consumidor equiparado é aquele em que é desnecessária a existência de um ato de consumo (aquisição 
ou utilização direta), bastando que esteja exposto às situações previstas no Código, seja na condição de 
integrante de uma coletividade de pessoas (artigo 2º, parágrafo único), como vítima de um acidente de 
consumo (artigo 17), ou como destinatário de práticas comerciais, e de formação e execução do contrato (artigo 
29). 
Coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis: é a universalidade, conjunto de consumidores de 
produtos e serviços, ou mesmo grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado 
 
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produto ou serviço, que haja intervindo na relaçãode consumo. Tem finalidade instrumental, viabilizando a 
tutela coletiva dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores. Exemplo: 
Pessoa que compra uma pasta de dentes que é utilizada por vários estudantes, moradores de uma mesma 
república, cujo produto causa séria inflamação nas gengivas dos usuários, todos os que a usaram serão 
consumidores, ainda que não hajam firmado contrato de consumo. 
Vítimas de acidente de consumo: são pessoas estranhas à relação jurídica de consumo, mas que 
sofreram danos em razão dos defeitos do produto ou serviço que podem ser de ordem intrínseca ou extrínseca. 
Também são chamados de bystanders (circunstantes ou terceiros), em virtude de receberem proteção 
consumerista pelo simples fato de estarem presentes em determinado local quando da ocorrência do acidente 
de consumo. Fundamento é a garantia de qualidade que se vincula ao produto ou serviço. Exemplo: Pessoa que 
ganha TV de LED como presente de aniversário, cujo produto explodiu no rosto do aniversariante. Exemplo: 
Aeronave cai sobre casa, atingindo pessoas ou seus bens. 
Pessoas expostas às práticas comerciais e contratuais: também tem interpretação extensiva, 
aproximando-se do conceito de coletividade do art. 2º. Todas as pessoas “expostas” às práticas comerciais e 
contratuais serão equiparadas a consumidor. Prescindível neste caso, portanto, a efetiva participação na relação 
de consumo. Basta a potencialidade de participação na relação de consumo, com a exposição à oferta, 
publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas ou banco de dados e cadastros que lhes causem danos. 
Exemplo: exposição à propaganda enganosa, que, pode, inclusive, ensejar ajuizamento de ação pelo Ministério 
Público. 
9. QUAL A ABRANGÊNCIA DA EXPRESSÃO “HAJA INTERVINDO NAS RELAÇÕES DE 
CONSUMO” NA DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR EQUIPARADO À COLETIVIDADE? 
É suficiente a mera exposição da coletividade para identificar o alcance da “intervenção”. NÃO exige um 
consumo efetivo de determinado produto ou contratação direta de serviço no mercado de consumo, pois 
bastaria a participação potencial da coletividade de pessoas na relação de consumo para caracterizar a 
incidência dessa figura de consumidor por equiparação. 
10. A COLETIVIDADE DE PESSOAS INTEGRANTE DO CONCEITO DE CONSUMIDOR POR 
EQUIPARAÇÃO ABRANGE TAMBÉM AS PESSOAS JURÍDICAS? 
Para Sergio Cavalieri Filho SIM, pois a lei não fez a lei qualquer ressalva quanto ao fato da 
profissionalidade ou não desses terceiros equiparados a consumidores. Os critérios são estritamente objetivos e, 
novamente, o traço marcante continua a ser a vulnerabilidade, em todos os seus múltiplos aspectos. A presença 
da vulnerabilidade no conceito de equiparação é também requisito sine qua para a inclusão da pessoa jurídica no 
conceito de consumidor. 
 
 
 
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11. SE NENHUM CONSUMIDOR REAL FOR IDENTIFICADO, HÁ PROTEÇÃO DO CDC? 
SIM, pelo conceito de consumidor equiparado de pessoas expostas à prática abusiva. É um conceito 
abstrato em que, uma vez existindo qualquer prática comercial, toda a coletividade de pessoas já está exposta a 
ela, ainda que em nenhum momento se possa identificar um único consumidor real que pretenda insurgir-se 
contra tal prática. Exemplo da publicidade enganosa, ainda que ninguém reclame formalmente dela, não significa 
que o anúncio não foi enganoso. 
12. NO CASO DE UMA EXPLOSÃO NUM SHOPPING CENTER, TODAS PESSOAS SERIAM 
CONSIDERADAS CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO? DEFINA BYSTANDERS. 
Sim, uma vez que consideradas consumidoras por equiparação, nos termos do art. 17 do CDC: “Para os 
efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores, todas as vítimas do evento”. 
Isso porque, para a proteção estabelecida no art. 17 do CDC, não se faz necessária a prática de ato de 
consumo pela vítima, podendo, tão somente, ser um terceiro vitimado por tal relação. É o chamado bystanders – 
derivado da teoria norte-americana – reconhecido e conceituado pelo STJ como “as pessoas que, embora não 
tendo participado diretamente da relação de consumo, vem a sofrer as consequências do evento danoso, dada a 
potencial gravidade que pode atingir o fato do produto ou do serviço. Somente consideram-se consumidores por 
equiparação as pessoas que não possuam nenhuma relação jurídica direta com o fornecedor, afastando-se de tal 
conceito aquele que tenha relação trabalhista com o a empresa causadora do dano. 
13. QUAL O CONCEITO DE FORNECEDOR? 
Fornecedor tem um conceito amplo e abarca todo aquele que coloca produto ou presta serviço no 
mercado de consumo. São todos os membros da cadeia de fornecimento, seja pessoa física ou jurídica, cujo 
conceito tem extrema relevância na responsabilidade civil. O fornecedor sempre desenvolve uma atividade 
econômica (presta serviço ou disponibiliza um produto). 
Fornecedor é gênero, das quais são espécies: o produtor, o fabricante, o construtor, o comerciante, etc. 
(art. 3º, CDC). Quando o CDC quer que todos sejam obrigados e/ou responsabilizados, usa o termo “fornecedor” 
(gênero). Agora, quando quer designar algum fornecedor específico, utiliza-se do termo particular (espécie). Ex.: 
Art. 8 do CDC – No caput exige a responsabilidade do fornecedor para informar sobre os riscos dos produtos e 
serviços. Já no p. ún., a responsabilidade é do fabricante, uma vez que se trata especificamente de informações 
sobre produtos industriais. 
14. DIANTE DO CONCEITO DE FORNECEDOR, QUAIS ELEMENTOS ESSENCIAIS PODEMOS 
EXTRAIR PARA SUA DEFINIÇÃO? 
Extraem-se do conceito de fornecedor dois elementos para sua caracterização: 
Atividade habitual, como o conjunto de atos realizados de forma rotineira. Há divergência quanto a 
atividade ser profissional; e Economicidade, ou seja, a finalidade da atividade deve ser econômica, devendo visar 
 
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o ganho de capital. Não confundir com a ideia de lucro. Pode ou não haver lucro que continuará a ser atividade 
econômica. 
15. O CONCEITO DE FORNECEDOR SE CONFUNDE COM O CONCEITO DE EMPRESÁRIO? 
NÃO. O conceito de fornecedor não se confunde com o conceito de empresário. O CC definiu empresário 
no artigo 966, sendo toda pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade econômica organizada. A 
organização da atividade é o traço diferenciador entre fornecedor e empresário nos termos civis. A condição 
jurídica para ser empresário é mais restrita, porque além de exercer atividade econômica, esta deve ser 
organizada. Já o fornecedor não precisa ter sua atividade organizada. Todo empresário pode ser fornecedor, já o 
inverso não é verdadeiro. 
Empresário: 
→ Profissionalismo (habitualidade/ pessoalidade/ monopólio das informações); 
→ Fins lucrativos (atividade econômica); 
→ Organização dos fatores de produção (capital/ mão de obra/ insumo/ tecnologia); 
16. AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO SÃO FORNECEDORAS? 
STJ enfrentou o tema da caracterização das pessoas jurídicas sem finalidade econômica como 
fornecedoras. As principais situações relacionavam-se com as cooperativas de crédito, fundações e associações. 
Ao tratar dessas situações, o STJ definiu que a natureza da pessoa jurídica é irrelevante para caracterização da 
sua condição como fornecedora. O que importa é a atividade por ela desenvolvida. Assim, se a atividade for 
econômica e exercida mediante remuneração, se aplica o CDC. 
17. QUAIS REQUISITOS DEVEMOS IDENTIFICAR NA PESSOA FÍSICA PARA ENQUADRÁ-LA 
NA DEFINIÇÃO DE FORNECEDOR? 
Fornecedor é qualquer pessoa física, ou seja, qualquer um que, a título singular, mediante desempenho 
de atividade mercantil ou civil e de forma habitual, ofereça no mercado produtos ou serviços. Somente será 
fornecedor o agente que pratica atividade com habitualidade. Aqui se enquadra os profissionais liberais e 
prestadores de serviço. A habitualidade insere-se tanto no conceito de fornecedor de serviços,quanto no de 
produtos. Rizzatto Nunes entende que fornecedor pode ser entendido como aquele que exerce atividade 
eventual com finalidade de lucro. 
18. PARA SER FORNECEDOR EXIGE O PROFISSIONALISMO? 
O profissionalismo seria um plus em relação à habitualidade e esta seria suficiente para identificar o 
fornecedor como sujeito da relação jurídica de consumo. O profissionalismo NÃO está previsto no CDC como 
requisito. O fato de exercer atividade profissional resulta numa atividade mais eficiente que o ato entre 
particulares (p. ex.: compra e venda de veículos entre particulares não é atividade profissional). Contudo, se o 
profissionalismo fosse exigido para configurar o conceito de fornecedor, dificilmente enquadraríamos a pessoa 
 
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22 
 
física nesta definição. E tal interpretação contrariaria toda a principiologia do CDC, bem como a amplitude 
conceitual existente em seu art. 3º, caput. 
19. ENTE DESPERSONALIZADO PODE SER FORNECEDOR? EXEMPLIFIQUE. 
Sim, também são fornecedoras, como por exemplo, a massa falida, o espolio, as sociedades de fato, as 
sociedades irregulares. Portanto, aquelas pessoas que, sem constituir uma pessoa jurídica, desenvolvem, de fato, 
atividade industrial, comercial, de prestação de serviços, etc. são fornecedoras. A figura do “camelô” está aí 
inserida. O CDC não poderia deixar de incluir tais “pessoas”, pelo simples fato de que elas formam um bom 
número de fornecedores, que suprem de maneira relevante o mercado de consumo. 
Dessa forma, segundo o artigo 3º, os entes despersonalizados também estão abrangidos no conceito de 
fornecedor de forma a evitar que a falta de personalidade jurídica seja empecilho na hora de tutelar os 
consumidores, evitando prejuízos a estes. Ex.: A família praticando atividades típicas de fornecimento de 
produtos e serviços; os camelôs; etc. 
20. EXISTE FORNECEDOR “EQUIPARADO”? 
A teoria do fornecedor equiparado foi criada por Leonardo Roscoe Bessa, ampliando o conceito de 
fornecedor a outras atividades sujeitas ao CDC espalhadas pelo Código, citando como exemplo o Banco de 
Dados de proteção ao crédito (SERASA, SPC, CCF). STJ não se manifestou sobre a teoria, no entanto editou 
súmula incutindo a responsabilidade dessas pessoas em notificar os consumidores quanto à inscrição no Banco 
de Dados (súmula 359, STJ). 
Outra figura que pode ser equiparada a fornecedor está no Estatuto do Torcedor, que expressamente 
equipara a fornecedor entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de prática 
desportiva detentora do mando de jogo. 
21. QUAIS SÃO AS CATEGORIAS QUE A DOUTRINA CLASSIFICA OS FORNECEDORES? 
A doutrina classificação dos fornecedores em fornecedor real, envolvendo o fabricante, o produtor e o 
construtor; fornecedor aparente, detentor do nome ou marca aposto no produto final; e fornecedor presumido, 
abrangendo o importador de produto industrializado ou in natura e o comerciante de produto anônimo. 
22. QUAL O CONCEITO DE PRODUTO? 
Produto é definido de forma bem ampla pela lei como qualquer bem móvel ou imóvel (carros, casas), 
material ou imaterial (programas de computador, por exemplo). A doutrina interpreta de forma bem extensiva o 
conceito, incluindo bens novos ou usados, fungíveis ou infungíveis. Crítica: A doutrina critica a expressão de 
produto como objeto da relação de consumo, porque, na verdade, o objeto da relação de consumo é a prestação 
que pode ser um produto ou serviço. 
 
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23. AMOSTRA GRÁTIS É PRODUTO? SE CAUSOU DANO, CABE RESPONSABILIDADE CIVIL 
PELO CDC? 
SIM. Amostra grátis pode ser objeto da relação jurídica de consumo. Se causou prejuízo a alguém incide o 
CDC, que não exigiu forma de aquisição remunerada para a caracterização do produto, como fez com os serviços; 
segundo, a finalidade de entrega de produto gratuitamente tem finalidade lucrativa, pois se trata de marketing; 
por fim, pela teoria do risco que fundamenta a responsabilidade civil objetiva no CDC. 
24. QUAL O CONCEITO DE SERVIÇO PELO CDC? 
Serviço será qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração. Mesmo que 
a remuneração seja indireta. Alguns serviços, embora gratuitos, estão sendo remunerados indiretamente. Além 
do mais, o serviço, para ser objeto da relação jurídica de consumo, deverá ser prestado por alguém que se 
enquadre no conceito de fornecedor e contratado, em contrapartida, pelo denominado consumidor (destinatário 
final ou por equiparação). 
25. O QUE SE ENTENDE POR REMUNERAÇÃO DIRETA E INDIRETA? EXEMPLIFIQUE. 
Por remuneração direta entende-se a contraprestação imediata feita pelo consumidor ao utilizar um 
serviço no mercado de consumo. Cita-se, como exemplo, o pagamento em pecúnia efetuado pelo consumidor 
imediatamente após utilizar o estacionamento de um shopping center. Já remuneração indireta é aquela que o 
valor deste serviço está embutido nos diversos produtos vendidos nesses centros de compras. É o exemplo do 
estacionamento “gratuito” do shopping center. No serviço puramente gratuito sem qualquer remuneração ao 
fornecedor, seja direta ou indireta, não tem aplicação do CDC. 
26. O CDC SE APLICA AO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE? POR QUÊ? 
Não. Apesar destes serviços serem remunerados, esta contraprestação se dá por meio de impostos, que 
têm natureza de espécie tributária, portanto cogente e incompatível com a incidência do Código do 
Consumidor, que pressupõe a facultatividade da relação. 
27. O CDC SE APLICA ÀS ENTIDADES ABERTAS E FECHADAS DE PREVIDÊNCIA? 
Não, somente se aplica às entidades aberta de previdência privada. Isso porque as entidades aberta são 
sociedades anônimas que, visando o lucro, oferecem o plano de previdência por elas administrados que podem 
ser contratados por qualquer pessoa física ou jurídica. 
Enquanto as sociedades fechadas são pessoas jurídicas organizadas na forma de fundação ou sociedade 
civil que oferecem planos de previdência aos seus funcionários, sem finalidade lucrativa, cuja gestão é 
compartilhada entre os participantes. Essas entidades não se amoldam ao conceito de fornecedor, pois não 
comercializam os planos ao público em geral e não possuem finalidade lucrativa. Os benefícios são revertidos 
para o pagamento dos benefícios. Este é o entendimento da súmula 563 do STJ, que cancelou o teor da súmula 
anterior que não fazia essa diferença (sumula 231 cancelada). 
 
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28. O CDC SE APLICA AOS PLANOS DE SAÚDE DE AUTOGESTÃO? POR QUÊ? 
Não. Sobre o tema o STJ editou a súmula 608. Os planos de saúde de autogestão, também chamados de 
planos fechados de saúde, são criados por órgãos, entidades e empresas para beneficiar um grupo restrito de 
filiados com a prestação de serviço de saúde. Elas não operam no mercado de consumo e não objetivam lucro, 
além da gestão do plano ser efetuado pelos próprios participantes. Por conta disso, não se enquadram na 
relação de consumo. 
29. CITE HIPÓTESES EM QUE NÃO SE APLICA O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: 
• Relações entre condôminos e condomínio quanto às despesas de manutenção deste. Contudo, aplica-se o 
CDC ao condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua na defesa dos 
interesses dos seus condôminos frente a construtora ou incorporadora. Também se aplica entre 
condomínio e concessionária de serviço público. Por exemplo, taxa de esgoto. 
• Relação entre autarquia previdenciária (INSS) e seus beneficiários, pois esses não são consumidores. 
• Relações de locação disciplinadas pela Lei nº. 8.245/91. 
• Contratos de crédito educativo, por não ser um serviço bancário, mas sim programa governamental. 
• DPVAT, pois não se trata de relação de consumo. 
• Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição financeira. Se o consumidor 
beneficiário de contrato de participação

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