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e-Book: Apostila do MBA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE EMPRESAS Prof. Alexandre Alcantara da Silva alexandre@alcantara.pro.br www.alcantara.pro.br Maio |2019 www.alcantara.pro.br APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 2 IMPORTANTE Esta e-book, de autoria do Prof. Alexandre Alcantara da Silva, foi elaborada exclusivamente para o uso dos seus alunos MBA nas instituições aonde o mesmo atua como docente. Referências Bibliográficas ao final. É proibida a redistribuição ou utilização desta apostila sem autorização expressa do autor. Instituições de ensino não estão autorizadas a redistribuir essa apostila. Referenciar como: SILVA, Alexandre Alcantara da. Análise Econômico-Financeira de Empresas. Apostila, 26p. Maio 2018. Vitória da Conquista: Edição do Autor, 2019. APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 3 SUMÁRIO 1. Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis ....................................................5 1.1. Breve visão histórica .....................................................................................................6 2. Qualidade da informação contábil .......................................................................................6 3. Objetivos da análise ................................................................................................................7 4. Produto da análise ...................................................................................................................8 5. O processo de análise ............................................................................................................8 6. Padronização das demonstrações contábeis ..................................................................9 7. Demonstrações contábeis e demais informações publicadas ..................................10 8. Análise através de indicadores contábeis financeiros .................................................11 9. Análise Vertical e Horizontal das demonstrações financeiras...................................12 9.1. Análise Vertical .............................................................................................................12 9.2. Análise Horizontal ........................................................................................................12 9.3. Exemplo de Análise Vertical e Horizontal .............................................................12 9.3.1. Comentários sobre a Análise Horizontal ........................................... 14 9.3.2. Comentários sobre a Análise Vertical ............................................... 14 10. Análise Através de Índices Econômico-Financeiros ....................................................14 10.1. Definição .........................................................................................................................15 10.2. Utilização ........................................................................................................................15 10.3. Quantidade de índices ................................................................................................15 10.4. Cálculo ............................................................................................................................15 10.5. Avaliação ........................................................................................................................16 11. Indicadores de Atividade ......................................................................................................16 11.1. Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) ..............................................16 11.2. Prazo médio de renovação de estoques - (PMRE) ............................................17 11.3. Prazo médio de pagamento de fornecedores - (PMPF) ...................................17 11.4. Inter-relação entre os índices de atividade ...........................................................17 11.5. Ciclo operacional ..........................................................................................................17 12. Indicadores de Liquidez .......................................................................................................18 12.1. Liquidez Corrente:........................................................................................................18 12.2. Liquidez Geral ...............................................................................................................18 12.3. Liquidez Seca ................................................................................................................18 12.4. Liquidez Imediata: ........................................................................................................18 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 4 13. Indicadores da Estrutura de Capital .................................................................................19 13.1. Participação do capital de terceiros [Grau Endividamento] .............................19 13.2. Composição do Endividamento ...............................................................................19 13.3. Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido .......................................................19 13.4. Grau de Imobilização dos recursos não correntes .............................................19 14. Indicadores de Rentabilidade .............................................................................................20 14.1. Giro do Ativo ..................................................................................................................20 14.2. Margem Líquida (Lucratividade) ..............................................................................20 14.3. Rentabilidade do Ativo ................................................................................................20 14.4. Rentabilidade do Patrimônio Líquido .....................................................................20 15. Resumo dos principais indicadores econômico-financeiros ......................................21 15.1. Situação Operacional..................................................................................................21 15.2. Situação financeira ......................................................................................................21 15.3. Situação econômica ....................................................................................................21 15.4. Análise Fundamentalista ............................................................................................22 15.5. Alavancagem.................................................................................................................22 16. Introdução à Avaliação de Empresas...............................................................................23 16.1. Circunstâncias em que se fará avaliação de empresas em bases estimativas .....................................................................................................................23 16.2. Principais modelos de avaliação .............................................................................23 16.2.1.Modelo do valor contábil .................................................................. 24 16.2.2.Modelo do valor contábil ajustado .................................................... 24 16.2.3.Valor de liquidação .......................................................................... 24 16.2.4.Valor substancial..............................................................................24 16.2.5.Modelo do valor dos lucros .............................................................. 24 16.2.6.Modelo do valor dos dividendos ....................................................... 25 16.2.7.Modelo dos múltiplos de vendas ...................................................... 25 16.2.8.Modelos baseados no Fluxo de Caixa ............................................. 25 16.2.9.Free cash flow (Fluxo de caixa livre) ................................................ 25 16.2.10. Modelos baseados no valor de bolsa ........................................... 26 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................26 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 5 1. Introdução à Análise das Demonstrações Contábeis1 Inicialmente, a Análise das Demonstrações Contábeis foi um instrumento utilizado preponderantemente pelas instituições financeiras com objetivo de avaliar os riscos de crédito; mais tarde, porém, se firmou como instrumento de apoio gerencial e fornecedora de informações para investidores. Os usuários, sejam eles internos ou externos, têm diferentes necessidades a serem satisfeitas, conforme demonstrado no Quadro 1.1 (cf. SILVA, 2017, p. 8-9). 1 Silva, 2017, p.8-9 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 6 1.1. Breve visão histórica2 Pode-se questionar quando se iniciou a utilização do processo de análise das demonstrações contábeis, seguramente ela aparece com o surgimento das próprias demonstrações, mas vejamos um quadro cronológico do processo3: • No final do século XIX banqueiros americanos passaram a solicitar balanços das empresas tomadoras de empréstimos. • Em 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da Associação de Bancos de Nova York recomendou a seus membros que solicitassem balanços aos tomadores de empréstimos. • Em 1900, a associação divulgou um formulário de proposta de crédito que inclua espaço para balanço. • Em 1919, Alexander Wall (considerado o pai da análise de balanços) desenvolveu um modelo de análises de índices; • Em 1925, Stephen Gilman propôs a análise horizontal. • Em 1930, surgiu na Du Pont um modelo de análise de rentabilidade (Roi- Return on Investiment) que depunha o retorno em margem e giro. • Em 1931, a Dun & Bradstreet passou a elaborar e divulgar índices padrões para os diversos ramos de atividades dos EUA. A empresa mantém uma filial no Brasil oferecendo os mesmos serviços em relação à empresas nacionais • No Brasil, em 1968, foi criada a SERASA e surgiu a metodologia de análise e de construção de índices - padrão. • Em 1974 é lançada a primeira edição de "Melhores e Maiores" da revista Exame, uma publicação anual que traz reportagens e tabelas com os principais números e indicadores extraídos das demonstrações contábeis das 500 maiores e melhores companhias que operam no Brasil, agrupadas por segmento econômico. • Publicada em 1976 a nova Lei das Sociedades Anônimas (LSA - Lei 6.404) estabelece, entre outras normas, as principais práticas contábeis a serem seguidas pelas S.A. • Em 2008 o Brasil converge às normas internacionais de contabilidade, seguindo o padrão do IASB, mediante alteração na LSA. 2. Qualidade da informação contábil4 O processo de análise de demonstrações contábeis e dos relatórios e pare- ceres que o acompanham só́ alcançará́ bons resultados se estas informações ti- verem boa qualidade. Por boa qualidade se entende as que expressem (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2002, p. 230): • Confiabilidade: com relatórios precisos e auditadas. • Abrangência: com a informação de todo o movimento da empresa. • Objetividade: com destaques nos pontos mais importantes. • Oportunidade: com dados atuais. 2 Perez Junior & Begalli, 2002, p. 230-231 3 Uma descrição mais pormenorizada sobre o desenvolvimento da Análise de Balanço nos EUA e Brasil, incluindo notas adicionais sobre os pioneiros da Análise de Balanços no Brasil pode ser vista em Silva (2017, 13-21) 4 Silva, 2017, p. 85 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 7 Os demonstrativos contábeis e demais peças que lhe acompanham devem ser apresentados, portanto, com o objetivo de atender a dois requisitos básicos, refletindo uma boa governança corporativa: transparência (disclosure); e dever de prestar contas (accountability). 3. Objetivos da análise5 Através da Análise das Demonstrações Contábeis, é possível avaliar o desempenho da gestão econômica, financeira e patrimonial da empresa, quanto aos períodos passados, confrontando-o ou não com metas ou diretrizes preestabelecidas. É possível ainda realizar comparações com as tendências regionais ou dos segmentos onde a empresa esteja inserida, determinando também as perspectivas futuras de rentabilidade ou continuidade dos negócios, possibilitando aos gestores tomarem decisões de financiamentos e investimentos, bem como implementarem mudanças de práticas, caso as tendências projetadas sinalizem um cenário não condizente com as políticas até́ então estabelecidas, ou até́ mesmo subsidiar o estabelecimento de novos rumos. Como afirmava D’ÁURIA (1959, p. 286) a análise de balanço “tem por fim observar e confrontar os seus componentes [do quadro patrimonial], para o conhecimento minucioso de sua expressão qualitativa e quantitativa, para delinear o comportamento administrativo futuro e para revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual”. Através da Análise das Demonstrações Contábeis, é possível avaliar o desempenho da gestão econômica, financeira e patrimonial da empresa, quanto aos períodos passados, confrontando-o ou não com metas ou diretrizes preestabelecidas. É possível ainda realizar comparações com as tendências regionais ou dos segmentos onde a empresa esteja inserida, determinando também as perspectivas futuras de rentabilidade ou continuidade dos negócios, possibilitando aos gestores tomarem decisões de financiamentos e investimentos, bem como implementarem mudanças de práticas, caso as tendências projetadas sinalizem um cenário não condizente com as políticas até́ então estabelecidas, ou até́ mesmo subsidiar o estabelecimento de novos rumos. Como afirmava D’ÁURIA (1959, p. 286) a análise de balanço “tem por fim observar e confrontar os seus componentes [do quadro patrimonial], para o conhecimento minucioso de sua expressão qualitativa e quantitativa, para delinear o comportamento administrativo futuro e para revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual”. 5 Silva, 2017, p. 6 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 8 4. Produto da análise6 O momento mais esperado de todo analista é reunir todas as percepções coletadas no decorrer do processo de análise e redigir o “relatório” ou “parecer” opinativo quanto a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa objeto da análise. Cada um dos indicadores apurados não poderá́ ser interpretado de forma isolada, pois eles se inter-relacionam. Os impactos da rentabilidade da empresa podem ser sentidos no indicador de liquidez corrente, e a eficiência da gestão de ativos irá influenciar diretamente na captação de recursos junto às instituições financeiras e como consequência no custo do financiamento, por exemplo. As conclusões especificas do analista serão afetadas pelos objetivos iniciais estabelecidos no início do processo de análise. 5. O processo de análise7 O analista de demonstrações contábeis deve preliminarmente possuir conhecimento sobre os princípios contábeis que norteiama escrituração dos fatos econômicos, financeiros e patrimoniais, dos critérios de elaboração das demonstrações contábeis, das atividades da empresa e do comportamento do seu segmento econômico, culminando pelo entendimento dos tipos de análises que podem ser levadas a efeito. Este conhecimento preliminar irá capacitar o analista para iniciar o processo de análise das demonstrações contábeis propriamente dita (Figura 8.1, cf. SILVA, 2017, p. 89), a partir da tomada de algumas providências no que diz respeito ao levantamento dos dados a serem apreciados. 6 Silva, 2017, p.207 7 Silva, 2017, p. 89 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 9 6. Padronização das demonstrações contábeis8 As demonstrações contábeis costumam evidenciar detalhamentos que precisam sofrer condensação e crítica através de uma padronização. A padronização é feita pelos seguintes motivos: • Simplificação - Quanto maior o volume de contas mais difícil fica a visualização e a compreensão do todo. • Comparabilidade - Como cada empresa possui o seu próprio plano de contas e diferenciado de outras empresas, torna-se necessário agregar contas a fim de que os balanços se tornem comparáveis. • Adequação aos objetivos da análise - Conforme o objetivo a que se propõe a análise deve-se montar um modelo padrão que permita identificar os fatores importantes. • Precisão na classificação das contas - O analista pode modificar as classificações que se forem falhas, como, por exemplo, certos investimentos de caráter permanente que aparecem no ativo circulante, despesas do próprio exercício que figuram como despesas do exercício seguinte, gastos, indevidamente lançados, como ativo diferido quando deveriam fazer parte das despesas ou perdas do exercício. Essas falhas, muitas vezes são "maquiagens" com objetivos estrategicamente traçados pela administração da empresa ("window dressing"). • Descoberta de erros - A padronização possibilita melhor análise e a descoberta de erros, tais como: ➢ estoques finais ou iniciais que não coincidem; ➢ provisão para devedores duvidosos do balanço que não coincide com a que foi constituída na demonstração de resultado do exercício; e ➢ não-conciliação do patrimônio líquido final com os resultados do exercício mais o patrimônio líquido inicial. • Intimidade do analista com as demonstrações contábeis - A padronização obriga o analista a pensar em cada conta e a decidir sobre sua consistência com as demais contas, enquanto faz a transcrição para o modelo predefinido de demonstração. 8 Perez Junior & Begalli, 2002, p. 231-232 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 10 7. Demonstrações contábeis e demais informações publicadas9 As principais demonstrações publicadas pelas sociedades anônimas (capital aberto ou fechado), empresas de grande porte são as seguintes: • Balanço Patrimonial; • Demonstração do Resultado do Exercício; • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados; • Demonstração dos Fluxos de Caixa • Demonstração do Valor Adicionado As demais empresas divulgarão o Balanço Patrimonial a Demonstração dos Resultados do Exercício e a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Estas empresas não estão obrigadas a divulgar publicamente seus demonstrativos contábeis. Conforme Silva (2017, p. 67) As demonstrações contábeis não trazem todas as informações suficientes para que os interessados em conhecer a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa possam formar uma opinião sobre a real situação em que a mesma se encontra. A própria legislação societária e comercial, assim como os órgãos reguladores do mercado de ações e agências reguladoras, estabelecem que as demonstrações contábeis deverão ser apresentadas ao público acompanhadas das seguintes informações, relatórios e pareceres complementares: • notas explicativas; • relatório da administração; • parecer do conselho fiscal; • relatório dos auditores independentes. 9 Adaptado de Reis, s.d., p. 92 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 11 8. Análise através de indicadores contábeis financeiros10 A apuração de indicadores ou quocientes fornece uma ampla visão da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa, e a sua análise deve ser realizada através da construção de série histórica com os números encontrados, os quais são apurados através da relação entre contas ou grupos de contas que integram as demonstrações contábeis. Os indicadores, para serem mais bem avaliados, devem ser confrontados com os que já foram identificados no segmento econômico onde a empresa está́ inserida, bem como com os indicadores de seus principais concorrentes. A análise de indicadores deverá ser realizada juntamente com a Análise Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. A análise através de índices é decomposta em dois grandes grupos: Indica- dores de Rotatividade/Atividade e Indicadores Financeiros. No Quadro 12.1 (cf. SILVA, 2017, p. 135-136) é possível visualizar quais são estes indicadores. 10 Silva, 2017, p. 135-136 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 12 9. Análise Vertical e Horizontal das demonstrações financeiras11 9.1. Análise Vertical A análise vertical das contas das demonstrações contábeis mostra a sua composição percentual e a participação de cada conta em relação a um valor adotado como base (100%). A análise vertical é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. Essa análise em períodos sucessivos pode fornecer uma base para a projeção de uma demonstração de resultados. Porém, essa projeção apresenta algumas limitações, principalmente porque não leva em conta as mudanças no processo tecnológico e / ou nos custos dos insumos e / ou nos preços de venda. Qualquer projeção baseada em dados históricos requer muito cuidado. 9.2. Análise Horizontal A análise horizontal das contas das demonstrações financeiras mostra as variações que ocorreram nos valores monetários ou em valores relativos (% ou índices) num determinado período de tempo. A análise horizontal enfatiza a modificações ou evoluções em cada conta das demonstrações financeiras em relação a uma demonstração básica, geralmente a mais antiga da série, a fim de caracterizar tendências. A avaliação das modificações das contas poderá ser realizada através da comparação com: • variações históricas da própria empresa; • taxas de crescimento da economia; • taxas de crescimento do setor ao qual pertence à empresa; • taxa de variação da UFIR ou da inflação oficial; e • variações nas contas idênticas das demonstrações contábeis de concorrentes próximos. 9.3. Exemplo de Análise Vertical e Horizontal Neste tópico seguinte veremos um exemplo de Análise Vertical e Horizontal simplificado de um Balanço Patrimonial e de uma Demonstração do Resultado do Exercício. Após a apuração dos percentuais de variação horizontal e vertical serão apresentadas algumas reflexões sobre as principais variações. Sugerimos a leitura prévia do “Capítulo 11 – Análise Horizontal e Vertical” de SILVA (2017). 11 Perez Junior & Begalli, 2002, p. 234 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 13 Exemplo de Análise Vertical e Horizontal 12 BALANÇO PATRIMONIAL 31/12/X1 AH AV 31/12/X2 AH AV 31/12/X3 AHAV Ativo Circulante 100.000 100,00 17,86 110.000 10,00 16,08 95.000 (5,00) 12,98 Ativo Não Circulante - RLP 160.000 100,00 28,57 184.000 15,00 26,90 192.000 20,00 26,23 Ativo Não Circulante - Imobilizado 300.000 100,00 53,57 390.000 30,00 57,02 445.000 48,33 60,79 TOTAL 560.000 100,00 100,00 684.000 22,14 100,00 732.000 30,71 100,00 Passivo Circulante 70.000 100,00 12,50 90.300 29,00 13,20 106.400 52,00 14,54 Passivo Não Circulante - ELP 150.000 100,00 26,79 200.000 33,33 29,24 235.000 56,67 32,10 Patrimônio Líquido 340.000 100,00 60,71 393.700 15,79 57,56 390.600 14,88 53,36 TOTAL 560.000 100,00 100,00 684.000 22,14 100,00 732.000 30,71 100,00 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO 31/12/X1 AH AV 31/12/X2 DAH AV 31/12/X3 DAH AV Receitas de Vendas 830.000 100,00 100,00 1.260.000 51,81 100,00 2.050.000 146,99 100,00 CMV -524.167 100,00 (63,15) -840.500 60,35 (66,71) -1.594.600 204,22 (77,79) Lucro Bruto 305.833 100,00 36,85 419.500 37,17 33,29 455.400 48,90 22,21 Despesas Vendas e Administrativas -139.500 100,00 (16,81) -190.000 36,20 (15,08) -277.500 98,92 (13,54) Despesas Financeiras -88.000 100,00 (10,60) -140.000 59,09 (11,11) -186.000 111,36 (9,07) Resultado Operacional antes IR 78.333 100,00 9,44 89.500 14,26 7,10 -8.100 -110,34 (0,40) Imposto de Renda -31.333 100,00 (3,78) -35.800 14,26 (2,84) 0 0,00 0,00 Resultado Líquido 47.000 100,00 5,66 53.700 14,26 4,26 -8.100,00 -117,23 (0,40) NOTA: Veja na página seguinte alguns comentários sobre os percentuais encontrados acima 12 Adaptado de Reis, s.d., p. 94-95 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 14 9.3.1. Comentários sobre a Análise Horizontal Deterioração na capacidade de pagamento a curto prazo da empresa como consequência da evolução mais que proporcional de suas obrigações - passivo circulante - em relação às suas disponibilidades e valores realizáveis - ativo circulante. Note-se que, de ano para ano, está decaindo a diferença entre ativo e passivo circulante tanto em valores relativos como em valores absolutos, proporcionando uma redução na liquidez. Nos dois últimos exercícios considerados, os custos de venda da empresa apresentaram um crescimento maior que suas receitas, proporcionando uma redução na evolução do lucro bruto. Em outras palavras, em X2 para auferir um crescimento de 37,17% no lucro bruto, a empresa elevou suas vendas em 51,81%. Em X3 para uma elevação de 48,901% no lucro bruto, as receitas precisaram crescer 146,99%. 9.3.2. Comentários sobre a Análise Vertical Os investimentos de Curto Prazo (Ativo Circulante) sofreram pequenas reduções no período, passando de 17,86% do total do ativo em X1, para 12,98 em X3. Em contrapartida de forma desequilibrara, as dívidas de Curto Prazo (Passivo Circulante) apresentaram uma participação maior ao longo dos períodos. Em X1, 12,50% do total do financiamento era representado por PC, subindo para 14,54% em X3. O único grupo patrimonial que proporcionalmente cresceu ao longo dos anos foi o Ativo Imobilizado. A maior preocupação por estes investimentos produtivos pode ser a causa do crescimento dos níveis de vendas da empresa, que alcançaram 51,81% e 62,70% em X2 e X3, respectivamente. Nos anos X1 e X2, apesar de ter apresentado um Lucro Líquido crescente em valores absolutos, houve uma redução proporcional à Receita de Vendas. Pelas demonstrações de resultados, confirma-se a necessidade de um volume maior de receitas de vendas para cobrir os custos. Em X1 63,15% das vendas eram destinados a reporem os custos incorridos, e elevando-se para 77,79% em X3. 10. Análise Através de Índices Econômico-Financeiros13 Para que o administrador financeiro possa planejar suas atividades, precisa conhecer o ambiente econômico, político e social que pode afetar as operações da empresa, os seus "pontos fortes" e os "pontos fracos". Os pontos fortes são identificados para que se possa tirar certas vantagens para a empresa, no meio onde atua. Por outro lado, as fraquezas devem ser analisadas para que ações corretivas sejam tomadas, em tempo hábil, objetivando melhora da performance da empresa. Um dos principais instrumentos para se avaliar certos aspectos do desempenho passado, presente e futuro da empresa é a análise de índices econômico-financeiros, calculados basicamente a partir das contas das demonstrações financeiras. 13 Perez Junior & Begalli, 2002, p. 234-237 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 15 10.1. Definição Índice é a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa a evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. Os índices constituem a técnica de análise mais empregada e, muitas vezes, o leigo ao extraí-los acredita ter feito análise das demonstrações financeiras. Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em uso até hoje, apesar de que, com o passar do tempo, a técnica de análise foi sofrendo aprimoramentos e refinamentos pelos profissionais e pesquisadores das universidades. 10.2. Utilização A análise das demonstrações financeiras de uma empresa pressupõe, de início, definir o "ponto de vista sob o qual está se examinando a empresa". Cada tipo de análise tem um propósito ou utilidade que irá determinar as diferentes relações a serem enfatizadas na análise. O analista pode, por exemplo, ser o gerente de um banco comercial que deve decidir sobre a concessão de um empréstimo de curto prazo para uma firma. Nestas condições ele está principalmente interessado na liquidez da firma e, portanto, deve enfatizar os índices que medem a liquidez e a atividade (prazos médios). A administração da empresa está interessada, naturalmente, em todos os aspectos da análise financeira. Para obtenção de recursos, tanto de curto como de longo prazo, a apresentação de índices favoráveis representa segurança para os credores (bancos, fornecedores, acionistas e outros) e para a empresa. Ademais, trata-se de um instrumento de grande utilidade para avaliação periódica do desempenho da empresa. 10.3. Quantidade de índices Importante não é o cálculo de grande quantidade de índices, mas de um conjunto de índices que permita atingir o fim a que se propõe a análise. No entanto, a experiência tem mostrado que chega um ponto que o aumento no número de índices não traz benefícios na mesma proporção. 10.4. Cálculo A determinação dos índices financeiros é realizada através do quociente entre contas (parciais ou totais) do balanço patrimonial entre si e entre contas do balanço patrimonial e contas da demonstração de resultados. Para que o cálculo dos índices financeiros seja possível e os seus resultados tenham significado, é necessário que tanto as contas do balanço como da demonstração de resultados sejam "enquadradas" numa forma padronizada que permita comparações. APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 16 Além disso, deve-se, comparar demonstrações contábeis correspondentes às mesmas datas, evitando-se possíveis efeitos distorcidos devido à sazonalidade das operações da empresa. 10.5. Avaliação Calculados os índices, é necessário avaliá-los. Há três formas básicas de avaliação de um índice: • pelo significado intrínseco; • pela comparação ao longo de vários exercícios; e • pela comparação com índices de outras empresas (índices padrões). É possível, de maneira grosseira, avaliar índices pelo seu significado intrínseco. Por exemplo, pode-se tentar qualificar a situação financeira de uma empresa com base no índice de liquidez corrente: se apresentar 1,80, sabe-se que para cada unidade monetária de dívida de curtoprazo há 1,80 de investimento a curto prazo, portanto, com uma margem de segurança de 80%. O analista poderá também usar seu conhecimento das empresas que tem analisado e concluir através de seu "feeling" que o índice oferece segurança. A comparação dos índices da empresa ao longo do tempo pode dar uma idéia das tendências seguidas pela empresa. No entanto, é necessário analisar esses índices de forma conjunta. A avaliação de um índice e sua conceituação como ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente só pode ser feita através da comparação com padrões. Alguns dos índices dos principais setores da economia são fornecidos por publicações especializadas anuais tais como: Melhores e Maiores (Exame); Balanço Anual (Jornal Gazeta Mercantil); Valor 1000 (Jornal Valor Econômico), dentre outras. Índices padrões também podem ser obtidos na SERASA, que elabora estatística de índices de empresas por setor / ramo14. 11. Indicadores de Atividade15 Os índices desse grupo mostram a eficiência com que a empresa utiliza os recursos disponíveis, tais como estoques, duplicatas a receber e outros. Através deste índice é possível avaliar certas políticas adotadas pela empresa. 11.1. Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) Esse índice indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, em média, para receber suas vendas a prazo. O prazo médio de contas a receber deveria ser obtido a partir do maior número possível de saldos. Deveria representar a média do maior número possível de saldos da conta "Contas a Receber" durante o período observado 14 A utilização da Análise de Balanço como ferramenta de Benchmarking é explorada no Capítulo 8 da obra de SILVA (2017, p. 95-99) 15 Reis, s.d., p. 102-103 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 17 PMRV = 360 x Duplicatas a Receber Vendas Realizadas 11.2. Prazo médio de renovação de estoques - (PMRE) Esse índice fornece o número de dias, semanas ou meses que existe de cobertura de estoques e mede a eficiência com que a empresa administra os seus investimentos em estoques. Esse índice deve ser o menor possível e com o risco mínimo de falta de estoque. PMRE = 360 x Estoque [Médio] C.M.V. 11.3. Prazo médio de pagamento de fornecedores - (PMPF) Esse índice mede o número de dias, semanas ou meses que a empresa leva para pagar seus fornecedores. As empresas têm procurado expandir esses prazos para que esse valor financie os seus investimentos em ativo circulante. Geralmente, quando o PMPF é superior àquele concedido pelo fornecedor significa que a empresa está com problemas de liquidez. PMPC = 360 x Fornecedores [Médios] Compras a Prazo 11.4. Inter-relação entre os índices de atividade A análise dos prazos médios só é útil quando os três prazos são analisados conjuntamente. Prazo médio de renovação de estoques - PMRE: representa na empresa comercial o tempo médio de estocagem de mercadorias; na empresa industrial, o tempo de produção e estocagem. Prazo médio de recebimento de vendas - PMRV: expressa o tempo decorrido entre venda e recebimento. A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o que se chama de CICLO OPERACIONAL, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda de mercadorias. 11.5. Ciclo operacional O Ciclo Operacional mostra o prazo de investimento, que se for confrontado com o prazo médio de pagamento de compras, decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento de fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento de cliente). É o período em que a empresa precisa arrumar dinheiro para financiar suas operações. APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 18 12. Indicadores de Liquidez O objetivo deste grupo de índices é demonstrar a situação financeira da empresa e sua capacidade de saldar suas obrigações. 12.1. Liquidez Corrente: Estabelece quanto à empresa realizará em um ano, para pagar suas obrigações de um ano, portanto é medida de capacidade preditiva. Liquidez Corrente = AC PC 12.2. Liquidez Geral Estabelece a capacidade de liquidez levando em conta o longo prazo. Como inclui um longo prazo ativo que pode ter prazo diferente do longo prazo passivo, perde capacidade preditiva, devendo ser avaliado com muita cautela. Liquidez Geral = AC + RLP PC + ELP 12.3. Liquidez Seca Semelhante à Liquidez Corrente, porém exclui o risco de não realização dos estoques, portanto é uma medida mais conservadora. Liquidez Seca = AC - Estoques PC 12.4. Liquidez Imediata: Estabelece a capacidade de liquidez das obrigações de curto prazo, utilizando-se os recursos do Ativo Disponível. Liquidez Imediata = Disponibilidades PC APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 19 13. Indicadores da Estrutura de Capital16 É o nível de participação do capital de terceiros na atividade da empresa, pode-se dizer que quanto maior a participação de capital de terceiros maior o grau de endividamento. Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. As medidas básicas de estrutura de capital ou endividamento são: 13.1. Participação do capital de terceiros [Grau Endividamento] Estabelece a relação entre capital de terceiros e capital próprio. Participação de Capitais de Terceiros = (PC + ELP) x 100 PL 13.2. Composição do Endividamento Demonstra a concentração do endividamento a curto prazo Composição do Endividamento = PC x 100 PC + ELP 13.3. Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido Estabelece quanto foi aplicado no Ativo Permanente para cada $ 1 de Patrimônio Líquido. Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido = AP x 100 PL 13.4. Grau de Imobilização dos recursos não correntes Estabelece o nível de imobilização dos recursos de longo prazo. Grau de Imobilização dos Recursos não Correntes = AP x 100 PL + ELP 16 Adaptado de Reis, s.d., p. 98-99 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 20 14. Indicadores de Rentabilidade17 Os índices deste grupo têm o objetivo de demonstrar o retorno ou rentabilidade do capital investido e a eficiência de sua administração. Medidas: margens e retorno. 14.1. Giro do Ativo Estabelece a relação entre as vendas do período e os investimentos totais efetuados na empresa, expressando o nível de eficiência com que são utilizados os recursos aplicados. Giro do Ativo = Vendas Líquidas Ativo Médio 14.2. Margem Líquida (Lucratividade) Esta medida leva em conta inclusive o resultado não operacional e representa o que “sobra” da atividade da empresa no final do período. Tradicionalmente é a mais usada e é do interesse do sócios ou investidores. Margem Líquida = Lucro Líquido x 100 Vendas Líquidas 14.3. Rentabilidade do Ativo Ë o retorno sobre os investimentos totais (Ativo Total) efetuados na empresa, independente de sua procedência seja dos proprietários (Capital Próprio), das operações da empresa ou de terceiros (Capital de Terceiros). Rentabilidade do Ativo (ROA ou ROI) = Lucro Líquido x 100 Ativo Médio ou Total 14.4. Rentabilidade do Patrimônio Líquido Representa o nível de remuneração do capital investido pelos sócios acionistas, quotistas, proprietários. Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) = Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Médio ou Total 17 Adaptado de Reis, s.d., p. 99-100 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 21 15. Resumo dos principaisindicadores econômico-financeiros18 15.1. Situação Operacional PMRE - Prazo Médio de Rotação dos Estoques = Estoque [Médio] x 360 C.M.V. PMRV - Prazo Médio de Recebimento das Vendas = Contas a Receber de Clientes [Médios] x 360 Receita Líquida de Vendas PMPF - Prazo Médio de Pagamento dos Fornecedores = Fornecedores [Médios] x 360 Compras a Prazo Identificação dos Dias Financiados (Ciclo Operacional x Ciclo Financeiro) (PMRE + PMRV) - PMPF 15.2. Situação financeira Liquidez Liquidez Imediata = Disponibilidades PC Liquidez Geral = AC + RLP PC + ELP Liquidez Corrente = AC PC Liquidez Seca = AC - Estoques PC Estrutura de Capital Participação de Capitais de Terceiros (Grau Endividamento) = (PC + ELP) x 100 PL Composição do Endividamento = PC x 100 PC + ELP Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido = AP x 100 PL Grau de Imobilização dos Recursos não Correntes. = AP x 100 PL + ELP 15.3. Situação econômica Rentabilidade Giro do Ativo = Vendas Líquidas Ativo Médio Margem Líquida = Lucro Líquido x 100 Vendas Líquidas Rentabilidade do Ativo (ROA ou ROI) = Lucro Líquido x 100 Ativo Médio ou Total 18 Silva, 2017, p. 263-265 APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 22 Rentabilidade Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) = Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Médio ou Total Análise do ROI pelo Modelo DuPont Margem Líquida X Giro do Ativo 15.4. Análise Fundamentalista PL (Preço/Lucro): = Valor de cotação da ação Lucro por Ação Lucro por Ação (LPA) = Lucro Líquido Número de ações Dividend Yield (DY) = Dividendo por Ação Valor de cotação da ação Valor Patrimonial por Ação (VPA) = Patrimônio Líquido Número de ações Pay-out = Dividendo pago por Ação Lucro por Ação 15.5. Alavancagem Alavancagem GAF – Alavancagem Financeira = ROE ROA/ROI GAO – Alavancagem Operacional = VLOP (Variação no Lucro Operacional) VAt (Variação no Volume da Atividade) GAT – Alavancagem Total = GAF × GAO APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 23 16. Introdução à Avaliação de Empresas Uma avaliação econômica, ao contrário do que possa parecer, não é uma fixação concreta de um preço ou valor específico de um bem, mas é uma estimativa de base, uma tentativa de estabelecer, dentro de uma faixa, um valor referencial de tendência, em torno do qual atuarão as forças de mercado. Falcini (1995, p.15) 16.1. Circunstâncias em que se fará avaliação de empresas em bases estimativas De acordo com Falcini (1995, p.16), existem várias circunstâncias em será necessário realizar estimativas do valor de uma empresa: • a compra ou a venda de um bem, de uma empresa ou de um fundo de comércio; • nos estudos de viabilidade de associações de interesses da empresa; • numa expropriação legal: • numa partilha entre herdeiros; • na determinação do valor das participações sociais; • na fusão de duas ou mais empresas; • na divisão de uma sociedade em duas ou mais empresas; • no aporte parcial em bens de uma empresa para outra; • num aumento de capital com aporte de bens; • Numa dissolução societária. 16.2. Principais modelos de avaliação Segundo Falcini (1995) os principais modelos de avaliação de empresas são: • Modelos baseados no BP • Modelos baseados na DRE • Modelos baseados no Goodwill • Modelos baseados no Fluxo de Caixa • Modelos baseados no Valor de Bolsa Esses modelos propõem-se a determinar o valor de uma empresa pela estimativa do valor de seus ativos. Em geral, os modelos baseados no balanço patrimonial apresentam valores para as empresas que não guardam relação com seu valor de mercado. Eles determinam o valor de um ponto de vista estático, que, entretanto, não contempla a possível evolução da empresa no futuro, com o conceito de valor do dinheiro no tempo. APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 24 Esses modelos não consideram outros fatores que afetam o valor de uma empresa, como o posicionamento no mercado de atuação, os recursos humanos, os problemas organizacionais, contratuais e outros, que não aparecem nas demonstrações contábeis. 16.2.1. Modelo do valor contábil O modelo do valor contábil considera como valor contábil de uma empresa, de forma líquida, o valor do patrimônio líquido, apresentado no balanço patrimonial, com contas como as de capital social, reservas e lucros ou prejuízos acumulados. PL = Ativo - Passivo 16.2.2. Modelo do valor contábil ajustado O modelo do valor contábil ajustado procura corrigir a deficiência mencionada no método do valor contábil, atualizando os valores dos ativos e passivos, registrados na contabilidade, ao valor de mercado. Quando se atualizam os valores de ativos e passivos (obrigações com terceiros), encontra-se o valor do patrimônio líquido atualizado, por uma consequência matemática. 16.2.3. Valor de liquidação O valor de liquidação representa o valor da empresa se essa fosse liquidada, encerrando suas atividades, com a venda de todos os seus ativos e o pagamento de todas as suas obrigações. Representa o valor mínimo de uma empresa, assumindo-se que essa teria um valor maior se continuasse suas atividades. 16.2.4. Valor substancial O modelo do valor substancial representa o cálculo do valor do investimento que deveria ser feito para constituir uma empresa em idênticas condições às da empresa que está sendo avaliada. Esses modelos são baseados na demonstração do resultado do exercício das empresas, também conhecida por suas iniciais DRE. Tais modelos buscam determinar o valor das empresas através do volume de lucros, vendas e outros indicadores de resultado que são apresentados. 16.2.5. Modelo do valor dos lucros O modelo do valor dos lucros (PER) trata como valor patrimonial o resultado da multiplicação das receitas anuais líquidas (lucros) por uma taxa denominada PER, que é a taxa da relação preço/lucro. Assim, se os lucros por ação no último ano fossem de $ 4,00 e o preço da ação fosse de $ 29,00, a PER seria de 7,25 (29/4). APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 25 Em outras situações, a PER usa como referência a previsão dos lucros por ação para o próximo ano no mercado acionário ou, às vezes, a média dos lucros por ação dos últimos dois ou três anos. 16.2.6. Modelo do valor dos dividendos O modelo do valor dos dividendos considera que os dividendos são uma parte dos lucros que efetivamente foram propostos ou pagos aos acionistas e, em muitos casos, são o único fluxo regular de recursos recebidos pelos investidores. 16.2.7. Modelo dos múltiplos de vendas O modelo dos múltiplos de vendas ou de receitas é usado no mercado em alguns segmentos, com certa frequência. Consiste em calcular o valor da empresa multiplicando-se seu volume de vendas por um multiplicador. Genericamente, o denominado goodwill é o valor que uma empresa possui, que sobrepõe seu valor contábil ou seu valor contábil ajustado. O goodwill representa o valor dos ativos intangíveis de uma empresa, além de seus ativos tangíveis, devidamente apontados pela contabilidade empresarial. O goodwill pode ser considerado como um excesso de valor em um processo de avaliação. Muitos valores de intangíveis que compõem o goodwill não aparecem na contabilidade tradicional; no entanto, contribuem com adições ao valor de uma empresa comparativamente a outras do mesmo segmento de atividade. Modelo clássico de goodwill O modelo clássico de goodwill estabelece que o valor de uma empresa é igual à soma do valor de seus ativos líquidos (a valor demercado ou a valor substancial) e do valor de seu goodwill. 16.2.8. Modelos baseados no Fluxo de Caixa Esses modelos procuram determinar o valor de uma empresa pela estimativa dos fluxos de caixa que devem ser gerados no futuro e então descontam esses valores a uma taxa condizente com o risco do fluxo. São modelos muito aceitos no mercado de consultoria e também amplamente citados e divulgados nas bibliografias que versam sobre avaliações de ativos e avaliações empresariais. Os modelos baseados no fluxo de caixa têm sido mais utilizados, dada a conclusão do aspecto pouco científico dos modelos anteriormente apresentados. • Free cash flow (Fluxo de caixa livre) • Equity cash flow (Modelo ECF) • Capital cash flow (Modelo CCF) 16.2.9. Free cash flow (Fluxo de caixa livre) O modelo do fluxo de caixa livre ou free cash flow utiliza o denominado fluxo de caixa operacional, que é o fluxo de caixa gerado pelas operações normais da APOSTILA MBA Análise Econômico-Financeira de Empresas Professor: Alexandre Alcantara da Silva 26 empresa, desconsiderando empréstimos. É o montante financeiro que estará disponível para investimentos em ativos fixos e necessidades de capital de giro. 16.2.10. Modelos baseados no valor de bolsa Específico para empresas de capital aberto com ações livremente negociadas no mercado, esse valor e obtido pelo resultado da multiplicação da cotação, em Bolsa, das ações da empresa pela quantidade das ações que compõem o capital social. O valor obtido e também utilizado como substituto do valor de mercado. Em condições normais, poderia ser aceita a hipótese de que o preço da ação no mercado representaria um consenso do valor econômico intrínseco dessa ação num dado momento; porém, dadas as várias forças atuantes de ordem subjetiva e os diversos níveis de eficiência, esse valor deve ser usado com precaução. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico-financeiro. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2012. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004. GITMAN, Lawrence J., Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1997. FALCINI, Primo. Avaliação Econômica de empresas: técnica e prática. São Paulo: Atlas, 1995. FIPECAFI - GRUPO DE PROFESSORES DA FEA/USP – Manual de Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. IUDICIBUS, Sergio. Análise de Balanços. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2017. KAPLAN. S. Robert. JOHNSON, H. Thomas. Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro: Campus. MARTINS, Eliseu; MIRANDA, Gilberto José; DINIZ, Josedilton Alves. Análise Didática das Demonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas: 2014 MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas PEREZ JUNIOR, José Hernandez; BEGALLI, Clauco Antonio. Elaboração das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. REIS, Almir Carvalho dos. Contabilidade para Executivos. Mogi das Cruzes (SP), s.d., 114 p. Apostila do MBA em Gestão Empresarial - FGV. SILVA, Alexandre Alcantara. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5 ed. São Paulo: Atlas: 2017. SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas.11 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
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