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Autoavaliação das instituições de Educação Superior Conforme nosso atual contexto, as Instituições de Educação que dese- jarem atender às demandas da sociedade terão que se redesenhar para oferecer sentido e qualidade à aprendizagem. A Avaliação Institucional é uma ferramenta poderosa para as mudanças necessárias na Educação Superior, na medida em que busca a melhoria da qualidade e uma maior aproximação com a sociedade contemporânea. Para além dos discursos existentes sobre a Avaliação Institucional, é possível identificar desafios complexos para o fortalecimento dessa prá- tica no Brasil, pois, embora seja reconhecida como muito importante, a mesma é mantida, por vezes, em lugares inviáveis na estrutura das insti- tuições, impedindo a prática da reflexão. Em outras circunstâncias, as difi- culdades de implantação de medidas corretivas evidenciadas a partir da análise dos resultados obtidos deixam profundo sentimento de frustração nos profissionais envolvidos com o processo. Uma vez compreendido como um dos papéis da Avaliação Institucio- nal – o aprimoramento da qualidade acadêmica –, é preciso priorizar o “valor social das realidades avaliadas” e reforçar a “significação pedagógica e formativa dos processos”, evitando os riscos que são apontados por Dias Sobrinho (2000, p. 101-102): A universidade não pode deixar escapar a titularidade da avaliação nem se furtar à 1. exigência de auscultar as vozes da sociedade [...]. A universidade não pode de modo algum realizar uma avaliação laudatória, pela 2. qual faria um autoelogio da instituição, de seus dirigentes e do próprio processo de avaliação [...]. É também decisivamente condenável que a avaliação, conforme as conveniências, 3. desmereça de propósito aspectos importantes, supervalorize outros secundários ou atribua valores diferenciados a realidades equivalentes [...]. A avaliação não deve servir para comparar realidades diferentes, por exemplo, 4. instituições entre si [...]. Avaliação Institucional: necessidade contemporânea Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 72 Avaliação Institucional As universidades também incorrem em grave erro se constituírem o universo de pessoas implicadas no processo avaliatório sem levar em conta a necessária independência ética e política, sem uma consistente visão do papel da formação, da ciência e da cultura, ou sem adesão aos princípios da avaliação. Esses cuidados reforçam a ideia de que a avaliação não pode ser compreen- dida como um instrumento a serviço do mercado econômico ou da política de rendimentos. Os processos de Avaliação Institucional devem ser construídos a partir de questionamentos coletivos, que objetivem a promoção da qualidade social (DIAS SOBRINHO, 2000). Qualidade essa, aliás, que deve estar diretamente relacionada à cientificidade, aos valores de pertinência, de solidariedade, de de- mocracia e de cidadania. Quando nos referimos à busca pela qualidade, estamos nos reportando a um processo contínuo e aberto, diante do qual todos os setores e as pessoas que os compõem participam do repensar os objetivos, os modos de atuação e os resul- tados de sua atividade em busca da melhoria da instituição. O esforço no sentido de se alcançar práticas qualitativas é, assim, um dos determinantes da necessi- dade de um projeto em que estejam configurados: o perfil do profissional a ser formado, os objetivos do curso, as mediações necessárias ao seu cumprimento e as articulações internas e externas à instituição. A busca pela qualidade deve, enfim, corresponder aos objetivos da Instituição de Educação Superior. Cabe destacar aqui que, ao longo da edificação da história da Avaliação Ins- titucional, fomos influenciados por contribuições norte-americanas e europeias. Dos Estados Unidos têm sido significativas, dentre outros autores, as contribui- ções teóricas de House (1994), que nos auxilia a entender as diferentes compre- ensões e fases dos enfoques avaliativos, sob a perspectiva do liberalismo, ou melhor, das variações do liberalismo. Se nos EUA as avaliações no âmbito do Estado tiveram início no pós-Segunda Guerra Mundial (concomitantes com a criação do Estado de Bem-Estar Social), no Brasil, somente após a década de 1990, com o crescimento da política neoliberal, é que os processos de Avaliação Institucional tornaram-se obrigatórios e, como consequência, o uso de pesquisa em avaliação tem sido cada vez mais reforçado. Do processo norte-americano, duas modalidades de avaliação que encontra- ram terreno fértil, dadas as suas características de controle e legitimação (DIAS SOBRINHO, 2003), são: Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 73 assessment � – termo cuja tradução para o português não encontra sinôni- mos muito adequados, mas se refere à medição do rendimento de indi- víduos e/ou grupos de outras dimensões institucionais, tomando como referência, objetivos e padrões predeterminados. Essa condução resulta num processo que visa à valoração e à classificação; accountability � – refere-se à ideia de responsabilidade pública, de eficiên- cia, de prestação de contas e do uso eficiente dos recursos. Deve ser a comprovação de resultados obtidos, observadas metas ou objetivos esta- belecidos previamente. É o dever de prestar contas. São modalidades que se mostram eficientes no sentido de atender às novas organizações de cultura gerencial, que objetivam lucro e competitividade, maxi- mizando a eficiência e a produtividade, por isso são modalidades preferidas por governos e agências financeiras. Todavia, sombras pairam sobre as intenções finais do referido processo ava- liativo, uma vez que não está claro se pretende levar em conta os desejos e as ne- cessidades particulares das Instituições de Educação Superior ou, simplesmente, ter e trocar informações de boa qualidade. Também ainda restam dúvidas sobre a justiça e a imparcialidade da comissão avaliativa, tendo em vista a subjetivida- de que impregna as avaliações. Toda essa precaução se observa nas palavras de Sanches e Raphael (2006, p. 106), que apontam que: A ênfase quantitativa dos mecanismos estatais de avaliação conduz a conclusões aligeiradas e utilizadas pela mídia como um ranking que têm servido para propósitos muito diferentes dos almejados pelos idealizadores do Exame Nacional de Cursos. Sob esse aspecto, percebe-se que a opinião pública pressiona a cultura acadêmica e acaba por influenciar no desenvolvimento de suas atividades. Mais ainda: problematiza a cultura acadêmica, pretendendo distinguir suas metas de qualidade e seus valores massificados. Desse modo, a autonomia das IES fica condicionada a fatores externos. O que precisa, num cenário mais amplo, é orientar a Instituição de Educação Superior no sentido do autoconhecimento, para que ela busque a melhoria de suas ações e o aprimoramento em seus projetos. Também é preciso fortalecer seu compromisso social enquanto instância que é palco de ensino, pesquisa e extensão é outra necessidade a ser contemplada. Levando em conta que a qua- lidade é um juízo valorativo que se constrói socialmente, é inevitável considerar a relação da qualidade com os processos de Avaliação Institucional. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 74 Avaliação Institucional As razões da realização da Avaliação Institucional são apontadas como: instrumento para promover a melhoria do ensino; � prestação de contas à sociedade do uso que faz dos recursos destinados e � do desempenho de suas funções; falência do modelo corporativista; � ampliação dos serviços prestados à sociedade, ultrapassando os limites da � cientificidade e permeando as dimensões sociais e públicas. Como possui muitas faces e múltiplas interfaces, o processo de Avaliação Ins-titucional precisa ser observado e conduzido de maneira completamente inte- grada à realidade institucional, possibilitando traçar políticas institucionais que acompanhem a dinâmica dialética de pensar o real, o processo histórico de pro- jetar o futuro, viver a prática e revisitar o contexto. Esse movimento espiralado proporciona condições para que aconteçam transformações e ajustes necessá- rios à concepção, implementação e reformulação de políticas institucionais. Sanches e Raphael (2006, p. 109) enfatizam o papel dos processos avaliativos para o crescimento institucional e sua contribuição à sociedade: Enquanto instrumento que proporciona reflexões sobre o cotidiano e as ações de gestão, a avaliação das Instituições de Educação Superior brasileiras pode ser apontada como oportunidade ímpar, com âmbito de atuação estendido além de seus limites físicos, atingindo toda a comunidade interna e externa da instituição, proporcionando investimentos que visem à melhoria tanto da Instituição de Educação Superior como da sociedade em que está inserida. Muitas universidades de expressão no cenário nacional vêm trabalhando para desenvolver propostas avaliativas cada vez mais participativas e emancipatórias, procurando rever e romper com estruturas arcaicas de gestão e produção do saber. Buscar transparência e equidade, mesmo com desenhos e métodos que se apresentam frágeis ou pouco democráticos, (ou mesmo superficiais e pouco confiáveis), já revelam a ampliação do pensamento avaliativo no Brasil. O processo de Avaliação Institucional não pode encerrar-se no âmbito das di- retrizes estatais, mas deve possibilitar às Instituições de Educação Superior uma gestão mais crítica e atuante, pois, como enfatizam Sanches e Raphael (2006, p. 108), “a Instituição de Educação Superior precisa, antes de tudo, repensar sua prática e retomar continuamente seus princípios éticos e seus valores; deve ter a coragem de rediscutir a sua ação, rediscutir sua missão e pensar efetivamente uma maneira de cumpri-la”. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 75 Avaliação externa Discutir a importância de um processo de Avaliação Institucional a fim de oferecer caminhos que possam ser percorridos com eficiência necessária para a melhoria constante da qualidade do trabalho institucional já é lugar comum quando se tenta trabalhar a justificativa da implantação de programas institu- cionais de autoavaliação. A avaliação transformada em atividade rotineira pode proporcionar diagnós- tico constante pelo fato desses permearem o cotidiano institucional. Assim, há a possibilidade de transformar a avaliação da instituição em um processo de acom- panhamento que pode melhorar o desempenho da mesma, aproximando o seu produto das expectativas dos estudantes e da comunidade. Proceder à autoa- valiação deve, principalmente, incentivar a articulação das metas institucionais com os resultados alcançados e estabelecer novos planos de metas e ações. O processo de Avaliação Institucional tem seu sentido ampliado quando os resultados são analisados e as decisões são tomadas de maneira eficiente e rápida, oferecendo subsídio para novas formas de organizar o trabalho institu- cional. Isso acontece porque, sobretudo na atualidade, decisões que se demora a tomar e a colocar em prática perdem o sentido. É preciso, portanto, que as decisões sejam rápidas, baseadas em informações fidedignas, tomadas em tra- balho coletivo e não por decisão de cúpula. Entretanto, é preciso também tomar cuidado para que essa descentralização não provoque desintegração das ações e, consequentemente, a perda de foco do processo de Avaliação Institucional. Resguardadas as críticas e as preocupações com sua implantação, seus ideali- zadores se comprometem ajudar a construir uma concepção de Educação Supe- rior socialmente comprometida em seus objetivos e funções, oferecendo a garan- tia de se balizar, em termos conceituais e políticos, por um conjunto de princípios, dentre eles o de que a educação é um direito social e dever do Estado e que a vida das Instituições de Educação deve se pautar por valores sociais historicamente determinados. Sanches e Raphael (2006, p. 107) destacam também que: Os processos de Avaliações Institucionais externas propõem processos de análises, oferecem subsídios, fazem recomendações, discutem critérios e estratégias de políticas de avaliações da Educação Superior, mas, por si só, não são capazes de promover processos avaliativos internos de aderência à cultura institucional. Tal efetividade apenas é conseguida quando o processo de autoavaliação interno envolve a comunidade ao seu entorno e permite, aos diferentes atores, reflexões acerca da função social da Educação Superior, enquanto universo valorativo que possibilite a formação ética e política, além do desenvolvimento de habilidades científicas e técnicas, indispensáveis à formação profissional. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 76 Avaliação Institucional A consolidação de um efetivo processo de Autoavaliação Institucional deverá ser a base para a avaliação externa, por isso sua importância e necessidade de coerência e seriedade. A avaliação externa é realizada por membros da comuni- dade acadêmica e científica, reconhecidos pela compreensão sobre a Educação Superior, e designados pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Supe- rior (Conaes). De acordo com Dias Sobrinho (2004, p. 90) os critérios que norteiam a atua- ção das Comissões são os de: [...] participação, integração e articulação das relações de caráter pedagógico e de relevância social, no ensino, na pesquisa e na extensão, no caso das universidades, e certamente no ensino nos demais tipos de instituição e em conformidade com o estabelecido no Projeto Pedagógico Institucional. Dessa forma, o viés da interdisciplinaridade deve estar presente na condução dos trabalhos das comissões de avaliação externa para garantir que a avaliação trabalhe com a totalidade e a globalidade da instituição, para constituir um ins- trumento crítico e organizador de informações que subsidie os relatórios finais, de maneira que favoreça o redirecionamento das ações, quando necessário. Para tanto, é importante que, ao mesmo tempo em que deva ser coerente com os objetivos da Avaliação Institucional interna, deva também ter a liberdade para realizar críticas e fazer apontamentos. Esses relatórios contendo análises sobre os pontos fortes e fracos das institui- ções devem, então, ser enviados à Conaes, que por sua vez os analisa e encami- nha às instâncias competentes do Ministério da Educação (MEC). Os relatórios finais são, depois, encaminhados às instituições avaliadas para que se manifes- tem sobre o mesmo, caso não exista concordância sobre o resultado. Por último, os relatórios são divulgados à comunidade em geral. O objetivo maior pode ser descrito na importância que assumem frente à tomada de decisões para fortalecimento da instituição, das políticas de autorre- gulação e das políticas públicas. Meta-avaliação A meta-avaliação é discutida com propriedade por Grego (1997) que destaca estudos de Stuffleebeam, por meio dos quais ele define o que é meta-avaliação e, delineia as duas funções principais da meta-avaliação: a função formativa e a função somativa. Destaca-se aqui a referida definição de Stuffleebeam (1981, apud GREGO, 1997, p. 99): Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 77 Meta-avaliação é o processo de delinear, obter e utilizar informações descritivas e de julgamento sobre a utilidade, a praticidade, a ética e a adequação técnica de uma avaliação, de modo a orientá-la e relatar ao público interessado seus pontos fortes efracos. A prática da meta-avaliação pode contribuir significativamente com os pro- cessos de Avaliação Institucional, pois objetiva perscrutar quais os valores envol- vidos, qual a concepção de avaliação, quais os fundamentos teórico-metodológi- cos, resultando num processo de autorreflexão, de autocrítica sobre o processo. Além disso, deve levar em consideração os padrões éticos e legais que favoreçam a avaliação dos mecanismos, procedimentos e critérios de avaliação utilizados. Do consenso de profissionais da área da avaliação, reunidos no Joint Committee on Standards for Educational Evaluation1 (1994, apud LETICHEVSKY et al., 2005, p. 258), foram elaborados 30 padrões que podem ser agrupados em quatro categorias norteadoras, constituindo-se um quadro geral dos principais indicadores que um processo de meta-avaliação deve priorizar: utilidade – a avaliação realizada deve ser útil para auxiliar nas decisões; � validade – a avaliação deve ser prática em sua condução e de relação cus- � to-benefício positiva; ética – a avaliação deve atuar conforme os princípios da ética; � precisão – a avaliação deve ser tecnicamente confiável. � Tendo em vista que os 30 padrões delineados pelo Joint Committee on Standards for Educational Evaluation resultariam num trabalho muito pormeno- rizado, optamos por adotar como norteadores as questões levantadas por David Nevo (apud RISTOFF; DIAS SOBRINHO, 2002) que sugere as dimensões a partir das quais o processo de avaliação pode ser avaliado. São elas: Como a avaliação é definida? � Quais são as funções da avaliação? � Quais são os objetos da avaliação? � Que tipo de informação sobre o objeto deve ser reunido? � Que critérios devem ser utilizados para julgar o mérito e o valor de um � objeto avaliado? A quem deve servir a avaliação? � 1 (Comitê Misto sobre Diretrizes para a Avaliação Educacional) Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 78 Avaliação Institucional O que entendemos por processo de avaliação? � Quais métodos de investigação devem ser utilizados na avaliação? � Quem deve fazer a avaliação? � Através de quais critérios a avaliação deve ser julgada? � Conclui-se, assim, que os processos de avaliação, tanto interna como externa, devem ser constantemente (re)avaliados, respectivamente pela própria institui- ção e pelo MEC, de modo a alimentar os processos, utilizando-se os resultados para reorientar as ações. A Conaes é o órgão cuja competência é a de coordenar e supervisionar o Sinaes, buscando assegurar o funcionamento das avaliações, o respeito aos prin- cípios e às orientações gerais. Sob sua responsabilidade está as recomendações que devem ser realizadas às instituições para aperfeiçoamento contínuo do pro- cesso e, para tanto, a meta-avaliação é ferramenta de grande importância, pois fornece os relatórios indicativos dos pontos vulneráveis do processo. Bases de informações Em seu conjunto, os processos avaliativos são constituídos por um sistema que, em tese, permite a integração das diferentes dimensões avaliadas. A pre- ocupação em assegurar essa integração tem como objetivo garantir coerência conceitual, epistemológica e prática, de todo o processo. Para compor a base de informações necessária para a Avaliação da Educação Superior, são utilizados como principais indicadores: Enade � Dados do � Questionário Socioeconômico dos Estudantes, coletados na aplicação do Enade; Informações sobre o � Projeto Pedagógico do Curso, fornecidas pelo Coor- denador; Dados gerais e específicos da IES constantes do � Censo da Educação Superior; Informações do � Cadastro de Instituições de Educação Superior; Relatório de � Autoavaliação interna e avaliação externa. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 79 Enade No início do desenvolvimento do novo processo avaliativo, orientado pelo Sinaes, a proposta inicial era a aplicação de um novo modelo de avaliação por amos- tragem para avaliar as tendências de desenvolvimento por área de conhecimento. Essa proposta recebeu o nome de Processo de Avaliação Integrada do Desenvolvi- mento Educacional e da Inovação da Área (Paideia) (DIAS SOBRINHO, 2004). Entretanto o processo recebeu severas críticas, pois era muito amplo e am- bicioso, e após muitos estudos e negociações foram conduzidas propostas que resultaram no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), man- tendo a abordagem de testagem individual dos cursos, a exemplo do Provão e, ainda, incorporou procedimentos de amostragem e a participação dos alunos ingressantes, possibilitando avaliar também a formação geral dos estudantes. Os conteúdos avaliados pelo Enade são os apontados pelas Diretrizes Curri- culares Nacionais (DCN) e procura avaliar a adequação dos conteúdos à evolu- ção do conhecimento, de modo que o estudante demonstre compreensão com- petências e habilidades que lhe favorece intervir na sociedade em que vive. Aplicado a cada três anos, o Enade procura avaliar alunos ingressantes e con- cluintes, e por ser um componente curricular obrigatório, objetivando, assim, realizar uma avaliação que possibilite a noção de valor agregado, denominado Indicador de Diferença entre o Desempenho Observado e o Esperado (IDD). Nos testes aplicados, o Enade levanta dados paralelos aos relativos ao curso, tais como: dados sobre o perfil dos alunos, do curso e da instituição, e de percep- ção sobre a prova, pois trabalha com a ideia de que as Instituições de Educação Superior e os cursos avaliados utilizarão os resultados como balizador para re- pensar ações com vistas na melhoria da qualidade da educação. O Enade é composto de quatro diferentes instrumentos para a coleta de dados: os testes; 1. questionário sobre a percepção dos alunos sobre o teste (que faz parte do 2. caderno de prova); questionário sobre o perfil socioeconômico-educacional do aluno (em ca-3. derno próprio e de preenchimento voluntário); e, Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 80 Avaliação Institucional questionário a ser respondido pelo coordenador de curso, no qual são so-4. licitadas as impressões sobre o projeto pedagógico e as condições gerais de ensino de seu curso. Para elaboração e montagem dos exames do Enade, a Comissão Assessora de Avaliação de Formação Geral foi criada com a tarefa de estabelecer as diretrizes de formação geral que deve compor as provas. Depois de estabelecidos os con- teúdos que são a base dos testes, os mesmos são tornados públicos por meio de portarias ministeriais. Censo da Educação Superior Em 1956, pelo Decreto 38.661, foi criado o Serviço de Estatística da Educação e Cultura (SEEC), para conduzir trabalhos conjuntos com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), promovendo levantamentos sistemáticos e anuais. Os dados eram coletados e enviados via correio para que as instituições preen- chessem manualmente. Com a LDB 9.394/96 ficou estabelecido em seu artigo 9.º, inciso V, que a res- ponsabilidade de “coletar, analisar e disseminar as informações sobre a edu- cação” é da União. Com a transformação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em Autarquia Federal em 1997, as informações passaram a ser processadas em meio eletrônico através da internet. O Censo da Educação Superior constitui-se, assim, em um importante instru- mento preenchido pelas próprias Instituições de Educação Superior e que tem grande potencial informativo, pois seus dados apontam o atendimento às orien- tações legais do MEC como às políticas educacionais e institucionais norteado- ras da instituição. São informações que subsidiarão reflexões da comunidade acadêmica, do Estado e da população em geral, atendendo a necessidade de organizar, sistematizar e rotinizaras estatísticas educacionais. Para coleta dos dados as instituições devem ter um pesquisador institucional que é o responsável pelas informações fornecidas e o interlocutor junto ao Inep. Os dados são coletados on-line, em formulário eletrônico, acessado por meio de senhas que cada instituição possui. Dentre os dados que precisam ser informa- dos, destaque-se: o número de vagas, a procura pelos cursos, o total de alunos aprovados, as matrículas, os alunos concluintes, o pessoal docente e o técnico- Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 81 administrativo, a situação financeira, a infraestrutura física e acadêmica, os recur- sos institucionais num todo. Responder ao censo é obrigatório, do contrário as instituições ficam impedidas de participar do Enade. Todas as Instituições de Educação Superior (Universidades, Centros Univer- sitários, Faculdades Integradas, Faculdades, Escolas ou Institutos Superiores e Centros de Educação Tecnológica) do país devem participar. Os dados do Censo da Educação Superior também compõem o conjunto de análises e estudos da Avaliação Institucional interna e externa, contribuindo, desta forma, para a cons- trução de documentos institucionais e de cursos que são publicados no Cadas- tro das Instituições de Educação Superior. Assim colocado, é imprescindível que as informações censitárias integrem e sejam referenciadas pelos processos de Avaliação Institucional, oferecendo ele- mentos de análise confiáveis para a compreensão da instituição e do sistema avaliativo. Além de ter como objetivo integrar e tornar disponíveis as informações da Educação Superior, outros objetivos são igualmente importantes: melhorar a qualidade das informações, ampliando a transparência e a � confiabilidade aos dados coletados; obter informações estatísticas e gerenciais, contribuindo com a constru- � ção de indicadores; padronizar as informações sob codificações para favorecer a comunicação � entre as Instituição de Educação Superior (IES) e os demais órgãos, sob um mesmo formato; subsidiar a construção de bases de dados, necessários à gestão da Educa- � ção Superior. Cadastro de Instituições de Educação Superior De acordo com as orientações do Inep e da Conaes, outra importante fonte de informações é o Cadastro das Instituições de Educação Superior, instituído pela Portaria MEC 1.885, de 27 de junho de 2002. Assim como o Censo da Educa- ção Superior esse Cadastro é acessado pelo pesquisador institucional, por meio de senhas, via meio eletrônico para a alimentação do sistema. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 82 Avaliação Institucional Porém, como uma de suas metas é servir de base para consulta da socieda- de, em especial de pais e alunos, também pode ser acessado pelo público e, com isso, ter acesso às informações sobre a instituição (bibliotecas, laboratórios, resultados de avaliações, número de vagas, matrículas, concluintes, número de docentes, titulação de docentes, tamanho da instituição, e outros) e seus respec- tivos cursos. As informações, também são utilizadas pelas comissões de avaliação, nos processos internos e externos de Avaliação Institucional. O cadastro tem como objetivos: manter atualizadas as informações legais e administrativas das institui- � ções e dos cursos; manter a articulação das informações com o Censo da Educação Superior; � supervisionar a classificação de cursos e habilitações de acordo com a ta- � bela de Classificação da Unesco/OCDE2, também adotada pelo Inep; acompanhar as publicações sobre credenciamentos, recredenciamentos, � autorizações e renovação de reconhecimento de cursos; contatar as Secretarias Estaduais e Conselhos Estaduais de Educação; � acompanhar documentos relativos às instituições e seus cursos. � Relatório de autoavaliação interna e avaliação externa Os processos de Autoavaliação Institucional, revestidos das premissas de obter conhecimento global da instituição e de suas atividades, para promover o aprimoramento institucional e, consequentemente de todo o Sistema de Edu- cação Superior brasileiro não podem se furtar de trabalhar articuladamente a Autoavaliação em suas dimensões interna, externa e de reavaliação. Para tanto, ao conduzir um processo de avaliação interna, deve-se favorecer a articulação entre concepções, objetivos e metodologias para promover proces- 2 Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 83 sos de avaliações construídos coletivamente, com vistas a levantar informação para tomadas de decisão de caráter político, pedagógico e administrativo, que resultem em melhorias institucionais. Os processos de avaliações internas devem promover balanço crítico dos as- pectos avaliados, de maneira a consolidar as informações relevantes e organizar os dados significativos para que se possam emitir os juízos de valor, resultantes das análises. Os relatórios finais devem ser submetidos a discussões nas diversas esferas institucionais e posteriormente submetidos às instâncias externas, que deverão contar com especialistas de diferentes áreas/cursos para que possam se posicionar criticamente frente aos documentos apresentados. O olhar externo é muito importante, pois possui um distanciamento da rea- lidade da instituição, os dados são analisados sem envolvimento pessoal e sob critérios objetivos. O olhar de fora para dentro, na maioria das vezes, tem maior liberdade de expressão, pois não está sob o julgo de interesses corporativos. Ressalte-se que para êxito do processo de avaliação interna e externa, ambos devem acontecer de maneira articulada, balizados por ações de rigor e ética. Para consolidação da avaliação externa, é necessária então, a elaboração de re- latórios de Avaliação Institucional e a visita de avaliadores externos à instituição, que terão acesso às instalações e documentos da instituição. Também os avaliadores externos elaboram relatórios de Avaliação Institucio- nal, mas tomam por base o relatório de Autoavaliação Institucional, os docu- mentos da instituição, os resultados do Enade e das Avaliações de Cursos, do Censo, e do Cadastro da Instituição, além de realizar entrevistas com membros da comunidade acadêmica. Após a elaboração, então, de um segundo relatório, que compreende Au- toavaliação Institucional e avaliação externa, o mesmo é oficialmente encami- nhado à Conaes, para que seja elaborado um parecer conclusivo. Esse parecer deverá embasar a adoção de políticas internas e, ainda, auxiliará na reorientação de políticas públicas para a Educação Superior no Brasil. Ressalte-se que a Lei 10.861/2004 prevê que, para os resultados considerados insatisfatórios, deve ser estabelecido um Protocolo de Compromisso de melhorias entre o MEC e a res- pectiva instituição. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 84 Avaliação Institucional Texto complementar Avaliação Institucional da Educação Superior: fontes externas e internas (DIAS SOBRINHO, 1998) [...] Embora cada vez mais carente de recursos, a universidade é instada a participar mais e mais dos esforços pela superação das carências agudas em amplos setores da vida social e econômica. A redução do valor das institui- ções públicas e a consequente diminuição de financiamento, aliadas à lógica da sobrevivência imposta pelo mercado, geram uma fragilização e um desfi- guramento da coesão institucional da universidade. Esse cenário produz as condições de emergência de questionamentos a respeito da produtividade e da eficiência das Instituições de Educação Superior e, então, a urgência e as bases de um determinadomodelo de avaliação. As crises das relações entre universidade, estado e mercado e as consequentes crises internas tornam inevitável a Avaliação Institucional, como instrumento hoje irrecusável, por distintas razões. Não é à toa que esta já é chamada a década da avaliação. Não há, evidentemente, uma concepção única de Avaliação Institucional, mesmo porque são muitas e contraditórias as concepções de educação, de universidade e de sociedade. [...] É importante desde já insistir na ideia de que uma avaliação, qualquer que seja, sempre se produz num espaço social de valores já existente, mas que ela ajuda a reforçar. A avaliação não é nada neutra. As disputas sobre a Avaliação Institucional não são essencialmente querelas sobre aspectos técnicos; mais propriamente, neste caso, são concepções sobre a Educação Superior e sobre a sociedade que, no fundo, estão em questão. E como acon- tece com os juízos de valor, carregados de significação política, e, portanto, portadores de possibilidades de transformação, como é sempre o caso da educação, é a construção do futuro o foco principal da disputa. E também não é difícil entender que a questão da titulação da avaliação se insinue como um nó central dos confrontos. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 85 De um lado, avaliações produzidas em fontes exógenas, impostas de cima e de fora, sem que a comunidade universitária possa em nenhum mo- mento e de nenhuma forma participar como sujeito. Por outro lado, os es- forços nem sempre bem organizados da comunidade acadêmica e científica arvorando-se o direito e o dever de protagonizar os processos de avaliação, isto é, tentando assegurar a titularidade na definição dos princípios, usos e objetivos desse processo. A avaliação é, pois, um campo central na atual dis- puta política que envolve a Educação Superior. De cima para baixo e de fora para dentro, uma determinada Avaliação Ins- titucional veio tornando-se instrumento das políticas econômicas e sociais da maioria dos estados desde o final dos anos 1970. Os casos inicialmente mais visíveis desse modelo de avaliação são os do Chile, como laboratório, e do Reino Unido, então na liderança das políticas neoliberais. Rapidamen- te foi ganhando força nos demais países latino-americanos, na década de 1990, à medida que as políticas neoliberais foram se tornando hegemônicas e impondo suas receitas: estado forte para controlar os sindicatos e a moeda, porém muito parcimonioso nos gastos públicos. A hegemonia das políticas neoliberais continua provocando forte impac- to sobre a educação, a universidade e a Avaliação Institucional. Os grandes organismos internacionais de suporte dessa doutrina, notadamente o Banco Mundial, elaboraram propostas para a educação no marco da globalização, compreendendo a Avaliação Institucional como parte ativa das estratégias a serem desenvolvidas. Para o Banco Mundial, interessado na eficiência edu- cativa para descarregar os custos de financiamento por parte do estado, as universidades devem ser cada vez mais autônomas para mais efetivamente responder ao pacto com as forças do mercado. Devem produzir conheci- mentos úteis e rentáveis, como condição de sua sobrevivência no competi- tivo mercado educacional. Receberão, portanto, atenção prioritária aquelas instituições que são mais capazes de liberar o Estado dos encargos de fundos públicos e que enfatizam os agentes e os financiamentos privados. Aí entra a avaliação como instrumento de medida e controle, ou seja, uma avaliação que responde às expectativas de eficiência e produtividade que os estados controladores têm a respeito da Educação Superior. Os sistemas educacionais superiores massificados pela explosão de matrículas são agora Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 86 Avaliação Institucional compelidos a se tornarem mais eficientes e produtivos, em situações de cres- centes restrições orçamentárias. É verdade que a retórica oficial continua sendo a da qualidade e excelência, mas, estes termos, em verdade, estão aí edulcorando a ideia de produtividade segundo a lógica do mercado: aumen- tar a quantidade de rendimentos, com menores custos. Essa é também a lógica da crescente autonomia das universidades, so- bretudo nos países mais avançados da Europa. A fórmula é: a combinação de maior autonomia e maior responsabilização (accountability) gera maior produtividade e eficiência. As cobranças e a responsabilização impostas ao mundo econômico se transferem à instituição educativa, a seus conteúdos e a seus agentes. Nesse caso, a qualidade se mede e se quantifica; conheci- mentos e habilidades úteis são aqueles que têm valor prático e funcional. Competência profissional significa ajuste ao perfil desenhado pelo mercado. Os modelos mais adequados para avaliar (no caso, medir, comparar e es- tabelecer rankings) são, então, aqueles que centram o foco de atenção nos instrumentos técnicos, entendidos como portadores de uma verdade obje- tiva, já que elaborados segundo normas previamente estabelecidas, esses instrumentos são referidos somente a realidades exteriores quantificáveis, portanto, comparáveis e, então, simplificadas, supostamente sem a contami- nação da subjetividade e dos valores. As fontes de valores, os destinatários e os proprietários dessa avaliação são externos à universidade, geralmente são órgãos e agências governamentais (muitas vezes instituições contratadas pelo governo), com ou sem apoio da comunidade científica ou parte dela. A universidade é, então, basicamente avaliada segundo uma perspectiva pre- ponderantemente técnica. Essa avaliação não sofre dúvidas, pois em seus instrumentos estaria asse- gurada a objetividade científica. Apresentada como somente técnica, na reali- dade tem uma força política muito efetiva. Seus objetivos mais comuns são o de promover o ajuste do sistema, hierarquizar instituições, cursos ou grupos, instrumentalizar os diversos tipos de financiamentos, apoios e processos de credenciamento e descredenciamento, com base em critérios de eficiência, utilidade, rentabilidade e competitividade e tendo em vista metas preestabe- lecidas. Além disso, ela configura a imagem social das instituições e seu prestí- gio ante o mercado e determina currículos e perfis de formação profissional. Assessment, termo que não encontra boa tradução em português, re- presenta bem essa prática de inspiração anglo-saxônica e que faz fortuna Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 87 em várias partes do mundo. Adquirindo formas práticas diversas, no fundo trata-se de medir rendimentos de indivíduos e grupos de outras dimensões institucionais, em comparação com objetivos e padrões predeterminados. Essa concepção de avaliação herda, atualizando, conceitos de velha psico- metria (medida de rendimentos, que por sua vez evoluiu da craneometria), da sociometria (quantificação da produção científica, parte da sociologia do conhecimento), combinando-se com a mais recente econometria (medida da eficiência, do ponto de vista econômico). Em virtude do poder fiscalizador, da rapidez de atuação e da credibilida- de produzida pela ideia da objetividade, o assessment e suas variações são os instrumentos mais utilizados pelos governos que não fazem questão de con- trolar os resultados, importando-lhes menos intervir sobre os processos, o que também os exime de maiores preocupações com financiamentos. Trata- se aí menos de questionar os objetivos, os quais seriam válidos por princípio, que de verificar se eles estão sendo cumpridos conforme foram previamente estabelecidos. Além disso, nessa perspectiva, impossível considerar tudo o que é complexo e não matematizável. Assim sendo,essa avaliação não abran- ge a totalidade. Antes, opera uma simplificação e uma homogeneização da realidade, para que esta possa ser medida, quantificada, comparada e caiba nos gabaritos de aferição. A realidade plural e complexa da universidade é desconsiderada, enquanto que sua função e sua capacidade instrumentais são assumidos como valor máximo. Selecionar parcelas da realidade pode favorecer uma certa visão prévia daquilo que se quer que a avaliação venha a encontrar. Preocupar-se mais com o produto, desprezando-se as relações e comportamentos humanos nas dinâmicas sociais, pode assegurar mais objetividade, fiabilidade nas in- formações e nos procedimentos para obtenção de dados, maior isenção para medir, estabelecer relações de causa e efeito, elaborar e analisar estatísticas. Entretanto, essa perspectiva, quando tomada como única faz pensar que “os objetivos educativos não são profundamente controvertidos, que a qualida- de humana e a qualidade institucional podem ser abstraídas e medidas, que a educação se ocupa de coisas mensuráveis, que a atribuição de poder não supõe problema algum, que os sistemas sociais podem ser controlados me- diante a ação administrativa [...]” (REID, In: CASANOVA, M. A., 1992). La evalua- ción, garantía de calidad del Centro Educativo, Edelvives, Zaragoza, p. 19). Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 88 Avaliação Institucional Parece-me importante insistir num ponto: as avaliações de origem exter- na, cujo emblema mais forte é o assessment de inspiração anglo-saxônica, visam a valoração e a classificação de indivíduos ou grupos e, a partir destes, a hierarquização de instituições. O que lhes dá sentido é a ideia de medida. Sua garantia são os instrumentos de distintos matizes, desde os de mensura- ção de quantidades físicas até os testes ou exames que permitam conclusões comparativas, muitas vezes produzidos e conduzidos por agências suprana- cionais ou nacionais. Essa avaliação é um poderoso instrumento de gestão política, um mecanismo importantíssimo para o monitoramento da eficiên- cia dos sistemas educativos, especialmente de países em desenvolvimento, que recebem financiamento de organismos supranacionais. Não é de estranhar que o tema da responsabilidade da universidade, ou melhor, da responsabilização (accountability), seja recorrente nestes últimos anos. Trata-se aí da responsabilidade de demonstrar que foram cumpridos os resultados previamente especificados, conforme os estândares estabe- lecidos externamente à universidade. Mais uma vez, essa demonstração é sobretudo contábil e oferecida em termos tecnicamente mensuráveis, que permitam comparações entre instituições. Através dessa modalidade de avaliação, as universidades se veem com- pelidas a adaptar seus fins e seus meios aos objetivos e procedimentos em- presariais. A autonomia essencial da universidade para produzir cidadania e conhecimento, com liberdade e crítica, se reduz a uma certa possibilidade de encontrar seus meios para que necessariamente produza os conhecimentos úteis ao mundo econômico e cumpra os objetivos externamente traçados. É claro que a universidade deve ser eficiente e responsável, porém não simplesmente segundo os critérios produtivistas transpostos das empresas, embora estes também não devam ser liminarmente abolidos. Também não aceito que as instituições possam se eximir de todo controle do estado, uma vez que não são soberanas. A questão é que a produtividade, a responsabili- dade e o controle devem referir-se não restritamente a interesses de alguns setores, mas sobretudo à ética e aos significados mais amplos da sociedade e da cidadania. A crítica e o rigor científico são exigências dessa responsabili- dade e somente podem ser exercidos quando o controle externo não opera um desvio ou uma anulação da autonomia, a qual também comporta meca- nismos internos de controle. [...] Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br Avaliação Institucional: necessidade contemporânea 89 Dica de estudo Faça a leitura do livro de Dilvo Ristoff, Amif Limana e Márcia Regina F. de Brito, que se intitula Enade: perspectiva de avaliação dinâmica e análise de mudanças, principalmente a Parte I: “Contribuições O modelo de avaliação dinâmica e o de- senvolvimento de competências: algumas considerações a respeito do Enade” que aborda os principais instrumentos de avaliação propostos pelo Sinaes, evi- denciando a dimensão formativa dos processos avaliativos, comprometidos com a sociedade em que estão inseridos. Para tanto, a avaliação é compreendida como processo dinâmico e em constante aperfeiçoamento. O texto apresenta, ainda, os diferentes entendimentos sobre os conceitos como habilidades, com- petências e valor agregado, tão importantes na perspectiva de avaliação. Atividades 1. Procure no dicionário o significado da palavra dialética e explique por que ela pode ser aplicada ao processo de Avaliação Institucional. Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br 90 Avaliação Institucional 2. Por que a Avaliação Institucional deve ser uma atividade rotineira? 3. Quais os principais objetivos do Censo da Educação Superior? Esse material é parte integrante do Curso de Atualização do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.iesde.com.br
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