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Direito Civil IV – Unidade II O ESTUDO DA POSSE O que é a posse? Qual a sua natureza jurídica? Seria direito real, ou seria mera situação de FATO? Importância do estudo da posse ▶ 1 – A posse é a exteriorização da propriedade, principal direito real; existe uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa. ▶ 2 - A posse precisa ser estudada e protegida para evitar violência e manter a paz social. ▶ 3 – A posse existe no mundo antes da propriedade. Afinal, a posse é um fato que está na natureza, enquanto a propriedade é um direito criado pela sociedade. Importância do estudo da posse ▶ Conceito de posse: trata-se do estado de aparência juridicamente relevante, ou seja, estado de fato protegido pelo direito. ▶ A situação de fato é protegida, não somente porque aparenta um direito, mas também a fim de evitar violência e conflito. ▶ Este estado de aparência pode, inclusive, servir para a aquisição da propriedade (usucapião). Posse x propriedade ▶ Posse é poder de FATO juridicamente protegido sobre a coisa, e propriedade é DIREITO, somente se adquirindo por título justo e de acordo com as formas instituídas no ordenamento. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE Divergências doutrinárias: ▶ 1 – Posse como mero fato: não consta do rol do art. 1225 CC (Windscheid) ▶ 2 – Posse como direito real: gera usucapião, oponível erga omnes, conta com proteção jurídica, possuindo todas as características dos direitos reais. (Teixeira de Freitas, Jhering) NATUREZA JURÍDICA DA POSSE ▶ 3 – POSSE É UM FATO CAPAZ DE GERAR DIREITOS REAIS (posse como fato juridicamente relevante). É a teoria mais adotada pelos juristas atuais. ▶ A posse se manifesta de maneira PLURAL, COMPLEXA, diante das diversas perspectivas em que ocorre. TEORIAS POSSESSÓRIAS 1 – TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY (1803) ▶ Para Savigny, a posse seria a soma de dois elementos: o “corpus” e o “animus”. P = C + A ▶ CORPUS é o elemento material, o poder físico da pessoa sobre a coisa, é o elemento objetivo, é a ocupação da coisa pela pessoa, e a possibilidade de fazer o que se queira com ela. TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY ▶ ANIMUS: é o elemento interno/ subjetivo, é a vontade de ser dono daquela coisa possuída, é a vontade de ter aquela coisa como sua. ▶ Para Savigny, o locatário, o usufrutuário, o comodatário não teriam posse, pois sabem que não são donos. Tais pessoas não teriam a proteção do art. 1210 e § 1º CC. TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY ▶ Conceito de posse de Savigny: É o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma coisa (corpus) com a intenção de tê-la para si (animus). Coisa + vontade de proceder em relação à coisa como o proprietário procede + vontade de ser dono 2 - TEORIA OBJETIVA DE JHERING ▶ Jhering deu destaque à propriedade. ▶ Para Jhering, corpus não é o poder físico sobre a coisa, e sim mera aparência da propriedade. ▶ Esta aparência da propriedade se manifesta sempre que alguém dá destinação econômica à coisa, adequada ao seu fim. Ex: se um livro está sobre a prateleira, pressupõe-se que há alguém cuidando dele, segundo sua destinação. TEORIA OBJETIVA DE JHERING ▶ Para Jhering, não é necessário provar o animus, porque se trata de elemento subjetivo. Por isto sua teoria é objetiva. ▶ Para ele, o importante é que o possuidor comporta-se como faria o proprietário. (affectio tenendi). PORTANTO: P = C TEORIA OBJETIVA DE JHERING ▶ Conceito de posse de Jhering: Posse é a relação de fato entre pessoa e coisa para fim de sua utilização econômica, seja para si, seja cedendo-a para outrem. Coisa + cuidados com a coisa como se fosse proprietário, independentemente de querer a coisa para si. TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL ▶ O CC adotou a Teoria de Jhering como se vê do art. 1.196: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” POSSE X DETENÇÃO ▶ Estado de fato inferior à posse ▶ Conceito de detenção: estado de fato que não corresponde a nenhum direito (art 1.198). Ex: o motorista de ônibus; o motorista particular em relação ao carro do patrão; o bibliotecário em relação aos livros, o caseiro do sítio, etc. POSSE X DETENÇÃO ▶ O detentor é o FÂMULO: aquele que possui a coisa em nome do verdadeiro possuidor, obedecendo ordens dele. ▶ OS DETENTORES JAMAIS ADQUIREM A PROPRIEDADE POR USUCAPIÃO. ▶ Detenção não se confunde com os atos chamados de mera permissão, ou tolerância. (artigo 1.208 CC) Atos de mera permissão / Tolerância ▶ Atos de mera permissão: autorização expressa do possuidor para que terceiro utilize a coisa, de forma transitória (ex: A permite que B utilize sua vaga de garagem). ▶ Tolerância: consentimento tácito do uso, também transitório. (ex: B guarda seu veículo na garagem de A sem qualquer permissão prévia, sabendo da passividade de A) CLASSIFICAÇÕES DA POSSE A posse pode ser classificada: ▶ 1- Posse direta / indireta ▶ 2 – Posse justa / injusta ▶ 3 - Posse de boa-fé / má-fé ▶ 4 - Posse nova / velha ▶ 5 – “Jus possessiones” / “Jus possidendi” POSSE DIRETA E INDIRETA ▶ Artigo 1.197 CC: possibilidade de desmembramento da posse. ▶ Possuidor direto: é aquele que recebe o bem e tem o contato físico com a coisa. ▶ Possuidor indireto: é o próprio dono ou assemelhado, que entrega o seu bem a outrem ▶ Ambos têm proteção possessória. POSSE JUSTA / INJUSTA ▶ POSSE INJUSTA: é a violenta, clandestina ou precária, a posse justa é o contrário (art. 1.200 CC). ▶ Posse VIOLENTA: nasce da força (ex: invasão de uma fazenda, de um terreno urbano, o roubo de um bem). ▶ Posse CLANDESTINA: é adquirida na ocultação (ex: o furto), às escondidas, e o dono nem percebe o desapossamento. POSSE JUSTA / INJUSTA ▶ Posse PRECÁRIA: é a posse injusta mais odiosa, pois nasce do abuso de confiança. (Ex: o comodatário que findo o empréstimo não devolve o bem; o inquilino que não devolve a casa ao término da locação, etc). ▶ Estas três espécies de posse injusta não são posse, mas detenção (art. 1208). POSSE JUSTA / INJUSTA ▶ A detenção violenta e a clandestina podem convalescer e virar posse, a partir do momento que cessar a violência ou a clandestinidade (vide artigos 1208 / 1203). ▶ Já a detenção precária jamais convalesce. POSSE DE BOA-FÉ / MÁ-FÉ ▶ Posse de BOA-FÉ: quando o possuidor tem a convicção de que sua posse não prejudica ninguém (1.201). ▶ JUSTO TÍTULO: documento adequado para trazer verossimilhança à boa-fé do possuidor POSSE DE BOA-FÉ / MÁ-FÉ ▶ Posse de MÁ-FÉ: quando o possuidor sabe que tem vício. ▶ Noção fundamental para o marco divisor da posse de boa ou má-fé: artigo 1.201 e parágrafo único, e artigo 1.202 CC POSSE NOVA / VELHA ▶ Posse Nova: é a que conta com menos de um ano e um dia do seu exercício. Cabível medida liminar por aquele cuja posse foi agredida. ▶ Posse Velha: é a que conta com mais de um ano e um dia do seu exercício. Não cabe medida liminar (artigo 924, CPC) “Jus possessiones” / “Jus possidendi” ▶ Diz-se “Jus possessiones” a posse sem título, ou seja, posse autônoma. Esta modalidade de posse é defendida no juízo possessório, através das ações possessórias. ▶ Diz-se “Jus possidendi” a posse causal ou com título, fundamentada em direito real. Defendida no juízo petitório, através da ação reivindicatória. COMPOSSE ▶ É a posse exercida por duas ou mais pessoas, como o condomínio é a propriedade exercida por duas ou mais pessoas (art. 1.199). ▶ Pode ocorrer tanto na posse direta como na indireta.
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