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FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I - 2 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Capitulo I: Fundamentos de Patologia Clínica I.1. Aspectos Gerais: Caro(a) amigo(a), você escolheu como área de atividade profissional o biodiagnóstico, ou, em outras palavras o diagnóstico através de exames laboratoriais de sinais de enfermidades e/ou doenças, ou ainda, o acompanhamento através de exames da evolução de tratamentos médicos. Damos o nome de Exame Laboratorial ao conjunto de exames e testes realizados a pedido do médico, realizados em laboratórios de análise clínica, visando um diagnóstico ou confirmação para uma patologia ou para um check-up (exame de rotina). Em outras palavras, os exames laboratoriais são utilizados para diagnosticar doenças, monitorar seu desenvolvimento e/ou acompanhar a resposta ao tratamento feito pelo médico. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas enfermidade e/ou doença”. Por outro lado a doença seria “qualquer alteração nesse estado de completo bem estar físico, mental e social”. Apesar da complexidade e da amplitude desses conceitos observa-se uma estreita relação entre ambos. Quem já não ouviu alguém falar, por exemplo, que saúde é ausência de doença? O funcionamento normal do nosso organismo pressupõe a existência de um delicado e rigoroso equilíbrio denominado homeostasia. Qualquer agente que venha a perturbar essa homeostasia poderá atuar como uma influência nociva de induzir um estado patológico. Por outro lado, o organismo reagirá em busca de um novo equilíbrio. Encarando o tema de forma geral, poderemos considerar que as alterações anatômicas e funcionais originam os sinais e sintomas das doenças. A rigor, os sintomas são subjetivos, ou seja, são percebidos, sentidos, unicamente pela pessoa portadora destes. Por exemplo: Quando você sente uma dor, apenas você é capaz de descrevê-la. Os sinais, ao contrário, podem ser observados por outras pessoas, independentemente de serem percebidos pelo portador. Por exemplo: Quando o médico ausculta um som diferente em sua respiração ou, mesmo, quando você faz a dosagem de sua glicemia e, a mesma encontra-se elevada, sem que você, sequer perceba que esse quadro esteja ocorrendo em você. OMS (Organização Mundial da Saúde) ou WHO (World Health Organization) é um agência especializada da Organização das Nações Unidas, destinada às questões relativas à saúde. Foi fundada em 7 de Abril de 1948.Tem como objetivo, garantir o grau mais alto de Saúde para todos os seres humanos. A OMS proporciona a cooperação técnica a seus membros na luta contra as doenças e em favor do saneamento, da saúde familiar, da capacitação de trabalhadores na área de saúde, do fortalecimento dos serviços médicos, da formulação de políticas de medicamentos e pesquisa biomédica. (Fonte: Biblioteca Virtual dos Direitos Humanos - USP) http://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio - 3 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I A dor, por exemplo, é um sintoma apenas. Apenas aquele que a sente pode descrevê-la. O Achado através de um exame sorológico de sangue, de anticorpos contra um vírus causador de doença é um sinal. Alguns fenômenos como a febre, são, ao mesmo tempo, sinais e sintomas. Os exames laboratoriais representam hoje, uma parcela considerável, no achado de sinais de que dispõe o medico diante do paciente. I. 1.1. Percepção da Saúde e da Doença Através dos Tempos: A procura de explicações ou dos motivos que levam as pessoas a adoecer “desta ou daquela” doença tem sido, certamente, um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade ao longo de toda a sua história. Em tempos remotos acreditava-se que as doenças eram causadas pela ira divina, ou por forças sobrenaturais. Para tratar do assunto era designada então, uma pessoa de grande prestigio social, fosse um pajé ou um sacerdote. A doença também foi explicada por muitos séculos através da chamada “Teoria dos Miasmas”, segundo a qual, a má qualidade do ar que conduzia os tais “miasmas”, que ninguém podia ver ou sentir, nem sequer explicar, mas que era aceito por todos. Eles seriam estruturas incorpóreas, hipoteticamente provenientes de pântanos, de sujeiras acumuladas no ambiente, da decomposição de plantas e animais, ou mesmo das passagens de cometas nos céus, e independente das causas foi, por muito tempo, um dos mais temidos inimigos públicos da saúde. Explicações importantes sobre as relações entre a saúde e a doença surgiram na Grécia clássica, cerca de 400 anos a. C., onde um médico chamado Hipócrates, contrariando o pensamento de seus contemporâneos anunciou que as doenças não tinham origem no sobrenatural, mas no desequilíbrio entre corpo, mente e meio ambiente. Portanto, suas opiniões condiziam de certa forma, com o conceito atual da OMS. Entre os séculos XIV e XVIII ocorreram nada menos que dez pandemias, ou seja, a doença se espalhou pelo mundo inteiro. Ao primeiro sinal da peste nas cidades, os ricos escapavam para o campo e eram geralmente seguidos pelos médicos, que precisavam de pacientes endinheirados para pagar por seus serviços. Ao longo da História, as epidemias provocaram mais mortes do que todas as guerras. A descoberta dos antibióticos diminuiu esse risco — até a chegada da AIDS, que ainda desafia os remédios. Hipócrates: (Ilha de Cós, 460 – Tessália, 377 a.C.) é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde, sendo considerado "pai da medicina". Hipócrates era um asclepíade, isto é, membro de uma família que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde. Nas obras hipocráticas há uma série de descrições clínicas pelas quais se pode diagnosticar doenças como a malária, a pneumonia e tuberculose. Para ele, as epidemias relacionavam-se com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as pessoas viviam. Hipócrates fundamentou sua prática (e sua forma de compreender o organismo humano, incluindo a personalidade) na teoria dos 4 humores corporais (sangue, fleugma ou pituíta, bílis amarela e bílis negra) que, consoante as quantidades relativas presentes no corpo, levariam a estados de equilíbrio (eucrasia) ou de doença e dor (discrasia). http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3s_%28Gr%C3%A9cia%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/460_a.C. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tess%C3%A1lia http://pt.wikipedia.org/wiki/377_a.C. http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal%C3%A1ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Pneumonia http://pt.wikipedia.org/wiki/Tuberculose http://pt.wikipedia.org/wiki/Epidemia http://pt.wikipedia.org/wiki/Personalidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Humor http://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue http://pt.wikipedia.org/wiki/Fleugma http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADlis_amarela http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADlis_negra http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor - 4 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Outra concepção acerca dos mecanismos regentes da saúde e da doença, denominada de mecanicista surgiu com o filósofo, físico e matemático francês Renée Descartes, que viveu no século XVII. Ele defendia que o universo funcionaria como uma grande máquina e para explicar seu funcionamento bastaria compreender sua organização e o trabalho das partes. Correlacionando essa visão, o corpo humano seria composto de peças – aparelhos, sistemas, órgãos, etc – e tal como o mecanismo de um relógio elas operavam em conjunto para manter em ordem essa grande engrenagem. A doença seria o mau funcionamento da máquina. Se a peça defeituosa fosse retirada, reciclada ou trocada, o desequilíbrio cessaria.A morte seria, portanto, a impossibilidade total de conserto. Mente e corpo seriam distintos e separados entre si. Essa visão destoa da atual. O que conhecemos como clínica médica surgiu há apenas cerca de 200 anos. Até então, os tratamentos eram quase sessões de exorcismo. Os médicos jogavam baforadas de fumaça, produzida pela queima de tabaco, para expulsar a peste de seus pacientes. E, se o doente morria, os coveiros fumavam cachimbo, na hora de enterrar o corpo. I. 1. 2. O Diagnóstico Através dos Tempos: A utilização de novos instrumentos ópticos, como o microscópio, trouxe a partir do século XVIII um novo olhar sobre as doenças. Com ele fora descoberto o mundo microbiano. E através dos trabalhos realizados principalmente pelo cientista francês Louis Pasteur, no século XIX, a microbiologia abriu um campo novo e grande de pesquisas que nos permitiu identificar os verdadeiros “miasmas” causadores de doenças, aos quais chamamos atualmente de microorganismos patogênicos. Poderíamos dizer que o entendimento das infecções começou a avançar para valer em 1348, quando deflagrou a Peste Negra (Peste Bubônica), transmitida principalmente pela pulga de ratos, na Europa, que em apenas dois anos, dizimou um quarto da sua população, estimada em 102 milhões de habitantes. Naqueles tempos, acreditava-se que até mesmo o olhar de um doente poderia contaminar alguém. Esta, ao menos, era a convicção dos mais descrentes. Porque, para a maioria das pessoas, uma epidemia — ou seja, o surto de uma doença infecciosa — era um castigo divino, que vinha diretamente do céu ou, quem sabe, do inferno. Louis Pasteur nasceu em Dôle, parte oriental da França, em 27 de dezembro de 1822. Em 1847 completou seus estudos de doutorado na Escola de Física e Química em Paris. Em 1857 iniciou manuscritos sobre a fermentação láctea. Pasteur também pesquisou muito sobre a geração espontânea. Em 1865 iniciou estudos sobre o processo que mais tarde levaria seu nome - a pasteurização. Em 1880 Pasteur começou seus estudos sobre a raiva, lançando no ano seguinte os primeiros manuscritos sobre essa zoonose. Em 1881 publicou estudos sobre a vacina contra o antrax e contra a cólera aviária. Louis Pasteur faleceu aos 73 anos, em 28 de setembro de 1895 - 5 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I I. 1. 2. 1. Análises Clínicas Através dos Tempos: As análises clínicas podem ser rastreadas através de vários séculos. Escritos em papiros de 1000 a.C já faziam descrição de parasitas intestinais, um precoce exemplo de parasitologia. Nos tempos medievais, médicos hindus faziam urinálises empíricas quando observavam que algumas urinas tinham um sabor adocicado e atraiam formigas. Com a invenção do microscópio e a melhoria no século 17, o estudo de espécimes vivos progrediu da simples observação visual para a observação microscópica. O primeiro laboratório clínico dos Estados Unidos apareceu recentemente no século 19 e era muito primitivo. Consistia apenas de uma mesa e um microscópio. Eles eram ocupados geralmente por médicos que tinham um interesse especial pela "medicina de laboratório". No censo dos Estados Unidos de 1900 foram listados apenas cem técnicos de laboratório, todos masculinos. Após a 1ª Guerra Mundial, os laboratórios cresceram em numero e tamanho. Logo ficou claro que existia a necessidade de educar trabalhadores de laboratório, definir as exigências educacionais e identificar os profissionais treinados. Nos anos de 1930, as exigências educacionais básicas foram estabelecidas e escolas de tecnologia medica treinavam trabalhadores para o laboratório clinico. Exames de certificação foram criados para medir o conhecimento e a habilidade dos trabalhadores. Trabalhadores especialmente treinados agora formam a maioria da força de trabalho nos laboratórios clínicos. A tecnologia de hoje nos permite um nível de cuidados à saúde apenas imaginados há poucos anos atrás. O campo está constantemente mudando e se ampliando como resposta às novas tecnologias, novas leis federais e mudanças nas necessidades dos serviços de saúde. O diagnóstico é uma área médica em constante evolução. Os exames de laboratório têm agora um papel essencial na medicina. Uma compreensão cada vez maior dos mecanismos biológicos mantenedores da vida humana há muito tem deixado para trás as observações empíricas de Hipócrates. Desde a 2ª Guerra Mundial, a tecnologia para exames de laboratório tem-se tornado cada vez mais complexa. Atualmente equipamentos avançados e técnicas cada vez mais sofisticadas têm exigido maiores e específicas habilidades do pessoal do laboratório. Consequentemente, tais primazias, possibilitam uma maior precisão no diagnóstico laboratorial. - 6 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Capitulo II: O Laboratório de Análises Clínicas (LAC) II.1. Aspectos Gerais: O Laboratório de Análises Clínicas (LAC) é o local equipado e legalmente apto a realizar exames de analises clinicas. Ele se caracteriza pelo manuseio de um grande número de amostras e pela diversidade dos métodos utilizados. Estes laboratórios encontram-se inseridos em várias organizações, sejam governamentais sejam privados. O laboratório clinico pode ser grande, oferecendo serviços sofisticados e empregando muitos profissionais habilitados, ou pode ser pequeno,com apenas um empregado. O laboratório clinico é um local de trabalho dinâmico. Muitas mudanças estão ocorrendo na medida em que os papeis do pessoal do laboratório clinico estão se redefinindo e a tecnologia avança. A necessidade de contenção de custos para prover os serviços de saúde e a promessa de maiores mudanças nos nossos sistemas de fornecimento de serviços de saúde significa que os laboratórios deverão ser flexíveis no ajuste de suas tendências do futuro. Os laboratórios clínicos são regulamentados por leis federais e estaduais. Todos os laboratórios que fazem análises de amostras de material humano, exceto laboratórios de pesquisa, devem ter aprovação do Departamento de Saúde para operarem. É importante ter bons canais de comunicação dentro do laboratório e entre o laboratório e os médicos, outros departamentos dentro do hospital e outros serviços de saúde. Boa comunicação e cooperação entre esses grupos ajuda a assegurar que os pacientes tenham o melhor cuidado possível. Muita da comunicação entre os laboratórios e serviços de saúde é agora facilitada pelos computadores. É possível hoje requisitar exames, analisar os dados e reportar ao paciente os seus resultados por computador. No entanto, embora a informação do paciente esteja disponível no computador, esta informação é confidencial. II. 1. 1. Tipos de Laboratório Clínico: Os laboratórios médicos ou clínicos podem ser colocados em dois grandes grupos: laboratórios de hospitais e laboratórios não hospitalares. Ainda que muitas pessoas relacionem o laboratório ao hospital, existem laboratórios em clinicas médicas, centros médicos, consultórios médicos, consultórios veterinários, repartições do governo e em instalações militares. I. 1. 1. 1. Laboratórios Hospitalares: Existem laboratórios clínicos em hospitais privados e públicos, alem de hospitais das forças armadas. O tamanho do laboratório desses hospitais depende basicamente do tamanho do hospital. Um laboratório de um hospital de 100 leitos (Hospital pequeno) talvez execute apenas técnicas mais rotineiras. Exames mais complexos ou menos solicitados são enviados a laboratórios e /ou hospitais maiores. Em um laboratório de tamanho médio (cerca de 300 leitos), exames de rotina alem de alguns testes mais complexos são executados. Somente os testes mais recentes ou com alto grau de complexidade são enviados a laboratóriosde referencia. Muitos laboratórios em grandes hospitais (acima de 300 leitos) manuseiam grande volume de trabalho e executam testes complexos. - 7 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I I. 1. 1. 2. Laboratórios não-hospitalares Laboratórios fora de hospitais podem ser operados pelo governo ou pela iniciativa privada. Eles fornecem muitos serviços e emprego para trabalhadores habilitados. Em 1992, mais de 50% de todos os serviços de laboratório foram obtidos de laboratórios não-hospitalares. Muitos pequenos laboratórios localizam-se nos consultórios dos médicos que são especialistas, tais como hematologistas e urologistas. Médicos generalistas também podem ter laboratórios nos quais técnicas de rotina, como hematócrito ou urinálise são executados. Laboratórios maiores podem ser associados a clínicas medicas ou a centros médicos. Em anos recentes o uso de equipamentos portáteis, usualmetne localizados em shopping centers, tem-se generalizado. Técnicas comuns de laboratório tais como contagens de sangue, culturas de garganta e testes de urina são feitos nessas instalações. Os laboratórios de referência geralmente são privados e de escala regional, perfazendo grandes volumes de exames e oferecendo uma ampla variedade de exames. Grandes hospitais normalmente utilizam estes laboratórios primeiramente para fazer testes mais sofisticados e com pouca freqüência de solicitação. Hospitais menores e consultórios médicos usam-no para fazer uma maior gama de exames. Os laboratórios de referencia oferecem serviços de coletas de amostras nos laboratórios conveniados. Os laboratórios clínicos são regulamentados por leis federais e estaduais. Todos os laboratórios que fazem análises de amostras de material humano, exceto laboratórios de pesquisa, devem ter aprovação do Departamento de Saúde para operarem. II. 1. 2. Tipos de Exames Realizados num LAC: Estaticamente os exames executados por cada LAC variam de acordo com as características do hospital (Por exemplo: Capacidade de internação, número de leitos, tipos de doenças, etc.) de seus ambulatórios, ou mesmo, do perfil de sua clientela. As atividades do LAC não se limitam, unicamente, à execução do exame em si. Desta forma, todo o processo passa por fases (Como veremos adiante) e o tempo total de uma análise (desde a coleta até a entrega do laudo) pode ser variável, e não se limita apenas ao prazo de execução da mesma. Entre as atividades, direta ou indiretamente relacionadas à execução dos exames num LAC, muitas podem ser enumeradas conforme veremos a seguir: II. 1.2. 1. Atividades Executadas pelo LAC – Diretamente Relacionadas À Execução do Exame: 1. Recepcionar e registrar o paciente e os exames solicitados 2. Receber ou proceder à coleta do material 3. Verificar se a amostra coletada é adequada à execução de análise 4. Executar o processamento inicial das amostras (Por exemplo, através da centrifugação) 5. Distribuir as diferentes amostras coletadas / recebidas para os diversos setores do laboratório 6. Preparar reagentes 7. Calibrar equipamentos previamente às análises 8. Fazer análise e procedimentos laboratoriais de substâncias ou materiais biológicos com finalidade diagnóstica 9. Realizar a transcrição e digitação de resultados - 8 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I 10. Emitir laudo das análises realizadas 11. Conferir e, quando necessário, corrigir não conformidades nos laudos 12. Realizar entrega dos resultados II. 1. 2. 2. Atividades Executadas Pelo LAC Indiretamente Relacionadas à Execução dos Exames: 1. Proceder à desinfecção do material analisado a ser descartado 2. Fazer a lavagem e descarte do material a ser utilizado 3. Inspecionar e executar a manutenção preventiva dos equipamentos e proceder ao registro 4. Zelar pela higiene do edifício, instalações e áreas externas. 5. Proporcionar condições de segurança e vigilância do edifício. 6. Proporcionar condições de segurança e trabalho aos funcionários 7. Realizar controle de qualidade II. 1. 3. Perfil do Profissional do LAC: Existem hoje milhares de laboratórios clínicos, grandes e pequenos. Alguns laboratórios são altamente sofisticados e oferecem muitos exames complexos. O pessoal desses laboratórios é formado por profissionais altamente qualificados, que executam testes complicados. Eles também podem servir de diretores de laboratório, consultores, professores, supervisores e administradores. Para se tornar um profissional qualificado exigem-se certas características pessoais, a conclusão de um curso especializado e aprovação de um exame nacional. Varias agências e organizações estão envolvidas na fixação e manutenção de padrões na profissão. Uma lista de agências de acreditação de programas educacionais, certificação de pessoal, e organizações profissionais e sociedades que contribuem para o continuado desenvolvimento do profissional de laboratório Enumeramos a seguir algumas das habilidades necessárias ao Profissional que se presta a trabalahar na área de biodiagnóstico. Sugerimos que você as persiga como metas no decorrer da sua formação: 1. Ter conhecimentos teóricos dos fundamentos da técnica a ser executada; 2. Ser capaz de executar as técnicas com perícia, minimizando ou excluindo as falhas que possibilitem interferências nos resultados dos exames; 3. Realizar todas as etapas da execução do exame em tempo hábil, com a devida seriedade; 4. Prezar pela humanização no atendimento ao cliente/paciente; 5. Respeitar os colegas e superiores no ambiente de trabalho, bem como, os demais profissionais da área de saúde; 6. Manter uma conduta ética, de acordo com os padrões sociais e o código de ética profissional; 7. Manter sigilo profissional. - 9 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I O que fazem os profissionais no LAC? Eles trabalham como detetives médicos. Eles usam microscópios para observar mudanças nas células. Eles testam o sangue para achar doadores de sangue compatíveis para transfusões. Eles medem substâncias como a glicose e o colesterol do sangue. Eles descobrem e identificam organismos causadores de infecções. Eles operam equipamentos complexos. Eles usam padrões e controles para assegurar resultados confiáveis. Eles trabalham sob pressão, com rapidez, precisão e exatidão. Dedicação, cooperação, asseio e uma atitude de atenção são algumas das qualidades essenciais no profissional de serviços de saúde. Alem dessas, existem algumas características especiais das pessoas que trabalham em laboratórios clínicos. Para progredir na profissão, a pessoa deve ter vigor físico, boa visão, visão normal de cores, destreza manual, inteligência e uma aptidão para ciências biológicas. Os trabalhadores nessa área, devem ser observadores, motivados, habilitados a fazer cálculos e medições exatas e precisas e devem ter censo de organização. II. 1. 4. Setores do Laboratório e Exames Comumente Realizados: O numero de departamentos do laboratório clinico varia. Devido à complexidade de suas atribuições e à diversidade de maquinaria, técnicas e mão-de-obra especializada, o LAC costuma ser dividido em setores, tais como: Setor de Bioquímica Setor de Imunologia (Sorologia) Setor de Hematologia Setor de Microbiologia Setor de Urinálises Setor de Parasitologia As subdivisões em cada setor variam de laboratório para laboratório. Grandes laboratórios podem ter departamentos separados para coagulação, micologia, etc. Uma breve descrição de cada setor e suas atribuições pode ser vista a seguir: II. 1. 4. 1. O Setor de Bioquímica: È atualmente um dos mais automatizados e mais rápidos setores na maioria dos laboratórios. Dessa forma, tende a apresentar alta produtividade, representando, em média, 50 a 60% do total de exames realizados no LAC. Nele, são investigados diversos distúrbios metabólicos,hidroeletrolítticos, hormonais, disfunções de órgãos e/ou sistemas, entre outros tantos. II. 1. 4. 2. O Setor de Imunologia: Neste setor pesquisa-se, no sangue do cliente paciente, uma grande diversidade de diferentes anticorpos produzidos contra vírus, fungos, protozoários e outras estruturas antigênicas (que desencadeiam respostas imunológicas no organismo). Ele pode ser subdividido em alguns laboratórios, em dois setores: II. 1. 4. 2. 1. Sorologia - 10 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Neste setor são pesquisados antígenos causadores de doenças virais, marcadores tumorais, anticorpos, etc. II. 1. 4. 2. 2. Análises Hormonais: Neste setor são feitas dosagens de hormônios diversos para diagnostico e controle terapêutico de diversas doenças endócrinas. II. 1. 4. 3. Setor de Hematologia Este setor contempla o estudo da concentração estrutura e função dos elementos figurados do sangue, além da determinação de componentes químicos plasmáticos ou sorológicos relacionados com a estrutura e função destes elementos. II. 1. 4. 4. Setor de Microbiologia È um dos setores de alta complexidade e tem como finalidade primordial a determinação de agentes microbianos patogênicos envolvidos em processos infecciosos, bom como sua susceptibilidade a antimicrobianos. Algumas vezes pode ser subdividido em dois setores, o de bacteriologia (que se preocupa especialmente com bactérias patogênicas) e o de micologia (que se preocupa com os fungos patogênicos). II. 1. 4. 5. Setor de Urinálises: Encarrega-se dos diversos exames relacionados à urina. II. 1. 4. 6. Setor de Parasitologia: Neste setor são feitos exames nas fezes do cliente. II. 1. 5. Fases de Execução do Exame: Para facilitar nosso estudo dividimos o processo de execução de um exame laboratorial em fases, são elas: Fase Pré-analítica Fase Analítica Fase Pós-analítica II.1. 5.1. Fase Pré-analítica Esta é uma fase importantíssima para uma correta análise e posterior interpretação dos resultados. Ela inclui os procedimentos necessários até a chegada do exame ao setor, quando, então, se inicia a fase analítica. O ideal é que o laboratório obtenha nessa fase o maior número de informações pré-analíticas (tais como idade, sexo, presença de doença de base, uso de medicamentos, suspeita clínica, etc.) que muito poderão auxiliar na avaliação final dos resultados. - 11 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Além das doenças, muitos outros fatores podem alterar a composição dos fluidos biológicos utilizados nas análises laboratoriais, prejudicando o resultado final. Muitas destas podem ocorrer nesta fase. Vejamos algumas situações comuns em pacientes hospitalizados: Administração de líquidos intravenosos no momento em que a amostra é colhida Efeitos da desidratação Excesso de heparina em amostras biológicas Interferência de medicamentos Administração de medicamentos em horários diferentes dos previsto ou registrados O Controle e o conhecimento destas situações nas fases pré-analíticas e analíticas servirão como indícios para a análise no resultado final. Desta forma o preparo do paciente é fundamental. A fase pré-analítica envolve o cadastro, a coleta ou o recebimento da amostra, a triagem e o registro da amostra no setor. Vamos conhecer cada uma destas etapas: II. 1. 5.1.1. Cadastro Geralmente o cliente/paciente ambulatorial procura o laboratório com uma requisição (solicitação) de exames feita pelo seu médico. Nos casos de uma unidade laboratorial dentro de um hospital e, portanto, servindo diretamente a este, existe uma requisição de exames padronizada que se encontra disponível para o corpo clínico nas diversas unidades do hospital. A requisição de um exame pode ser feita por um médico, um odontólogo ou, em alguns casos, por um enfermeiro. Desta forma, é sempre solicitada por um profissional de nível superior. II. 1. 5.1.1.1. A Requisição/Solicitação de um Exame È a partir da requisição que é iniciado todo o processo do exame. Devido a sua importância. Veja um modelo de requisição de exames Os dados que devem constar da requisição são: Nome completo do cliente/paciente Sexo Idade ou data de nascimento Local (unidade) de internamento quando o paciente estiver na Unidade Hospitalar ou o local de onde foi solicitado o exame Nome do profissional solicitante com respectivo numero de registro no órgão de classe (CRM, CRO, COREN) Uso de medicação (quando houver), especificando qual (is) Suspeita Clinica Com a chegada da solicitação de exames no laboratório os dados do cliente/paciente são cadastrados no sistema de informática do laboratório. Assim sendo, faz-se necessário que os dados do cliente/paciente estejam completos e escritos com nitidez. Após o cadastramento do cliente o sistema pode gerar de acordo com sua programação, por exemplo, etiquetas, mapas de trabalho (contendo os dados e exames a serem realizados). - 12 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I II 5.1.2 – Coleta/Recebimento de Amostras O procedimento de coleta e de atribuição de um profissional técnico ou auxiliar devidamente habilitado (auxiliar ou técnico em laboratório e/ou enfermagem), sendo de fundamental importância que este profissional tenha pleno conhecimento das normas e rotinas de coleta do LAC. Vale salientar, ainda, que alguns tipos de coletas são atribuições exclusivas de um profissional de nível universitário. A coleta de LCR (Líquido Cefalorraquidiano), por exemplo, deve ser feita por um médico. Em todos os casos, portanto, antes de iniciar o procedimento de coleta, o profissional deverá localizar o cliente/paciente e dirigir-se a ele pelo seu nome completo, minimizando, assim, risco de engano quanto ao cliente errado. Lembre-se! Este é um momento de grande contato entre o técnico e o cliente, por isso, não esqueça de ter uma abordagem humanista. Veja as dicas a seguir: DICAS PARA UMA COLETA HUMANIZADA Se você tem alguma dúvida sobre os procedimentos técnicos da coleta procure certificar- se antes do contato com o cliente/paciente. Imagine-se você no lugar dele: Você confiaria em um técnico que lê manuais na sua frente, antes de realizar a coleta? “Bom dia!”, “Boa Tarde!”, “Boa Noite!” São palavras necessárias em qualquer ambiente, inclusive, no momento da coleta. Assim sendo, não esqueça de cumprimentar ou responder ao cumprimento de seu cliente. Apresente-se (O cliente tem o direito de conhecê-lo, inclusive pelo nome). Procure ser atencioso e simpático. Entretanto transmita segurança e dê a devida seriedade que o momento exige. Confirme o nome completo perguntando ao seu cliente, quando este colabora. Em caso contrário, leia no leito e/ou confirme com o pessoal da enfermagem. Comunique e explique de forma objetiva o procedimento e explique ao cliente/paciente de que forma ele pode colaborar. Lembre-se que o cliente/paciente tem o direito a negar- se ao procedimento. Caso isto aconteça um bom “jogo de cintura” e poder de persuasão de sua parte poderá convencê-lo. Se, ainda assim, permanecer a negação, comunique ao corpo de enfermagem ou a um superior do laboratório. Lave as mãos Calce as luvas Não esqueça de usar os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) necessários ao momento. Jalecos e batas são fundamentais em todas as situações e você já deverá se apresentar ao cliente/paciente vestindo-a - 13 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Identifique os tubos, fracos, placas, onde a amostra será armazenada, com os dados necessários (nome do paciente, numero de leito, etc.) Realize a coleta. Acondicione devidamente o material Descarte o material que já não é mais necessário em local apropriado (Por exemplo, perfuro cortante e outros de coleta contaminados). Retire as luvas. Lave as mãos. Agradeça e faça suas devidas despedidas.Dirija-se ao LAC e notifique a coleta assinando a folha de registros. Lembre-se: O Cliente é como você, um ser humano. II 5.1.3. Triagem Toda amostra que chega ao LAC para análise deverão passar, inicialmente por uma Triagem, onde, então serão conferidos os dados do paciente a quantidade de material coletado, identificação da amostra com a do paciente, etc. Quando, nesta fase, encontram-se inadequações, poderá ser solicitada uma recoleta (Coleta de novo material do mesmo paciente) com sua respectiva justificativa (por exemplo: amostra insuficiente para a quantidade ou tipo (s) de exame (s) solicitado (s)). Caso a amostra seja adequada, deverá ser processada (preparada) para a análise. Para tanto, conforme o caso pode ser feito à centrifugação, filtração, separação de alíquotas para diferentes setores, medição de volume, adição de conservantes, entre outros. As amostras processadas são ordenadas em conjunto com os mapas de trabalho, separadas por setores técnicos e encaminhadas aos mesmos para serem registradas e analisadas. II 5.1.4 – Registro no Setor: Ao chegarem ao setor técnico, junto com o mapa de trabalho, o analista (biomédico ou farmacêutico-bioquimico) responsável faz uma nova avaliação sobre a adequação deste para análise. Em caso de inconformidade, a amostra poderá ser rejeitada e solicitada uma recoleta. Em caso de aprovação o cliente/paciente deverá ser registrado em livro de registro, pelo seu nome completo, número de registro interno do setor e exames solicitados pelo médico. Esta manobra serve para documentar a chegada da amostra, isto facilita a localização de resultados e da amostra ou posteriormente para confirmação de resultados e/ou recuperação de material para análise. II 5.2 – Fase Analítica Uma vez executado o registro no setor específico, a amostra será então analisada. O processo de análise pode ser feito por intermédio de vários princípios. Atualmente, a maioria dos exames são realizados com ajuda parcial ou total de equipamentos. Os dados do paciente e as análises a serem feitas são programadas no equipamento e, a partir destas informações, o equipamento processa a análise e dispõe o resultado em display (Por exemplo: tela) ou imprime os mesmos. - 14 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I De posse dos resultados o bioquímico avalia os mesmos, verifica se há coerência entre os valores esperados e observados, transcreve os resultados para o mapa de trabalho e os encaminha para a digitação. Caso o laboratório possua um sistema de interfaceamento estas etapas são significativamente reduzidas, otimizando tempo e recursos. A interface capta os dados do paciente e executa, automaticamente, a programação do equipamento. Basta apenas que o técnico posicione a amostra biológica no equipamento. Concluída a análise, o bioquímico reavaliará os resultados e, após a liberação desses, seus valores são automaticamente transferidos para o laudo do paciente. Percebe-se, portanto, que além de redução de custos e de tempo, o interfaceamento minimiza um dos principais problemas do LAC que é o erro de transcrição de valores para os mapas e de digitação de laudos. Infelizmente o alto custo da implantação e manutenção do interfaceamento deixa esse importante recurso disponível a apenas alguns LACs, especialmente os de grande porte. Dentre os métodos analíticos para processamento das amostras, os mais utilizados são: Colorimetria, métodos imunoquímicos; impedância; microscopia e provas bioquímicas. Além dessas existem outras metodologias disponíveis atualmente, mas o detalhamento está além do escopo deste capítulo. II. 5. 3. Fase Pós-analítica Digitação Conferência e Coerência de Resultados Entrega de Resultados Arquivos/Soroteca. II. 5. 3. 1. Digitação Após a conclusão da fase analítica, os resultados obtidos para os exames laboratoriais são transcritos para os mapas de trabalho, os quais são enviados para o setor de digitação. Os resultados numéricos ou padronizados ou em texto são transcritos para o sistema de informática do laboratório, utilizando-se ou não do interfaceamento entre o setor de cadastramento e digitação e os equipamentos automatizados dos setores técnicos. Com o uso desta ferramenta tecnológica a digitação de resultados não será mais necessária para todos os exames realizados em equipamentos automatizados eliminando-se os erros de digitação. II. 5. 3. 2. Conferência e Coerência de Resultados Após a digitação dos resultados, o bioquímico confere se a transcrição dos mapas foi feita de maneira correta para o laudo. Em alguns laboratórios não há a conferência do laudo impresso, sendo feita a “conferência em tela”. Para tanto, o bioquímico deverá conferir se as informações foram digitadas corretamente. Por meio de uma senha pessoal e confidencial, o profissional confere eletronicamente os resultados do paciente, gerando um comando (liberação de resultados para impressão) que insere a assinatura eletrônica do profissional (já anteriormente criptografada) no laudo. Muitos sistemas só permitem impressão de laudos após terem sidos conferidos e liberados eletronicamente. Vale salientar que o acesso a conferência eletrônica dos - 15 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I resultados é de competência exclusiva dos profissionais de nível superior e que um laudo uma vez conferido e assinado eletronicamente, só poderá ser modificado por outro profissional de nível superior. Independente do sistema utilizado (impressão prévia ou posterior à conferência) é na conferência e liberação do resultado que o bioquímico deve fazer uma análise criteriosa do paciente e do resultado de seus exames, procurando observar se há uma coerência entre os resultados esperados e os observados, tanto do ponto de vista clínico como do ponto de vista laboratorial. Essa análise deve ser de maneira global, ou seja, avaliando todos os resultados do paciente, independente do setor que tenha sido executado. A interpretação de resultados laboratoriais muitas vezes pode ser extremamente complexa e, não raro, há a necessidade de interação entre o profissional de laboratório e o clínico para esclarecer resultados atípicos ou improváveis. II. 5. 2. 4. Entrega de resultados Exames já digitados, conferidos e impressos poderão ser entregues diretamente ao paciente (ambulatorial) ou encaminhado para local apropriado (posto de enfermagem ou outros postos de coleta do LAC). Alguns sistemas de informação laboratorial ou mesmo hospitalar já disponibilizam envio de resultados liberados pela Internet ou Intranet, para impressão ou consulta. A entrega de resultados pela Internet ou Intranet proporciona vários benefícios: impressão de resultados em locais remotos (postos de enfermagem, consultórios, domicílios), sem limite de cópias ou acesso a qualquer momento. Porém deve-se garantir a privacidade do paciente, sendo que somente o responsável pelo paciente terá acesso aos resultados. Muitos serviços utilizam filtros restritos que não permitem o envio de resultados de alguns exames laboratoriais mais controversos, tais como o beta-HCG (diagnóstico de gravidez) e anti-HIV (sorologia para AIDS). II. 5. 2. 5. Arquivos/Soroteca Após a realização dos exames e entrega do(s) laudo(s) ao paciente, os mapas de trabalho dos setores analíticos do laboratório são arquivados por período de 2 anos. Além do arquivo dos mapas de trabalho (contendo as anotações técnicas obtidas na fase analítica), o laboratório também matem o arquivo dos resultados dos pacientes digitados no sistema de informática, em forma de disquetes ou CDs, por período mais prolongado (até 5 anos). Faz-se, também, o armazenamento das amostras de sangue já analisadas (soroteca). Os tubos de sangue coletados dos pacientes com soro, plasma ou sangue total remanescente das análises podem ficar congelados em freezer a -20ºC por um período de 30a 90 dias para a maioria das análises bioquímicas, sorológicas e hormonais. - 16 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I II. 5. 3. Fluxo de Processamento dos Exames Fluxograma das Atividades do Laboratório FASE ANALÍTICA HEMATOLOGIA BACTERIOLOGIA PARASITOLOGIA UROANÁLISES IMUNOLOGIA BIOQUÍMICA SINTOMAS CLÍNICOS ATENDIMENTO MÉDICO SOLICITAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAL LABORATÓRIO FASE PRÉ-ANALÍTICA CADASTRAMENTO DO PACIENTE COLETA DE MATERIAL TRIAGEM SETORES ANALÍTICOS RESULTADO S - 17 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I II. 5. 3. Segurança: Segurança é um tópico que deve estar em primeiro lugar nos pensamentos e ações de todos os fornecedores de serviços de saúde, tanto empregados como empregadores. O objetivo dos trabalhadores de saúde deve ser qualidade no fornecimento de cuidados ao paciente em um ambiente que seja seguro para ambos, trabalhador e paciente. Segurança não só se tornou uma função humanitária, mas uma necessidade legal. Um incremento na ênfase da segurança nos serviços de saúde foi provocado pela síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). II. 5. 4. Perigos Físicos: Perigos ou riscos físicos estão presentes em todo e qualquer aparelho que se possa pensar ou no seu entorno. Equipamento elétrico, chama aberta, instrumentos de laboratório e vidraria, todos podem ser perigosos se usados inadequadamente. Perigo potencial no local de trabalho. Infelizmente, incêndio não é incomum, todavia, a maioria dos incêndios são pequenos. Muitos incêndios ocorrem na seção de bioquímica ou onde chamas abertas, como em Bico de Bussen, estão sendo usadas. Produtos inflamáveis devem ser guardados em armários a prova de fogo, longe de fontes de calor e em uma área bem ventilada. Quando chamas abertas estão sendo usadas, cuidados devem ser tomados para evitar que roupas esvoaçantes ou cabelos longos não fiquem ao alcance do fogo. Extintores de incêndio do tipo adequado devem estar facilmente disponíveis. Um cobertor de incêndio deve estar acessível no caso de roupas pegarem fogo. Treinamentos simulados de incêndio devem ser realizados freqüentemente. Os trabalhadores do laboratório devem conhecer o caminho de saída e os procedimentos a tomar caso esta saída esteja bloqueada. Todos os trabalhadores devem saber a localização dos extintores e como usa-los .Os extintores devem ser inspecionados regulamente a data de inspeção deve ser anotada. FASE PÓS-ANALÍTICA DIGITAÇÃO CONFERÊNCIA LIBERAÇÃO DE LAUDOS ENVIO PARA ACLÍNICA SOLICITANTE - 18 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I II. 6. Equipamento de Laboratório O equipamento de laboratório só deve ser usado conforme o manual de instruções de uso do fabricante. Qualquer instrumento de partes móveis, como uma centrifuga, deve ser manuseado com cuidado. A tampa da centrifuga deve ser trancada antes de ligar a centrifuga. Quando a centrifuga for desligada, a tampa só deve ser aberta quando o rotor estiver completamente parado. Autoclaves que usam vapor sob pressão para estilizar instrumentos cirúrgicos ,vidraria e outros materiais podem apresentar riscos especiais. As instruções do fabricante devem ser seguidas cuidadosamente para evitar explosões e queimaduras. Luvas de amianto devem ser usadas para remover as peças quentes da autoclave. II. 7. Vidraria A vidraria é um item de rotina na maioria dos laboratórios, mas pode causar ferimentos. Somente vidraria isenta de estilhaçamento e de liberação de lascas deve ser usada. Vidraria quebrada está fragilizada e pode quebrar, resultando em ferimentos para o usuário. Os vidros quebrados devem ser recolhidos do chão com uma escova e um pano de limpeza, nunca com as mãos nuas. A vidraria não deve ser descartada no lixo comum, mas em caixas de papelão rígido ou recipientes plásticos especialmente feitos para isso. Sempre que possível, os frascos de vidro devem ser substituídos por materiais plásticos. II. 8. Perigos Químicos: Substâncias químicas podem apresentar uma variedade de riscos. Os produtos químicos podem ser inflamáveis, tóxicos, cáusticos, carcinogênicos ou mutagêncios. Ocasionalmente, o laboratório usa metodologias de radioisótopos, que apresentam o risco de exposição potencial de radioatividade. As substancias químicas devem ser rotuladas com informações dos riscos possíveis. II. 9. Perigos Biológicos Em 6 de dezembro de 1991, a OSHA publicou a versão final do Padrão de Patógenos transmitidos pelo Sangue, que entrou em vigor em 6 de março de 1992. O Padrão de PTS destaca os requisitos de proteção aos trabalhadores que têm exposição potencial a sangue humano ou outros materiais potencialmente infecciosos. O padrão cobre todos os trabalhadores em instituições de saúde entre outros. È necessário que os trabalhadores tomem cautelas como na hora de manipular materiais contaminados. - 19 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Capitulo III: Procedimentos de Coleta e Transporte de Amostras Biológicas para Exames Laboratoriais III. 1. Aspectos Gerais: O conhecimento teórico das técnicas de coleta de amostras para análise laboratorial pode ser adquirido, facilmente, em cursos teórico-científicos. Entretanto, é importante salientar que, o seu conhecimento prático, bem como as reações que poderão acontecer durante este procedimento são, geralmente, obtidos através de experiências pessoais ou de informações prestadas por outros profissionais. Os técnicos, ao trabalharem na área de coleta de sangue, por exemplo, sabem que as chamadas "veias difíceis" não constituirão problema, desde que profissionais com maior experiência prática forneçam orientações e detalhes sobre o procedimento mais adequado. III. 1. 1. O que é uma amostra? A primeira coisa a se levar em consideração na nossa conversa de agora é: O que seria uma amostra? Pois bem, considera-se uma amostra de material biológico, os líquidos, as secreções, excreções, fragmentos de tecido obtidos do corpo humano e que possam ser analisados, sendo o sangue o mais utilizado. III. 1. 2. Recepção do Paciente No momento em que o cliente / paciente é chamado para que a coleta seja realizada, a sua identidade deve ser confirmada fazendo-lhe uma ou duas perguntas e confirmada através da ficha de entrada (no caso de laboratórios) ou no caso de pacientes hospitalizados a informação poderá ser checada pela pulseira de identificação ou pelo formulário médico. O paciente deve ser recebido de forma cortês e segura. Profissionalismo é fundamental para que o cliente / paciente tenha uma boa primeira impressão. Sorria, seja amigável, mas seja profissional. Falando com o cliente / paciente, dedicando atenção e explicando os procedimentos de coleta que serão realizados, ele se sentirá mais seguro e confiante, facilitando o contato e o processo em si. III. 2. A Coleta de Sangue Do ponto de vista da sua composição, o sangue é considerado como um sistema complexo e relativamente constante, constituído de elementos figurados (células sangüíneas, ou seja, leucócitos, eritrócitos e trombócitos), substância líquida (soro ou plasma) e elementos gasosos (O e CO ).Para obtê-lo, o procedimento é conhecido como punção venosa, venipunção ou flebotomia. Embora não seja necessário conhecer todos os detalhes sobre os procedimentos analíticos dos testes, é essencial conhecer, “a priori”, o tipo de amostra necessária para cada teste. BIOQUÍMICA - utiliza-se soro ou plasma; HEMOGRAMA e GRUPO SANGUÍNEO - utilizam-se sangue total com o anticoagulante EDTA (Ácido Etilenodiaminotetraacético); - 20 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I GLICEMIA - utiliza-se plasma com fluoreto; COAGULAÇÃO - utiliza-se plasma com citrato de sódio.III. 2. 1. Coleta de Sangue por Punção Venosa: III. 2. 1. 1. Posicionamento do braço do cliente / paciente: O braço do cliente / paciente deverá ser posicionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possível. O cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada para cima. III. 2. 1. 2. Garroteamento O garrote é utilizado durante a coleta de sangue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminentes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao local da punção (4 a 5 dedos ou 10 cm acima do local de punção), sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido. Para tal, basta verificar a pulsação do paciente. Mesmo garroteado, o pulso deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço do paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar o garrote logo após a venipunção, pois o garroteamento prolongado pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: concentração de cálcio) III. 2. 1. 3. Seleção da região para a punção venosa (Venipunção) A regra principal para uma punção venosa bem sucedida é examinar atenciosamente a região, geralmente o braço do paciente. As características individuais de cada um poderão ser reconhecidas através de exame visual e/ou apalpação das veias. Deve-se sempre que for realizar uma venipunção, escolher as veias do braço para a mão, pois neste sentido encontram-se as veias de maior calibre e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos através dos quais o sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulatório, que é o coração. As veias podem ser classificadas em: veias de maior, médio e menor calibre. Há ainda as vênulas. De acordo com a sua localização, as veias podem ser superficiais ou profundas, ou, em outras palavras, mais próximas da superfície corporal ou mais distantes desta. As veias superficiais são subcutâneas e com freqüência visível por transparência da pele, sendo mais calibrosas nos membros. Devido à sua situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, é nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue. Escolher uma região de punção envolve algumas considerações: Selecionar uma veia que é facilmente palpável; Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastectomia. Não selecionar um local no braço onde o paciente foi submetido a uma infusão intravenosa; Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão; - 21 - FUNDAMENTOS DE PATOLOGIA CLÍNICA I Não selecionar um local com múltiplas punções. TENTE ISTO, se tiver dificuldade em localizar uma veia: Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou menos cinco minutos sobre o local da punção e em seguida garrotear; Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com o braço acomodado ao lado do corpo e garrotear com o esfigmomanômetro (em P.A. média) por um minuto. NUNCA aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principalmente em idosos, pois se forem portadores de ateroma poderá haver deslocamentos das placas acarretando sérias conseqüências. As veias mais usuais para a coleta de sangue são: d all.Laboratório Clinico Técnicas Básicas. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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