Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estudo Dirigido – Geologia e Geomorfologia na Gestão Ambiental Os solos são recursos naturais que merecem atenção especial. Compreender seus processos de formação e conhecer os atributos químicos, físicos e mineralógicos é essencial em estudos que envolvem ambientes naturais. O solo é um recurso natural, fundamental para sobrevivência dos seres vivos e que é alvo de preocupações com seu uso e ocupação desenfreada. Atualmente, o solo é utilizado na produção de alimentos, em ocupações e nas criações de animais. No Brasil, pela crescente demanda de alimentos, combustível e fibras, será aumentada a expansão das áreas agricultáveis, porém, se não levados em consideração o tipo de uso do solo e a topografia, problemas erosivos tendem a ser maiores. Existem determinadas ameaças recorrentes ao solo devido ao mau uso, como a impermeabilização, erosão e diminuição da matéria orgânica. A superfície terrestre e suas formas atuais, nas quais se formam os solos e todo o contexto que os envolvem, apresentam processos endógenos e exógenos, os quais caracterizam a paisagem. Os processos endógenos correspondem à atuação de forças internas da Terra, como vulcanismos, epirogenia e abalos sísmicos. As rochas ígneas ou metamórficas, são resultados do resfriamento do magma. Existem dois tipos principais de magma: graníticos (formam 95% das rochas intrusivas) e basálticos (constituem 98% das rochas vulcânicas). As rochas apresentam classificação química e mineralógica diferentes. Na composição química é considerado o teor de sílica presente na rocha, que apresenta as seguintes classificações: - Rocha ácida (teor de SiO2 maior que 65%). - Rocha intermediária (teor de SiO2 entre 65 e 55%). - Rocha básica (teor de SiO2 entre 55 e 45%). - Rocha ultrabásica (teor de SiO2 menor que 45%). Geologia é uma ciência natural que estuda a Terra. Do grego, o termo geologia é formado pelos vocábulos “geo” (Terra) e “logia” (estudo ou ciência). O solo é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contêm matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e, eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas. O solo apresenta um teor mais alto de matéria orgânica, se apresenta em geral mais intemperizado e está disposto em horizontes pedogeneizados, compostos de minerais, matéria orgânica (componentes sólidos), água (líquido) e ar (gasoso). A matéria mineral do solo é representada pelos minerais constituintes do material de origem do solo e pelos minerais formados como resultado do seu intemperismo. Areia, silte e argila são minerais que compõe o solo. O solo pode reter água e armazená-la por um determinado tempo. No interior do solo, a água fica retida tanto em poros (entre agregados) como também em finas películas em torno da superfície das partículas coloidais. O solo pode apresentar determinados estados, como molhado, úmido e seco. As características do solo dependem e variam conforme seu material de origem. Existem determinados tipos de materiais que podem dar origem a um solo, dentre eles: - Autóctones ou residuais. - Alóctones. - Pseudoautóctones. É necessário compreender o solo, como este ocorre no meio natural, e também entender sua dinâmica, haja vista sua importância em uma paisagem, pois tudo o que for modificado nele ou na paisagem em que ele está inserido refletirá em sua disposição e na sua relação com outros elementos, como a hidrosfera, atmosfera e biosfera. O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o movimento contínuo da água presente nos oceanos, continentes e atmosferas. O solo faz parte do pedosfera que interage com a hidrosfera e a atmosfera por meio da água, pelo ciclo hidrológico das águas presentes em águas superficiais, subterrâneas e plantas por transferência, evaporação, precipitação e escoamento. A relação solo-água-planta carrega nutrientes, sendo essencial para atuação dos processos pedogenéticos. No solo, a água atua das seguintes formas: - Transportando sólidos. - Dissolvendo íons. - Dissolvendo gases. A relação do contato da água no solo por precipitação depende do tipo de solo, sua estrutura e porosidade, interferindo na taxa de infiltração/deflúvio e saturação no solo. Como partes integrantes do solo em solução são encontrados sais minerais, oxigênio, gás carbônico e matéria orgânica. As classes existentes em nível de ordem no sistema brasileiro correspondem à presença ou à ausência de atributos, horizontes ou propriedades, tendo os horizontes diagnósticos grande importância. No segundo nível categórico, a classificação parte do princípio da classificação em 1º nível, no qual as características dos solos estão relacionadas à sua ordem. De acordo com o Manual técnico de pedologia (IBGE, 2015), no 2º nível são apontados os processos de formação do solo e apresentadas as informações relevantes da gênese do solo, importantes para o desenvolvimento das plantas e/ou para outros usos não agrícolas. A classificação de um solo é obtida a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representam. O tipo e arranjo dos horizontes estão atrelados ao 3º nível, que apresenta atividade de argila, condição de saturação do complexo sortivo por bases ou por alumínio, ou por sódio e/ou por sais solúveis e a presença de horizontes ou propriedades que restringem o desenvolvimento das raízes e afetam o movimento da água no solo. No 4º Nível categórico de classificação de solos existe o conceito-chave da classe de solos, apresentação de intermediações para o 1º, 2º ou 3º níveis categóricos e solos com características extraordinárias. O quinto nível categórico está em construção, onde suas classes deverão ser pautadas em características físicas, químicas e mineralógicas. O solo é resultado da ação de vários elementos: água, clima, organismos vivos, relevo, tipo de rocha e o tempo de atuação desses fatores. Em função da ação conjunta dos diversos fatores, originam-se diversos tipos de solo. Os argissolos solos constituídos por material mineral, que apresentam horizonte B textural de argila de atividade baixa, ou alta. Os cambissolos são solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente. Têm sequência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R. Os chernossolos são solos que apresentam, em geral, coloração escura ou com tons de pouco croma e matiz pouco avermelhados. Apresentam sequência principal de horizontes ABt-C ou A-Bi- C. Os espodossolos são solos constituídos por material mineral com horizonte B espódico subjacente a horizonte eluvial. Apresentam, usualmente, sequência de horizontes A, E, B espódico, C, com nítida diferenciação de horizontes. Os gleissolos são solos hidromórficos, constituídos por material mineral. Estes solos estão periodicamente ou ainda permanentemente saturados por água. Os latossolos são solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico. Para compreender alguns processos de degradação que ocorrem nas paisagens, deve-se relacionar pedologia com os aspectos geológicos e geomorfológicos, pois o solo e suas propriedades vão refletir o ambiente. O solo é um recurso natural essencial para a sobrevivência, portanto é indispensável a preocupação em conservá-lo e cuidá-lo. A geomorfologia em estudos ambientais serve de base para compreender quais os possíveis impactos que podem ocorrer. Compreender suas formas e disponibilidades na paisagem, como declividades, é essencial em um planejamento ambiental. Determinados fatores podem resultar em alterações na paisagem, como as formas de relevo, cobertura vegetal e a fragilidade das classes de solos. Quandoo solo está desprotegido, sem cobertura vegetal, estará mais suscetível a problemas ambientais, como as erosões, que são um dos mais graves e recorrentes desses problemas. A intensidade desses processos depende do tipo de solo, clima, relevo e atividades humanas. O uso sustentável dos recursos naturais deve ser cada vez mais considerado, principalmente o solo, em razão de, a cada ano, seu uso ser mais intensificado, relacionado ao alto crescimento populacional, necessitando cada vez mais de espaço, uma vez que o solo pode ser utilizado para a agricultura, produção de alimentos e realização de obras. O Brasil em seu clima tropical e apresentando maciços montanhosos está naturalmente sujeito a ocorrências de movimentos de massa em encostas, porém ocorrem incidentes ocasionados por ações antrópicas. Sendo naturais ou provocados, esses movimentos de massa são classificados segundo critérios elaborados por Sharpe (1938), sendo associado às seguintes características: - Tipo de material e mecanismo de ruptura. - Velocidade do movimento. - Condições de poro pressão. Os escorregamentos são movimentos rápidos de curta duração que apresentam plano de ruptura bem definido em que se observa o material deslizado e o não movimentado. Com relação ao material movimentado, este pode ser formado por rocha, solo e lixo doméstico. A lixiviação e a acidificação estão intimamente ligadas à atividade agrícola. Os vegetais no solo absorvem água e elementos nutritivos que posteriormente retornam ao solo por decomposição. Esses elementos serão absorvidos pelos coloides do solo (argila e húmus) e então absorvidos novamente. Acidificação são perdas de cátions básicos (cálcio, magnésio), ocorrendo mais em solos de clima tropical devido a chuvas mais acentuadas, que ocasionam a lixiviação. Quando ocorrem muito intensamente, esses coloides são trocados por hidrogênio, tornando o solo cada vez mais ácido, e esse hidrogênio é trocado por alumínio, sendo um elemento nocivo às plantas. A desertificação é a degradação em um nível muito alto no solo, ocorrendo em áreas áridas e semiáridas, ocasionadas por ação antrópica ou causas naturais. Quando mal utilizados, esses solos acabam por promover maiores erosões e perdas, gerando um aumento da área de desertificação, redução da biodiversidade e redução da capacidade de uso de solos para áreas agrícolas. Erosões no Brasil, desconsiderando a intervenção humana, ocorrem de ordem eólica (vento) e hídrica (água), sendo mais expressiva a hídrica. A erosão hídrica, é classificada, segundo em superficial e subterrânea, ocorrendo das seguintes formas: Erosão laminar ou em lençol; Ravinamentos; Sulcos e voçorocas. Voçorocas são o estágio final das erosões e o avanço acelerado, passando gradualmente da ravina até o nível freático. Os seguintes processos ocorrem em voçorocas: - Escoamento pluvial. - Erosão interna do solo. - Solapamento e escorregamento dos solos. Determinados processos ocorrem no solo naturalmente, porém podem ser acelerados com a interferência humana sobre eles, tais como: - Movimentos de massa. - Desertificação. - Erosão hídrica. Um deslizamento/escorregamento de terra é um fenômeno de ordem geológica e climatológica que inclui um largo espectro de movimentos do solo, tais como quedas de rochas, falência de encostas em profundidade e fluxos superficiais de detritos. Em geral, quando os deslizamentos ocorrem, são cadastrados para gerar um banco de dados em que se pode compreender sua distribuição; integrar estudos realizados; análise dos fatores de influência; custo socioeconômicos dos acidentes; custo-benefício das medidas administrativas adotadas. São necessárias determinadas atividades para reduzir os registros de acidentes e as consequências sociais e econômicas geradas, tais como: - Adoção de medidas de prevenção de acidentes. - Planejamento para situações de emergências. - Informações públicas e programas de treinamento. A capacidade de uso das terras é uma classificação técnica ou interpretativa baseada no conhecimento das potencialidades e limitações das terras, considerando em especial a suscetibilidade a erosão, e informando as melhores alternativas de uso das terras. Segundo a classificação de Lepsch (2011) e Cati (2014), são apontadas diferenciações de capacidade de uso da Terra. Essas classificações são divididas nos seguintes grupos: - Grupo A: Classificado como utilização da terra para culturas anuais, perenes, pasto e reflorestamento. - Grupo B: São inclusos solos impróprios para cultivos intensivos, mas que servem para pastagens e/ou reflorestamento e/ou vida silvestre - Grupo C: Terras próprias para proteção da flora e fauna silvestres, recreação ou armazenamento de água. Práticas agrícolas conservacionistas trazem benefícios para todos os envolvidos (homem e meio ambiente) e são feitas por meio do conhecimento sobre os solos, pois assim se conhecem os limites e potencialidades de suas classes, bem como sua distribuição na paisagem. Considerando as práticas conservacionistas do solo, didaticamente são classificadas em práticas edáficas, mecânicas e vegetativas.
Compartilhar