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Comércio Eletrônico Implementação e Evolução

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Comércio Eletrônico: Implementação e Evolução
Andrea Itabaiana de Oliveira[footnoteRef:1] [1: Andrea Itabaiana de Oliveira, matrícula 600624998, 9º período, Universidade Sagado de Oliveira – Niterói.] 
Estephanie Amarante Medeiros[footnoteRef:2] [2: Estephanie Amarante Medeiros, matrícula 600618757, 9º período, Universidade Sagado de Oliveira – Niterói.] 
Luciani da Silva Barbosa[footnoteRef:3] [3: Luciani da Silva Barbosa, matrícula 600618844, 9º período, Universidade Sagado de Oliveira – Niterói.] 
Matheus Silva Freire[footnoteRef:4] [4: Matheus Silva Freire, matrícula 600619874, 9º período, Universidade Sagado de Oliveira – Niterói.] 
Priscila Lima Rosa[footnoteRef:5] [5: Priscila Lima Rosa, Professora, Mestre em Psicologia Social, Pós-Graduada em Direito Privado pela Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Especialista em Direito Civil pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), Professora Universitária de Direito do Civil, Tutora da disciplina de Direito Civil I e Direito Civil V, Professora da Pós-Graduação da Universidade Salgado de Oliveira e da Pós-Graduação CBEPJUR/UCAM. Professora de Curso Preparatórios OAB. Advogada e sócia da Itabaiana & Lima advogados associados.] 
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo abordar aspectos gerais acerca do e-commerce e sua relação com o público consumerista, desde o momento inicial da compra até a finalização desta, apresentando diversos aspectos atrativos desta modalidade de transação, bem como aspectos negativos que podem assombrar os consumidores que forem pegos desprevenidos. 
Para tanto, enfatiza-se o papel do Direito do Consumidor aplicado a estas transações quando necessário. Poderá ser avaliado o papel do direito civil nos casos de fraude e golpes em compras de produtos e serviços na modalidade on-line, além da apresentação do recente decreto que veio para auxiliar o Código de Defesa do Consumidor, nas matérias referentes ao e-commerce.
Palavras-chave: E-commerce; Direito do Consumidor, Direito Civil; Compra; Venda; Legislação.
ABSTRACT
The present study aims to address general aspects about e-commerce and its relationship with the consumer public, from the initial purchase moment until the finalization, presenting several attractive aspects of this type of transaction, as well as negative aspects that can haunt the consumers who are caught off guard.
Therefore, the role of Consumer Law applied to these transactions is emphasized when necessary. The role of civil law in cases of fraud and scams in the purchase of products and services in the online modality can be evaluated, in addition to the presentation of the recent decree that came to assist the Consumer Protection Code, in matters relating to e-commerce.
Keywords: E-commerce; Consumer Law, Civil Law; Purchase; Sale; Legislation.
INTRODUÇÃO
É de longa data que o comércio faz parte das relações humanas. Em todas as sociedades, desde as mais rudimentares até as mais desenvolvidas, é possível presenciar diversificadas atividades comerciais.
Com o fenômeno da globalização houve a aproximação dos mercados aliado a grandes estágios de desenvolvimento tecnológico, o que facilitou o desenvolvimento de mercados, mudando radicalmente os rumos do comércio, antes presencial, agora, desenvolvido, também, à distância.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Que uma vez fora praticado em sua forma presencial transmutando-se para o que ficou conhecido como e-commerce, ou seja, a distância por meio eletrônico.
	O comércio por meio eletrônico é uma novidade em nosso meio. Nos dias atuais, as compras on-line são muito comuns, ao ponto que, produtos dos mais banais são encomendados remotamente 	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Quaisquer tipos de produtos podem ser.
pela Rede Mundial de Computadores, a World Wide Web (WWW). A comodidade da entrega em domicílio, associada com a comodidade de se fazer um pedido, da mesma forma, do conforto de casa, são atrativos mais do que justificáveis para a alta demanda de compras pela internet.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: facilidade	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Tiraria essa parte.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: São soluções atrativas que podem justificar a intensa demanda de compras de produtos e serviços através da internet.
	Ademais, os preços mais acessíveis encontrados nas vendas pela internet também é uma questão proeminente. Poder pedir um produto que não é facilmente encontrado em lojas físicas, além de poder ainda comparar e escolher preços e prazos de entrega, consistem em indiscutíveis atrativos.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Além disso, através da internet, pode-se encontrar uma vasta oferta de produtos, inclusive aqueles de difícil acesso na maioria das lojas físicas, com preços muito abaixo daqueles normalmente oferecidos em estabelecimentos de compra e venda presenciais. Indiscutivelmente, toda essa facilidade, aliada a curtos prazos de entrega e mais de uma modalidade de pagamento transformam-se em excelentes atrativos. 
	De folhas de papel a móveis e eletrodomésticos, os produtos disponíveis possuem uma gigantesca variedade. Além desse fator, o mercado competitivo de e-Commerce promove uma concorrência que favorece o consumidor, permitindo que preços mais acessíveis sejam praticados, e produtos estejam com custo reduzido ao consumidor final.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Este paragrafo é idêntico ao anterior em conteúdo, não vejo sentido em mantê-lo. 
	Entretanto, apesar de todas as vantagens e facilidades, o comércio on-line possui outro lado, nada atrativo, que muitas vezes leva seus consumidores a serem lesados. A legislação, relativamente recente, que de fato demarca os direitos do consumidor, tem alcance reduzido em território on-line, que para muitas pessoas, até pouco tempo, era “terra de ninguém”. Tal alcance reduzido se dá por motivos referentes à natureza distanciada das negociações.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Tiraria essa parte	Comment by Letícia Bustilho Gripp: A legislação, relativamente recente neste campo, apresenta certas lacunas que podem deixar o consumidor muitas vezes desprotegido e exposto a fraudes e outros tipos de golpes. Isso se dá devido ao distanciamento das negociações e ainda a dificuldade em se observar, a primeiro momento, o que poderia ser uma transação insegura. 
	Face ao exposto, este estudo possui como objetivo abordar aspectos gerais acerca do e-Commerce e suas formas de relação com os consumidores. Pretende-se abordar neste trabalho aspectos mais relevantes do Direito do Consumidor que compra em e-Commerce, dando ênfase às questões que podem impactar quem realiza uma compra por este meio.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Face ao exposto, este estudo pretende abordar aspectos gerais acerca do e-commerce e sua relação com o público consumerista, desde o momento inicial da compra até a finalização desta, enfatizando-se o papel do Direito do Consumidor aplicado quando necessário. 
Trata-se de estudo descritivo, exploratório, qualitativo e de Revisão Bibliográfica. Seu conteúdo tem como base a análise de renomados doutrinadores jurídicos, notadamente, nos âmbitos do Direito Civil e do Consumidor.
O presente trabalho, para melhor compreensão do tema, será dividido em capítulos assim delimitados: (i) O comércio eletrônico; (ii) Normas de proteção extensiva ao comércio eletrônico; e (iii) As questões dos guichês online nas lojas físicas. 	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Tiraria essa parte
1 DO COMÉRCIO ELETRÔNICO
Nas últimas décadas, o processo de compra e venda de produtos por meios eletrônicos têm se expandido mundialmente, em conformidade com a expansão recíproca da internet e das mídias digitais como um todo, ampliando a quantidade de pessoas com acesso a esse tipo de serviço.
No Brasil, o comércio eletrônico também tem se ampliado e recebido cada vez mais espaço entre os consumidores brasileiros, por consequência, no ano de 2013, o assunto foi objeto do Decreto nº 7.962/13, que trouxe diversos procedimentos e regras a serem cumpridos para o adequado desenvolvimentodessa modalidade online de compra e venda.
Quando da edição do Código do Consumidor, a internet ainda estava em seu estágio inicial, tanto que neste a mesma não foi inserida inicialmente. Nos dias atuais, a internet é a síntese e o auge de todo o desenvolvimento tecnológico e científico do século XX e da primeira década do século XXI. Ela reúne os mais avançados inventos de várias áreas científicas, desde a eletrônica, com os seus mais poderosos computadores, até a telecomunicação, com emissão e transmissão de som e imagem por cabos, fibra ótica, rádio e satélites. É o território da liberdade; viaja-se para qualquer lugar do mundo sem passaporte. Tornamo-nos cidadãos do mundo globalizado[footnoteRef:6]. [6: CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor. 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2019. p. 186.] 
Ainda segundo CAVALIERI FILHO[footnoteRef:7], [7: Idem.] 
O sistema de vendas externas, mormente pela TV, Internet e telemarketing, é altamente agressivo, atinge o consumidor em casa, no momento em que ele está mais vulnerável, criando-lhe necessidade artificial sobre algo de que não precisa, tanto assim que não saiu de casa para procurá-lo.
Para uma melhor compreensão e conhecimento do tema, é importante a conceituação do mesmo, com a visão doutrinária e legal sobre o assunto, conforme segue abaixo, no item subsequente.
1.1 Do Conceito De Comércio Eletrônico
Para o melhor entendimento de como o comércio eletrônico se origina e como se desenvolve no ordenamento jurídico brasileiro, é importante salientar, a princípio, uma breve conceituação do tema, com base na doutrina e legislação.
De início, é importante destacar que o comércio eletrônico se caracteriza como a livre oferta de produtos através da internet, produtos estes que são vendidos por meio de páginas eletrônicas (websites), onde o comprador (consumidor) tem acesso e pode selecionar os produtos que deseja, no conforto de sua casa ou local de sua prioridade, obtendo o que comprar, posteriormente, por meio de empresas que prestam o serviço de logística e entrega.
Com relação ao comércio eletrônico, deveras necessário ressaltar que o Decreto n. 7.962, de 15 de março de 2013, baixado pela então Presidente da República, Dilma Rousseff, fixou uma série de regras para o comércio eletrônico em território nacional. As normas são bastante abrangentes, regulamentando aspectos contratuais, pré e pós-contratuais, questões relativas ao arrependimento, as ofertas para compras coletivas etc. Ver-se-á que vários aspectos já estão regulados pelo Código de Defesa do Consumidor, mas a especificação via decreto presidencial foi muito bem-vinda, pois eliminou algumas dúvidas existentes até então[footnoteRef:8]. [8: NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 12º ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. p. 462.] 
Segundo VENETIANER[footnoteRef:9], o Comércio eletrônico pode ser conceituado como o conjunto de todas as transações comerciais efetuadas por uma firma ou empresa específica, com o intuito de atender, de maneira direta ou indireta, um determinado nicho de clientes/consumidores, utilizando-se das facilidades de comunicação e de transferência de dados proporcionada pela internet. [9: VENETIANER, Tom. Fundamentos do comércio eletrônico. In: Como vender seu peixe na Internet. 4. ed. Rio de Janeiro. Editora Campus, 2000. p. 207.] 
Do comércio eletrônico, advém o contrato eletrônico. Para CAVALIERI FILHO[footnoteRef:10], “os contratos eletrônicos são a superação da massificação dos contratos”. Ainda segundo o autor, dentre as muitas vantagens oferecidas pelo comércio eletrônico, merecem destaque a comunicação em tempo real com qualquer parte do mundo e a drástica redução dos custos das transações, ante a natureza do serviço prestado. Nesse sentido, a instalação de um website permite que o mesmo seja visto de qualquer parte do mundo, possibilitando um contrato rápido, com custo baixo e com a negociação em tempo real. A publicidade chega à casa do consumidor, as condições gerais da contratação estão inseridas nas páginas web e a aceitação pode ser feita mediante um simples clique com o mouse. [10: CAVALIERI FILHO, Sergio. Op. Cit., 2019. p. 307-308.] 
Em suma, o comércio eletrônico se torna um importante facilitador para a compra e venda de produtos (via internet), sendo que a sua agilidade, praticidade e eficiência colaboram com a sua expansão que ocorre ano a ano. Todavia, é necessário ter a consciência de que essa modalidade de consumo, não está imune as diversas problemáticas que podem ocorrer entre fornecedor e consumidor, as quais requerem a devida atenção da legislação consumerista e cível.
1.2 Evolução Histórica Da Proteção Do Consumidor No Brasil
Segundo a Constituição Federal, artigo 5º, inciso XXXII, “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Todavia, até a formação dessa premissa constitucional que protege as relações consumeristas, é significativo compreendermos qual foi a evolução histórica da proteção do consumidor no Brasil.
Destaca-se primeiramente, que: 
[...] inúmeros foram os conflitos surgidos ao longo da história do Código de Defesa do Consumidor nacional, não apenas os decorrentes das definições de consumidor (em sentido estrito ou por equiparação), mas também oriundos dos conceitos de fornecedor, de produto e de serviço.[footnoteRef:11] [11: BOLZAN DE ALMEIDA, Fabrício. Direito do consumidor esquematizado; coordenação de Pedro Lenza. 7ª ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 58.] 
No início do século XX, vícios e defeitos de produtos e serviços começaram a se tornar recorrentes no novo modelo de sociedade apresentado. No ponto: 
[...] cumpre destacar inicialmente que o Direito da época não estava “apto” a proteger a parte mais fraca da relação jurídica de consumo, pois, no Brasil, por exemplo, a legislação aplicável na ocasião era o Código Civil de 1916, que foi elaborado para disciplinar relações individualizadas, e não para tutelar aquelas oriundas da demanda coletiva, como ocorre nas relações consumeristas.[footnoteRef:12] [12: BOLZAN DE ALMEIDA, Fabrício. Ibidem. p. 36.] 
Anteriormente a elaboração da Constituição Federal de 1988, o instituto da defesa do consumidor no Brasil já teve um marco de desenvolvimento com a edição da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), com a intenção de tutelar os interesses difusos da sociedade como um todo. Nesse ano ainda, foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, que foi um dos pilares para a organização do Código de Defesa do Consumidor.
O Brasil, foi um dos pioneiros na codificação do assunto, com a elaboração do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, seguindo como inspiração e exemplo para algumas leis consumeristas espanholas, francesa, mexicanas, portuguesas, canadenses e portuguesas.
Segundo BOLZAN DE ALMEIDA[footnoteRef:13], a introdução do Código de Defesa do Consumidor em nosso ordenamento jurídico possui 2 (duas) inspirações históricas e necessidades contemporâneas. Extrai-se de sua obra: [13: BOLZAN DE ALMEIDA, Fabrício. Op. Cit., 2019. p. 40.] 
Em relação à introdução filosófica de proteção ao mais fraco, cumpre destacar que fundamenta os inúmeros princípios e direitos básicos elencados no CDC, na medida em que tais institutos buscam conferir direitos ao vulnerável da relação — o consumidor — e impor deveres à parte mais forte — o fornecedor —, como forma de reequilibrar uma relação que nasce desigual. 
Já a introdução socioeconômica do Direito do Consumidor leva em consideração não apenas aspectos históricos como a quebra de ideologias, por exemplo a de Adam Smith de que o consumidor seria o rei do mercado, mas também questões do mundo contemporâneo, como as recorrentes práticas abusivas de alguns setores do mercado econômico.
Vê-se, portanto, que a história do direito do consumidor é recente em nosso ordenamento jurídico, porém, o seu progresso foi abrangente e rápido, fazendo com que nosso país seja uma das referências, nos dias atuais, quando se trata do assunto de proteção do consumidor, nas relaçõesconsumeristas.
1.3 As Desvantagens Do Comércio Eletrônico Para O Consumidor
Muito embora sejam inúmeras as vantagens da ampliação do comércio eletrônico no nosso país, é preciso também destacar algumas desvantagens pertinentes a esse tipo específico de relação de consumo.
Dentre as desvantagens do comércio eletrônico para o consumidor podemos mencionar, por exemplo: eventuais atrasos na entrega dos produtos; danificação dos próprios; enganos na hora de escolher o objeto (o que pode gerar o arrependimento seguinte, e a vontade de troca do mesmo, ou até o desejo de receber o reembolso do valor pago); a certa vulnerabilidade acentuada do consumidor, pois o mesmo também está à mercê do ataque de hackers que podem roubar seus dados bancários.
Mais uma questão que produz bastante suspeita do consumidor nesse tipo de comercialização é a confiabilidade do fornecedor que disponibiliza os produtos à venda nos websites. Apesar de serem inúmeras as plataformas que avaliam a qualidade do atendimento, do produto, e se este de fato é entregue e condiz com o que foi anunciado, mesmo assim existe o risco do produto adquirido não chegar na residência de quem efetuou a compra. E de inclusive não saber o paradeiro do seu dinheiro e por consequência ocorrer a não devolução do mesmo, tendo em vista a existência de excessivos anúncios fraudulentos.
Nesse sentido, outra questão peculiar é trazida pelo autor BOLZAN DE ALMEIDA[footnoteRef:14], qual seja, a problemática que pode ocorrer nos chamados sites de compra coletiva, como o “Peixe Urbano” e o “Groupon”: [14: BOLZAN DE ALMEIDA, Fabrício. Direito do consumidor esquematizado. Coordenação de Pedro Lenza. 7ª ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 315.] 
Outro tema relevante da atualidade envolve os sites de compras coletivas, como “Peixe Urbano” e “Groupon”, que vinculam a compra de determinado número de produtos ou contratação de serviços para baixar em muito o valor do bem de consumo. 
A prestação de tal serviço via internet vem causando verdadeira “febre” de consumo e transformou-se num excelente instrumento de divulgação para os fornecedores que, diminuindo seus preços em razão da alta procura de consumidores que aderem a tais práticas comerciais, acabam por apresentar seus produtos/serviços a um número grande de pessoas. 
Mas danos inúmeros vêm ocorrendo em razão dessas práticas. O mais comum consiste na situação de o consumidor chegar a um restaurante, por exemplo, e não poder ser atendido em razão do considerável número de clientes presentes naquele dia e da consequente recusa do fornecedor em aceitar o voucher emitido em virtude da compra coletiva. (Grifou-se)
Por fim, quanto ao direito de arrependimento nas compras por meio do comércio eletrônico, CAVALIERI FILHO[footnoteRef:15] pontua que: [15: CAVALIERI FILHO, Sergio. Op. Cit., 2019. p. 308-309.] 
Prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento no sentido de ser aplicável aos contratos celebrados via Internet o prazo de arrependimento (sete dias) previsto no art. 49 do CDC. [...] O consumidor, nessas condições, possui menor possibilidade de avaliar o que está contratando.
Para um melhor esclarecimento, esse direito do consumidor será explorado de forma mais abrangente no próximo capítulo.
2 NORMAS DE PROTEÇÃO EXTENSIVA AO COMÉRCIO ELETRÔNICO
Atualmente o serviço de compras virtual, cresce gradativamente, segundo os dados da Associação Brasileira do Comércio Eletrônico e com o decorrer dos anos a tendência é aumentar.
Este aumento, é decorrente ao número maior de pessoas com acesso à internet e também com a confiança dos consumidores a este tipo de compra.
Existe uma proteção ao consumidor, por meio do Código de Defesa do Consumidor, nele inclui-se todas as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, desde que sejam as destinatárias finais do produto ou serviço.
No momento em que há celebração do contrato com o site responsável pela venda, gera-se uma obrigação de cumprimento do contrato consagrado entre o vendedor virtual e o consumidor. Em caso de descumprimento contratual, ou seja, o não cumprimento da data correta de entrega do produto, a existência do produto, defeito, entre outros, é importante destacar que tais desobediências infringem, uma obrigação do fornecedor prevista no Código De Defesa do Consumidor.
2.1 Prazos De Entrega
O código de Defesa do Consumidor, garante a proteção do consumidor em relação ao prazo de entregas e qualquer outro vício que a compra possa ter.
É importante ressaltar que o fornecedor do produto ou do serviço é altamente responsável pela sua publicidade, oferta, informações, publicidades veiculadas, ou seja, devem ser claras e precisas e o que for informado ali, deverá ser cumprido seja em um contrato ou uma venda.
O Código De Defesa do Consumidor, em seu artigo 31, fala que essa propaganda deve conter informações claras e corretas em relação á características, qualidade, estado do bem, garantias, prazos, riscos à saúde dentre outros.
A loja em vendas online, deve mostrar corretamente o prazo de entrega do produto para que o consumidor possa se organizar para o recebimento do produto.
Geralmente o prazo dado pelos fornecedores é contado em dias úteis, sendo assim cabe também ao consumidor analisar antes mesmo de adquirir tal produto para que não haja transtornos de recebimento. É possível que mesmo assim o fornecedor não cumpra o prazo prometido pela publicidade.
No código de defesa do consumidor, mais precisamente no Art. 49, ressalta que, quando o contrato de consumo for estabelecido fora do estabelecimento comercial ou seja, pela internet, o consumidor tem o direito de desistir do negócio em sete (7) dias, contados a partir do recebimento do produto ou da assinatura do contrato.
2.2 Troca De Produtos
Caso o produto venha com um defeito aparente, isto é, que pode ser constatado com facilidade, o consumidor pode solicitar a troca diretamente á loja, fabricante ou assistência técnica.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, os prazos para que reclame dos defeitos aparentes de fácil constatação são de 30 dias para produtos não duráveis e 90 dias para produtos duráveis.
Se o produto veio com um defeito oculto, um defeito que não seja constatado de imediato e que surge no decorrer da utilização do mesmo, os prazos são de 30 dias para produtos não duráveis e de 90 dias para produtos duráveis, a partir da data em que o defeito é detectado pelo consumidor.
Alguns produtos são considerados essenciais e com isso podem ser trocados de imediato caso haja uma identificação do defeito de fabricação, são eles, tvs, geladeiras, máquinas de lavar e fogões. Nessas situações não é exigido que se espere o prazo estipulado de 30 dias para reparo, assim que for constatado o defeito o fornecedor deve trocar o produto ou devolver a quantia paga imediatamente.
2.3 Garantia De Produtos
A garantia dos produtos são preocupações assíduas do consumidor nas compras de qualquer produto.
A garantia legal está prevista no Art. 26, do Código de Defesa do Consumidor, correspondendo á 30 Dias para produtos não duráveis, como alimentos, bebidas dentre outros. 90 dias para os produtos duráveis, como carros, celulares, computadores.
Garantia Contratual, não é obrigatória, é uma garantia automática fornecida pelo fabricante, com prazos prolongados ao de garantia legal, geralmente essa garantia é uma forma do fornecedor dar credibilidade ao seu produto e fidelizar seu cliente.
Garantia Estendida, na realidade é um seguro fornecido, com a venda do produto, sendo ela paga para ser obtida, o consumidor compra um produto já com a garantia legal e provavelmente contratual e opta por adquirir um seguro para estender eventual problema que possa surgir.
Garantia não cobre acidentes ou eventuais acontecimentos, muitos consumidores confundem a garantia com o seguro e acreditam que a loja ou fornecedor tem a obrigação de realizar a troca ou indenização do produto obtido.
Sendo assim, a garantia, segundo a legislação, é oferecida para defeitos de fabricação e não indeniza acidentes, oumau uso do produto pelo consumidor.
2.4 Propaganda Enganosa
A propaganda enganosa é considerada um crime previsto no Art.37 do Código de Defesa Do Consumidor. A publicidade enganosa é aquela que leva o consumidor ao erro, mostrando ofertas ou veiculando informações falsas que podem ser tentadoras para o consumidor.
A propaganda enganosa, omite inúmeros dados sobre o produto que é oferecido e veiculado nas redes, exibindo dados falsos, características, qualidade, quantidade, origem, preço, e algumas vezes o produto mostrado nem existe. Essa é uma preocupação da maioria dos consumidores que fazem suas compras online.
Cada caso de propaganda enganosa é analisado, pois o Código de Defesa do Consumidor não é definitivo, quanto às suas regras para estas situações, neste caso são analisados individualmente para tomar as devidas providencias, dependendo da avaliação de um Juiz.
A maioria das situações ocorrem quando a propaganda tem um valor do produto abaixo do valor do mercado, que chega ser absurdo e acaba induzindo o consumidor ao erro.
As consequências da propaganda enganosa, são consideradas crimes, e podem ser denunciadas ao Procon ou denunciadas para outros órgãos de proteção ao consumidor.
2.5 Direito Do Arrependimento
Muitas vezes, compramos um produto e quando o recebemos, podemos ter a sensação de arrependimento, seja ele por motivo de que não precisava ou que o produto não foi esperado da maneira que imaginávamos, e com essas questões pensamos se é possível a devolução e o recebimento do valor pago de volta,
No art.49 do Código de Defesa Do Consumidor deixa bem explicito, que:
Art. 49 - O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Esta lei se aplica em caso de compras online ou por telefone, pelo fato de não de não obter contato direto com o produto confiando na propaganda e sendo levado ao engano. O consumidor terá seu ressarcimento integral dos valores e também não poderá ser cobrado nenhum tipo de taxa extra para devolução do produto.
Vale ressaltar que mesmo passando o prazo para o Direito do Arrependimento ser aplicado, o consumidor tem direito a revisão ou cancelamento da compra, caso tenha sido comprovado algum tipo de prática abusiva proibida, por parte do fornecedor dos serviços.
3 AS QUESTÕES DOS GUICHÊS ONLINE NAS LOJAS FÍSICAS
Frequentemente, consumidores buscam atendimentos de qualidade, na maioria das vezes, para sanar uma dúvida ou resolver algum problema. Mediante a isso, o bom atendimento é avaliado não somente pela postura do atendente, mas também pela capacidade de remediar determinada dificuldade. Pretendendo estar cada vez mais próximo do consumidor, comércios de grandes portes investiram em totens de autoatendimento, mais conhecidos como “guichês online”. 
No Brasil, as alterações começaram há três anos e, agora, chega às redes de mercados, lojas e fast foods, estando totalmente integrados a esse padrão - um modelo internacional. Ao entrar no estabelecimento, a novidade é logo observada. Os totens de autoatendimento são fundamentais hoje nas lojas físicas, na qual o cliente escolhe seu pedido em uma tela touch e faz o pagamento no próprio guichê. Só precisa se dirigir ao caixa se escolher a opção em dinheiro. Inclusivamente, existem outros totens de atendimento, na qual os consumidores poderão esclarecer dúvidas em tempo real, diretamente com uma equipe especializada, via chat, chamada de vídeo ou de voz.
O artigo 6º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe sobre os direitos básicos do consumidor. Um deles são a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral, adentrando a esse importante aspecto, observamos que os comerciantes, ao colocarem esse guichê dentro de uma loja física, respectivo à compra online, de certa forma, burlam o Código de Defesa do Consumidor. 
Nocivamente eles mesclaram loja física, mas o cliente quando chega, tem a opção de comprar ali no guichê com o funcionário, resguardando a entrega a domicílio. Aos entendimentos dos tribunais, é que esse tipo de compra é entre ausentes, apesar de ser uma loja física. 
Entretanto, a maioria dos comerciantes disponibilizam padrões de serviços de qualidade nos contratos, porém, poucos consumidores se atentam a isso quando buscam devido atendimento. Logo, cabe aos comerciantes estarem cientes desses detalhes contratuais.
3.1 Requisitos Ensejadores Da Compra Entre Ausentes
Antes de nos aprofundarmos no entendimento jurídico, na qual menção se faz necessária. Veremos o que diferem as relações contratuais uma da outra, que é a sua formalização, como iniciou essa relação jurídica, e seus requisitos de admissibilidades. De acordo com os artigos 421 e 425 do Código Civil. Assim podemos identificar se esta relação está regrada pelos valores e normais do Contrato Convencional, que se perfaz pela autonomia da vontade de forma bilateral, ou pluralidade de partes. Estando presentes os princípios que norteiam os contratos entre presentes e entre ausentes, conforme os requisitos tipificados no artigo 104, inciso, I, II III, do Código Civil, que determina a validade dos contratos.
Institui o Código Civil:
Art. 104”. A validade do negócio jurídico requer:
I - a gente capaz;
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
lII - “forma prescrita ou não defesa em lei.” (CÓDIGO CIVIL, 2002).
O contrato eletrônico é uma relação jurídica a qual está inteiramente regrada pelas normas do contrato convencional, pois esse mecanismo ainda não existe normatização especifica para regelo. Sua característica esta relacionada na diversidade a qual a sociedade introduziu os mecanismos eletrônicos, advindo do avanço da tecnologia. 
Seus requisitos de validade estão tipificados no artigo 104 Código Civil e seus incisos, que nesta consonância se sustenta pelos demais existentes que dão eficácia jurídica ao negócio celebrado. Sendo assim o que espera da relação contratual é a forma valida, considerada eficaz e valida entre as partes entre presentes ou ausentes. Salvo os contratos que são tipificados como atípicos, por serem regidos por outras leis, estes encontramos amparo no Código de defesa do Consumidor, pois determina e regulariza a forma valida dos contratos de consumo ou serviço. 
Resta claro, que a relação jurídica que está sendo tutelada, contudo, se perfaz pela vontade de ambos as partes que por sua vez a manifestação de vontade traz uma coercibilidade entre as partes envolvidas manifestando a livre vontade de contratar de forma consensual, atribuindo a boa fé e obedecendo a força probante dos contratos. 
A validade probatória da relação jurídica, qual a compra é realizada entre ausentes, através da Web Page e meios de serviços eletrônicos inteligentes.
Em seus requisitos, norteiam alguns princípios na qual tem uma enorme força de orientação no Direito contratual, tais como autonomia da vontade, a supremacia da ordem pública, o consensualismo, a relatividade dos contratos, a força obrigatória, a onerosidade excessiva e a boa-fé. Em suma, os princípios que norteiam os ensejos na compra entre ausentes são:
(A) Identificação: para que um contrato eletrônico seja válido, os signatários devem estar previamente identificados;
(B) Autenticação: as assinaturas eletrônicas das partes devem ser autenticadas por entidades capazes de confirmar a identificação das partes;
(C) Impedimentos de Rejeição: as partes não podem alegar invalidade do contrato, alegando que este foi celebrado por via eletrônica;
(D) Verificação: os contratos devem ficar armazenados em meio eletrônico, possibilitando uma verificação futura;
(E) Privacidade;
(F) Princípio da equivalência funcional dos contratos realizados em meios eletrônicos com os contratos realizados por meios tradicionais: Não deve ser negada validade a um contrato pelo simples fato de ter sido realizado em ambiente virtual. Essaequiparação visa adotar os documentos eletrônicos da mesma validade das mensagens escritas, verbais ou tácitas. Dispõe o art. 3º do Projeto de Lei 1589/99 da OAB/SP que “o simples fato de ser realizada por meio eletrônico não sujeitará a oferta de bens, serviços e informações a qualquer tipo de autorização prévia”. O que se pretende, em suma, com a adoção do princípio da equivalência funcional é a garantia de que, aos contratos realizados em meio eletrônico, serão reconhecidos os mesmos efeitos jurídicos e conferidos aos contratos realizados por escrito ou verbalmente.
(G) Princípio da Conservação e aplicação das normas jurídicas existentes aos contratos eletrônicos: Os elementos essenciais do negócio jurídico, consentimento e objeto, bem como suas manifestações e defeitos, além da sua própria tipologia contratual preexistente, não sofrem alteração significativa quando o vínculo jurídico é estabelecido na esfera do comércio eletrônico. Em observância ao princípio da conservação, as normas e os princípios geral reguladores do direito contratual continuarão sendo aplicados aos contratos eletrônicos.
(H) Princípio da Boa Fé Objetiva: Com o advento da Constituição Federal de 1988 e do Código de Defesa do Consumidor, a boa-fé objetiva pode ser traduzida como proibição das práticas contratuais abusivas, da revisão do contrato por onerosidade excessiva, da proteção da parte vulnerável no contrato. Trata-se de princípio orientador de interpretação dos contratos. Os contratos eletrônicos realizados via Internet ainda não se encontram regulamentados por lei no Brasil. Trata-se de uma nova forma de contrato que, dada à vulnerabilidade do mundo virtual, expõe os contratantes a riscos e possibilita os mais variados tipos de fraudes. Sendo assim, a aplicação do princípio da boa fé objetiva ganha relevo especial neste tipo de contratação, que exige o máximo de lealdade e honestidade das partes, desde a pré contratualidade, na execução, e até mesmo, após a execução do contrato, quando, por exemplo, deve-se continuar guardando sigilo sobre os dados pessoais fornecidos via Internet. Sendo assim, pode-se afirmar que dentre os princípios fundamentais do direito contratual aplicáveis também aos contratos eletrônicos, o princípio da boa-fé objetiva desponta como princípio vital do sistema, justamente porque, na falta de legislação específica a regular as contratações em meio eletrônico, a boa-fé, revestida das funções acima delineadas, recobre-se de ampla condição de correção de abusos e injustiças, ganhando a segurança das relações jurídicas contratuais. (ELIAS, 2008)
A possibilidade de contratação entre ausentes se norteia na comunicação interpessoal, sendo celebrados pela comodidade da transmissão eletrônica. Na internet se produz um processo especial de contratação, dominado on-line, assemelhando-se a compra e venda entre ausentes. 
Tais contratos podem ser propostos por entre troca de mensagens por aplicativos, site e etc., sem a garantia de haver uma comunicação simultânea, identificando a figura do proponente. Ainda que a contratação venha a ser solicitada por meio de transmissão de dados, mediante o oferecimento de propostas na própria homepage, e a correspondente aceitação da outra parte, que pode ser expressa, por exemplo, através do pressionamento do botão “aceito” (send), que aparece na tela do computador.
Essa é uma opção na qual é utilizada principalmente em relações consumo, equiparando-se aos contratos de adesão para fins de direito. O fato, é que a compra entre ausentes, apesar de ser um pouco complexa em diversas vezes, nos traz uma benéfica comodidade. 
Hoje é comum o credenciamento de fabricantes de determinados produtos, junto aos grandes varejistas, para que tais produtos sejam fornecidos a esses, tais contratos não são apenas celebrados eletronicamente como também são executados dessa forma.
É relativamente crescente a quantidade de produtos e serviços ensejados nessa compra, da qual são interessantes exemplos à prestação de serviços de informação (por sites e aplicativos no telefone celular). 
O Comércio eletrônico, ou E-Commerce, se caracteriza no âmbito entre ausentes, sendo assim, todas as formas de transação relativas a atividades comerciais, porém, toda feita via transmissão e recepção de dados, característica única da Internet. 
Através do E-Commerce é possível que uma pessoa, usando um computador em uma localidade qualquer do mundo, possa comprar qualquer coisa em outra localidade, por meio de uma conexão à Internet, com as constantes inovações em hardware e software, foi criada uma grande novidade no conceito de Comércio Eletrônico, que são as “lojas virtuais”, onde o consumidor escolhe, no próprio site da loja, o que quer comprar, fornece o número do cartão de crédito ou imprime um boleto para pagamento em banco, e pronto, a compra está feita como numa loja comum. 
A falta de tempo ou qualquer outro motivo nos traz a praticidade de realizarmos as devidas compras, como por exemplo: Um consumidor brasileiro pode visitar uma livraria europeia, adentrando o jus da leitura competente para sua residência, ocorrendo por um mero “clique” do usuário, aceitando as devidas cláusulas do fornecedor em cumprir ou não a ordem expedida. 
Portanto, é necessário determinar o tempo para aceitar a oferta, o que indicará a localização do proponente (nesse caso, não importa se é um contrato eletrônico). Ao definir o momento, algumas teorias coexistem, refere-se à definição:
 
São elas: (a) teoria da informação ou conhecimento – o contrato se forma no momento em que a aceitação chega ao conhecimento do proponente e no lugar em que então este se encontra; (b) teoria da declaração – o contrato se forma no momento e no lugar em que o oblato declara aceitar a oferta; (c) teoria da expedição ou emissão – o contrato se forma no momento e lugar em que a aceitação é enviada ao proponente; e (d) teoria da recepção – o contrato se forma no lugar em que a aceitação é recebida pelo proponente. O Código Civil (art. 428) estabeleceu um critério misto de verificação da aceitação da proposta entre ausentes. Considera-se aceita: no caso de proposta com prazo determinado, a partir da expedição da aceitação (teoria da expedição); ou, no caso de não haver um prazo fixado, chegar à resposta afirmativa ao proponente dentro de um período de tempo razoável (teoria da recepção). [footnoteRef:16] [16: COELHO, Fábio Ulhôa; ALMEIDA, Marcus Elidius Michelli de. Teorias coexistentes do contrato eletrônico. Enciclopédia Jurídica da PUCSP (Direito Comercial) São Paulo 2018, pg. 11.] 
Mediante ao exposto, o Código Civil (art. 428) instituiu um critério misto de verificação da aceitação da proposta entre ausentes. Elencado a isso, no momento de formação do contrato eletrônico e o dever de confirmação e de recebimento a aceitação à oferta entre ausentes, se destaca a referência basilar da disciplina contratual eletrônica celebrada, assegurada a rigor pelo art. 434 do Código Civil, segundo a qual o contrato entre ausentes se forma, no momento em que a aceitação é expedida. 
Assim sendo, uma vez determinado o momento da expedição da aceitação no caso de proposta com prazo determinado, ou no momento da recepção pelo proponente da aceitação, nos casos de prazo não fixado em período razoável, ter-se-á determinado o momento da formação do vínculo contratual. Como consequência, verifica-se o local da residência do proponente para fins de identificação da lei aplicável nos contratos entre ausentes. [footnoteRef:17] [17: COELHO, Fábio Ulhôa; ALMEIDA, Marcus Elidius Michelli de. Teoria da expedição e recepção aplicável na lei dos contratos entre ausentes. Enciclopédia Jurídica da PUCSP (Direito Comercial) São Paulo 2018, pg. 11.] 
Dentre todos esses fatos, ainda é válido ressaltar o tratamento que o Código de Defesa do Consumidor abrange a compra entre ausentes. O requisito da compra entre ausentes é não ter o produto em mãos, visando apenas produto por meios eletrônicos, por sua vez, do outro lado, tem um funcionário, que também por meio eletrônico,inicia suas vendas e apresenta com clareza os produtos, conforme exige o código do consumidor. Porém, o consumidor, experimenta o produto, conforme seus padrões, não sabendo se está apto o suficiente para uso. 
Com tudo, o direito do arrependimento se torna uma das maiores bases na compra entre ausentes, quando no mais, o consumidor possui a viabilidade de arrepender-se de sua respectiva compra, podendo então requerer a devolução do produto se eximindo de que ônus. Conforme determina o Artigo 49 do Código do consumidor: 
Artigo 49 - “O consumidor pode desistir do” contrato, no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. “Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. (DECRETO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO - Decreto 7.962/13).
Entretanto, de acordo com a lei é admissível que os consumidores solicitem a devolução de produtos e serviços dentro do prazo de 07 (sete) dias após a assinatura do contrato ou recebimento do mesmo, após esse prazo, a menos que o fornecedor permita, não há direito a arrependimento.
3.2 Requisitos Caracterizadores Da Compra Entre Presentes
Advindo da telefonia e, principalmente das comunicações eletrônicas, o conceito de comunicação entre presentes obteve uma nova caracterização. Sobretudo, não estar presente fisicamente pode ser condições para contratações entre presente, toda via a coincidência dessa comunicação, de forma em que as partes estejam a quilômetros de distância. 
A contratação intersistêmica[footnoteRef:18], onde existe uma pré programação de comandos de aceitação das propostas sem a interferência, naquele momento, é considerada a necessidade de existência de um contrato prévio na qual se define regras aplicáveis a cada nova contratação. Mediante ao ponto de vista de simultaneidade, a comunicação intersistêmica concluiria uma contratação entre presentes. [18: Contratação intersistêmica: São utilizados entre as empresas para as reações comerciais de atacado, caracterizando-se primordialmente pelo fato de a comunicação entre as partes contratantes operar-se em redes fechadas de comunicação, através de sistemas aplicativos previamente programados.] 
Contudo, a definição do ponto de constituição da obrigação deverá ser averiguada sob o prisma do contrato efetuado entre as partes. Não existindo contrato anterior, ou, ainda que existente, nada disponha a respeito (possibilidade quase inexistente, considerando a alta complexidade desse tipo de relação jurídica), o local de constituição da obrigação deve ser analisado à luz das regras comuns de direito, para fins de definição da lei aplicável. 
Nos contratos interativos, mesmo que as ordens provenientes sejam totalmente automatizadas e pré-programadas, na referida oferta do produto, ou no que se refere à resposta de retorno quanto ao reconhecimento da aceita pelo contratante, verifica todas as condições ofertadas e emite a sua aceitação. Contudo, para os sites interativos que norteiam suas atividades a um local específico, pode considerar sua residência lógica na atual localidade, aplicando a legislação na qual irá reger as transações decorrentes da interação como referido site. 
Caracteriza-se a contratação entre presentes, o local da proposta, na qual coincide com o da celebração do contrato, portanto a lei aplicável a relação jurídica é firmada por partes. Os fornecedores celebram previamente um contrato escrito com seus clientes comerciais, após habituais negociações. Os computadores dos contratantes são então programados para formular as requisições eletrônicas, visando à execução contratual, ou seja, máquinas são previamente programadas para atender aos interesses dos contratantes. 
A maior ou menor demanda pelo mercado consumerista determinará, em consequência, o volume de componentes ou partes (lanternas, lâmpadas, pneus, baterias, volantes, parafusos etc.) a serem adquiridos pela montadora, bem como de produtos (sabão em pó, biscoito, vinho etc.) a serem comprados pelo supermercado. Os produtos acima mencionados são bens tangíveis, físicos, que podem ser vistos e tocados. Eles serão objeto de recebimento físico pelo adquirente. 
Contudo, apenas uma parte da execução se dá de forma eletrônica. Esses contratos, consequentemente celebrados por via tradicional, não haverá dificuldades de identificação no momento e o local de sua formação. 
A manifestação de vontade dos contratantes – oferta e aceitação- se dá por meio de transmissão eletrônicas de dados, enquanto o registro das respectivas transações ocorre por meio virtual. Essa espécie de contrato pode ser considerada mais eletrônica que a anterior, pois o contrato é eletrônico desde sua formação em sem nascedouro. 
Contudo, os requisitos que caracterizam uma compra entre presentes, é o fato de comunicação entre as partes contratantes, operando em fechadas redes, em meio de sistemas aplicativos previamente programados. Logo, a forma de oferta e aceitação, abrange também pessoas que negociam diretamente no ambiente através de procuradores com poderes expressos, por telefone, ou outro meio similar.
3.3 Guichês Em Loja Física, Porém, Compra Online.
Imaginem entrar em uma loja, escolher produtos, comprar e muita das vezes receber em domicílio? Pois é, os guide shops e os totens de atendimentos (o famoso guichê online) vêm ganhando um enorme espaço no mercado. O comércio físico anda fazendo apostas em novos conceitos online, onde os clientes são atendidos, provam a mercadoria e na hora de pagar, fazem a compra pelo site, recebendo a mercadoria em casa dentro de horas ou alguns dias. Outras redes de fast foods e mercados, também apostam nesses guichês, retomando o bom atendimento sem muitas filas. 
No Rio de Janeiro, restaurantes como “Jeronimoburguer” e “McDonalds” já possuem em suas lojas físicas esse autoatendimento, os clientes escolhem o seu lanche pelo totens, e se o pagamento for pago em cartão, finalizam ali mesmo, só se direcionam ao caixa se for pagamento em dinheiro. Já nos mercados, os consumidores passam suas compras e efetivam o pagamento por cartão de crédito ou débito.
Já as chamadas guide shops estão ganhando espaço e ajudando e-commerces[footnoteRef:19], aumentando suas vendas. Para o coordenador do centro de excelência em varejo da Escola de Administração e Economia da FGV-SP, Maurício Morgado, o modelo é indicado para quem quer expandir os negócios sem um grande investimento. "O principal custo de uma loja física é o estoque. Nesse modelo, como a loja funciona apenas como mostruário, o empreendedor economiza bastante.” Só em São Paulo são 10 lojas, em shoppings como o Higienópolis. "O brasileiro ainda tem receio de lojas online. Com a loja física, a marca ganha mais credibilidade", justifica o CEO da loja Amaro, Dominique Oliver. (ESTADÃO, 2019). [19: E-commerce é a abreviação em inglês de eletronic commerce, que significa "comércio eletrônico" em português. O e-commerce é um modelo de comércio que utiliza como base plataformas eletrônicas, como computadores, smartphones, tabletes e etc. Basicamente, trata-se de todo tipo de comercialização de bens comerciais através de dispositivos eletrônicos.] 
Inúmeros artigos exaltam os privilégios do comércio eletrônico. Um dos mais renomados fatos é poder contar com a efetuação de uma loja de custo benefício, “aberta” por 24 horas com grande relevância, abrangendo grande diversidade, na qual leva empreendedores a apostarem nesse conceito de negócio. Nos formatos, loja física e virtual, distinguem-se muitos aspectos, vale ressaltar que eles também apresentam muita coisa em comum. 
O atendimento ao cliente se tornou um assunto bem discutido nos dias atuais já que, em ambos os casos, o consumidor pode quebrar o período decompra se o comerciante não realizar um atendimento com êxito e clareza na apresentação da mercadoria. Uma das condições na qual é muito demandada e precisa ser muito investida em ambos os comércios é a segurança, seja no ponto de venda ou em recursos nas quais asseguram a inviolabilidade de dados dos clientes nas compras online, pois o risco de fraude é muito alto, por isso, é preciso que haja um investimento na proteção. 
O mais importante a se ressaltar, é que o Código de Defesa do Consumidor garante todos os direitos dos clientes que efetuam as compras na loja física e também na virtual. 
Porém, o que mais atenta em meio às compras, são os consumidores nas quais desistem da compra. De acordo com o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, o consumidor tem até sete dias para se manifestar se desistir da compra, a fim de ser ressarcido monetariamente. Hipótese na qual, só é considerada a desistência quando as negociações intercorrem fora da loja física, pois no estabelecimento físico o consumidor tem a preferência de adquirir o produto “ao vivo”, diferentemente das compras intercorridas via internet. 
Precisamente, temos que averiguar esse fato a todo o momento, pois esse tipo de situação é recorrente nos estabelecimentos físicos, como também no comércio eletrônico. Vale ressaltar que o comerciante pode cobrar um valor diferenciado na loja virtual e outro na loja física, a prática não é ilegal. De acordo com o artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor: 
A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
 Parágrafo único.  As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, Lei 8.078/90)
Todos os detalhes devem ser apresentados de formas claras, contudo, caso não haja respaldo dentro do código, o consumidor pode devolver o produto. A ausência de dados ou de informações corretas gera situações constrangedoras. Apesar de serem distintos, o estabelecimento físico e o virtual se assemelham em alguns aspectos. Entretanto o direito do consumidor é específico, independentemente do tipo de transação comercial e abrangem ambos os tipos de compra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Este estudo emergiu questões importantes das relações de compra e venda realizadas por meio da internet, abordando tópicos de maior relevância acerca dessas transações. As relações de consumo acompanham a modernização da sociedade, utilizando-se dos meios atuais para promover maior facilidade nas questões cotidianas da vida das pessoas.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Por fim, pode-se observar que o presente estudo abordou importantes questões referentes as variadas formas de relações de consumo existentes no meio eletrônico, demonstrando um pouco sobre as transações on-line de compra e venda e quais tipos de riscos e benefícios estas acarretam ao consumidor.
	O Direito do Consumidor possui dispositivos para garantir a segurança de quem compra, ou seja, da sociedade em geral, de forma a garantir um mercado financeiro mais fortalecido, que supra as necessidades individuais, e seja justo. Permitir a compra e venda segura garante às pessoas o suprimento das suas necessidades básicas, e, na sociedade que vivemos, onde impera o capitalismo, tal segurança faz-se mais que necessária.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Os novos dispositivos da lei, implementados a fim de trazer uma maior segurança jurídica ao consumidor e ao comerciante do mercado de e-commerce, se mostraram ainda em fases de implementação, considerando-se que os casos envolvendo crimes cibernéticos ainda são abordados por poucos, porém, concomitantemente, tem aparecido de forma útil e atuante, o que gera um maior fortalecimento do mercado on-line de compra e venda.
	Os dispositivos legais de defesa do consumidor garantem que haja hegemonia de direitos nas compras realizadas em lojas físicas, assim como em lojas virtuais, de forma que, o consumidor moderno, detém respaldo para poder realizar suas compras à distância, de forma a não descaracterizar as garantias da sua compra, o que, caso não houvesse, seria um empecilho para o advento desta facilidade.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Os dispositivos legais de defesa do consumidor garantem um certo tipo de conforto ao comprador que, sabendo de seus direitos, utiliza-se em maior escala das comodidades e facilidades da compra on-line, certo de que caso haja algum empecilho, este se encontrará respaldado jurídico para sanar qualquer tipo de lesão consumerista.
O consumidor que tem ciência dos seus direitos possui autonomia para pesquisar, comparar, e finalmente comprar produtos, podendo exercer poder de decisão sobre suas próprias necessidades e vontades de consumo. É importante abordar a questão do consumo desenfreado, o chamado consumismo, contudo, haver autonomia para compra é uma questão das mais importantes para o vivenciamento social.	Comment by Letícia Bustilho Gripp: Por fim, entende-se que atualmente o e-commerce tem se mostrado como um meio de realizar transações de consumo de bens e serviços, em sua maior parte, seguro, o que tem levado a uma espécie de consume desenfreado da atual população. Ainda assim, tem se mostrado essencial no atual cenário em que vivemos, uma vez que a tecnologia faz parte do dia a dia de todos, numa economia capitalista que apenas tende a crescer e se atualizar cada vez mais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EURIPIDES, Brito Cunha Junior. Os Contratos eletrônicos e o Novo Código Civil. Brasília, 2002.
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SANEY, Isabela. O que determina o código de defesa do consumidor para as compras online? Escola de E-commerce. 2020. Disponível em: < https://www.google.com.br/amp/s/www.escoladeecommerce.com/artigos/codigo-de-defesa-do-consumidor-compras-online/amp/ >.
SCHREIBER, Anderson, Revista Brasileira de Direito Civil – Volume 1, Rio de Janeiro, 2014.
VENETIANER, Tom. Fundamentos do comércio eletrônico. In: Como vender seu peixe na Internet. 4. ed. Rio de Janeiro. Editora Campus, 2000.

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