Buscar

vantagens e desvantagens dos regimes cambiais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Vantagens e desvantagens dos regimes cambiais 
No século passado, a maioria dos países buscavam manter um regime de câmbio fixo em relação à moeda referência mundial que, desde o final da Segunda Guerra Mundial, passou a ser o dólar americano.
A partir do final da década de 1970, os países foram, paulatinamente, adotando o regime de câmbio flutuante em relação ao dólar. Uma exceção importante é a China, que adota o regime de câmbio fixo. 
Será que o câmbio fixo era bom no século passado? Então, por que a maioria dos países prefere o câmbio flutuante atualmente?
Na verdade, como a Economia nos mostra, sempre que escolhemos alguma coisa, estamos abrindo mão de outras. Ao trocar o regime de câmbio fixo pelo regime de câmbio flutuante, um país está abrindo mão de algumas vantagens para obter outras vantagens. Por outro lado, também está deixando de obter algumas desvantagens para obter outras desvantagens.
Vamos comparar as vantagens e desvantagens dos regimes de câmbio fixo e flutuante.
 
· Principais vantagens e desvantagens de um regime de câmbio fixo
Vantagens:
Uma vantagem importante do regime de câmbio fixo é que ele atua como uma âncora cambial para a inflação. 
Esse foi um dos instrumentos utilizados pelo Plano Real, que fixou a cotação do dólar em um real. Dessa forma, os preços dos bens e serviços cotados em dólar, seja porque eram importados ou porque eram commodities como petróleo ou grãos, mantiveram-se estáveis, auxiliando no controle da inflação brasileira.
Uma outra vantagem do regime de câmbio fixo é diminuir incertezas nas relações comerciais internacionais. 
Um exemplo: os custos do produto de uma empresa brasileira exportadora são, geralmente, em reais. Por outro lado, como ela é exportadora, a sua receita é predominantemente em dólares. Se o dólar subir, certamente, isso engordará os seus lucros. Mas, e se o dólar cair? Ela poderá amargar sérios prejuízos. Se o câmbio for fixo, isto é, se a cotação do dólar for fixa, a empresa sabe exatamente quanto vai receber. 
Desvantagens:
As desvantagens do câmbio fixo estão ligadas, principalmente, às crises internacionais.
No regime de câmbio fixo, o país precisa ter reservas altas de dólares (reservas cambiais), sob pena de sofrer um ataque especulativos à sua moeda caso não tenha essas reservas. 
Podemos citar como exemplo as fortes crises internacionais no final da década de 1990. Em 1997, países da Ásia como a Tailândia e a Malásia, por falta de reserva de dólares, começaram a dar calotes em investidores que haviam comprado os seus títulos. O mesmo aconteceu com a Rússia em 1998. Essa situação assusta os investidores internacionais, que começam a retirar o seu dinheiro de todos os países considerados mais arriscados. Nesse caso, normalmente, eles aplicam o seu dinheiro nos títulos da dívida do governo americano, que, apesar de remunerarem pouco o investidor, apresentam um risco quase inexistente de calote. 
O Brasil era considerado muito arriscado nessa época, pois as suas reservas cambiais não eram muito altas, ou robustas, como os economistas gostam de dizer. Desse modo, cada crise internacional dessa detonava um ataque especulativo à moeda brasileira. Os investidores que estavam aplicando em reais começavam, em massa, a comprar dólares para tirar o seu capital do País. O Banco Central brasileiro era obrigado a vender as suas reservas para manter a cotação do dólar. Isso quer dizer que, para manter o câmbio fixo, é necessário que o país tenha reservas robustas, ou estará sujeito a ataques especulativos. O problema brasileiro, na ocasião, era a necessidade de manter o câmbio fixo por alguns anos, pois essa era uma ferramenta importante de controle da inflação do Plano Real. Esse plano foi implementado em julho de 1994. 
Curiosidade: a China mantém, atualmente, um regime de câmbio fixo, mas não corre nenhum risco de sofrer um ataque especulativo à sua moeda, pois tem mais de três trilhões de dólares em reservas cambiais.
No câmbio fixo, a política monetária (a definição da taxa básica de juros) fica a reboque das reservas cambiais (dólares do país). 
Como vimos na aula 4, atualmente, o Banco Central define a taxa de juros básica do país (Selic) visando alcançar a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário.
Na época do regime de câmbio fixo (que durou de julho de 1994 a janeiro de 1999), a taxa de juros Selic era um instrumento para atrair a aplicação de dólares por parte dos investidores no Brasil. Como a taxa Selic é a taxa por meio da qual a maior parte dos títulos do governo brasileiro remunera o investidor, a cada crise descrita no item anterior, o Banco Central subia, fortemente, a Selic para atrair de volta os dólares que estavam sendo retirados do País.
Só como referência, durante a crise da Rússia, o governo brasileiro chegou a pagar 45% a.a. de juros nos seus títulos. Obviamente, isso deteriorava fortemente as contas do governo, que apresentou déficits primários, como vimos na aula 6. 
· Principais vantagens e desvantagens de um regime de câmbio flutuante
Vantagens:
As reservas cambiais do país são mais protegidas de ataques especulativos. 
Como, no regime de câmbio flutuante, o Banco Central não se compromete a manter uma cotação fixada, ele não é obrigado a vender dólares e queimar reservas se alguma crise detonar uma maior demanda de dólares no mercado. 
A política monetária (definição da taxa de juros) não fica a reboque das reservas cambiais e foca o controle da inflação.
Como o Banco Central, no regime de câmbio flutuante, não queima reservas de dólares para manter determinada cotação, consequentemente, ele não necessita subir a taxa de juros básica do País (Selic) para atrair dólares durante uma crise.
Obs.: presenciamos essa situação em 2018. Tanto a alta de juros nos Estados Unidos, que atraiu dólares para lá, quanto as enormes incertezas eleitorais no Brasil impulsionaram a demanda por dólares no País. Como estamos, desde 1999, no regime de câmbio flutuante sujo, o Banco Central permitiu que a cotação do dólar subisse, atuando no mercado somente o suficiente para que o dólar não tivesse altas ainda mais intensas. A taxa de juros Selic continuou então onde estava (6,5%), mirando a meta da inflação.
Em uma situação semelhante, se estivéssemos em um regime de câmbio fixo, teríamos presenciado o Banco Central implementando uma forte alta na taxa de juros para atrair dólares e manter as suas reservas.
Desvantagens: 
O câmbio flutuante não atua como uma âncora cambial para a inflação. 
O câmbio flutuante ajudará no controle da inflação se o preço do dólar cair (e, com isso, o real valorizar). Caso isso aconteça, os preços cotados em dólares ficarão mais baixos em reais, barateando custos de insumos em dólares e trazendo concorrência de produtos importados mais baratos para o mercado interno. Se, ao contrário, o preço do dólar subir (e, com isso, o real desvalorizar), os importados ou bens cotados em dólar, sejam insumos de produção ou mesmo produtos finais, subirão de preço, pressionando a inflação brasileira.
O câmbio flutuante insere incertezas nas relações comerciais internacionais.
Um empresário que produz no Brasil, mas vende para o mercado externo, tem custos em reais, mas recebe em dólar. Dizemos então que ele tem risco cambial, pois, se o dólar cair, ele pode não conseguir cobrir os seus custos.