Buscar

PDF tcc modelo pedagogia Marilene Pereira da Silva

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA 
 
 
 
 
 
 
 
MARILENE PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA 
 
 
 
 
 
 
MARILENE PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Pedagogia 
como exigência para a obtenção do 
diploma de bacharel em Pedagogia. 
 
Profª MSc. Rita 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na forma impressa 
como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins 
acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, 
S586i Silva, Marilene Pereira da 
A Importância do Lúdico na Educação Infantil [manuscrito] / 
Marilene Pereira da Silva. - 2015. 
49 p. 
 
Digitado. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em PRIMEIRA 
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DO PARFOR EAD) - 
Universidade Estadual da Paraíba, Pró-Reitoria de Ensino Médio, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
 
MARILENE PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de 
Licenciatura em Pedagogia do Curso de Pedagogia da Faculdade Brasil Central – 
FBC. Apresentação ocorrida em / /2013. 
Aprovada pela banca formada pelos professores: 
 
 
 
Profª MSc. 
(Orientadora) 
 
 
 
 
(Examinadora) 
 
 
 
 
Marilene Pereira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha família sem 
o qual seria impossível a conclusão deste 
curso de grande importância para minha 
vida futura. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, primeiramente, pela força, saúde, sabedoria e coragem 
para atingir os objetivos aos quais me propus. 
Minha eterna gratidão e reconhecimento às pessoas cuja contribuição 
tornou-se decisiva para a realização deste trabalho: 
A toda equipe de docentes que constituíram o curso de Licenciatura Plena em 
Pedagogia 
em 2012,na Faculdade Brasil Central - FBC. 
Aos meus colegas de curso pelos momentos que compartilhamos, 
muitos deles felizes e outros tristes, mas o que fica são as boas lembranças. 
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, cooperaram para a concretização. 
desta monografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A educação escolar desde sua origem foi 
um dos instrumentos para naturalizar a 
sociedade de classes. (LUFT, 2000, p. 
119) 
 
 
RESUMO 
 
 
 
Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois estão 
presentes na humanidade desde o seu início. O presente trabalho trata do resgate 
do lúdico como processo educativo na relação ensino-aprendizagem. A mesma foi 
baseada em levantamentos bibliográficos inspirados na observação das atividades 
praticas, presentes no nosso dia a dia em sala de aula. Num enfoque das teorias de 
Piaget, Vygotsky, Bruner, Dieneies e outros, principalmente naqueles que enfatizam 
as atividades lúdicas na relação ensino-aprendizagem. Está implantado na 
E.M.E.F.ANTONIO PEREIRA DE ALMEIDA,sintuada no municio de Santa Rita,tem 
como alvo criança de 7 a 8 ano de idade, um projeto sobre o resgate dos jogos 
infantis, onde são observadas atividades lúdicas numa escola de ensino 
fundamental. Pode-se concluir que apesar do longo tempo de experiência das 
atividades lúdicas não há uma conscientização nos educadores de sua pratica, 
tendo importante papel nas áreas de estimulação e integração, há sempre um 
caráter de novidade, que é fundamental para despertar o interesse da criança, 
sendo esta atividade um dos meios mais propícios à construção do conhecimento. É 
necessário que os educadores procurem um equilíbrio em todos os processos de 
desenvolvimento do educando cognitivo, psicomotor, afetivo, social, físico e moral, 
para o êxito do processo ensino-aprendizagem. 
 
 
 
Palavras Chave: atividades lúdicas, ensino-aprendizagem, lúdico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
Games, toys and games are part of the child's world, since they are present in 
humanity since its inception. This paper deals with the rescue of play as an 
educational process in the teaching-learning relationship. It was based on surveys 
bibliographic inspired in the observation of practical activities, present in our day to 
day in the classroom. A focus of the theories of Piaget, Vygotsky, Bruner, Dieneies 
and others, especially those that emphasize the recreational activities in the 
teaching-learning. A project is located on the rescue of children games, where 
recreational activities are observed in a school. May-conclude that despite the long 
experience of recreational activities there is no awareness in educators of their 
practices, taking important role in the areas of stimulation and integration, there is 
always a character of novelty, which is fundamental to arouse the interest of the 
child, being this activity one means more conducive to the construction of knowledge. 
 
 
Keywords: Teaching-learning; ludic; recreational activities. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 
1. O JOGO 
1.1 Considerações Histórico sobre o Brinquedo, o Jogo e o Lúdico .................... 13 
1.2 Valorização do Jogo ....................................................................................... 17 
1.3 O Papel do Educador ..................................................................................... 19 
1.4 A educação infantil e seu desenvolvimento por meio da utilização dos jogos 
lúdicos .................................................................................................................. 
 
20 
2. O JOGO LÚDICO E OS BRINQUEDOS 
2.1 Os jogos lúdicos ............................................................................................. 23 
2.2 Brinquedo: distinção geral ............................................................................. 28 
2.3 O que é brincar .............................................................................................. 32 
2.4 O que é o brinquedo ....................................................................................... 34 
3. O PAPEL DO LÚDICO NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
3.1 O jogo no processo de ensino e aprendizagem ............................................. 37 
3.2 Pontos básicos da Teoria de Piaget ............................................................... 38 
3.3 Caracterização dos estágios do desenvolvimento cognitivo .......................... 40 
3.4 O Período Sensório-Motor ............................................................................. 41 
3.5 O Período Pré-Operacional ............................................................................ 41 
3.6 Classificação dos Jogos ................................................................................. 433.7 Jogos de exercício sensório-motor ............................................................... 44 
3.8 Jogos simbólicos ........................................................................................... 44 
3.9 Jogos Educativos Computadorizados ........................................................... 45 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 47 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 A escola tem sofrido modificações no sentido de possibilitar formas de 
ensinar, diferentes daquelas em que o conhecimento como conjunto de regras bem 
estruturadas, tinha na pessoa do professor o único arbitro. Esta mudança tem 
permitido novas metodologias onde o aluno possa também construir o conhecimento 
na interação. A interação, o trabalho coletivo, a compreensão do outro no jogo da 
produção do conhecimento tem o papel de possibilitar o desenvolvimento da 
estrutura do pensamento. 
 Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola tem um 
papel essencial na construção do ser psicológico dos indivíduos que vivem em 
sociedades escolarizadas. O desempenho desse papel só se dará adequadamente 
quando, conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos, a escola dirige o 
ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim, para estágios de 
desenvolvimento ainda não incorporados pelos, alunos, funcionando realmente 
como um motor de novas conquistas psicológicas. Para a criança que frequenta a 
escola, o aprendizado escolar é o elemento central no seu desenvolvimento 
(PIAGET, 1978). 
 Friedmann (1996, p. 202) enfatiza em seus estudos, baseados em Piaget e 
Vygotsky, que a aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento e não o 
contrario. Se uma estrutura se desenvolve espontaneamente atingindo o estado de 
equilíbrio, esta perdurará durante toda a vida da criança. Cada experiência 
especifica de aprendizagem deve ser encarada do ponto de vista de operações 
espontâneas que estavam presentes no ato e no inicio, e do nível operacional que 
foi atingido depois da experiência de aprendizagem. 
Este estudo é dirigido àqueles que buscam interagir especialmente com a 
criança, participando vivamente de seu desenvolvimento global. Encaixar, empilhar, 
construir, montar um quebra-cabeça são atividades que proporcionam exercício e 
desenvolvem habilidades, mas só serão brincadeiras se forem realizadas com 
prazer. Caso contrário, serão apenas uma tarefa executada com brinquedos. 
(CUNHA, N. H. S. p. 15). 
11 
 
O pensamento dos principais estudiosos do jogo infantil são relacionados com 
ênfase nos estudos de Piaget, Vygotsky e seus discípulos sobre o jogo, 
desenvolvendo a aprendizagem. 
 Lúdico, relativo a jogo, atividade lúdica é uma ação inerente na criança, no 
adolescente, no jovem e no adulto, que está distante da concepção ingênua de 
passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. (LAROUSSE, 1982, p. 433). 
O principal objetivo desde é fornecer informações de relevância a ação do 
educador no lúdico na Educação Infantil de alunos do 5° ano, já que a importância 
das atividades de movimento de corpo para o desenvolvimento cognitivo, sócio 
afetivo, sensorial e motor das crianças que fazer-se em qualquer instituição de 
ensino. 
 Despertar no educador o desejo de observação para detectar problemas que 
surgem em crianças no decorrer da aprendizagem na escola, e por meio da 
detecção, que possam encontrar subsídios que ajudem a trabalhar o problema; 
 Possibilitar aos educadores a formação de atitudes positivas em relação a 
crianças onde a diversidade tem grande valor para o crescimento e desenvolvimento 
de forma individual e coletiva na sociedade, fazendo-a perceber que os professores 
são como base sólida para a estruturação de personalidades, as quais poderão 
tornar-se defasadas, dependendo do acompanhamento obtido na escola e das 
decepções vividas. 
 A metodologia escolhida para realizar este estudo foi à pesquisa bibliográfica 
em vários livros que tratem sobre o tema em estudo, que dá embasamento teórico 
às discussões proposta. Foi fundamentada tanto por meio de fatores teóricos como 
bibliográficos. Consistem no questionamento sobre a importância do lúdico na 
educação infantil. 
 Trabalhando dentro do enfoque qualitativo adotando estudo de caso, como 
suporte para adquirir informações por intermédio dos professores, verificando a 
qualidade do ensino aplicado aos alunos, incluídos no ensino regular, analisando e 
observando a socialização dos alunos em sala de aula. 
 No cotidiano das salas de aula é possível perceber nos alunos certa 
dificuldade na aprendizagem, quando este, está relacionado com as disciplinas 
escolares do currículo escolar. 
 Mas a aprendizagem não se restringe apenas as dependências escolares, 
os fatores exógenos são de fundamental importância neste contexto educacional, 
12 
 
pois diz respeito à natureza, à direção e ao ritmo do desenvolvimento. É neste 
sentido que a família é determinante no processo de ensino-aprendizagem, já que é 
a primeira fonte de relações sociais do individuo e neste seio é possível se 
estabelecer condições para que haja possíveis dificuldades de aprendizagem. 
 A família e a escola têm papeis formadores, mas cada um com suas 
responsabilidades e com papeis bem definidos. Ambos ensinam e educam. Não é 
mais cabível e nem aceitável no mundo de hoje, que se tomem atitudes condenáveis 
em relação aos alunos com dificuldades de aprendizagem, tanto na escola quanto 
que em casa. A este respeito Néreci (1972, 12) afirma: 
 A educação orienta a formação do homem para ele poder ser o que é, da 
melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de 
aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do 
educando, tendo em vista, explicitar suas possibilidades, em função das autênticas 
necessidades das pessoas e da sociedade [...] A influencia da família, no entanto, é 
básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição 
está em condições de substituí-la. [...] a educação para ser autêntica, tem de descer 
a individualização, à apreensão da essência de cada educando, em buscas das 
suas fraquezas e temores, das suas fortalezas e aspirações [...] O processo 
educativo deve conduzir a responsabilidade, liberdade, critica e participação. 
Portanto, em um primeiro momento este projeto visa detectar quais são estas 
dificuldades presentes nos alunos. 
 O processo de ensino aprendizagem não pode ser tratado como algo isolado 
e único o espaço da sala de aula. Faz-se necessário que o trabalho educacional 
transcenda os muros da escola como praticas educativas que enlace o contexto 
social do aprendiz, proporcionando-lhe condições que possibilite o desenvolvimento 
da capacidade de "criar um conjunto, tendo em vista o conjunto social que está 
inserido, assim como diz Libaneo (2006 17): 
 Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os 
indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes 
de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social. 
 Para Fonseca (1995) é comum o hábito de dizer que mandamos as crianças 
para a escola para aprenderem, o que faz com que tenha uma ruptura na 
curiosidade da criança que a faz criar. Mas a este respeito que se faz um 
13 
 
questionamento em torno da família: "Qual a importância da família no contexto da 
aprendizagem? 
 Sabe-se que qualquer aprendizado requer uma boa comunicação entre os 
participantesdeste processo. O bom gerenciamento das formas de comunicar-se é 
uma ação muito complexa e Moram (200, p. 38) explica o por quê: 
 O campo onde se decide realmente a comunicação é o pessoal, o 
intrapessoal, que interfere profundamente nas outras formas de comunicação [...]. A 
comunicação mais difícil é a intrapessoal: conseguir expressar as múltiplas vozes 
que se manifestam em nós, coordená-las, integrá-las e orientá-las para uma vivência 
cada vez mais enriquecedora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1. O JOGO 
 
1.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE O BRINQUEDO, O JOGO E O 
LÚDICO 
 
Segundo Kume, França (1995, p. 45), desde os primórdios da historia da 
humanidade já existia uma preocupação com o jogo. Entre os primitivos por 
exemplo, as atividades de dança, caça, pesca, lutas, eram tidas como de 
sobrevivência, ultrapassando muitas vezes o caráter restrito de divertimento e prazer 
natural. As crianças nos jogos participavam de empreendimentos técnicos e 
mágicos. 
A inexistência de estudos históricos acerca da evolução do brinquedo no 
Brasil leva-nos a adotar a história do brinquedo na sociedade francesa, como 
parâmetro, para a análise do tema proposto. Na França, a evolução do brinquedo 
acompanha os grandes períodos da civilização ocidental. Pode-se situar na antiga 
Roma e na Grécia o nascimento das primeiras reflexões em torno da importância do 
brinquedo na educação. 
Platão em Les Lois (1948) comenta a importância de aprender brincando, em 
oposição a utilização da violência e da opressão. Platão introduziu também, de 
modo bastante diferente, uma pratica matemática lúdica, tão enfatizada hoje em dia. 
Este filósofo aplicava exercício de cálculos ligados a problemas concretos extraídos 
da vida e dos negócios, afirma que todas as crianças devem estudar a matemática, 
pelo menos no grau elementar, introduzindo desde o inicio, atrativos em formas de 
jogo. (KISHIMOTO, 1994 p. 39). 
Ainda em Les Lois (1948, p. 97), Aristóteles sugere para a educação de 
crianças pequenas, o uso de jogos que imitem atividades serias, de ocupações 
adultas, como forma de preparar para a vida adulta. (KISHIMOTO, 1994 p. 39). 
Entre os romanos, os jogos destinados ao preparo físico aparecem com a 
finalidade de formar soldados e cidadãos obedientes e devotos. A influencia grega 
traz as escolas romanas uma nova orientação, acrescentando a cultura física a 
formação estética e espiritual. Posteriormente, parece que a pratica de aliar o jogo 
aos primeiros estudos, justifica que as escolas responsáveis pelas instruções 
elementares tenham recebido nessa época, o nome de ludus, semelhante aos locais 
15 
 
destinados a espetáculos e a pratica de exercícios de fortalecimento do corpo e do 
espírito. A partir do século XVI, os humanistas começaram a perceber o valor 
educativo dos jogos, e os colégios Jesuítas foram os primeiros a recoloca-los em 
pratica. A partir do momento em que o jogo deixa de ser objeto de reprovação oficial, 
incorpora-se no cotidiano dos jovens, não como diversão, mas como tendência 
natural do ser humano. Rabelais e Montaigne compartilham desse ideal, 
denunciando a crueldade e os castigos corporais dos tempos medievais. 
(KISHIMOTO, 1994). 
O grande acontecimento do século XVI, foi a criação do instituto dos Jesuítas 
Inácio de Loyola, por ter sido militar e nobre, compreende a importância dos jogos 
de exercícios para a formação do ser humano, e preconiza sua utilização no sistema 
educacional de sua organização. Por intermédio de exercício de caráter lúdico, as 
crianças substituem o ensino escolástico e ostracismo, pelo emprego de tábuas 
murais. O Renascimento admita cada vez mais a necessidade de exercícios físicos, 
banido pela Idade Media. Exercícios de barra, corridas, jogos de bola parecidos com 
o futebol e o golfe são comuns. O jogo de cartas educativo inventado por Thomas 
Murner, frade Franciscano, é também uma invenção desse período; com o intuito de 
ensinar Filosofia. No século seguinte continua a expansão dos jogos de caráter 
educativo. Comentários de filósofos como: Comenus, Locke, apontam a importância 
das imagens e dos sentidos para a apreensão do conhecimento. A eclosão do 
movimento cientifico diversifica os jogos que passam a incluir as inovações 
cientificas no século XVII. A publicação da enciclopédia favorece o aparecimento de 
novos jogos. Nesse mesmo século, ocorre a popularização dos jogos educativos 
utilizados para o desempenho de papeis, difusão de ideias e criticas de personagem, 
como a lanterna mágica, jogos de ganso, etc... (KISHIMOTO, 1994). 
Segundo Emílio, em Rosseau demonstrou que a criança tem maneiras de ver, 
de pensar e de sentir que lhes são próprias, demonstrou que não se aprende nada 
se não por meio de uma conquista ativa. Áries (1986, p. 177), a infância, entendida 
como período especial, traz em decorrência a adoção de praticas educativas que 
prevalecem até hoje. A criança passa a ser vista de acordo com sua idade, brinca 
com cavalinho de pau, piões e passarinhos, tem permissão para se comportar de 
modo distinto do adulto. 
Com o termino da Revolução Francesa, no inicio do século XIX acontece o 
surgimento das inovações pedagógicas com Rousseau, Pestalozzi e Froebel, que 
16 
 
aponta duas facetas nos brinquedos: o objetivo e a ação de brincar. A ação do 
sujeito, a relação estabelecida pela inteligência, que julga relevante para o 
desenvolvimento infantil. Segundo Pestalozzi (1827-1946), a escola é uma 
verdadeira sociedade, na qual o senso de responsabilidade e as normas de 
cooperação são suficientes para educar as crianças, e o jogo é um fator decisivo 
que enriquece o senso de responsabilidade e fortifica as normas de cooperação. 
Froebel (1782-1852), discípulo de Pestalozzi, estabelece que a pedagogia deve 
considerar a criança como atividade criadora, e despertar mediante estímulos, suas 
faculdades próprias para a criação produtiva. 
Desabrocha no século XX, a Psicologia infantil, com a produção de pesquisas 
e teorias que discutem a importância do ato de brincar para a construção de 
representações infantis. Fecundam nesse período, pesquisas de caráter 
psicogenético, encabeçadas por Piaget, Bruner, Vygotsky, que influenciaram as 
atividades curriculares dos novos tempos. Complementam os estudos como outros 
comportamentos do ser humano, sofrem intensa influencia da cultura na qual está 
inserido a criança. O fato de cada cultura apresenta uma relativa continuidade 
histórica e, de certa forma uma especificidade que pode se refletir nas condutas 
lúdicas, faz emergir a valorização dos brinquedos e brincadeiras tradicionais como 
nova fonte de conhecimento e de desenvolvimento infantil. (KISHIMOTO, 1994). 
Partindo do pressuposto de que, manipulando e brincando com materiais 
como bola, cubo e cilindro, montando e desmontando cubos, a criança estabelece 
relação matemática e adquire noções primarias e física e metafísica. Aliando a 
utilização de materiais educativos que domina, aos dons, ao canto e às ocupações 
manuais (recorte, colagem, tecelagem, dobradura, etc.), o autor das atuais caixas de 
construção elabora uma proposta curricular para a pré-escola que contem em seu 
bojo a relevância do brinquedo. (KISHIMOTO, 1994). 
O primeiro protótipo de escola maternal francesa, ensinava tricô, Geografia, 
História, Botânica, Educação Moral e Cívica, exercícios para o corpo, desenho, 
recorte e recursos como o passeio, para educar crianças de quatro e sete anos de 
idade. Ao pretender tornar o estudo da historia mais atraente, os jogos servem para 
divulgar ao mesmo tempo atitudes de respeito, submissão e admiração ao regime 
vigente.Os jogos de ganso, de cartas e de loto, veiculam à semelhança do século 
anterior a propaganda política. Com o desenvolvimento da ciência e da técnica, 
surgem jogos magnéticos para ensinar História, Geografia e Gramática. As fábulas 
17 
 
de La Fontaine e os contos de Perrault, inspiram puzzles e jogos de cubo. Aparecem 
jogos como Bazar Alfabético, destinado ao aprendizado do vocabulário e o Poliglota 
para ensinar até cinco línguas ao mesmo tempo. (KISHIMOTO, 1994). 
Os jogos existentes no século XIX perduram até a I Guerra Mundial, mas com 
a aproximação da guerra cresce a oferta de jogos militares. Findando o conflito, 
jogos militares dão lugar às praticas esportivas, predominando no mercado, trens 
elétricos, autoramas, bicicletas, patinas, etc... mostrando a valorização do esporte 
em detrimento do militarismo. A produção de brinquedos é impulsionada pelas 
propagandas em torno do Natal e a participação de “brinquedos educativos” usando 
slogans como “instruir divertindo”. Os brinquedos passam a ser mais vistos e 
adaptados ao gosto da criança. Ovídio Decroly, dando prosseguimento a Froebel, 
um médico belga, elabora um conjunto de materiais para a educação de crianças 
deficientes mentais, relaciona desde materiais neutros como cartonados, destinado 
ao desenvolvimento da percepção, motricidade e raciocínio. (KISHIMOTO, 1994) 
Segundo Maria Montessori, 1954, constitui referencia obrigatória nessa 
época, médica italiana elabora uma metodologia de ensino destinada às crianças 
deficientes mentais, empregando materiais criados por Itard e Seguin, com o 
objetivo de implementar a educação sensorial. No Brasil a expansão desse método 
ocorrera mais tarde com a linha Lubienska – Montessori, adotadas pelas escolas 
católicas destinadas a elite. 
A educação de crianças portadoras de deficiência recebeu grandes benefícios 
com a utilização de brinquedos. Essa pratica teve origem no século XVIII, com a 
criação de materiais para surdos – mudos pelo Pe. De I’epeé, em 1760. Depois, 
Valentin Hauy, em 1784 elabora livros de leitura em alto relevo para cegos. Os 
médicos educadores, Itard e Seguin, constroem diversos materiais analíticos para a 
educação sensorial e intelectual de Victor, o selvagem de Aveyron. Decroly, na 
mesma época, baseado em princípios de globalização, organiza seus jogos 
intelectuais e motores, também destinados às crianças deficientes mentais. 
(Montessori, 1954) 
 
1.2 VALORIZAÇÃO DO JOGO 
 
 A valorização crescente do jogo reflete-se nos anos 60 com o aparecimento 
de museus, com uma concepção mais dinâmica onde as crianças podem tocar e 
18 
 
manipular brinquedos, o please Touch Museum for Children, de Filadélfia e o Keep 
Smiling da Bélgica. A ludoteca em 1934 em Los Angeles, expande-se na França, 
transformando-se numa instituição de educação assistemática e num centro e 
valorização e divulgação da cultura infantil. “Na verdade, a atividade lúdica é uma 
forma de o indivíduo relacionar-se com a coletividade e consigo mesmo.” 
(AMARILHA,1997). 
 O processo de valorização do jogo mais recente, chega ao Brasil na década 
de oitenta, com o advento das brinquedotecas, a multiplicação de congresso, o 
aumento da produção cientifica sobre o tema e o interesse crescente dos 
empresários em aumentar seu faturamento, investindo em novos produtos. 
(AMARILHA,1997). 
 A importância do jogo na educação tem oscilado ao longo dos tempos. 
Principalmente nos momentos de critica e reformulação da educação, são 
lembrados como alternativas interessantes para a solução dos problemas da prática 
pedagógica. Tais oscilações dependem basicamente de reestruturações políticas e 
econômicas de cada pais. Geralmente, em período de contestação, de inquietações 
políticas e crises econômicas aumentam as pesquisas e os estudos em torno dos 
jogos. O jogo é essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando 
suas potencialidades de maneira integral. É somente sendo criativo que a criança 
descobre seu próprio eu. (TEZANI, 2004). 
 A especialização excessiva dos brinquedos educativos dirigidos ao ensino de 
conteúdos específicos está retirando o jogo de sua área natural e eliminando o 
prazer, a alegria e a gratuidade, ingredientes indispensáveis a conduta lúdica. 
(KISHIMOTO, 1997). 
 Desde Claparede Dewey, Leif e Piaget, está bastante claro que a atividade 
lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais e sociais superiores, por isso 
indispensáveis à pratica educativa. Os professores precisam estar cientes de que a 
brincadeira é necessária e que trazem enormes contribuições para o 
desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar. (CAMPOS, 2004). 
 Quando a pratica educativa, o lúdico toma sua verdadeira forma com o 
enfoque apresentado por Celestin Freinet ao definir o trabalho – jogo, com o enfoque 
trabalho (busca, esforço, seriedade, produção, satisfação, critica) proposto por 
Makarenko e Snyders, o político, libertário proposto por Paulo Freire. (KISHIMOTO, 
1997). 
19 
 
 Na realidade, Freinet investe contra a pedagogia dos jogos que leva a criança 
a jogar segundo uma estratégia concebida pelos adultos (de fora para dentro). 
Investe contra a pratica pedagógica que substitui todas as espécies de atividades 
serias (trabalho) pelos jogos com o intuito de satisfazer apenas às necessidades de 
prazer e alegria das crianças (modismo). Para ela a criança deve dedicar-se ao 
trabalho como se fosse um jogo (satisfação e prazer) mas nunca ao jogo em si, 
tomando o lugar do trabalho, simplesmente pelo fato de jogar. (KISHIMOTO, 1996) 
 Para o pedagogo russo (MAKARENKO), não se pode fazer uma obra 
educativa sem se propor um fim... um fim claro bem definido... um conhecimento do 
tipo de homem que se deseja formar. 
 Snyders, um dos pioneiros da educação progressista, parte do principio de 
que a educação deve ser prazerosa, mas exige esforço. Caracteriza o jogo como 
uma atividade seria, que exige esforço, porem sem perder o sentido de buscar e 
prazer. (CAMPOS, 2004) 
 Paulo Freire, um dos maiores pensadores da educação como pratica da 
liberdade, aborda implicitamente em seus estudos o conceito de trabalho – jogo ao 
afirmar que “o ato de buscar, de apropriar-se dos conhecimentos, de problematizar, 
de estudar, é realmente um trabalho penoso, difícil, que exige disciplina intelectual e 
que se ganha somente praticando”. (FREIRE, 1990). 
 A ação de buscar e de apropriar-se dos conhecimentos para transformar, 
exige dos estudantes esforço, participação, indagação, reflexão, socialização com o 
prazer, relações estas que constituem a essência psicológica da educação lúdica, 
que se opõe a concepção política ingênua, à passividade, ao espontaneísmo, à 
jocosidade, à alienação, à submissão, condicionantes da pedagogia dominadora e 
neutralizante. (KISHIMOTO, 1994). 
 
1.3 O PAPEL DO EDUCADOR 
 
 Vygotsky apud Oliveira (1998, p. 60), afirma que como na escola o 
aprendizado é um resultado desejável, é o próprio objetivo do processo escolar a 
intervenção é um processo pedagógico privilegiado. O único bom ensino, afirma 
Vygotsky, é aquele que adianta do desenvolvimento. Os procedimentos regulares 
que ocorrem na escola, demonstração, assistência, fornecimento de pistas. 
Instruções são fundamentais na promoção do “bom ensino”, isto é, a criança que 
20 
 
não tem condições de percorrer, sozinha o cominho do aprendizado, a intervenção 
de outras pessoas que no caso especifico da escola, são os professores e demais 
crianças é fundamental para a promoção do desenvolvimento do individuo. 
 É interessante lembrar que, em situação informais do aprendizado, as 
crianças costumam utilizar as interações sociais como formaprivilegiada de acesso 
à informação: aprendem regras dos jogos por exemplo, através dos outros e não 
como resultado de um exemplo estritamente individual na solução de um problema. 
Qualquer modalidade de internação social quando integrada num contexto 
realmente voltado para a promoção do aprendizado e do desenvolvimento poderia 
ser utilizada, portanto, de forma produtiva na situação escolar. (OLIVEIRA, 1998). 
 Dentro do nosso contexto primordial que é a atividade lúdica na relação 
aprendizagem consideramos relevante definir alguns objetivos, que o educador pode 
considerar como lúdico, para desempenhar bem o seu papel, baseados em 
Friedmann (1996, p. 232). 
a) Propor regras em vez de impô-las, assim a criança terá possibilidade de 
elaborá-las, o qual envolve tomar decisões que é uma atividade política. A 
criança desenvolve social e politicamente, envolvendo-se numa legislação. 
b) Dar oportunidade as crianças de participar na elaboração das leis. Assim 
terão possibilidade de questionar valores morais. Os jogos com grupos dão 
inúmeras chances para se elaborarem regras, verificar folhas. 
c) Possibilitar a troca de ideias para chegas a um acordo sobre as regras, com o 
intuito de que as crianças descontraiam e coordenem pontos de vistas 
(processo cognitivo que contribui para o desenvolvimento lógico). 
d) Dar responsabilidade para fazer cumprir as regras e motivar o 
desenvolvimento na iniciativa, agilidade e confiança em dizer, honestamente 
o que se pensa. Essa responsabilidade levanta também a investigação de 
sanções, soluções pelas quais as crianças tornam-se mais inventivas. 
e) Permitir julgar qual regra devera ser aplicada a cada situação; esta é uma 
forma de promover o desenvolvimento da inteligência. 
f) Fomentar o desenvolvimento da autonomia em conflitos que envolvem regras, 
contribui também ao desenvolvimento de um forte senso de si mesmo na 
criança. “O aspecto emocional também faz parte da autonomia”. 
g) Possibilitar ações físicas que motivem as crianças a serem mentalmente 
ativas. 
21 
 
h) Durante o jogo espontâneo o educador deve ser um observador. Papel nem 
sempre simples, já que existe geralmente um envolvimento afetivo com as 
crianças para realizar um diagnostico. 
i) Respeitar a interpretação dada pelo grupo de crianças à regra de jogo 
espontâneo é fundamental para conhecer sua realidade lúdica. Por isso o 
educador não deve intervir durante os eventos do jogo, a não ser como 
mediador de conflitos, pois as atitudes e a forma de participação dos 
jogadores ilustrará o comportamento individual de cada criança e do grupo 
como um todo. 
 Já no jogo dirigido, a postura do educador será diferenciada, devendo ser 
claro e breve na hora de explicar as regras do jogo proposto. É interessante que 
participar no começo, de forma a exemplificar a proposta verbal. A participação deve 
ser evitada quando as crianças já conseguem brincar sozinhas. Seu papel então 
será o de orientador das crianças durante o desenvolvimento do jogo. (Friedmann, 
1996) 
 Nessa perspectiva, o professor é mais do que um orientador, ele deve ser um 
desafiador colocando dificuldades progressivas no jogo como uma forma de avançar 
nos seus propósitos de promover o desenvolvimento ou para fixar aprendizagens. 
Esse é o grande papel do professor enquanto educador lúdico. 
 
1.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEU DESENVOLVIMENTO POR MEIO DA 
UTILIZAÇÃO DOS JOGOS LÚDICOS 
 
 A educação infantil divide-se em várias etapas, de acordo com a faixa etária 
da criança. O lúdico é nosso companheiro diário, já que desse modo às crianças se 
conhecem e se expressam melhor, adquirindo conhecimentos, conhecendo limites 
de maneira agradável e saudável. (FRIEDMANN, 1996). 
 As atividades realizadas são proporcionadas de forma lúdica: jogos, 
brincadeiras, expressão corporal, que promovem o desenvolvimento motor e sócio 
afetivo das crianças. Enfatizamos os jogos na área do conhecimento lógico-
matemático, e preservação na área de ciências. (FRIEDMANN, 1997) 
 No que corresponde à faixa etária de cinco anos, procuramos dar maior 
ênfase ao desenvolvimento motor, através das técnicas de recorte, colagem, 
dobradura, movimento de pinça e modelagem, por meio de jogos de equilíbrio e 
22 
 
direção. Desta forma, procuramos converter a maior parte das atividades diárias da 
criança em jogos motores e lúdicos. (FRIEDMANN, 1997) 
 Já no Pré-escolar, o objetivo é acompanhar a evolução emocional de cada 
criança através da criatividade individual e integração com as demais, oferecendo 
ambientes para que ela possa descobrir e realizar tarefas com prazer e alegria. 
(COZAC, 2001) 
 Convém relembrar que o caráter lúdico nas brincadeiras, jogos e atividades 
infantis são essenciais para o desenvolvimento da personalidade das crianças. 
(COZAC, 2001) 
 Assim como os jogos, a prática esportiva assume um a importância 
fundamental no processo da sociabilidade infantil. Segundo Cozac psicólogo do 
esporte: 
[...] a atividade esportiva, seja ela apenas um exercício ou uma 
modalidade esportiva onde haja competição, deve ser feita com amor 
e dedicação. Este ponto é unanimidade na maioria das crianças. 
Infelizmente, visível apenas, no olhar das crianças. Poucos pais 
possibilitam a seus filhos uma escolha livre do esporte/exercício que 
irão praticar (2001, p. 16). 
 Então o que fazer, efetivamente, para não pressionar a criança na escolha 
do esporte ou dos jogos adequados? Cozac, (2001) alerta para o fato de que muitas 
vezes, as crianças são obrigadas a fazer esse ou aquele esporte por desejo dos 
pais. Os pais devem dar liberdade máxima para a escolha do esporte que seus filhos 
queiram desenvolver. 
As crianças já vivenciam muitas cobranças na rotina de suas vidas: 
são cobradas na escola pelos professores; em casa, por seus pais; 
na expectativa social de gerarem uma sociedade mais justa. Os 
jogos acabam sendo uma importante válvula no exercício da 
liberdade e auto descoberta infantil. (COZAC, 2001, p.31). 
 Sendo assim o jogo lúdico é uma atividade que tem valor educacional 
intrínseco. Jogar educa, assim como viver educa: sempre sobra alguma coisa. 
(COZAC, 2001) 
 A utilização de jogos educativos no ambiente escolar traz muitas vantagens 
para o processo de ensino e aprendizagem, entre elas: 
· O jogo é um impulso natural da criança funcionando assim como um grande 
motivador; 
· A criança através do jogo obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e 
voluntário para atingir o objetivo do jogo; 
23 
 
· O jogo mobiliza esquemas mentais: estimula o pensamento, a ordenação de 
tempo e espaço; 
· O jogo integra várias dimensões da personalidade: afetiva, social, motora e 
cognitiva; 
· O jogo favorece a aquisição de condutas cognitivas e desenvolvimento de 
habilidades como coordenação, destreza, rapidez, força, concentração, etc. 
 A participação em jogos contribui para a formação de atitudes sociais: 
respeito mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, 
senso de justiça, iniciativa pessoal e grupal. (COZAC, 2001) 
 O jogo é o vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de 
uma atividade. O ensino utilizando meios lúdicos cria ambientes gratificantes e 
atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. 
(COZAC, 2001) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
2. O jogo lúdico e os brinquedos 
 
2.1 OS JOGOS LÚDICOS 
 
 O acesso gratuito à escola conforme nossa Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo nº. 205, diz que: “A Educação é um 
direito de todos e dever do Estado [...].” É condição indispensávelpara a garantia 
dessa premissa constitucional e para que se complete na totalidade do seu sentido, 
deve estar acompanhada de procedimentos que assegurem condições para sua 
concretização. O aprendizado acontece de maneira continuada e progressiva e 
requer ferramentas que possibilitem seu desenvolvimento, sabendo-se que a criança 
precisa de tempo para brincar. (KISHIMOTO, 2000). 
 As aulas muitas vezes, tornam-se meras repetições de exercícios 
educativos, ficando a aula monótona e como consequência vazia, procura-se a 
solução com a utilização dos jogos para despertar na criança o interesse pela 
descoberta de maneira prazerosa e com responsabilidade. (KISHIMOTO, 2000). 
 Vivemos uma época em que a tecnologia avança aceleradamente inclusive 
na educação, mas as atividades lúdicas não podem ser esquecidas no cotidiano 
escolar; porque a alternativa de trabalhar de maneira lúdica em sala de aula é muito 
atraente e educativa. (RONCA, 1989) 
 De acordo com Ronca (1989, p. 27) “O movimento lúdico, simultaneamente, 
torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói 
classificações, elabora sequências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade 
e amplia conceitos das várias áreas da ciência”. 
 Percebemos desse modo que brincando a criança aprende com muito mais 
prazer, destacando que o brinquedo, é o caminho pelo quais as crianças 
compreendem o mundo em que vivem e são chamadas a mudar. É a oportunidade 
de desenvolvimento, pois brincando a criança experimenta, descobre, inventa, 
exercita, vivendo assim uma experiência que enriquece sua sociabilidade e a 
capacidade de se tornar um ser humano criativo. 
 Para Vigotsky (1989, p.84) “As crianças formam estruturas mentais pelo uso 
de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações imaginárias surge da 
25 
 
tensão do individuo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da 
realidade”. 
 Verifica-se, portanto que as atividades lúdicas propiciam à criança a 
possibilidade de conviver com diferentes sentimentos os quais fazem parte de seu 
interior, elas demonstram através das brincadeiras como vê e constrói o mundo, 
como gostaria que ele fosse quais as suas preocupações e que problemas a estão 
atormentando, ou seja, expressa-se na brincadeira o que tem dificuldade de 
expressar com palavras. 
 E aliar atividades lúdicas ao processo de ensino e aprendizagem pode ser 
de grande valia, para o desenvolvimento do aluno, um exemplo de atividade que 
desperta e muito o interesse do aluno é o jogo, sobre o qual nos fala (KISHIMOTO, 
1994)... 
O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, 
passa a ser considerado nas práticas escolares como importante 
aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações 
lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos 
conteúdos culturais a serem veiculados na escola. (KISHIMOTO, 
1994, p. 13). 
 Dessa maneira percebemos a necessidade do professor de pensar nas 
atividades lúdicas nos diferentes momentos de seu planejamento. Lembrando que o 
jogo e a brincadeira exigem partilhas, confrontos, negociações e trocas, promovendo 
conquistas cognitivas, emocionais e sociais. (KISHIMOTO, 1994, p. 13). 
 Destacando ainda mais a importância do lúdico, lembramos as palavras de 
Ronca: 
O lúdico permite que a criança explore a relação do corpo com o 
espaço, provoca possibilidades de deslocamento e velocidades, ou 
cria condições mentais para sair de enrascadas, e ela vai então, 
assimilando e gastando tanto, que tal movimento a faz buscar e viver 
diferentes atividades fundamentais, não só no processo de 
desenvolvimento de sua personalidade e de seu caráter como 
também ao longo da construção de seu organismo cognitivo. (1989, 
p.27). 
 A tal ponto isso se faz verdade, que a criança sente e expressa a 
curiosidade e importante noção de que viver é brincar. (RONCA, 1989). 
 E ao brincar, conhece a si própria e aos outros e realiza a dura tarefa de 
compreender seus limites e possibilidades e de inserir-se em seu grupo. Aí aprende 
e internaliza normas sociais de comportamentos e os hábitos fixados pela cultura, 
pela ética e pela moral. (RONCA, 1989). 
26 
 
 De acordo com o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil 
(PCN’s, 1998): 
As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles 
que possuem regras, como os jogos de sociedade (também 
chamados de jogos de tabuleiro) jogos tradicionais, didáticos, 
corporais, etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos da criança 
por meio da atividade lúdica. (PCN’s, l998, p.28). 
 E sobre esse ponto de vista o lúdico se torna de vital importância para a 
educação. 
 Pois de acordo com Ronca: 
O lúdico torna-se válido para todas as séries, porque é comum 
pensar na brincadeira, no jogo e na fantasia, como atividades 
relacionadas apenas infância. Na realidade, embora predominante 
neste período, não se restringe somente ao mundo infantil. (RONCA, 
1989, p.99). 
 E nessa perspectiva o lúdico se torna muito importante na escola, porque 
pelo lúdico a criança faz ciência, pois trabalha com a imaginação e produz uma 
forma complexa de compreensão e reformulação de sua experiência cotidiana. Ao 
combinar informações e percepções da realidade problematizada, tornando-se 
criadora e construtora de novos conhecimentos. (RONCA, 1989) 
 Segundo o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (PCN’s, 
1998, p.27) “as atividades lúdicas, através das brincadeiras favorecem a autoestima 
das crianças ajudando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma 
criativa”. 
 Assim sendo entende-se que o lúdico contribui para o desenvolvimento da 
autoestima o que favorece a autoafirmação e valorização pessoal. (RONCA, 1989). 
 E ainda, as brincadeiras, os jogos, os brinquedos podem e devem ser 
objetos de crescimento, possibilitando à criança a exploração do mundo, descobrir-
se, entender-se e posicionar-se em relação a si e a sociedade de forma lúdica e 
natural exercitando habilidades importantes na socialização e na conduta 
psicomotora. São objetos mágicos, que vão passando de geração a geração, com 
um incrível poder de encantar criança e adultos. (VALASCO, 1996). 
 De acordo com os PCN’s de Educação Física (1997, p.36) “As situações 
lúdicas competitivas ou não, são contextos favoráveis de aprendizagem, pois 
permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos, que solicitam a atenção 
do aluno na tentativa de executá-la de forma satisfatória”. 
27 
 
 A partir dessas definições constatamos que o lúdico está relacionado a tudo 
o que possa nos dar alegria e prazer, desenvolvendo a criatividade, a imaginação e 
a curiosidade, desafiando a criança a buscar solução para problemas com renovada 
motivação. (NOVAES, 1992). 
 Ressaltando que segundo NOVAES (1992, p.28) “O ensino, absorvido de 
maneira lúdica, passa adquirir um aspecto significativo e efetivo no curso de 
desenvolvimento da inteligência da criança”. 
Desse modo, brincando a criança vai construindo e compreendendo o mundo ao seu 
redor. (NOVAES, 1992). 
 Lembrando que as atividades lúdicas são de grande valia para o educador 
que souber se utilizar apropriadamente dessas atividades, sendo que o aluno será o 
maior beneficiado. (NOVAES, 1992). 
 O jogo é uma fonte de prazer e descoberta para a criança, o que poderá 
contribuir no processo ensino e aprendizagem; porém tal contribuição no 
desenvolvimento das atividades pedagógicas dependerá da concepção que se tem 
do jogo. (NOVAES, 1992). 
 Os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para 
gastar a energia das crianças, mas meios que enriquecem o desenvolvimento 
intelectual e que podem contribuir significativamentepara o processo de ensino e 
aprendizagem e no processo de socialização das crianças. (NOVAES, 1992). 
 O jogo normalmente é visto por seu caráter competitivo, ou seja, uma 
disputa onde existem ganhadores e perdedores; esta visão está vinculada à postura 
de muitos educadores, para estes o jogo é um ato diferente do brincar, não podemos 
considerar o jogo apenas como uma competição. A atividade lúdica é o berço 
obrigatório das atividades sociais e intelectuais. (NOVAES, 1992). 
 Um dos principais objetivos da escola é proporcionar a socialização, por 
esse motivo não devemos isolar as crianças em suas carteiras, devemos incentivar 
os trabalhos em grupos, a trocas de ideias, a cooperação que acontece por ocasião 
dos jogos. (NOVAES, 1992). 
 Dentro da realidade brasileira qualquer instituição que tenha como objetivo 
potencializar atividades lúdicas ou de aprendizagens terá por si mesma um grande 
significado social. (NOVAES, 1992). 
 Alertar aos educadores em relação à repressão corporal existente e à forma 
mecânica e descontextualizada como os conteúdos vêm sendo passados para as 
28 
 
crianças. O que podemos perceber em algumas escolas, é que existe ainda uma 
aprendizagem apoiada em métodos mecânicos e abstratos, totalmente fora da 
realidade da criança. Predominado sempre durante as aulas a imobilidade, o silencio 
e a disciplina rígida. O professor comanda toda a ação do aluno, preocupando-se 
excessivamente em colocá-los enfileirados, imóveis em suas carteiras comandando 
os olhares das crianças para que ficassem com os olhos no quadro – negro. 
(NOVAES, 1992). 
 Nestas escolas, as atividades lúdicas são descartadas, ou sofrem distorções 
sobre a sua função. Os jogos são vistos apenas como disputa, competições, fruto da 
imaginação das crianças, deixando de lado o valor pedagógico, a sua importância 
para o desenvolvimento cognitivo. (FRIEDMANN, 1996). 
 Porém para FRIEDMANN (1996: 75) “o jogo não é somente um divertimento 
ou uma recreação”. Atualmente o jogo não pode ser visto e nem confundido apenas 
como competição e nem considerado apenas imaginação, principalmente por 
pessoas que lidam com crianças da educação infantil. O jogo é uma atividade física 
ou mental organizada por um sistema de regras, não é apenas uma forma de 
divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento 
intelectual, proporcionam a relação entre parceiros e grupos. Através da interação a 
criança terá acesso à cultura, dos valores e aos conhecimentos criados pelo homem. 
Para que essa visão seja realmente difundida e aplicada há uma necessidade de 
reestruturação da formação e conduta profissional dos professores para que se 
aproveite a atividade lúdica como centro das ideias sobre o processo de 
socialização. 
 Além das indagações sobre a conduta profissional dos professores, 
pergunta-se ainda se as escolas estão ou não preparadas para essa renovação de 
atitude do quadro docente, se essa renovação será bem vista e apoiada para que 
esta realmente obtenha sucesso. (FRIEDMANN, 1996). 
 Quando o professor recorre aos jogos, ele está criando na sala de aula uma 
atmosfera de motivação que permite aos alunos participarem ativamente do 
processo ensino aprendizagem, assimilando experiências e informações, 
incorporando atitudes e valores. Para que a aprendizagem ocorra de forma natural é 
necessário respeitar e resgatar o movimento humano, respeitando a bagagem 
espontânea de conhecimento da criança. Seu mundo cultural, movimentos, atitudes 
lúdicas, criaturas e fantasias. (FRIEDMANN, 1996). 
29 
 
 Brincar e jogar são coisas simples na vida das crianças. Parecem simples, 
mas depois de observá-los, se verifica que a atividade lúdica está no centro de 
muitas ideias sobre o desenvolvimento psicológico, intelectual, emocional ou social 
do ser humano. O jogo, o brincar e o brinquedo desempenham um papel 
fundamentalmente na aprendizagem e no processo de socialização das crianças. 
(FRIEDMANN, 1996). 
 Consequentemente, entendendo que o jogo deve fazer parte do processo de 
ensino esta monografia pretende mostrar que a educação lúdica facilita não só o 
processo de socialização, mas também no processo de aprendizagem. 
(FRIEDMANN, 1996). 
 O ensino utilizando meios lúdicos cria ambiente gratificante e atraente 
servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. (MALUF, 2003). 
 É de suma importância que nós, educadores, saibamos como usar os jogos 
para ajudar o aluno no desenvolvimento do raciocínio lógico, pois o lúdico pode estar 
presente na aprendizagem e no desenvolvimento, sem esquecer que a sua principal 
importância é conhecer sua aplicação na escola. (KISHIMOTO, 1994). 
 Considero que por meio dos jogos lúdicos, dos brinquedos e das 
brincadeiras em sala de aula possamos desenvolver o hábito do pensar nos 
educandos sem desviá-los do mundo real e de seu cotidiano. (VELASCO, 1996). 
 Para uma utilização eficiente e completa de um jogo educativo é necessário 
realizar previamente uma avaliação, analisando tanto aspectos de qualidade de 
software, como aspectos pedagógicos e fundamentalmente a situação pré-jogo e 
pós-jogo que se deseja atingir. (VELASCO, 1996). 
 Acredito que esse tema tem importância não só para a prática diária do 
professor que se configura como um meio, mas maior conhecimento sobre a 
importância da utilização dos jogos lúdicos na construção e no desenvolvimento do 
raciocínio lógico dos meus alunos. 
 
2.2 BRINQUEDO: DISTINÇÃO GERAL 
 
 A importância do brinquedo no desenvolvimento da criança tem sido 
demonstrada, na contemporaneidade, pelo crescente número de pesquisas 
existentes no campo da educação. Segundo abordagens diversas nas áreas 
sociológica, psicológica e pedagógica, estas pesquisas têm como objeto de estudo, 
30 
 
entre outros, a influência da cultura na constituição dos brinquedos, a função destes 
na construção do psiquismo infantil ou ainda a importância de utilizá-los como 
recurso pedagógico, seja no contexto familiar ou em instituições coletivas, como 
creches ou pré-escolas. (KISHIMOTO, 1995). 
 Não é demais, no entanto, lembrar que esta preocupação com o brinquedo 
esteve presente, já na idade antiga, por exemplo, em Platão e Aristóteles (século IV 
a.C.). Segundo Kishimoto (1995), Platão colocava a importância de a criança 
aprender brincando para combater a opressão e a violência, enquanto Aristóteles 
enfatizava a necessidade de se utilizar em jogos “sérios” na educação de crianças 
pequenas, como forma de prepará-las para a vida. Posteriormente, esta mesma 
preocupação ressurgiu no século XVIII, associada à redescoberta da infância e das 
particularidades infantis e se tornou valorizada com as concepções de Rousseau 
sobre a natureza infantil. Esse filósofo e pedagogo buscaram mostrar, em seus 
estudos, que a infância não devia mais ser compreendida apenas como uma etapa 
que precede a idade adulta, mas, sim, como um período da vida que possui 
características e necessidades próprias. 
 A esse respeito, é interessante considerar os estudos desenvolvidos por 
Ariés (1986) em sua obra “História Social da Criança e da Família”. Nela o autor 
relata a transformação ocorrida no sentimento de infância (entendido como 
consciência da particularidade infantil) e de família, a partir do exame de pinturas, 
antigos diários, testamentos, túmulos, etc., e conclui que a criança não aparecia 
representada na iconografia da época (século XVII), pelo fato de haver um alto 
índice de mortalidade infantil, que fazia com que considerassem que não valia a 
pena conservar a imagem de um ser fadado a um desaparecimento tão precoce: 
“…vemos uma vizinha, mulher de um relator, tranquilizar assimuma 
mulher inquieta, mãe de cinco “pestes”, e que acabara de dar à luz. 
“Antes que eles te possam causar muitos problemas, tu terás perdido 
a metade, e quem sabe todos”. “Perdi dois ou três filhos pequenos, 
não sem tristeza, mas sem desespero”, (…) “pequena não conta”. 
(…) “não reconhecer nas crianças nem movimento na alma, nem 
forma reconhecível no corpo (…)”(ARIÉS, 1986). 
…as minhas morrem todas pequenas, dizia ainda Montaigne. Essa 
indiferença era uma consequência direta e inevitável da demografia 
da época. Persistiu até o século XIX, no campo, na medida em que 
era compatível com o cristianismo, que respeitava na criança 
batizada a alma imortal. (ARIÉS, 1986: pp.56-7). 
 Ainda segundo Ariés, é somente a partir do século XVIII, quando surgem 
novas descobertas, entre inúmeras outras no campo da medicina (descoberta de 
31 
 
vacinas, de novos medicamentos, da relação higiene/saúde), possibilitada por novas 
condições de vida que se estavam colocando ao homem, e quando a família passa a 
reorganizar o seu espaço e a relação entre seus membros que surge o moderno 
sentimento de infância. E é esse sentimento que vai corresponder a duas atitudes 
contraditórias em relação à criança: uma a considera ingênua, inocente, graciosa; a 
outra, que surge concomitantemente à primeira, mas a ela se contrapõe, toma a 
criança como um ser incompleto, imperfeito, que necessita da moralização e da 
educação do adulto. É dessa preocupação, antes não encontrada, de preservar a 
moralidade da criança e também de educá-la, que surge a necessidade de se proibir 
os jogos entendidos como “maus” e recomendar-se àqueles então conhecidos como 
“bons”. 
…No princípio da vida quando a memória e a imaginação são ainda 
inativas, a criança só presta atenção àquilo que afeta seus sentidos 
no momento, sendo suas sensações o primeiro material de seus 
conhecimentos oferece-las numa ordem conveniente e preparar sua 
memória a fornece-las um dia na mesma ordem de seu 
entendimento, mas como ela só presta atenção a suas sensações, 
basta primeiramente mostrar-lhe, bem distintamente a ligação destas 
sensações com os objetos que a provocam. Ela quer meter a mão 
em tudo, tudo manejar: não contrarieis esta inquietação; ela sugere 
um aprendizado muito necessário. Assim é que ela aprende a sentir 
calor, frio, a dureza, a moleza, (….). (Rousseau, apud Leme Goulart, 
1994: p. 14). 
 Como observa Leme Goulart (1994), para Rousseau, a educação deve ser 
ativa, em sua concepção, pois o que dá o sentido de viver é agir, utilizar todos os 
órgãos e não simplesmente respirar: por isso, é necessário habituar a criança a 
observar e seguir o caminho da natureza, de forma gradual e cuidadosa. 
 Assim, a partir da influência da postulação de Rousseau sobre a natureza do 
conhecimento da criança, deu-se início à elaboração de métodos próprios para a 
educação infantil, e o brinquedo é introduzido nos currículos das pré-escolas 
(Wayskop, 1995). É o que se verifica, por exemplo, nas propostas de alguns 
estudiosos e educadores do século XVIII em diante (Pestalozzi, Froebel, Decroly e 
Montessori, entre outros) nas quais se evidencia o interesse dos mesmos pelas 
crianças pequenas. 
 Para Froebel, por exemplo, preocupando-se com a educação das crianças 
em idade pré-escolar, considerava-as, tal como Pestalozzi, como plantas humanas 
que precisavam ser cuidadas e protegidas. 
32 
 
 Nesse sentido, propôs a criação de escolas destinadas à criança – os 
“jardins de infância” (Kindengarten) –, e de uma educação com atividades livres e 
espontâneas, que facilitassem o contato com a natureza. Assim, Froebel queria um 
lugar onde as crianças tivessem livre acesso aos brinquedos e pudessem manipulá-
los à vontade. (LEME GOULART, 1994). 
 Já segundo Piquemont (1963), para Froebel, a criança devia estar em 
contato com a natureza, isto é, possuir o seu jardinzinho e cultivá-lo, o que 
despertaria seu interesse e seu amor pela natureza e pelos seus bens. 
 O jardim de infância devia ser para o educador fonte de observação e 
conhecimentos e seu objetivo seria o de promover o desenvolvimento da criança, 
sem coagi-la, ou seja, manter a ordem, ensinar-lhe a disciplina, sempre a 
respeitando e proporcionando prazer nas atividades, o que a prepararia para o 
futuro. (LEME GOULART, 1994). 
 Ainda segundo Piquemont, Froebel dava muito valor ao desenvolvimento 
sensorial da criança e, em função disso, criou materiais educativos especiais para os 
pequeninos, materiais esses que receberam o nome de “dons”, os quais ainda são 
utilizados nos dias de hoje nos jardins de infância e nas escolas maternais. São eles: 
modelagem, picagem, recortes, tecelagem, desenhos e trabalho com contas e 
agulhas. (LEME GOULART, 1994). 
 Percebe-se, assim, a importância de Froebel, pelo fato de ter contribuído 
muito para a discussão sobre a educação infantil, na medida em que valorizava o 
brinquedo, a atividade lúdica e os destacava como de extrema validade no processo 
de desenvolvimento infantil. (LEME GOULART, 1994). 
 Com o nascimento da Psicologia Infantil, no despontar do século XX, surgem 
novas concepções e pesquisas por parte de pensadores como Piaget, Bruner e 
Vygotsky, entre outros, que passam a discutir e a reafirmar a importância do ato de 
brincar. Emerge, assim, a valorização dos brinquedos e brincadeiras como nova 
fonte de conhecimento e de desenvolvimento infantil. (LEME GOULART, 1994). 
 Após estas considerações iniciais, parece-nos importante, para o objetivo do 
presente trabalho, apresentar algumas ideias básicas a respeito do que consiste o 
brinquedo e o brincar. (LEME GOULART, 1994). 
 
 
 
33 
 
2.3 O QUE É BRINCAR 
 
 Normalmente, brincar é um ato reconhecido como espontâneo e natural, que 
se constitui, basicamente, em um sistema que integra a vida social das crianças e 
que passa de geração a geração, de acordo com os interesses e necessidades de 
cada grupo e época. (ROSAMILHA, 1990). 
 Rosamilha (apud Salles Oliveira, 1986: p. 19), por exemplo, apresenta, 
sintetizadas em seis pontos, algumas das principais tendências sobre o que leva a 
criança a brincar: 
1. “as crianças brincam porque tem excesso de energias” (SPENCER). 
2. “as crianças brincam porque esse é um instinto que as leva a preparar-se 
para a vida futura” (GROSS). 
3. “As crianças brincam porque a hereditariedade e o instinto as levam a 
recapitular as atividades ancestrais importantes para o indivíduo” (STANLEY 
HA 11). 
4. “as crianças brincam para descarregar suas emoções de forma catártica” 
(ARISTÓTELES, CLAPAREDE, FREUD e ERIKSON). 
5. “as crianças brincam porque e agradável. O jogo é importante pelo seu 
aspecto hedônico” (HURLOCK e SULTONSMITH). 
6. “o brincar é um aspecto de todo comportamento. Ele está implícito na 
assimilação que o indivíduo realiza em relação a realidade” (PIAGET). 
 Pelas definições acima expostas, podemos perceber que há grande 
dificuldade em se encontrar uma concordância sobre o que significa o 
comportamento de brincar. Se, por um lado, para alguns autores, o brincar é livre e 
se opõe a toda regra fixa, por outro, podemos questionar as ideias dos autores que 
veem o brincar como meio para descarga de energias, isto é, não lhe atribuindo 
importância. (ROSAMILHA, 1990). 
 Parece, pois, que vários motivos levam a criança a brincar. Não é, portanto, 
somente por simples prazer ou para gastar suas energias que as crianças brincam. 
Existem amplos aspectos que devem ser considerados, não se devendo de forma 
alguma subestimar esta atividade, que é, sem dúvida, essencial para o 
desenvolvimento da criança em idade pré-escolar. (ROSAMILHA, 1990). 
 De qualquer modo, é através do brincar que a criança aprende a se prepararpara o futuro e para enfrentar direta ou simbolicamente dificuldades do presente. 
34 
 
Brincar, além de ajudar a descarregar o excesso de energias, é agradável, dá prazer 
à criança e estimula o desenvolvimento intelectual da mesma. É o que nos afirma, 
por exemplo, Bettelheim (1988): as crianças brincam porque esta é uma atividade 
agradável e ao brincar a criança exercita também a mente, além do corpo, pois 
ambos estão envolvidos. O brincar é muito importante porque, além de estimular o 
desenvolvimento intelectual da criança, ensina, sem forçá-la, os hábitos necessários 
para seu crescimento. 
 De seu lado, Bomtempo (1986) faz um levantamento de como as crianças 
brincam. Segundo ela, as crianças têm várias maneiras de brincar, tanto sozinhas, 
como em grupo. Quando a criança é muito pequena, por exemplo, seu mundo, de 
certo modo, é muito restrito; ela não tem condições de brincar com um número 
grande de pessoas; no máximo, com duas ou três crianças, ou sozinhas. Além 
disso, nem sempre ao dividir os brinquedos, as crianças, nessa idade, estão 
brincando juntas e, sim, muitas vezes, brincam uma ao lado da outra, porém, sem 
brincar uma com a outra. Ao falar de crianças maiores, a autora coloca que estas já 
conseguem se organizar em grupos mais amplos e, na maioria das vezes, dividem 
tarefas, desenvolvendo atividades iguais ou semelhantes. 
 Bandet e Sarazanas (apud Andrade, 1994) também mostram preocupação 
sobre a forma como as crianças brincam e colocam que todos os meios de 
educação deveriam informar-se sobre este aspecto e sobre os objetos que poderiam 
ajudar na atividade construtiva da brincadeira. Acrescentam ainda que não se possa 
conhecer nem educar uma criança sem saber por que e como ela brinca. 
 Cunha (1998), por sua vez, coloca que “brincando a criança experimenta, 
descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades” (p. 9). Acrescenta ainda que 
brincar é um dom natural que contribuirá no futuro para o equilíbrio do adulto, pois o 
ato de brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. 
 Já Wayskop (1995) afirma que a brincadeira precisa perder o caráter de jogo 
e, assim, ganhar confiança para poder mostrar que é útil ao futuro da criança, para 
poder ser aceita como atividade infantil. Também acrescenta que a atividade do 
brincar tem sido reconhecida como uma forma mais livre e informal de educação de 
crianças em idade pré-escolar. 
 Para (Lima, 1992), o brincar é a combinação da ficção com a realidade. Ao 
brincar, a crianças trabalham com informações, dados e percepções da realidade, 
mas na forma de ficção. Assim, vão crescendo e incorporando a representação que 
35 
 
fazem da sua realidade, dos conhecimentos adquiridos e de seus desejos e 
sentimentos. 
 Conclui-se, pois, que conhecer a criança, bem como a importância do 
brincar e do por que e para que a criança brinca é fundamental para ajudá-la em seu 
desenvolvimento, pois, é no brincar que a criança aprende modos de se comportar, 
de reagir, de expressar emoções, de se relacionar. Logo, brincando a criança está 
aprendendo a criticidade, preparando-se para o futuro. 
 
2.4 O QUE É O BRINQUEDO 
 
 Alguns autores como (Oliveira, Dias, Cunha, Kishimoto, Maluf, Velasco, 
entre outros) usam indistintamente o termo brinquedo para nomear tanto o jogo 
quanto à brincadeira. Daí, muitas vezes, ser impraticável distinguir estes termos com 
nitidez. Em seu livro “Brinquedo e Indústria Cultural”, Salles Oliveira (l986: p.25) 
aponta quatro possibilidades para se definir o que é o brinquedo, tiradas de um dos 
mais conhecidos dicionários brasileiros, organizado por Aurélio Buarque de Holanda 
Ferreira (apud OLIVEIRA, 1986: p. 25). 
1. Objeto que serve para as crianças brincarem; 
2. Jogo de crianças, brincadeira; 
3. Divertimento, passatempo, brincadeira; 
4. Festa, folia, folguedo, brincadeira. 
 Reforçando também esta ideia de que em nossa língua os termos jogo e 
brincadeira são utilizados de forma similar, Bomtempo (1986) acrescenta, no 
entanto, que na maioria das vezes as pessoas se referem à palavra “jogo”, quando a 
brincadeira envolve regras, e “brinquedo”, quando se trata de uma atividade não 
estruturada. 
 Concordando com as posições de Oliveira e Bomtempo, Kishimoto (1996) 
vem confirmar que é muito difícil fazer a definição de jogo devido à variedade de 
fenômenos considerados como jogo e acrescenta que essa dificuldade cresce, 
quando o mesmo objeto pode ser visto como jogo ou não jogo, dependendo apenas 
do significado a ele atribuído pelas diferentes culturas e pelas regras e objetos que o 
caracterizam. 
 Já ao referir-se ao brinquedo, a autora coloca que através deste é 
estabelecida uma relação íntima com a criança, sem um conjunto de regras para a 
36 
 
sua utilização. Acrescenta que o brinquedo, visto como objeto, é sempre o suporte 
da brincadeira e que esta última se constitui na ação que a criança exerce ao 
valorizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. (KISHIMOTO, 1996). 
 Assim, 
…se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo 
intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos, 
envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, 
corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de 
grande relevância para desenvolvê-lo. Ao permitir a ação intencional 
(afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a 
manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório motoras 
(físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias 
formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, 
contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil… 
(KISHIMOTO, 1996: p.36). 
 Também ao discutir tipos de brinquedos e brincadeiras, Kishimoto (1996) 
comenta algumas modalidades de brincadeiras presentes na educação infantil, 
fazendo uma diferenciação entre elas: 
A. O brinquedo/jogo educativo ao assumir, por exemplo, a função lúdica, 
propicia diversão, prazer e até mesmo desprazer quando é escolhido por 
vontade própria, enquanto ao assumir a função educativa, o brinquedo ensina 
qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e 
sua apreensão do mundo. Como ilustração, a autora coloca que a criança ao 
manipular livremente um quebra-cabeça, diferenciando cores, a função 
educativa e a lúdica estão presentes. Mas, se a criança preferir apenas 
empilhar peças, fazendo de conta que está construindo um castelo em uma 
situação imaginária, a função lúdica está presente. É a intenção da criança 
que vale e não exatamente o que o professor deseja. 
B. A brincadeira tradicional infantil, por sua vez, é um tipo de jogo livre, 
espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de o fazer. 
C. A brincadeira de faz-de-conta, é a que deixa mais evidente a presença da 
situação imaginária. No entanto, é importante ressaltar que o conteúdo do 
imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças em 
diferentes contextos, assunto este ao qual nos reportaremos adiante. 
D. Os jogos ou brincadeiras de construção são de grande importância para a 
experiência sensorial, estimulando a criatividade e desenvolvendo habilidades 
da criança. 
37 
 
 No mesmo sentido de Kishimoto, também Cunha (1998) acredita que o 
brinquedo estimula a inteligência, fazendo com que a criança solte sua imaginação e 
desenvolva a criatividade. 
 Além destes aspectos, Kishimoto enfatiza que o brinquedo diminui o 
sentimento de impotência da criança, pois, ao manipulá-lo, ela cria situações novas, 
reconhece outras, compara, experimentam, desenvolve sua imaginação e 
habilidades. 
 Brougère (1995), em seu livro “Brinquedoe Cultura”, também faz uma 
diferenciação entre jogo e brinquedo. Para este autor, o brinquedo é um objeto que a 
criança manipula livremente, sem estar condicionado às regras ou a princípios de 
utilização de outra natureza. O brinquedo é um objeto infantil; o jogo, ao contrário, 
pode ser destinado tanto à criança quanto ao adulto, sem restrição de uma faixa 
etária, enquanto o brinquedo, para um adulto, torna-se sempre motivo de zombaria, 
de ligação com a infância. 
 Campagne (apud Andrade, 1994) é outro autor que, preocupado com o 
papel do brinquedo no desenvolvimento infantil, nos mostra as diversas funções 
deste para as crianças em idade pré-escolar. 
 Para este autor, o brinquedo, é o suporte do jogo, é o objeto que desperta a 
curiosidade, exercita a inteligência, permite a invenção e a imaginação e possibilita 
que a criança descubra suas próprias capacidades de apreensão da realidade. Ele 
permite, pois, à criança, testar situações da vida real ao seu nível de compreensão, 
sem riscos e com controle próprio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
3. O papel do lúdico no contexto educacional 
 
3.1. O JOGO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
 O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, na verdade o jogo faz 
parte da essência de ser dos mamíferos. O jogo é necessário ao nosso processo de 
desenvolvimento, tem uma função vital para o indivíduo principalmente como forma 
de assimilação da realidade, além de ser culturalmente útil para a sociedade como 
expressão de ideais comunitários. (FARIAS, 1995). 
Na concepção piagetiana, os jogos consistem numa simples 
assimilação funcional, num exercício das ações individuais já 
aprendidas gerando ainda um sentimento de prazer pela ação lúdica 
em si e pelo domínio sobre as ações. Portanto, os jogos têm dupla 
função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou 
equilíbrio emocional a criança. (PIAGET apud FARIA, 1995). 
 Segundo Vygotsky (1991), “o lúdico influencia enormemente o 
desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua 
curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o 
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração”. 
 Passerino (1996) afirma que existem certos elementos que caracterizam os 
diversos tipos de jogos e que podem ser resumidas assim: 
· Capacidade de absorver o participante de maneira intensa e total (clima de 
entusiasmo, sentimento de exaltação e tensão seguidos por um estado de 
alegria e distensão), ou seja, envolvimento emocional. 
· Atmosfera de espontaneidade e criatividade. 
· Limitação de tempo: o jogo tem um estado inicial, um meio e um fim. Isto é, 
tem um caráter dinâmico. 
· Possibilidade de repetição. 
· Limitação do espaço: o espaço reservado seja qual for a forma que assuma 
é como um mundo temporário e fantástico. 
· Existência de regras: cada jogo se processa de acordo com certas regras 
que determinam o que “vale” ou não dentro do mundo imaginário do jogo. O 
que auxilia no processo de integração social das crianças. 
· Estimulação da imaginação, autoafirmação e autonomia. 
 
39 
 
3.2. PONTOS BÁSICOS DA TEORIA DE PIAGET 
 
 Segundo Piaget, o desenvolvimento do indivíduo se faz ao longo de um 
processo gradual, dinâmico e contínuo, de forma integrada com os aspectos 
cognitivo, afetivo, físico-motor, moral, linguístico e social. Para este autor, o que 
possibilita o desenvolvimento é a interação do sujeito com o seu meio, ou seja, é na 
interação sujeito-objeto (meio) que vão sendo assimiladas determinadas 
informações, segundo o estágio de desenvolvimento cognitivo em que este sujeito 
se encontra. (FARIAS, 1995). 
 Faz este postulado, o desenvolvimento é, pois, consequente de 
combinações entre o que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio. 
Em sua constituição, vários fatores interatuam e se entrelaçam de forma dinâmica e 
contínua: 1) a maturação, que seria o crescimento biológico dos órgãos; 2) os 
exercícios, experiências que supõem o funcionamento dos esquemas e órgãos que 
implicam a formação de hábitos e a utilização das possibilidades adaptativas do 
indivíduo em relação dos objetos do meio; 3) a aprendizagem social, que significa a 
aquisição de valores, linguagens, costumes e padrões culturais, que decorrem da 
interação social, já que é através desta que se realiza a transmissão social; e 4)-a 
equilibração, que se constitui no processo de autorregulação interna do organismo, 
ou seja, na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio. (FARIAS, 
1995). 
 Em relação a cada um destes fatores, de acordo com Wadsworth (1992), 
pode-se dizer o seguinte: 
 A maturação é um aspecto intrínseco ao indivíduo e desempenha papel 
importante também em seu desenvolvimento cognitivo, uma vez que este se 
constitui a partir das transformações ocorridas nos esquemas com os quais a 
criança nasce. Tais esquemas são estruturas, inicialmente de natureza reflexa, que 
se adaptam e se modificam com o desenvolvimento mental. Ao nascer, a criança 
possui poucos esquemas. Com o seu desenvolvimento, os esquemas se 
transformam, tornam-se mais diferenciados, mais numerosos. (FARIAS, 1995). 
 O meio físico é conhecido e conquistado através das experiências que a 
criança realiza, as quais podem ser de ordem física e lógico-matemática. Através da 
experiência física, a criança é capaz de extrair informações dos objetos, como: 
forma, peso, tamanho, etc.. Já a experiência lógico-matemática está relacionada às 
40 
 
ações sobre os objetos. A criança baseia-se não mais nas características físicas dos 
objetos, mas nas propriedades das ações que foram exercidas sobre eles. Como 
exemplo, poderíamos citar uma criança que ao brincar com blocos, de repente, 
resolve separar os blocos pequenos dos grandes para brincar. Mas, ao terminar de 
selecioná-los, conta-os e descobre a quantia dos mesmos. E, assim, brincando, faz 
outras descobertas, ultrapassando o conhecimento do objeto utilizado e 
estabelecendo descobertas em torno do mesmo. (KISHIMOTO, 2000) 
 Em relação ao ambiente social, a criança irá perceber inúmeras situações 
ocorridas em relação às pessoas, objetos e a si própria. Nessas situações, ocorrem 
interferências da criança, que poderão resultar em diferentes tipos de interação. 
Contudo, tanto as influências sociais, quanto a experiência, só podem ter efeito 
sobre o sujeito se ele for capaz de assimilá-las, isto é, se o indivíduo for capaz de 
relacionar essas novas experiências com as adquiridas anteriormente. (KISHIMOTO, 
2000). 
 Por fim, a equilibração é entendida no sentido mais amplo da autorregulação 
ou sequência de compensações ativas do sujeito em resposta às perturbações 
exteriores. (KISHIMOTO, 2000). 
 O fator de equilibração é extremamente importante no processo de 
desenvolvimento. Quando o indivíduo está em equilíbrio, ele atinge o conhecimento. 
O equilíbrio é, portanto, um estado de balanço entre assimilação e acomodação. 
Estes dois processos, a assimilação e a acomodação, são os responsáveis pela 
adaptação do sujeito ao mundo. São processos distintos, porém, indissociáveis. 
· Na assimilação, o sujeito age sobre os objetos que o rodeiam, aplicando 
esquemas já constituídos ou solicitados anteriormente. Ou seja, a assimilação 
é a tendência a relacionar um novo acontecimento com uma ideia que a 
criança já possui. Ela acontece sem interferir no conhecimento, não havendo, 
portanto, modificação do mesmo. 
· Já a acomodação representa o momento da ação do objeto sobre o sujeito. 
Ao contrário da assimilação, a acomodação exige mudanças no nível das 
ideias. A criança muda suas ideias próprias para que possam

Outros materiais