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1-ª Edição - Agosto 2017 2-ª Edição- Fevereiro 2018 MAURO SCHIAVI juiz Titular da 19ll Vara do Trabalho de São Paulo. Doutor e Mestre em Direito pela PUCISP. Professor no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu do Machenzie/SP. Professor Convidado da Escola judicial do TRTISP. Professor Convidado do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu da PUC/SP A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO Aspectos processuais da Lei n. 13.467117 2ª Edição ILlli EDITORA LTDA. © Todos os direitos reservados Rua )aguaribe, 571 CEP 01224-003 São Paulo, SP - Brasil Fon~ (11)2167-1101 www.ltr.com.br Fevereiro, 2018 ~~ ~ ·. ~"·\'':\ .o, s ~~q ~ "2.. . G.D · Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Peter Fritz Strotbck - The Besl Page Projeto de Capa: Fabio Giglio Impressão: BOK2 Versão impressa: LTr 5954.6- ISBN 978-85-361-9553-7 Versão digital: LTr 9328.1 -ISBN 978-85-361-9586-5 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (ClP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Schiavi, Mauro A reforma trabalhista e o processo do trabalho : aspectos processuaL<; da Lei n. 13.467/17 I Mauro Schiavi. - 2. ed.- São Paulo: LTr, 2018. Bibliografia. l. Direito do trabalho 2. Direito do trabalho - Brasil 3. Direito processual do trabalho-Brasil 4. Lei 13.467, de 2017 -Comentários 5. Reforma constitucional- Brasil l. Título. 18-12550 CDU-34:331.001. 73(81) Índice para catálogo sistemático: l. Brasil : Reforma trabalhista : Direito do trabalho 34:331.001.73(81) Sumário Nota à 2ª Edição ............................................................................. ............... .. 9 Apresentação ... ... .. ......................... ...... ........... ...................... ............ ... ............ 11 Capítulo I - Teoria Geral do Direito Processual do Trabalho .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. 13 l. Direito Processual do Trabalho: conceito, autonomia e finalidade.............. 13 2. Do acesso à justiça do Trabalho e a Lei n. 13.467/17................................... 16 3. Dos princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho...................... 23 3.1. Protecionismo processual.. ......................... ... ......... .... .... ..... ..... .. .......... . 28 3.2. Informalidade........................................................................................ 30 3.3. Conciliação........................................................... .............................. ... 31 3.4. Celeridade... ........................................... ........................ ....................... 32 3.5. Simplicidade.. ........................ ................................................................ 33 3.6. Oralidade ............. ............... ...... .. ..... ...................................................... 33 3.6.1. Identidade física do juiz.............................................................. 34 3.6.2. Prevalência da palavra oral sobre a escrita.................................. 3 7 3.6.3. Concentração dos atos processuais............................................. 37 3.6.4. Imediatidade................................................................................ 38 3.6.5. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias............................. 38 3.6.6. Majoração dos poderes do juiz do Trabalho na direção do processo. 39 3. 7. Subsidiariedade ....... .... . . ... . . . . . .. . . . ... . . . .. . . .. . . . . . . ... ........... ... . . . . . . . . . . .. . .. ......... 40 3.8. Função social do Processo do Trabalho .. .... .... ........... .... . .. .. .. .. .. .. .......... 40 3.9. Normatização coletiva........................... ......... ....................................... 42 3.10. A aplicação supletiva e subsidiária do CPC ao processo trabalhista... 43 3.11. O princípio da subsidiariedade do Processo do Trabalho e as Lacunas Axiológicas da legislação processual trabalhista................................ . 4 7 A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO • 5 Capítulo III Formas de Solução dos Conflitos Trabalhistas 1. Do processo de jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial Art. 855-8. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado. § 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum. § 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria. Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no§ 6º do art. 477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no § 82 do art. 477 desta Consolidação. Art. 855-0. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá sentença. Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados. Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo. O presente capítulo disciplina, como sistema de jurisdição voluntária, a ho- mologação de conciliação extrajudicial. Segundo a doutrina, a jurisdição se subdivide em contenciosa e voluntária. Contenciosa: pressupõe a existência de lide, atuando a jurisdição de forma imperativa, dirimindo o conflito e impondo coercitivamente o cumprimento da decisão. A jurisdição contenciosa atua por meio do processo. Voluntária: caracteriza-se como Administração Pública de interesses priva- dos. Não há partes, e sim interessados, pois não há lide, uma vez que entre as partes há consenso e não conflito. Conforme destaca Alexandre Freitas CâmaraC84), dentre as várias teorias que tentam explicar a natureza da jurisdição voluntária , destaca-se como majoritária (84) Ibidem, p. 78. 74 • MAURO SCHIAVI na doutrina a qual a jurisdição voluntária não teria natureza de jurisdição, mas sim de função administrativa. A atividade dos órgãos do Poder judiciário, ao exercer a jurisdição voluntária, consiste em dar validade a negócio jurídico entre particulares que, pela importân- cia e seriedade de que se reveste o ato, necessitam da chancela judicial. Havia raros exemplos de jurisdição voluntária na justiça do Trabalho, dentre os quais destacavam-se: a) os requerimentos de alvarás judiciais para saque do FGTS, e também a homologação de pedidos de demissão de empregados estáveis, conforme dispõe o art. 500 da CLT, in verbis: "O pedido de demissão do empregado estável só será válido quando feito com a assistên- cia do respectivo sindicato e, se não o houver, perante autoridade local competente do Ministério do Trabalho ou da justiça do Trabalho." Nesse sentido, dispõe o Enunciado n. 63, da lª jornada de Direito Material e Processual do Trabalho da ANAMATRA: "Competência da justiça do Trabalho. Procedimento de jurisdição voluntária. Liberação do FGTS e pagamento do seguro-desemprego. Compete à justiça do Trabalho , em procedi- mento de jurisdição voluntária, apreciar pedido de expedição de alvará para liberação do FGTS e de ordem judicial para pagamento elo seguro-desemprego, ainda que figurem como interessados os dependentes de ex-empregado falecido." Nos termos do art. 652, "f", da CLT, compete às Varas do Trabalho decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da jus- tiça do Trabalho. Os arts. 855-B a 855-E da CLT disciplinam um polêmico instituto de ho- mologação de acordo extrajudicial, qualificado como procedimento de jurisdição voluntária, o que sempre encontrou uma resistência grande na justiça do Trabalho, em razão de princípios próprios do direito material do trabalho como a irrenun- ciabilidade de direitos, e do acesso à justiça do trabalhador economicamente fraco. Doravante, os juízes do Trabalho deverão ter grande sensibilidade em anali- sar acordosextrajudiciais e avaliar, no caso, concreto, a extensão da quitação, bem como a pertinência ou não da homologação Vale consignar que os juízes não estão obrigados a homologar acordos, con- forme o entendimento já sedimentado pela Súmula n. 418 do TST, in verbis: "Mandado de segurança visando à homologação de acordo. A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito liquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. Pelo procedimento previsto na lei a homologação de acordo extrajudicial deve seguir o seguinte procedimento: a) terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação elas partes por advo- gado, que não poderá ser comum. Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria; A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO • 75 b) não há prejuízo do prazo estabelecido no § 6º do art. 4 77 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8º do art. 477 desta Consolidação; c) no prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá sentença; d) a petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados; e) o prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo." A decisão que homologar o acordo não será recorrível, havendo o trãnsito em julgado a partir da homologação (art. 831, da CLT), exceto quanto aos valores devidos à Previdência Social. Embora não seja obrigatória a marcação de audiência para homologação de acordo extrajudicial, pensamos que tal providência é prudente e, possivelmente, será delegada ao Centro judiciário de Solução de Conflitos (CEjUSC), órgão de resolução consensual de conflitos existente dentro da própria justiça do Trabalho. As custas serão fixadas em proporções iguais ao reclamante e ao reclamado, sendo possível a isenção à parte beneficiária de justiça gratuita. De nossa parte a decisão que homologar a conciliação extrajudicial não fixará honorários advocatícios, pois não houve sucumbência. Da decisão que não homologar o acordo, caberá Recurso Ordinário (art. 895, I, da CLT). Uma vez homologado o acordo, caso não haja o cumprimento espontãneo, este poderá ser executado junto às Varas do Trabalho, pois tem natureza de título executivo judicial (art. 515, lil do CPC). Embora a intenção da lei seja de facilitar a solução de conflitos individuais na justiça do Trabalho, pensamos que o presente procedimento será pouco utilizado, pelos seguintes argumentos: a) necessidade de advogados distintos para empregado e empregador, não sendo possível o jus postulandi de uma das partes; b) necessidade de petição conjunta; c) prazo de 15 dias para análise do acordo, que é muito curto, considerando-se a realidade das Varas do Trabalho pelo Brasil; d) dificilmente, os juízes do trabalho homologarão o acordo com eficácia liberatória geral, considerando-se os princípios do direito do trabalho e a tradição da justiça do Trabalho; e) possibilidade de não homologação (Súmula n. 418 do TST). Sobre o presente instituto, a li jornada de Direito Material e Processual do Trabalho da ANAMATRA editou os seguintes enunciados: 76 • MAURO SCHIAVI Enunciado n. 110: "JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. ACORDO EXTRAJUDICIAL RECUSA À HOMOLO- GAÇÃO. O JUIZ PODE RECUSAR A HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO, NOS TERMOS PROPOSTOS, EM DECISÃO FUNDAMENTADA." Enunciados ns. 123, 124 e 125: "HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL I- A FACULDADE PREVISTA NO CAPÍTULO III-A DO TÍTULO X DA CLT NÃO ALCANÇA AS MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA. ll- O ACORDO EXTRAJUDICIAL SÓ SERÁ HOMOLOGADO EM JUÍZO SE ESTIVEREM PRESENTES, EM CONCRETO, OS REQUISITOS PREVISTOS NOS ARTS. 840 A 850 DO CÓDIGO CIVIL PARA A TRANSAÇÃO; lll- NÃO SERÁ HOMOLOGADO EM JUÍZO O ACORDO EXTRAJUDICIAL QUE IMPONHA AO TRABALHADOR CON- DIÇÕES MERAMENTE POTESTATIVAS, OU QUE CONTRARIE O DEVER GERAL DE BOA-FÉ OBJETIVA (ARTS. 122 E 422 DO CÓDIGO CIVIL). HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL RECURSO. ANÁLISE PELO TRI- BUNAL NO CASO DE RECURSO DA DECISÃO QUE NÃO HOMOLOGAR DE FORMA FUNDAMENTADA O ACORDO EXTRAJUDICIAL, O TRIBUNAL NÃO PODERÁ RE- TORNAR O PROCESSO PARA QUE O JUIZ DE PRIMEIRO GRAU O HOMOLOGUE. PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EX- TRAJUDICIAL COMPETÍ:NCIA TERRITORIAL I- A COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE ACOR- DO EXTRAJUDICIAL SEGUE A SISTEMÁTICA DO ART. 651 DA CLT. Ll- APLICA-SE ANALOGICAMENTE O ART. 63, § 3º, DO CPC, PERMITINDO QUE O JUIZ REPUTE INEFICAZ DE OFÍCIO A ELEIÇÃO DE FORO DIFERENTE DO ESTABELECIDO NO ART. 651 DA CLT, REMETENDO OS AUTOS PARA O JUÍZO NATURAL E TERRITO- RIALMENTE COMPETENTE." 2. Arbitragem em dissídios individuais trabalhistas Art. 507*A, Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. A arbitragem é um meio de solução dos conflitos pelo ingresso de um terceiro imparcial (árbitro) previamente escolhido pelas partes que irá solucionar o conflito de forma definitiva. A arbitragem é considerada um meio alternativo de solução do conflito, pois o árbitro não pertence ao Estado. Alguns doutrinadores sustentam que o árbitro tem jurisdição, não a estatal, mas sim a que lhe foi outorgada pelas partes para resolução do conflito. Não há tradição de resolução dos conflitos trabalhistas pela via da arbitragem no Direito brasileiro, embora em muitos países de tradição anglo-saxônica, este seja o principal meio de resolução de tais conflitos, principalmente o conflito co- letivo de trabalho. A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO • 77 Diante do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), a arbitragem no Direito brasileiro é um meio facultativo de solução de conflitos, vale dizer: não se pode obrigar alguém, contra sua vontade, a aceitar o procedimento arbitral. Dentre os argumentos favoráveis à arbitragem, podemos destacar: a) maior agilidade nas decisões , em face da inexistência de recursos; b) o árbitro é escolhido pelas partes; c) melhores condições da real dimensão do conflito pelo árbitro; d) maior celeridade de resolução do conflito; e) possibilidade de a decisão dar-se por equidade se assim convencionarem as partes. Nos termos da Lei n. 9.307/96 que disciplina a arbitragem e traça as regras do procedimento arbitral, o procedimento arbitral é ins taurado pela convenção de arbitragem, que compreende a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A cláusula compromissória, prevista no art. 42 da Lei n. 9.307/96, é o negócio jurídico por meio do qual as partes se comprometem a submeter à arbitragem futu- ros litígios que possam surgir relativamente a um contrato. O compromisso arbitral, previsto no art. 9º da Lei n. 9.307/96, é o negócio jurídico de natureza contratual por m eio do qual as partes submetem à arbitragem um litígio já existente. Atualmente, a doutrina e a jurisprudência não têm admitido a arbitragem para a solução dos conflitos individuais trabalhistas com os seguintes argumentos: a) acesso amplo e irrestrito do trabalhador ao judiciário Trabalhista (art. 5º, XXXV, da CF); b) irrenunciabilidade do crédito trabalhista; c) hipossuficiência do traba- lhador; d) o estado de subordinação inerente ao contrato de trabalho impede que o trabalhador manifeste sua vontade ao aderir a uma cláusula compromissória. Nesse sentido, destacam-se as seguintes ementas: "Arbitragem. Direito individ ual do trabalho. Incompatibilidade. 'O art. 114 da Constituição Federal delimita a competênciada justiça do Trabalho e apenas quanto às questões cole.tivas autorizou a arbitragem. Não houve espaço constitucional para a arbitragem nas demandas individuais trabalhistas. Longe das origens do Estado Liberal, hoje as relações trabalhistas, reconhecidamente desequilibradas na ótica individual empregado-empre- gador, são relações que não autorizam o compromisso arbitral , afastando a jurisdição estatal. Apenas sob a ótica coletiva, juridicamente igualitária, ficou autorizada a solução extrajudicial dos conflitos através da arbitragem'. Quíza Elke Dorisjust) . Enquadramento sindical. A promulgação da Constituição Federal de 1988 traz a proibição da interferência estatal na organização sindical, consagrando, em seu art. 82, I, a autonomia dos trabalha- dores na formação do sindicato e no estabelecimento de suas bases e alcances. Preserva, no entanto, o conceito de categoria e o princípio da unicidade sindical. O critério, por excelência, para determinação do enquadramento sindical consiste na identificação da atividade preponderante da empresa. No entanto, dada a diversidade de atividade de algu- mas empresas, torna-se difícil- e, às vezes, impossível- tal detecção, tomando-se por base apenas este parãmetro. É o caso que desponta na situação sub examen, tornando-se, pois, mister, a utilização de outros critérios. In casu, os elementos conducentes à ilação, aptos a eleger a entidade de classe efetiva para a representação da categoria profissional do reclamante, assentam-se na homologação da rescisão contratual, recolhimento da contri- buição sindical e ausência de firmação da suposta CCT aplicável pela entidade de classe 78 • M AURO SCHIAVI representativa da categoria econômica correspondente. Recurso da reclamada conheci- do e parcialmente provido. Recurso ordinário do reclamante parcialmente conhecido e prejudicado." (TRT lOª R.- 3>~ T.- RO n. 1247/2005.005 .10.00-3- reli! Márcia Mazoni Cúrcio Ribeiro- D] 10.11.06- p. 31) (RDT n. 12- dezembro de 2006) "Comissão de Conciliação Prévia. Tribunal de arbitragem. Sindiforte. Territorialidade. Frau- de. Ineficácia. Competência. justiça do Trabalho. A quitação outorgada por vigilante junto ao Tribunal de Arbitragem do Estado de São Paulo, em decorrência de acordo coletivo firmado pelo Sindiforte e a empresa Estrela Azul, sem a existência de qualquer lide pré- via, e dentro do prazo previsto no § 62 do art. 477 da CLT, é absolutamente ineficaz e não produz nenhum efeito jurídico (arts. 9º, 625-B e 477 e§§ da CLT), principalmente quando o trabalhador prestou serviços em localidade abrangida pela base territorial de outro sindicato. Em razão disso, ela não impede o ajuizamento da reclamação trabalhista na justiça do Trabalho, que é a única competente para dirimir a controvérsia (art. 114 da Constituição Federal). Intervalo. Supressão parcial. Remuneração. Período efeti vamente suprimido. A supressão parcial do intervalo destinado à alimentação e descanso implica a remuneração do período efetivamente suprimido (§ 4º do art. 71 da CLT), até porque a sua remuneração integral contraria o princípio que veda o enriquecimento sem causa e não estimula o empregador a conceder intervalo em maior extensão ao trabalhador. Se a remuneração deverá corresponder a uma hora, em qualquer caso, que interesse teria o empregador em conceder 30, 40, 50 ou 55 minutos de intervalo"? (TRT 15ª R. - 2ª T. - RO n. 142/2003.093.15.00-0- rei. Paulo de Tarso Salomão- Dj 16.2.07- p. 24) (RDT n. 04- abril de 2007) "Agravo de i.nstrumento. Recurso de revista. Arbitragem. Inaplicabilidade da Lei n. 9.307196 nos conflitos individuais de trabalho. Embora o art. 3 1 da Lei n. 9.307/96 disponha que-a sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder judiciário e, sendo condenatória, constitui título executi- vo - , entendo-a inaplicável ao contrato individual de trabalho. Com efeito, o instituto da arbitragem, em princípio, não se coaduna com as normas imperativas do Direito Indivi- dual do Trabalho, pois parte da premissa, quase nunca identificada nas relações laborais, de que empregado e empregador negociam livremente as cláusulas que regem o contrato individual de trabalho. Nesse sentido, a posição de desigualdade (jurídica e econômica) exis tente entre em.pregado e empregador no contrato de trabalho dificul ta sobremaneira que o princípio da livre manifestação da vontade das partes se faça observado. Como reforço de tese, vale destacar que o art. 114 da Constituição Federal, em seus §§ l º e 2º, alude à possibilidade da arbitragem na esfera do Direito Coletivo do Trabalho, nada mencionando acerca do Direito Individual do Trabalho. Agravo de instrumento a que se nega provimento." (TST- Processo: AIRR- 415/2005-039-02-40.9- Data de Julgamento: 17.6.2009- rei. Min. Horácio Rayrnundo de Senna Pires- 6ª Turma - Data de Divulgação: DEJT 26.6.2009) Em verdade, existe no Brasil falta de tradição em solução d os conflitos pela via arbitral, acreditando-se que os árbitros não estão preparados para resolver os litígios com imparcialidade e justiça. Na esfera trabalhista, acredita-se que a via arbitral sempre atende aos interesses do empregador, lesando os interesses do em- pregado. Na realidade, muitas vezes, tanto a decisão como a transação realizadas em sede arbitral são melhores que a decisão na justiça do Trabalho, principalmente nos centros de maior movimento processual, em que a carga de trabalho dos juízes A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO • 79 inviabiliza uma decisão célere e com qualidade. Não obstante, diante da hipos- suficiência do trabalhador brasileiro, das peculiaridades das relações de trabalho e de emprego, do caráter irrenunciável do crédito trabalhista, não há como se aplicar de forma irrestrita a arbitragem para reso lução de qualquer conflito indivi- dual trabalhista, mesmo que a convenção arbitral seja firmada após a cessação do contrato individual de trabalho, pois ainda presente a hipossuficiência econômica do trabalhador. Entretanto, para algumas espécies de contratos de trabalho ou de emprego em que o trabalhador apresente hipossuficiência mais rarefeita, como os altos empregados, a arbitragem poderá ser utilizada, desde que seja espontãnea a adesão do trabalhador, e após cessado o conlrato de trabalho. Nesse diapasão, importante destacar as seguintes ementas: " 1. Recurso ordinário. Arbitragem de dissídios individuais trabalhistas. Possibilidade. A atual redação dos §§ )Q e 2Q do ar t. 114 da CF com a alteração promovida pela Emenda Constitucional n. 45/2004 p revê expressamente a possibilidade de submissão dos con- flitos coletivos entre sindicatos dos empregadores e de empregados, ou entre sindicatos de empregados e empresas, à arbitragem, nada dispondo acerca dos conflitos individu- ais . No entanto, o silêncio elo legislador leva a crer que é possível submeter os dissídios individuais trabalhistas à arbitragem em relação aos direitos patrimoniais disponíveis. Mesmo porque a mediação que se faz através das Comissões de Conciliação Prévia, muito embora não tenha previsão constitucional, é aceita. Idêntico raciocínio deve ser empre- gado em relação à arbitragem. Ademais, o escopo da Lei n. 9.30711996 ele pacificação social harmoniza-se à finalidade do Direito elo Trabalho. 2. Recurso ordinário. Supressã.o do intervalo intrajomada. Hora extraordinária. Natureza salarial. O trabalho desempenhado pelo trabalhador durante o intervalo in trajornada configura tempo à disposição do empregador, devendo, portanto, ser pago como hora extraordinária. A literalidade do 4Q do art. 71, da CLT, permite concluir que esse pagamento tem natureza salarial e não indenizatória." (TRT/SP ACÓRDÃO N.: 20080203412 N. de Pauta: 073 Processo TRT/SP n.: 00417200604802005, relator Desembargador Marcelo Freire Gonçalves. In: <www.trt. jus.br> Acesso em: set. 2008) "Arbitragem. Possibilidade de utilização para solução de conflitostrabalhistas. Hipótese fática de pressão para recurso ao juízo arbitral. In terpretação da Lei n. 9.307196 à luz dos fatos. Súmulas ns. 126 e 221 do TST. l. A arbitragem (Lei n. 9.307/96) é passível de utilização para solução dos confl itos trabalhistas, constituindo, com as comissões de conciliação prévia (CLT, art. 625-A a 625-H), meios al ternativos de composição de conflitos, que de- safogam o judiciário e podem proporcionar soluções mais satisfatórias do que as impostas pelo Estado-juiz. 2. In casu, o Regional afastou a quitação do extinto contrato de trabalho por laudo arbitral, reputando-o fruto de pressão para o recurso à arbitragem. 3. Nessas condições, a decisão regional não viola os arts. 1Q da Lei n. 9.307/96 e 840 do CC, uma vez que, diante da premissa fática do vício de consentimento (indiscutível em sede de recurso de revista, a teor da Súmula n. 126 do TST), a arbitragem perdeu sua natureza de foro de eleição. Portanto, a revista, no particular, encontrava óbice na Súmula n. 221 do TST. Agravo de instrumento desprovido." (Ac. da 7a Turma do C.TST - AlRR 2547/2002- 077-02-40- rei. Min. lves Gandra Martins Filho- DJ 8.2.2008) "Agravo de instrumento em recurso de revista. j uízo arbitral. Coisa julgada. Lei n. 9.307196. Constitucionalidade. O art. 5Q, XXXV, da Constitui ção Federal dispõe sobre a garantia constitucional da universalidade da jurisdição, a qual, por definir que nenhuma lesão 80 • MAURO SCHIAVI ou ameaça a direito pode ser excluída da apreciação do Poder judiciário, não se incom- patibiliza com o compromisso arbitral e os efeitos de coisa julgada de que trata a Lei n . 9.307/96. É que a arbitragem se caracteriza como forma alternativa ele prevenção ou solução de conflitos à qual as partes aderem, por força de suas próprias vontades, e o in- ciso XXXV do art. 5Q da Constituição Federal não impõe o direito à ação como um dever, no sentido de que todo e qualquer litígio deve ser submetido ao Poder judiciário. Dessa forma, as partes, ao adotarem a arbitragem, tão só por isso, não praticam ato de lesão ou ameaça a direito. Assim, reconhecido pela Corte Regional que a sentença arbitral foi proferida nos termos da lei e que não há vício na decisão proferida pelo juízo arbitral, não se há de falar em afronta ao mencionado dispositivo constitucional ou em inconstitucio- nalidade da Lei n. 9.307/96. Despicienda a discussão em tomo dos arts. 940 do Código Civil e 477 da CLT ou de que o termo de arbi tragem não é válido por falta dejuntaela de documentos, haja vista que reconhecido pelo Tribunal Regional que a sentença arbitral observou os termos da Lei n. 9.307/96- a qual não exige a observação daqueles dispo- sitivos legais- e não tratou da necessidade de apresentação de documentos (aplicação elas Súmulas ns. 126 e 422 do TST). Os arestos apresentados para confronto de teses são inservíveis, a teor da alínea a do art. 896 da CLT e da Súmula n. 296 desta Corte. Agravo de instrumento a que se nega provimento." (TST- Processo: AIRR -1475/2000-193-05- 00.7- Data de julgamento: 15.10.2008- rel. Min. Pedro Paulo Manus- 7ª Turma- Data de Divulgação: DEJT 17.10 .2008) "Recurso de revista. Dissídio individual. Sentença arbitral. Efeitos. Extinção do processo sem resolução do mérito. Art. 267, VII, do CPC. I- É certo que o art. lQ da Lei n. 9.307/96 estabelece ser a arbitragem meio adequado para dirimir litígios relativos a direitos pa- trimoniais disponíveis. Sucede que a irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas não é absoluta. Possui relevo no ato da con tratação do trabalhador e durante vigência do pacto laboral, momentos em que o empregado ostenta nítida posição de desvantagem, valendo salientar que o são normalmente os direitos relacionados à higiene, segurança e medicina do trabalho, não o sendo, em regra, os demais, por conta da sua expressão meramente patrimonial. Após a extinção do contrato de trabalho, a vulnerabilidade e hipossuficiên- cia justificadora da proteção que a lei em princípio outorga ao trabalhador na vigência do contrato implica, doravante, a sua disponibilidade, na medida em que a dependência e subordinação que singularizam a relação empregatícia deixam de existir. li - O art. 114, § 1u, da Constituição não proíbe o juízo de arbitragem fora do âmbito dos dissídios coletivos. Apenas incentiva a aplicação do instituto nesta modalidade de litígio , o que não significa que sua utilização seja infensa à composição das contendas individuais. Ili - Para que seja consentida no âmbito das relações trabalhistas, a opção pela via arbitral deve ocorrer em clima de absolu ta e ampla liberdade, ou seja, após a extinção do contrato de trabalho e à míngua de vício de consentimento. IV- Caso em que a opção pelo juízo arbitral ocorreu de forma espontãnea e após a dissolução do vínculo, à míngua de vício de consentimento ou irregularidade quanto à observância do rito da Lei n. 9.307/96. Ir- radiação dos efeitos da sentença arbitral. Extinção do processo sem resolução do mérito (art. 267, VII, do CPC), em relação aos pleitos contemplados na sentença arbi tral. Multa prevista em instrumento coletivo. Ausência de violação de cláusula normativa especifica. Ma- téria fática . Súmula n. 126 do TST. l -A base fática da controvérsia não pode ser revolvida pelo TST (Súmula n. 126). A este órgão incumbe apenas a conclusão jurídica dela resu l- tante, ou seja, examinar se os fatos lançados no acórdão impugnado tiveram o correto enquadramento jurídico. Parte detentora dos benefícios da justiça gratuita. Honorários peri- ciais. Isenção. 1- A exegese dos arts. 14 da Lei n. 5 .584/70 e 32 , V, e 6U da Lei n. 1.060/50 garante ao destinatário da justiça gratuita a isenção de todas as despesas processuais, aí A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO • 81 incluídos os honorários periciais. li - Recurso conhecido e provido." (TST - Processo: RR- 1799/2004-024-05-00.6- Data de julgamento: 3.6.2009- rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen- 4ª Turma- Data de Divulgação: DEJT 19.6.2009) O art. 507 -A da CLT possibilitou a fixação de cláusula compromissória de arbitragem nos contratos individuais de trabalhos com as seguintes condições: a) contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o que equivale à remuneração superior a R$ 11.062,62; b) iniciativa do empregado ou mediante a sua concordãncia expressa . De nossa parte, a lei não é adequada, pois fixa a possibilidade de cláusula de arbitragem na contratação do empregado, ou durante a vigência do vínculo de emprego, quando presente o estado de subordinação. Além disso, a remuneração de R$ 11.062,62 é relativamente baixa para se afastar o trabalhador da Justiça do Trabalho. De outro lado, no Brasil, a via arbitral ainda é um procedimento caro e, praticamente, inacessível ao trabalhador desempregado, que é o litigante mais frequente na Justiça do Trabalho. A validade do procedimento arbitral pode ser questionada naJustiça do Trabalho. A decisão que for dada pelo árbitro, caso não cumprida, será executada na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 515, VII do CPC. 82 • MAURO SCHIAVI 1. Prescrição Capítulo IV Da Prescrição Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do Contrato de Trabalho. 1- (revogado); 11- (revogado). ( ... ) § 22Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. § 32 A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.(NR) Dispõe o art. 189 do CC: "Violado o direito , nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206." Conforme o referido dispositivo legal, o Código Civil brasileiro adota o conceito de prescrição como sendo a perda da pretensão, que é, segundo Carnelutti, a exi- gência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio. Estando prescrita a pretensão, não se pode exigir em juízo o direito violado, tampouco invocá-lo em defesa, pois a exceção prescreve no mesmo prazo que a pretensão, segundo o art. 190 do CC. Segundo a melhor doutrina, a prescrição extingue a pretensão e por via oblíqua o direito, enquanto a decadência extingue o direito e por via oblíqua a pretensão. O prazo decadencial pode ser fixado na lei ou pela vontade das partes (contrato), enquanto os prazos prescricionais somente são fixados em lei. O prazo decadencial corre contra todos, não sendo, como regra, objeto de suspensão, interrupção ou causa impeditiva (art. 207 do CC), salvo as exceções do art. 208 do CC, já a prescri- ção pode não correr contra algumas pessoas, pode sofrer causas de impedimento, A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO • 83
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