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2 © Copyright 2015 Unoeste - Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qual- quer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade do Oeste Paulista. Gestão da Cadeia de Suprimentos Alexandre Borges Santos Lechan Colares Santos Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato Coordenação Tecnológica e de Produção de Materiais: Mário Augusto Pazoti Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema Diagramação: Aline Miyamura Takehana Ilustração e Arte: Luciana da Mata Crema Revisão: Renata Rodrigues dos Santos Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal Santos, Alexandre Borges. Gestão da Cadeia de Suprimentos. / Alexandre Bor- ges Santos, Lechan Colares Santos. – Presidente Pruden- te: Unoeste – Universidade do Oeste Paulista, 2015. 57 p.: il. Bibliografia. ISBN: 978-85-88755-34-5 1. Administração. 2. Cadeia de Suprimentos. 3. Logística Empresarial. I. Santos, Lechan Colares. II. Título. CDD\22ª. ed. 658.7 S237g Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), mantenedora da Universidade do Oeste Paulista Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP (18) 3229-1000 | www.unoeste.br/ead Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste 3 Sobre os Autores Alexandre Borges Santos Lechan Colares Santos Graduado em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e mestre em Administração, área de concentração Gestão do Agrone- gócio, pela mesma Universidade. Atualmente, é doutorando da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), vinculado à linha de pesquisa de Gestão de Sistemas Agroindustriais. Desenvolve pesquisas nas áreas de Canais de Distri- buição, Logística, Intermodalidade e Gestão de Desempenho. Graduado em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e mestre em Administração, área de concentração Gestão do Agrone- gócio, pela mesma Universidade. Atualmente, é professor do curso de Admi- nistração da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Desenvolve pesquisas nas áreas de Logística, Intermodalidade e Análise de Desempenho. 4 Apresentação Olá, seja bem-vindo aos estudos sobre Gestão da Cadeia de Suprimentos. Va- mos apresentar de maneira sucinta o que você aprenderá neste livro. No capítulo 1, será feita uma breve contextualização sobre as mudanças que a globalização tem trazido para o ambiente empresarial. Serão apresentados também os con- ceitos de Cadeia de Suprimentos e Gestão da Cadeia de Suprimentos. Já no capítulo 2, serão apresentadas as principais práticas e condutas gerenciais comumente realizadas pelas empresas quem empregam a gestão da cadeia de suprimentos de maneira efetiva. O capítulo 3 trata dos sistemas de avaliação de desempenho e apresenta a sua im- portância no alinhamento dos entes inseridos na cadeia de suprimentos. Além disso, abordará de maneira genérica os principais modelos de avaliação de desempenho organizacional. Por fim, no capítulo 4 apresentaremos a importância da gestão da informação, suas aplicações e tecnologias que possam proporcionar aos gestores tomar decisões com maior segurança, objetivando melhorar o desempenho em cadeia de suprimentos. Desejamos bons estudos. 5 Sumário Capítulo 1 Introdução à Gestão da Cadeia de Suprimentos 1.1 Gestão da Cadeia de Suprimentos: Conceitos e Definições ......................................................... 9 Capítulo 2 Elementos Essenciais para Prática da Gestão da Cadeia de Suprimentos 2.1 Identificação dos Elementos Essenciais ..............................................................................................17 2.1.1 Compra Estratégica .................................................................................................................................17 2.1.2 Gestão de Suprimentos .........................................................................................................................18 2.1.3 Integração Logística ................................................................................................................................26 2.1.4 Coordenação da Rede de Suprimentos ...........................................................................................27 Capítulo 3 Avaliação de Desempenho em Cadeias de Suprimentos 3.1 Desempenho Organizacional e Desempenho em Cadeias de Suprimentos ........................33 3.2 Modelos de Avaliação de Desempenho .............................................................................................35 3.2.1 Tableau de Bord ........................................................................................................................................36 3.2.2 Balanced Scorecard .................................................................................................................................38 3.2.3 Modelo de Beamon .................................................................................................................................39 3.2.4 Modelo SCOR ............................................................................................................................................40 6 Capítulo 4 Gestão da Tecnologia da Informação na Cadeia de Suprimentos 4.1 Função da Tecnologia da Informação em Cadeia de Suprimentos ..........................................45 4.2 Sistemas de Informação Aplicados à Cadeia de Suprimentos ...................................................47 4.2.1 Gestão de Relacionamento com o Fornecedor (SRM)...............................................................48 4.2.2 Gestão da Cadeia de Suprimentos Interna (ISCM) ......................................................................48 4.2.3 Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM) .......................................................................49 4.2.4 Alicerce da Gestão da Transação (TMF) ...........................................................................................49 4.3 Tecnologia da Informação na Prática ...................................................................................................50 4.3.1 Escolha de um Sistema de TI que Tenha como Base os Fatores-chaves para o Sucesso da Organização ....................................................................................................................................................50 4.3.2 Alinhar Nível e Necessidade de Sofisticação .................................................................................50 4.3.3 Fazer Uso dos Sistemas de TI para Apoiar a Tomada de Decisão e não para Tomar as Decisões ..................................................................................................................................................................51 4.3.4 Pensar no Futuro ......................................................................................................................................51 Referências.............................................................................................................................................................53 7 Capítulo 1 Introdução à Gestão da Cadeia de Suprimentos 8 Introdução A gestão de uma organização, seja ela pública ou privada, com ou sem fins lucra- tivos, tem se tornado cada vez mais complexa com o passar do tempo, principalmenteapós as consequências advindas do fenômeno da globalização, ocorrido no final do século XX. Esse cenário recente instaurou uma nova dinâmica de relacionamentos entre os governos, empresas e pessoas. Diante disso, os avanços tecnológicos, principalmente aqueles relacionados aos sistemas de informação e de transporte, fizeram com que até mesmo as micro e pequenas empresas deixassem de atuar localmente e passassem a operar globalmente. Se por um lado esse novo sistema permitiu aumentar a gama de fornecedores e clientes, por outro aumen- tou a complexidade de gerenciamento. Imagine o setor de floricultura. Provavelmente, há 20 anos, as lojas tinham seus fornecedores e clientes localizados na própria cidade ou em cidades vizinhas; hoje, com o aumento da eficiência do sistema logístico e de transporte nacional, aliado aos avanços dos sistemas de informação, gerado com o surgimento da internet, é possível comprar flores (ex.: rosas colombianas e tulipas) de fornecedores nacionais e internacionais, e comercializar com clientes espalhados por todo o território nacional. Se por um lado esse ambiente possibilitou uma diminuição nos custos e um au- mento das receitas das empresas, por outro aumentou a competitividade entre as organi- zações, exigindo elevados níveis de eficiência e eficácia que fossem capazes de gerar valor superior aos clientes, por meio do aumento da satisfação. Nesse sentido, gestores e pesquisadores notaram que a visão tradicional de ges- tão, focada apenas no ambiente interno da organização, não era mais capaz de manter uma posição de mercado sustentável a longo prazo. Passaram, portanto, a adotar um modelo sis- têmico de gestão, ressaltando a importância de todos os agentes (fornecedores e clientes) inseridos na cadeia de suprimentos, mas principalmente a relação entre eles. Esse conceito é denominado Gestão da Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain Management (SCM) e será discutido com maior detalhamento na próxima seção e capítulos deste livro. 9 1.1 Gestão da Cadeia de Suprimentos: Conceitos e Definições Diversas têm sido as mudanças ocorridas no mundo durante as últimas décadas. Países que tinham pouca representatividade no cenário econômico mundial passaram a desempenhar papel relevante, sendo o Brasil um deles. Esse avanço econômico e o incre- mento da renda per capita têm trazido consigo uma série de impactos sociais positivos para a população. Esse aumento do poder de compra da população mundial, associado ao aumento do nível de informação e educação, tem alterado significativamente os padrões de exigên- cia impostos pelos consumidores quanto aos produtos e serviços oferecidos no mercado. Avanços tecnológicos e logísticos, resultantes da globalização, têm tornado o ambiente de negócios cada vez mais concorrencial, uma vez que negociações com clientes e fornecedo- res se tornaram mais acessíveis e eficientes. Para tanto, as empresas vêm passando por um contínuo processo de aprendiza- gem, tendo que repensar suas práticas de gestão para manterem suas operações em um ambiente cada vez mais competitivo. Sendo assim, o modelo de administração voltado ape- nas ao ambiente interno, micro, deu lugar ao modelo holístico, enfatizando cada vez mais o ambiente mesoanalítico, voltado para as relações entre organizações de uma mesma cadeia produtiva. Conceitos iniciais de que uma organização não poderia ser vista de maneira se- parada, e sim como um conjunto de relações interdependentes com as demais organizações ao seu entorno, já tinham sido apresentados pela Teoria de Sistemas na década de 1930. No entanto, segundo a Teoria da Distribuição, introduzida por Forrester (1958), a natureza das relações integradas e o sistema em que uma organização está inserida têm impacto direto no seu desempenho. Slack, Chambers e Johnston (2009) destacam que há benefícios estratégicos que somente podem ser alcançados por meio de uma gestão integrada, envolvendo desde os fornecedores dos fornecedores até os clientes dos clientes, ou seja, todos os agentes da cadeia de suprimentos. Ross (1998) salienta a necessidade de que sejam esclarecidas as diferenças dos conceitos existentes entre os termos. Segundo o autor, ainda são apresentadas terminolo- gias complicadas, com certa frequência, nas discussões sobre SCM, dificultando o entendi- mento dos gestores e, consequentemente, impedindo a eficácia para aplicação de práticas 10 gerenciais. Portanto, antes que seja definido o conceito de gestão de cadeia de suprimentos, é importante compreender conceitos mais incipientes, como Cadeia de Suprimentos (Supply Chain). Cadeia de suprimentos é um conjunto de empresas por onde materiais são pas- sados adiante. Nesse ambiente, várias empresas independentes são envolvidas no processo de fabricação e disponibilização de produtos aos consumidores finais. Fazem parte da cadeia de suprimentos os produtores de componentes e matéria-prima, montadoras de produtos, atacadistas, varejistas e companhias de transporte (LA LONDE; MASTERS, 1994). Já Aitken (1998 apud CHRISTOPHER, 2011, p. 4) define cadeia de suprimentos como sendo: Uma rede de organizações conectadas e interdependentes entre si e trabalhando cooperativamente e em conjunto para controlar, gerenciar e melhorar o fluxo de materiais e informações de fornecedores para usuários finais. Mentzer et al. (2001) entendem que uma cadeia de suprimentos pode ser forma- da por três ou mais entidades (organizações ou indivíduos) que estão diretamente envolvi- das nos fluxos de produtos, serviços, finanças e/ou informação desde o primeiro fornecedor de matéria-prima até o consumidor final. Para tanto, identificaram cadeias de suprimentos em três graus, variando de acordo com a complexidade do setor em que cada empresa está inserida, sendo eles: cadeia de suprimentos direta (Figura 1a), cadeia de suprimentos esten- dida (Figura 1b) e cadeia de suprimentos final (Figura 1c). FIGURA 1 - Complexidade da cadeia de suprimentos Fonte: Mentzer et al. (2001). 11 Note que na Figura 1a a quantidade de agentes envolvidos é pequena, formando, portanto, uma cadeia de suprimentos mais incipiente possível. Nesse caso, estão inseridas empresas de pequeno porte, como empreendimentos familiares, em que as relações ocor- rem sem a necessidade de intermediários. Na Figura 1b, percebe-se a inserção de dois novos agentes: fornecedor do forne- cedor e consumidor do consumidor. Sendo a quantidade de agentes inseridos na cadeia de suprimentos maior, consequentemente, o nível de transformação do produto e informação também são. Inserem-se, nesse caso, empresas de pequeno porte que compram um produ- to que já havia sido transformado (ou apenas comercializado anteriormente) e vendem para seu cliente (consumidor), o qual, finalmente, revenderá para o consumidor final. Já a Figura 1c ilustra a complexidade que uma cadeia de suprimentos pode al- cançar. Nesse cenário estão inseridos todos os agentes da Figura 1b, além de provedores fi- nanceiros, como bancos e cooperativas de crédito, provedores logísticos, responsáveis pelo transporte e armazenamento de mercadorias da organização até o consumidor final, e em- presas de consultoria de mercado, responsáveis pela comunicação entre os consumidores finais e organização. É válido ressaltar que uma organização pode fazer parte de inúmeras cadeias de suprimen- to. A rede de supermercados Carrefour, por exemplo, pode ser parte da cadeia de supri- mentos de vestuário, alimentos, produtos de higiene pessoal e outros produtos. Importante Mentzer et al. (2001) concluem, portanto, que uma cadeia de suprimentos é um fenômeno de negócio que sempre existirá, variando apenas sua complexidade e os agentes que a constituem. Os autores atentam para o fato de que o consumidor final deve ser con- siderado membro de uma cadeia de suprimentos. Você deve estar se perguntando: mas este capítulo não traria as definições e os conceitossobre gestão da cadeia de suprimentos? A resposta é sim. No entanto, a familiari- zação com conceitos que antecederam esta corrente teórica é de fundamental importância para o entendimento e fixação do conhecimento sobre o tema. Na literatura existente, autores classificam Supply Chain Management das mais variadas formas. Essa discrepância entre conceitos, por sua vez, tem dificultado o entendi- mento da teoria e sua efetiva implementação prática nas empresas. 12 A gestão da cadeia de suprimentos pode ser entendida como uma “filosofia de gestão”, como um “conjunto de atividades para implementar a filosofia de gestão” ou como um “conjunto de processos de gestão” (MENTZER et al., 2001). Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), Supply Chain Management é a ges- tão das interconexões entre empresas que se relacionam entre si dentro de uma cadeia de suprimentos, de montante a jusante, com o intuito de gerar valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final. Mentzer et al. (2001), após vasta revisão, definem gestão da cadeia de suprimen- tos como sendo uma coordenação sistêmica e estratégica das funções tradicionais do ne- gócio e das táticas existentes dentro da própria empresa, assim como de todas as empresas da cadeia de suprimentos, com o propósito de aumentar seus desempenhos a longo prazo. Essa definição teórica, talvez, seja a mais completa encontrada na literatura e, portanto, será a referência a qual deverá se reportar todas às vezes que se deparar com o termo ao longo do texto. Além da busca pelo aumento do desempenho das organizações, outros dois objetivos da gestão da cadeia de suprimentos são: a redução dos níveis de estoque de mercadorias ao longo da cadeia e o aumento da satisfação dos clientes. A coordenação de agentes e processos, conhecida também como integração da cadeia de suprimentos, pode ser vista por meio de duas vertentes: Integração Interna e Integração Externa da cadeia de suprimentos. Esta pode ser dividida em duas dimensões (Integração de Clientes e Integração de Fornecedores) e aquela busca a integração multifun- cional. Ambas serão tratadas com maior detalhamento no capítulo 2. 13 Resumo Este capítulo demonstrou que a globalização tem facilitado o acesso a novos for- necedores e clientes. Por outro lado, o nível de competição entre as empresas tem se tornado cada vez mais acirrado, forçando-as a adotarem práticas de gestão mais eficientes para se manterem operantes no mercado. No entanto, estudos recentes mostram que o sucesso de uma organização não depende exclusivamente da gestão interna, mas sim de toda a cadeia de suprimentos que a empresa está inserida. Segundo Mentzer et al. (2001), a gestão da cadeia de suprimentos deve ser enca- rada como uma coordenação sistêmica e estratégica das funções e técnicas da organização individual e de todas as demais inseridas na cadeia de suprimentos com o intuito de aumentar o desempenho coletivo a longo prazo. Para que seja alcançada essa coordenação, todos os agentes da cadeia de supri- mentos devem manter uma “orientação à cadeia de suprimentos”, ou seja, devem reconhecer que a adoção dessa filosofia de gestão trará resultados coletivos a longo prazo. 15 Capítulo 2 Elementos Essenciais para Prática da Gestão da Cadeia de Suprimentos 16 Introdução Conforme apresentado no capítulo anterior, a gestão da cadeia de suprimentos deve ser entendida como a coordenação estratégica e sistêmica das funções e estratégias da própria empresa, assim como de todas as demais empresas da cadeia de suprimentos, com o propósito de aumentar e manter o desempenho coletivo por um longo período. Entretanto, essa coordenação intra e interorganizacional nem sempre é fácil de ser alcançada, uma vez que depende da dedicação, cooperação e monitoramento de um grande número de pessoas e organizações. Sendo assim, de acordo com as condutas e práticas gerenciais relatadas na litera- tura existente, neste capítulo serão apresentados os elementos essenciais para o desenvolvi- mento e implementação íntegros da gestão da cadeia de suprimentos. 17 2.1 Identificação dos Elementos Essenciais Chen e Paulraj (2004), em estudo que concentrou o exame de mais de 400 arti- gos, elencaram os elementos-chave necessários para uma gestão da cadeia de suprimentos bem-sucedida. A partir da análise sistemática, os autores mapearam as principais iniciativas gerenciais praticadas em ambientes empresariais que havia coordenação estratégica de to- dos os agentes de uma cadeia de suprimentos (SCM), identificando aquelas que impacta- vam positivamente no desempenho dos membros inseridos (Figura 2). As abordagens e iniciativas estão classificadas em quatro dimensões (compra es- tratégica, gestão de suprimento, integração logística e coordenação da rede de suprimento) e serão apresentadas a seguir. 2.1.1 Compra Estratégica A função de compra exerce papel essencial dentro de uma organização. É nessa área que são negociadas todas as condições para aquisição de matéria-prima, equipamen- tos, insumos e serviços com fornecedores. Nessa hora, são negociados e barganhados os valores (custos), especificações do produto (qualidade), prazos de entrega da mercadoria (rapidez), níveis precisos de entrega (confiabilidade), possibilidades de alterações no núme- ro de pedidos, prazos de pagamentos (flexibilidade), etc. Embora a lucratividade de uma empresa seja diretamente afetada pelos custos oriundos da compra de insumos, você deve reconhecer que os gestores de compras devem estar atentos a uma diversidade de fatores que possam, porventura, afetar a produção inter- na e, consequentemente, o abastecimento aos clientes. Dentre esses aspectos, Slack, Chambers e Johnston (2009) destacam a importân- cia que o setor de compras desempenha como elo entre os fornecedores e o setor de ope- rações. Quando o setor de operações solicita a compra de produtos ou serviços, o setor de compras, por meio do seu conhecimento de mercado, identifica potenciais fornecedores, faz cotação de preços e concretiza o pedido de compras. Nesse momento, portanto, é essencial que haja uma coordenação com o setor de operações a respeito de detalhes técnicos do pedido, para que a compra esteja dentro dos padrões esperados pelo setor produtivo. 18 2.1.2 Gestão de Suprimentos FIGURA 2 – Elementos essenciais da Supply Chain Management Fonte: Adaptado de Chen e Paulraj (2004). Ao se deparar com este tópico você se pergunta: mas gestão de suprimentos não é sinônimo de gestão da cadeia de suprimentos? Ou seja, tudo o que já discutimos até ago- ra? Bem, é quase. Leenders et al. (2002 apud CHEN; PAULRAJ, 2004) dão uma boa explicação para tais definições. Segundo os autores, gestão da cadeia de suprimentos enfatiza todos os aspectos de entrega de produtos e serviços ao consumidor, enquanto que gestão de supri- mentos enfatiza primeiramente a relação comprador-fornecedor. Como as transações organizacionais têm cada vez mais expandido o escopo para níveis globais, a gestão de relacionamento de fornecedores tem ganhado destaque nos estudos de SCM nos últimos anos. Para Chen e Paulraj (2004), as principais causas para o aumento dos estudos relacionados a essa área se devem ao fato de que os fornecedores têm impacto direto nos custos, qualidade, tempo e capacidade de resposta nos negócios das empresas compradoras. Sendo assim, por meio de uma vasta revisão de literatura, os autores elencaram oito atributos que impactam positivamente no alinhamento do relacio- namento entre fornecedores e compradores. O primeiro atributo considerado essencial para uma gestão de suprimento bem- -sucedida é a comunicação. Segundo Chen e Paulraj (2004), a comunicação eficiente deve 19 existir não somente dentro da própria organização, mas também entre os fornecedores e compradores. Mentzer et al. (2001), no entanto, destacam a importância de se ter uma co- municação em via de mão duplaao longo de toda cadeia de suprimentos, ou seja, a troca de informações entre fornecedor e comprador deve ser mútua e constante. O compartilhamento de informações, tais como índices de estoque, previsões, estratégias de promoção de vendas e estratégias de marketing reduzem riscos e incertezas entre os agentes, resultando no aumento de desempenho da cadeia como um todo (MENT- ZER et al., 2001). A troca de dados e informações entre agentes irá requerer sistemas de tec- nologias de informação, variando sua complexidade à medida que aumente a necessidade. Esse assunto será melhor abordado no capítulo 3 deste livro. Outro fator recorrente em casos em que a gestão de suprimentos é tida como efi- ciente está relacionado com a redução da base de fornecedores. Conforme afirmam Chen e Paulraj (2004), a visão tradicional de gestão encoraja a contratação de múltiplos fornece- dores, até para o mesmo material ou componente. Essa visão baseia-se nas três seguintes premissas: • livre competição é a base do sistema econômico; • aquisição não deve se tornar dependente da fonte; • múltiplos fornecedores é uma técnica de redução de riscos. No entanto, estudos mais recentes mostram que as empresas estão reduzindo o número de fornecedores primários para um único agente. Conforme revisão bibliográfica feita pelos autores, a redução da base de fornecedores promove uma série de benefícios, tais como: • menos fornecedores para contatar para a realização de pedidos; • redução de custos de gestão de estoque; • consolidação de carga e quantidade de descontos; • aumento de economias de escala para pedidos de grandes volumes e efeito da curva de aprendizagem; • redução de lead times; • redução de custos logísticos; • reabastecimento coordenado; • relacionamentos próximos entre fornecedor-comprador trazem melhoras ge- rais aos produtos e/ou serviços; • comunicação próxima gera aumento da confiança entre os agentes; • melhora de desempenho; • geração de melhores serviços ao consumidor e penetração de mercado. 20 QUADRO 1 - Vantagens e desvantagens de fonte única e fonte múltipla Fonte úniCa Fonte múltipla Vantagens • Qualidade potencialmente melhor devido a maiores possibilidades de sistemas de ga- rantia de qualidade. • Relações mais fortes e mais duráveis. • Maior dependência favorece maior com- prometimento e esforço. • Melhor comunicação. • Cooperação mais fácil no desenvolvimen- to de novos produtos e serviços. • Mais economias de escala. • Maior confiabilidade. • Comprador pode forçar preço para baixo através da concorrência dos fornecedores. • Possibilidade de mudar de fornecedor caso ocorram falhas no fornecimento. • Várias fontes de conhecimento e especialização. DesVantagens • Maior vulnerabilidade a problemas caso ocorram falhas no fornecimento. • Fornecedor individual mais afetado por flutuações no volume de demanda. • Fornecedor pode forçar preços para cima caso não haja alternativas de fornecimento • Dificuldade de encorajar o comprometi- mento do fornecedor. • Mais difícil desenvolver sistemas eficazes de garantia da qualidade. • Maior esforço requerido para comunicação. • Fornecedores tendem a investir menos em novos processos. • Maior dificuldade de obter economias de escala. Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 396). Planejar, assim como para qualquer processo gerencial, é atividade essencial para o sucesso da gestão de uma cadeia de suprimentos. Como em Supply Chain Management se deve levar em consideração a participação de todos os agentes inseridos ao longo da cadeia, a formalização do que se espera ter como resultado no futuro (planejamento) tam- bém deve considerar a importância dos relacionamentos de longo prazo e os impactos que trarão por meio da gestão integrada (CHEN; PAULRAJ, 2004). Relacionamentos de longos prazos, neste caso, não se referem a um período de tempo específico, mas sim à intenção de que os acordos não serão temporários. Por meio de relações próximas, os parceiros de uma cadeia de suprimentos devem estar dispostos a (1) dividir riscos e recompensas e (2) manter a relação por um longo período de tempo (CHEN; PAULRAJ, 2004). Além disso, Chen, Lin e Huang (2006) afirmam que relacionamentos de longo prazo com fornecedores bem gerenciados criam uma das mais fortes barreiras de entradas a competidores, já que trazem efeitos duradouros para a competitividade da cadeia de su- primentos como um todo. Slack, Chambers e Johnston (2009), por outro lado, alegam que nem sempre uma única fonte fornecedora trará benefícios. Segundo eles, pode haver pontos fortes e fracos quanto à quantidade de fornecedores, sendo que cada alternativa envolve um trade off dis- tinto. O quadro 1 apresenta as vantagens e desvantagens associadas à escolha da quantida- de de fornecedores que um gestor de cadeia de suprimentos precisa estar atento. 21 Para maior detalhamento sobre mecanismos de governança em cadeias produtivas, convi- do-o a ler o artigo: “Complementaridades da economia dos custos de transação e da teoria das convenções: um estudo de caso do sistema agroindustrial do mel de Campo Grande – MS”, de Renato Sproesser, Leonice Rosina e Olivier Vilpoux. O material está disponível na Biblioteca da Disciplina. Biblioteca da Disciplina Entretanto, esse alinhamento de pensamento e estratégia entre agentes nem sempre será facilmente alcançado, uma vez que ações oportunistas tendem a ocorrer nas relações de mercado, gerando aumento de custos, que, por sua vez, são denominados “Cus- tos de Transação”. Então, como gestor de uma cadeia de suprimentos, você se pergunta: “quais mecanismos gerenciais podem me auxiliar a coordenar de maneira estável e de longo prazo os relacionamentos com meus fornecedores?”. Duas práticas são encontradas na literatura. A primeira alternativa seria estabelecer mecanismos de governança formais, ba- seados principalmente em relações contratuais. No entanto, se por um lado a utilização de contratos diminui o risco de ações oportunistas, aumentando as salvaguardas da empresa por meio das cláusulas contratuais; por outro, a confecção e gestão de contratos complexos demandam tempo e geram custos excessivos para a empresa. Já a segunda alternativa baseia-se em mecanismos informais de coordenação, fundamentados na relação de confiança entre os agentes envolvidos. Estudos recentes têm demonstrado que relações de longo prazo desenvolvem salvaguardas eficazes e podem reduzir ações oportunistas. Essa opção tem sido amplamente adotada por empresas que fazem a gestão da cadeia de suprimentos, uma vez que reduz os custos de transação asso- ciados (DYER, 1997). Tão importante quanto se consolidar relacionamentos de longo prazo, o proces- so de seleção de fornecedores tem ganhado destaque em estudos na área de gestão da cadeia de suprimentos (CHEN; PAULRAJ, 2004). Esse fato ocorreu principalmente a partir dos anos de 1990, quando as indústrias passaram a se comunicar com maior intensidade com seus fornecedores de matéria-prima com o intuito de aumentar o desempenho gerencial e a competitividade em um ambiente cada vez mais competitivo (SHIN; COLLIER; WILSON, 2000). http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/102024/2/2010_2.artigo10.pdf http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/102024/2/2010_2.artigo10.pdf http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/102024/2/2010_2.artigo10.pdf 22 FIGURA 3 – Processo de avaliação e seleção de fornecedor Fonte: Monczka, Trent e Handfield (2005). Outro aspecto interessante, revelado pela pesquisa de Shen e Yu (2009), refere-se ao fato de que empresas por si só não conseguem competir de maneira eficiente por um longo período a não ser que façam alianças estratégicas com membros de sua cadeia de suprimentos. No entanto, a tarefa de seleção de fornecedores pode não ser tão simples, já que envolve uma série de fatores quantitativos e qualitativos a serem considerados. Mais um ponto que merece ser destacado refere-se ao fato de quea grande maioria dos gestores busca maximizar seus próprios interesses, não levando em conside- ração o impacto da política para com seus fornecedores. Nos casos em que a orientação a Supply Chain inexiste, os fornecedores previamente apresentam suas restrições de pro- dução, seus preços de venda e descontos que podem ser oferecidos, e os compradores, a partir de sua perspectiva, selecionam o fornecedor que seja mais rentável. Uma alternativa adequada seria selecionar fornecedores a partir da opção que minimizasse os custos totais anuais incorridos para toda a cadeia de suprimentos (GHEIDAR-KHELJANI; GHODSYPOUR; FATEMI GHOMI, 2010). Esporadicamente, haverá casos que um fornecedor não será claramente superior ao outro, dificultando ainda mais a decisão. Sendo assim, Monczka, Trent e Handfield (2005) propuseram um modelo ilustrando o passo a passo (Figura 3) que pode ser utilizado por gestores no processo de seleção e avaliação de fornecedores. Técnicas matemáticas podem auxiliar no processo de avaliação e seleção de for- necedores, servindo de suporte no processo de tomada de decisão de gestores. Dentre essas técnicas, destacam-se: Otimizador Multiobjetivo (OM), Análise Envoltória de Dados (AED) e Análise Hierárquica de Processos (AHP). Muitas empresas preferem adotar algum método de classificação de fornecedo- res por nota ou procedimento de avaliação, levando em consideração os fatores decisivos de 23 TABELA 1 – Critérios de seleção de fornecedores com pesos para cadeia de hotéis Fator peso nota Do ForneCeDor a nota Do ForneCeDor B Desempenho de custo 10 8 (8 x 10 = 80) 5 (5 x 10 = 50) Registro de qualidade 10 7 (7 x 10 = 70) 9 (9 x 10 = 90) Rapidez de entrega prometida 7 5 (5 x 7 = 35) 5 (5 x 7 = 35) Rapidez de entrega obtida 7 4 (4 x 7 = 28) 8 (8 x 7 = 56) Registro de confiabilidade 8 6 (6 x 8 = 48) 8 (8 x 8 = 64) Gama de produtos fornecida 5 8 (8 x 5 = 40) 5 (5 x 5 = 25) Capacidade de inovação 4 6 (6 x 4 = 24) 9 (9 x 4 = 36) Nota ponderada total 325 356 Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 396). A qualidade é um dos critérios de desempenho mais importantes de todo proces- so produtivo e no relacionamento entre fornecedores e compradores. No entanto, a men- suração da qualidade de um produto ou serviço de um fornecedor pode não ser simples. Gerenciar os processos produtivos de fornecedores de modo que garantam a qualidade do produto final pode ser uma tarefa ainda mais difícil. Sendo assim, como meio de assegurar a qualidade do produto ou serviço co- mercializado ao longo da cadeia de suprimentos, Chen e Paulraj (2004) sugerem a adoção de processos de certificação do fornecedor. Conforme afirma Murphy (1992 apud CHEN; PAULRAJ, 2004), a qualidade do fornecedor começa com sua certificação. Existem diversos sistemas de certificação disponíveis no mercado, sendo os regu- lados pela International Organization for Standardization (ISO) os mais difundidos entre as organizações ao redor do mundo. Dentre eles, destacam-se o Sistema de Gestão da Quali- dade (Série ISO 9000) e Sistema de Gestão Ambiental (Série ISO 14000). cada fornecedor. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), outra técnica mais simples, embora bastante útil quanto à sua aplicação prática, é a nota ponderada total. Nessa técnica, para cada critério de seleção é atribuída uma nota (peso), em uma escala de 1 a 10. Em seguida, são dadas notas, também em escala de 1 a 10, para cada cri- tério, levando em consideração o desempenho real de cada fornecedor. Aquele fornecedor que apresentar nota ponderada total superior é tido como a melhor opção a ser escolhida. Os autores apresentam um exemplo de seleção de fornecedores para uma cadeia de hotéis (Tabela 1), utilizando a seguinte técnica. Baseado na avaliação, o fornecedor B apre- senta uma nota geral maior, ou seja, é considerado o melhor entre as opções disponíveis. 24 Há também sistemas privados de certificação. Nesse tipo de sistema de certifi- cação, a empresa (normalmente de grande porte) estabelece uma série de processos pa- dronizados a serem seguidos por seus fornecedores com o intuito de manter um padrão de qualidade dos produtos e processos, evitar retrabalhos, diminuir tempo de análise de produtos, diminuir tempo de atravessamento. Ou seja, busca aumentar a eficiência dos pro- cessos como um todo. Embora o processo de certificação de qualidade, seja ela uma ISO ou certificação privada, demande tempo, dinheiro e trabalho exaustivo do fornecedor para conseguir sua obtenção, a padronização de processos pode eliminar rotinas de trabalho desnecessárias, diminuir custos e tempo de produção, elevar a qualidade e o valor percebido pelo cliente, resultando em produtividade e lucros maiores. Para mais informações sobre o processo de certificação, leia o Estudo de Caso “Nestlé – So- côco: certificação privada na gestão de qualidade”, elaborado por Elizabeth Farina, Tereza Guedes e Matheus Marino, que são pesquisadores do Programa de Estudos dos Sistemas Agroindustriais (PENSA) – FEA/USP. O material está disponível na Biblioteca da Disciplina. Biblioteca da Disciplina Outro atributo considerado como essencial para enrobustecer o relacionamento entre fornecedores e compradores está relacionado ao nível de envolvimento do fornecedor (CHEN; PAULRAJ, 2004). Tendo em vista o acirramento da concorrência das empresas, ocasionado pelo processo de globalização mundial, a busca por diferenciação tem se tornado cada vez mais intensa. Sendo assim, pesquisas recentes têm demonstrado que o alto grau de envolvimento entre fornecedores tem impacto positivo no desenvolvimento de novos produtos, principal- mente em termos de produtividade, velocidade e qualidade (LAI; CHEN; YANG, 2012). Segundo Wynstra e Pierick (2000), o grau de envolvimento pode variar desde pequenas sugestões no projeto (ex.: melhorar componentes de fabricação) até se responsa- bilizar pelo completo desenvolvimento do projeto e engenharia de uma parte específica ou montagem de um produto. Esse atributo tem alta relevância devido ao fato de que aproxi- madamente 30% dos problemas de qualidade e 80% dos problemas relacionados com lead time do produto são causados por falhas ou baixo envolvimento do fornecedor (BURTON, 1988 apud CHEN; PAULRAJ, 2004). http://pensa.org.br/wp-content/uploads/2011/10/Nestle_Sococo_certificacao_privada_na_gestao_da_qualidade_1999.pdf http://pensa.org.br/wp-content/uploads/2011/10/Nestle_Sococo_certificacao_privada_na_gestao_da_qualidade_1999.pdf 25 Embora esse atributo não seja de fácil gerenciamento, há vários benefícios que podem ser obtidos por empresas que o praticam. Dentre eles, Primo e Amundson (2002) destacam: • redução de custos; • melhora da qualidade do produto; • melhoras no desempenho do projeto; • redução no tempo de desenvolvimento de produto; • melhoria no acesso e implementação de tecnologias. Chen e Paulraj (2004) destacam a importância da existência de equipes multifun- cionais para que todos os elementos até aqui apresentados sejam efetivamente colocados em prática. Equipes multifuncionais podem ser formadas, como o nome já sugere, por ges- tores de diversas áreas da organização, tais como marketing, finanças, produção, compras e logística. Eventualmente, participantes externos à empresa (representantes dos consumido- res e/ou funcionários de um fornecedor-chave) podem fazer parte dessa equipe (CROXTON et al., 2008). Esse atributo ganhou evidência em estudos da área de SCM a partir dos anos de 1990, quando as equipes de trabalho tornaram-se componente essencial para a ocorrência de grandes mudanças organizacionais (CHEN; PAULRAJ, 2004). Equipes multifuncionais desempenham papel relevante no alinhamento entre de- manda e fornecimento. Sendo assim, é essencial que essas equipes tenham ampla compre- ensão do ambiente mercadológico que estão inseridas, buscando contato com mercado, ou seja, identificando de maneira antecipadaas necessidades de seus clientes e gerindo infor- mações relativas de suprimento, necessárias para manter o funcionamento estável das ope- rações da organização. Para Croxton et al. (2008), equipes multifuncionais são responsáveis por desenvolver procedimentos desde nível estratégico até atividades de nível operacional, ou seja, do dia a dia. Outras considerações sobre equipes multifuncionais levam em conta a sua im- portância no auxílio de escolha de melhores fornecedores, no desenvolvimento de design de produtos, na fabricação just-in-time, na redução de custos, na busca por iniciativas de qualidade total e, principalmente, na melhora da comunicação (CHEN; PAULRAJ, 2004). O oitavo pressuposto elencado por Chen e Paulraj (2004) para a prática efetiva da gestão da cadeia de suprimentos constitui-se de dois elementos: confiança e comprometi- mento. Na verdade, é consenso entre especialistas que esses dois atributos formam a base de todas as relações intra e/ou interorganizacionais de uma cadeia de suprimentos. 26 Para Chen e Paulraj (2004, p. 141), confiança “é a crença de que um parceiro da cadeia de suprimentos irá agir de maneira consistente com o que foi prometido”. Smeltzer (1997 apud PIDERIT; FLOWERDAY; VON SOLMS, 2011) ressalta, entretanto, que a confiança pode ser vista de duas maneiras. A primeira baseia-se no risco de previsibilidade da ação da parte do terceiro, sendo que cada parte busca se proteger, utilizando mecanismos de salva- guarda, como seguros ou a lei. Já a segunda visão baseia-se na boa vontade da terceira parte ou em elementos baseados na fé e integridade. Por sua vez, o comprometimento consiste na disposição dos parceiros em em- pregar esforços para sustentar relacionamentos (DION et al., 1992). Ou seja, parceiros com- prometidos buscam despender recursos para manter e cumprir objetivos coletivos. Essa conduta reduz as chances de um agente da cadeia de suprimentos agir oportunamente, de modo que prejudique os demais elos envolvidos, e aumenta as oportunidades de ganhos de eficiência nos processos gerenciais e alcance de objetivos comuns. 2.1.3 Integração Logística Tradicionalmente, logística tem sido definida como sendo: O processo de gestão estratégica da aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e estoques finais (e os fluxos de informação relacionados) por meio da organização e seus canais de comercialização, de tal forma que as rentabilidades atual e futura sejam maximizadas através da execução de pedidos, visando custo- -benefício (CRHISTOPHER, 2011, p. 2). Nessa mesma linha de raciocínio, a interpretação do conceito leva ao entendi- mento de que é a logística quem garante a quantidade necessária de mercadoria no lugar certo e no momento exato (LA LONDE, 1983). Como gestor, seja empresarial ou até mesmo de seu próprio lar, você sempre faz aquisições dos suprimentos de modo que assegure o funcionamento das operações em- presariais ou domésticas, garantindo sua própria satisfação ou de seus clientes. No entanto, um dos grandes desafios é decidir sobre a quantidade a ser adquirida, pois você sabe que estoque é sinônimo de dinheiro parado. Percebe-se, portanto, que há ênfase na quantidade exata de produto a ser ad- quirido. Segundo Caputo (1996 apud CHEN; PAULRAJ, 2004), esta explicação cabe a folgas organizacionais, da qual a gestão de estoque é um exemplo típico, requer coordenação próxima e intensa troca de informação entre parceiros da cadeia de suprimentos para que se consiga alcançar um ponto de equilíbrio. 27 Enquanto que a abordagem tradicional de logística considerava apenas a inte- gração entre limites funcionais de dentro da própria empresa, conhecida como “Integração Interna” (BOWERSOX; DAUGHERTY, 1987), a tendência atual de uso de parceiros estratégicos e acordos cooperativos entre empresas levam a integração logística para limites externos da organização, classificando-a como “Integração externa” (MCGINNIS; KOHN, 1990). O concei- to de “Integração externa” também é conhecido como “Integração da cadeia de suprimen- tos”, “Logística empresarial” ou “Logística integrada”. Integração interna é o grau no qual empresas são capazes de integrar e colabo- rar dentro de fronteiras funcionais tradicionais dentro da própria organização com o intuito de fornecer melhor serviço ao consumidor (KAHN; MENTZER, 1996). Para Stolle (1967 apud CHEN; PAULRAJ, 2004), a gestão de atividades logísticas envolve outras funções dentro da empresa, tais como o marketing, finanças, compras e produção. Todavia, para que haja tal integração, é necessário que exista coordenação (BALLOU; GILBERT; MUKHERJEE, 2000) e interdependência de tarefas (ELLINGER, 2000). Em outras palavras, pode-se dizer que o nível de satisfação dos clientes dependerá dos resulta- dos e desempenhos de mais de um funcionário (área funcional). Já a Integração externa está relacionada com a integração de atividades logísticas interorganizacionais, refletindo uma extensão do processo de fabricação da empresa com os demais membros da cadeia de suprimentos (CHEN; PAULRAJ, 2004). A busca pela integração entre agentes de uma cadeia de suprimentos envolve estrita coordenação dos gestores, tendo como objetivo a busca por novos meios de redu- ção de custos ou melhoras de serviços por meio de técnicas gerenciais, tais como gestão de estoques e agendamentos do tipo just-in-time (BALLOU; GILBERT; MUKHERJEE, 2000). Da mesma maneira, a satisfação dos clientes dependerá da colaboração entre fornecedores externos, operadores parceiros e consumidores no processo de integração logística. 2.1.4 Coordenação da Rede de Suprimentos Uma das formas mais convencionais encontradas na literatura para tentar solu- cionar problemas de coordenação em cadeias de suprimento está relacionada com a mode- lagem matemática. Sob essa abordagem, o objetivo comum é otimizar o planejamento e a coordenação dos três estágios fundamentais da cadeia de suprimentos: aquisição, produção e distribuição. 28 Convido-o para conhecer mais sobre o tema “Efeito chicote em cadeia de suprimentos”. Para isso, por favor, leia o artigo “Uma análise do efeito chicote na cadeia de suprimentos da indústria alimentícia”, dos autores Roberto Moori, Luiz Carlos Perera e Eduardo Mangini, publicado pela REGE - Revista de Gestão da USP. O material está disponível na Biblioteca da Disciplina. Biblioteca da Disciplina No entanto, como cada um dos estágios pode ser composto por múltiplas insta- lações localizadas em locais distintos, podendo ser até em outro país ou continente, torna a modelagem matemática desafiadora e a solução ótima para o problema é quase impossível (CHEN; PAULRAJ, 2004). Sendo assim, uma das alternativas encontrada pelos gestores para a solução des- ses problemas é a redução do escopo de investigação. É importante ressaltar que na maioria das vezes a modelagem é uma extensão ou integração de problemas tradicionais relaciona- dos com (a) planejamento da produção e controle de estoque ou (b) distribuição e logística (CHEN; PAULRAJ, 2004). Uma das contribuições mais significativas oriunda de modelos de otimização em cadeia de suprimentos está relacionada a estudos sobre a causa e magnitude do “Efeito Chicote”. Logo, as modelagens matemáticas podem ser ferramentas de muita utilidade para o auxílio na coordenação da rede de suprimentos, quando utilizadas de maneira adequada (CHEN; PAULRAJ, 2004). http://www.revistas.usp.br/rege/article/view/36748/39469 http://www.revistas.usp.br/rege/article/view/36748/39469 29 Resumo Baseado no modelo proposto por Chen e Paulraj (2004), e complementado com outras fontes, sendo a maioria delas referências internacionais, este capítulo apresentou os elementos considerados essenciais para a prática da gestão da cadeia de suprimentos. Esta seção apresentou ainda, embora de maneira não suficiente para esgotar todo o conteúdo em estudo, quatro elementos (compra estratégica,gestão de suprimento, integração logística e coordenação de rede) que gestores precisam direcionar seus esforços para que consigam gerenciar, de maneira efetiva, os relacionamentos com seus fornecedo- res, gerar valor superior aos clientes e reduzir custos totais de toda a cadeia de suprimentos. Foram apresentadas também alternativas de modelos teóricos e técnicas que, porventura, podem servir como apoio à decisão de gestores na intensa busca por reduzir riscos associados com o desalinhamento do processo produtivo, evitando acúmulo de esto- que ao longo da cadeia de suprimentos, assim como aumentar o valor gerado aos clientes. Por fim, pode-se afirmar que o tema ganhou destaque nos últimos anos, amplian- do a quantidade de trabalhos publicados na área. No entanto, limitações teórico-conceitual por parte dos gestores, aliadas à complexidade e variedade de elementos a serem gerencia- dos, ainda impedem a prática da gestão plena da cadeia de suprimentos. 31 Capítulo 3 Avaliação de Desempenho em Cadeias de Suprimentos 32 Introdução A busca por melhores índices de eficiência, eficácia e competitividade tem levado as organizações a adotarem os mais variados recursos no campo da Administração (COLA- RES-SANTOS, 2012). Os principais instrumentos de controle para avaliar uma organização são os modelos de avaliação do desempenho. Esses modelos são vistos como ferramentas de gerenciamento de desempenho e podem contribuir com o aumento da competitividade das cadeias de suprimento. Este capítulo trata dos sistemas de avaliação de desempenho e da sua importân- cia para proporcionar o alinhamento dos entes inseridos na cadeia de suprimentos. 33 3.1 Desempenho Organizacional e Desempenho em Cadeias de Suprimentos Para Olson e Slater (2002), a avaliação do desempenho pode ser visualizada como elemento essencial no processo de controle gerencial em qualquer tipo de organização, podendo ser compreendida como a métrica utilizada para quantificar a eficiência e eficácia de uma ação passada. As técnicas de avaliação do desempenho têm sido constantemente aperfeiçoa- das e evoluíram de uma ótica exclusivamente financeira para uma visão global, envolven- do diversos e diferentes indicadores ou objetivos de desempenho como: custo, qualidade, velocidade, confiabilidade e flexibilidade (SLACK; CHAMBER; JOHNSTON, 2009). A escolha por um ou outro modelo de avaliação do desempenho deve estar associada ao objetivo da organização e ao objetivo da cadeia de suprimentos. Nota-se, portanto, a importância na escolha de indicadores de desempenho que sejam adequados e estrategicamente alinhados aos objetivos organizacionais e da cadeia de suprimentos como um todo. Para Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010), num ambiente de cadeia de su- primentos, a implantação de indicadores comuns a todos os entes da cadeia se mostra como essencial, tendo em vista que múltiplos processos de organizações diferentes passam a interagir. Dessa maneira, a avaliação de desempenho em cadeias de suprimento deve ter caráter sistêmico, ou seja, seus indicadores devem estar estrategicamente alinhados, de for- ma que permita a interação e a interdependência dos membros de montante a jusante da cadeia. Você deve estar se perguntando: mas quais seriam então as características espe- radas de um sistema de avaliação de desempenho? Quais tipos de indicadores ele deve pos- suir? Segundo Pires (2009), é importante que a estratégia da organização aborde de forma clara e explícita as necessidades de todas as partes interessadas em busca da harmonização, permitindo garantir que as ações e planos atendam essas diferentes necessidades. No entanto, cabe uma indagação: como seria possível a aplicação de um sistema desta magnitude numa cadeia de suprimentos? Ou seja, como seria possível implementar um sistema de avaliação de desempenho que atenda de maneira satisfatória ao mesmo tempo os objetivos específicos das organizações e os objetivos conjuntos da cadeia de suprimentos? 34 O mesmo autor sugere que uma simples alternativa seria a adaptação de mode- los já existentes e aplicados no contexto das empresas individualmente. O que infere que as empresas podem e devem continuar utilizando seus indicadores de desempenho individu- ais, no entanto, devem estar alinhados a um conjunto de indicadores coletivos que possam avaliar o desempenho de processos de negócios-chaves ao longo da cadeia de suprimentos. A demonstra esta sugestão, pressupondo que existirão indicadores individuais e específicos para cada organização e indicadores comuns e de interesse de todos os mem- bros da cadeia de suprimentos. FIGURA 4 – Indicadores organizacionais e para cadeia de suprimentos Fonte: Pires (2009, p. 222). Diante da figura 4 é possível perceber que se faz necessária a adoção de modelos que possam tratar da mensuração do desempenho em âmbito organizacional e, ao mesmo tempo, mensurar o desempenho da cadeia como um todo. A seguir, serão descritos alguns modelos de mensuração de desempenho. Quanto à resposta sobre a questão: quais seriam os indicadores ideais a serem adotados numa cadeia de suprimentos? Beamon (1999) argumenta que a escolha de indica- dores para a cadeia de suprimentos é complexa, pois depende de inúmeros fatores, como: tamanho, cultura, localização, necessidades, entre outros. Assim, o autor sugere que algumas características significativas devam ser consi- deradas: abrangência (deve medir todos os aspectos pertinentes); universalidade (deve per- 35 mitir comparar diferentes níveis); mensurabilidade (os dados devem ser passivos de medi- ção); consistência (as medidas devem ser consistentes com os objetivos estratégicos). Essas características promovem um sistema de avaliação de desempenho consistente e confiável. Pires (2004), por outro lado, sugere que a questão referente à mensuração de desempenho em cadeias de suprimentos envolva: custo; volume de estoque; qualidade do produto; atendimento ao pedido; lead time de atendimento do pedido; satisfação dos clien- tes; tempo de fluxo entre os desembolsos e receitas; e eficiência dos ativos. Já para Bhagwat e Sharma (1997), os modelos de avaliação de desempenho em cadeias de suprimentos devem envolver indicadores como: eficácia das técnicas de pro- gramação; capacidade de utilização dos ativos; mix de produtos; lead time de entrega ao cliente; taxa de retorno do investimento; nível de satisfação dos clientes, entre outros. Para Bonelli e Fonseca (2000), os indicadores devem estar associados a fatores como: produtivi- dade; qualidade; competitividade; custos; inovação e marketing. Dessa forma, é possível observar que inúmeros indicadores podem ser adotados e que não existe uma fórmula ideal que permita avaliar o desempenho de qualquer tipo de cadeia de suprimentos, ou seja, você, como gestor, terá de avaliar a cadeia em que está in- serido, os objetivos específicos da sua organização e os objetivos conjuntos da cadeia, além de analisar o ambiente em que a cadeia está integrada e as variáveis externas que podem influenciá-la. Só assim você será capaz de escolher os indicadores ideais. No próximo item serão apresentados alguns modelos de avaliação do desempe- nho aplicados em organizações e em cadeias de suprimento. 3.2 Modelos de Avaliação de Desempenho Atualmente, inúmeros modelos de avaliação do desempenho podem ser encon- trados na literatura. Os sistemas de medição e avaliação de desempenho mais utilizados até a década de 1990 se atentavam mais com resultados financeiros do que com as próprias variáveis que contribuíam com o desempenho financeiro (MARTINS, 1999). Entretanto, essa tendência vem mudando, isto é, os métodos de avaliação do desempenho se desenvolveram objetivando contribuir com o aumento da competitividade das organizações e das cadeias de suprimentos. Antes, os métodos mais empregados davam ênfase ao produto; hoje, a ênfase é voltada para o processotendo como foco o mercado, ou seja, busca-se a entrega de valor ao cliente final. O quadro 2 apresenta a evolução do processo de avaliação do desempenho organizacional. 36 QUADRO 2 - Evolução do processo de mensuração de desempenho organizacional antes Hoje Medição de produtos Medição de processos e serviços Administração de lucros Administração de recursos Realização de metas Aperfeiçoamento contínuo Medições de quantidades Medições de eficácia, eficiência e de adaptabilidade Medições baseadas em especificações técnicas ou empresariais Medições baseadas nas expectativas dos clientes in- ternos e externos Atenção concentrada no indivíduo (indivíduos são capazes de controlar os resultados) Atenção concentrada no processo (os processos de- terminam os resultados e devem ser controlados) Processo imposto de cima para baixo Equipe desenvolve e gerencia o desempenho Fonte: Hourneaux Junior (2005, p. 20). A evolução dos processos de mensuração e avaliação do desempenho refletem as diversas mudanças no ambiente organizacional, em que as empresas cada vez mais têm visto a integração da cadeia de suprimentos como oportunidade para se tornarem mais competitivas. Os novos modelos propõem mensurar o desempenho utilizando-se de indica- dores financeiros e não financeiros, que permitam uma visão sistêmica da cadeia de supri- mentos e análise particular de cada ente nela inserido. Neste livro, você conhecerá dois modelos de mensuração e avaliação de desem- penho organizacional: Balanced Scorecard e Tableau de Bord. Também serão apresentadas duas abordagens para medição e avaliação de desempenho em cadeias de suprimentos: modelo de Beamon e modelo de SCOR. Conforme já destacado, a opção por um ou outro modelo deve levar em consideração os objetivos organizacionais e também os objetivos conjuntos da cadeia. 3.2.1 Tableau de Bord O Tableau de Bord (painel de instrumentos) é considerado o primeiro método para mensuração e avaliação do desempenho. Apesar de seu pioneirismo, ainda hoje é mui- to utilizado, principalmente na França, como pode ser observado no estudo de Bourguig- non, Malleret e Norreklit (2004). Esses pesquisadores desenvolveram um trabalho em que comparam dois métodos de avaliação de desempenho: Tableau de Bord e Balanced Sco- recard, e evidenciaram que o Balanced Scorecard é o modelo mais utilizado na Alemanha, Reino Unido e Itália; entretanto, na França, o modelo mais empregado é o Tableau de Bord. Para os autores, isso provavelmente acontece porque os modelos são adotados seguindo alguns pressupostos ideológicos, o que significa que a escolha pelo modelo de mensuração e avaliação do desempenho é considerada utilizando-se como base a cultura 37 administrativo-empresarial dos países. Essa observação é importante, uma vez que a escolha pelo modelo de mensuração de desempenho deve estar adequada à cultura organizacional; sendo diferente disso, a organização pode encontrar dificuldades na gestão e mensuração do desempenho. O método Tableau de Bord foi desenvolvido por engenheiros franceses no início do século XX (HOURNEAUX JUNIOR, 2010). É formado por um conjunto de indicadores fi- nanceiros e não financeiros que tem como objetivo responder às seguintes questões: quem? o que? como? quando? É considerado, portanto, um instrumento que serve para dar aos gestores um grupo de indicadores que lhes permitam acompanhar o desenvolvimento do negócio, com- pará-los com os objetivos pré-fixados e aplicar ações corretivas (BOURGUIGNON; MALLE- RET; NORREKLIT, 2004; EPSTEIN; MANZONI, 1998). Para Epstein e Manzoni (1998), o modelo Tableau de Bord apresenta inúmeros benefícios como: • oferece ao gestor uma visão holística, cíclica e sucinta do desempenho orga- nizacional, o que permite uma tomada de decisão mais segura; • comunica ao nível hierárquico superior de cada sub-unidade sobre o desem- penho dela, o que permite a descentralização de responsabilidades; • obriga a cada sub-unidade se posicionar no contexto da estratégia global da organização e das outras sub-unidades. Já para DeBusk, Brown e Killough (2003), o Tableau de Bord traz como ponto ne- gativo o grande foco nos indicadores financeiros, deixando os indicadores não financeiros em segundo plano. De qualquer maneira, o Tableau de Bord pode ser visto como modelo de mensuração e avaliação de desempenho que traduz o que acontece na organização, servin- do como instrumento capaz de otimizar a tomada de decisão gerencial. No entanto, cabe salientar que a adoção do Tableau de Bord com vista a apli- cação à gestão das cadeias de suprimentos precisa estar alinhada aos demais membros da cadeia, ou seja, todos os entes da cadeia precisam compartilhar do mesmo objetivo. 38 3.2.2 Balanced Scorecard O Balanced Scorecard (BSC) originou-se dos estudos de Robert S. Kaplan e David P. Norton, na década de 1990. Trata-se de um modelo que transforma a missão e a estratégia da empresa em um grupo de indicadores de desempenho que serve como base para um sistema de mensuração, avaliação e gestão estratégica (KAPLAN; NORTON, 1997). O BSC inclui indicadores financeiros que permitem analisar os resultados de ações adotadas pela organização. Além disso, há indicadores que complementam as análises fi- nanceiras por meio de análises operacionais ligadas a variados fatores, tais como: satisfação do consumidor, processos internos, atividades corretivas e inovação das organizações. De acordo com Kaplan e Norton (1997), o BSC é constituído de quatro perspec- tivas diferentes: • processos internos; • financeira; • cliente; • aprendizagem e inovação. Para os autores, o BSC pode ser utilizado como principal instrumento de gestão organizacional, podendo ser aplicado a importantes processos gerenciais como: planeja- mento e orçamento; alocação de recursos; estabelecimentos de metas individuais e de equi- pe, remuneração, feedback e aprendizado estratégico. Dessa maneira, o Balanced Scorecard pode ser considerado uma ferramenta es- tratégica, pois engloba os principais objetivos das organizações como: satisfação do cliente; manutenção do mercado por meio da aprendizagem e inovação; financeira (lucro), entre outros. Esses objetivos podem e devem ser considerados numa perspectiva sistêmica, ou seja, numa perspectiva de cadeias de suprimentos, englobando todos os entes da cadeia de montante a jusante. No entanto, cabe uma indagação: o Balanced Scorecard pode desempenhar um papel semelhante na mensuração da cadeia de suprimentos? Para Pires (2009), a resposta é sim. Segundo o autor, o Balanced Scorecard pode servir como ferramenta capaz de medir o desempenho em cadeias de suprimentos; contudo, considera que algumas adaptações são necessárias tendo em vista a complexidade e especificidade de cada cadeia de suprimentos. 39 3.2.3 Modelo de Beamon Beamon (1999) propõe um sistema de avaliação de desempenho em cadeia de suprimentos envolvendo três componentes considerados pela autora como vitais: recursos, flexibilidade e output (resultados). A figura 5 representa a proposta da autora, demonstran- do que esses três componentes estão diretamente relacionados, o que pressupõe dizer que um componente exerce influência direta nos outros dois, ou seja, a alteração num tipo de indicador (componente) influenciará todo o sistema. FIGURA 5 - Sistema de medição de cadeias de suprimentos Fonte: Adaptado de Beamon (1999, p. 281). Cada componente será apresentado a seguir: • Recursos: incluem nível de estoque; máquinas e equipamentos; mão de obra; custos diversos, entre outros. Normalmente são medidos em termos de requisitos mínimos (quantidade). A medição dos recursos, assim como a mensuração da cadeia, é uma parte significativa do sistema e a ele está relacionado o sucesso do desempenho da cadeia. Embo- ra a utilização de um nível mínimo de recurso seja um dos objetivos da cadeia de suprimen- tos, deve-se levar em consideração que cada componente deste sistemaimpacta direta e significativamente no outro, havendo ainda um efeito de trade off, em que uma diminuição do recurso gera diminuição da flexibilidade e, consequentemente, redução dos resultados positivos para cadeia. Dessa maneira, os objetivos organizacionais e o objetivo conjunto da cadeia de suprimentos devem ser cuidadosamente estudados. Ou seja, você, como gestor, terá que fazer a opção entre reduzir recursos e diminuir nível de flexibilidade ou aumentar recursos e elevar o nível de flexibilidade. 40 • Flexibilidade: considerada vital para o sucesso da cadeia de suprimentos, a flexibilidade está relacionada à capacidade do sistema para se adaptar as mudanças ine- rentes à demanda, ao mix de produtos ou introdução e alteração no produto, ao lead time dos diversos processos, incluindo fornecedores, fabricantes e o cliente final. Assim, a flexi- bilidade oferece a habilidade de entregar alta variedade de produtos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). No entanto, alta variedade significa altos custos. Dessa maneira, diante dos objetivos da cadeia de suprimentos, você, como gestor, terá que adequar os recursos ao nível de flexibilidade desejado, lembrando que quanto maior a flexibilidade, maior será a necessidade de recursos produtivos. • Outputs: incluem medidas de saídas, tais como: capacidade de resposta ao cliente; qualidade; quantidade produzida em determinado período; nível de satisfação do cliente, entre outros. Mais uma vez é importante enfatizar que o nível de recursos impacta diretamente nos outputs da cadeia de suprimentos, ou seja, há uma relação direta entre recursos e resultados. Dessa maneira, você, como gestor, terá que lidar novamente com o trade off entre recursos e resultados. O que se pode inferir pelo modelo de Beamon é que as variáveis a serem escolhi- das para mensuração em cadeias de suprimentos devem estar alinhadas e que a escolha por investimento em uma impacta significativamente nas outras. Além disso, os gestores das or- ganizações inseridas na cadeia de suprimentos devem buscar produzir sinergia para cadeia como um todo, ou seja, o pensamento é de agregação de valor ao conjunto de unidades de negócio, de maneira que o todo seja maior que a soma das partes isoladas. 3.2.4 Modelo SCOR Conforme descreve a Supply Chain Council (SCC), o modelo Supply Chain Opera- tions Reference Model (SCOR) foi desenvolvido por um grupo de empresas americanas em 1996 com o objetivo de descrever, comunicar, avaliar e melhorar o desempenho em cadeia de suprimentos. O modelo fornece uma estrutura capaz de ligar métricas de desempenho, pro- cessos, melhores práticas e as pessoas numa estrutura unificada que suporta a comunicação entre os diversos parceiros, aumentando a eficácia da gestão em cadeia de suprimentos. O SCOR trabalha com dois escopos básicos: interno e externo. Para Pires (2009), o modelo permite uma efetiva melhora nos processos internos, em que o foco maior está nos fornecedores e nos clientes imediatos. Já na aplicação externa propicia a facilidade de 41 gestão das relações com as empresas parceiras de montante a jusante da cadeia de supri- mentos. Segundo a própria SCC, o modelo traz como benefícios: • avaliação rápida da cadeia de suprimentos; • identificação das falhas; • alinhamento de habilidades da equipe da cadeia de suprimentos com os obje- tivos estratégicos. O modelo trabalha com 5 (cinco) processos-chave para cadeia de suprimentos: atendimento superior ao cliente; controle de custos; planejamento e gestão de riscos; gestão de relação entre fornecedores e parceiros, e gestão de talentos. De forma geral, pode-se di- zer que o modelo SCOR é uma ferramenta que permite sistematizar, documentar, comunicar, integrar e gerenciar processos de negócios-chaves em cadeia de suprimentos (PIRES, 2009). O modelo SCOR pode ser considerado uma ferramenta capaz de estruturar a gestão da cadeia de suprimentos, permitindo a partir da mensuração do seu desempenho manter o alinhamento dos objetivos estratégicos. Convido-o para conhecer mais sobre o tema. Para isso, por favor, leia o artigo “Avaliação de desempenho em cadeias de suprimentos”, da autora Gislene Regina Durski, publicado na Revista da FAE. O material está disponível na Biblioteca da Disciplina. Biblioteca da Disciplina http://www.logfacilba.com.br/media/FAEdesempenho.pdf http://www.logfacilba.com.br/media/FAEdesempenho.pdf 42 Resumo Neste capítulo foi possível observar que a avaliação do desempenho pode ser definida como o processo de gerar informações que permitem avaliar e comparar os resul- tados alcançados com os objetivos almejados pelas organizações inseridas dentro de uma cadeia de suprimentos. Foi possível notar também que vários indicadores podem ser adotados como parâmetros e que, apesar dos diversos modelos de mensuração do desempenho existen- tes na literatura, não há uma fórmula pronta capaz de atender a todos os tipos de cadeias de suprimentos. Esse contexto induz aos gestores a avaliarem de forma pormenorizada os objetivos específicos de suas organizações e o objetivo conjunto da cadeia de suprimentos, para depois escolherem os indicadores ideais, que permitam avaliar com sucesso o desem- penho tanto organizacional quanto da cadeia como um todo. 43 Capítulo 4 Gestão da Tecnologia da Informação na Cadeia de Suprimentos 44 Introdução A importância da tecnologia da informação integrada à gestão é, hoje, algo con- solidado. Não há dúvidas de que na área de suprimentos as parcerias empresariais visam a um processo de interconectividade entre as partes, que pode ser atingida por meio do uso de sistemas de tecnologias da informação. Assim, pode-se dizer que a tecnologia da infor- mação exerce significativa importância no desempenho da cadeia de suprimentos, contri- buindo com o aumento da competitividade dos membros inseridos nessa cadeia. Mas o que vem a ser a tecnologia da informação? Para Chopra e Meindl (2011), consiste nas ferramentas utilizadas para obter conhecimento a partir de informações, estas informações são analisadas e com base nelas são tomadas as decisões que serão emprega- das com o objetivo de melhorar o desempenho em cadeia de suprimentos. Neste capítulo, pretendemos abordar a importância da informação, suas aplica- ções e tecnologias que proporcionem aos gestores tomar decisões com maior segurança, objetivando melhorar o desempenho em cadeia de suprimentos. 45 4.1 Função da Tecnologia da Informação em Cadeia de Suprimentos A informação é peça-chave na cadeia de suprimentos, sem ela as organizações não seriam capazes de se conectar umas as outras; portanto, a gestão da informação pode proporcionar a interconexão dos diversos fatores da cadeia e, consequentemente, a integra- ção e a coordenação de montante a jusante. Assim, pode-se inferir que a informação é determinante para o desempenho em cadeia de suprimentos, pois oferece a base sobre a qual seus processos executam transa- ções e os gestores tomam decisões. Sem informação, um gestor não pode identificar o que os clientes desejam, qual o seu atual nível de estoque e quando mais produtos devem ser produzidos ou remetidos (CHOPRA; MEINDL, 2011). Ou seja, sem informação, um gestor não pode tomar decisões com segurança. Dessa maneira, é com base na informação e na sua qualidade que os gestores tomarão decisões acertadas e poderão melhorar o desempe- nho em cadeia de suprimentos. Mas como trabalhar esta informação num ambiente integrado? Isto é, como tra- tar a informação de maneira compartilhada entre os membros da cadeia de suprimentos? Para Christopher (2011), nas cadeias de suprimentos tradicionais, cada fase tende a ser desconectada até dentro da mesma empresa, funções distintas tendem a maximizar seu próprio desempenho, resultando em longos lead times, baixa receptividade e custos totais elevados. Para superar esse problema é preciso agir de maneira sincronizada. Assim, os gestoresprecisam compreender como a informação é gerada, agru- pada, distribuída e analisada. É aí que surge a figura da Tecnologia da Informação (TI), que consiste nos hardware, software e pessoas ao longo da cadeia de suprimentos que são res- ponsáveis pela coleta, análise e implementação da informação (CHOPRA; MEINDL, 2011). Essa compreensão deve estar associada a uma visão sistêmica capaz de proporcionar a im- plementação de um Sistema de Informação (SI) integrado que permita aos membros da cadeia de suprimentos interagirem em tempo real. Tal conceito é compartilhado por Laudon e Laudon (2011), que afirmam que o sistema de informação pode ser compreendido como conjunto de partes inter-relacionadas que colhem, recuperam, processam, armazenam e distribuem informações com o intuito de apoiar a tomada de decisões. Esse sistema de informação pode gerar diversos benefícios, conforme apresenta Oliveira (1997, p. 44): 46 • redução dos custos de operações; • melhoria no acesso às informações, propiciando relatórios mais precisos e rá- pidos, com menor esforço; • melhoria na produtividade, tanto sensorial quanto global; • melhoria na tomada de decisões, por meio do fornecimento de informações mais precisas; • estímulo de maior interação entre os tomadores de decisão; • melhoria na adaptação da organização para enfrentar os acontecimentos não previstos, a partir das constantes mudanças nos fatores ambientais; • melhor interação entre os membros da cadeia. Portanto, o sistema de informação em cadeias de suprimentos tem a função de coletar, armazenar, processar e distribuir informações que apoiem os processos de tomada de decisões desde a confecção de estratégias até a coordenação de operações. Seguindo as recomendações de Chopra e Meindl (2011), para que possa contri- buir com o processo de tomada de decisão em cadeia de suprimentos, o sistema de infor- mação precisa ter as seguintes características: 1. As informações devem ser precisas. As informações precisam oferecer um quadro muito próximo da realidade da cadeia de suprimentos. 2. As informações devem ser acessíveis no tempo certo. Para uma boa tomada de decisão, o gestor precisa de informações atualizadas e de fácil acesso. 3. As informações devem ser úteis. O gestor precisa de informações que real- mente possam contribuir com a tomada de decisão. Grandes quantidades de dados sem consistência e coerência não apoiam a tomada de decisão. Assim, as empresas precisam filtrar as informações importantes e eliminar as insignificantes para que as informações real- mente significativas não passem despercebidas. 4. As informações devem ser compartilhadas. O sucesso de uma cadeia de supri- mentos só pode ser alcançado se todos os seus membros compartilharem de uma mesma vi- são da informação para a tomada de decisão. Diferentes informações com diferentes escopos resultam em decisões desalinhadas, prejudicando o desempenho da cadeia de suprimentos. Para que isso seja possível, as empresas buscam a aplicação da TI nas cadeias de suprimentos objetivando obter vantagens competitivas e automatizar os processos produtivos. 47 Em suma, pode-se dizer que a TI tem a função de gerar intercâmbio de informa- ções, além de integrar as atividades de planejamento, controle, produção e distribuição de bens e serviços ao longo da cadeia de suprimentos (PALVIA, 1997). 4.2 Sistemas de Informação Aplicados à Cadeia de Suprimentos Atualmente, existem vários tipos de sistemas de informação que apoiam as pre- visões de demanda, estoque, armazenagem, roteirização, sistemas de entrega, entre outras funções que exigem das organizações profissionais qualificados e capazes de compreender e atender às operações, objetivando a integração e melhoria contínua da cadeia de suprimentos. A escolha por um ou outro sistema de informação deve levar em consideração os chamados macroprocessos. Para Chopra e Meindl (2011), do ponto de vista de uma organi- zação, todos os processos ao longo da cadeia de suprimentos podem ser categorizados em três principais áreas: processos focalizados a montante; processos focalizados internamente e processos focalizados a jusante. Assim, pode-se dizer que as organizações precisam pensar suas estratégias em três macroprocessos, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir. QUADRO 3 - Os macroprocessos em uma cadeia de suprimentos Gestão de Relacionamento com o Fornecedor (SRM) Gestão da Cadeia de Suprimentos Interna (ISCM) Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM) aliCerCe De gestão De transação (tmF) Fonte: Chopra e Meindl (2011, p. 471). Conforme descrevem Chopra e Meindl (2011), o SRM “Supplier Relationship Ma- nagement”, em português “Gestão de Relacionamento com o Fornecedor”, inclui processos que permitem a interação entre organizações e seus fornecedores. O ISCM “Internal Sup- ply Chain Management”, em português “Gestão da Cadeia de Suprimentos Interna”, traba- lha com processos voltados às operações internas da empresa. Já o CRM “Customer Rela- tionship Management”, em português “Gestão de Relacionamento com o Cliente”, trabalha com processos que possibilitam a interação entre organização e seus clientes. Deve-se considerar também que existe um quarto macroprocesso conhecido como TMF “Transaction Management Foundation”, em português “Alicerce de Gestão de Transação”, que oferece a base pela qual os outros processos atuam. É nessa categoria que se incluem os sistemas ERP “Enterprise Resource Planning”, em português “Planejamento de Recursos Empresariais”, que são sistemas básicos e softwares de infraestrutura e integração. Trataremos de maneira sucinta cada um desses processos a seguir. 48 Caso tenha interesse de se aprofundar ainda mais neste tema, sugerimos a leitura da obra de Chopra e Meindl intitulada Gestão da Cadeia de Suprimentos: Estratégia, Planejamento e Operações. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2011. Dica 4.2.1 Gestão de Relacionamento com o Fornecedor (SRM) Conforme já comentado, o SRM tem por objetivo o tratamento dos processos relacionados à gestão de relacionamento entre empresa e seus fornecedores. Existe uma grande variedade de sistemas de informação que se destinam a apoiar a gestão de fornece- dores. Esses aplicativos podem ser vistos como um conjunto de métodos e ferramentas que permitem as interações entre organização e seus fornecedores na cadeia de suprimentos (CORRÊA, 2010). Os principais processos envolvidos na SRM são destinados a: colaboração em projetos; negociação e compra; colaboração em suprimentos. Uma melhora significativa no desempenho pode ser alcançada caso haja uma forte interação entre os processos de SRM, CRM e ISCM. Os sistemas ERP vêm contribuindo com essa integração. 4.2.2 Gestão da Cadeia de Suprimentos Interna (ISCM) O ISCM inclui os processos destinados a apoiar a gestão das operações internas da organização. Entre os diversos processos inclusos na ISCM estão: planejamento estraté- gico; planejamento de demanda; planejamento de oferta; execução e serviços de campo. Observe que os processos de ISCM estão intimamente ligados tanto aos pro- cessos de CRM quanto aos processos de SRM. Ou seja, tendo em vista que os processos de ISCM visam atender à demanda gerada pelos processos de CRM, é necessário que haja uma forte interação entre eles. Da mesma maneira, os processos de ISCM precisam ter forte integração com os processos de SRM, pois o planejamento da oferta, execução e serviço de campo são todos dependentes de fornecedores e, portanto, dos processos de SRM (CHO- PRA; MEINDL, 2011). http://unoeste.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576058366/pages/_1 http://unoeste.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576058366/pages/_1 49 4.2.3 Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM) O CRM relaciona-se aos processos que visam apoiar a gestão de relacionamen- to com clientes. Para Corrêa (2010), consiste num conjunto de aplicativos que apoiam os processos que
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