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Pedofilia

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Prévia do material em texto

1 
 
 
PEDOFILIA 
 
 
 
Julia Rafaela Ferreira Blis
1
 
Débora Goeldner Pereira Oliveira
2
 
 
RESUMO: O presente trabalho abordará sobre o tema pedofilia, junto com o 
ordenamento jurídico brasileiro, o crime e a doença, buscando apresentar as suas 
principais características, quem pode ser o pedófilo, e o quanto é difícil conviver com 
esse pesadelo, as funções do Conselho Tutelar e do ECA. Concluindo, assim, os 
tratamentos diferenciados que o pedófilo deve ter, e os traumas causados em crianças e 
adolescentes que sofreram esse abuso. 
 
Palavras-chave: Pedofilia; ECA; Pedófilo; Conselho Tutelar; Brasil; 
 
 
PEDOFILIA 
 
RESUMEN: Este trabajo abordará el tema de la pedofilia, junto con el sistema legal 
brasileño, el crimen y la enfermedad, buscando presentar sus características principales, 
quién puede ser el pedófilo y cuán difícil es vivir con esta pesadilla, las funciones del 
Consejo de Tutela y ECA. Concluyendo, por lo tanto, los tratamientos diferenciados que 
el pedófilo debe tener, y los traumas causados en niños y adolescentes que sufrieron este 
abuso. 
 
Palabras llave: Pedofilia; ECA; Pedófilo; Consejo Tutelar; Brasil; 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente artigo tratará sobre a pedofilia, infelizmente no Brasil, 1 a 
cada 6 crianças sofreram abusos sexuais por seus pais ou pessoas de confiança. No Art. 
5º da Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei, ou seja, todos devem 
ser tratados igualmente, visando os mesmos direitos e garantias fundamentais. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi introduzido no 
ordenamento jurídico brasileiro através do Art. 227, da Constituição Federal, que 
 
1
 Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Maringá. E-mail: 
juliabliss@hotmail.com.br 
2
Mestre, Professora do Curso de Direito da Faculdade Maringá e Advogada. 
E-mail: profedebora2010@hotmail.com 
 
2 
 
 
declarou ser dever da família, da Sociedade e do Estado assegurar, a criança e o 
adolescente, com absoluta prioridade. 
O legislador deu ao Conselho Tutelar um importante papel no 
enfrentamento dos casos de violência, abuso e a exploração sexual de crianças e 
adolescentes. 
Cada dia que passa, os casos de pedofilia aumentam, trazendo contigo, 
diversos transtornos psicológicos e que pode durar a vida toda de uma criança que 
sofreu abuso sexual. 
 
2 PEDOFILIA NO BRASIL 
 
2.1 Conceitos de Pedofilia 
A pedofilia tem várias classificações, na análise etimológica pedofilia 
“é uma palavra que deriva do grego ped(o), paídos – que traduz a ideia de criança e 
phílos – que expressa o conceito de amigo” (MONTEIRO, 2013). 
Iniciou-se na Grécia e no Império Romano, onde a exploração sexual 
de menores era um costume tolerado, e até certo ponto, prezado. E, ainda, hoje em dia 
existe o consentimento da pedofilia do mundo islâmico. No Brasil, atos sexuais e 
imagens pornográficas envolvendo menores são considerados imorais para a sociedade 
e ilegais para o ordenamento jurídico de acordo com o Art. 227, § 4º da Constituição 
Federal (CINQUE, BRUNINI, SILVA, SOUZA, FERREIRA, VACARI, LOPES, e SÁ 
JUNIOR, 2016, JUS NAVIGANDI). 
A pedofilia é um tipo de violência sexual, pode vir, ou não, 
acompanhada da violência física, e que se encontra junto com outras parafilias. 
Considera-se o termo parafilia como sendo: 
As parafilias são caracterizadas por anseios, fantasias, ou 
comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, 
atividades ou situações incomuns e causam sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em 
outras áreas importantes da vida do individuo. As características essenciais 
de uma parafilia consistem de fantasias, anseios sexuais ou comportamentos 
recorrentes, intensos e sexualmente excitantes (PRESTES, Felipe, 2013). 
Com essa classificação podemos observar que não só a pedofilia se 
encaixa nessa classificação, como outros comportamentos sexuais também, como 
sadomasoquismo, o travestismo fetichista, entre outros. Sobre a pedofilia temos a 
seguinte classificação: 
3 
 
 
Uma preferencia sexual por crianças, usualmente de idade pré-pubere 
ou no início da puberdade. Alguns pedófilos são atraídos apenas por meninas, outros 
por meninos, e outros ainda estão interessados em ambos os sexos. A pedofilia 
raramente é identificada em mulheres (PRESTES, Felipe, 2013). 
 
2.2 Como Reconhecer Um Pedófilo 
 
O pedófilo pode ser qualquer pessoa, seja ele pobre ou rica, com 
educação ou sem educação, velho ou jovem, geralmente é uma pessoa que a família e 
amigos próximos jamais desconfiariam, por ser sempre uma pessoa bem apresentável. 
Por esse motivo, por ter a confiança das pessoas, tem total acesso a vítima. 
O pedófilo está sempre envolvido de atividades infantis, e é fascinado 
por atividades que envolvam as crianças, sempre as descrevendo como puras e 
angelicais. 
Ainda, sobre o pedófilo: 
 
Um pedófilo não é, necessariamente, um criminoso. Uma pessoa 
pode sentir atração por crianças e manter-se afastada delas, sem cometer 
nenhum abuso sexual. Além disso, o pedófilo não possui características 
físicas que os destingem. Alia como já destacado, normalmente o pedófilo é a 
pessoa que aparentemente possui uma boa convivência com seus familiares. 
O pedófilo não tem determinado tamanho especifico de crânio, nariz ou 
orelhas deformadas (...) assim, por fora, ninguém desconfia de um pedófilo 
que, internamente e com frequência, pensa em sexo com crianças, violência e 
demais formas de abuso sexual (SILVA, ROSSATO, CUNHA, LEPÁRE, 
Pedofilia e abuso sexual de crianças e adolescentes, 2013, p.79). 
O pedófilo sente a atração sexual por crianças, seu comportamento é 
habitual, porém a satisfação e excitação sexual só duram até o final do ato, logo após 
vem um grande sentimento de culpa e vergonha. Pois ele sabe que seu comportamento è 
inadequado, violento, ilegal e principalmente imoral (CABETTE, PAULA, 2013, JUS 
NAVIGANDI). 
É de salientar que não existe necessidade da presença do ato sexual 
entre o adulto e a criança para que possa ser considerada (o indivíduo) clinicamente 
como pedófilo basta a presença de fantasias ou desejos sexuais na mente do sujeito 
(CASTRO, BULAWSKI, Apud, MONTEIRO, 2013). 
Os pedófilos possuem a habilidade de manipular as suas vitimas 
tornando-se amigos delas, sempre se mostrando interessado em ouvir seus problemas 
4 
 
 
pessoais, conquistando sua estima, ele se torna próximo da família para estar sempre 
perto da vítima, e ele as alicia com atenção, presentes, doces, e etc. 
“A maioria dos pedófilos apresentam problemas psiquiátricos, sendo 
que alguns também foram abusados quando criança” (SAPUCCI, 2013). É preciso 
recordar que nem toda criança abusada, vira um abusador quando cresce. 
Devido ao fato da pedofilia se tratar de uma doença neurológica, a 
legislação brasileira garante o caráter semi-imputável do individuo pedófilo, que seria 
uma alternativa de tratamento para pedófilos. E é dever da instituição governamental 
garantir ao pedófilo que exteriorizou a sua doença, uma punica que além de ser 
condizente com seu crime, se adeque ao estado mental deste, por meio de tratamentos 
adequados, como psicológicos, terapia ocupacional, medicamentos controlados, como 
antidepressivos, drogas para redução da libido e até a castração química, que já ocorre 
em países como França, Grã-Bretanha, Polônia, e Argentina. 
O pedófilo sofre a punição penal, de restrição de liberdade, porem, 
não atinge a principal fonte do problema, que é a sua mente perturbada. Ao mistura-lo 
com os demais presos, primeiramente sofre o risco de ser assassinado. Pois como 
sabemos, dentro do sistema prisional, existem as “próprias leis” criadas pelos detentos, 
e se ele sobreviver ao cumprimento da pena, dentro da própria prisão, poderá aprender 
diversas formas de despistaras autoridades em caso de reincidência, e até mesmo 
conseguir contatos com o submundo do crime. 
 
Ainda sobre a prisão do pedófilo: 
 
“O diagnóstico de parafilia não supõe por si mesmo uma modificação da 
imputabilidade. Tais condutas estarem catalogadas como doença mental, não 
quer dizer que não haja lugar à sanção penal, dado que o ordenamento 
jurídico tem os seus próprios critérios, segundo os quais só algumas das 
pessoas portadoras de doença mental, pela natureza ou intensidade desta, 
podem ser suscetíveis a que se reconheça sua irresponsabilidade penal”. 
(GONÇALVES, GRAÇA, ALMEIDA, VIEIRA, 2013). 
Tanto o pedófilo como o molestador de crianças pode, e se estiverem com a 
sanidade plena, devem ser considerados imputáveis. Assim como, se num 
exame clínico, ambos padecerem de grave transtorno mental, devem ser 
tratados como inimputáveis (CABETTE, PAULA, 2013, JUS 
NAVIGANDI). 
Como apontado no tópico anterior, nossa legislação pune qualquer tipo de ato 
lesivo à integridade física e psíquica da criança Sendo que a pena mais alta é 
a do estupro de vulnerável, artigo 217-A, CP. A pena prevista para o estupro 
no caso do “caput”, é de reclusão de 8 (oito) a 15 (quinze) anos de reclusão. 
5 
 
 
Nos parágrafos 3º e 4º, vemos as formas qualificadas. Se do ato resulta lesão 
corporal de natureza grave, §3º, a pena é de reclusão de 10 a 20 anos. E caso 
a violência resulte em morte, §4º, a pena é de reclusão de 12 (doze) a 30 
(trinta) anos (CABETTE, PAULA, 2013, JUS NAVIGANDI). 
Ao sair do cárcere, o pedófilo está apto a retornar para o crime, pois os 
estabelecimentos prisionais não oferecem tratamentos adequados e, quando o 
„reeducando‟ regressa à sociedade continua com o transtorno parafílico, 
porém, como o conhecimento de técnicas mais avançadas para a prática de 
delitos. É devido a essa situação que o pedófilo deve ser tratado com as 
técnicas correspondentes ao seu problema, pois ao visar o mundo e lhe dar 
sentido, o sujeito percebe e dá sentido ao seu ser no mundo (Apud, 
TAMADA, 2013). 
Do ponto de vista psiquiátrico-forense na área criminal, a Pedofilia deve ser 
considerada uma perturbação da saúde mental e consequente semi-
imputabilidade, já que o indivíduo era capaz de entender o caráter criminoso 
do fato e era parcialmente ou incapaz de determinar- se de acordo com esse 
entendimento (perda do controle dos impulsos ou vontade). Quando 
associada ao Alcoolismo, Demência Senil ou Psicoses deve ser considerada a 
inimputabilidade. Em consequência é imposta Medida de Segurança 
detentiva (internação em Hospital de Custódia) ou restritiva (tratamento 
ambulatorial) por tempo indeterminado e que demonstra ser o procedimento 
mais humano, terapêutico, eficaz e de prevenção social (MOSCATELLO, 
Apud, TAMADA, 2013). 
Segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria): 
 
A doença mental segue a lógica das demais patologias medicas e 
quando se mostra grave ao ponto do paciente cometer um crime e necessitar de um 
atendimento em um Hospital de Custódia e Tratamento, é nossa obrigação avaliar as 
condições de atendimento e propor medidas que assegurem ao paciente um atendimento 
moderno, digno, baseado em evidencias cientificas, distante de posturas ideológicas e, o 
mais possível, do sistema carcerário. (MANUEL FORENSE, 2011, p.1-2). 
 
3 PEDOFILIA E AS VÍTIMAS 
 
3.1 Tratamento e Atendimento as Vítimas 
 
A infância é considerada uma fase transitória, de moldagem física e 
psíquica, imprescindível para que se alcance o estagio da vida adulta. Ninguém nasce 
pronto, estamos em constantes mudanças e evoluções, nós vamos formando nossas 
características físicas e psicológicas ao longo da vida. Portanto, agrega valores que 
recebeu do meio social. 
6 
 
 
A infância merece uma atenção especial, pois é esse momento que irá 
definir seu futuro. Quando há uma quebra, rompimento desse estagio, grandes 
consequências traumáticas podem ser geradas. 
 
Ainda sobre o rompimento deste estágio: 
 
“São marcas profundas que podem modificar seu modo de 
encarar o adulto e o mundo que ele representa. Os valores de família, 
amor, carinho e proteção podem ser distorcidos, gerando a destruição 
de importantes valores sociais. Para a sociedade, o resultado do 
rompimento de vínculos e desestruturação familiar pode refletir-se na 
progressão da violência de maneira global, onde o respeito ao ser 
humano e a valorização da vida deixam de existir.” (Caderno de 
violência domestica e sexual contra crianças e adolescentes. SMS. São 
Paulo: 14). 
 
A vivencia de situações traumáticas, como o abuso sexual durante a 
infância e a adolescência, pode acarretar sérios prejuízos tanto ao desenvolvimento 
infanto-juvenil quanto para a vida adulta, com repercussões cognitivas, emocionais, 
comportamentais, físicas e sociais, que variam para cada individuo (BRIERE e ELLIOT 
et al., 2003). 
Segundo dados epidemiológicos, a maioria dos abusos sexuais contra 
crianças e adolescentes ocorrem dentro da casa da vítima, se configurando como abuso 
sexual incestuoso, sendo o pai biológico o principal culpado. As meninas são as 
principais vitimas principalmente dos intrafamiliares, e a idade de inicio dos abusos é 
precoce, entre os 5 e os 10 anos. A mãe geralmente é a pessoa mais procurada na 
solicitação de ajuda, e a maioria dos casos é revelada pelo menos um ano depois do 
inicio do abuso sexual (BRAUN, et al., 2002, Apud HABIGZANG, L.F. e KOLLER, 
S.H. 2011). 
 Para a maioria dos pesquisadores, o abuso sexual infantil é facilitador 
para o aparecimento de psicopatologias graves, prejudicando a evolução psicológica, 
afetiva e social da vitima. Os efeitos do abuso na infância podem se manifestar de várias 
madeiras, em qualquer idade da vida (ROMARO, CAPITAO, 2007, p. 151, Apud 
FLORENTINO, B.R.B., 2015). 
De acordo com Dalgalarrondo 2000 e Florentino 2015, apontam que 
alguns estudos apresentam resultados que confirmam existir uma forte relação entre ter 
7 
 
 
sofrido abuso na infância e transtornos de conduta na adolescência e na vida adulta. 
Alguns transtornos são classificados como transtorno de identidade de gênero. Há 
também os transtornos de preferencia sexual, que incluem parafilias como fetichismo, 
voyeurismo, sadomasoquismo, pedofilia, entre outras. 
Hiperatividade ou retraimento; baixa autoestima; dificuldade de 
relacionamento com outras crianças ou com adultos, acompanhada de reações de medo; 
fobia ou vergonha; culpa depressão, ansiedade e outros transtornos afetivos; distorção 
da imagem corporal; enurese e/ ou eco prese; amadurecimento sexual precoce, ou 
masturbação compulsiva; gravidez e tentativas de suicídio estão associadas à violência 
sexual. (BERKOWITZ et al., 1994 Apud GONÇALVES H.S., BRANDAO, E.P., 
2004). 
De acordo com BANYARD e AILLIAMS 1996, quando o abuso vem 
acompanhado de violência física, as consequências de curto prazo tendem a ser mais 
traumáticas, com ansiedade, depressão e distúrbios do sono. 
De maneira evidente, a exposição ao abuso sexual na infância está 
associada a prejuízos em longo prazo, exibindo fator de risco para o desencadeamento 
de diversas alterações de ordem psicológica e funcional, entre os quais depressão, ideias 
suicidas, ansiedade e transtorno do estresse pós-traumático. (...) (CARVALHO e LIRA, 
et al., 2017). 
É fundamental que o psicólogo reconheça com clareza o seu papel, 
suas atribuições e as contribuições que pode conferir ao caso que lhe foi encaminhado 
(BRITO, 2012). 
 
3.2 Intervenções do Conselho Tutelar 
 
O Conselho Tutelar é definido pelo Art. 131, da Lei n° 8.069/90 como 
“órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar 
pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei”. 
Trata-se de uma instituição essencial ao “Sistema de Garantias dos 
Direitos da Criança e do Adolescente”, instituído pela Lei n° 8.069/90 como objetivo 
de proporcionar, de maneira efetiva, a “proteção integral” prometida à criança e ao 
adolescente já pelo citado art. 1°, do citado Diploma Legal. Evidente, no entanto, que 
agindo de forma isolada, por mais que o Conselho Tutelar se esforce, não terá condições 
8 
 
 
de atingir tal objetivo e/ou de suprir o papel reservado aos demais integrantes do 
aludido “Sistema de Garantias”, não podendo assim prescindir da atuação destes. 
O entendimento também é válido para o atendimento e busca de uma 
efetiva solução para os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, que 
demandará uma ação articulada entre o Conselho Tutelar, o Ministério Público, as 
Polícias Civil e Militar, a Justiça da Infância e Juventude, e os órgãos públicos 
responsáveis pela execução de políticas nas áreas da saúde, educação, assistência social. 
 Dentre os quais podemos citar: Conselho Municipal dos Direitos da 
Criança e do Adolescente (com os gestores responsáveis pelas políticas públicas de 
saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, lazer etc.), Juiz da Infância e da 
Juventude, Promotor da Infância e da Juventude, Policias Civil e Militar, professores e 
diretores de escola, responsáveis pelas entidades não governamentais de atendimento a 
crianças, adolescentes e famílias etc. A chamada “rede de proteção dos direitos da 
criança e do adolescente”. 
A relação entre o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente e o Conselho Tutelar, a propósito, deve ser de proximidade e parceria, pois 
um depende do outro para cumprir a contento seus deveres institucionais, na medida em 
que cabe a este fornecer àquele as informações relativas às maiores demandas e 
deficiências estruturais existentes no município, que servirão de base à definição das 
ações intersectarias a serem desenvolvidas no sentido da efetiva solução dos problemas 
que afligem a população infanto-juvenil do município, tanto no plano individual quanto 
coletivo. 
E uma vez detectada a inércia ou omissão do Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do Adolescente, cabe ao Conselho Tutelar comunicar o fato ao 
Ministério Público (CF. art. 220, da Lei nº 8.069/90), que poderá tomar medidas 
administrativas e mesmo judiciais no sentido de compelir o órgão a cumprir sua missão 
constitucional básica, que é a deliberar políticas públicas para área da infância e da 
juventude e fiscalizar sua efetiva implementação pelo Poder Executivo (CF. art. 227, 
§7º C/C Art. 204, Inciso II, da Constituição Federal e Art. 88, Inciso II, da Lei nº 
8.069/90), podendo responsabilizar administrativa, civil e criminalmente os integrantes 
do órgão que contribuírem para tanto (CF. Arts. 5º, 201, Incisos VI, VII e VIII, 208 e 
seguintes e 216, todos da Lei nº 8.069/90). 
 
3.3 O Medo das Vítimas de Contar Para os Próximos 
9 
 
 
 O agressor constrói uma relação de confiança e afeto com a vitima, 
dificultando o reconhecimento da violência. Na maioria dos casos, o abusador é uma 
pessoa que a criança confia que tenha um vinculo forte dificilmente de ser quebrado. 
“O abuso sexual deixa a maioria das pessoas incomodadas. É triste 
pensar que os adultos causem dor física e psicológica nas crianças para satisfazer seus 
próprios desejos, especialmente quando esses adultos são amigos confiáveis membros 
da família” (WATSON, 1994, p. 12). 
A reação da criança diante vai depender da duração do abuso, já 
existiu casos de apenas um abuso causar a morte de uma criança, como outros casos 
não, e da presença ou ausência de figuras de apoio para a criança (familiares, 
profissionais ou amigos) e da proximidade do vinculo entre a criança e aquele que a 
agrediu agravando a vivencia de traição e confiança (AMAZARRAY e KOLLER, 1998; 
BANYARD e WILLIAMS, 1996 Apud GONÇALVES H.S., BRANDAO, E.O., 2004). 
 
3.4 Legislação 
Assim, temos no Código Penal os crimes contra a dignidade sexual, 
possuindo capítulo específico acerca dos crimes sexuais contra vulneráveis: Art. 217-
A do CP – estupro de vulnerável; Art. 218 do CP – mediação de menor de 14 anos 
para satisfazer a lascívia de outrem; Art. 218-A do CP – satisfação da lascívia 
mediante a presença de menor de 14 anos; Art. 218-B do CP – favorecimento da 
prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança, adolescente ou 
vulnerável. 
O ECA também trata de crimes envolvendo a pedofilia: 
Art. 240 do ECA – utilização de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou 
pornográfica; Art. 241 do ECA – comércio de material pedófilo; Art. 241-A do ECA – 
difusão de pedofilia; Art. 241-B do ECA – posse de material pedófilo; Art. 241-
C do ECA – simulacro de pedofilia; Art. 241-D do ECA – aliciamento de crianças. 
O Art. 241-E do ECA trata-se de norma explicativa dos crimes 
previstos no Art. 240, Art. 241, Art. 241-A a Art. 241-D do ECA. 
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão 
“cena de sexo explícito ou pornográfica”, compreende qualquer situação que envolva 
criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou 
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente 
sexuais. 
10 
 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Sabe-se que a pedofilia, divide-se em dois aspectos, o crime a e 
doença, e no Brasil temos diariamente diversas denuncias sobre abusos sexuais em 
crianças e adolescentes. 
A pedofilia não é crime por ser considerada uma doença parafilia, que 
são anseios, fantasias, ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem 
objetos, atividades ou situações incomuns. Em alguns casos o pedófilo sente somente a 
vontade de estar perto da criança, por sentir atração nela, e não realiza o abuso sexual. O 
pedófilo que realizar o abuso terá sanção a ser cumprida, e segundo estudos 
psicológicos, ele se arrepende, assim que termina o ato. 
A criança pode sofrer diversos traumas psicológicos, pelos danos 
causados, precisar de acompanhamentos de psicólogos, e principalmente o apoio da 
família e do Conselho Tutelar. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
PEDOFILIA: A INEFICÁCIA NA PUNIÇÃO E NO TRATAMENTO. CINQUE, 
Helena. BRUNINI, Bárbara Cossettin Costa Beber. SILVA, Vitória Carolina. SOUZA, 
Rafaela Marques. FERREIRA, Igor Garrido. VACARI, Thais Fernanda Zanardi. 
LOPES, Anelise Ruiz. SÁ JUNIOR, Luis Irajá Nogueira, 2016, Jus Navigandi. 
SILVA, ROSSATO, CUNHA, LEPÁRE, Pedofilia e abuso sexual de crianças e 
adolescentes, 2013, 117p. 
ABUSO SEXUAL NA INFANCIA E SUAS REPERCUSSÕES NA VIDA 
ADULTA. KATCHOROVSKI, Jéssica Riélly. WROBLEWSKI, Géssica. ARAÚJO, 
Regiane Bueno, 2018, Jus Navegandi. 
VAMOS FALAR CORRETAMENTE SOBRE PEDOFILIA? VENTURA, Denis 
Caramigo, 2016, Jus Navegandi.

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