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INQUÉRITO POLICIAL PARTE I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor SUMÁRIO 1. Conceito de Inquérito Policial ................................................................... 3 2. Procedimento Persecutório ...................................................................... 3 3. Funções Essenciais do Inquérito Policial .................................................... 4 4. Natureza Jurídica do Inquérito Policial ....................................................... 5 5. Destinatários do Inquérito Policial ............................................................ 6 5.1 Destinatários Imediatos ........................................................................ 6 5.2 Destinatário Mediato ............................................................................. 6 6. Valor Probatório do Inquérito Policial ........................................................ 7 7. Irregularidades Existentes no Inquérito Policial .......................................... 9 8. Inquérito Policial X Termo Circunstanciado ................................................. 10 9. Titularidade do Inquérito Policial .............................................................. 12 9.1 Órgãos que Exercem a Função de Polícia Judiciária ................................... 13 9.2 Titularidade do Inquérito Policial em Razão da Natureza da Infração Penal ... 14 9.3 Titularidade do Inquérito Policial em Razão do Local do Delito .................... 15 9.4 Avocação/Redistribuição de Investigação Criminal em Andamento .............. 16 9.5 Remoção do Delegado de Polícia ............................................................ 16 9.6 Realização de Diligências em Circunscrição Distinta .................................. 17 9.7 Falta de Atribuição do Delegado de Polícia ............................................... 17 9.8 Investigações Criminais Extrapoliciais ..................................................... 17 Questões Anteriores de Concurso – Lista I .................................................... 26 Gabarito – Lista I ...................................................................................... 34 DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 3 1. CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL O inquérito policial é um procedimento formal instaurado pela autoridade policial para apurar a materialidade, a autoria e as circunstâncias de uma infração penal, por meio da realização de um conjunto de diligências investigativas, a fim de que o titular da ação penal tenha informações suficientes para ingressar em juízo. 2. PROCEDIMENTO PERSECUTÓRIO O inquérito policial é um PROCEDIMENTO PERSECUTÓRIO, pois se insere na primeira fase da persecução criminal. MAS O QUE É A PERSECUÇÃO CRIMINAL? Persecução criminal (ou persecução penal) é o poder-dever do Estado de investigar um delito e processar criminalmente seu autor, buscando alcançar do Estado-juiz o exercício do seu “jus puniendi” (direito de punir), ou seja, buscando a aplicação da sanção penal ao autor de uma infração penal. Analisando com atenção o conceito acima, podemos perceber que a persecução criminal possui duas fases distintas: INQUÉRITO POLICIAL PARTE I Direito Processual Penal Professores Carlos Alfama e Paulo Igor http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 4 1ª Fase: é a investigação preliminar do fato criminoso. É anterior ao início do processo (fase pré-processual da persecução penal). Trata-se de fase sigilosa e inquisitória (sem contraditório e ampla defesa), cuja finalidade é a colheita de elementos de informação que possam subsidiar a ação penal a ser proposta em juízo; e 2ª Fase: é a ação penal em juízo. Temos, aqui, a fase processual da persecução criminal, momento em que se busca perante o Estado-juiz a aplicação da sanção penal aos autores e partícipes da infração penal com o respeito ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. O inquérito policial não é o único instrumento de investigação criminal no processo penal brasileiro. Existem outros, como, por exemplo, o procedimento investigatório criminal (PIC), instaurado pelo Ministério Público para apuração de delitos. Não obstante, apesar de existirem outras formas de investigação preliminar, normalmente essa primeira fase da persecução penal é realizada através do inquérito policial. 3. FUNÇÕES ESSENCIAIS DO INQUÉRITO POLICIAL O inquérito policial é um procedimento preparatório: a primeira função do inquérito policial é a de preparar elementos que possam auxiliar na formação da convicção do titular da ação penal (opinio delicti) para que se seja ou não proposta a peça acusatória em juízo. Tanto é que o CPP determina que: O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra (art. 12 do CPP). ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 5 Além disso, trata-se de procedimento preservador: o inquérito policial também tem como função evitar um processo penal infundado, preservando a imagem do investigado de uma acusação leviana e evitando custos desnecessários ao erário. A investigação preliminar, apurando a prática do delito antes da propositura da ação penal, reduz a possibilidade de um inocente vir a ser acusado erroneamente em juízo. Ademais, o sigilo das apurações preliminares evita a exposição midiática indevida do investigado. Nesse sentido, o CPP determina o sigilo do inquérito policial: A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade (art. 20 do CPP). 4. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL A natureza jurídica do inquérito policial é de PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. Assim, é importante notar que o inquérito: • não é processo. Isso porque não se estabelece, no inquérito policial, a relação processual (partes e juiz imparcial). Além disso, no inquérito policial ainda não há o exercício da pretensão acusatória; em outras palavras, ninguém é acusado da prática de delitos no curso do inquérito policial, tanto é que o resultado das investigações não é a aplicação de uma sanção penal, mas, sim, um relatório das ações de investigação realizadas. • não é judicial, pois não é conduzido por um juiz, mas por uma autoridade policial (o delegado de polícia). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 6 Inquérito policial judicialiforme: é o inquérito policial instaurado e conduzida por um juiz. Atualmente, não há no nosso ordenamento jurídico hipótese de inquérito policial judicialiforme. O instituto existia na antiga Lei de Falências (Decreto-Lei nº 7.661/1945), que foi revogada pela Lei nº 11.101/2005. 5. DESTINATÁRIOS DO INQUÉRITO POLICIAL Os destinatários do inquérito policial se classificam em destinatários imediatos e destinatário mediato. 5.1 Destinatários Imediatos Os destinatários imediatos são os titulares da ação penal, quais sejam: • o Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública (CF/1988, art. 129, I); e • o ofendido, titular da ação penal privada (CPP, art. 30). 5.2 Destinatário Mediato O destinatário mediato do inquérito policial é o juiz, que se utilizará dos elementos de informação constantes do inquérito para decidir pelo recebimento ou pela rejeição da peça acusatória, para auxiliar na formação de seu convencimento sobre o mérito (desde que em conjunto com provas produzidas sob o crivo do contraditório judicial) e para decidir sobre a decretação de medidas cautelares. ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL InquéritoPolicial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 7 DESTINATÁRIOS IMEDIATOS DESTINATÁRIO MEDIATO Titulares da ação penal. O juiz. 6. VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL Analisar qual é o valor probatório do inquérito policial é identificar a possibilidade de o juiz fundamentar sua decisão com base nos elementos nele colhidos. Nesse ponto, é importante saber que o inquérito policial tem um VALOR PROBATÓRIO RELATIVO. Isso porque, isoladamente, os elementos informativos produzidos no inquérito policial não podem servir de fundamento para uma condenação. Equivale a dizer: o juiz não pode condenar alguém exclusivamente com base em elementos informativos produzidos na investigação. Todavia, em conjunto com provas produzidas em contraditório judicial, os elementos produzidos no IP podem, sim, influenciar na formação da convicção do julgador (STF, HC nº 83.348). Em relação à sentença absolutória (decisão judicial que absolve o réu), o juiz pode proferi-la somente com base nos elementos informativos do inquérito policial. O INQUÉRITO POLICIAL É UM PROCEDIMENTO DESTINADO A PRODUZIR “PROVAS” SOBRE O CRIME? CUIDADO! http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 8 Para responder à pergunta acima, é necessário saber que, no Direito Processual Penal, há uma distinção conceitual entre a terminologia “prova” e a terminologia “elemento informativo”. Essa distinção é expressa no art. 155 do Código de Processo Penal: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (art. 155 do CPP). A leitura do dispositivo acima nos permite concluir que a diferença entre as provas e os elementos de informação é a seguinte: PROVAS ELEMENTOS INFORMATIVOS Em regra, são informações sobre o crime produzidas na fase judicial. São informações sobre a materialidade e a autoria produzidas na fase de investigação preliminar. Ainda em relação a essa distinção, outras diferenças que podem ser apontadas são as seguintes: PROVAS ELEMENTOS INFORMATIVOS Na produção das provas, é assegurado o contraditório e a ampla defesa. Não é assegurado o contraditório e a ampla defesa na produção de elementos informativos. A finalidade das provas é formar a convicção do juiz da causa acerca do fato em julgamento. Os elementos informativos têm por finalidade auxiliar na formação da opinio delicti (opinião do MP acerca do fato investigado) e fundamentar a decretação de medidas cautelares. Assim, concluindo, podemos afirmar que, no inquérito policial, pelo menos via de regra, não há colheita de provas, mas, sim, de elementos de informação (por essa razão, diz-se que o IP é um procedimento informativo). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 9 Existem, no entanto, exceções a essa regra: as provas cautelares, as provas não repetíveis e as provas antecipadas, que são informações sobre o crime produzidas na fase investigatória, mas que possuem natureza jurídica de “prova”. As provas cautelares, as provas não repetíveis e as provas antecipadas serão detalhadamente estudadas na apostila referente às provas no Direito Processual Penal. 7. IRREGULARIDADES EXISTENTES NO INQUÉRITO POLICIAL É recorrente em provas de concursos a questão sobre o efeito de eventuais irregularidades ou vícios que porventura ocorram no curso do inquérito policial. Em decorrência do caráter meramente informativo do inquérito policial, o posicionamento pacificado dos tribunais superiores é no sentido de que os eventuais vícios ocorridos no inquérito policial não são hábeis a contaminar a ação penal. Em outras palavras, podemos dizer que os vícios ou irregularidades ocorridas no inquérito policial não contaminam a ação penal dele oriunda. Exceções! Haverá a extensão de nulidade à eventual ação penal nos seguintes casos: Primeiro caso: se houver violações de garantias constitucionais e legais expressas, e o órgão ministerial, na formação da opinio delicti, não conseguir afastar os elementos informativos maculados para persecução penal em juízo. Exemplo: situação em que todos os elementos informativos do inquérito policial derivaram de uma interceptação telefônica ilícita. Segundo caso: se o advogado nomeado pelo investigado for impedido de assisti-lo em seu interrogatório policial. Esse vício ensejará nulidade absoluta do ato de interrogatório e dos atos dele derivados, nos termos da alteração promovida pela Lei nº 13.245/2016 no Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/1994). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 10 8. INQUÉRITO POLICIAL X TERMO CIRCUNSTANCIADO O termo circunstanciado, previsto na Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), é o método investigativo destinado a apurar as infrações penais de menor potencial ofensivo. O conceito de infração penal de menor potencial ofensivo é previsto no art. 61 da Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais): Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Esquematizando o conceito de infração penal de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/1995): INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO As contravenções penais (não importa a pena cominada). Os crimes com pena máxima em abstrato não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. Um exemplo é o crime de desacato (art. 331 do Código Penal): Desacato Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. As infrações de menor potencial ofensivo são investigadas por meio do termo circunstanciado por este ser um procedimento que garante maior celeridade nas apurações. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 11 Em verdade, o termo circunstanciado é um procedimento extremamente simples, muito semelhante a um boletim de ocorrência policial, em que se registram as informações básicas sobre o delito. As diligências investigativas admitidas no termo circunstanciado são: a oitiva dos envolvidos e, eventualmente, alguma perícia simples que seja necessária. Simplificando a diferença entre os institutos: TERMO CIRCUNSTANCIADO INQUÉRITO POLICIAL É previsto na Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995). Não é previsto no CPP. É previsto no CPP (arts. 4º a 23) Apura infrações de menor potencial ofensivo. Apura as demais infrações penais. Admite apenas o registro das declarações dos envolvidos e perícias simples. Admite todas as diligências investigativas não vedadas pelo ordenamento jurídico. I – O STJ entende que, nas infrações de menor potencial ofensivo, a autoridade policial pode substituir o termo circunstanciado pelo inquérito policial quando a complexidade ou as circunstâncias do caso assim recomendarem (STJ, HC nº 26.988/SP). II – No âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, nenhuma infração penal pode ser classificada como de menor potencial ofensivo. Isso porque a Lei Maria da Penha (art. 41) afasta a aplicação da Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais). Como consequência, nas infrações penais praticadas com violência doméstica ou familiar contra a mulher, a investigação deve ser semprefeita por inquérito policial. Ou seja, nunca (friso: em hipótese alguma!) se lavra termo circunstanciado no âmbito da Lei Maria da Penha. OBSERVAÇÕES http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 12 III – Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação do ofendido que forem infração de menor potencial ofensivo (por exemplo, o crime de ameaça, do art. 147 do Código Penal), o termo circunstanciado pode ser lavrado sem a manifestação de vontade da vítima, tendo em vista que, de acordo com o art. 74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/1995, o momento para oferecimento da representação no procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais é o momento da audiência preliminar. 9. TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL A titularidade do inquérito policial é da autoridade policial no exercício de funções de polícia judiciária: Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria (Código de Processo Penal). NO QUE CONSISTE A FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA? Didaticamente, a doutrina separa as funções exercidas por órgãos policiais em duas, quais sejam, a polícia administrativa e a polícia judiciária. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 13 POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA É aquela destinada a prevenir a prática do crime. É aquela destinada a reprimir o crime já ocorrido. Nessa função a polícia atua antes da ocorrência da infração penal. Nessa função a polícia atua após a ocorrência da infração penal. É exercida através da presença ostensiva dos agentes policiais. É exercida através da investigação criminal. Há doutrina (Denílson Feitosa e Renato Brasileiro, por exemplo) que entende que a investigação criminal seria realizada no âmbito da função de “polícia investigativa”, sendo que a polícia judiciária seria a função de cumprir ordens do Poder Judiciário. Não é o entendimento que deve ser levado para provas objetivas de concursos públicos. 9.1 Órgãos que Exercem a Função de Polícia Judiciária A Polícia Federal exerce, com exclusividade, as funções de Polícia Judiciária da União (art. 144, §1°, IV, CF/88). No âmbito dos Estados-membros e do DF, as funções de Polícia Judiciária são exercidas pelas Polícias Civis (art. 144, § 4°, CF/88). Em relação aos crimes militares, as corporações militares exercem a função de Polícia Judiciária (Exército, Marinha e Aeronáutica, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares), conforme previsão do Decreto-Lei nº 1.002/1969 (CPPM). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 14 A EXCLUSIVIDADE CONSTITUCIONAL DA POLÍCIA FEDERAL NO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES DE POLÍCIA JUDICIÁRIA DA UNIÃO IMPEDE A INVESTIGAÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL? Não! A exclusividade da Polícia Federal no exercício de funções de polícia judiciária da União se refere apenas aos demais órgãos policiais, que não podem exercer a função de polícia judiciária no âmbito da União. Não impede, todavia, a investigação criminal por outros órgãos da União, como, por exemplo, o Ministério Público Federal e as Forças Armadas (em caso de crimes militares). 9.2 Titularidade do Inquérito Policial em Razão da Natureza da Infração Penal Aqui estudaremos quais crimes são investigados por cada um dos órgãos que exercem funções de polícia judiciária. I – Polícia Federal (art. 144, §1º, I, CF/88) Cabe à Polícia Federal investigar: • Infrações penais contra a ordem política e social; • Infrações penais em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas; • Infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei (a Lei nº 10.446/02 regulamentou tal atribuição. Verifique se seu edital exige conhecimento dessa lei. Caso exija faça o estudo completo de seus dispositivos). • Crimes de competência da Justiça Eleitoral (TSE, HC 439: Em município onde não houver PF a investigação pode ser realizada a investigação pela Polícia Civil). • O crime de terrorismo (art. 11, Lei nº 13.260/16). http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 15 TODO CRIME INVESTIGADO PELA POLÍCIA FEDERAL SERÁ JULGADO PELA JUSTIÇA FEDERAL? Não! A atuação investigativa da Polícia Federal em um crime não permite concluir que a competência para julgamento será da Justiça Federal. Há crimes investigados pela PF que são julgados pela Justiça Estadual. Exemplos: tráfico interestadual de drogas, roubo interestadual de cargas. II – Polícias Civis Há uma atribuição investigativa residual. São investigadas pelas polícias civis as infrações penais que não sejam de atribuição da Polícia Federal nem das corporações militares. III – Corporações Militares (Forças Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares) Investigam os crimes militares. 9.3 Titularidade do Inquérito Policial em Razão do Local do Delito O Código de Processo Penal não prevê expressamente como determinar qual será a delegacia de polícia responsável pela instauração do inquérito policial. Aponta a doutrina que, por analogia, devem ser aplicadas as regras relacionadas à competência territorial criminal (arts. 70 e 71 do CPP). Assim, a definição da atribuição para instaurar e conduzir o inquérito policial é feita com base no local onde se consumou o delito, ainda que outro seja o local da prisão em flagrante do agente. No caso de crime tentado, a atribuição será da autoridade policial do lugar da prática do último ato executório. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 16 É importante observar que a titularidade do inquérito policial não se confunde com a atribuição para lavratura do Auto de Prisão em Flagrante (APF): TITULARIDADE DO IP ATRIBUIÇÃO PARA LAVRATURA DO APF Autoridade policial do local do crime. Autoridade policial do local da prisão. 9.4 Avocação/Redistribuição de Investigação Criminal em Andamento Lei nº 12.830/2013, Art. 2º, §4º. O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Apesar de não ser correto falar em “princípio do delegado natural”, a avocação ou redistribuição de investigação criminal conduzida por delegado de polícia por superior hierárquico não pode ser feita de forma casuística. De acordo com a Lei nº 12.830/2013, a avocação e a redistribuição de inquéritos policiais somente podem ser feitas, mediante despacho motivado, em duas situações específicas: quando houver motivo de interesse público ou diante de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia das apurações. 9.5 Remoção do Delegado de Polícia Lei nº 12.830/2013, art. 2º, § 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 17 O delegado de polícia não goza da garantia da inamovibilidade. No entanto, seu ato de remoção deve ser fundamentado de forma a permitir o controlede legalidade dessa decisão da administração pública. 9.6 Realização de Diligências em Circunscrição Distinta Em relação à realização de diligências, em regra, a autoridade policial que precisar efetuar qualquer ato em outra circunscrição policial deve solicitar a diligência por carta precatória à autoridade responsável pelo local. As exceções ficam por conta do Distrito Federal e das comarcas onde houver mais de uma circunscrição policial, em que a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições (art. 22 do CPP). 9.7 Falta de Atribuição do Delegado de Polícia Não obstante as disposições sobre a competência das autoridades policiais, entende-se que a falta de atribuição destas não invalida os seus atos; pois, não exercendo atividade jurisdicional, a polícia não se submete à competência jurisdicional em razão do lugar! (RT, 531/364, 542/315). 9.8 Investigações Criminais Extrapoliciais Não obstante as regras estudadas quanto à titularidade do inquérito policial, a atribuição para apurar infrações penais não é exclusiva da Polícia Judiciária, já que, conforme preceitua o parágrafo único do art. 4º: Art. 4º, parágrafo Único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 18 Veremos agora os casos em que a apuração de infrações penais não é feita por uma autoridade policial. I – Investigação de Magistrados e Membros do MP Exemplo de investigação criminal que não é realizada por órgão policial é a investigação feita pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário em relação às infrações penais praticadas por seus membros. Eventual delito praticado por membro do MP ou por magistrado deve ser investigado pelo órgão a que pertence. Assim, quando, no curso das investigações, surgir indício da prática de infração penal por parte de membro da magistratura ou por parte de membro do MP, imediatamente os autos devem ser remetidos ao tribunal ou órgão ministerial a que pertencer. II – Crimes Ocorridos nas Dependências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal Também são exemplos de órgãos responsáveis pela apuração de infrações penais e de sua autoria a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, que têm atribuição de instaurar inquérito em caso de crime cometido nas suas dependências (Súmula 397, STF): http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 19 Súmula nº 397, STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito. Nesse ponto, importante registrar a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. De acordo com a Corte Especial do TRF1, no caso de crime contra bens, serviços e interesses da União, as polícias legislativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal não têm atribuição para instaurar inquéritos, sob pena de usurpação das funções constitucionais da Polícia Federal, salvo no caso de infração que tenha relação direta com a atividade legislativa. Nesse sentido, decisão unânime da Corte Especial do TRF1 no Mandado de Segurança Criminal 0005585-43.2015.4.01.0000/DF: A investigação na espécie tem por objeto a apuração da suposta prática das condutas tipificadas nos arts. 90 e 96 da Lei n. 8.666/93 no bojo de procedimento licitatório realizado no âmbito da Administração do Senado Federal. Ou seja, cuida- se de infrações penais praticadas, em tese, em detrimento de bens, serviços e interesses da União, sem relação com a atividade legislativa, o que atrai a aplicação do inc. I do § 1º do art. 144 da CF, não havendo que se falar, assim, em ausência de atribuição da Polícia Federal. O inc. IV do § 1º do mencionado artigo dispõe expressamente que compete à Polícia Federal, com exclusividade, o exercício das funções de polícia judiciária da União, pelo que inafastável a conclusão no sentido de que eventual exceção a essa norma apenas pode ser admitida se prevista também na própria Constituição, situação inocorrente na hipótese em tela. SÚMULA JURISPRUDÊNCIA http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 20 Assim, consoante a exposta jurisprudência dos tribunais pátrios, podemos concluir que as polícias legislativas federais (da Câmara dos Deputados e do Senado Federal) apenas podem apurar infrações penais ocorridas em suas dependências que não sejam de interesse da União ou que tenham relação direta com a atividade legislativa. Exemplo 1: fraude em licitação do Senado Federal deve ser investigada pela Polícia Federal, pois há interesse da União (o que atrai a aplicação do art. 144, §1º, I, da CF). Exemplo 2: furto de celular de servidor do Senado ocorrido nas dependências da Casa Legislativa pode ser investigado pela polícia legislativa. III – Investigação Criminal pelo Ministério Público No dia 14 de maio de 2015, o Plenário do STF, no julgamento do RE 593727, recurso esse que teve reconhecida a repercussão geral, confirmou seu entendimento de que o Ministério Público tem atribuição para promover, por autoridade própria e por prazo razoável, investigações de natureza penal. Requisitos para investigação criminal pelo MP: • devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados; • a atuação do MP fica sob permanente controle jurisdicional; • devem ser respeitadas as hipóteses constitucionais de reserva de jurisdição; • devem ser respeitadas as prerrogativas garantidas aos advogados. EXCEPCIONALIDADE! A investigação criminal não é atividade ordinária do Ministério Público, somente podendo ser exercida em casos excepcionais, como nos casos de procrastinação da EXEMPLOS http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 21 investigação pelos órgãos policiais, crimes de abuso de autoridade, crimes contra a Administração Pública e crimes praticados por policiais. Vale lembrar ainda a Súmula nº 234 (STJ), que prevê que “A participação de membro do MP na fase investigatória não acarreta o seu impedimento ou suspeição para oferecimento da denúncia”. Ademais, há de se registrar que a atribuição de investigação criminal não é expressamente outorgada ao Ministério Público pela Constituição Federal. Por essa razão, o principal fundamento jurídico para a investigação pelo Ministério Público é a TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS. Segundo aplicação dessa teoria ao caso em análise, a expressa outorga constitucional ao Ministério Público da atribuição para promover a ação penal pública (art. 129, I, CF) pressupõe que se reconheça, ainda que por implicitude, a titularidade de meios destinados colheita de informações sobre a infração penal, conferindo-se, com isso, efetividade aos fins constitucionalmente reconhecidos órgão. Apesar de o MP poder investigar crime, jamais pode presidir inquéritos policias. A investigação pelo MP é feita através de procedimento próprio, qual seja o PIC – Procedimento Investigatório Criminal. IV – Investigação Criminal Defensiva Consiste no conjunto de atividades investigativas desenvolvidas pelo investigado/acusado, em qualquer fase da persecução penal, inclusive antes do início da ação penal, o qual poderá ser realizado com ou sem assistência de investigador particular, objetivando a colheita de elementos informativos que possam ser utilizados embenefício de sua defesa. ATENÇÃO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 22 A investigação criminal defensiva tem fundamento no princípio da paridade das armas (ou igualdade processual), derivado de uma concepção moderna de contraditório (justo e equilibrado), que garante iguais oportunidades às partes no processo penal. V – Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) As Comissões Parlamentares de Inquérito, conforme o art. 58, §3º, da CF/88, são comissões temporárias (com prazo certo de duração), criadas pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados, em conjunto ou separadamente, por meio de requerimento de, no mínimo, 1/3 de seus membros (171 Deputados e/ou 27 Senadores), com o objetivo de apurar fatos determinados, possuindo, para tanto, poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, cujas conclusões devem ser encaminhadas ao membro do Ministério Público, para eventual promoção da responsabilização civil ou criminal de infratores, se for o caso. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 23 1. O que é o inquérito policial? 2. O que é a persecução penal? Quais são as suas fases? 3. O inquérito policial é o único instrumento de investigação de crimes que existe no Direito Processual Penal brasileiro? 4. Quais são as funções essenciais do inquérito policial? 5. Qual é a natureza jurídica do inquérito policial? 6. O que é o inquérito judicialiforme? Existe hipótese em nosso ordenamento jurídico atual? 7. Quais são os destinatários do inquérito policial? 8. Qual é o valor probatório do inquérito policial? 9. O juiz pode condenar alguém exclusivamente com base nos elementos informativos da investigação? 10. O juiz pode utilizar os elementos informativos da investigação para fundamentar uma condenação? 11. O juiz pode absolver alguém se valendo unicamente dos elementos informativos do inquérito policial? 12. É correto afirmar que o inquérito é um procedimento destinado a produzir provas sobre o crime? 13. Qual a diferença entre prova e elemento informativo da investigação? Essa diferença é apenas doutrinária ou é expressa no Código de Processo Penal? 14. O que significa dizer que o inquérito policial é um “procedimento informativo”? ESTUDO DIRIGIDO http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 24 15. Em regra, qual a consequência dos eventuais vícios ocorridos no inquérito policial? 16. Qual a consequência de a autoridade policial proibir que o advogado constituído pelo investigado preste assistência a ele em seu interrogatório policial? 17. O que é o Termo Circunstanciado de Ocorrência? É previsto no CPP? 18. Quais são as infrações de menor potencial ofensivo (IMPO)? 19. Diante de uma IMPO, a autoridade policial deve instaurar inquérito policial? 20. Em caso de uma contravenção penal praticada no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher, pode a autoridade policial lavrar termo circunstanciado? 21. De quem é a titularidade do inquérito policial? 22. Quais são os órgãos que exercem a função de polícia judiciária? 23. A norma constitucional que atribui à Polícia Federal a exclusividade do exercício das funções de polícia judiciária no âmbito da União (art. 144, §1º, IV) impede a investigação criminal por outros órgãos federais? 24. Quais são os crimes investigados pela Polícia Federal? Quais são investigados pelas polícias civis? Quais são investigados pelas corporações militares? 25. Definido qual o órgão vai investigar determinado crime, como se define de qual delegacia é a titularidade da investigação? Essa titularidade inicial pode ser objeto de avocação ou redistribuição? 26. Como deve proceder uma autoridade policial que, no curso de uma investigação, desejar realizar uma ação investigativa na circunscrição de outra? 27. A investigação criminal realizada por autoridade policial sem atribuição é inválida? 28. A investigação criminal é exclusiva da polícia judiciária? http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 25 29. Uma autoridade policial pode investigar um magistrado ou um membro de MP? 30. Qual a atribuição investigativa das “polícias” legislativas? 31. O Ministério Público pode investigar crimes? Quais os requisitos? 32. O Ministério Público pode presidir inquérito policial? 33. Qual a principal teoria que fundamenta a investigação criminal pelo MP? 34. O que é a investigação criminal defensiva? 35. As comissões parlamentares de inquérito podem investigar crimes? Podem promover a responsabilidade civil e criminal? http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 26 QUESTÕES ANTERIORES DE CONCURSO – LISTA I 1. (NUCEPE/SEJUS-PI/AGENTE PENITENCIÁRIO/2017) Marque a alternativa correta acerca do inquérito policial. a) Toda e qualquer infração penal é investigada através do inquérito policial. b) A natureza do inquérito policial é de jurisdição, própria do Poder Judiciário. c) Inquérito policial, ação processual penal e processo penal são sinônimos. d) A natureza do inquérito policial é administrativa. e) Caso ocorra alguma irregularidade no inquérito policial, o Ministério Público, mesmo diante das evidências e provas lícitas de que o acusado cometeu o crime, não poderá oferecer a denúncia. 2. (NUCEPE/SEJUS-PI/AGENTE PENITENCIÁRIO/2017) O inquérito policial tem como finalidade, exceto, a) apurar a materialidade do crime. b) apurar a autoria do crime. c) colher elementos para informar o titular da ação penal. d) formar a convicção do juiz e fundamentar sua decisão, de forma exclusiva. e) subsidiar a decretação de medidas cautelares. 3. (FUNIVERSA/PC-DF/DELEGADO DE POLÍCIA/2015) O inquérito policial, cuja natureza é cautelar, constitui uma das fases processuais. 4. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL/2009) O inquérito policial tem natureza judicial, visto que é um procedimento inquisitório conduzido pela polícia judiciária, com a finalidade de reunir elementos e informações necessárias à elucidação do crime. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 27 5. (CESPE/PC-TO/DELEGADO DE POLÍCIA/2008) O inquérito policial, procedimento persecutório de caráter administrativo instaurado pela autoridade policial, tem como destinatário imediato o Ministério Público, titular único e exclusivo da ação penal. 6. (PC-SP/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) O inquérito policial e o termo circunstanciado são espécies de investigação criminal, disciplinadas no Código de Processo Penal, sendo que a única distinção existente entre elas recai sobre o objeto da apuração. 7. (CEPERJ/PC-RJ/DELEGADO DE POLÍCIA/2009) Com relação aos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher não é possível a elaboração de um simples termo circunstanciado, previsto na Lei nº 9.099/1995, com exceção do crime de ameaça em que a pena máxima cominada não ultrapassa 2 (dois) anos. 8. (MPDFT/MPDFT/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2013) O Código de Processo Penal faz distinção entre provas e elementos informativos. 9. (CESPE/JUIZ DE DIREITO/TJDFT/2014) No CPP, não há distinção entre prova e elemento informativo da investigação. 10. (CESPE/DPF/ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL/2013) O valor probatório do inquérito policial, como regra, é considerado relativo, entretanto, nada obsta que o juiz absolva o réu por decisão fundamentada exclusivamenteem elementos informativos colhidos na investigação. 11. (FAPEMS/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) A possibilidade de o juiz condenar ou não o réu com base nos elementos de informação contidos no inquérito policial, sem o crivo no contraditório na fase judicial, é tema de antiga discussão no processo penal brasileiro. Nesse contexto, assinale a alternativa correta. a) Apesar de o inquérito policial ser um procedimento administrativo, os elementos informativos não necessitam ser corroborados em juízo, em virtude da oficialidade com que agem as autoridades policiais. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 28 b) No Tribunal do Júri, vigora o sistema do livre convencimento motivado do julgador, por isso os jurados podem julgar com base em qualquer elemento de informação exposto ou lido em plenário, sem fundamentar a sua decisão. c) A condenação do réu deve sempre ser fundamentada em provas colhidas com respeito ao direito do contraditório judicial, ainda que o magistrado utilize elementos informativos na formação de seu convencimento. d) Os elementos de informações colhidos no inquérito policial podem fundamentar sentença condenatória, quando não há prova judicial para sustentar a condenação, haja vista o princípio da verdade real. e) Com a reforma introduzida em 2008 no Código de Processo Penal, restou definido que o juiz não pode condenar o réu com base nos elementos informativos e provas não repetíveis colhidos na investigação. 12. (CESPE/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2011) A recente jurisprudência do STJ, em homenagem ao princípio constitucional do devido processo legal, firmou-se no sentido de que eventuais irregularidades ocorridas na fase investigatória, mesmo diante da natureza inquisitiva do inquérito policial, contaminam a ação penal dele oriunda. 13. (CESPE/TRF 1ª REGIÃO/JUIZ/2011) Os vícios ocorridos no curso do inquérito policial, em regra, não repercutem na futura ação penal, ensejando, apenas, a nulidade da peça informativa, salvo quando houver violações de garantias constitucionais e legais expressas e nos casos em que o órgão ministerial, na formação da opinio delicti, não consiga afastar os elementos informativos maculados para persecução penal em juízo, ocorrendo, desse modo, a extensão da nulidade à eventual ação penal. 14. (FUNIVERSA/PC-DF/DELEGADO DE POLÍCIA/2015) Há, no ordenamento jurídico brasileiro, expressa previsão do inquérito policial judicialiforme. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 29 15. (MPE-PR/MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2012) Quando a Constituição da República, ao tratar das funções da Polícia Federal, utiliza a expressão “exercer com exclusividade as funções de polícia judiciária da União” deve ser interpretada no sentido de excluir das demais polícias (Civil, Militar etc.) a destinação de exercer as funções de Polícia Judiciária da União e não no sentido de afastar o Ministério Público da atividade investigativa em procedimento próprio. 16. (CESPE/PC-AL/DELEGADO DE POLÍCIA/2012) O comércio ilegal de drogas envolvendo mais de um estado faz surgir o tráfico interestadual de entorpecentes, deslocando-se a competência para apuração e atuação da Polícia Federal, todavia, a competência para processar e julgar o criminoso continua a ser da justiça estadual. 17. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA/2013) Uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou, em larga escala, diversos roubos de cargas e valores transportados por empresas privadas em inúmeras operações interestaduais, o que ensejou a atuação da Polícia Federal na coordenação das investigações e a instauração do competente inquérito policial. Nessa situação hipotética, findo o procedimento policial, os autos deverão ser remetidos à justiça estadual, pois a atuação da Polícia Federal não transfere à Justiça Federal a competência para processar e julgar o crime. 18. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA/2013) Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações bancárias na modalidade de saques e transferências eletrônicas em contas de inúmeros clientes de determinada agência do Banco do Brasil. A instituição financeira ressarciu todos os clientes lesados e arcou integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia Federal a instauração do inquérito policial, porquanto a ela compete, com exclusividade, a apuração de crimes praticados contra bens e serviços da União. 19. (FUNIVERSA/SESIPE-DF/AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS/2015) No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, desde que mediante precatórias ou requisições. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 30 20. (CESPE/PC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) O inquérito policial instaurado por delegado de polícia para investigar determinado crime a) não poderá ser avocado, nem mesmo por superior hierárquico. b) poderá ser avocado por superior hierárquico somente no caso de não cumprimento de algum procedimento regulamentar da corporação. c) poderá ser redistribuído por superior hierárquico, devido a motivo de interesse público. d) poderá ser avocado por superior hierárquico, independentemente de fundamentação em despacho. e) não poderá ser redistribuído, nem mesmo por superior hierárquico. 21. (CESPE/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA/2016) A redistribuição ou a avocação de procedimento de investigação criminal poderá ocorrer de forma casuística, desde que determinada por superior hierárquico. 22. (FMP/MPE-MA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) O inquérito policial somente poderá ser avocado ou redistribuído, mediante decisão fundamentada de superior hierárquico, por motivo de interesse público ou por inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. 23. (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2015) O inquérito policial em curso poderá ser avocado por superior por motivo de interesse público. 24. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE ADMINISTRATIVO/2014) Suponha que um delegado da Polícia Federal, ao tomar conhecimento de um ilícito penal federal, instaure inquérito policial para a apuração do fato e da autoria do ilícito e que, no curso do procedimento, o seu superior hierárquico, alegando motivo de interesse público, redistribua o inquérito a outro delegado. Nessa situação, o ato do superior hierárquico está em desacordo com a legislação, que veda expressamente a redistribuição de inquéritos policiais em curso. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 31 25. (CESPE/TJDFT/JUIZ DE DIREITO/2015) O superior hierárquico do delegado pode determinar a redistribuição de inquérito policial por motivo de interesse público e mediante despacho fundamentado. 26. (CESPE/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA/2016) A investigação de crimes é atividade exclusiva das polícias civil e federal. 27. (FUNIVERSA/PC-DF/DELEGADO DE POLÍCIA/2015) Segundo jurisprudência pacificada no STF, o poder de investigação do Ministério Público é amplo e irrestrito. 28. (TRF 4ª REGIÃO/TRF 4ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2016) O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e as garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre,por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados, sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado Democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados, praticados pelos membros daquela instituição. 29. (CESPE/TJCE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2014) O MP, que é o dominus litis, pode determinar a abertura de IPs, requisitar esclarecimentos e diligências investigatórias, bem como assumir a presidência do IP. 30. (FMP/DPE-PA/DEFENSOR PÚBLICO/2015) De acordo com a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, entre as causas de impedimento que afetam o Ministério Público, está o fato de que todo membro, ao atuar na presidência de investigação criminal realizada por aquela instituição, estará impedido de oferecer a ação penal condenatória que derivar dessa apuração. 31. (CESPE/TJDFT/JUIZ DE DIREITO/2015) Segundo interpretação do STF, a participação de procurador da República na fase de investigação policial acarreta o seu impedimento para o subsequente oferecimento da denúncia. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 32 32. (FGV/MPE-RJ/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2016) Chega notícia através da Ouvidoria do Ministério Público da prática de determinado crime e que possivelmente haveria omissão da Delegacia de Polícia na apuração. Em razão disso, o Promotor de Justiça instaura procedimento de investigação criminal no âmbito da própria Promotoria. Sobre o poder investigatório do Ministério Público, de acordo com a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, a conduta do promotor foi: a) ilegal, pois o Ministério Público não tem poder para investigar diretamente e por meio próprio a prática de qualquer crime. b) legal, pois tem o Ministério Público poder de investigação direta, desde que haja omissão da Polícia Civil, ainda que não exista inquérito policial instaurado anteriormente. c) ilegal, pois o Ministério Público somente pode investigar diretamente se houver inquérito policial instaurado previamente e confirmada a omissão da autoridade policial. d) legal, pois tem o Ministério Público poder de investigação direta, respeitados os direitos constitucionais do investigado, assim como eventual foro por prerrogativa de função. e) ilegal, somente cabendo ao Ministério Público exercer o controle da atividade policial. 33. (CESPE/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2008) Quando, no curso das investigações, surgir indício da prática de infração penal por parte de membro da magistratura, após a conclusão do inquérito, a denúncia deve ser remetida ao tribunal ou órgão especial competente para o julgamento. 34. (CESPE/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2008) As comissões parlamentares de inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 33 conclusões encaminhadas à respectiva mesa do Senado ou da Câmara para promover a responsabilidade civil e criminal. 35. (CESPE/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2008) O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende a prisão em flagrante do agente e a realização do inquérito. http://zeroumconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL Inquérito Policial – parte I Professores Carlos Alfama e Paulo Igor www.zeroumconcursos.com.br 34 GABARITO – LISTA I 1. d 2. d 3. E 4. E 5. E 6. E 7. E 8. C 9. E 10. C 11. c 12. E 13. C 14. E 15. C 16. C 17. C 18. E 19. E 20. c 21. E 22. C 23. C 24. E 25. C 26. E 27. E 28. C 29. E 30. E 31. E 32. d 33. E 34. E 35. C http://zeroumconcursos.com.br art61 art331 1. CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL 2. PROCEDIMENTO PERSECUTÓRIO 3. FUNÇÕES ESSENCIAIS DO INQUÉRITO POLICIAL 4. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 5. DESTINATÁRIOS DO INQUÉRITO POLICIAL 5.1 Destinatários Imediatos 5.2 Destinatário Mediato 6. VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL 7. IRREGULARIDADES EXISTENTES NO INQUÉRITO POLICIAL 8. INQUÉRITO POLICIAL X TERMO CIRCUNSTANCIADO 9. TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL 9.1 Órgãos que Exercem a Função de Polícia Judiciária 9.2 Titularidade do Inquérito Policial em Razão da Natureza da Infração Penal 9.3 Titularidade do Inquérito Policial em Razão do Local do Delito 9.4 Avocação/Redistribuição de Investigação Criminal em Andamento 9.5 Remoção do Delegado de Polícia 9.6 Realização de Diligências em Circunscrição Distinta 9.7 Falta de Atribuição do Delegado de Polícia 9.8 Investigações Criminais Extrapoliciais QUESTÕES ANTERIORES DE CONCURSO – LISTA Ii Gabarito – Lista ii
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