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DIREITO DO TRABALHO SUJEITO DO CONTRATO DE TRABALHO Livro Eletrônico 2 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Sujeitos do Contrato de Trabalho ..................................................................3 Introdução ................................................................................................3 1. Do Empregador .....................................................................................4 1.1. Conceito e Poderes do Empregador .........................................................4 1.2. Empregadores por Equiparação .............................................................6 1.3. Microempresa, Empresa de Pequeno Porte e Microempreendedor Individual (LC n. 123/2006 e LC n. 128/2008) ..............................................................7 1.4. Grupo Econômico (Art. 2º, § 2º, da CLT c/c Súmula n. 129 do TST) ............9 1.5. Sucessão de Empregadores (Arts. 10, 10-A, 448, 448-A, da CLT) .............17 1.6. Responsabilidade dos Sócios (Art. 10-A da CLT) .....................................22 1.7. Dono da Obra e Subempreitada ..........................................................27 2. Contratos por Prazo Determinado ............................................................30 2.1. Contratos por Prazo Determinado Estabelecidos na CLT ..........................30 2.2. Contratos por Prazo Determinado Estabelecidos em Outras Leis ...............34 3. Contrato de Trabalho Intermitente ..........................................................39 4. Efeitos do Contrato de Trabalho .............................................................44 4.1. Conceitos e Espécies .........................................................................44 5. Renúncia e Transação ...........................................................................46 5.1. Conceitos e Diferenças .......................................................................46 Resumo ..................................................................................................49 Referências Bibliográficas ..........................................................................54 Questões de Concurso ...............................................................................56 Gabarito ..................................................................................................74 Questões Comentadas ...............................................................................75 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 3 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO Introdução Caro(a) aluno(a), vamos continuar nossos estudos sobre Direito do Trabalho? Nossa aula de hoje será sobre: continuação dos sujeitos do contrato de trabalho stricto sensu; do empregador – conceito e caracterização; dos poderes do empre- gador no contrato de trabalho, do grupo econômico, da sucessão de empregadores, da responsabilidade solidária, da responsabilidade dos sócios, dos contratos por prazo determinado, do contrato intermitente, dos efeitos do contrato de trabalho e da renúncia e transação. Vale destacar que Cespe/Cebraspe é uma banca que se utiliza bastante da letra fria da lei, então, quando eu citar algum artigo, súmula ou orientação jurispruden- cial, não deixe de fazer a leitura. Preciso destacar que o material está devidamente atualizado com a Lei n. 13.467/2017 e não possui a MP n. 808/2017 porque esta perdeu a validade em 23/04/2018, antes da publicação do edital do concurso. Cuidado, pois o edital foi publicado antes da conclusão dos estudos do TST sobre as modificações jurisprudenciais geradas pela Lei n. 13.467/2017, falo isso porque você pode se deparar com súmulas, por exemplo, que permanecem válidas no site do TST, mas que perderam a eficácia após a entrada em vigência da reforma tra- balhista. Essa reforma foi instituída para testar o nosso poder de resiliência, mas não de- vemos temer porque estudante concentrado(a) é estudante preparado(a). Quero dizer que você não está sozinho(a)! Estamos juntos nessa trajetória. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 4 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Então vamos ao trabalho? 1. Do Empregador 1.1. Conceito e Poderes do Empregador O conceito de empregador encontra-se delineado no art. 2º da CLT, vejamos: “considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assu- mindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a pres- tação pessoal de serviço”. Segundo Mauricio Godinho Delgado, “empregador define-se como a pessoa físi- ca, jurídica ou ente despersonificado que contrata a uma pessoa física a prestação de seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação”. Da leitura do conceito do ilustre Ministro podemos perceber que, enquanto o conceito de empregado se relaciona à pessoalidade, o conceito de empregador se vincula à impessoalidade. Segundo o dicionário, alteridade significa caráter diferente, circunstância, con- dição ou característica que se desenvolve por relações de diferença, de contraste. No âmbito do Direito do Trabalho, a alteridade é aplicada para diferenciar empre- gador do empregado, diz respeito a um elemento da relação de emprego que estabelece que o risco da atividade cabe ao empregador. Essa assunção dos riscos (alteridade) pelo empregador determina os riscos do empreendimento que devem ser suportados pelo empregador: caso a atividade empresarial apresente prejuízo, o empregador deve assumi-lo integralmente, não podendo transferir o risco para os empregados. Esse poder de direção do empregador indicado no caput do art. 2º da CLT re- flete o chamado jus variandi, que consiste no poder que o empregador possui de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 5 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer alterar unilateralmente, dentro dos limites da lei, as condições de trabalho de seus empregados. O empregador é revestido de vários poderes com base no jus variandi, nas situ- ações indicadas pela CLT, esses poderes se dividem em quatro dimensões: poder diretivo (estabelece a jornada de trabalho, férias, organização trabalho etc.), re- gulamentar (elabora regimento interno, emite ordens de serviço), fiscalizatório (fiscaliza a execução das tarefas, dos horários de trabalho, a utilização de EPI) e disciplinar (aplica advertência, suspensão e justa causa). Acompanhamento da prestação de serviço Revista íntima Revista pessoal Não está prevista na CLT No máximo, 30 dias Advertência Suspensão Dispensa por justa causa Impor sanções Controle Fiscalizatório Ex.: controle de jornada Disciplinar Poderes do empregador Comandar/ organizar Diretivo Regulamentar Art. 2º da CLT O empregador dirige a prestação pessoal dos serviços Estipular normas gerais. Há quem diga também que todos esses poderes, na verdade, são dimensõesdo poder diretivo do empregador. É importante salientar que os poderes dos empregadores não conferem a estes direitos acima da lei, como, por exemplo, não podem, em razão do direito de fisca- lização, realizarem revista íntima em suas empregadas, já que a lei proíbe que seja realizada (art. 373-A, VI, da CLT). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 6 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer 1.2. Empregadores por Equiparação Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de empre- go, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem traba- lhadores como empregados (art. 2º, § 1º, da CLT). Apesar de equiparados para fins de relação de emprego, quando admitirem tra- balhadores como empregados, as instituições de beneficência não se confundem com instituições sem fins lucrativos. Entender esses conceitos facilita a compreender alguns novos critérios estabe- lecidos pela reforma trabalhista quanto ao processo do trabalho. Considera-se entidade sem fins lucrativos a que não apresente superavit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido re- sultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais (art. 12 da Lei n. 9.532/1997, alterada pela Lei n. 9.718/1998). Uma entidade sem fins lucrativos poderá ter diversos objetivos, tais como: as- sociações de classe ou de representação de categoria profissional ou econômica; instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos etc.; enti- dades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados – ex.: clubes esportivos, centrais de compras, associações de bairro, moradores etc.; associações com objetivos sociais que observam o princípio da universalização dos serviços – ex.: promoção da assistência social; promoção da cultura, patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da saúde e educação; preservação e conservação do meio ambiente; promoção dos direitos humanos etc. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 7 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer As instituições sem fins lucrativos (já que podem ter sim lucro, mas não é o seu objetivo) não assumem risco da atividade econômica porque não a exercem, motivo pelo não integram grupo econômico. De outro lado, o conceito de entidade beneficente de assistência social é muito mais amplo, não se confundindo com o conceito de instituição de educação sem fins lucrativos. A entidade beneficente de assistência social é aquela que presta servi- ços relevantes, de cunho social, à parte carente de nossa sociedade. Pode ser qualquer tipo de serviço de natureza social, como, por exemplo, aqueles pres- tados nas áreas de saúde, educação, espiritual etc. O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins lucrativos, e as entidades filantrópicas são isentas do pagamento de custas, assim estabelecem os art. 889, § 9º, da CLT, e art. 790-A da CLT, respectivamente. Diante do exposto, podemos considerar como empregador toda pessoa, dotada ou não de personalidade jurídica, com ou sem fim lucrativo, que tiver empregado. 1.3. Microempresa, Empresa de Pequeno Porte e Microempreendedor Individual (LC n. 123/2006 e LC n. 128/2008) Antes de tudo, lembramos que o valor do depósito recursal será reduzido pela metade para os microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte, ressalvado o direito também para as entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos. 1.3.1. Microempreendedor Individual – MEI (LC n. 128/2008) O objetivo da criação do MEI foi legalizar pequenos empresários (cabeleirei- ros, feirantes, eletricistas, camelôs etc.), permitindo-lhes inscrição no Cadastro O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 8 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Nacional das Pessoas Jurídicas, redução de tributos incidentes sobre a atividade, simplificação de trâmites burocráticos, emissão de notas fiscais e acesso facilitado a crédito. O MEI, em que pese não ter sócios nem ser considerado empresa, foi autoriza- do por lei a possuir um único empregado, que receba exclusivamente um salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. O salário-maternidade devido à trabalhadora empregada do microempreende- dor individual será pago diretamente pela Previdência Social, nos termos art. 72, § 3º, da Lei n. 8.213/1991. 1.3.2. Microempresa, Empresa de Pequeno Porte (LC n. 123/2006) Consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade em- presária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00; e no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calen- dário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00; no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bru- ta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. Nos Livros de Registro de Empregados, além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admis- são no emprego, duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador, sob pena de aplicação O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm#art966 http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm#art966 9 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer da multa de natureza administrativa prevista no art. 77 da CLT, equivalente à R$ 3.000,00 por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reinci- dência, todavia, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte. Por fim, não custa nada lembrar que a micro e pequena empresa não estão su- jeitas à contratação obrigatória de menor aprendiz. 1.4. Grupo Econômico (Art. 2º, § 2º, da CLT c/c Súmula n. 129 do TST) De maneira simples, podemos dizer que grupo econômico ou grupo de em- presas, como também é chamado, ocorre quando duas ou mais empresas atuam conjuntamente, de forma organizada, como intuito de aumentar os seus ganhos. A própria lei trabalhista cuida de estabelecer o conceito exato de grupo econômico no § 2º do art. 2º da CLT, vejamos: Art. 2º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas, perso- nalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia integre gru- po econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) (Vigência) § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo ne- cessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integran- tes. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) (Vigência) Verifica-se que, para que haja grupo econômico, devem estar presentes todos os requisitos estabelecidos no caput e parágrafos do art. 2º da CLT, não sendo ne- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 10 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer cessário que haja formas jurídicas exigidas em outros ramos do Direito, como a existência de holdings (empresa que detém a posse majoritária de ações de outras empresas e dirigem as empresas subordinadas), consórcios, pools etc. Pelo conceito utilizado no art. 2º da CLT, a existência de grupo econômico se caracteriza não apenas quando há administração e controle por uma entidade líder (verticalização), mas também quando há relação de coordenação ou cooperação entre os entes (horizontalização), mas nem sempre foi assim. Antes da reforma trabalhista, só havia previsão expressa na CLT para o grupo econômico vertical, marcado pela subordinação de uma empresa para com as outras. A nova definição instituída pela Reforma Trabalhista no art. 2º contemplou ape- nas o que já era determinado pela doutrina e jurisprudência, passando a consagrar a existência do grupo econômico horizontal “grupo por coordenação”, que era con- templado apenas na Lei de Trabalho Rural (art. 3º, § 2º, da Lei n. 5.889/1973). É pacífico o entendimento de que não se admite grupo econômico no siste- ma de franquias, entre empresas franquiadas e franqueadoras, isso porque não há atuação conjuntas das empresas e para caracterização do grupo econômico por coordenação é necessário que exista atuação conjunta entre elas, logo, no sistema de franquia (franchising), a unidade central (franqueadora) não pode ser acionada como responsável solidária pelas dívidas trabalhistas de uma das empresas franqueadas. A reforma trabalhista foi taxativa e estabeleceu que não basta a mera identida- de de sócios para o surgimento do grupo econômico. Para que reste caracterizado o grupo por coordenação, não basta que as empresas possuam sócios idênticos (um ou mais), deve haver também: • demonstração do interesse integrado; • efetiva comunhão de interesses; e • atuação conjunta das empresas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 11 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Para explicar a aplicação prática desse conceito, apresento um exemplo da FCC, que entendeu pela existência do grupo quando. Questão 1 (ANALISTA ADMINISTRATIVO/TST/FCC/2017) Os sócios das empre- sas Turismo Maravilha Ltda. e Festa de Arromba Promoções e Eventos Ltda. são os mesmos. A primeira delas é sediada em Maceió e a segunda tem sede em Belo Horizonte, desenvolvendo suas atividades exclusivamente nessas cidades. Em todos os eventos realizados pela Festa de Arromba são sorteados pacotes turísti- cos da Turismo Maravilha, sendo esse o meio encontrado pelos sócios para o desen- volvimento das atividades dessa última, que foi inaugurada há pouco tempo. Essa integração tem se mostrado muito importante para o desenvolvimento da Turismo Maravilha, sendo os sorteios a única forma de divulgação e publicidade da empresa. Em relação à situação descrita, Errado. Embora as empresas tenham atividades distintas, a identidade de sócios, aliada ao interesse integrado, à efetiva comunhão de interesses e à atuação conjunta das mesmas, leva à caracterização do grupo econômico. Outro ponto que merece destaque é a modalidade de responsabilidade existente entre as empresas do mesmo grupo econômico, o § 2º estabelece que essa respon- sabilidade será sempre solidária, que é aquela na qual a responsabilidade pela dívida contraída ou outro compromisso é partilhada por várias partes (devedores O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 12 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer solidários), sendo possível ao reclamante (credor) cobrar a dívida integralmente a qualquer uma delas, funciona como se todas tivessem o mesmo bolso. A responsabilidade solidária do grupo econômico é dual porque se di- vide em ativa e passiva: passiva porque existe a possibilidade de todas as em- presas responderem pelas verbas decorrentes de um contrato de trabalho mantido entre um empregado e uma das empresas do grupo (prerrogativa que o empre- gado tem de litigar em juízo contra qualquer empresa do grupo, qualquer uma pode responder passivamente), e ativa porque um empregado de uma empresa do grupo pode laborar para as demais empresas daquele grupo, sem que isso caracterize a multiplicidade contratual. Nesse sentido é a Sú- mula n. 129 do TST, vejamos: Súmula n. 129 do TST CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 – A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistên- cia de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. A solidariedade ativa constitui a extensão do poder diretivo patronal a todas as empresas do grupo, como se o empregador fosse o próprio grupo, ao tratar o grupo como empregador único (solidariedade ativa), surgem outras consequên- cias jurídicas interessantes, como, por exemplo, a possibilidade de transferência de empregados entre as empresas do grupo (art. 469, CLT), o empregado terá de cumprir as ordens dadas pelas demais empresas do grupo, pois todas serão consi- deradas empregadoras, a prestação de serviços ao grupo, mesmo que a empresas diferentes, superioresà jornada normal, gerará o pagamento de horas extras. Ou- tra consequência da solidariedade ativa é que o pagamento efetuado pelas demais O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 13 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer empresas do grupo terá natureza salarial, nesse sentido é a Súmula n. 93, do TST, vejamos: Súmula n. 93 do TST BANCÁRIO (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Integra a remuneração do bancário a vantagem pecuniária por ele auferida na colocação ou na venda de papéis ou valores mobiliários de empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, se exer- cida essa atividade no horário e no local de trabalho e com o consentimento, tácito ou expresso, do banco empregador. O intuito de caracterizar ou não um grupo econômico é de aumentar as chances de garantir o pagamento dos valores devidos ao empregado, pois se caracterizado o grupo, por força da solidariedade passiva, o empregado poderá, a qualquer tempo, direcionar a execução para qualquer das empresas integrantes do grupo, mesmo contra aquelas que não tenham participado do processo de conhecimento. O juiz, por sua vez, poderá executar a dívida contra qualquer uma das empresas do grupo ou todas elas, não se exigindo que seja de forma igualitária (50% de uma empresa e 50% de outra empresa, por exemplo), o juiz poderá exigir 100% de apenas uma empresa do grupo ou a proporção que bem entender. Ao contrário dos demais casos, no grupo econômico a jurisprudência trabalhista admite que a execução se volte contra empresas do grupo que não tenham parti- cipado da fase de conhecimento. O cancelamento da Súmula n. 205 TST expressa bem o entendimento. Apesar de não me filiar à corrente, alguns doutrinadores entendem que, com a reforma trabalhista, o legislador buscou restringir a solidariedade do grupo econô- mico somente para as “obrigações decorrentes da relação de emprego”, de forma a esvaziar a solidariedade ativa. Outro detalhe de máxima importância! Para que se possa caracterizar o grupo econômico, é necessária a existência da natureza econômica do grupo de em- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 14 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer presas, significa dizer que só pode integrar grupo econômico empresa que tem fins lucrativos, por conta disso não existe grupo econômico no vínculo doméstico, porque não há fins lucrativos. Caso uma empresa de um grupo econômico seja vendida, o adquirente, na qua- lidade de sucessor trabalhista, não será alcançado pela responsabilidade solidária pertinente ao grupo, salvo se a sucessão tiver sido fraudulenta, marcada pela má-fé, principalmente quando, na época da venda, já havia inidoneidade econômica do grupo, ou seja, o grupo já era insolvente. Esse é o entendimento do TST, consagrado na OJ n. 411 SDI-1: OJ 411 SDI-1. SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTEN- CENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não ad- quirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipó- tese de má-fé ou fraude na sucessão. A OJ n. 411 da SDI-1 continua plenamente eficaz, inspirada na nulidade oriun- da da má-fé de quem tenta fraudar os seus credores ou a própria Justiça (fraude contra credores e fraude à execução), dispondo que, em regra, aquele que adquire, por qualquer meio jurídico, uma empresa integrante de grupo econômico, assume apenas o passivo da empresa adquirida, salvo se na época do negócio jurídico o grupo já não gozava de idoneidade financeira. Estudaremos os efeitos do grupo econômico no âmbito do Direito do Trabalho, não sendo correto estender esse conceito da CLT a outros ramos do Direito (como o Tributário e o Civil, por exemplo). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 15 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 16 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Ainda sobre o tema, o TST, por meio da Súmula n. 239, consolidou especifica- mente o entendimento sobre a existência ou não de grupo econômico entre insti- tuições bancárias e empresa de processamento de dados, vejamos: Súmula n. 239 do TST BANCÁRIO. EMPREGADO DE EMPRESA DE PROCESSAMENTO DE DADOS (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais n.s 64 e 126 da SBDI-1) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 – É bancário o empregado de empresa de processamento de da- dos que presta serviço a banco integrante do mesmo grupo econômico, exceto quando a empresa de processamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias do mesmo grupo econômico ou a terceiros. (primeira parte – ex-Súmula n. 239 – Res. 15/1985, DJ 09.12.1985; segunda parte – ex-OJs n.s 64 e 126 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 13.09.1994 e 20.04.1998) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 17 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Por meio da referida súmula, o TST deixa claro que o enquadramento de ban- cário empregado de prestadora de serviço de processamento de dados do mesmo grupo econômico só não ocorrerá quando a empresa de processamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias do mesmo grupo econômico ou a terceiros. 1.5. Sucessão de Empregadores (Arts. 10, 10-A, 448, 448-A, da CLT) Trata-se de alteração contratual subjetiva decorrente da transferência na propriedade/unidade econômica (compra e venda, por exemplo), por qualquer meio, ou alteração na estrutura jurídica da empresa (mudança de LTDA para S/A, por exemplo). Aplica-se para o empregado urbano e rural. A sucessora sub-roga todos os deveres da sucedida e torna-se a única e integral responsável por aqueles deveres, o sucedido deixa de responder por tudo, salvo no caso de fraude, traduzindo, com maestria, os princípios da despersonalização do empregador, da continuidade da relação de emprego e da intangibilidade objetiva do contrato de trabalho. Vejamos o que dispõe a legislação a respeito: Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídicada empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contra- ídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucesso- ra quando ficar comprovada fraude na transferência. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 18 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer A sucessão trabalhista pode ser reconhecida em qualquer fase processual, oca- sionando, inclusive, o direcionamento da execução contra empresa que não fez parte do processo de conhecimento. O novo art. 448-A dispõe expressamente que a sucessão de empregadores transfere as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, para o sucessor, ou seja, a regra é que haja a responsabilidade exclusiva do sucessor, todavia, excep- cionalmente, a empresa sucedida responderá solidariamente com a suces- sora quando ficar comprovada fraude na transferência da unidade econômica. Significa dizer que, a priori, a empresa sucedida não tem nenhuma responsabilida- de, mas em caso de fraude, pode ser reconhecido que a sucessora é um “laranja”, “desova”, por exemplo, e a empresa sucedida passa a responder também, com fun- damento no art. 9º da CLT (nulidade dos atos praticados com o objetivo de fraudar a legislação trabalhista) e parágrafo único do art. 448-A. Observe que é comum haver cláusula de não responsabilização na alteração de titularidade de empresas: no contrato de venda, por exemplo, consta cláusula na qual “o adquirente se responsabiliza pelos valores devidos aos empregados a partir da data da compra da propriedade, e as dívidas anteriores permanecem sob responsabilidade do antigo proprietário”, mas é importante destacar que esse tipo de cláusula só tem validade no Direito Civil, no âmbito do Direito do Trabalho essa cláusula não possuirá validade, e o adquirente responderá pelas dívidas existentes, mesmo que originadas antes da transferência de propriedade (houve a sucessão de empregadores). Nesses casos, a empresa sucedida será subsidiariamente responsável pelos créditos trabalhistas existentes à época da mudança de propriedade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 19 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer A sucessão só requer a transferência da unidade econômica, o adquirente será considerado sucessor trabalhista ocorrendo ou não o aproveitamento da mão de obra, mas é preciso que o sucessor continue a explorar a mesma atividade ou atividade simular, se a mudança for radical, para outro segmento ou apenas venda de um simples maquinário, não haverá sucessão. Mudança na estrutura jurídica da empresa (fusão, cisão ou incorporação), como quadro societário, alteração de CNPJ e tipo de sociedade (por exemplo: LTDA, ME ou S/A) não afeta o contrato de trabalho, ocorre à sucessão. Segue orientação jurisprudencial do TST que se relaciona ao tema: OJ-SDI1-261 BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados tra- balhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, carac- terizando típica sucessão trabalhista. Conforme Sérgio Pinto Martins esclarece, “o empregado não poderá recusar-se a prestar serviços ao sucessor. O tempo de serviço será computado na mudança, inclusive para efeito de indenização e férias. Será desnecessária elaboração de novo registro de empregado, exceto se houver alteração na razão social da em- presa, quando será preciso fazer a anotação na CTPS do empregado e na ficha de registro da respectiva mudança”. Não existe sucessão nos casos de: vínculo doméstico (pessoa física ou entidade familiar, em âmbito residencial do seu empregador e sem desenvolver atividades lucrativas), desmembramento de Municípios/emancipação políti- ca, (em caso de criação de Município, por desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador – OJ n. 92 da SDI-1), o adquirente da O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 20 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer massa falida em hasta pública, no todo ou em parte, o que isenta o compra- dor das dívidas e obrigações contraídas pelo devedor, inclusive no que se refere a créditos de natureza trabalhista (art. 141, II, e art. 60, Lei n. 11.101/2005). O STF entendeu que o adquirente da empresa em recuperação judicial tem o mesmo direito do adquirente de massa falida, não se configurando sucessão e, no caso de empregador pessoa física, em razão da pessoalidade, não haverá a continuidade com a morte do empregador. Já foi dito que, em regra, o adquirente da massa falida em hasta públi- ca, no todo ou em parte, não assume o passivo trabalhista, mas quando há fraude na arrematação da massa falida ou empresa em recuperação judicial (art. 141, § 2º, da Lei n. 11.101/2005), o arrematante poderá as- sumir as dívidas trabalhistas se este for um dos sócios da empresa arrematada, quando for uma pessoa a mando de um dos sócios “laranja” ou se a arrematação for feita por um parente até o quarto grau (sobrinhos-netos, tios-avôs e primos). Também não se opera sucessão em contrato de trabalho extinto antes da vi- gência da concessão de serviço público – item II da OJ n. 225 SDI-1, vejamos o inteiro teor: OJ-SDI1-225 CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABI- LIDADE TRABALHISTA. (nova redação, DJ 20.04.2005) Celebrado contrato de con- cessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qual- quer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade: I – em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da con- cessão, a segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos di- reitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão; II – no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da anteces- sora. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br21 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer A aquisição de uma empresa pertencente a um grupo econômico não acarreta sucessão em relação às demais empresas do grupo, ou seja, se uma empresa adquire outra, a qual era integrante de um grupo econômico, este adquirente, em regra, não responde pelas dívidas trabalhistas das outras empresas do grupo. É o que esclarece o TST na OJ n. 411 da SDI-1, vejamos: OJ 411 – SDI-1. SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTEN- CENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não ad- quirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipó- tese de má-fé ou fraude na sucessão. A sucessão trabalhista não se confunde com as demais sucessões existentes no Direito, como, por exemplo, a sucessão tributária prevista nos arts. 129, 131, 132 e 133 do CTN. Para facilitar a absorção do assunto, um exemplo: Joseane foi contratada pela Antártica, no ano de 2001. Pouco tempo depois, a Antártica foi comprada pela Brahma, com isso, houve a transferência na propriedade/unidade econômica, ope- rando-se, regra geral, típica sucessão trabalhista. Diante da compra e venda, o contrato de trabalho de Joseane está protegido, ela continuará recebendo o mesmo salário, exercendo a mesma função, não sofrerá alteração nos seus direitos porque o art. 10 da CLT assegura que “a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados”, motivo pelo qual essa alteração subjetiva do empregador (mudança de empregador por outro), segundo a lei, não afetará Joseane. Também é regra geral que, para o Direito do Trabalho, é irrelevante a estipulação contratual de cláusula de não res- ponsabilização, pela qual o adquirente, que se tornará o novo empregador, ressal- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 22 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer va o início de sua responsabilidade trabalhista somente a contar da transferência efetiva, firmando a responsabilidade do antigo empregador pelo passivo trabalhista existente até a mesma data de transferência. À luz da CLT, tais débitos transferem- -se, sim, imperativamente, ao adquirente, que nesse caso é a Brahma. Sabemos que, via de regra, quando uma empresa compra outra, muitos em- pregados terminam sendo desligados, mas isso não é uma obrigação legal, pois, para a CLT, a mudança de propriedade, assim como a alteração na estrutura jurí- dica, não afeta o contrato de trabalho, se esse novo empregador quiser desligar os empregados, estará simplesmente exercendo o poder diretivo dele, mas não é obrigado a fazer isso por força de lei. 1.6. Responsabilidade dos Sócios (Art. 10-A da CLT) A partir da reforma trabalhista, a CLT passou a tratar expressamente dos limites da responsabilidade do sócio e do ex-sócio da empresa, estabelecendo que o sócio que se retirou da sociedade (ex-sócio, também chamado de sócio retirante) res- ponde subsidiariamente somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato e limitada ao período em que este figurou como sócio. A reforma trabalhista fixou a natureza subsidiária da responsabilidade do ex- -sócio, cravando que a cobrança deve ser feita contra a pessoa jurídica (empresa) e, mediante desconsideração da personalidade jurídica, contra os sócios atuais. Só depois disso é que o sócio retirante poderá ser cobrado, gozando, portanto, de um duplo benefício de ordem. Para fins de esclarecimento, entende-se como responsável subsidiário aquele que é obrigado a complementar o que o causador do dano (ou débito) não foi ca- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 23 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer paz de arcar sozinho. O subsidiário só responde pela dívida ou débito depois que os bens do devedor principal não forem suficientes para a satisfação do débito. Vejamos a redação da nova previsão legal: Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhis- tas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) (Vigência) I – a empresa devedora; II – os sócios atuais; e III – os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. Observe que, em relação aos sócios retirantes, o marco temporal para a con- tagem dos dois anos é a averbação da alteração do quadro societário. Até que a averbação ocorra, não é iniciada a contagem desse prazo. Se a retirada da sociedade foi fraudulenta, quando o sócio saiu da sociedade de direito (no papel), mas não saiu de fato (continua sendo sócio, só que fora do papel), todos os sócios, atuais e retirantes, responderão solidariamente. Portanto, a respeito da responsabilidade do sócio e sócio retirante, pode- mos concluir o seguinte: • responde a empresa devedora de forma principal e integral, havendo insufi- ciência ou ausência; • responde os sócios atuais de forma subsidiária e integral, havendo insuficiên- cia ou ausência; • responde os sócios retirantes de forma subsidiária, somente em ações ajui- zadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato e limitada ao período em que este figurou como sócio. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 24 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Vale salientar que, no Direito do Trabalho, não se observa a restrição da res- ponsabilidade do sócio, levando em consideração a quantidade de quotas sociais de que ele é proprietário. Significa dizer que pouco importa se o sócio tinha 1% ou 99% das quotas, ele responderá igualmente com demais sócios, desde que obser- vados os limites indicados acima. Como dito, a reforma trabalhista fixou a natureza subsidiária da responsabilida- de dos sócios, determinou os limites da responsabilidade do ex-sócio, mas estabe- leceu também que a cobrança deve ser feita contra a pessoa jurídica (empresa) e, mediante desconsideração da personalidade jurídica, contra os sócios. Quanto ao procedimento, o Código de Processo Civil de 2015, contemplando o princípio da ampla defesa e contraditório, inovou estabelecendo um procedimento a ser seguido no caso de pedido de desconsideração da personalidade jurídica, tal procedimento já vinha sendo aplicado no processo do trabalho por forçado art. 6º da IN n. 39/2016 do TST, mas a reforma trabalhista submergiu o disposto na IN n. 39, com a ressalva de que este só poderia ser realizado mediante requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. Após a reforma trabalhista, a desconsideração da personalidade jurídica não pode ser realizada por iniciativa do juiz (ex officio) (CLT, art. 878), apenas median- te requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. Destaca-se que, a título de esclarecimento, o TST, em 21/06/2018, por meio da IN n. 41/2018 (Resolução n. 221 de 21/06/2018), resolveu que: Art. 13. A partir da vigência da Lei n. 13.467/2017, a iniciativa do juiz na execução de que trata o art. 878 da CLT e no incidente de desconsideração da personalidade jurídica a que alude o art. 855-A da CLT ficará limitada aos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 25 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Friso aqui que não consta no art. 855-A da CLT a ressalva de que o juiz poderá decretar a desconsideração da personalidade jurídica nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. Esse tema será alvo de muita diver- gência, pois essa faculdade do juízo prevista no art. 878 se limita apenas ao início da execução e não à decretação da desconsideração. Merece destaque que a desconsideração pode ser requerida em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial, devendo o requerimento demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos previstos no art. 28 do CDC ou art. 50 do CC. Na fase de conhecimento, dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hi- pótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica para apresentar defesa no mesmo prazo da empresa (até audiência inicial). Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente na fase de cognição (conhecimento), não cabe recurso de imediato, em razão do princípio da irrecorribilidade ime- diata das decisões interlocutórias. Na fase de execução, será instaurado incidente que suspenderá o processo, o sócio ou a pessoa jurídica será citada para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar prevista no art. 301 do CPC. Concluída a instrução, se necessá- rio, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 26 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Se o incidente for instaurado originariamente no Tribunal e a decisão que aco- lher ou rejeitar for proferida pelo relator, caberá agravo interno. Exemplo: a empresa “A” foi condenada no pagamento de horas extras no valor de R$ 100.000,00 em uma ação trabalhista movida pela ex-empregada Conceição. No processo de execução, após inúmeras tentativas, não foram localizados bens da empresa que satisfizessem a execução, razão pela qual Conceição requereu a desconsideração da personalidade jurídica da empresa para atingir o patrimônio pessoal dos sócios atuais e ex-sócios. O juiz do Trabalho citou para apresenta- rem defesa Daniela e Murilo, sócios atuais, e João, como ex-sócio. João apresen- tou defesa afirmando que a ação teria sido ajuizada dois anos após de averbada a modificação do contrato em que foi realizada a sua saída da sociedade, e os dois sócios atuais se defenderam requerendo produção de provas e afirmando que não praticaram qualquer ato que configurasse abuso da personalidade jurídica, desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial (art. 50 do CC). Concluída a instrução, o juiz, na decisão do incidente, rejeitou a desconsideração contra o ex-sócio, acatan- do a inexistência de responsabilidade em decorrência do decurso do prazo de ajui- zamento e acolheu a desconsideração quanto aos sócios atuais, aplicando a teoria menor, sob os fundamentos do art. 28 do CDC, que autoriza a desconsideração se existir o mero inadimplemento das obrigações da pessoa jurídica, que foi o caso. Da decisão, caberá agravo de petição. Nada impede que o juiz, durante o incidente, ou na própria decisão do incidente, defira tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 do CPC, de- terminando, por exemplo, que seja realizada a penhora dos bens dos sócios. Contra essa decisão, não há previsão legal de recurso, motivo pelo qual entende-se pela impetração de mandado de segurança. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 27 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Vamos esquematizar? RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS O sócio retirante da sociedade Observada a seguinte ordem de preferência: 1) empresa devedora, 2) sócios atuais, 3) sócios retirantes. Responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade Admissão do empregado Período de responsabilidade do ex-sócio Demissão do empregado (10/12/2016) Ajuizamento da ação trabalhista (25/12/216) Contrato de trabalho(01/03/2014) 01/02/2015 Data de entrada do sócio na sociedade 01/02/2016 Data da retirada do sócio da sociedade 05/02/2016 Data da averbação da modificação do contrato que registrou a retira- da Mudanças societárias O ex-sócio responderá subsidiariamente somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato. Obs.: o sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação de contrato. Resposta: nosso ex-sócio só responderia subsidiariamente se a empresa devedora não pagasse e se os sócios atuais também não pagassem, apenas relativamente ao período em que figurou como sócio (01/02/2015 até 01/02/2016), somente em ação trabalhista se fosse ajuizada até dois anos depois da averbação da modificação do contrato (05/02/2018). Mudanças societárias 1.7. Dono da Obra e Subempreitada O contrato de empreitada está previsto no Código Civil, tendo como objeto a re- alização de uma obra. Neste momento, trataremos da responsabilidade trabalhista dos participantes envolvidos nessa modalidade de contratação. Digamos que uma pessoa possua um terreno numa praia e deseje cons- truir uma casa de veraneio, sendo que, para a edificação, a pessoa contra- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 28 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de TrabalhoProf.ª Renata Berenguer ta um empreiteiro. Este, contando com a ajuda de um mestre de obras e dois serventes, conclui a construção e recebe o valor pactuado. Ocorre que o mestre de obras e os serventes trabalharam para o empreiteiro com su- bordinação jurídica, pessoalidade, habitualidade e onerosidade, ou seja, eram empregados do empreiteiro, mas não receberam verbas trabalhistas. A re- clamação a ser ajuizada pelos trabalhadores será dirigida contra o empreiteiro e o dono da obra (dono da casa de veraneio), ou apenas contra o empreiteiro? Para o TST, o dono da obra, em regra, não responde, solidária ou subsidia- riamente pelas verbas devidas pelo empreiteiro aos seus empregados. O entendi- mento se encontra na OJ n. 191 SDI-1, vejamos: OJ 191 SDI-1. CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE. Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas con- traídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. Observe que, no final da orientação da jurisprudência, o Tribunal Superior faz uma ressalva, determinando que, se o dono da obra for uma construtora ou in- corporadora, responderá pelas dívidas do empreiteiro, o problema é que não foi mencionada que tipo de responsabilidade seria essa, solidária ou subsidiária. Essa omissão motivava amplos debates, mas, recentemente, o TST, em sede do IRR n. 190-53.2015.5.03.0090 (incidente de recurso repetitivo), uniformizou o entendi- mento sobre a responsabilidade do dono da obra, quanto às verbas devidas pelo empreiteiro contratado aos seus empregados, estabelecendo: 1) Se o dono da obra for um empreiteiro ou incorporador (pessoa que está cons- truindo com o objetivo de auferir lucros diretos com o resultado da obra, seja vendendo, alugando ou arrendando), responderá subsidiariamente e de forma objetiva. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 29 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer 2) Se o dono da obra for um órgão público da administração direta ou indireta, não responderá. 3) Residualmente, ou seja, quando o dono da obra for qualquer pessoa que não se enquadre nos 2 (dois) primeiros itens, inclusive aquele que não aferirá lucro com a obra, responderá subsidiariamente no caso de INIDONEIDADE FINANCEIRA DA EMPREITEIRA. Trata-se de responsabilidade subjetiva, mas a decisão do TST fala em culpa presumida (in eligendo e in vigilando), detalhe que, por si só, inverte o ônus da prova. Caberá, por conseguinte, ao dono da obra produzir prova capaz de elidir a presunção (juris tantum). O dono da obra fica livre de qualquer responsabilidade, não responderá, via de regra, solidária ou subsidiariamente, salvo sendo o dono da obra construtora, incorporadora (subsidiária e objetiva) ou se não comprovar que contratou uma em- presa idônea (subsidiária e subjetiva). Destaco que é considerado como empreiteiro ou incorporador aquele que afere lucro direto com o empreendimento, que constrói ou reforma com o objetivo de au- ferir lucro com a venda, o aluguel, o arrendamento etc., que não se confunde com aquele que lucra indiretamente, por exemplo, aquele médico que amplia a clínica para atender melhor os seus pacientes, que não responde como construtor ou in- corporador, posto que afere lucro indireto com a obra realizada em seu consultório. Para o TST, quando uma construtora contrata um empreiteiro, na realidade, está subempreitando a obra, como se o empreiteiro principal fosse o próprio dono da obra. A OJ n. 191 SDI-1, no caso, traz à baila a previsão contida no art. 455 CLT, que dispõe sobre a responsabilidade do empreiteiro principal em contrato de subempreitada. Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obriga- ções derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 30 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Parágrafo único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo. Perceba que, da leitura do art. 455 da CLT, podemos concluir que o empregado da subempreiteira poderá também reclamar suas verbas da empreitada principal. 2. Contratos por Prazo Determinado 2.1. Contratos por Prazo Determinado Estabelecidos na CLT Estudamos que, por força do princípio da continuidade da relação de emprego, há sempre uma presunção de que toda e qualquer contratação ocorre por tempo indeterminado, sendo que a CLT prevê alguns casos específicos em que poderá ser realizado o contrato por prazo determinado, vejamos: Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou ex- pressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeter- minado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 1º Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da rea- lização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. § 2º O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. Interpretando o disposto no § 2º do art. 443, entende-se que a legislação per- mite a contratação por prazo determinado em três situações: • quando a atividade da empresa for transitória (prazo máximo de dois anos, permitindo uma única prorrogação); ou O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 31 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer • quando a natureza do serviço a ser prestado justificar, por sua tran- sitoriedade, (contratação prazo máximo de dois anos, permitindo uma única prorrogação); ou • quando o empregador desejar “testar” o empregado (experiência) (90 dias, permitindo uma única prorrogação). Observe que são dois limites distintos: prazo de dois anos (ou 90 dias, para o de experiência) + uma única prorrogação, desde que a soma dos dois períodos não supere o prazo máximo. Se um dos limites for rompido, o contrato deixa de ser por prazo determinado e é convertido automaticamente em indeterminado. Para o empregador, a contratação mediante prazo determinado confere o direito de, na rescisão, dispensar o pagamento do aviso prévio e multa de 40% do FGTS. Quanto ao contrato de experiência, vale esclarecer que, diferentemente do que muitos pensam, não é necessária para prorrogação que o primeiro contrato tenha 45 dias e o segundo 45 dias também, a lei não delimita isso, dessaforma, pode haver, por exemplo, um contrato de experiência de 30 dias com prorrogação de 60 dias, ou um contrato de experiência de 30 dias com prorrogação de 30 dias, mas sempre respeitando o prazo máximo de 90 dias e uma única prorrogação. Lembre-se de que o art. 442-A da CLT determina que, para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a seis meses no mesmo tipo de atividade. Outra observação que merece atenção é a que dispõe o art. 451 da CLT que, se contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação de prazo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 32 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer A continuidade da prestação de serviços após o decurso do prazo do contrato se fixado no contrato, seja qual forma de contratação por prazo determinado, acarreta a convolação automática daquele em contrato por prazo indeterminado, resultando em um único contrato de trabalho desde a data da admissão, sendo desnecessária a nova realização de um contrato por prazo indeterminado em substituição ao de- terminado, pois a convolação é presumida e automática. Ocorrendo a rescisão antecipada e imotivada de qualquer uma das hi- póteses de contrato por prazo determinado do art. 443, será devida uma indenização no valor de metade dos salários do período que ainda restava a ser cumprido (art. 479 da CLT), além da multa de 40% sobre o FGTS (conforme pre- ceitua o art. 14 do Decreto n. 99.684/1990). Existindo, no entanto, no contrato de trabalho uma cláusula denominada de assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada do contrato (erroneamente nomeada de assecuratória pela CLT em seu art. 481 c/c Súmula n. 163 TST), a extinção antecipada seguirá os princípios da rescisão de um contrato por tempo indeterminado, inclusive com pagamento de aviso prévio, vejamos as disposições nesse sentido: Art. 479. Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. (Vide Lei n. 9.601, de 1998) Parágrafo único. Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito para o cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo indeterminado. Súmula n. 163 do TST AVISO PRÉVIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art. 481 da CLT. Art. 481. Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9601.htm#art1%C2%A71i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9601.htm#art1%C2%A71i 33 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Essa cláusula assecuratória nada mais é do que uma cláusula constante no con- trato de trabalho por prazo determinado, que pode ser acionada no momento da dispensa, assegurando às partes rescindirem antecipada e unilateralmente o con- trato sem a indenização estabelecida no art. 479, sendo a rescisão feita nos termos do contrato por prazo indeterminado, tendo o empregado, por sua vez, direito ao aviso prévio e à multa de 40% do FGTS e, caso tenha pedido demissão, deve con- ceder aviso prévio de 30 dias ao empregador. No caso de pedido de demissão ao empregado, serão devidas as seguintes verbas rescisórias: saldo de salário, férias proporcionais e vencidas + 1/3, 13º salário proporcional e vencidos e FGTS (não tem direto à multa de 40% e não pode sacar o FGTS), que deverão ser quitadas até 10 dias contados a partir do término do contrato, pois, caso ultrapasse os referidos prazos, o empregador será obrigado a pagar multa equivalente a um salário do em- pregado, conforme art. 477, § 8º, da CLT. A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual deverá ser realizada dentro do mesmo prazo. A CLT estabelece um período de carência que deve ser respeitado para nova contratação de contrato por prazo determinado, equivalente ao período de seis meses. Findado um contrato por prazo determinado, uma nova contratação a termo só poderá ser feita depois de seis meses, a contar da extinção do pacto anterior, é o que determina o art. 452 da CLT, vejamos: Art. 452. Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos aconteci- mentos. Quanto à excepcionalidade prevista na parte final do art. 452, esta nunca foi definida pela CLT ou qualquer outra lei, não há esclarecimento do que seria con- siderado como serviços especializados ou certos acontecimentos, o que inviabiliza sua aplicabilidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 34 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer Vale salientar que não existe, na CLT, determinação de que esses contratos de trabalho por prazo determinado sejam escritos. Entretanto, como é um contrato a prazo determinado, que possui termo prefixado, a jurisprudência majoritariamente exige a formalização escrita. O § 3º do art. 443 já determina que, além das três hipóteses elencadas no § 2º do mesmo artigo, existirão situações específicas em que a lei exigirá determinação de prazo, isso acontece tanto por determinação da própria CLT (aprendizagem) quanto também por intermédio de lei extravagantes, como ocorre com atletas pro- fissionais de futebol etc. Segundo o art. 428 da CLT, o contrato de aprendizagem é o contrato de tra- balho especial, ajustado por escrito e também por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar, ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódi- ca, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. O contra- to de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de dois anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência (art. 428, § 3º, da CLT). Salienta-se que, se um contrato for firmado com prazo determinado fora das hipóteses legalmente admitidas (CLT ou outras leis), na verdade, será considerado prazo indeterminado. 2.2. Contratos por Prazo Determinado Estabelecidos em Outras Leis Estudaremos, agora, as outras situações específicas em que a Lei exige deter- minação de prazopara o contrato de trabalho. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 35 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer 2.2.1. Contrato por Prazo Determinado Estabelecido na Lei n. 9.601/1998 – Lei de Incentivo ao Emprego Dentre as possibilidades de predeterminação de prazo definido, encontramos, na Lei de Incentivo ao Emprego, uma nova modalidade de contratação por tempo determinado. São características desse tipo de contratação: • a contratação deve ser ajustada por negociação coletiva de trabalho, ou seja, tem que estar, necessariamente, prevista em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; • prazo máximo é de dois anos, para nova contratação também é exigido o prazo de carência de seis meses do encerramento do anterior; • a contratação, ao contrário dos contratos da CLT, admite múltiplas prorro- gações (a CLT só permite uma única prorrogação); • a soma dos períodos, no caso de prorrogação, não pode ultrapassar dois anos (observe que, nesse aspecto, a regra é a mesma da CLT); • a estabilidade provisória fica restrita ao prazo contratual, ou seja, não tem o condão de alongar o pacto, salvo no caso da gestante (III da Súmula n. 244 do TST) e acidente do trabalho (II da Súmula n. 378 do TST); • a multa em caso de rescisão antecipada será aquela fixada na convenção coletiva ou no acordo coletivo de trabalho, não se aplicando as sanções previstas nos arts. 479 e 480 da CLT (pagamento das verbas como se fosse por prazo indeterminado). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 36 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer LEI N. 9.601/1998 X CLT PRORROGAÇÃO Dentro do prazo de dois anos, quantas quiser, não se aplica o art. 451 da CLT. Somente uma prorroga- ção, ressalva-se o art. 451 da CLT. DIREITO À ESTABILIDADE Dentro do prazo máximo de dois anos admite a estabi- lidade do dirigente sindical, da gestante, do cipeiro e do acidentado. Não há estabilidade. RECOLHIMENTO DO FGTS São 2% da remuneração. São 8% do recolhimento mensal. CONTRATOS SUCESSIVOS Aplica-se o disposto no art. 452 da CLT. Aplica-se o disposto no art. 452 da CLT. CLÁUSULA ASSECURATÓ- RIA DO DIREITO RECÍ- PROCO DA RESCISÃO Aplica-se o art. 481 da CLT. Aplica-se o art. 481 da CLT. 2.2.2 Contrato por Prazo Determinado Estabelecido na LC n. 150/2015 – Empregado Doméstico Vale relembrar que, nos termos do art. 4º da LC n. 150/2014, o empregado do- méstico pode ser contratado por prazo determinado em três situações: contrato de experiência, com prazo máximo de 90 dias, que poderá ser prorrogado uma vez, desde que a soma dos dois períodos não ultrapasse 90 dias; contrato por prazo determinado para atender necessidades familiares de natureza transitória, limitado ao evento que motivou a contratação, observando-se o prazo máximo de dois anos; contrato por prazo determinado para substituição temporária de empregado cujo pacto esteja interrompido ou suspenso, limitado ao evento que motivou a contratação, observando-se o prazo máximo de dois anos. Todas os O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 37 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer demais aspectos dos contratos de trabalho por prazo determinado se aplicam ao empregado doméstico, inclusive as multas dos arts. 479 e 480 da CLT. 2.2.3. Contrato por Prazo Determinado Estabelecido na Lei n. 6.019/1974 – Trabalho Temporário Também vale relembrar que o contrato temporário é uma modalidade de con- trato por tempo determinado que pode ser firmado para atender necessidade tran- sitória de substituição de pessoal regular e permanente da tomadora ou atender demanda complementar de serviços da contratante (a redação antiga era “em caso de acréscimo extraordinário de serviços”). O prazo máximo de contratação é de 180 dias, consecutivos ou não, para o pacto temporário, lapso que poderá ser pror- rogado por até 90 dias, consecutivos ou não, desde que comprovada a manutenção das condições que o ensejaram. Nessa modalidade de contrato, também existe ca- rência, só que para fins de “nova contratação temporária pelo mesmo tomador” (§ 5º do art. 10 da Lei n. 6.019/1974), pois o obreiro somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato temporário, após 90 dias do término do contrato anterior. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 38 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer TRABALHADOR TEMPORÁRIO EMPREGADO CONTRATADO POR PRAZO DETERMINADO LEI ESPECIAL O trabalhador é empregado da empresa de trabalho temporário, embora preste serviços nas dependências da empresa tomadora. Direitos não previstos na CF/1988. Proibida a contratação de estrangeiros com visto provisório de permanência no país. CLT Empregado da própria empresa onde presta trabalho. Direitos previstos na CF/1988. Os dois contratos são por prazo determinado. 2.2.4. Contratos por Prazo Determinado no Meio Rural Existem dois contratos por prazo determinado previstos na Lei n. 5.889/1973 (Lei do Trabalho Rural), são eles o contrato de safra e o contrato rural por pequeno prazo. Contrato de Safra Considera-se contrato de safra o que tenha sua duração dependente de va- riações estacionais da atividade agrária (Lei n. 5.889/1973, art. 14, parágrafo único), podendo, além da produção e colheita, ser abrangidas nas atividades do safrista as atividades de preparação do solo e plantio. Esse contrato não necessariamente possuirá data precisa de término, pois de- pende do andamento das atividades desenvolvidas (colheita, desbaste, apanha de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para joao antonio santos fontes fontes - 51268795291, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 39 de 95www.grancursosonline.com.br DIREITO DO TRABALHO Sujeitos do Contrato de Trabalho Prof.ª Renata Berenguer frutos etc.) que, por sua vez, podem ser afetadas pelas condições gerais em cada safra (excesso de chuvas, seca etc.). É o que a lei chamou de variações estacionais da atividade agrária. Contrato Rural por Pequeno Prazo O produtor rural pessoa física poderá realizar contratação de trabalhador rural por pequeno prazo para o exercício de atividades de natureza temporária (Lei n. 5.889/1973, art. 14-A). Observe que, enquanto o contrato de safra se relaciona às variações estacionais da atividade agrária, o contrato rural por pequeno prazo se destina somente ao empregador pessoa física em situações transitórias que não se relacionem à safra. Com objetivo de evitar o desvirtuamento
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