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AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 1 BRONQUIOLITE É uma doença viral aguda É uma infecção respiratória autolimitada, que compromete VA baixa Prevalência: outono e inverno e criança de baixa idade. Quanto mais baixa a idade maior a probabilidade. Sendo que a incidência é maior em crianças < 1 ano, e é responsável por 1 a 2 % internação por bronquiolite, e pelo menos 15% evolui com internação na UTI; então as crianças desenvolvem problemas respiratórios graves. Predomina no sexo masculino; A incidência está ligada a alguns fatores que são: Inicio precoce em creches, baixo nível sócio- econômico, prematuridade, exposição ao tabaco e poluição intra e extradomiciliar, aglomerado de pessoas (é comum as pessoas exporem muito o bebê de baixa idade, por isso no início não é recomendado levar o bebê a locais que o expõe. O vírus sincicial respiratório ele tem uma circulação muito grande, a gente vai ver que vários vírus podem causar bronquiolite, mas o principal é o vírus sincicial respiratório. Bronquíolos terminais são os mais comprometidos. Mecanismos imunológicos e lesões inflamatórias vão desencadear: Aumento da secreção de muco; Obstrução e constrição brônquica; Morte de células alveolares; Invasão viral; Atelectasias; Distúrbios da relação ventilação-perfusão; Aumento do trabalho respiratório. Então esse conjunto de sinais e sintomas vão fazer com que a criança tenha um aumento do esforço respiratório, aumento da secreção de muco, esforço respiratório maior e sibilância, devido a broncoconstricção, e daí vem o nome bronquiolite, pois é um quadro parecido com a bronquite, em que antigamente a asma era chamada de bronquite, e o nome bronquiolite veio daí, que é um quadro que parece bronquite, mas não é. A bronquite na maioria das vezes tem uma origem imunológica, e bronquiolite um quadro agudo viral. Por isso é muito comum a gente houver as mães falarem ‘’ah, meu filho tem bronquiolite’’ nos bebês chiadores, que tem asma, mas eles normalmente não tem bronquiolite, sendo outra coisa, porque bronquiolite é um quadro viral agudo. CONDIÇÕES ANATOMOFISIOLÓGICAS QUE INFLUENCIAM NO QUADRO CLÍNICO Então aqui a gente tem a anatomia de um brônquio normal e um bronquíolo inflamado e a gente vai ter: Edema da parede do bronquíolo Produção de muco Quando a gente for ver na próxima aula de asma a gente vai observar que a anatomia do bronquíolo normal e do bronquíolo de asma ele vai ser igual. É só o mecanismo que vai levar essa formação aqui é que vai ser um pouco diferente. Condições que influenciam no quadro clínico: Menor calibre das vias aéreas inferiores; comum na criança de baixa idade. Maior complacência da caixa torácica, com aumento da pressão negativa na inspiração e conseqüente vão fazer colabamento dos alvéolos e atelectasia com mais facilidade, igual vimos na aula de pnemunonia e doenças respiratórias no período neonatal; quanto menor o RN maior a complacência da caixa torácica, porque ele tem uma caixa torácica menor, uma menor produção de surfactante (porque o surfactante vai ser produzido, a anatomia do pulmão vai se formar ao longo dos anos em torno de 8 anos que ele se torna maduro). Então quanto mais novo menor a condição de produção de surfactante e maior a complacência da caixa pulmonar, então quanto mais novo for maior o risco de fazer atelectasia e fazer descompressão dessa caixa torácica, sendo assim o risco de gravidade é maior. Maior número de linfóciotos, neutrófilos, mastócitos e eosinófilos nos alvéolos, os quais vão fazer: Maior produção de mediadores inflamatórios; Maior broncoespasmo e sibilância. Pois vai fazer um processo inflamatório maior, então vai fazer um edema maior da parede alveolar, que vai fazer maior AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 2 produção de muco. Quanto maior a resposta inflamatória maior o edema e produção de muco. Então ta aí a gravidade ser maior quanto menor a idade. FISIOPATOLOGIA A gente vai ter uma Obstrução inflamatória dos brônquios que vai levar a uma Alteração na relação ventilação-perfusão, essa criança vai fazer uma hipoxia, retração de CO2 e acidose respiratória. Se o alvéolo vai ficar edemaciado e com muco vai gerar alteração na troca gasosa, ficando com menos oxigênio e reter CO2. Aumento da resistência à passagem do ar na respiração vai acumular o ar, vai fazer um aumento do volume residual. Esse aumento na resistência da passagem do ar vai causar os sibilos, que são os barulhos, em que vai aumentar a resistência, então na ausculta vai ouvir os sibilos e vai haver acumulo de volume residual, e isso vai fazer o que vai ficar com volume residual maior e a gente vai ter uma hiperinsuflação pulmonar. Quando a gente pegar o raio-x o pulmão vai estar hiper-insuflado. FATORES QUE AUMENTAM A GRAVIDADE DA BRONQUIOLITE baixa idade Cardiopatia congênita com shunt direita- esquerda; Prematuridade; As doenças pulmonares crônicas, como Displasia broncopulmonar e Pneumopatia crônica; Idade < 6 meses; Imunodeficiência; Qualquer doença grave; Doença metabólica; Neuropatia. ETIOLOGIA A etiologia 50 a 90% dos casos é Vírus Sinsicial Respiratório tipo A e B. Outros: adenovírus, influenza, parainfluenza, rinovírus OBS.: Isso que falamos na aula passada, de quando fazer a sorologia para H1N1 e agora o corona vírus pedir também nesses casos o sincicial respiratório, pra gente ver a circulação do vírus quando a gente começa a ter quadros de gripe grave é bom a gente ver se tem o sincicial, que é circulante, para ter mais cuidado com essas crianças menores. FORMAS DE TRANSMISSÃO: Contato com secreção de pessoas contaminadas (mais comuns); Partículas virais via aerosol = menos frequente. A infecção ocorre quando o material infectado atinge o organismo através da membrana mucosa dos olhos, boca e nariz ou pela inalação de gotículas derivadas de tosse ou espirro. A PRINCIPAL PREVENÇÃO É A LAVAGEM DAS MÃOS!! AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 3 QUADRO CLÍNICO Quadro clínico é inespecífico A criança começa com os pródromos da gripe mesmo. São eles: espirros, febre baixa, rinorréria, congestão nasal, inapetência,tosse; Então a criança começa com sintomas normais de gripe, e de 3 a 5 dias tem evolução com piora do quadro, em que piora a tosse, o esforço respiratório, a sibilancia. Evolução com intensificação dos sintomas respiratórios e piora gradativa: TAQUIPNÉIA; Vai ser o principal sintoma ASSOCIADO À SIBILANCIA (broncoespasmo) Tosse paroxística; Dispnéia; Tiragem intercostal e subcostal; Batimentos de aletas nasais Irritabilidade; Prostração; Sibilos inspiratórios e expiratórios; Estertores bolhosos; Aumento do diâmetro antero-posterior do tórax (devido a hiperinsuflação) Podendo nos casso graves chegar a cianose, alteração de consciência devido a hipoxia. MENORES DE 2 MESES: Nos menores de 2m devido a musculatura pouco desenvolvida a gente pode ter imaturidade do centro respiratório; Insuficiência respiratória; Hipóxia; Hipercapnia; A hipóxia e hipercapnia podem levar a APNÉIA. (muito comum) AVALIAÇÃO DO ESCORE DE GRAVIDADE DA BRONQUIOLITE A gente vai avaliar a frequancia respiratoria, sibilancia, cianose e uso da musculatura acessoria. A gente sabe que a FR até 1m no RN é até 60ipm, no lactente até 50 e na criança maior 40. Então na criança <6m até 40 e >6m 30. Então a gente vai pontuar. Se osibilo está ausente, expiratorio, ins e expiratorio ou audivel sem estetoscópio ou inaudível, se tem cianose presente ou não e uso da musculatura acessória. A gente vai somar esses pontos e dar um escore. Se a pontuação for: Menor que <5 é leve 6 a 7 é moderado 8 a 10 grave 11 a 12 muito grave No 3 o sibilo vai estar audível sem esteto ou ausente, pois ele vai estar ausente devido ao broncoespasmos ser tão intenso que o ar não estar entrando, não auscultando mais. DIAGNÓSTICO Essencialmente clínico; A história clinica na maioria das vezes tem o contanto com alguém que estava, tem historia quer tem irmão maior que já estuda e fica em creche, historia de sintomas gripais que evoluíram. Então diagnóstico é clinico baseado em anamnese e exame físico. Rx tórax:a gente vai ver uma hiperinsuflação pulmonar,retificação das cúpulas diafragmáticas, aumento do diâmetro antero-posterior do tórax, AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 4 infiltrados intersticiais peribrônquicos bilaterais e pode ou não ter atelectasias; Isolamento do vírus em cultura de tecidos: demorada e de alto custo; Detecção de antígenos virais: Tem alta sensibilidade, a gente faz realmente nos casos mais graves, não pedindo de rotina para tratar bronquiolites simples. PCR: Detecção de sequências de ácidos nucléicos específicos por ensaios de amplificação, predominantemente reação em cadeia da polimerase em tempo real (PCR-TR). Sorologias: são utilizados menos frequentemente na rotina diagnóstica do VSR. DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO: o Pulmão hiperinsuflado o Retificação dos arcos costais o Atelectasia de lobo superior direito DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Outras patologias que causam broncoespasmo; Coqueluche (principalmente na criança <2 meses) Síndromes aspiratórias; Doença do Refluxo gastroesofágico Fibrose cística; Penumonia; Asma; Cardiopatia com repercussão pulmonar. Casos leve a moderados: TRATAMENTO TRATAMENTO AMBULATORIAL: Fazer higiene das mãos com água e sabão e ou álcool a 70%. Evitar tabagismo passivo. Manter alimentação normal para a idade da criança. Fazer higiene da cavidade nasal com solução salina ou SF nasal Uso de antitérmicos se for necessário (febre) Reavaliação médica se houver dúvidas ou se sinais de alerta presentes (se aumento de febre e ou esforço respiratório, prostração, vômitos, sem se alimentar) Orientar os cuidadores sobre os sinais e sintomas de “alerta”. o QUANDO HOSPITALIZAR? Se houver relato de histórico de APNÉIA Se a criança tiver piora do estado geral com prostração e/ou hipoativa Dificuldade de mamar Sonolenta Se desconforto respiratório e gemencia Retração torácica FR >60 Cianose Idade <3m e saturação ruim Prematuridade principalmente em bebês com <2 semanas de vida Condição social ruim Dificuldade de acesso ao serviço de saúde Incapacidade ou falta de confiança no cuidador (você explica pra mãe e vê que ela não entende.) AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 5 TRATAMENTO HOSPITALAR: Precaução de contato; Antitérmico; Solução salina nasal; Dependendo do desconforto respiratório vamos deixar de dieta zero, por sonda oro ou nasogástrica, ou sonda nasoenteral; Decúbito elevado a 30 graus e mudança de decúbito; Fisioterapia respiratória: depende do caso. A fisioterapia a gente começa de acordo com a condição da criança. Aspiração de vias aéreas superiores; Pode precisar de uma Oxigenioterapia até uma Ventilação não invasiva (CPAP) ou Ventilação mecânica: fadiga, hipóxia e acidose. À depender da gravidade. Beta 2 agonista: uso controverso, avaliar custoxbenefício, assim como a Adrenalina inalatória e nebulização com solução hipertônica ainda sem evidência de benefícios. Alguns serviços usam outros não usam, as maiorias dos serviços falam que não tem indicação. E na pratica em algumas situações que o broncoespasmo é intenso a gente vê melhora com B2 agonista, então na prática a gente usa. Corticosteróides: contra-indicado, porém usado em 40% dos casos com boa resposta clínica; a gente usa só nos casos mais graves. Na bronquiolite leve e moderada que a gente vai tratar em casa não precisa passar predsin, prednisolona ou nada disso. Terapia antiviral: Ribavirina aerosol indicada em casos graves, que tem com fatores de comorbidade e aumento da gravidade; Antibioticoterapia: Só indicada para casos de infecção secundária, se só quadro viral não faz ATB. Macrolídeos: Também são usados em alguns estudos que indicam, outros não, nos caso mais graves, pois hoje temos vários estudos que mostram que os macrolídeos reduzem o processo inflamatório da bronquiolite. No caso a claritromicina venosa, usada não como ATB, mas praagir com antiinflamatório na mucosa do bronquíolo. Antivirais específicos como ribavirina para o tratamento de VSR não são recomendados devido às dificuldades de seu uso, alto custo e risco para os cuidadores, porque é aerossol, e no serviço usualmente não há hábito de usar . o Bebê em Ventilação na invasiva BIPAP, com mascara full face. RECOMENDAÇÕES DE TRATAMENTO PARA BRONQUIOLITE DE ACORDO COM GUIDELINES Intervenção Recomendação Comentário Broncodilatadores Não recomendado Ensaios randômicos não demonstraram efetividade em melhora dos sintomas, taxa de hospitalização e tempo de internação Adrenalina Não recomendado Ensaios randômicos, multicêntricos; sem evidência de melhora em pacientes ambulatoriais ou internados Corticóide Não recomendado Ensaios grandes, multicêntricos, randômicos, sem evidência de resultados Solução hipertônica Considerar Solução a 3% pode melhorar bronquiolite viral aguda principalmente em pacientes internados por > 3 dias. Consenso italiano (2014) AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 6 recomenda Oxigênio Considerar Não recomendado se sat >90% sem acidose. Saturação 90- 92%, presença de esforço respiratório e Cânula nasal com alto fluxo Considerar Apenas o consenso do Reino Unido recomenda. Necessários mais estudos que comprovem bons resultados Oximetria Considerar Uso intermitente na fase aguda de crianças hospitalizadas. Uso rotineiro apresentou correlação com internações prolongadas Fisioterapia respiratória Não recomendado Recomendado se comorbidades. Ex: amiotrofia espinhal Solução salina Não recomendado Se for realizar, fazer mais superficial, lavar com salina Antimicrobiano Não recomendado Não deve ser usado de rotina Nutrição e hidratação Considerar Para crianças que não conseguem manter a hidratação via oral. Recomenda-se solução isotônica. Nos casos mais graves, considerar secreção inapropriada de HAD Névoa, antivirais, palivizumabe Não recomendado Palivizumabe tem ação profilática. Névoa e antivirais sem evidência de recomendação OBS.:Esses consensos a gente sabe, vocês verão na pratica clinica que quando estiverem clinicando e forem nos congressos e verem as referências de cada especialidade falando vocês vão observar que eles falam um monte de coisa que eles não fazem. COMPLICAÇÕES Insuficiência respiratória; (evolução da doença) Atelectasia; Pneumonia; (A secreção e retenção de muco é um próprio meio de cultura pra bactéria, que gera um risco de pnm maior.) Pneumotórax. Faz uma hiperinsuflação pulmonar, aumenta a pressão na caixa torácica e vai causar o pntx. PREVENÇÃO Evitar exposição aos riscos na faixaetária prevalente Imunização passiva: Anticorpo monoclonal (Palivizumab*). As pessoas falam que a palivizumab é a vacina contra bronquiolite, mas na verdade não é uma vacina, porque ela não é o antígeno e sim o anticorpo monoclonal do vírus sincicial respiratório. Ela é feita 5 doses anuais, de abril a agosto, em crianças até 2 anos de idade Indicada: Prematuros com menos de 28 semanas de idade gestacional; Cardiopatias congênitas com repercussão hemodinâmica; Pneumopatias crônicas da prematuridade. Em alguns estados do país essa imunização, inclusivo aqui no RJ, é disponibilizada pelo governo. Sendo AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 7 cara é disponibilizada com muito critério, e deve se encaixar dentro dos parâmetros ditos acima e o preço de cada dose é em torno de 4700 reais, sendo 5 doses dá quase 25000 por criança. E porque a professora mencionou isso é porque tem que ter critério para dar a vacina, não é porque a família quer que dê que será dado, tem que encaixar nos parâmetros acima. Tem que fazer as 5 doses e a gente já começa a fazer na UTI, nos prematuros internados, a faz isso até 2 anos de idade, que é a faixa de risco maior da bronquiolite, porque os quadros ditos acima se encaixam naquele critério de evoluir para bronquiolite forma grave. A principal prevenção é a LAVAGEM DAS MÃOS! Obs.: a professora mencionou na sala que assuntos contraditórios ela não costuma cobrar em prova, como por exemplo o uso de corticóide na bronquiolite. EVOLUÇÃO DA BRONQUIOLITE Ela começa início dos sintomas, aí com 3 a 5 dias é o pico de piora e de 7 a 10 dias temos uma remissão do quadro. Normalmente dura em média 10 dias Como é um quadro infecções alguns fatores vão influenciar: estado imunológico, nutricional. OBS.: Os bebês que tem bronquiolite podem fazer broncoespasmos recorrente. Podem depois que tem a bronquiolite, quando tiver gripe, fazer uma reação inflamatória e broncoespasmo. TUBERCULOSE Primeiro dar uma passadinha da tuberculose geral e depois vai abordar a tuberculose na criança. TUBERCULOSE EM GERAL É uma doença infecciosa causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch) que acomete principalmente o pulmão, mas pode acometer vários órgãos. Então é uma doença que emergiu com o advento da AIDS. É uma doença que já está teoricamente mais controlada depois do advento da AIDS. Voltou a emergir no país. O Brasil está entre os 20 países do mundo com maior incidência de tuberculose, sendo o Rio de Janeiro e o Amazonas os estados com maior incidência. Então a gente tem a maior incidência do Rio e no Amazonas. E a gente tem o maior número de casos no estado de São Paulo. Então São Paulo é a maior população infectada. INFECÇÃO PELO BACILO DE KOCH De todas as pessoas que tem contato com a bactéria, apenas uma pequena parte desenvolve a doença. O restante fica com a forma latente da bactéria. Essa forma latente vai ficar no organismo e se tiver uma situação de queda da imunidade a bactéria pode causar a doença. A infecção sempre vai iniciar no pulmão, e depois ela vai se desenvolver em outras partes do corpo. O organismo pode eliminar o bacilo sem a pessoa nunca ter tido a doença. Então pode eliminar o bacilo sem ter tido a doença. FORMAS DE TRANSMISSÃO CONTAMINANTES E NÃO CONTAMINANTES Contaminantes: Portadores de tuberculose pulmonar ou laringe. Pacientes sintomáticos no estágio bacilífero (que tem baciloscopia positiva). Pacientes com baciloscopia negativa e cultura positivas (mas é raro). Não contaminantes: Portadores de tuberculose extrapulmonar. Pacientes com tuberculose pulmonar com exame de escarro negativo. FORMAS DE CONTAMINAÇÃO Pelo ar; Contato com secreções respiratórias são os perdigotos. Estatisticamente, de cada 20 pessoas que tiverem contágio com a bactéria só 1 ou 2 desenvolverão a doença. ISOLAMENTO Tuberculose pulmonar ou laríngea: O paciente tem que ficar isolado 15 dias até o desaparecimento da bactéria, das secreções pulmonares com o tratamento. Tuberculose extrapulmonar: AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 8 Não tem necessidade de isolamento. EXCETO se tiver tuberculose pulmonar associada. EVOLUÇÃO PÓS PRIMO INFECÇÃO Tem a primo infecção que forma o complexo primário. Aí você pode ficar com a forma latente da doença, da bactéria. Se você tiver uma baixa de imunidade você vai desenvolver a doença. Ou você pode desenvolver a tuberculose primária. E também pode desenvolver a bactéria em outros órgãos. FATORES DE RISCO Idosos Diabéticos Alcoólatras Pacientes com insuficiência renal. Paciente com neoplasia que precisa de quimioterapia. Paciente transplantado. Portadores de HIV População carcerária ou pacientes que tem exposição contínua à bactéria em ambientes fechados. Então todos os pacientes institucionalizados. QUADRO CLÍNICO TUBERCULOSE PULMONAR Febre com suores e calafrios noturnos. Dor no peito. Tosse com expectoração, por vezes com raias de sangue (hemoptise). Inapetência Prostração Emagrecimento rápido. E tem as formas de tuberculose: Infecção latente Tuberculose cavitária Tuberculose miliar. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR Difere da forma pulmonar por não dar sintomas respiratórios. Em geral, ela se manifesta anos depois da infecção pulmonar ou da contaminação assintomática. Então o paciente pode ter a tuberculose pulmonar e anos depois desenvolver a tuberculose extrapulmonar. Ou ela pode ter tido a infecção, ficou com o bacilo latente e anos depois ela pode desenvolver direto a tuberculose extrapulmonar. Sintomatologia: Emagrecimento Febre Suores noturnos Perda do apetite Prostração. A pessoa vai ter sintomatologia de acordo com o órgão acometido. TUBERCULOSE PLEURAL Tosse Dor torácica unilateral Falta de ar consequente ao derrame pleural TUBERCULOSE GANGLIONAR É comum em pacientes soropositivos. Vai ter enfartamento ganglionar. Por ter fistulização (a secreção neste momento é contaminante). Só neste caso a forma ganglionar é contagiante. Então você tiver fistulizado o gânglio, a secreção tem bacilo vivo contaminado. Primo infecção Complexo Primário 90 a 95% de resolução PPD Reator 5 a 10% em 2 anos (crianças ou adultos) Tuberculose primária progressiva Infecção latente Reativação endógena Reinfeção exógena Tuberculose pós - primária AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 9 TUBERCULOSE ÓSSEA Mais acometida é a coluna vertebral. Faz um desgaste da vértebra (mal de Pott). Membros inferiores podem ser acometidos. Figura 1 Tuberculose óssea mostrando lesão escavada do fêmur (Clemax Couto Sant'anna) Figura 2 Mal de Pott Figura 3 Tuberculose Pulmonar TUBERCULOSE URINÁRIA Sintomas semelhantes à infecção urinária, mas não responde à antibióticos. Urocultura negativa. Pode levar à deformidades do sistema urinário e insuficiência renal terminal se não tratada a tempo. TUBERCULOSE CEREBRAL Forma mais grave de tuberculose. Pode evoluir como meningite tuberculosa ou formação de tuberculomas cerebrais. DIAGNÓSTICO História Clínica: TB pulmonar primária: É mais comum em crianças. Apresenta-se na maior parte das vezes de forma insidiosa. Paciente fica irritado, com febre baixa, sudorese noturna, falta de apetite. Exame físico pode ser inespecífico. TB pulmonar pós-primária: Podeacontecer em qualquer idade, sendo mais comum em adolescente e adulto jovem. A característica principal é a tosse, que pode ser seca ou produtiva. A expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. Vai ter febre vespertina, sem calafrio. Uma febre que não ultrapassa 38,5º C. Sudorese noturna e anorexia são comuns. TB miliar: É a forma mais grave. É comum em crianças não vacinadas e em imunodeprimidos, principalmente os portadores de HIV. Radiografia de tórax: Pode mostrar lesões antigas que são ditas cavernas, ou vai mostrar lesões ativas. E na TB miliar vai mostrar acometimento pulmonar com derrame pleural. Exame de escarro: Vai identificar o bacilo de Koch. Biópsia do órgão acometido: TB extrapulmonar. Vai suspeitar de TB quando? Sempre que tiver uma pneumonia resistente ao tratamento de rotina. Normalmente a gente tenta isolar o bacilo e faz broncoscopia. No portador assintomático da bactéria da TB a gente pode fazer o PPD, que é o teste da tuberculina. Vai inocular a proteína tuberculínica subcutânea e vai fazer a leitura 48 – 72h depois que o material foi inoculado. O que vai acontecer é que aquele que foi exposto seus anticorpos vão reagir contra as PPD reator = tratamento profilático Figura 4 PPD AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 10 proteínas inoculadas na pele. A positividade do teste vai acontecer 12 semanas após o contato com o bacilo. Então 3 meses antes não adianta fazer. Os pacientes com PPD positivo devem ser tratados como tuberculose latente. Tem que fazer tratamento profilático com o objetivo de evitar uma futura reativação do bacilo. Como que considera o resultado do PPD? Em pessoas saudáveis o resultado é positivo com endurado maior que 15mm. Em diabéticos, renais crônicos ou em profissionais de saúde expostos frequentemente a pessoas infectadas é considerado positivo maior que 10mm. Em pacientes soropositivos ou com alguma outra causa de imunossupressão é considerado positivo maior que 5mm. Então injeta no paciente na parte inferior do braço, no antebraço. E faz avaliação após 48-72h. TRATAMENTO Os doentes sintomáticos devem ser tratados por um período mínimo de 6 meses com o esquema RIPE (rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol): RIPE (por 2 meses) Rifampicina + isoniazida (por 4 meses) Na tuberculose latente faz isoniazida por 6 meses. Recomendações: Fazer solicitação de cultura, identificação e teste de sensibilidade (TS) para todos os casos com baciloscopia positiva no final do 2º mês de tratamento. De acordo com o resultado a gente pode identificar resistência de fármacos e possível mudança do esquema. Se ainda mantiver cultura positiva, sensibilidade negativa, tem resistência tem que considerar outro esquema. Ou considerar prolongar o esquema de 4 doses. Dificuldades no tratamento: Cumprir o tratamento com 6 meses. Isso porque o paciente depois dos 15 dias deixa de ser bacilífero. Então ele não precisa mais ficar em isolamento, ele perde o estigma de estar com uma doença contagiosa. A sintomatologia desaparece. O paciente não vai ter mais febre, não vai ter mais sudorese, o apetite volta, paciente volta a ganhar peso. E os remédios possuem efeito colateral. Então ele voltou ao apetite inicial normal, ele não tem sintoma de mais nada. Ele não vai continuar tomando por 6 meses um remédio que dá efeito colateral. Então o abandono ao tratamento é muito frequente. O que se tem que ter um monitoramento muito rigoroso com esses pacientes, porque se não eles não tratam, voltam a ser bacilíferos, contaminam outras pessoas, tem recaída, fazem resistência desse bacilo. TUBERCULOSE NA INFÂNCIA A principal fonte de contaminação da criança é o contato com um adulto (frequentemente da família) com baciloscopia positiva. Dificilmente ela pega tuberculose na escola, na creche porque as crianças são paucibacilíferas. As crianças não tem escarro do bacilo, mesmo na tuberculose pulmonar. Então as crianças não transmitem a TB praticamente. Então a doença não vai ser encontrada bacilo em secreção pelo exame do escarro. DIAGNÓSTICO A sintomatologia é muito inespecífica. Então no adolescente, a partir de 10 anos, a sintomatologia já é igual à do adulto. Então se faz o diagnóstico da mesma forma que se faz diagnóstico no adulto. Sinais e sintomas vão ser os mesmos. Na criança menor a sintomatologia vai ser inespecífica. Então desde 2002, o Ministério da Saúde, assim como a Organização Mundial da Saúde estabeleceram um critério através de um Sistema de pontuação para facilitar o diagnóstico em criança. Então a gente tem uma tabela. A gente vai pontuar. E vê o risco dele, a possibilidade de ter TB ou não. Então para fazer diagnóstico de TB pulmonar vai separar os pacientes em duas faixas etárias. Os menores de 10 anos que vai pegar o diagnóstico pelo Sistema de Pontuação. E os adolescentes/crianças maiores de 10 anos a gente vai usar a baciloscopia de AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 11 escarro e os dados clínicos e radiológicos igual ao do adulto. EXAMES RADIOLÓGICOS No adolescente o padrão é semelhante ao do adulto. A gente vai ter mais comumente: Infiltrado nos terços superiores do pulmão. Disseminação uni ou bilateral dos infiltrados. Cavernas nos terços superiores. Outros achados: Adenomegalias hilares e/ou paratraqueais que são os gânglios mediastínicos que aumentam o volume. Pneumonia de qualquer aspecto radiológico de evolução lenta, às vezes associadas a adenomegalias mediastínicas, ou que formam cavitação durante a evolução. Infiltrado nodular difuso (padrão miliar). Pneumonia mais grave em paciente imunodeprimido. Então todos esses padrões podem ser encontrados tanto em adolescentes quanto em adultos jovens. Abaixo tem o Sistema de Pontuação. Então a gente tem 2 quadros, que na verdade é o mesmo. Só muda a forma. Então a gente tem febre, adinamia, adenomegalia, percentil. Todos sinais e sintomas e tem o sistema de cores. Então acima é um gráfico colorido, uma tabela colorida. Então vai marcar se ela é assintomática, se teve febre, se teve infecção respiratória com melhora com uso do ATB, o padrão radiológico, como foi que aconteceu, se ela tem BCG, o peso dela. Então de acordo com o que você vai marcando você vai Figura 5 Criança com TB gânglio pulmonar, demonstrando adenomegalia hilar direita e infiltrado pulmonar na base direita Figura 6 Adolescente com TB mostrando redução de volume à esquerda, infiltrado no terço superior do hemitórax esquerdo com escavação de permeio. Figura 7 Tuberculose miliar Figura 8 TB na infância com comprometimento ganglionar AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 12 pontuar. Se ela tiver uma pontuação maior ou igual a 40 pontos é muito provável que seja TB. De 30 a 35 pontos é possível que seja TB. E 25 ou menos pontos é pouco provável que seja TB. Acima tem a tabelinha, que é a mesma coisa. Só que aqui já tem os pontinhos. Então fica mais prático. TUBERCULOSE PERINATAL A gente tem também outra forma de tuberculose na infância que é a tuberculose perinatal. Na TB perinatal tem a forma da TB no recém-nascido que pode ser transmitido durante a gravidez (TB congênita) ou no período neonatal. Na TB congênita a gente tem a transmissão por disseminação hematogênica da TB materna, da TB genital e por aspiração ou ingestão de líquido amniótico infectado ou da secreção genital ou do colostro. É uma forma muito rara. E a TB pós-natalque a transmissão pode ocorrer por meio do contato intradomiciliar do RN com paciente com TB pulmonar bacilífera. Na TB congênita, o parto prematuro acontece em cerca de 50% dos casos. A infecção congênita é grave. Evolui para sepse grave com letalidade acima de 50%. Evolui para pneumonia grave, sepse grave e tem letalidade altíssima. A gente vai suspeitar se a mãe tiver TB ativa durante a gravidez. No RN aparece o padrão miliar à radiografia em metade dos casos. Pode ter foco no fígado e no baço. O tratamento básico vai ser associado à piridoxina até o final para reduzir o risco dos efeitos colaterais da isoniazida. Prevenção: Tratamento dos bacilíferos. Quimioprofilaxia: Primária não infectado Secundária infectado Vacinação BCG: Lembrar que a vacina BCG é aplicada para prevenir as formas graves da doença. Então a vacina BCG não evita a TB pulmonar e extrapulmonar. Ela evita a TB miliar e a meningite tuberculósica. Vai aplicar a vacina BCG intradérmica levando em consideração que não deve ser aplicada em imunodeprimidos, menos que 2.000g de peso e lesões extensas na pele (bactérias vivas atenuadas). Lembrar que a vacina é de bacilo vivo. O menor de 2kg a contraindicação é simplesmente técnica. Então ela tem que ser aplicada intradérmica, não pode ser feita subcutânea. Se fizer subcutânea dá abscesso e complica. E num bebê menor que 2kg é muito difícil diferenciar intradérmico de subcutâneo. Abaixo tem a aplicação da vacina e a evolução com a cicatriz vacinal: Então começa formando uma hiperemia que vai formando uma pápula. Faz uma secreção purulenta. Faz uma úlcera, vira uma crosta. Depois vai evoluindo e forma uma cicatriz. A cicatriz vacinal de BCG pode ser de qualquer tamanho. Se você conseguir identificar aonde foi feito é considerado vacinado. Indicações: RN com mais de 2Kg Contatos com hanseníase com PPD (-) Profissionais de saúde com PPD (-) Alistados militares com PPD (-) População indígena com PPD (-) Contraindicação absoluta imunodeficiências congênitas ou adquiridas porque é de bacilo vivo atenuado. Complicações (+ importantes): Abscessos e úlceras locais Gânglios flutuantes e fistulados Osteomielite Uso de drogas imunossupressoras Tratamento das complicações: Isoniazida 5 a 10mg/kg/dia até a regressão das lesões (mais ou menos 45 dias). Abscessos frios e gânglios flutuantes podem ser puncionados, mas não fazer incisão. Quimioprofilaxia (QP) da TB: AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 13 Tratamento do RN coabitante de foco tuberculoso ativo (então o RN nasceu e tem paciente coabitante bacilífero): QP primária Não vacinar Iniciar isoniazida (10mg/kg/dia) Fazer o PPD 3 meses depois, porque precisa esperar 12 semanas do contato do bacilo para positivar o PPD. Se for reator ( 5mm) completar QP por 6 meses. Se for não reator (< 5mm) parar QP e vacinar BCG. Porque nesse período você já tratou e ele não é mais bacilífero. Tratamento da TB: Crianças infectadas e expostas pelo BK menores de 5 anos tem maior risco de evoluir para doença ativa, assim como as formas mais graves e tem maior mortalidade. Então a criança menor que 5 anos que tem contato com o bacilo tem maior probabilidade de desenvolver a doença, a doença ser mais grave e a mortalidade ser maior. O diagnóstico e tratamento precoce é imprescindível. Então quando se tem uma área de risco ou tem casos recentes o ideal é fazer uma busca ativa para fazer o diagnóstico precoce. Normalmente na criança e no adolescente os fármacos são mais tolerados que no adulto. Então eles tem menos efeitos colaterais. Náuseas e vômitos não são comuns. Infecções graves são mais raras ainda, a não ser que sejam imunocomprometidos e desnutridos. O esquema de tratamento deve atender aos seguintes quesitos: Atividade bactericida precoce. Capacidade de prevenir a emergência de bacilos resistentes. Ter atividade esterilizante. Esquema básico para TB pulmonar e extrapulmonar: Fase de ataque 2 meses Fase de manutenção 4 meses Esquema básico para TB meníngea e óssea: Fase de ataque 2 meses Fase de manutenção 10 meses Corticoide pode usar corticoide oral (prednisona ou prednisolona) por 4 semanas. Nos casos mais graves usa a dexametasona por 4 a 8 semanas (melhora a sobrevida e reduz mortalidade). Lembrar de fazer o desmame do corticoide até completar essas 8 semanas. Fisioterapia motora precoce no caso da TB meníngea. Então abaixo tem o esquema básico do tratamento para criança menor que 10 anos: No 1º esquema não faz o etambutol. Faz só RIP. E na fase de manutenção usa a rifampicina e a isoniazida. Na meningite e TB óssea faz o mesmo esquema. Só que na fase de manutenção faz por 10 meses. A medicação é a mesma. Só muda o período que se estende na 2ª fase. Os medicamentos devem ser administrados preferencialmente em jejum (1h antes ou 2 h depois do café da manhã), em uma única tomada, ou em caso de intolerância digestiva, com uma refeição. Ao tossir ou espirrar cobrir a boca com um lenço descartável. Ao tossir ou espirrar cubra a boca e o nariz utilizando até o braço. Cubra a boca e o nariz, use o lenço de AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 14 papel ou papel higiênico e em seguida jogue-o no lixo. Lave sempre as mãos com água e sabão. CASOS CLÍNICOS 1º CASO CLÍNICO: Gestante de 17 anos de idade, com 31 semanas de idade gestacional dá entrada na emegência da maternidade em trabalho de parto prematuro. Relata que fazia pré-natal na UBS do bairro que residia. O cartão de gestante continha registros de 5 consultas, exames laboratoriais do primeiro trimestre, sem alterações. USG obstétrica realizada com 10 semanas e 23 semanas, sem alterações. Não realizou nenhum outro exame após os iniciais. G II / P 0 / A I. Ao exame apresentava contrações rítmicas e colo com 6 cm de dilatação. Evoluiu com parto normal. RN com Apgar de 6 e 8 no primeiro e quinto minuto, respectivamente. Evoluiu com desconforto respiratório precoce, gêmencia e cianose de extremidade e perioral, necessitando de suporte ventilatório. Foi encaminhado para UTI neonatal. Na admissão da UTI neonatal o bebê tinha um peso de 1620g, estatura de 41cm e um perímetro cefálico de 30. Ele chegou com temperatura de 35.2 e uma glicemia de 54; FC de 132 bpm; FR de 70 irp; Saturação de O2 DE 82% e um cateter de O2. Hipoativo, hidratado corado, anictérico, com cianose de extremidades perioral, taquipnéico, perfusão capilar diminuída, fontanela anterior normodensa, pulsos palpáveis; MV diminuído difusamente com tiragem intercostal e subcostal, ausculta sem alterações; abdome globoso, sem Visceromegalia com peristalse débil e o restante do exame físico sem alterações. DADOS QUE SÃO IMPORTANTES DESTACAR NO TEXTO PARA O RACIOCÍNIO: Mãe adolescente (17 anos) Idade gestacional (31 semanas) Parto normal Apgar 6/8 Desconforto resp precoce Gemência, cianose 1 aborto Suporte ventilatório Peso 1620g FR alta Sat02 baixa Baixa PCP Hipotermia TIC (tiragem intercostal) TSC MV diminuído difusamente HIPÓTESE DIAGNÓSTICA: Doença pulmonar da membrana hialina (DPMH) QUAIS DADOS CLÍNICOS CORROBORAM PARA ESSA HIPÓTESE: Prematuro Desconforto respiratório precoce Idade gestacional <34 semanas Não melhorou quando usou suporte ventilatório Mesmo com oferta de O2 manteve Sat02 baixa MV diminuído difusamente DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: SAM: É uma doença do recém nascido,mas não é porque não tem líquido aminiótico com mecônio. Então é uma doença do RN, que pode ter mas não é, por isso se enquadra como síndrome respiratória do RN, por isso é diagnóstico diferencial. PNEUMONIA NEONATAL: poderia ser, mas a mãe não tem uma história infecciosa. SEPSE: A criança tem desconf resp, cianose, distúrbio de perfusão, hipotermia, então tem uma instabilidade hemodinâmica, e por isso poderia ser sepse. TUBERCULOSE NEONATAL: Pode ser, pois não sabe-se se a mãe teve historia de tuberculose ou não. TTRN: A taquipnéia transitória ela é em criança normalmente pré termo limítrofe ou à termo, nasce de parto Cesário, então seria uma doença também com desconforto do recém nascido, mas não encaixa na história. OBS.: OUTRAS HIPÓTESES MENCIONADAS EM SALA QUE NÃO PODERIAM SER DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Asma: Asma não pode entra como DD porque é uma doença mediada por IgE, e em menores de 6meses a produção de IgE é tão baixa que não há resposta imunológica pra asma. Bronquiolite: A criança acabou de nascer, não tem como imediatamente ela já está com o AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 15 vírus sincicial respiratório, ter feito o período de incubação. Não tem como. CONDUTA Na doença de membrana hialina normalmente ele só precisa de um CPAP, porque ele tem drive respiratório. Ele tem drive respiratório, mas ele tem dificuldade respiratória, hipóxia, pois o que está faltando nele que precisa ser ofertado é o surfactante. Se ele não tem surfactente ele não consegue manter a tensão alveolar e manter o alvéolo aberto, fazendo com que este colabe na inspiração e não consegue abrir. Então o que ele precisa é de pressão até ele estabilizar ele precisa de ventilação mecânica, então ele será intubado, você vai fazer o surfactante, VM, e na hora que ele estabilizar pode passa-lo para VNI (que é o BIPAP E CPAP). Med. Suporte Hidratação O2 -> VM -> VNI Oferta Surfactante Nutrição parenteral Dieta zero oral (porque o RN nasceu com uma asfixia, hipóxia, pois nasceu com Apgar 6, então o intestino dela não está preparado para digestão, precisando de um tempo de repouso para ele se preparar). EXAMES Raio X Tórax Hemograma completo; PCR Gasometria Eletrólitos 2º CASO CLÍNICO Lactente de 8 meses é levado ao pronto-socorro com história de febre de 39 graus C há 48h. A mãe refere que a criança diminuiu a aceitação alimentar e fica prostrada durante a febre. Nega patologias pregressas. Calendário vacinal atualizado. Historia gestacional e parto sem intercorrências. HF: Avô materna hipertensa, irmão de 5 anos asmático. HÁ: LM complementado Exame físico: regular estado geral, febril (Tax: 38,2 graus C); hidratado, corado, eupneico, anictérico, acianótico, boa PCP. AVC: RCR2T. BNF, sem sopros audíveis. FC: 90bpm AR: MV audível, sem RA, FR: 32irpm Abdome: globoso, depressível, sem vcm, peristalse presente. SNC: nuca livre, sem sinais de irritação meningea. Orofaringe: sem alterações. Otoscopia: Hiperemia timpânica a direita, opaca, sem trígono luminoso. Extremidades: Sem edema, pulsos palpáveis. Genitália: masculina, testículos tópicos. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA Otite média aguda QUAIS OS FATORES QUE CORROBORAM Hiperemia timpânica à direita Febre alta Prostração HÁ ALGUM FATOR DE RISCO NO QUADRO CLÍNICO? Sim, o aleitamento materno, pois ele mamava deitato TRATAMENTO Como ele é o primeiro epsódio, se ele não for uma criança que frequenta creche a gente faz amoxicilina pura e se for de creche fazer amoxicilina + clavulanato. Pode ser feito: Amoxicilina 250mg/5ml de 8/8h OU amoxicilina + clavulanato 400mg/5ml ou 12/12h 3º CASO CLÍNICO Menor de 2 anos e 4 meses é levado a serviço de emergência devido a qaudro de tosse rouca de início súbito durante a madrugada, estridor e dificuldade para respirar. A mãe informa que o menor foi dormir sem nenhum sinal ou sintoma. Relata ainda que já apresentou este quadro a 1 ano e 3 meses. Exame físico: Menor ativo, afrebril, taquidispneico. FR: 50irpm, tiragem intercostal e subcostal. Ausculta respiratório com sibililos inspiratórios difusos bilaterias. Restante do exme físico sem alterações. AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 16 RACIOCINIO DO QUADRO: A criança tem um quadro de tosse rouca Inicio súbito Estridor Sibilos inspiratório Tiragem intercostal Taquidispnéia Início na madrugada 2º epsódio. Não apresenta febre nem sintoma de infecção respiratória anterior. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: Bronquiolite e rinossinusite: podemos descartar, pois o paciente não tem febre nem nenhum sintoma de infecção anterior. Asma: asma dá sibilos EXPIRATÓRIOS. IR alta: Processo alérgico: Obstrução respiratória alta: o Laringotraqueobronquite viral aguda (LTB Viral) não pode ser nesse caso, porque a paciente teria prodromos, febre, catarro, secreção. o Crupe Espasmódico ou Laringite Estridulos: início súbito, mãe tem que levar a paciente de madrugada para o hospital, nebulização e melhora. Como há dificuldade do ar, por obstrução do fluxo gera o sibilo. O estridor quando você coloca o esteto no peito, aquele estridor na ausculta é uma sensação de ser sibilo. OBS.: Quando a gente tem estridor inspiratório a gente tem obstrução supraglótico, então se tem obstrução supraglótico não se tem uma patologia que é dentro do pulmão. OBS.: Se ela der um caso clínico na prova ela não quer que coloque obstrução respiratória alta, mas sim uma das três característica da obstrução. CONDUTA INICIAL Nebulização com soro Umidificarão do ar Conduta controversa: é a nebulização com adrenalina. A maioria dos colegas na emergência faz a nebulização com adrenalina e obtém melhora, mas se cair em provas e consensos e colocar adrenalina estão ERRADOS, na literatura só indica fazer com soro. REAVALIAÇÃO Se a criança melhorou, reavalia e manda para casa. Não precisa mandar com corticoide, anti- histamínico, nada disso. 4º CASO CLÍNICO Menor de 1 ano e 9 meses é levado ao ambulatório devido a quadro de irritabilidade e febre alta à três dias. A mãe informa que, há cerca de uma semana, lactante parece resfriado e que houve piora significativa do quadro nos últimos dias. Ao exame físico apresenta regular estado geral, febre, abaulamento de membrana timpânica a esquerda e tumefação dolorosa retroauricular homolateral, ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA Otite média aguda com uma complicação, a mastoidite (a mastoidite da tumefação retroauricular). A CONDUTA NESTE CASO Calor local Hidratação Internar e fazer Ceftriaxone Dipirona Se ficar em dúvida no grau de comprometimento faz uma TC de mastoide. SOBRE O TESTE: Vão ser casos clínicos menores, com informações relevantes para o caso. Vai ser um teste para induzir a gente a separar o que é importante da anamnese e do exame físico e trabalha encima daquilo dali. Em relação à questão de múltipla escolha: ela vai dar um caso clinico e perguntar o diagnóstico. Vão ter alternativas que não podem ser de jeito nenhum, e outras que não encaixam direito no quadro. Pode ser que na questão que ela der tenha uma alternativa que ela não deu, e a resposta pode ser essa questão. Porque se todas as outras não podem ser, sobrou essa que não foi dada. A explicação da professora para isso é que: Se o diagnóstico que ela deu, baseado no quadro clínico não era AULA 3 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II ALICIANE ROSA SOARES RODRIGUES E MARIA ESTER BERNARDO 17/02/2020 17 nenhumadas outras questões, a questão que não foi dada era um diagnóstico diferencial. Então se o quadro clinico que ela deu tinha alguma característica que não encaixava, nós temos que ter um raciocínio clínico com autoconfiança, pois se estudamos e tem um dado clínico que não encaixa ou não pode ser, então é uma doença que não conhecemos, sendo assim um diagnóstico diferencial. O objetivo é pensar e construir um raciocínio clínico com autoconfiança.
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