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Direito Penal Especial - Aula 04

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Prévia do material em texto

Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
1 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
RECEPTAÇÃO (ART. 180) 
	
TIPO PENAL 
	
O	 art.	 180,	 caput,	 do	Código	Penal	 tem	a	 seguinte	
redação:	
	
Art.	180	 -	Adquirir,	 receber,	 transportar,	 conduzir	ou	
ocultar,	em	proveito	próprio	ou	alheio,	coisa	que	sabe	
ser	produto	de	crime,	ou	 influir	para	que	 terceiro,	de	
boa-fé,	a	adquira,	receba	ou	oculte:											 		
Pena	-	reclusão,	de	um	a	quatro	anos,	e	multa.	
	
ESPÉCIES 
	
A	doutrina	classifica	a	receptação	em:	
	
Ø Própria:	é	a	espécie	que	ocorre	quando	o	
agente,	 sabendo	 a	 origem	 ilícita	 do	 bem,	
pratica	 algum	 dos	 núcleos	 do	 tipo	 penal	
(adquirir,	 receber,	 transportar,	 conduzir	
ou	ocultar).	Por	exemplo,	“A”	adquire	uma	
bicicleta	que	sabe	ser	produto	de	crime.	
	
Ø Imprópria:	 é	 a	 espécie	 em	que	 o	 agente	
não	é	o	receptador,	mas	aquele	que	influi	o	
terceiro	de	boa-fé	a	adquirir	o	produto	do	
crime.	 Por	 exemplo,	 “A”	 adquire	 um	
aparelho	celular	por	recomendação	de	seu	
amigo	 “B”.	 Contudo,	 “B”	 conhecia	 o	
vendedor	 “C”	 e	 sabia	 que	 este	 havia	
furtado	o	equipamento	de	terceiro.	
	
CARACTERÍSTICAS 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
A	 receptação	 é	 um	 crime	 acessório	 (ou	
parasitário),	pois	depende	da	existência	de	um	crime	
antecedente.	
	
Dessa	 forma,	não	há	 falar	em	adquirir	produto	de	
crime	se	não	houve	a	prática	de	um	crime	antecedente.	
	
Apesar	 dessa	 relação	 de	 acessoriedade,	 é	
importante	 destacar	 que	 a	 receptação	 é	 um	 crime	
autônomo.		
	
Essa	 autonomia	 se	 fundamenta	 na	 ausência	 de	
prejudicialidade	 entre	 os	 dois	 delitos	 (antecedente	 e	
receptação).		
	
Assim,	pouco	importa	se	não	foi	possível	identificar	
o	autor	do	crime	antecedente,	aliás,	este	pode	até	ter	
sido	 isento	 de	 pena,	 tais	 circunstâncias	 não	
influenciam	na	apuração	do	crime	de	receptação.	
	
É	o	que	consta	no	art.	180,	§4º,	do	Código	Penal:	
	
Art.	 180,	 §	 4º	 -	 A	 receptação	 é	 punível,	 ainda	 que	
desconhecido	ou	isento	de	pena	o	autor	do	crime	de	que	
proveio	a	coisa.		
	
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA 
	
O	art.	180,	§§	1º	e	2º,	do	Código	Penal	tem	a	seguinte	
redação:	
	
Art.	180,	§	1º	-	Adquirir,	receber,	transportar,	conduzir,	
ocultar,	ter	em	depósito,	desmontar,	montar,	remontar,	
vender,	expor	à	venda,	ou	de	qualquer	forma	utilizar,	
em	proveito	próprio	ou	alheio,	no	exercício	de	atividade	
comercial	 ou	 industrial,	 coisa	 que	 deve	 saber	 ser	
produto	de	crime:	
Pena	-	reclusão,	de	três	a	oito	anos,	e	multa.	
	
§	2º	-	Equipara-se	à	atividade	comercial,	para	efeito	do	
parágrafo	 anterior,	 qualquer	 forma	 de	 comércio	
irregular	 ou	 clandestino,	 inclusive	 o	 exercício	 em	
residência.	
	
A	receptação	qualificada	se	caracteriza	pela	conduta	
do	agente	que	pratica	o	crime	no	exercício	de	atividade	
comercia	ou	industrial.	
	
Daí	dizer	que	essa	modalidade	é	classificada	como	
crime	próprio,	pois	exige	a	determinada	qualidade	de	
seu	sujeito	ativo.	
	
DÚVIDA: Há inconstitucionalidade na receptação 
qualificada em razão da desproporcionalidade da pena e 
o dolo eventual (“deve saber ser produto de crime”)? 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
2 
 
A	resposta	é	NÃO.	
	
Havia	 uma	 corrente	 minoritária	 que	 distinguia	 a	
receptação	simples	e	qualificada	em	razão	da	espécie	
de	dolo.	
	
Assim,	para	tal	corrente,	caso	o	agente	soubesse	a	
origem	 do	 produto	 (dolo	 direto),	 deveria	 responder	
pela	receptação	simples.		
	
Por	 outro	 lado,	 caso	 ocorresse	 o	 dolo	 eventual,	
expresso	 no	 “deve	 saber”,	 o	 agente	 responderia	 pela	
modalidade	qualificada,	circunstância	que	evidenciaria	
desproporcionalidade	na	reprimenda.	
	
Contudo,	essa	não	foi	a	tese	acolhida	nos	Tribunais	
Superiores.		
	
Assim,	a	jurisprudência	firmou-se	no	sentido	de	que	
a	maior	reprimenda	na	receptação	qualificada	está	no	
fato	do	delito	ser	praticado	no	exercício	de	atividade	
comercial	 ou	 industrial,	 admitindo-se,	 para	 tanto,	 o	
dolo	direto	e	o	eventual.	
	
RECEPTAÇÃO CULPOSA 
	
O	 art.	 180,	 §3º,	 do	 Código	 Penal	 tem	 a	 seguinte	
redação:	
	
Art.	180,	§	3º	-	Adquirir	ou	receber	coisa	que,	por	sua	
natureza	ou	pela	desproporção	entre	o	valor	e	o	preço,	
ou	pela	condição	de	quem	a	oferece,	deve	presumir-se	
obtida	por	meio	criminoso:	
Pena	 -	 detenção,	 de	 um	mês	 a	 um	ano,	 ou	multa,	 ou	
ambas	as	penas.	
	
A	 receptação	 admite	 a	 modalidade	 culposa	 que	
ocorre	 quando	 o	 agente	 adquire	 ou	 recebe	 a	 coisa,	
ainda	 que	 devesse	 presumir	 a	 origem	 ilícita	 do	
produto.	
	
Segundo	 o	 dispositivo	 legal,	 são	 03	 critérios	
adotados	para	analisar	a	conduta	culposa	do	agente:	
	
	
	
Destaca-se,	ainda,	que	a	receptação	culposa	admite	
o	 perdão	 judicial,	 nos	 termos	 do	 art.	 180,	 §5º,	 do	
Código	Penal:	
	
Art.	180,	 §	5º	 -	Na	hipótese	do	§	3º,	 se	o	 criminoso	é	
primário,	 pode	 o	 juiz,	 tendo	 em	 consideração	 as	
circunstâncias,	deixar	de	aplicar	a	pena.	Na	receptação	
dolosa	aplica-se	o	disposto	no	§	2º	do	art.	155.		
	
ELEMENTO SUBJETIVO NO CRIME DE RECEPTAÇÃO 
	
Como	visto	anteriormente,	o	 crime	de	 receptação,	
em	 sua	 modalidade	 simples,	 exige	 o	 dolo	 direto,	 ou	
seja,	 o	 agente	 pratica	 qualquer	 dos	 núcleos	 do	 tipo	
penal,	sabendo	que	adquire	produto	de	crime.	
	
	
	
Por	outro	lado,	a	receptação	qualificada,	reservada	
à	conduta	mais	grave	daquele	que	comete	o	crime	no	
exercício	de	atividade	comercial	ou	industrial,	aceita	o	
dolo	indireto	eventual,	já	que	basta	que	o	agente	“deva	
saber”	a	origem	ilícita	do	produto.	
	
	
	
Por	 fim,	 a	 receptação	 culposa	 sugere	 que	 as	
circunstâncias	 em	 que	 se	 deu	 a	 aquisição	 ou	 o	
recebimento	da	coisa	que	fariam	o	agente	presumir	a	
origem	ilícita	do	produto.	
	
RECEPTAÇÃO 
CULPOSA
Natureza da 
coisa
Desproporção 
entre o valor 
e o preço
Condição de 
quem a 
oferece
RECEPTAÇÃO 
SIMPLES
O agente sabe. 
(dolo direto)
RECEPTAÇÃO 
QUALIFICADA
O agente sabe ou 
deveria saber. 
(dolo eventual)
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
3 
 
	
 
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS 
 
CONCEITO 
	
A	 escusa	 absolutória	 é	 um	 instituto	 previsto	 no	
Código	 Penal	 que	 busca	 harmonizar	 a	 proteção	 do	
patrimônio	 e	 a	 relação	 familiar	 existente	 entre	 os	
sujeitos	envolvidos	no	delito.	
	
Dessa	forma,	a	depender	do	grau	de	parentesco,	a	
repressão	 penal	 cede	 espaço	 à	 proteção	 dos	 laços	
familiares	(isenção	de	pena)	ou,	ao	menos,	permite	que	
a	 vítima	 decida	 se	 quer	 dar	 prosseguimento	 à	
persecução	penal	(necessidade	de	representação).	
	
ESPÉCIES 
	
As	 duas	 espécies	 de	 escusas	 absolutórias	 estão	
previstas	nos	arts.	181	e	182,	ambos,	do	Código	Penal:	
	
Art.	181	-	É	isento	de	pena	quem	comete	qualquer	dos	
crimes	previstos	neste	título,	em	prejuízo:	
I	-	do	cônjuge,	na	constância	da	sociedade	conjugal;	
II	 -	 de	 ascendente	 ou	 descendente,	 seja	 o	 parentesco	
legítimo	ou	ilegítimo,	seja	civil	ou	natural.	
									
Art.	182	-	Somente	se	procede	mediante	representação,	
se	o	crime	previsto	neste	título	é	cometido	em	prejuízo:	
I	-	do	cônjuge	desquitado	ou	judicialmente	separado;	
II	-	de	irmão,	legítimo	ou	ilegítimo;	
III	-	de	tio	ou	sobrinho,	com	quem	o	agente	coabita.	
	
Nesse	sentido:	
	
	
	
EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DAS ESCUSAS 
ABSOLUTÓRIAS 
	
O	art.	183	do	Código	Penal	apresenta	as	hipóteses	
que	 não	 serão	 permitidas	 a	 incidência	 das	 escusas	
absolutórias:	
	
Art.	 183	 -	 Não	 se	 aplica	 o	 disposto	 nos	 dois	 artigos	
anteriores:	
I	-	se	o	crime	é	de	roubo	ou	de	extorsão,	ou,	em	geral,	
quando	haja	emprego	de	grave	ameaça	ou	violência	à	
pessoa;	
II	-	ao	estranho	que	participa	do	crime.	
III	 –	 se	o	 crime	é	praticado	contra	pessoa	com	 idade	
igual	ou	superior	a	60	(sessenta)	anos.	
	
Nesse	sentido,	é	possível	sintetizar	as	exceções	no	
seguinte	esquema:	
	
	
 
DOS CRIMES CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAPRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
RECEPTAÇÃO 
CULPOSA
O agente 
deveria 
presumir. 
ISENÇÃO DE 
PENA
Cônjuge
Ascendente 
ou 
descendente
REPRESENTAÇÃO 
DO OFENDIDO
Ex-cônjuge
Irmão
Tio ou 
sobrinho 
(coabitação)
EXCEÇÕES
Violência ou 
grave ameaça
Estranho (sem 
vínculo de 
parentesco)
Idoso (idade 
igual ou superior 
a 60 anos)
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
4 
 
MUITO IMPORTANTE 
	
Os	 crimes	 praticados	 contra	 a	 Administração	
Pública	envolvem	a	violação	de	diversos	bens	jurídicos,	
com	 especial	 destaque	 à	moralidade	 e	 probidade,	
bens	 jurídicos	 intransigíveis,	ou	seja,	que	não	podem	
ser	relativizados.	
	
Sob	 tal	 fundamento,	 o	 princípio	 da	 insignificância	
seria	 incompatível	 com	 os	 crimes	 contra	 a	
Administração	 Pública,	 entendimento,	 inclusive,	
sumulado	pelo	STJ.	
	
MUITO IMPORTANTE: Súmula nº 599 - O princípio 
da insignificância é inaplicável aos crimes contra a 
administração pública. 
	
Por	 outro	 lado,	 cumpre	 salientar	 que	 o	 STF,	 em	
situações	 excepcionais,	 já	 permitiu	 a	 aplicação	 do	
princípio	 da	 insignificância	 para	 crimes	 contra	 a	
Administração	Pública.	
	
MUITO IMPORTANTE: De toda forma, para fins de 
concurso público, sobretudo, para a Banca CESPE, 
adotem o entendimento sumulado do STJ. 
	
	
	
DÚVIDA: É possível aplicar o princípio da 
insignificância para o crime de descaminho (CP, art. 
334)? 
	
A	resposta	é	SIM.	
	
Não	 obstante	 o	 crime	 de	 descaminho	 estar	 no	
capítulo	“dos	crimes	praticados	por	particular	contra	a	
Administração	 em	 geral”,	 tanto	 STF,	 quanto	 STJ,	
admitem	a	aplicação	do	princípio	da	insignificância.	
	
A	 justifica	 passa	 pelo	 forte	 viés	
arrecadatório/tributário	do	tipo	penal	do	art.	334	do	
CP,	 razão	 pela	 qual,	 como	 ocorre	 nos	 crimes	
tributários,	admite-se	a	bagatela	para	o	descaminho.	
 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
 
CONCEITO 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
O	 art.	 327,	caput,	 do	Código	Penal	 traz	o	 conceito	
legal	de	funcionário	público:	
	
	Art.	 327	 -	 Considera-se	 funcionário	 público,	 para	 os	
efeitos	penais,	quem,	embora	transitoriamente	ou	sem	
remuneração,	 exerce	 cargo,	 emprego	 ou	 função	
pública.	
	
Da	 leitura	 do	 dispositivo	 legal,	 percebe-se	 que	 o	
legislador	 apresentou	 um	 conceito	 abrangente	 de	
funcionário	público.	
	
	
	
O	motivo	é	simples.	
	
Em	 regra,	 as	 sanções	 penais	 dirigidas	 aos	
funcionários	públicos	são	mais	severas,	isso	por	conta	
da	 maior	 reprovabilidade	 de	 sua	 conduta,	 que	 viola	
bens	 jurídicos	 de	 grande	 relevância,	 tais	 como	 a	
moralidade,	probidade	e	fé	pública.	
	
Por	 exemplo,	 basta	 comparar	 o	 tipo	 penal	 do	 art.	
168	 do	 CP	 (apropriação	 indébita)	 e	 o	 peculato-
apropriação	(CP,	art.	312,	caput).	
	
Art.	168	 -	Apropriar-se	de	 coisa	alheia	móvel,	de	que	
tem	a	posse	ou	a	detenção:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	quatro	anos,	e	multa.	
	
STF Em situações excepcionais, aplica-se o princípio da insignificância
STJ Não se aplica o princípio da insignificância (Súmula nº 599)
FUNCIONÁRIO 
PÚBLICO
Cargo, emprego 
ou função 
pública
Transitoriedade
Sem 
remuneração
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
5 
 
Art.	 312	 -	 Apropriar-se	 o	 funcionário	 público	 de	
dinheiro,	valor	ou	qualquer	outro	bem	móvel,	público	
ou	particular,	de	que	tem	a	posse	em	razão	do	cargo	
(...):	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	doze	anos,	e	multa.	
	
A	 principal	 diferença	 entre	 os	 tipos	 penais	 é	 a	
condição	 de	 funcionário	 público	 do	 peculato-
apropriação,	 circunstância	 suficiente	 para	 elevar,	 em	
muito,	a	pena	do	delito	em	comparação	à	apropriação	
indébita.	
	
DÚVIDA: O estagiário de órgão ou entidade pública 
é considerado funcionário público para fins penais? 
	
A	resposta	é	SIM.	
	
Segundo	 a	 jurisprudência	 do	 STJ,	 o	 estagiário	 de	
órgão	ou	entidade	pública,	ainda	que	não	remunerado,	
é	considerado	funcionário	público	para	fins	penais.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	 “A”,	 estagiário	 da	 Caixa	
Econômica	 Federal,	 transfere	 dinheiro	 da	 conta	 dos	
correntistas	para	contas	bancárias	de	seus	parentes.	
	
No	 exemplo	 acima,	 “A”	 responderá	 pelo	 crime	 de	
peculato,	 ao	 invés	 de	 furto,	 já	 que	 se	 trata	 de	
funcionário	público	para	fins	penais.	
	
FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO 
	
O	art.	327,	§1º,	do	Código	Penal	traz	o	conceito	legal	
de	funcionário	público	por	equiparação:	
	
Art.	327,	§	1º	-	Equipara-se	a	funcionário	público	quem	
exerce	 cargo,	 emprego	 ou	 função	 em	 entidade	
paraestatal,	e	quem	trabalha	para	empresa	prestadora	
de	serviço	contratada	ou	conveniada	para	a	execução	
de	 atividade	 típica	 da	 Administração	
Pública.					 (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)	
	
DÚVIDA: Se o conceito de funcionário público 
previsto no art. 327, caput, do CP é abrangente, qual a 
finalidade do equiparado ao funcionário público (CP, art. 
327, §1º)? 
	
O	 conceito	 de	 funcionário	 público	 (CP,	 art.	 327,	
caput),	 apesar	 de	 abrangente,	 exige	 relação	 direta	
entre	o	agente	e	a	Administração	Pública.	
	
Por	 outro	 lado,	 o	 equiparado	 a	 funcionário	
público	 (CP,	 art.	 327,	 §1º)	 não	 preenche	 um	 cargo,	
emprego	ou	função	pública,	mas	está	vinculado,	ainda	
que	indiretamente,	à	Administração	Pública.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 Um	médico	 de	 hospital	
particular,	 mas	 conveniado	 ao	 SUS,	 é	 funcionário	
público	por	equiparação.	
	
DÚVIDA: Um funcionário de empresa contratada 
para prestação de serviços de limpeza de um órgão 
público é considerado funcionário público por 
equiparação? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
O	art.	327,	§1º,	do	Código	Penal	exige	que	a	empresa	
prestadora	de	serviços	seja	contratada	para	a	execução	
de	atividade	típica	da	Administração	Pública,	que	não	
é	o	caso	do	serviço	de	limpeza	de	repartições	públicas.		
	
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
	
O	art.	327,	§2º,	do	Código	Penal	traz	uma	hipótese	
de	 aumento	 de	 pena	 para	 os	 crimes	 praticados	 por	
funcionário	público	contra	a	Administração	Pública:	
	
Art.	327,	§	2º	-	A	pena	será	aumentada	da	terça	parte	
quando	os	autores	dos	crimes	previstos	neste	Capítulo	
forem	ocupantes	de	cargos	em	comissão	ou	de	função	
de	 direção	 ou	 assessoramento	 de	 órgão	 da	
administração	 direta,	 sociedade	 de	 economia	 mista,	
empresa	 pública	 ou	 fundação	 instituída	 pelo	 poder	
público.	
	
O	dispositivo	legal	prevê	o	aumento	de	1/3	caso	o	
funcionário	 público	 exerça	 cargo	 em	 comissão	 ou	
função	de	direção	ou	assessoramento.	
	
A	ideia	é	simples:	punir	com	mais	rigor	aquele	que	
exerce	função	de	superior	hierárquico	ou	de	confiança.	
	
DÚVIDA: É possível aplicar a causa de aumento de 
pena do art. 327, §2º, do CP, ao agente que exerce 
mandato eletivo? 
	
A	resposta	é	SIM.	
	
Segundo	 o	 STF,	 é	 plenamente	 possível	 incidir	 a	
causa	 de	 aumento	 de	 pena	 para	 o	 Chefe	 do	 Poder	
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
6 
 
Executivo,	 que	 tem	 a	 função	 de	 direção	 da	
Administração	Pública	direta.	
	
DÚVIDA: O simples fato de o agente exercer um 
cargo eletivo é suficiente para incidir a causa de aumento 
de pena do art. 327, §2º, do CP? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Segundo	o	STF,	o	simples	fato	de	o	réu	exercer	um	
mandato	popular	não	é	suficiente	para	incidir	a	causa	
de	aumento	do	art.	327,	§2º,	do	CP.	
	
Para	 o	 Tribunal,	 é	 necessário	 que	 ele	 ocupe	 uma	
posição	de	superior	hierárquico.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 Um	 deputado	 federal,	
que	foi	ex-presidente	da	Casa,	é	condenado	pela	prática	
do	crime	do	peculato.	
	
No	exemplo	acima,	a	causa	de	aumento	de	pena	é	
aplicável	 em	 razão	 do	 réu	 ter	 ocupado	 o	 cargo	 de	
presidente	 da	 Câmara	 dos	 Deputados	 e	 não	 pelo	
simples	fato	de	ter	exercido	o	mandato	eletivo.	
	
DÚVIDA: A causa de aumento de pena do art. 327, 
§2º, do CP é aplicável aos dirigentes de autarquias? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
O	art.	327,	§2º,	do	CP	elenca	apenasas	hipóteses	de:	
órgão	da	administração	direta,	sociedade	de	economia	
mista,	empresa	pública	ou	fundação.	
	
Nesse	sentido,	conforme	entendimento	do	STF,	em	
apreço	ao	princípio	da	legalidade,	não	é	possível	incidir	
a	causa	de	aumento	de	pena	para	as	autarquias.	
	
ART. 30 DO CÓDIGO PENAL – COMUNICABILIDADE 
COM O PARTICULAR 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
O	art.	30	do	Código	Penal	traz	a	seguinte	redação:	
	
 Art.	 30	 -	 Não	 se	 comunicam	 as	 circunstâncias	 e	 as	
condições	 de	 caráter	 pessoal,	 salvo	 quando	
elementares	do	crime.	
	
Os	crimes	praticados	por	funcionário	público	contra	
a	Administração	Pública	têm	a	circunstância	subjetiva	
(funcionário	 público)	 como	 elementar	 do	 crime,	 ou	
seja,	 se	 ausente,	 desclassifica	 o	 tipo	 penal	 ou	 leva	 à	
atipicidade.	
	
Dessa	 forma,	 caso	 o	 crime	 seja	 praticado	 em	
concurso	de	pessoas	(coautoria	ou	participação)	com	
um	 particular,	 este	 responderá	 pelo	 crime	 funcional	
em	razão	do	art.	30	do	Código	Penal.	
	
Obviamente,	 para	 que	 haja	 a	 comunicabilidade,	 é	
imprescindível	 que	 o	 particular	 tenha	 conhecimento	
da	condição	de	funcionário	público	do	comparsa.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”,	funcionário	público,	
subtrai	 diversos	 equipamentos	 eletrônicos	 da	
repartição	com	auxílio	de	“B”,	particular.	
	
No	exemplo	acima,	“B”,	caso	tenha	conhecimento	da	
condição	 de	 funcionário	 público	 de	 “A”,	 responderá	
pelo	crime	de	peculato.	
 
PECULATO DOLOSO 
 
CONCEITO 
	
O	crime	de	peculato	é	previsto	no	art.	312	do	Código	
Penal,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 312	 -	 Apropriar-se	 o	 funcionário	 público	 de	
dinheiro,	valor	ou	qualquer	outro	bem	móvel,	público	
ou	particular,	de	que	tem	a	posse	em	razão	do	cargo,	ou	
desviá-lo,	em	proveito	próprio	ou	alheio:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	doze	anos,	e	multa.	
	
§	1º	-	Aplica-se	a	mesma	pena,	se	o	funcionário	público,	
embora	não	tendo	a	posse	do	dinheiro,	valor	ou	bem,	o	
subtrai,	 ou	 concorre	 para	 que	 seja	 subtraído,	 em	
proveito	próprio	ou	alheio,	valendo-se	de	facilidade	que	
lhe	proporciona	a	qualidade	de	funcionário.	
	
Da	redação	do	dispositivo	legal,	é	possível	observar	
que	 se	 trata	 do	 tipo	 penal	 que	 visa	 reprimir	 a	
dilapidação	 do	 patrimônio	 público	 praticado	 pelo	
funcionário	público,	ou,	ao	menos,	com	seu	auxílio.	
	
ESPÉCIES 
	
A	doutrina	classifica	o	peculato	doloso	em	03	(três)	
espécies	distintas:	
	
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
7 
 
	
	
O	peculato-apropriação	(CP,	art.	312,	caput,	parte	
inicial)	 ocorre	 quando	 o	 agente	 se	 apropria	 de	 bem	
(público	ou	particular)	que	está	em	sua	posse	em	razão	
do	cargo.	
	
O	 peculato-apropriação	 é	 espécie	 de	 apropriação	
indébita	 (CP,	 art.	 168)	 praticada	 por	 funcionário	
público.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 policial	 federal,	
vende	sua	arma	funcional	para	quitar	uma	dívida	com	
agiota.	
	
Por	 outro	 lado,	 o	 peculato-desvio	 (CP,	 art.	 312,	
caput,	 parte	 final)	 ocorre	 quando	 o	 agente	 público	
reverte	o	patrimônio	público	em	proveito	próprio	ou	
alheio.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“B”,	funcionário	público,	
recebe	o	pagamento	de	diárias	relativas	a	viagens	não	
realizadas.	
	
Por	fim,	o	peculato-furto	(CP,	art.	312,	§1º)	ocorre	
quando	o	agente	público,	sem	ter	a	posse,	subtrai	ou	
concorre	para	que	terceiro	o	faça,	sempre,	se	valendo	
da	condição	de	funcionário	público.	
	
O	 peculato-furto	 é	 espécie	 de	 furto	 (CP,	 art.	 168)	
praticada/auxiliada	por	funcionário	público.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“C”,	 funcionário	público,	
deliberadamente,	deixa	a	porta	da	repartição	pública	
aberta	para	que	“D”,	posteriormente,	possa	subtrair	os	
equipamentos	eletrônicos	do	local.	
	
PECULATO DE USO 
	
TEMA DE APROFUNDAMENTO 
	
Como	 visto	 acima,	 o	 Código	 Penal	 brasileiro	
contempla	03	(três)	espécies	de	peculato	doloso,	sendo	
certo	que,	em	nenhuma	delas,	é	abordado	o	chamado	
peculato	de	uso.	
	
Em	 linhas	 gerais,	 o	 legislador	 quis	 reprimir	 as	
condutas	 de	 “apropriar-se”,	 “desviar”	 e	 “subtrair”	 o	
patrimônio	 público,	 contudo,	 seria	 possível	 atribuir	
responsabilização	 penal	 para	 o	 agente	 que	 “usa”	 um	
bem	público	de	forma	particular?	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 policial,	 utiliza	 a	
viatura	para	realizar	atividades	particulares.	
	
DÚVIDA: É típica a conduta de “peculato de uso” de 
um veículo para a realização de deslocamentos por 
interesse particular? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Segundo	a	jurisprudência	majoritária	dos	Tribunais	
Superiores,	é	atípica	a	conduta	de	utilização	de	veículo	
oficial	para	deslocamentos	por	interesse	particular.	
	
Nesse	 sentido,	 por	 ausência	 de	 previsão	 legal,	 a	
conduta	descrita	como	“peculato	de	uso”	não	é	típica.	
	
É	 importante	 registrar	 que,	 apesar	 de	 não	
configurar	um	 ilícito	penal,	 a	 conduta	 acima	descrita	
amolda-se	 ao	 ato	 de	 improbidade	 administrativa,	
devendo	 o	 agente	 público	 ser	 responsabilizado	 na	
seara	cível	e	administrativa.	
	
DÚVIDA: Mas em relação à gasolina utilizada, seria 
possível configurar o crime de peculato? 
	
A	resposta	é	depende.	
	
Caso	o	consumo	de	combustível	seja	expressivo,	o	
agente	 poderá,	 em	 tese,	 responder	 pelo	 peculato	 da	
gasolina	gasta	no	deslocamento.	
	
DÚVIDA: Quer dizer que o peculato de uso não é 
figura típica no Direito Penal brasileiro? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
O	 peculato	 de	 uso	 é	 tipificado	 no	 Decreto-Lei	 nº	
201/67,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 1º,	 do	 Decreto-Lei	 nº	 201/67	 -	 São	 crimes	 de	
responsabilidade	 dos	 Prefeitos	 Municipal,	 sujeitos	 ao	
ESPÉCIES
Peculato-
apropriação
Peculato-
desvio
Peculato-
furto
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
8 
 
julgamento	do	Poder	Judiciário,	independentemente	do	
pronunciamento	da	Câmara	dos	Vereadores:	
(...)	
II	-	utilizar-se,	indevidamente,	em	proveito	próprio	ou	
alheio,	de	bens,	rendas	ou	serviços	públicos;	
	
Do	 dispositivo	 legal,	 o	 peculato	 de	 uso	 é	 crime	
previsto,	 especificamente,	 para	 o	 Prefeito	 Municipal,	
não	 sendo	 possível	 estender	 sua	 aplicabilidade	 aos	
demais	 agentes	 públicos	 em	 razão	 do	 princípio	 da	
taxatividade.		
 
PECULATO CULPOSO 
 
CONCEITO 
	
O	 crime	 de	 peculato	 culposo	 está	 previsto	 no	 art.	
312,	§2º,	do	CP,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	312,	§	2º	-	Se	o	funcionário	concorre	culposamente	
para	o	crime	de	outrem:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano.	
	
Como	 é	 sabido,	 a	 modalidade	 culposa	 é	 algo	
excepcional	 no	 Direito	 Penal,	 já	 que	 a	 regra	 é	 a	
repressão	 de	 condutas	 voluntárias	 e	 conscientes	 à	
prática	de	um	crime.	
	
Contudo,	 em	 determinadas	 situações,	 o	 resultado	
danoso	é	tão	grave	que,	ainda	que	o	agente	não	tivesse	
a	 intenção	 de	 praticar	 a	 conduta	 (culpa),	 o	 Direito	
Penal	acaba	por	cominar	uma	reprimenda.	
	
Dessa	 forma,	 o	 peculato	 culposo	 ocorre	 quando	 o	
agente	 não	 tinha	 a	 intenção	 de	 causar	 prejuízo	 ao	
erário,	porém,	devido	ao	seu	agir	culposo,	permite	que	
terceiro	o	faça.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”,	funcionário	público,	
paga	um	alvará	 judicial	 a	 “B”,	que	se	 identificou	com	
um	documento	falso.	
	
No	exemplo	acima,	caso	“A”	não	tenha	conferido	o	
cartão	de	assinatura	ou	outro	documento	idôneo	para	
confirmar	 a	 identidade	 de	 “B”,	 aquele	 deverá	
responder	pelo	crime	de	peculato	culposo.	
	
REPARAÇÃO DO DANO 
	
O	art.	312,	§3º,	do	Código	Penal	traz	a	hipótese	de	
reparação	de	dano	pelo	agente,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 312,	 §	 3º	 -	 No	 caso	 do	 parágrafo	 anterior,	 a	
reparação	do	dano,	se	precede	à	sentença	irrecorrível,	
extingue	 a	 punibilidade;	 se	 lhe	 é	 posterior,	 reduz	 de	
metade	a	pena	imposta.	
	
Inicialmente,	 chama-se	 atenção	 ao	 fato	 de	 que	 os	
efeitos	 da	 reparação	 do	 dano	 elencados	 no	 art.	 312,	
§3º,	do	CP	são	exclusivos	para	o	peculato	culposo.	
	
Ademais,	 é	 importante	 destacar	 que	 o	 marco	
temporal	do	efeito	causado	pelareparação	de	dano	é	a	
sentença	irrecorrível	(S.I)	
	
Assim:	
	
	
	
	
OBS:	 Apesar	 de	 possuir	 significado	 distinto,	 é	
comum	que	as	questões	de	concursos	públicos	utilizem	
a	expressão	“sentença	com	trânsito	em	julgado”	como	
sinônimo	de	“sentença	irrecorrível”.	
 
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM 
(PECULATO-ESTELIONATO) 
 
CONCEITO 
	
O	 crime	 de	 peculato	 mediante	 erro	 de	 outrem,	
também	 conhecido	 como	 peculato-estelionato,	 está	
previsto	 no	 art.	 313	 do	 Código	 Penal,	 nos	 seguintes	
termos:	
	
Art.	 313	 -	 Apropriar-se	 de	 dinheiro	 ou	 qualquer	
utilidade	que,	no	exercício	do	cargo,	recebeu	por	erro	
de	outrem:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	quatro	anos,	e	multa.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”	 procura	 o	 DETRAN	
para	pagamento	de	uma	multa	de	trânsito	e	entrega	o	
valor	ao	servidor	público	“B”.	
	
Como	 é	 sabido,	 o	 pagamento	 de	 multa	 se	 dá	 por	
meio	 de	 guia	 de	 recolhimento,	 assim,	 caso	 “B”	 se	
aproprie	 do	 dinheiro	 entregue	 por	 “A”,	 que	
desconhecia	 a	 forma	 de	 quitação,	 responderá	 pelo	
crime	de	peculato	por	erro	de	outrem.	
ANTES
S.I
Extinção da 
punibilidade
DEPOIS
S.I
Redução da 
pena (1/2)
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
9 
 
 
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA 
DE INFORMAÇÕES 
 
CONCEITO 
	
O	crime	de	inserção	de	dados	falsos	em	sistema	de	
informações,	 conhecido	 como	 peculato	 eletrônico,	
está	previsto	no	art.	313-A	do	Código	Penal:	
	
Art.	 313-A.	 Inserir	 ou	 facilitar,	 o	 funcionário	
autorizado,	 a	 inserção	 de	 dados	 falsos,	 alterar	 ou	
excluir	 indevidamente	 dados	 corretos	 nos	 sistemas	
informatizados	ou	bancos	de	dados	da	Administração	
Pública	com	o	fim	de	obter	vantagem	indevida	para	si	
ou	para	outrem	ou	para	causar	dano:	
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)	a	12	(doze)	anos,	e	multa.	
	
Com	 a	 modernização	 da	 Administração	 Pública,	
hoje,	 informações	 relevantes	 são	 armazenadas	 em	
sistemas	informatizados	ou	em	banco	de	dados.	
	
Assim,	o	crime	do	art.	313-A	do	Código	Penal	visa	
reprimir	a	conduta	do	funcionário	público	que	insere	
dados	falsos	(ou	facilita	a	inserção),	em	tais	sistemas.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	Uma	das	fraudes	comuns	
contra	o	INSS	ocorre	quando	o	funcionário	público	da	
autarquia	 previdenciária	 lança	 registros	 de	 vínculo	
empregatício	 inexistente	no	CNIS	 (Cadastro	Nacional	
de	Informações	Sociais),	possibilitando	que	indivíduos	
consigam	 obter	 benefícios	 previdenciários	
fraudulentos.	
	
CARACTERÍSTICAS 
	
As	 principais	 características	 do	 tipo	 penal	 do	 art.	
313-A	do	Código	Penal	são:	
	
	
	
 
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO 
AUTORIZADA DE SISTEMA DE 
INFORMAÇÕES 
 
CONCEITO 
	
O	crime	de	modificação	ou	alteração	não	autorizada	
de	sistema	de	informações	está	previsto	no	art.	313-B	
do	Código	Penal:	
	
Art.	313-B.	Modificar	ou	alterar,	o	funcionário,	sistema	
de	 informações	 ou	 programa	 de	 informática	 sem	
autorização	ou	solicitação	de	autoridade	competente:	
	
Pena	–	detenção,	de	3	 (três)	meses	a	2	 (dois)	anos,	 e	
multa.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”,	funcionário	público,	
por	conta	própria	e	sem	autorização,	altera	o	sistema	
de	 informação	 da	 repartição	 pública	 em	 que	 exerce	
suas	atividades	para	permitir	o	acesso	a	 jogos	online	
em	seu	terminal	de	trabalho.	
	
CARACTERÍSTICAS 
	
As	 principais	 características	 do	 tipo	 penal	 do	 art.	
313-B	do	Código	Penal	são:	
	
	
	
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
	
O	art.	313-B,	parágrafo	único,	do	Código	penal	traz	
hipótese	de	aumento	de	pena	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	313-B,	Parágrafo	único.	As	penas	são	aumentadas	
de	 um	 terço	 até	 a	 metade	 se	 da	 modificação	 ou	
alteração	resulta	dano	para	a	Administração	Pública	
ou	para	o	administrado.	
	
CONDUTA: Inserir ou facilitar a inserção
INFORMAÇÃO: Dados falsos
SUJEITO ATIVO: Funcionário autorizado
DOLO ESPECÍFICO: Obter vantagem indevida ou causar dano
CONDUTA: Modificar ou alterar
INFORMAÇÃO: Sistema de informações ou programa de 
informática
SUJEITO ATIVO: Funcionário
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
10 
 
É	bastante	 interessante	observar	que	o	art.	313-B	
do	 Código	 Penal	 não	 exige	 um	dolo	 específico,	 como	
ocorre	no	art.	313-A.	
	
Na	 realidade,	 se	 a	 conduta	 praticada	 resultar	 em	
dano,	haverá	hipótese	de	aumento	de	pena.	
 
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU 
RENDAS PÚBLICAS 
 
CONCEITO 
	
O	crime	de	emprego	irregular	de	verbas	ou	rendas	
públicas	está	previsto	no	art.	315	do	Código	Penal:	
	
Art.	315	-	Dar	às	verbas	ou	rendas	públicas	aplicação	
diversa	da	estabelecida	em	lei:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	três	meses,	ou	multa.	
	
DIFERENÇAS: PECULATO X EMPREGO IRREGULAR 
DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS 
	
	
	
CONCUSSÃO (ART. 316, CAPUT) 
 
TIPO LEGAL 
	
ALTERAÇÃO LEGISLATIVA: LEI Nº 
13.964/2019 
(PACOTE ANTICRIMES) 
	
O	 crime	 de	 concussão	 é	 previsto	 no	 art.	 316	 do	
Código	Penal,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 316	 -	 Exigir,	 para	 si	 ou	 para	 outrem,	 direta	 ou	
indiretamente,	 ainda	que	 fora	da	 função	ou	antes	de	
assumi-la,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida:	
	
Pena	 -	 reclusão,	 de	 2	 (dois)	 a	 12	 (doze)	 anos,	 e	
multa.										 (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 
2019)	
	
A	Lei	nº	13.964/2019	(Pacote	Anticrimes)	alterou	o	
preceito	 secundário	 (pena)	 do	 art.	 316	 do	 Código	
Penal,	elevando	a	pena	máxima	ao	mesmo	patamar	do	
crime	de	corrupção	passiva	(CP,	art.	317).	
	
CARACTERÍSTICAS 
	
Trata-se	 de	 tipo	 penal	 que	 tutela	 a	 moralidade	
administrativa	 e	 reprime	 a	 conduta	 do	 funcionário	
público	que,	valendo-se	de	seu	cargo,	exige	vantagem	
indevida	da	vítima.	
	
Do	 dispositivo	 legal,	 verifica-se	 que	 o	 agente	 não	
precisa	estar	no	exercício	da	 função	pública,	 já	que	o	
crime	se	configura	mesmo	fora	ou	antes	de	assumi-la.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 no	 curso	 de	
formação,	aborda	“B”	e,	identificando-se	como	policial,	
exige	vantagem	indevida	da	vítima.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 fiscal	 de	 vigilância	
sanitária,	em	gozo	de	 licença	para	 tratar	de	assuntos	
pessoais,	exige	vantagem	indevida	de	“B”,	dono	de	um	
restaurante,	para	não	lavrar	um	auto	de	infração.	
	
DÚVIDA: Configura o crime de concussão quando o 
agente, passando-se por funcionário público, exige 
vantagem indevida da vítima? 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Como	 visto	 anteriormente,	 ocorre	 a	 concussão	
quando	o	agente	se	vale	da	função	pública	mesmo	fora	
do	exercício	ou	antes	de	assumi-la.		
	
Contudo,	 há	 necessidade	 da	 existência	 do	 vínculo	
jurídico	 ou,	 no	 mínimo,	 a	 expectativa	 disso	
(nomeação).	
	
No	 caso	 concreto,	 como	 o	 agente	 apenas	 se	 fez	
passar	 por	 funcionário	 público,	 a	 conduta	 tipifica	 o	
crime	de	usurpação	de	função	pública	(CP,	art.	328).	
	
Art.	328	-	Usurpar	o	exercício	de	função	pública:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	dois	anos,	e	multa.	
	
Parágrafo	único	-	Se	do	fato	o	agente	aufere	vantagem:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	cinco	anos,	e	multa.	
PECULATO
Destinação 
própria ou 
para terceiro
EMPREGO 
IRREGULAR DE 
VERBAS PÚBLICAS
Destinção 
pública
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
11 
 
	
A	 concussão	 possui	 alguns	 elementos	 comuns	 a	
outros	 tipos	 penais,	 razão	 pela	 qual	 serão	
apresentados	os	comparativos.	
	
DÚVIDA: Qual a diferença entre a concussão e a 
corrupção passiva? 
	
O	elemento	comum	entre	os	tipos	penais	é	o	fato	do	
agente,	 em	 razão	 da	 função	 pública,	 tentar	 obter	
vantagem	indevida	da	vítima.	
	
Todavia,	 ao	 analisar	 a	 corrupção	 passiva	 (CP,	 art.	
317),	 verifica-se	que	os	núcleos	dos	 tipos	penais	 são	
bem	distintos	da	concussão:	
	
Art.	317	-	Solicitar	ou	receber,	para	si	ou	para	outrem,	
direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	
antes	 de	 assumi-la,	 mas	 em	 razão	 dela,	 vantagem	
indevida,	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem:	
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)a	12	(doze)	anos,	e	multa.	
	
Assim,	resumidamente:	
	
	
	
Vale	lembrar	que	a	diferença	de	reprimenda	entre	
os	 tipos	 penais	 foi	 ajustada	 com	a	 Lei	 nº	 13.964/19,	
que	elevou	a	pena	da	concussão	ao	mesmo	patamar	da	
corrupção	passiva.	
	
DÚVIDA: O funcionário público que exigir, mediante 
violência ou grave ameaça, vantagem indevida em razão 
do cargo comete o crime de concussão? 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
A	exigência	de	vantagem	indevida	com	emprego	de	
violência	 ou	 grave	 ameaça	 desclassifica	 o	 crime	
funcional	de	concussão	para	o	crime	de	extorsão.	
	
Art.	158	-	Constranger	alguém,	mediante	violência	ou	
grave	ameaça,	e	com	o	intuito	de	obter	para	si	ou	para	
outrem	indevida	vantagem	econômica,	a	fazer,	tolerar	
que	se	faça	ou	deixar	de	fazer	alguma	coisa:	
Pena	-	reclusão,	de	quatro	a	dez	anos,	e	multa.	
	
É	importante	ter	cuidado	com	algumas	questões	de	
concurso	que	apresentam	essa	“pegadinha”.	
	
(CESPE/2014	–	TJ-SE	–	Técnico	Judiciário)	-	Em	relação	
às	 causas	 extintivas	 da	 punibilidade	 e	 aos	 crimes	
contra	a	administração	pública,	 julgue	o	 item	que	 se	
segue.	
	
Cometerá	o	crime	de	concussão	o	funcionário	público	
que,	 utilizando-se	 de	 grave	 ameaça	 e	 em	 razão	 da	
função	pública	que	ocupar,	exigir	de	alguém	vantagem	
indevida.	
	
Evidentemente,	 a	 intenção	 da	 banca	 foi	 induzir	 o	
candidato	 a	 assinalar	 a	 resposta	 como	 “correto”.	
Contudo,	a	assertiva	está	errada.	
	
	
	
CONSUMAÇÃO 
	
A	concussão	é	classificada	como	crime	formal.	
	
Dessa	forma,	o	crime	se	consuma	no	momento	em	
que	o	agente	exige	a	vantagem	indevida,	ainda	que	esta	
venha	a	ser	paga	em	momento	posterior.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 em	 razão	 de	 sua	
função	pública,	exige	vantagem	indevida	de	“B”.	Como	
“B”	não	tinha	a	quantia	a	ser	paga	naquele	momento,	
ajustou	a	entrega	para	o	dia	seguinte.	
	
No	 exemplo	 acima,	 o	 crime	 se	 consumou	 no	
momento	em	que	o	 agente	 exigiu	 a	 vantagem,	 sendo	
certo	que	o	recebimento	da	vantagem	indevida	é	mero	
exaurimento.	
 
EXCESSO DE EXAÇÃO (ART. 316, §1º) 
 
TIPO LEGAL 
CONCUSSÃO
Obter vantagem 
indevida
Exigir
CORRUPÇÃO 
PASSIVA
Obter vantagem 
indevida
Solicitar, receber 
ou aceitar 
promessa
CONCUSSÃO
Exigir 
vantagem 
indevida
EXTORSÃO
Exigir 
vantagem 
indevida
Violência ou 
grave ameaça
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
12 
 
	
O	crime	de	excesso	de	exação	está	previsto	no	art.	
316,	§1º,	do	Código	Penal,	nos	seguintes	termos:	
	
Art. 316, §	 1º	 -	 Se	 o	 funcionário	 exige	 tributo	 ou	
contribuição	social	que	sabe	ou	deveria	saber	indevido,	
ou,	 quando	 devido,	 emprega	 na	 cobrança	 meio	
vexatório	ou	gravoso,	que	a	lei	não	autoriza:	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
	
Trata-se	 de	 espécie	 de	 concussão	 em	 que	 o	
funcionário	 exige	 tributo	 ou	 contribuição	 social	
indevida	ou,	quando	devida,	emprega	meio	vexatório	
para	tanto.	
	
	
	
CUIDADO: Apesar do mesmo núcleo do tipo penal 
(exigir), o excesso de exação se diferencia da concussão 
por conta dos elementos especiais (cobrança indevida ou 
vexatória de tributos/contribuições sociais). 
	
FORMA QUALIFICADA 
	
É	importante	destacar	que,	na	modalidade	simples,	
o	 tributo	 ou	 a	 contribuição	 social	 são	 recolhidos	 aos	
cofres	públicos.	
	
Contudo,	no	§2º	do	art.	316,	há	previsão	da	forma	
qualificada,	que	ocorre	quando	o	 funcionário	público	
desvia	a	quantia	a	ser	recolhida:	
	
Art.	 316,	 §	 2º	 -	 Se	 o	 funcionário	 desvia,	 em	 proveito	
próprio	 ou	 de	 outrem,	 o	 que	 recebeu	 indevidamente	
para	recolher	aos	cofres	públicos:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	doze	anos,	e	multa.	
 
 
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O crime de corrupção 
passiva consuma-se ainda que a vantagem indevida esteja 
relacionada com atos que formalmente não se inserem nas 
atribuições do funcionário público. Buscador Dizer o Direito, 
CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 317) 
 
TIPO PENAL 
	
O	 crime	 de	 concussão	 é	 previsto	 no	 art.	 317	 do	
Código	Penal,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	317	-	Solicitar	ou	receber,	para	si	ou	para	outrem,	
direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	
antes	 de	 assumi-la,	 mas	 em	 razão	 dela,	 vantagem	
indevida,	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem:	
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)	a	12	(doze)	anos,	e	multa.		
	
CARACTERÍSTICAS 
	
Trata-se	 de	 tipo	 penal	 que	 tutela	 a	moralidade	
administrativa	 e	 reprime	 a	 conduta	 do	 funcionário	
público	 que	 solicita,	 recebe	 ou	 aceita	 promessa	 de	
vantagem	indevida,	em	razão	de	sua	função	pública.	
	
É	classificado	como	crime	próprio,	pois	exige	uma	
qualidade	 específica	 do	 agente,	 que	 é	 a	 condição	 de	
funcionário	público.	
	
DÚVIDA: A corrupção passiva exige que o ato a ser 
praticado pelo funcionário público esteja dentro de sua 
competência? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Segundo	STJ,	a	configuração	do	delito	de	corrupção	
passiva	exige-se	apenas	que	haja	um	nexo	causal	entre	
a	 oferta	 (ou	 promessa)	 de	 vantagem	 indevida	 e	 a	
função	pública	exercida1.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	 “A”,	 funcionário	público	
que	exerce	suas	atividades	em	aeroporto,	mas	não	no	
controle	 imigratório,	 aceita	 vantagem	 indevida	 para	
facilitar	 a	 entrada	 de	 estrangeiro	 em	 território	
brasileiro.	
	
EXCEÇÃO À TEORIA MONISTA 
	
Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/d
etalhes/f5a14d4963acf488e3a24780a84ac96c>. Acesso em: 
23/05/2020 
EXIGIR
Tributo ou 
contribuição 
social indevidos
Emprega meio 
vexatório ou 
gravoso
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
13 
 
MUITO IMPORTANTE 
	
DÚVIDA: Todos os concorrentes de um mesmo 
contexto criminoso respondem sempre pela mesma 
infração penal? 
	
Em	 regra,	 o	 Direito	 Penal	 brasileiro	 adota	 a	
chamada	teoria	monista.	
	
Para	essa	teoria,	ainda	que	o	fato	criminoso	tenha	
sido	praticado	por	vários	agentes,	conserva-se	único	e	
indivisível2.	
	
Contudo,	excepcionalmente,	há	previsão	no	Código	
Penal	da	teoria	pluralista.	
	
A	teoria	pluralista	é	aplicada	quando	há	criação	de	
tipos	 penais	 distintos	 para	 agentes	 que	 buscam	 o	
mesmo	resultado	criminoso.	
	
Por	 exemplo,	 é	 o	 que	 ocorre	 nos	 crimes	 de	
corrupção	ativa	e	passiva,	respectivamente,	imputados	
ao	particular	e	ao	funcionário	público	que	se	envolvem	
no	mesmo	contexto	criminoso.		
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”	oferece	propina	para	
que	o	Delegado	de	Polícia,	“B”,	deixe	de	lavrar	o	auto	de	
prisão	 em	 flagrante	 contra	 si.	 “B”	 aceita	 a	 oferta	 e	
permite	que	“A”	vá	embora	sem	ser	preso.	
	
Nesse	caso,	“A”	responderá	pelo	crime	de	corrupção	
ativa	 (CP,	 art.	 333)	 e	 “B”,	 pelo	 crime	 de	 corrupção	
passiva	(CP,	art.	317).	
	
	
	
CONSUMAÇÃO 
	
A	 corrupção	 passiva	 é	 crime	 formal	 quando	
praticado	os	núcleos	do	tipo	penal	“solicitar”	e	“aceitar	
promessa”.	
 
2 Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 
8ª edição. 2020, pág. 457 
	
Por	 outro	 lado,	 em	 relação	 ao	 núcleo	 “receber”,	 a	
doutrina	entende	ser	crime	material.	
	
	
	
CAUSA DE AUMENTO DE PENA (ART. 317, §1º) 
	
O	 art.	 317,	 §1º,	 do	 Código	 Penal	 tem	 a	 seguinte	
redação:	
	
Art.	317,	§	1º	-	A	pena	é	aumentada	de	um	terço,	se,	em	
consequência	da	vantagem	ou	promessa,	o	funcionário	
retarda	ou	deixa	de	praticar	qualquer	ato	de	ofício	ou	
o	pratica	infringindo	dever	funcional.	
	
Do	dispositivo	legal,	observa-se	que	o	exaurimento	
do	crime	(deixar	de	praticar	o	ato	de	ofício	ou	praticá-
lo	infringindo	dever	funcional)	acarreta	o	aumento	de	
pena	em	1/3.	
	
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA (ART. 317, 
§2º) 
	
O	 art.	 317,	 §2º,	 do	 Código	 Penal	 tem	 a	 seguinte	
redação:	
	
Art.	 317,	 §	 2º	 -	 Se	 o	 funcionário	 pratica,	 deixa	 de	
praticar	ou	retarda	ato	de	ofício,	com	infração	de	dever	
funcional,	cedendo	a	pedido	ou	influência	de	outrem:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa.	
	
Segundo	RogérioSanches3,	nesta	figura	criminal,	o	
agente,	 sem	visar	satisfazer	 interesse	próprio,	 cede	a	
pedido,	pressão	ou	influência	de	outrem.	
	
É	 o	 conhecido	 “favorzinho”	 dentro	 da	
Administração	Pública.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”	é	preso	em	flagrante	
e	 levando	 perante	 à	 autoridade	 policial	 “B”.	 Na	
delegacia,	“A”	reconhece	“B”	como	sendo	seu	amigo	de	
infância	e	pede	para	que	este	deixe	de	lavrar	o	auto	de	
3 Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 
8ª edição. 2020, pág. 880 
TEORIA 
MONISTA
Regra
Todos respondem 
pelo mesmo tipo 
penal
TEORIA 
PLURALISTA
Exceção
É possível a 
imputação de tipos 
penais diversos
CRIME 
FORMAL
Solicitar
Aceitar 
promessa
CRIME 
MATERIAL
Receber
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
14 
 
prisão	 em	 flagrante.	 Diante	 do	 pedido,	 “B”	 libera	 o	
conduzido.	
	
DÚVIDA: Qual a diferença da corrupção passiva 
privilegiada e a prevaricação? 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
Os	 tipos	 penais	 têm	 em	 comum	 o	 fato	 de	 o	
funcionário	deixar	de	praticar	ato	de	ofício	ou	praticá-
lo	de	forma	irregular.	
	
Contudo,	 como	 visto,	 a	 corrupção	 passiva	
privilegiada	o	agente	age	sob	a	influência	de	terceiro,	
ao	passo	que,	na	prevaricação	(CP,	art.	319),	age	para	
satisfazer	interesse	ou	sentimento	pessoal.	
	
Art.	 319	 -	 Retardar	 ou	 deixar	 de	 praticar,	
indevidamente,	 ato	 de	 ofício,	 ou	 praticá-lo	 contra	
disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer	interesse	ou	
sentimento	pessoal:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.	
	
Do	comparativo:	
	
	
 
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU 
DESCAMINHO (ART. 318) 
 
CONCURSOS FEDERAIS 
	
TIPO LEGAL 
	
O	 crime	 de	 facilitação	 de	 contrabando	 ou	
descaminho	está	previsto	no	art.	318	do	Código	Penal,	
nos	seguintes	termos:	
 
4 Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 
8ª edição. 2020, pág. 882 
	
	Art.	318	-	Facilitar,	com	infração	de	dever	funcional,	a	
prática	de	contrabando	ou	descaminho	(art.	334):	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.		
	
É	o	tipo	penal	que	reprime	a	conduta	do	funcionário	
público	 que	 participa	 dos	 crimes	 de	 contrabando	 ou	
descaminho	praticado	pelo	particular.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 policial	 rodoviário	
federal,	libera	a	passagem	de	um	ônibus	de	sacoleiros	
que	acabara	de	voltar	do	Paraguai.	
	
EXCEÇÃO À TEORIA MONISTA 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
Novamente,	 trata-se	 de	 exceção	 à	 teoria	 monista,	
oportunidade	em	que	os	particulares	respondem	pelo	
tipo	 penal	 do	 art.	 334	 ou	 334-A	 (descaminho	 ou	
contrabando)	 e	 o	 funcionário	 público	 pelo	 arts.	 318	
(facilitação	de	contrabando	ou	descaminho),	todos,	do	
Código	Penal.	
 
PREVARICAÇÃO (ART. 319) 
 
TIPO LEGAL 
	
O	crime	de	prevaricação	está	previsto	no	art.	319	do	
Código	Penal	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 319	 -	 Retardar	 ou	 deixar	 de	 praticar,	
indevidamente,	 ato	 de	 ofício,	 ou	 praticá-lo	 contra	
disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer	interesse	ou	
sentimento	pessoal:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.	
	
Segundo	Rogério	 Sanches4,	 o	 tipo	penal	 protege	 a	
administração	 contra	 os	 comportamentos	 de	
funcionários	 desidiosos,	 que	 ignoram	 cumprir	 o	 seu	
dever,	 preferindo	 satisfazer	 interesse	 próprio	 em	
detrimento	da	coletividade.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”,	Delegado	de	Polícia,	
deixa	 de	 instaurar	 inquérito	 policial	 para	 investigar	
“B”,	 seu	 amigo	 de	 infância,	 que,	 supostamente,	 havia	
praticado	um	estelionato.	
CORRUPÇÃO 
PASSIVA 
PRIVILEGIADA
Ato de ofício
Influência de 
terceiro
PREVARICAÇÃO
Ato de ofício
Interesse ou 
sentimento 
pessoal
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
15 
 
	
PREVARICAÇÃO X CORRUPÇÃO PASSIVA 
PRIVILEGIADA 
	
Tendo	 em	 vista	 a	 importância	 do	 tema,	 faço	
remissão	aos	comentários	apresentados	na	corrupção	
passiva	privilegiada.	
	
	
 
PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA (ART. 319-A) 
 
TIPO PENAL 
	
O	crime	de	prevaricação	imprópria	está	previsto	no	
art.	319-A	do	Código	Penal	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 319-A.		 Deixar	 o	 Diretor	 de	 Penitenciária	 e/ou	
agente	público,	de	cumprir	seu	dever	de	vedar	ao	preso	
o	acesso	a	aparelho	telefônico,	de	rádio	ou	similar,	que	
permita	 a	 comunicação	 com	 outros	 presos	 ou	 com	 o	
ambiente	externo:	
Pena:	detenção,	de	3	(três)	meses	a	1	(um)	ano.	
	
O	 tipo	 penal	 recrimina	 a	 conduta	 do	 funcionário	
público	(Diretor	de	Penitenciária	e/ou	agente	público	
responsável)	 que	 não	 impede	 a	 entrada	 de	 aparelho	
telefônico	 ou	 outro	 equipamento	 eletrônico	 que	
permita	a	comunicação	do	preso	com	os	demais	ou	com	
o	ambiente	externo.	
	
Dada	 a	 gravidade	 da	 conduta,	 a	 doutrina	 entende	
que	o	legislador	falhou	ao	estipular	pena	muito	branda	
ao	tipo	penal.	
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (ART. 320) 
 
TIPO PENAL 
 
5 Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 
8ª edição. 2020, pág. 891 
	
O	 crime	 de	 condescendência	 criminosa	 está	
previsto	 no	 art.	 320	 do	 Código	 Penal	 nos	 seguintes	
termos:	
	
Art.	 320	 -	 Deixar	 o	 funcionário,	 por	 indulgência,	 de	
responsabilizar	subordinado	que	cometeu	infração	no	
exercício	 do	 cargo	 ou,	 quando	 lhe	 falte	 competência,	
não	 levar	 o	 fato	 ao	 conhecimento	 da	 autoridade	
competente:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	um	mês,	ou	multa.	
	
É	dever	do	superior	hierárquico	responsabilizar	o	
subordinado	 quando	 este	 praticar	 uma	 infração	 no	
exercício	do	cargo.	
	
Além	 da	 obrigação	 na	 seara	 administrativa,	 a	
eventual	omissão	configura	um	 ilícito	penal,	previsto	
no	art.	320	do	Código	Penal.	
	
Observa-se	que	o	dever	de	 responsabilizar	não	 se	
estende	 apenas	 ao	 superior	 hierárquico,	 já	 que	 o	
funcionário	público,	 tomando	ciência	da	 falta,	deverá	
levar	 o	 fato	 ao	 conhecimento	 da	 autoridade	
competente.	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	 “A”,	 chefe	 de	 Delegacia,	
deixou	 de	 informar	 à	 corregedoria	 que	 o	 agente	 de	
polícia,	 “B”,	 havia	 feito	 uma	viagem	particular	 com	a	
viatura.	
 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (ART. 321) 
 
TIPO PENAL 
	
O	crime	de	advocacia	administrativa	está	previsto	
no	art.	321	do	Código	Penal	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	 321	 -	 Patrocinar,	 direta	 ou	 indiretamente,	
interesse	 privado	 perante	 a	 administração	 pública,	
valendo-se	da	qualidade	de	funcionário:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	três	meses,	ou	multa.	
	
Segundo	 Rogério	 Sanches5,	 o	 tipo	 penal	 busca	
resguardar	 a	 moralidade	 administrativa,	 impedindo	
que	 funcionários	 públicos	 patrocinem,	 valendo-se	do	
cargo,	 interesse	 privado	 em	 detrimento	 da	
Administração	Pública.	
	
CORRUPÇÃO 
PASSIVA 
PRIVILEGIADA
Ato de ofício
Influência de 
terceiro
PREVARICAÇÃO
Ato de ofício
Interesse ou 
sentimento 
pessoal
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
16 
 
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	 “A”,	 funcionário	público	
lotado	 no	 INSS,	 deu	 entrada	 no	 requerimento	 de	
aposentadoria	 de	 sua	 mãe.	 Além	 disso,	 desmarcou	
agendamentos	mais	 antigos,	 encaixando	 a	 perícia	 de	
sua	genitora	com	prioridade.	Por	fim,	pediu	ao	colega	
que	 adiantasse	 o	 parecer	 final	 para	 concessão	 do	
benefício	previdenciário.	
	
DÚVIDA: O crime de advocacia administrativa exige 
que o interesse patrocinado seja ilegítimo/ilegal? 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Se	 o	 interesse	 é	 ilegítimo,	 o	 agente	 vai	 responder	
pela	 modalidade	 qualificada	 prevista	 no	 art.	 321,	
parágrafo	único,	do	Código	Penal:	
	
	Art.	321,	Parágrafo	único	-	Se	o	interesse	é	ilegítimo:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	além	da	multa.	
 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 
325) 
 
TIPO PENAL 
	
O	crime	de	violação	de	sigilo	funcional	está	previsto	
no	art.	325	do	Código	Penal	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	325	-	Revelar	fato	de	que	tem	ciência	em	razão	do	
cargo	e	que	deva	permanecer	em	segredo,ou	facilitar-
lhe	a	revelação:	
Pena	-	detenção,	de	seis	meses	a	dois	anos,	ou	multa,	se	
o	fato	não	constitui	crime	mais	grave.	
	
O	 tipo	 penal	 recrimina	 a	 conduta	 do	 agente	 que	
revela	informações	sigilosas	da	Administração	Pública.	
	
Particularmente,	 em	relação	à	atividade	policial,	 a	
prática	do	ilícito	pode	resultar	na	ineficácia	de	toda	a	
investigação	policial.	
	
Trata-se	de	crime	subsidiário,	pois,	 se	a	conduta	
configurar	crime	mais	grave,	este	deverá	ser	imputado	
ao	réu.	
	
Por	 outro	 lado,	 a	 violação	 de	 sigilo	 funcional	não	
exige	prejuízo,	bastando,	apenas,	a	indevida	revelação	
da	informação.	
	
	
	
SITUAÇÃO	HIPOTÉTICA:	“A”,	policial	federal,	toma	
conhecimento	 de	 que	 será	 deflagrada	 uma	 operação	
policial	 em	 desfavor	 de	 seu	 conhecido,	 “B”.	 Dessa	
forma,	 na	 noite	 anterior	 à	 deflagração,	 “A”	 avisa	 “B”,	
que	foge.	
	
FORMAS EQUIPARADAS (ART. 325, §1º) 
	
O	 art.	 325,	 §1º,	 do	 Código	 Penal	 traz	 as	 formas	
equiparadas	ao	crime	de	violação	de	sigilo	funcional:	
	
§	1o Nas	mesmas	penas	deste	artigo	incorre	quem:	
I	 –	 permite	 ou	 facilita,	 mediante	 atribuição,	
fornecimento	e	empréstimo	de	senha	ou	qualquer	outra	
forma,	o	acesso	de	pessoas	não	autorizadas	a	sistemas	
de	 informações	ou	banco	de	dados	da	Administração	
Pública;	
II	–	se	utiliza,	indevidamente,	do	acesso	restrito.	
	
Em	 relação	 ao	 inciso	 I,	 destaca-se	 que	 o	
fornecimento	 e	 empréstimo	 de	 senha	 deve	 ser	 à	
pessoa	não	autorizada.	
	
Dessa	 forma,	 é	 atípica	 a	 conduta	 de	 compartilhar	
senha	 para	 outro	 funcionário	 público	 que,	 também,	
tem	 acesso	 ao	 sistema	 de	 informações	 ou	 banco	 de	
dados.	
	
FORMA QUALIFICADA (ART. 325, §2º) 
	
O	 art.	 325,	 §2º,	 do	 Código	 Penal	 traz	modalidade	
qualificada	do	crime	de	violação	de	sigilo	funcional:	
	
Art.	 325,	 §	 2o	Se	 da	 ação	 ou	 omissão	 resulta	 dano	 à	
Administração	Pública	ou	a	outrem:			
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)	a	6	(seis)	anos,	e	multa.	
	
VIOLAÇÃO DE 
SIGILO 
FUNCIONAL
Crime 
próprio
Crime 
subsidiário
Não exige 
prejuízo
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
MUDE SUA VIDA! 
17 
 
Como	visto	anteriormente,	o	dano	é	desnecessário	
para	configurar	o	crime	de	violação	de	sigilo	funcional.	
Contudo,	 caso	 a	 conduta	 resulte	 em	 dano	 à	
Administração	 ou	 a	 outrem,	 a	 modalidade	 será	
qualificada.	
	
QUESTÃO DE PROVA: (CESPE/2018 – ABIN – 
Oficial) Valdemar, empresário do setor de frigoríficos, 
emprega estratégias, como a utilização de produtos 
químicos, para disfarçar o estado de putrefação de 
carnes que vende fora do prazo de validade. Ele garante 
uma mesada a Odair, empregado de agência reguladora 
do setor e encarregado de elaborar os registros de 
fiscalização, em troca de ser avisado de qualquer ação 
não programada do órgão. De posse desse tipo de 
informação, Valdemar toma providências para que os 
fiscais não encontrem a carne de má qualidade. Durante 
a investigação de um caso referente a uma pessoa que 
sofrera prejuízo à saúde em razão do consumo de carne 
estragada, escuta telefônica autorizada gera as provas 
da existência do esquema. A respeito da situação 
hipotética apresentada, julgue o item a seguir. Odair 
cometeu os crimes de corrupção passiva e de violação 
de sigilo funcional qualificado pelo dano a outrem. 
	
A	resposta	é	CERTO.	
	
A	conduta	de	Odair	configura	o	crime	de	corrupção	
passiva,	 já	 que	 recebeu	 vantagem	 indevida	 para	
informar	Valdemar	das	fiscalizações	sanitárias	em	seu	
estabelecimento	comercial.	
	
Por	 outro	 lado,	 ao	 avisar	 o	 empresário	 das	 ações	
não	programadas	do	órgão	de	fiscalização	e,	com	isso,	
permitir	 que	 alimentos	 de	 má	 qualidade	 causassem	
prejuízo	a	saúde	de	terceiro,	Odair	incidiu,	também,	no	
crime	de	violação	de	sigilo	 funcional	qualificado	pelo	
dano	a	outrem.	
	
Observe-se	 que	 a	 modalidade	 qualificada	 não	 é	
crime	 subsidiário,	 como	 ocorre	 na	 simples	 (CP,	 art.	
325,	 caput).	 Ademais,	 há	 violação	 de	 bens	 jurídicos	
tanto	da	Administração	Pública,	 quanto	do	 indivíduo	
que	sofreu	prejuízo	a	sua	saúde.

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