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LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA AULA 1 Prof.a Karla Regina Quintiliano Santos Ribeiro 2 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo à nossa primeira aula! A Legislação Social e Trabalhista tem como finalidade normatizar as relações de trabalho e as obrigações decorrentes. Sua complexidade é vivenciada por nós, desde que nascemos, seja por meio de nossa família, ou por amigos. Neste contexto, perguntamos: quantas vezes você já conversou sobre seus direitos trabalhistas e previdenciários em sua casa, ou com seus amigos? Ou ainda, quantas vezes você assistiu em algum noticiário sobre mudanças pertinentes a esse assunto? A complexidade das relações entre empregados e empregadores está presente em nosso cotidiano, na televisão, nas revistas, na música e em conversas informais. Por isso, em nossas aulas analisaremos, de forma mais aprofundada, a legislação, suas características e a relação entre empregados e empregadores, considerando a importância da legislação para assegurar os direitos dos trabalhadores. Bom estudo! Curiosidade A música “Trabalhador Brasileiro”, do cantor Seu Jorge, é um exemplo de como a relação de trabalho está no cotidiano das pessoas. Ouça em: <https://www.youtube.com/watch?v=gwCCcjFFnzA>. CONTEXTUALIZANDO Antes de falarmos sobre a legislação trabalhista e previdenciária propriamente dita, é necessário lembrar que o objeto desta legislação é o trabalho. Neste sentido, faz-se imprescindível conhecer seu significado. É importante saber que o trabalho, na antiguidade, estava ligado a castigo, sofrimento e até mesmo a tortura. Entretanto, na sociedade contemporânea o trabalho passou a ser toda a forma de dispêndio de energia (física ou intelectual) do homem, com o objetivo de produzir um bem ou serviço. No século XIX, com a intervenção da igreja, a atuação dos movimentos operários e os movimentos internacionais de direitos humanos, o Estado se viu pressionado em intervir nas relações de trabalho entre empregados e empregadores. 3 Neste contexto surgiu a legislação trabalhista, movimento normativo regulador, que vem sendo aprimorado, haja vista que o capitalismo persiste na atuação da desregulamentação trabalhista. No Brasil, foi criada, em 1943, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), com a finalidade de regulamentar essa relação entre empregados e empregadores, trazendo muitas inovações, entre as quais estavam direitos como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a aposentadoria com salário integral para a mulher após 30 anos de trabalho, entre outras. TEMA 1 – CONCEITOS: CLT E CONVENÇÕES COLETIVAS As leis – Constituição, emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias e medidas provisórias – são fontes formais do direito, logo, são essas as principais referências para o empregado ou empregador se pautarem na relação de trabalho. Todavia, a lei é um comando hipotético, coercivo e genérico, pois não prevê certas hipóteses e aplica consequências jurídicas que lhe correspondem. Hierarquicamente, a Constituição de 1988 é a principal fonte do direito do trabalho, que traz em seu art. 7º direitos sociais assegurados aos trabalhadores, como é o caso do salário mínimo, jornada de oito horas, horas extras, férias, entre outros direitos. Todavia, nem todas as normas constitucionais são autoaplicáveis, e por isso necessitam de leis ordinárias que as regulamentem. A CLT também é uma das fontes formais e estatais do direito do trabalho, e que tem como finalidade a regulamentação das relações individuais e coletivas referentes ao trabalhador. Sancionada pelo então Presidente da República Getúlio Vargas no dia 1º de maio de 1943, esta unificou toda as legislações trabalhistas até o momento. É importante destacar que a fonte formal do Direito do Trabalho advém do Estado, e há as fontes informais, que são resultado da vontade das partes, manifestadas por meio de assembleias promovidas por entidades sindicais. Essas negociações coletivas, por serem constituídas pelos indivíduos interessados, são um método eficaz para a solução de conflitos e pacificação social. As principais fontes autônomas são as convenções e os acordos coletivos. As convenções representam acordos ajustados entre entidades sindicais, de qualquer grau, representantes da categoria econômica e 4 profissional, e suas resoluções se estendem a todos os integrantes da categoria profissional ou econômica. Os acordos coletivos, por sua vez, são normas estabelecidas entre os empregadores e o sindicato, e nestes casos, os acordos coletivos são válidos para os empregados assistidos pelo respectivo sindicato. LEMBRETE Acordo coletivo de trabalho empresa + sindicato dos trabalhadores Convenção coletiva do trabalho sindicato da categoria econômica (patronal) + sindicato da categoria profissional (trabalhadores) É importante ressaltar que a hierarquia de normas no Direito do Trabalho é flexível, e o art. 619 da CLT observa que serão utilizadas as normas derivadas de convenção ou acordo coletivo, desde que sejam mais favoráveis ao trabalhador. TEMA 2 – EMPREGADOR, EMPREGADO, CONTRATO DE TRABALHO Quando uma pessoa física, por vontade própria, se compromete a prestar serviço para outrem de forma não eventual, subordinada, em troca de recebimento de salário, estamos falando de uma relação de emprego, a qual possui os seguintes três elementos: o empregado, o empregador e o contrato de trabalho. Para estudar a relação de emprego é importante analisar cada um destes elementos que a compõem. Neste sentido, vamos começar com o empregador, que é conceituado da seguinte maneira no art. 2º da CLT: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. A empresa tem como sua característica principal a economia; portanto, as atividades empresariais estão voltadas para o interesse de produção de serviços ou bens destinados ao mercado. A empresa é, assim, a atividade exercida pelo empresário. 5 LEMBRETE Empresa é a atividade organizada que tem a finalidade de produzir bens ou serviços, para obtenção de lucro. O empregador pode ser uma pessoa jurídica como o caso da empresa, todavia, pode ser uma entidade pública ou ainda uma pessoa física, que contrata o empregador para prestar serviço, mediante pagamento. Logo, o empregador é aquele que paga para uma pessoa física em troca de sua força de trabalho. Conceito de empregador O empregador uma pessoa física ou jurídica, ou ainda um ente despersonificado (massa falida) que contrata uma pessoa física para que esta lhe forneça força de trabalho em troca de remuneração. O segundo elemento da relação de emprego é o empregado, e, segundo a CLT, em seu art. 3º “é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” Saindo do conceito trazido pela CLT, pode-se dizer que o empregado é todo trabalhador que reúne os cinco requisitos a seguir: pessoalidade, não eventualidade, onerosidade, subordinação e alteridade na relação que mantém com o tomador de serviço. O primeiro requisito para que o trabalho configure emprego é a pessoalidade, ou seja, a pessoa humana contratada é que deverá exercer a função, não podendo outro indivíduo desempenhar em seu lugar. A pessoalidade ocorre somente em relação ao empregado. Logo, ao longo do período de trabalho, pode ocorrer a troca de empregador, conforme o art. 10 e 448 da CLT. Isso ocorre quando a empresa é vendida, ouhá alteração em seu quadro societário. Todavia, o empregado continua com seus vínculos intactos. Outra condição é a não eventualidade, ou seja, o empregado deve trabalhar repetida e regularmente. Conforme Resende (2015, p. 66): “O trabalhador não eventual é aquele que trabalha de forma repetida, nas atividades 6 permanentes do tomador, e a este fixado juridicamente.” Neste contexto, o empregado deve trabalhar de forma contínua; mesmo que não seja todos os dias, a atividade se repetirá naturalmente por um período. Para exemplificar a condição de não eventualidade: uma pessoa trabalha como “lava pratos” em uma pizzaria apenas no final de semana: trata-se de um emprego não eventual, pois trabalha de forma repetida numa atividade permanente da empresa. Então atenção: não é por que o lava pratos trabalha apenas dois ou três dias por semana que não é contínuo. Agora, um exemplo de eventualidade: um “marido de aluguel” (profissional que resolve problemas na manutenção de uma casa): há uma eventualidade, pois este trabalha para quem o chamar, não se fixando a empregador algum. O terceiro requisito necessário para configurar empregado é a onerosidade. Em um contrato de emprego é necessário que o empregado forneça sua força de trabalho, e com isso, o empregador tem a obrigação principal de remunerar o empregado pelos serviços prestados. Observação: o trabalho voluntário não é remunerado, e é regido pela Lei nº 9.608/1998. Entretanto, esse tipo de trabalho não tem relação empregatícia. A subordinação é um dos requisitos mais importantes da distinção do empregado, e que difere um trabalhador empregado dos demais. A subordinação é o poder que o empregador tem de direcionar objetivamente a força de trabalho do empregado, ou seja, o empregador determina o destino da energia de trabalho do empregado. Neste contexto, o empregado não tem autonomia para fazer como quer seu trabalho, pois deve seguir as determinações de seu empregador. A subordinação pode ocorrer por meios informatizados ou telemáticos (como o Skype); não é necessário que o empregador dê as ordens pessoalmente. Conforme o art. 6º da CLT: Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. 7 Por fim, o último requisito: a alteridade, que significa que o empregado trabalho por conta alheia, logo, o empregado, diferentemente do empregador, não corre risco com o negócio. Conceito de empregado Empregado é toda pessoa que presta serviço para uma pessoa jurídica ou não, de forma continua, com subordinação, pessoalmente e recebe um valor pela prestação de serviço, e que, portanto, está sujeita às leis trabalhistas. O empregador pode ser uma empresa temporária, um empregador rural, um empregador doméstico, um grupo de empresas, um consórcio de empregadores rurais, uma igreja, entre outros. Neste sentido, dissertaremos sobre alguns destes. Empregador doméstico – é toda a família ou pessoa, que não visa lucro, e contrata um empregado para prestar serviço de forma contínua dentro de sua residência. Empregador rural – É toda pessoa física ou jurídica que explora atividade agroeconômica e que contrata empregado para prestar serviço mediante salário, em uma propriedade rural ou prédio rústico. Observação: A propriedade pode estar dentro da cidade, neste sentido, o empregador continua sendo rural, pois o que o diferencia dos demais empregadores é a atividade agroeconômica. Igreja – É considerada uma pessoa jurídica de direito privado que tem a finalidade espiritual de propagar uma doutrina religiosa. Nesse sentido, o sacerdote não é um empregado, não tem vínculo de trabalho, pois faz parte da congregação. Entretanto, igreja pode ter empregados. Já vimos, dois elementos da relação de emprego – o empregado e o empregador. Neste sentido, falta a relação de emprego propriamente dita, você saberia definir a relação de emprego? Esta é o vínculo jurídico que o empregado tem com o empregador, ou seja, é a conexão de trabalho humano sob subordinação. Esse vínculo pode ou não estar formalmente registrado num contrato de trabalho. Contrato de trabalho é um instrumento, tácito ou expresso, no qual as partes, de livre e espontânea vontade, firmam direitos e obrigações recíprocas. 8 Todavia, é importante lembrar que um contrato só é valido se estiver de acordo com o art. 104 do Código Civil, ou seja, que os agentes sejam capazes, o objeto seja lícito e esteja de acordo com a lei. Atenção A CLT, em seu art. 442, define da seguinte maneira o contrato de trabalho: “Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. Os elementos essenciais do contrato de trabalho são I. Agente capaz – só podem ser empregados os maiores de 18 anos, salvo os maiores de 14 anos em condições de aprendiz (Lei nº 10.097/2000). Porém, o contrato só será válido quando assinado por maiores de 18 anos ou, nos casos de menores, assinado pelos pais. II. Objeto lícito – a legislação não permite que sejam feitos contratos cujo o objetivo seja para a realização de atos ilícitos. Por exemplo: um “aviãozinho” no tráfico não terá um contrato, mesmo que expresso, reconhecido pela lei. III. Esteja de acordo com a lei – não serão válidos os artigos do contrato que afrontarem à legislação vigente. Por exemplo: mesmo que esteja no contrato, o empregado não poderá receber menos que o salário mínimo. TEMA 3 – ADMISSÃO DO ESTUDANTE, DO MENOR E DA MULHER Cada atividade laboral tem suas peculiaridades. Pensando nisso, os legisladores elaboraram leis específicas para cada modalidade. Neste sentido, foi instituída a Lei nº 11.788/2008, a qual regula a relação de estágio de estudantes. Esta lei traz, em seu art. 1º, a definição de estágio: Art. 1º - Estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Conforme esse art., verifica-se que essa relação de trabalho tem como finalidade o desenvolvimento do estudante para o mercado de trabalho. O estágio pode ser obrigatório ou não. O obrigatório está previsto no currículo do 9 curso do estudante, e caso não seja feito, o estudante não poderá concluir o curso. Já o estágio não obrigatório, por ser opcional para o estudante, não é necessário para a obtenção do diploma de conclusão de curso. A Lei nº 11.788/2008 traz ainda que o estágio não cria vinculo de emprego. Em seu art. 3º são estipulados alguns requisitos para que essa atividade seja considerada um estágio lícito. Entre estes estão: a matrícula e a frequência regular do educando em curso de educação; a celebração de termo de compromisso; compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso; acompanhamento efetivo pelo professor da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente. Caso um dos requisitos estipulados por tal art. não seja cumprido, o contrato será considerado como vínculo de emprego, e não mais de estágio. Outro ponto importante que deve ser observado refere-se aos agentes de integração, que, conforme o art. 5º da Lei de estágio, são instituições que têm o objetivode orientar no processo de aperfeiçoamento do estágio, e buscar oportunidades no mercado de trabalho, aproximando instituições de ensino, estudantes e empresas. Essas instituições podem responder civilmente pela indicação de estagiários para a realização de atividades que não correspondam ao projeto pedagógico do curso que o estagiário está cursando. Porém, é oportuno ressaltar que o agente de integração não responde no âmbito trabalhista, ou seja, se for reconhecido o vínculo empregatício, o agente de integração não será responsabilizado. O estágio deverá ainda ser acompanhado por supervisor, tanto na instituição de ensino, quanto na empresa em que o estagiário for atuar. Observando que o estagiário deverá se apresentar a cada seis meses um relatório das atividades de estágio. No texto da Lei de estágio, estão presentes alguns direitos dos estagiários. Entre eles destacam-se: Seguro contra acidentes, que deverá ser compatível com os valores de mercado, segundo o art. 9º, IV; Limitação da jornada de trabalho, conforme o art. 10º da lei em pauta: 4 horas diária e 20 horas semanais, no caso de estudantes em educação especial e dos anos finais do Ensino Fundamental, na modalidade profissional de Educação Jovens e Adultos; e de 6 horas diárias e 30 10 horas semanais quando o estudante estiver cursando o Ensino Superior, a educação profissional de nível médio e do ensino regular. O contrato de estágio deve ter a duração de no máximo dois anos, exceto quando o estudante for portador de deficiência, segundo o art. 11º; Nos casos de estágio não obrigatório, é necessária a remuneração do estudante por meio de bolsa e auxílio transporte. Recesso de 30 dias para os estágios iguais ou superiores a 1 ano, art. 12º, parágrafo 1º da Lei de estágio; A empresa deve garantir ao estudante/trabalhador a implementação da legislação relacionada à segurança e saúde do trabalhador (art. 14º). Outro trabalhador que o legislador procurou tutelar foi o menor de idade, para que esse tenha seu desenvolvimento saudável protegido. Neste sentido, a lei traz um rol de restrições ao seu trabalho, logo verifica-se algumas diferenças entre o tratamento aos trabalhadores maiores e aos menores de 18 anos. A proteção ao menor está prevista na Magna Carta, pelo art. 227 da Constituição de 1988, que traz a idade mínima de 14 anos para a admissão ao trabalho, garantia à instituição escolar aos trabalhadores adolescentes e jovens e a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas. É importante destacar que, para efeitos de relação de emprego, será considerado menor o indivíduo com idade entre 16 a 18 anos de idade, visto o art. 403 da CLT, que traz em seu texto que é vedado qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz – que é a partir de 14 anos. Apesar do menor, legalmente, ter permissão para trabalhar, sua capacidade plena ocorre somente após os 18 anos, quando pode praticar sozinho todos os atos pertinentes à sua vida laboral. Perceba que os trabalhadores com 18 anos incompletos não poderão firmar contratos trabalhistas sem a assistência do responsável, bem como em outros atos. Visando ao seu adequado desenvolvimento físico e psíquico do menor, a lei estabeleceu algumas hipóteses em que o trabalhador menor está proibido de exercer suas atividades laborais, mesmo que esse esteja assistido pelo seu responsável. Entre essas destacam-se: Trabalho noturno; Trabalho insalubre ou perigoso; Trabalho em locais prejudiciais à sua formação; 11 Limite de carregamento de peso. Apesar da proibição legal aos menores de 14 anos trabalharem, é comum nos depararmos com crianças atuando como trabalhadores artísticos. Nesses casos, excepcionalmente a atividade do menor é permitida, baseada na garantia de manifestação do direito fundamental da liberdade de expressão. Entretanto, para que seja possível, é necessária a autorização do Juiz da Infância e da Juventude, conforme o art. 5º, inciso IX da Constituição, e o art. 149, inciso II do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). O Juiz da Infância e da Juventude deve autorizar trabalhos executados por menores, porém quando se verifica que há um menor trabalhando em atividades que prejudicam sua integridade, o auditor fiscal do trabalho pode, em fiscalização in loco, determinar o afastamento imediato da função prejudicial ao menor, e o empregador deverá facilitar a mudança para outra colocação, conforme o art. 426 da CLT. Nos casos que o empregador não adapte o menor a uma função que mantenha o seu desenvolvimento sadio, o contrato será rescindido de forma indireta, segundo o art. 483 da CLT. O pedido para a rescisão do contrato pode ser solicitado pelo responsável legal, nos casos em que o serviço prejudique a integridade do menor, art. 408 da CLT. Além disso, o menor não será obrigado a cumprir o aviso prévio, visto que a extinção do contrato foi por justo motivo. Os legisladores, ainda, se preocuparam com o menor no que se refere à jornada de trabalho, haja vista o art. 713 da CLT, que proíbe a prorrogação da duração diária do trabalho do menor, salvo em casos de força maior e de Convenção ou Acordo Coletivo. Apesar da lei estabelecer várias proibições, ou ainda, momentos que o menor deve ser assistido, na contratação não é necessária a autorização dos pais para assinar o contrato de trabalho, quando o menor possua, previamente, a carteira de trabalho, visto que para a obtenção da CTPS é necessária a declaração expressa dos pais ou responsáveis. Todavia, os recibos de pagamento do menor devem ser assinados pelos responsáveis para que sejam válidos. Outra categoria de trabalhadores que recebeu atenção especial foram as mulheres. Apesar do art. 372, caput da CLT, dispor que as normativas que regulam o trabalho masculino também são aplicáveis às mulheres, estas 12 complementam o mesmo artigo na medida que não colidirem com as proteções especiais da própria CLT. Entre as leis que protegem a trabalhadora mulher, destaca-se o art. 373- A da CLT, que dita não poder existir condutas discriminatórias contra a mulher, vedando as publicações de anúncio de trabalho que contenham referência de preferência de gênero, bem como é vedada a promoção por motivo de sexo, ou ainda, discriminar a mulher por motivos de gravidez, propor critérios subjetivos para o deferimento de inscrições em concursos ou empresas privadas, visando ao gênero do candidato. Outra discriminação que a mulher não pode sofrer é em relação ao salário: a mulher não poderá receber remuneração inferior à do homem. O legislador, baseado no padrão médio do ser humano, estipula no art. 390 da CLT, que a mulher em serviço não pode utilizar a força muscular para carregar um peso maior que 20 quilos em trabalho contínuo, ou superior a 25 quilos em trabalhos ocasionais. Outro ponto de proteção à mulher elencada na CLT é a proteção da maternidade, visto que o art. 391 veda o tratamento discriminatório no que se refere ao casamento ou à gravidez. A CLT prevê ainda, como uma forma de proteção à trabalhadora a licença maternidade, isto é, o direito à empregada gestante se afastar pelo período de 120 dias sem prejuízo do emprego, recebendo o pagamento do salário maternidade por meio de benefício previdenciário. É oportuno ressaltar que a trabalhadora mulher que adotar ou obtiver a guarda de uma criança terá o direito da licença maternidade, bem como o pagamento do salário maternidade. A CLT prevê ainda a estabilidade do dia do conhecimento da gravidez até cinco meses após o parto; logo, o empregador neste período fica proibido de dispensar a gestante sem justa causa. O legislador também se preocupou com a amamentação do filho da trabalhadora mulher quando prevê no art. 396 da CLT, que estabelece que a trabalhadora poderá se afastar do seu trabalho emdois períodos de meia hora para amamentar seu filho. TEMA 4 – DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A CONTRATAÇÃO DO EMPREGADO Antes da contratação de um empregado propriamente dita, ocorre a seleção dos candidatos à vaga. Neste momento, na fase do recrutamento 13 ocorrem, na maioria das vezes, testes admissionais que servem para o empregador verificar as aptidões dos futuros empregados. Após a identificação do candidato que será contratado, o empregador deverá solicitar alguns documentos. A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é um documento obrigatório que o empregador deve solicitar ao empregado para a admissão do trabalhador, não sendo permitido que esse comece a prestação de serviço sem a sua apresentação. A CLT prevê uma única exceção que o empregado pode deixar de apresentar a CTPS: quando, na localidade do serviço, não existe a emissão regular da Carteira de Trabalho; entretanto, o empregador deverá, no ato da admissão, fornecer um documento constando a data de contratação, a natureza do emprego, o salário e a forma de pagamento. E, o empregado terá apresentar no prazo improrrogável de trinta dias sua CTPS, sob pena de suspensão do emprego. O empregador deverá solicitar ainda documentos de identificação pessoal que são necessários para o preenchimento da ficha de registro, entre outros formulários cuja manutenção é obrigatória. São eles: Fotografia; Título de eleitor – pedido a partir de 16 anos, mas só pode ser exigido a partir dos 18; Certidão de reservista ou prova de alistamento militar – para homens a partir do ano em que completam 18 anos; Cópia do RG; Cópia do CPF; Registro profissional expedido pelos órgãos de classe (como OAB, CREA, CRM etc.); Certidão de nascimento – se o empregado for solteiro; Certidão de casamento – se o empregado for casado; Certidão de nascimento dos filhos menores de 14 anos; Carteira de vacinação dos filhos menores de 5 anos; Atestado de invalidez dos filhos de qualquer idade; Comprovante de residência; Cartão do PIS – exceto para os casos de primeiro emprego; 14 Exame médico admissional – realizado por um médico do trabalho, é um exame que prova que o candidato tem condições de saúde para realizar as atividades da nova ocupação. Esse exame é de responsabilidade e às custas do empregador, e não do funcionário; CNH – para motoristas e pessoas que trabalhem com veículos. Os documentos originais acima relacionados podem ser retidos pelo empregador para que esse possa extrair informações; contudo, o prazo para devolução é de 5 dias, podendo sua retenção ser enquadrada como contravenção penal e ser punida com a pena de prisão de 1 a 3 meses ou multa. Neste sentido, é importante que a empresa obtenha do empregado o recibo de entrega e da devolução dos documentos solicitados. Há documentos complementares ao registro de empregados, que o empregador poderá solicitar, como: O preenchimento da ficha de salário-família e o Termo de Responsabilidade, juntamente com o Cartão da Criança ou comprovante de frequência escolar, nos casos que o empregado tenha direito ao salário-família; Declaração de Dependentes para os empregados cujo salário gere Imposto de Renda retido na fonte; Acordo por escrito de compensação de horário, conforme o art. 59 da CLT para obreiros que trabalhem nesse regime. Lembrando que se o empregado for menor, precisa ainda que a empresa promova Acordo Coletivo. TEMA 5 – EXAMES ADMISSIONAIS E OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS NA ADMISSÃO Após os candidatos serem selecionados e antes de começarem a trabalhar, o empregador solicitará exame médico admissional, que consiste em avaliação clínica a ser realizada por um médico do trabalho. Este exame é solicitado pelo empregador e deve ser custeado por este, independentemente do número de funcionários da empresa. Caso a avaliação de aptidão feita pelo médico do trabalho conclua que esse não pode ser contratado, salvo se for recolocado em outro cargo, sua avaliação deverá ser refeita. 15 Caso um empregador contrate um indivíduo o qual o médico considere inapto, e futuramente, aquele desenvolva ou venha a agravar problemas de saúde decorrente de suas atividades laborais, o empregador poderá responder judicialmente pelo empregado, que poderá solicitar indenização, bem como poderá ser acionado pela Previdência Social para reembolsar qualquer gasto que a instituição tenha com o empregador. Entretanto, se o trabalhador for considerado apto para desenvolver as atividades do cargo que esteja pleiteando, a empresa poderá realizar seu registro como empregado. Os exames médicos têm como objetivo verificar se o futuro empregado tem capacidade intelectual e física adequadas para exercer a função que estiver pleiteando; neste sentido, os exames solicitados deverão proporcionais à complexidade do cargo que o empregador irá ocupar, bem como o empregador tem permissão para requerer qualquer exame médico adicional com a finalidade de verificar o estado de saúde do empregado. É oportuno ressaltar que alguns exames podem ser considerados ilegais, entre eles destaca-se: Exame toxicológico; Exame de gravidez; Exame de moléstias como a AIDS e câncer. O exame toxicológico só poderá ser efetuado quando o empregador demonstrar o risco real da dependência química para o cargo almejado pelo candidato, bem como receber a anuência do Ministério do Trabalho. Na fase da seleção, o empregador deverá deixar nítido quais são os exames médicos a serem realizados pelos candidatos, e as substâncias que poderão desclassificar o candidato, sem fazer essa comunicação de forma genérica. Após a seleção do candidato, o exame médico demonstrando que o futuro funcionário está apto e de posse dos documentos solicitados, é necessário observar algumas formalidades legais, para a admissão do empregado. Neste sentido, relacionamos aqui as principais obrigações acessórias a serem cumpridas: As anotações na CPTS deverão ser efetuadas no início das atividades laborais; segundo o art. 41 da CLT, é proibido que o empregador permita 16 que o empregado trabalhe sem registro, mesmo que seja por apenas um dia. O empregado terá o prazo de 48 horas improrrogáveis para devolver a Carteira de Trabalho com o devido registro ao empregado. No registro (livro ou ficha de registro) deve constar: a identificação do empregado, data da admissão (e demissão), remuneração e forma de pagamento, local e horário de trabalho, concessão de férias, identificação da conta de PIS/PASEP, acidente de trabalho e/ou doença profissional, caso tenha ocorrido; O cadastro do PIS/PASEP é de competência das Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs) quando ocorrer a emissão da primeira via da Carteira de Trabalho e Previdência Social. Entretanto, se o cadastro não for efetuado, o empregador deverá providenciar o cadastramento do empregado logo após sua admissão por meio do Documento de Cadastramento do Trabalhador (DCT). As empresas que contratarem ou demitirem qualquer funcionário deverão avisar às Delegacias Regionais do Trabalho, mensalmente, por meio de formulário próprio denominado Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Com a finalidade de controle e estatística estatal, no que se refere à área social, é obrigatório que as empresas, mesmo que não possuam empregados, elaborarem a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS); Anualmente, a fonte pagadora ficará obrigada a realizar a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF); Deverá constar no recibo de pagamento o rendimento do empregado, o valor do imposto de renda retido na fonte, os valores pagos referentes a planos de assistência médica fornecidos pela empresa e pagamentos enviados para fora do país (em caso de pagamentos a empregado que trabalha empaís estrangeiro); O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), é outra obrigação acessória prevista na lei; esse fundo constitui uma poupança compulsória em que o empregador deverá depositar um percentual de 8% mais 0,5% sobre a remuneração do empregado auferida no mês, numa conta vinculada do funcionário na Caixa Econômica Federal, a qual ele poderá 17 utilizar nas ocasiões previstas em lei, como é o caso da compra de casa própria, doença terminal ou AIDS. Por fim, é importante ressaltar que a Portaria nº 1.121/1995 do Ministério do Trabalho permite a adoção do registro informatizado do empregado desde que sejam mantidos devidamente atualizados, com numeração sequencial. TROCANDO IDEIAS Sobre o aeronauta, quais as suas condições de trabalho? Quais as peculiaridades para as quais o legislador procurou tutela? Conheça a Lei nº 7.183, de 5 de abril de 1984, que regula o exercício da profissão de aeronauta, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7183.htm>. As empregadas domésticas possuem direitos específicos. Quais são? Para saber, conheça a Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015, que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico. Acesse <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp150.htm>. Menor ou maior aprendiz? Conheça o Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005, que prevê a contratação de maiores de idade como aprendizes. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-006/2005/decreto/d5598.htm>. NA PRÁTICA Responda às questões a seguir. O gabarito com as respostas está no final da seção. 1. (Questão de Concurso – Banca FEPESE – 2016) Assinale a alternativa correta de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho. a. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, as instituições de beneficência que admitirem trabalhadores como empregados. b. Toda pessoa, física ou jurídica, que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário, é considerada empregado. c. Para fins de relação de emprego, mesmo que a empresa integre um grupo industrial, comercial ou econômico, ela responderá individualmente perante seus próprios empregados. 18 d. A ausência do caráter comercial das instituições sem fins lucrativos lhe retira a possibilidade de figurar como empregador. e. A empresa individual não pode ser considerada empregador, porque lhe falta a pluralidade de sócios. 2. (Questão de Concurso – Banca FCC – 2002) São anotações obrigatórias da CTPS a data de admissão, a remuneração e a. a jornada de trabalho. b. as anotações desabonadoras da conduta do empregado. c. o enquadramento sindical. d. o grau de escolaridade do empregado. e. a concessão de férias. 3. (Questão de Concurso – Banca IBFC – 2016) Assinale a alternativa correta, considerando as normas da Consolidação das Leis do Trabalho sobre a proteção ao trabalho da mulher. a. A licença-maternidade só será concedida mediante apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. b. A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença- maternidade a ambos adotantes ou guardiães empregados ou empregada. c. Em caso de morte da genitora, não se aplica ao cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença-maternidade. d. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de quatro semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento. 4. (Questão de Concurso – Banca FCC – 2013) Em relação às limitações de idade para o trabalho, é correto afirmar que há proibição de a. trabalho penoso aos menores de dezesseis anos. b. trabalho na condição de aprendiz após os dezoito anos. c. qualquer trabalho, inclusive na condição de aprendiz, aos menores de dezesseis anos. d. trabalho noturno, insalubre e perigoso aos menores de dezoito anos. e. trabalho noturno, insalubre e perigoso aos menores de vinte e um anos. 19 5. (Questão de Concurso – Banca ESAF – 2010) Sobre a Lei n. 11.788 de 25/09/2008, referente a estágio, é incorreto afirmar: a. a realização de estágios, nos termos desta Lei, aplica-se aos estudantes estrangeiros regularmente matriculados em cursos superiores no País, autorizados ou reconhecidos, observado o prazo do visto temporário de estudante, na forma da legislação aplicável. b. estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular, em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. c. o tempo máximo de estágio na mesma Empresa é de três anos, exceto quando tratar-se de estagiário portador de deficiência. d. o estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente. e. o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório. Respostas 1. A Comentários: Art. 2º, §1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Art. 2º, §2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis à empresa principal e a cada uma das subordinadas. Art. 2º, §1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Art. 2º, CAPUT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. 2. E Comentários: Art. 41, parágrafo único da CLT: "Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego, duração e 20 efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador". 3. A Comentários: a) Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art. 392. § 4º A licença-maternidade só será concedida mediante apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. b) § 5º A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença-maternidade a apenas um dos adotantes ou guardiães empregados ou empregada. c) Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é assegurado ao cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por todo o período da licença-maternidade ou pelo tempo restante a que teria direito a mãe, exceto no caso de falecimento do filho ou de seu abandono. d) Art. 395 - Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento. 4. A Comentários: CLT Art. 403. É proibido qualquer trabalhoa menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. 5. C Comentários: Art. 11. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. SÍNTESE O conceito de trabalho na sociedade contemporânea está ligado à concepção de toda a forma de dispêndio de energia (física ou intelectual) do homem, com o objetivo de produzir um bem ou serviço. Neste sentido, com a finalidade de regular esse processo, surgem no Brasil várias leis trabalhistas, as quais, em 1941, são unificadas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Existem vários instrumentos jurídicos (Constituição, emendas constitucionais, leis complementares, leis complementares, leis ordinárias e medidas provisórias) que pautam as relações de trabalho no Brasil. Há ainda as convenções e os acordos coletivos, que são ajustes estabelecidos pelos indivíduos da relação de trabalho, e por esse motivo são mais eficazes na solução de conflitos que possam surgir. Lembramos ainda que a norma a ser utilizada é sempre aquela que for mais benéfica para o trabalhador. A relação de trabalho possui três elementos vitais que são: o empregador, o empregado e o contrato de trabalho. O primeiro elemento, o empregador, é 21 aquele que paga pela força de trabalho de uma pessoa física; o segundo é empregado, o qual vende sua força de trabalho para o empregador de forma pessoal, não eventual, de forma onerosa, subordinada e com alteridade; o terceiro elemento, por sua vez, o contrato de trabalho, um vínculo jurídico que o empregado tem com o empregador, ou seja, é a conexão de trabalho humano sob subordinação, e que pode ou não estar formalmente registrado. Cada atividade laboral tem suas peculiaridades. Pensando nisso, os legisladores elaboraram leis específicas para cada tipo de modalidade. Neste sentido, foi instituído várias leis especificas visando à proteção dos empregados em suas atividades. Entre elas citamos a Lei nº 11.788/2008, que regula o estágio, ou ainda, os artigos da CLT que regulam a relação de trabalho das mulheres, visando a proteção a elas e à maternidade, entre outros. Vimos também que antes de ocorrer a relação de emprego é necessário que o empregador selecione o candidato que melhor atenda suas expectativas, e após testes admissionais e exames de saúde. Estando o candidato aprovado, o empregador deverá solicitar uma série de documentos. Entre estes estão: Carteira de Trabalho e Previdência Social; fotografia; Título de eleitor; Certificado de Reservista ou prova de alistamento militar; cópia do RG; Cópia do CPF; Registro profissional expedidos pelos órgãos de classe, como OAB, CREA, CRM, entre outros; Certidão de nascimento; Certidão de casamento; Certidão de nascimento dos filhos menores de 14 anos; Carteira de vacinação dos filhos menores de 5 anos; Atestado de invalidez dos filhos de qualquer idade; Comprovante de residência Cartão do PIS; Exame médico admissional e CNH. Há documentos complementares ao registro de empregados, que o empregador poderá solicitar, como: a ficha de salário-família e o Termo de Responsabilidade; Declaração de Dependentes; Acordo por escrito de compensação de horário. Após os candidatos serem selecionados, e antes de começarem a trabalhar, o empregador solicitará exame médico admissional, que consiste de avaliação clínica a ser realizada por um médico do trabalho. Estes exames são solicitados pelo empregador e devem ser custeados por este, independentemente do número de funcionários da empresa. Caso a avaliação de aptidão feita pelo médico do trabalho conclua que esse não pode ser contratado, salvo se for recolocado em outro cargo, sua avaliação deverá ser refeita. 22 Caso um empregador contrate um indivíduo a quem o médico considere inapto, e futuramente, o empregado desenvolva ou agrave problemas de saúde decorrentes de suas atividades laborais, o empregador poderá responder judicialmente pelo empregado, que poderá solicitar indenização, e o empregador poderá ser acionado pela Previdência Social para reembolsar qualquer gasto que a instituição tenha com este empregado. Existem ainda obrigações acessórias a serem efetuadas pelo empregador: anotações na CPTS; O cadastro do PIS/PASEP; o CAGED; a RAIS; a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) e o FGTS. REFERÊNCIAS ASSIS, P. P de. Curso completo de direito do trabalho. 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Consolidação das leis do trabalho comentada. 49. ed. São Paulo: LTr, 2016. TEIXEIRA, J. R. F. Introdução ao direito do trabalho: das origens de largo histórico à Constituição de 1988. 2. ed. Curitiba: Oficina de Letras, [19--]. VALERINS, V. Legislação brasileira de previdência social. 5. ed. Rio de Janeiro: Aurora, 1968. VILLATORE, M. A. C. Inovações no direito do trabalho doméstico: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2016.
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