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PEÇA - ALEGAÇÕES FINAIS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE 
DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo nº …................................ 
 
 
Astolfo, já qualificado nos autos supra, vem, por meio de seu 
advogado legalmente habilitado, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, com 
fundamento legal no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal, pelos motivos de 
fato e de direito a seguir aduzidos: 
 
 
 
1. DOS FATOS 
Consta do processo que o réu primário, nascido em 15 de março 
de 1940, teria, no dia 22 de março de 2014, sido obrigado, pelo traficantes de drogas 
Russo, a levar droga de um local para o outro. 
Tal imperatividade foi materializada pela ameaça de ser expulso 
de sua casa caso não fizesse o que lhe era requisitado. Astolfo, então, se viu obrigado 
a aceitar a determinação, mas quando estava em seu automóvel, na direção do Posto 
de Gasolina, foi abordado por policiais militares, sendo a droga encontrada e 
apreendida. 
Após o início da persecução penal, o réu foi denunciado pela 
prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. Foi-lhe concedida 
liberdade provisória. Durante a audiência de instrução e julgamento, as testemunhas 
de acusação confirmaram os fatos narrados na denúncia, além de destacarem que, de 
fato, o acusado apresentou a versão de que transportava as drogas por exigência de 
Russo. Asseguram que não conheciam o acusado antes da data dos fatos. 
Astolfo, em seu interrogatório, confirmou que fazia o transporte 
da droga, mas alegou que somente agiu dessa forma porque foi obrigado pelo chefe 
do tráfico local a adotar tal conduta, ainda destacando que residia há mais de 50 anos 
na comunidade da Favela da Zebra e que, se fosse de lá expulso, não teria outro lugar 
para morar, pois sequer possuía familiares e amigos fora do local. Disse que nunca 
respondeu a nenhum outro processo, apesar de já ter sido indiciado nos autos de um 
inquérito policial pela suposta prática de um crime de falsificação de documento 
particular. 
Após a juntada da Folha de Antecedentes Criminais do réu, 
apenas mencionando aquele inquérito, e do laudo de exame material, confirmando 
que, de fato, a substância encontrada no veículo do denunciado era "cloridrato de 
cocaína", os autos foram encaminhados para o Ministério Público, que pugnou pela 
condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. 
A defesa foi intimada em 06 de março de 2015. Eis o que havia 
para relatar. 
2. DO DIREITO 
2.1 DO MÉRITO 
O réu deve ser absolvido por não caracterizar o fato infração 
penal. Senão vejamos: 
a) Da inexigibilidade de conduta diversa 
Para que determinada conduta seja considerada crime, deve ser 
ela típica, ilícita e culpável. Um dos elementos da culpabilidade é a exigibilidade de 
conduta diversa, sendo, portanto, a inexigibilidade de conduta diversa uma causa de 
exclusão de culpabilidade. 
Russo, estando armado, ao exigir que o réu, um senhor de 74 
anos de idade, transportasse droga, sob pena de expulsá-lo de sua casa e da 
comunidade da Favela da Zebra, sem ele ter outro local para residir, praticou coação 
moral irresistível. 
Diante das circunstâncias e das particularidades do caso 
concreto, em especial considerando a idade de Astolfo e o fato de não ter familiares 
para lhe dar abrigo, não seria possível exigir outra conduta do acusado. Conforme 
previsão do art. 22 do Código Penal, no caso de coação moral irresistível, somente 
deve responder pela infração o autor da coação. 
Assim, na forma do art. 386, VI, do Código de Processo Penal, o 
réu deve ser absolvido. 
2.2 DAS TESES SUBSIDIÁRIAS 
Subsidiariamente, caso não seja acolhida a tese absolutória da 
coação moral irresistível, vem requerer: 
a) a aplicação da pena-base no mínimo legal, uma vez que, nos 
termos da Súmula 444 do STJ, inquéritos policiais e ações penais em curso não 
podem ser consideradas como circunstâncias judiciais desfavoráveis. Assim, o 
inquérito policial pela suposta prática de um crime de falsificação de documento 
particular não tem a força legal para elevar a pena-base acima do mínimo legal; 
b) a atenuante da coação moral a que podia resistir, prevista no 
art. 65, III, c, do Código Penal, uma vez que Astolfo somente transportou a droga 
por exigência de Russo; 
c) a atenuante do art. 65, I, do Código Penal, já que o réu era 
maior de 70 anos na data da sentença; 
d) a atenuante da confissão, prevista no art. 65, III, d, do Código 
Penal, mesmo tendo alegado causa excludente de culpabilidade, uma vez que o 
Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a confissão qualificada suficiente para 
atenuar a pena do réu; 
e) segundo se extrai do enunciado, o réu é primário, ostenta bons 
antecedentes e não há elementos no sentido de envolvimento com organização 
criminosa ou dedicação às atividades criminosas, o que legitima o réu a requerer a 
causa especial de diminuição de pena do tráfico privilegiado. Assim, requer a causa 
de diminuição da pena em patamar máximo, previsto no art. 33, §4º, da lei n. 
11.343/2006; 
f) com relação ao regime carcerário, em que pese o art. 2º, §1º, 
da Lei n. 8.072/90 prever a fixação do regime inicial fechado aos condenados por 
crimes hediondos ou equiparados, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a 
inconstitucionalidade desse dispositivo por violação do princípio da 
individualização da pena, previsto no art. 5º, XLVI, da CF/88, sendo cabível, 
portanto, a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda legal; 
g) a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos. Isso porque, uma vez sendo reconhecido o tráfico privilegiado, com a 
diminuição da pena no patamar máximo, a pena definitiva não ultrapassará quatro 
anos. Lembrando que a vedação constante no art. 33, §4º, da Lei n. 11.343/2006, não 
mais subsiste, uma vez que, por meio da Resolução n. 05, publicada em 15.2.2012, 
o Senado suspendeu a execução da expressão "vedada a conversão em penas 
restritivas de direitos", sendo, pois, possível a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. 
3. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, a defesa requer: 
a) absolvição do crime de tráfico, com fundamento legal no art. 
386, VI, do Código de Processo Penal; 
b) subsidiariamente, a aplicação da pena-base no mínimo legal, 
por serem todas as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, favoráveis; 
c) o reconhecimento das atenuantes do art. 65, I e III, alíneas c e 
d, do Código Penal; 
 
d) a aplicação do privilégio, causa especial de diminuição de pena, prevista no art. 
33, §4º, da Lei n. 11.343/2006; 
e) a aplicação do regime inicial aberto de cumprimento de pena; 
f) a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos. 
Termos em que 
Pede deferimento, 
Local, 13 de março de 2015 
Advogado, OAB n. ...

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