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· Pontifícia Universidade Católica · Faculdade de Direito · Sociologia Jurídica · Professora Dora Nogueira Porto · São Paulo, 6 de agosto de 2020 Sala: 317 Turma: ME2 Nome: Ana Letícia Bergamin - RA00283647 Danielle Klein - RA00276737 Gabriela Guidi Trovó-RA00276828 Matheus de Oliveira Ravazzi- RA00278245 Raíssa Hisami Onita Ichihara - RA00282262 Análise do documentário Justiça, de Maria Augusta Ramos: O documentário retrata de forma muito clara a realidade da sociedade brasileira, tendo como cenário principal a audiência do Tribunal de justiça do Rio de Janeiro. Através desse cenário, o documentário expõe o cotidiano dos réus, da defensoria pública, da promotoria, da polícia e dos juízes, mesclando as audiências, as situações dos presídios e a vida particular dos envolvidos. A principal tese defendida é a exibição da impunidade, ineficácia e desigualdades da sociedade, que permeiam o sistema judicial penal brasileiro. Assim, para defender essa tese a autora utilizou cenas que mostram a corrupção de alguns policiais, presente no relato de Carlos Eduardo à defensora pública (momento que ele declara sua culpa e a forma de como conseguia se livrar da polícia, subornando- a e mesmo ciente disso a defensora incentiva ele a mentir); as desigualdades entre as condições sociais dos funcionários públicos e de suas famílias com as condições dos condenados e seus familiares… Ademais, é possível destacar também as superlotações dos presídios, em que os presos são tratados como meros animais, onde é evidente a sujeira e desordem. Destarte, tal condição atenta contra o princípio da dignidade da pessoa humana, presente na Constituição Federal. Em outro aspecto, a forma de como foram feitas as filmagens também é muito intrigante. Enquanto os funcionários públicos são retratados sempre em um plano superior, com falas em tons elevados e olhares frios, os réus são retratados em planos inferiores, sempre de cabeça baixa, encolhidos e com falas mansas e trêmulas. Tal situação evidencia a falta de igualdade no tratamento dos réus, os quais sofrem julgamentos autoritários, causando terror até mesmo nas vítimas, como a Tia de Alan. Ao longo do documentário, é retratada a forte discrepância existente entre o linguajar dos juristas, extremamente formal, e o dos réus, simples e com significativas marcas de informalidade. Tal diferença pode ser observada na cena em que Alan é condenado, quando sua sentença é lida e, em seguida, explicada a ele para que entenda com clareza o que ele enfrentará a seguir. Caso não ocorresse este processo de explicação da sentença ao réu, é provável que ele não estaria a par de seu futuro. No mais, é explorada a dualidade da palavra "basta" nos diferentes contextos em que foi aplicada: “basta de sofrimento” e “basta de covardia e submissão ao terror e ao poder dos criminosos”. No primeiro caso, a palavra é proferida pelo pastor da igreja que frequenta a mãe de Carlos Eduardo. Em profundo sofrimento pela situação em que encontra seu filho, ela pede a Deus que dê "um basta" à sua dor. Já no segundo caso, a palavra é repetida diversas vezes no discurso de posse de Fátima Clemente, que se torna desembargadora. Nele, é exaltada sua carreira como juíza na área do Direito Penal, quando teria atuado com bravura ao enfrentar criminosos, colocando-os na prisão. Por fim, o documentário se mostrou de suma importância, ao retratar de forma tão real e eficaz a triste e cruel realidade brasileira.