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• JOSÉ JÚLIO M. NOGUEIRA SOARES Engenheiro Civil e Antigo Professor Efectivo do Liceu ARITMÉTICA RACIONAL , 1, A.PBOV A.DA. OFICIALMENTE PA.BA. O '1.0 A.NO DOS LICEUS a.• I!DIOAO 11 a Edições M A R  N U S 174, R. dos Mártires da Liberdade, 178 Telefone 2798- Põrto ARITMÉTICA RACIONAL MARÂNUS Composto e impresso na EMPRÊSA IND. GRÁFICA DO PÔRTO, L.0 A 174, R. Mártires da Liberdade, 178 .. : : : : : Telefone 2798 : : : : : : : JOSÉ JÚLIO M. NOGUEIRA SOARES Engenheiro Civil e Antigo Prolas .. :or Eleclivo do Liceu J..\RJ T J\JlÉT J CA ftt\ CJ O 1'1 t\l PARA O 7.0 ANO DOS LICEUS 2.a EDIÇÃO 1942 Edições MARÃNUS 174, R. dos Mártires da Liberdade, 178 Telefone 2798 - Pôrto PROGRAMA Teoria dos números inteiros, conside- rados como representando colecções de objectos idênticos, e das suas operações. Divisibilidade. Números primos. Máximo divisor comum e menor múltiplo comum. Teoria dos números fraccionários e das suas operações. A Matemática representa um dos mais elevados exercícios do espírito e o instru- mento mais eiicaz para o progresso mental e moral do homem. H. WIELEITNER. PRIMEIRA PARTE NÚMEROS INTEIROS E SUAS OPERAÇÕES CAPÍTULO I Definição de números inteiros. Numeração. 1. Tôdas as ciências têm por fundamento a obser- vação e estudo do mundo que nos rodeia. É variável a extensão dêste fundamento; se ciências há que quási se limitam a verificar a existência dos fenómenos, tão com- plexos êles se nos afiguram, outras já conseguem formu- lar leis ou princípios com maior ou menor generalidade. Entre tôdas, a que menor número de noções necessita do mundo exterior é a matemática. 2. O edifício da aritmética pode basear-se exclu- sivamente na noção de número inteiro. Para definir número inteiro consideramos intuitivas as noções de: Colecção ou grupo de objectos (1). Ausência completa de objectos (o que corres- ponde à não existência da colecção). (L) A expressão colecção de objectos traduz já a verificação duma propriedade ou circunstância comuns a todos os objectos, quer sejam relativas à semelhança, à localização (no espaço ou no tempo), ao fim a que se destinam, etc. 10 ARITMÉTICA RACIONAL Objecto isolado. Correspondência entre objectos de colecções diferentes. À inexistência da colecção, ou ausência de objectos, dizemos que corresponde o número zero; ao objecto isolado fazemos corresponder o número um. Se a um objecto juntarmos outro, diremos que resulta uma colecçào de dois objectos, teremos o número dois; se à colecção de dois objectos juntarmos ainda outro, teremos uma colecção de três objectos, resultará o número três. Pela adição sucessiva dum objecto criaremos os números quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, etc.; forma- remos assim a chamada série natural dos números, sucessão ilimitada pois que a operação se pode repetir indefinidamente (1). 3. Fazemos assim corresponder a uma colecção de objectos um número. Como vimos, partindo dum objecto isolado e adicionando-lhe sucessivamente um objecto, podemos obter uma determinada colecção a que corres- ponde também um determinado número ; inversamente, dada uma colecção, podemos destacar um objecto e juntar-lhe sucessivamente todos os outros; diz-se que contamos os objectos. O resultado da contagem dos (1) Se considerarmos o número inteiro afastado da sua signifi- cação concreta, tomando-o assim apto para representar não só uma determinada colecção, mas outras, teremos o número abstracto, ele- mento da sucessão natural, enfim o número natural. PRIMEIRA PARTE 11 objectos duma colecção é pois o número que lhe corres- ponde. 4. Para contar teremos de seguir uma certa ordem; a noção de ordem, fundamental em matemática, está pois intimamente associada à definição de número inteiro (1). 5. A igualdade e desigualdade de números inteiros fundamenta-se na noção de correspondência de objectos. Se duas colecções são tais que a cada objecto duma cor- responde um objecto da outra e reciprocamente, diremos que os números que lhe atribuímos são iguais; as colec- ções têm o mesmo número de objectos. Caso contrário, são desiguais; se na primeira colecção há objectos que não têm correspondentes na segunda, diremos que aquela tem mais objectos que esta; o número correspondente à primeira é maior que o correspondente à segunda, ou êste é menor que aquele. Exprime-se que dois números, representados pelas (l) Na série natural: um, dois, três, quatro, cinco, seis ..• o número quatro (cardinal) é o quarto (ordinal), figura em quarto lugar; o número cinco é o quinto, etc. Os números naturais podem assim ser considerados no sentido colectivo (cardinal), e no sentido ordinal- tendo em vista o lugar que ocupam na série natural- (sentido local). Esta libertação da pluralidade representa mais uma abstracção, por assim dizer uma primeira extensão da ideia de número. Para determinar o número correspondente a um grupo, bastará então comparar êste com a sucessão natural, isto é, contá-lo; pode interessar-nos muitas vezes o número cardin.al, mas êste exprime-se segundo o modo ordinal. 12 ARITMÉTICA RACIONAL {etras a e b (ou mais simplesmente os números a e b) são iguais, pela relação (igualdade} a= b (1) Se os números são desiguais- a maior que b, ou ó menor que a- escreveremos as desigualdades a > b ou b < a (2) Numeração 6. Consiste a numeração no estabelecimento de símbolos e convenções que facilitem à inteligência a con- preensão e percepção dos números, permitindo a sua fácil leitura e escrita (3). Exporemos por agora o sistema de numeração cha- mado decimal. A numeração diz-se escrita ou falada conforme as regras que a estabelecem se destinam a escrever ou pro- nunciar um número dado. (I) O sinal =, exprimindo igualdade, foi proposto pelo inglês Robert Recorde em 1557 na sua Álgebra The Whetstone oj Wite. Anteriormente empregavam-se para êste fim palavras como aequales, nequantur, jaciunt e também a forma abreviada aeq. (2) Os sinais de desigualdade (> e <) aparecem pela primeira vez no livro Artis Analyticae Praxis do inglês Thomas Harriot, publi- cado em 1631. (3) É evidente a necessidade da numeração, dada a impossibili- dade de se fixarem muitas palavras e símbolos para designar os dife- rentes números. PRIMEIRA PARTE 13 Conhecemos já a significação dos números zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove. Se juntar- mos um, unidade de ordem zero, ou simplesmente a unidade a nove, obtemos um número a que chamaremos dez, uma dezena, ou uma unidade de primeira ordem; â um grupo de dez dezenas chamaremos cem, uma centena ou uma unidade de segunda ordem; um grupo de dez centenas será um milhar ou uma unidade de terceira ordem, e assim sucessivamente. Os números correspondentes a uma determinada colecção poderão pois exprimir-se simplesmente por números inferiores a dez (números dígitos), representando unidades de diferentes ordens. Ex.: Quatro milhares, trez centenas, duas dezenas e sete unidades. 7. Resta estabelecer as normas da numeração escrita. Em primeiro lugar representaremos os números zero, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove,, respectivamente pelos símbolos (algarismos) (1): o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 (1) O nome de algarismo deriva de AI karismi ou também Alhwarazmi, diferentes nomes por que foi conhecido Mohamed Ben Musa, matemático árabe, astrónomo e geógrafo do califa de Bagdad, AI mansur (813 a 833); foi autor da famosa obra Algebr W'al muqabalah (o que significa aproximadamente ampliações e igualdades) de cujo título nasceu o nome de Álgebra. De AI lmrismi deriva também algoritmo, actualmente significando processo geral de cálculo ou raciocínio, actividade operatória. 14 ARITMÉTICA RACIONAL Para escrever um número maior que nove, coloca- . remos os algarismos representativos das unidades de .diferentes ordens a seguir uns aos outros, sendo a sua posição regulada pela seguinteconvenção: Um algarismo representará unidades de ordem ime~ diatamente superior às representadas pelo que se lhe segue imediatamente à direita. Ex. : O número 845 representará: oito centenas, quatro dezenas e cinco unidades. O número 304 representará: três centenas e quatro unidades. Os algarismos 1 a 9 denominam-se significativos. Zero não é significativo; utiliza-se, no caso de ausência de algumas unidades, para marcar a posição relativa dos outros algarismos de modo a manter-se a convenção acima referida. 8. Chama-se decimal êste sistema de numeração (1), ou de base dez, porque as unidades de diferentes ordens representam dez unidades de ordem imediatamente infe- rior; (uma dezena tem dez unidades, uma centena tem dez dezenas, etc.), utilizando portanto dez algarismos (O a 9). (1) O sistema actual de numeração decimal tornou-se conhecido na Europa no século XII por intermédio dos Árabes. Estes trouxeram-no da Índia, não se podendo porém precisar a data em que neste país começou a ser usado ; contudo já o era em 662, pois a êle se refere, nesta data, o sábio árabe Severo Sabokht. O valor relativo dos algarismos conforme a sua posição, valor de posição, constituía já uma noção aplicada pelos babilónicos e pelos mayas da América Central; porém, a sua aplicação ao sistema decimal, com o emprêgo de nove algarismos e zero, veio da Índia. PRIMEIRA PARTE 15 9. A Aritmética (1) é a ctencia dos nlimeros, das suas operações e das suas propriedades. EXERCÍCIOS 1 - (Qual é o número total de algarismos necessários para nume- rar as primeiras 100 páginas dum livro? R. Números com 1 algarismo 9, donde 9 algarismos; 2 algarismos 90, 180 , 3 1, 3 Total . 192 2- Entre os algarismos considerados no exercício anterior, diga (quantos são iguais a 1 ? R. Algarismos iguais a 1 representando unidades 10 dezenas 10 centenas Total 21 Diga ainda, (quantos são os algarismos iguais a O, e os iguais a 2? 3- (Qual é o número total de algarismos necessários para numerar as primeiras 500 páginas dum livro? R. 1932. 4- <'.Quantos números há de 3 algarismos? R. 900. 5- <'.Quantos números há de 7 algarismos? R. 9.ooo.ooo. (1) De arithmos, em grego -número. CAPÍTULO II Adição 10. Dadas duas ou mais colecções de objectos, se as reünirmos numa só, diremos que o número que cor- responde a esta última é a soma dos números que corres- pondem às primeiras; a soma tem pois tantas unidades quantas as dos números que se somam ou adicionam. Chama-se adição a operação pela qual se obtém a soma de dois ou mais números; estes são os termos da opera- ção, a soma é o seu resultado. Os termos da adição cha- mam-se parcelas. A noção da adição está estreitamente ligada à noção de número inteiro: como se viu, partindo do número um e adicionando sucessivamente uma unidade, podem formar-se todos os números inteiros. 11. Propriedades da adição. a) A adição é uma operação uniforme, isto é, conduz a um único resultado bem determinado. Decorre imediatamente da definição. b) A adição é uma operação comutativa (1), o que (L) Designação introduzida por F. Servois (181.5). PRIMEIRA PARTE 17 quere dizer que o valor da soma não depende da ordem das parcelas. Também da definição se deduz imediata- mente que se obtém sempre a mesma colecção, e por-:- tanto o mesmo número, qualquer que seja a ordem seguida na junção das colecções que correspondem às* parcelas. Adicionando 3 a 4 obtém-se o mesmo resultado que adicionando 4 a 3; adicionando 8 a 7 e o resultado a 5, obtém-se o mesmo númeró que adicionando 5 a 8 e o resultado a 7. 3+4=4+3; (8 + 7) + 5 = (5 + 8) + 7 (I) ou simplesmente c) A adição é uma operação associativa (2), isto é, numa soma de muitas parcelas podemos substituir duas ou mais parcelas pela sua soma. Justifica-se esta proprie- dade pela definição e propriedade comutativa. a+ b + c+ d +e= a + (b + c + d} +e, (1) Os parêntesis indicam que se consideram efectuadas as opera- ções no seu interior; empregam-se curvos ( ), rectos [ ] e chavetas { } conforme é necessário. Os parêntesis rectos aparecem pela primeira vez na edição manuscrita da Álgebra de R. Bom bel li (1550); os curvos foram empregados por N. Tartaglia (General tratatto di numero e misure-1556), Clavius (1608), Girard (1629), etc. (2) Designação introduzida por W. R. Hamilton (1846). 2 18 ARITMÉTICA RACIONAL pois que a+b+c+d+e=b+c+d+e+a= = (b + c+ d) + e+ a= a+ (b + c+ d} + e d} O módulo da adição é zero. Chama-se módulo de uma operação um número, que, considerado como têrmo da operação, não tem influência no seu resultado. 12. Regra da adição. Consideremos os números 484 e 753, que desejamos adicionar. Pelas propriedades comutativa e associativa poderemos adicionar primeira- mente os algarismos que representam unidades da mesma ordem, e em seguida juntar os resultados. Na prática, colocam-se os números uns debaixo dos outros de modo que as unidades da mesma ordem fiquem na mesma coluna, e procede-se como ficou dito; para simplificar, quando a soma dos algarismos de certa ordem perfaz uma unidade de ordem superior ou um número maior, junta-se aquela unidade aos algarismos da mesma ordem 484 753 1237 13. Prova da adição. Chama-se prova de uma ope- ração uma outra operação,- que não convirá ser menos simples que a primeira,- e pela qual se pretende verificar PRIMEIRA PARTE 19 ------------------- ---------------~ a exactidão do seu resultado. Compreende-se que nunca poderá haver uma certeza absoluta em face dos resulta- dos concordantes da prova, pois esta se pode errar tam- bém j é contudo provável que assim não suceda. As pro- priedades comutativa e associativa podem utilizar-se para prova da adição. CAPITULO III Subtracção 14. Chama-se diferença entre dois números a e b um número a- b = r (1) (também denominado resto, excesso ou complemento) tal que (a-b) + b= a A operação que tem por fim determinar a diferença a- b tem o nome de subtracção; a é o diminuendo ou aditivo; b é o diminuidor ou subtractivo. Da definição resulta imediatamente que a subtracção resolve o seguinte problema: dada a soma de duas par- celas e uma delas, determinar a outra: diz-se que a subtracção é a operação inversa da adição. 15. Já vimos que por definição é a-b +b=a; (l) A mais antiga obra impressa onde se vêm os sinais + ou - (Behennde Vnnd hühsche Rechnug auf allen Kanffmanschafften) de Johann Widmann, data de 1489. PRIMEIRA PARTE 21 pois que (11 d) será o=b-b (14) donde, adicionando a a ambos os membros: ou 16. Propriedades da subtracção. a) É uma operação uniforme: deduz-se imediata- mente da definição, em vista da uniformidade da adição. b) Para subtrair uma soma de um número, podem subtrair-se sucessivamente do número tôdas as parcelas da soma. Terá de demonstrar-se a igualdade (o:) a- (b +c)= a- b- c Realmente, acrescentando a qualquer dos seus mem- bros b + c ou c + b, virá a- (b +c) + (b +c)= a a-b-c+c+b=a-b+b=a Lendo a igualdade (x) da direita para a esquerda, dir-se-á: Para subtrair de um número sucessivamente muitos números, pode subtrair-se a sua soma. 22 ARITMÉTICA RACIONAL c) O resto não se altera quando se adiciona ou subtrai ao diminuendo e ao diminuidor o mesmo número. Como a+ e--c= a será subtraindo b a ambos os membros e atendendo à alínea b) a- b =a+ c-c- b = (a+ c)- (b + c) d} Para subtrair uma diferença, pode juntar-se o diminuidor e subtrair o diminuendo, ou, se fôr possfvel, subtrair o diminuendo e juntar o diminuidor. Com efeito, pela alínea anterior, temos a-{b-c) =a+ c- (b -c+ c)......:. a+ c-b; se partirmos da igualdade e juntarmos c a ambos os membros vem, subtraindo b a-b+c+b-b=a+c-b ou PRIMEIRA PARTE 23 ------------------ e) Para adicionar uma diferença, pode adicionar-se o diminuendo e subtrair o diminuidor, ou, sendo possfvel, subtrair o diminuidor e adicionar o diminuendo: Com efeito, de (b-- c)+ c=bvem, juntando a a ambos os membros a+ (b-c} + c=a+b e subtraindo c a+ (b-c}= a +b-c Partindo agora da igualdade a-c+ c= a e, "juntando b a ambos os membros vem, subtraindo c a-c+b=a+b-c f) Para subtrair uma soma de outra soma pode subtrair-se, sendo possivel, cada parcela duma de cada parcela da outra, e somar as diferenças parciais. 24 ARITMÉTICA RACIONAL Com efeito pelas alíneas b) e c) (a+ b)- (c+ d) =a+ b- c- d =a- c+ b- d = =(a-cJ+(b-d). 17. Regra da subtracção. Considere-se a diferença de dois números quaisquer. Ex.: 847-395. Podemos escrever: 847-395 = 800 + 40 + 7 -(300 + 90 + .5)= = 700 + 140 + 7- (300 + 90--+- 5) = = (700- 300) + (140- 90) + (7- 5) 18. Prova da sublracção. Resulta imediatamente da definição: (a-b)+b=a; adicionando o resto ao diminuidor, deve obter-se o diminuendo. 19. Complemento aritmético. Chama -se comple- mento aritmético de um número a diferença entre êste número e a unidade decimal imediatamente superior. O complemento aritmético de 4830 será 10.000-4830 = 5170 Práticamente calcula-se o complemento aritmético, subtraindo o primeiro algarismo significativo da direita de dez e todos os outros de nove. Para efectuar a diferença a- b, pode juntar-se a a o complemento aritmético de b, e subtrair em seguida PRIMEIRA PARTE 25 ao total a unidade decimal utilizada para a determinação do complemento. Representando por 1011 a unidade deci- mal imediatamente superior a b a- b =a- 1011 + 1011 - b =a- 10!1 + (10 11 - b) = =[a+ (10 11 - b)] -1011 Ex.: 84- 7 + 197 - 30 = (84 + 3 + 197 + 70)- - 10 - 100 = 354 - 1 10 = 344 EXERCÍCIOS 6- Achar dois números inteiros consecutivos cuja soma é 8437 R. 4218, 4219. 8437 - 1 = 8436 1 -X 8436 = 42!8 2 7- Achar dois números consecutivos cuja soma é igual a 872. S-Achar 3 números tais que a soma ·dos 2 primeiros é igual a 32, a soma dos 2 últimos é 54 e a soma do 1.0 e do 3.0 é 46. R. a + b = 32 b + c= 54 a + c= 46 a+ b+ c- (a+ b)=c=66 -32 =34 a+b+c-(b+c)=a=66-54= 12 a+ b +c-(a+ c)= b = 66-46=20 26 ARITMÉTICA RACIONAL 9-Achar 3 números tais que a soma dos dois primeiros é igual a 55, a diferença dos mesmos é 25 e a diferença dos dois últimos é 5. R. 40, 15, 10. 1 O-- Calcular a expressão : 8-!3.5 - 23 + 8.f9 - 1528 + 30- 250 usando os complementos aritméticos. ll- Dados dois números a e b (a> b), i_ o que será necessário fazer para os tornar iguais, sem alterar a sua soma? R. Bastará juntar a b e subtrair a a a sua semi-diferença: a-b a-b b+----+a-- ---=a+b 2 2 12- Aplicar a propriedade do exercício anterior aos números. 74 e 14, 428 e 36. 13-Demonstrar que a soma de dois números, aumentada da sua diferença é o dôbro do maior. R. a+b+(a-b)=a+b-b+a=2xa. 14- Demonstrar que a soma de dois números diminuída da sua diferença é o dôbro do menor. 15- Dadas duas diferenças, iguais respectivamente a 16 e 13, achar todos os seus termos, sabendo que a soma dos diminuidores é 11, e que os diminuendos são iguais. R. a=a'=20 {/ -b =16 a'-b'=13 b=4 b1=7. CAPÍTULO IV Multiplicação 20. Considere-se uma soma de b parcelas iguais a a ata+a+a+a+a+ ........ =P A adição toma neste caso particular o nome de mul- tiplicação. Chama-se a P o produto, a a e b os factores; a é o multiplicando e b o multiplicador. O produto é uma soma de tantas parcelas iguais ao multiplicando quantas são as unidades do multiplicador; fo_rma-se do multiplicando como o multiplicador da unidade. P=aXb=a+a+a+ a+ a .... . b= 1+1+1+1+1 .... . 21. Produto de muitos factores. Produto de muitos factores é o resultado que se obtém multiplicando os (1) O sinal X foi utilizado em primeiro lugar por William Ough- tred no seu livro Clavis Matlzematicae em 1631. 28 ARITMÉTICA RACIONAL dois primeiros factores, a seguir multiplicando o resul- tado pelo terceiro, êste pelo quarto e assim sucessi- vamente. aXbXcXdXeX .... = [(aXb) X c)Xd]XeX .... 22. Propriedades de multiplicação. a) É uma operação uniforme: do mesmo modo que a adição. b) É uma operação distributiva em relação à adição e subtracção. ~+~X3=~+~+~+~+~+~= =(a+a+ a)+(b+b+bJ =aX3+ bX3 ~-~X3=~-~+~-~+~-~= =(a+a+.aJ+(b+b +- b)= aX3-bX3 "Para multiplicar uma soma (ou uma diferença) por um mímero pode multiplicar-se cada uma das pareelas da soma (ou cada têrmo da diferença) pelo número, e depois somar (ou subtrair) os resultados". "Inversamente, tendo uma soma ou diferença de produtos em que há am factor comum, pode pôr-se êsse ·factor em evidência, multiplicando-o pela soma ou dife- rença dos restantes,. c) É uma operação comutativa; o valor do produto não depende da ordem dos factores. 1) Produto de dois factores. aXb=(l + 1 + 1 + 1 + ... )Xb= =b +b+b +b+ ... =bXa PRIMEIRA PARTE 29 2) Produto de muitos factores. Num produto de 3 factores pode alterar-se a ordem dos dois últimos: 4X5X3=~+4+4+4+~X3= =4X3+4X3+4X3+4X3+4X3= = (4 X 3) X 5 = 4 X 3 X 5 Num produto de muitos factores pode alterar-se a ordem dos dois últimos, pois que pela definição aquele se pode reduzir sempre a um produto de 3 factores~ aXbXcx ... XnXpXq= = (a X b X c X ... X m) X p X q = P X p X q Da definição deduz-se imediatamente ser possível mudar a ordem dos dois primeiros factores ; final- mente de aXbXcXdX ... Xq=(aXbXcXd)>< ... Xq= -(aXbXdXc)X ... Xq= aXbXdXc ... Xq se reconhece a possibilidade de alterar a posição de dois quaisquer intermédios. Conclui-se pois que, por mudanças sucessivas, se pode alterar a ordem dos factores de qualquer maneira. NoTA- Segundo a definição de multiplificação, aos produtos aXl e axo não é possível atribuir qualquer significado:- o multi- plicador deverá ter pelo menos duas unidades. 30 ARITMÉTICA RACIONAL Convenciona-se, porém, que aXO=OXa=O+O j.-0+ ..... =0 a X 1 = 1 X a= 1 + 1 + 1 + ..... = a, o que implica a vantagem de se manter a propriedade comutativa nos casos referidos. d} É uma operação associativa. Num produto de muitos factores pode substituir-se um número qualquer deles pelo seu produto efectuado. Pela propriedade comutativa podem considerar-se como os primeiros quaisquer factores do produto; nesta conformidade deduz-se a propriedade associativa imedia- tamente da definição de produto: aXbXcXdXe=bXcXdXaXe= = (b>(c)< d} X aXe=aX(bXcXd}Xe e) O módulo da multiplicação é a unidade: aXbX1=aXb 23. Definição. Chama-se múltiplo dum número o seu produto por qualquer número inteiro. Deduz-se desta definição que 1) Um produto é múltiplo de qualquer dos seus factores. 2) Um número é múltiplo de si mesmo: a X 1 =a. 3) Zero é múltiplo de qualquer número: a X O= O. 24. justificação da regra da multiplicação. PRIMEIRA PARTE 31 /. 0 caso. O multiplicando e o multiplicador são algarismos. A operação faz-se mentalmente. 2.0 caso. O multiplicando tem mais de um alga- rismo, e o multiplicador tem somente um. Aplica-se a propriedade distributiva. Exemplo: 7538 X 5 = (7000 + 400 + 30 + 8) X 5 = = 7000 X 5 + 400 X 5 + 30 X 5 + 8 X 5 Pràticamente associa-se a multiplicação à adição. 3.0 caso. O multiplicando e o multiplicador têm ambos mais de um algarismo. Aplica-se igualmente a propriedade distributiva, ficando-se reduzido ao 2.0 caso. 8438 X 524 = 8437 X (500 + 20 + 4) = = 8437X 500 + 8437X20 + 8437X4 As parcelas desta soma são os produtos parciais. CAPÍTULO V Divisão 25. A divisão procura resolver o seguinte problema: Dados dois números a e b (a:::; b) determinar um número q, que, multiplicado por b, conduza a um resul- tado igual a a. Nem sempre se encontra um número q que satisfaça à questão. No caso de possibilidade dizemos que a divi- são é exacta ou simples e escreveremos : a: b= q; (1) a é o dividendo, b o divisor e q o quociente. 26. Da definição resulta imediatamente: a=bXq, isto é, a divisão exacta tem por objectivo: dados um pro- duto de dois factores e um deles, determinar o outro. (1) O sinal : como símbolode divisão, foi usado pela primeira vez por Leibnitz em Acta Eruditorum, 1684. É utilizado também o sinal -;. que foi introduzido por Johann Heinrich Rahn na sua Teutsche Algebra (1659). PRIMEIRA PARTE :n O dividendo, que será assim múltiplo do divisor e do quociente, diz-se também divisível por qualquer deles. Resulta ainda da definição que a divisão exacta é a operação inversa da multiplicação e portanto uniforme. 27. No caso de impossibilidade da resolução do problema atrás referido diz-se que a divisão de a por b não é exacta. O seu fim é então determinar dois núme- ros q e r (quociente e resto) tais que: a= b >~ q +r sendo r< b. A divisão não é já simples; tem dois resultados, embora perfeitamente determinados. Procura-se agora o maior número que, multiplicado pelo divisor, conduz a um resultado inferior ao dividendo. 28. Casos particulares da divisão. 1) a : 1 =a 2) O: a=O 3) a : O sendo aXI=a O X a= O a+O. Não tem êste último quociente qualquer significado, para números finitos, pois não é possível obter um número, que, multiplicado por zero, conduza a um produto dife- rente de zero; representa um símbolo de impossibilidade. 4) O:O=a ou b, ou c ... aXO=O, bXO=O ... Representa qualquer número; constitui um símbolo de indeterminação. 3 34 ARITM.ÉTICA RACIONAL 29. Propriedades da divisão: 1) Para dividir uma soma (ou lll!W diferença) por um número pode dividir-se pelo mímero cada uma das parcelas da soma (ou cada têmlo da diferença) e a seguir somar (ou subtrair) os resultados. (Propriedade dis- trióativa). De facto deduz-se imediatamente: (a+ b):c= a:c+ b:c, atendende> a que: (a: c+ b:c)Xc= a: c X c+ b:cxc= a+ b 2) Multiplicando (ou dividindo) o dividendo e o divi- sor por um número, o quociente não se altera e o resto vem multiplicado (ou dividido) por êsse número. Da definição resulta: e multiplicando ambos os membros da igualdade por c aXc=0Xq+~Xc=bXqXc+rXc= =(bXc)Xq+r X c. 3) Um produto é divisível por qualquer dos seus factores. aXbXcXd=(aXb c)Xd. PRIMEIRA PARTE 35 4) Se um factor de um produto é divisível por um número, o produto é divisível por êsse número. Seja P=aXbXc e C=dXq; virá P= a X b X dX q= (a X bX d)X,q. 5) Não se altera o resto da divisão quando se adi- ciona (ou subtrat) ao dividendo um múltiplo do divisor. Com efeito, adicionando a ambos os membros da igualdade o múltiplo do divisor b :::<c, vem: 6) Para dividir um número por um produto de muitos factores, pode efectuar-se a divisão sucessivamente por cada um dos factores. De deduz-se N: (aXbXc)= q N =a X b X c X q e sucessivamente N: a=bXcXq N: a: b=cXq N: a : b : c=q NoTA- A divisão não é uma operação comutativa, Não é também associativa: N: a: b é igual a N:(aXb) e portanto diferente de N: (a: b). ARITMÉTICA RACIONAL 30. justificação da regra da divisão. O quociente poderá obter-se de dois modos: 1) Subtraindo sucessivamente o divisor do divi- dendo até se encontrar um resto menor que o divisor; êste resto será também o resto da divisão e o número de subtracções possíveis representará o quociente. 2) Multiplicando o divisor pelos números inteiros (2, 3, 4 ... ) até se obter um produto maior que o divi- dendo. O penúltimo multiplicador será o quociente; o resto obtém-se subtraindo do dividendo o produto do divisor pelo quociente. Na prática aplica-se com facilidade o segundo modo quando o quociente tem um só algarismo ; se o quociente tem mais de um algarismo, qualquer dos processos indi- cados seria trabalhoso se fôsse aplicado isoladamente. Adopta-se então uma combinação dos dois, cuja justifi- ,cação decorre imediatamente do exemplo que segue: 5782:21 5782 = 57 X 100 + 82 = (2 X 21 + 15) X 100 + 82 = = 2 X 21 X 100 + 15 X 100 + 82 = 200 X 21 + 1582 5782: 21 = (200 X 21 + 1582): 21 = = 200 X 21 : 21 + 1582: 21 = 200 + 1582: 21. O quociente tem um certo número de centenas, sendo 2 o seu primeiro algarismo. Para se obter os outros algarismos do quociente vai efectuar-se a divisão: 1582: 21, sendo 1582 = 5782-200 X 21 1.0 dividendo parcial. PRIMEIRA PARTE ---- Do mesmo modo como anteriormente, temos : 1582 = 158 X 10 + 2 = (7 X 21 + 11) X 1 O + 2 = = 7 X 21 X 10 + 11 X 10 + 2 = 70X 21 + 112 1582:21 = (70X21 + 112):21 = 70+ 112:21 37 Será 7 o algarismo das dezenas do quociente; o algarismo das unidades obtém-se efectuando a divisão sendo 112= 1582-70X21 2. 0 dividendo parcial; teremos 112=5X21+7 e finalmente 5782 = 200 X 21 + 70 X 21 + 5 X 21 + 7 = = (200 + 70 + 5)X21 + 7 = 275><21 + 7. 31. Prova da divisão. Utiliza-se só a multiplicação, ou a multiplicação combinada com a adição, conforme a divisão é exacta ou não, o que decorre imediatamente da definição. Inversamente a divisão pode ser utilizada na prova da multiplicação. Para a prova da multiplicação são também utilizadas as propriedades comutativa e asso- ciativa. 38 ARITMÉTICA RACIONAL EXERCfCIOS 16- Achar um número, que, adicionado ao seu produto por 8, dá nm resultado igual a 54. R. a+ax8=54 ax9=54 ax(l + 8) =54 a=54:9=6 17- Calcular dois números cuja soma é igual a 375, e o quociente da sua divisão 14. R. a=350 b=25. 18- Calcular dois números cuja diferença é 508, sendo o maior igna! a 5 vezes o menor. R. a=635 b=127. 19- Mllltiplicar 21 por 5, 25 e 125, efectuando divisões respecti- vamente por 2, 4 e 8. R. 2Ix5=2lxl0:2=210:2=105 21 X 25 = 21 X 100: -l = 2100: 4 = 525 21 X 125 = 21 X 1000: 8 = 21000: 8 = 2625 20 -- Dividjr 9250 por 5, 25 e 125, efectuando multiplicações res- pectivamente por 2, 4 e 8. 21 - Calcular o produto 834 X 599, fazendo uma multiplicação de !lm só algarismo. 834 X 599 = 834 X (600- 1) = 834 X 600- 834 22 - Como no exercício anterior, calcular o produto 5432 X 9999. 23 - t Qual é o maior número que pode juntar-se ao dividendo sem que se altere o quociente? R. d-r-·- 1. 24 --Em qualquer divisão o resto é sempre menor que metade do dividendo. R. D=dxq+r PRIMEIRA PARTE 39 No caso mais desfavorável de ser q = 1 virá Como d é sempre maior que r, resulta [) > 2 r Oll 25- (Quais são os números, que, divididos por 25, dão um quo- ciente igual no resto? R. São os números iguais a 26 X 11, sendo n qualquer nümero menor que 2.5. Generalizar para qualquer divisor. CAPÍTULO VI Potenciação 32. Chama-se potência a um produto de factores iguais. A operação pela qual se determina o valor duma potência- potenciação- constitui pois um caso particu- lar da multiplicação. O factor que se repete toma o nome de base da potência, e o número de factores iguais chama-se expoente ou grau. Para indicar o produto de n factores iguais a a (a potência n de a, ou ainda a elevado à potência n), usa-se a notação : an (1) a11 = axaxa . .. (n vezes) A segunda potência tem a denominação particular de quadrado; à terceira potência chama -se também cubo. (1) Esta notação para designar potências, é devida a Descartes que a empregou no seu livro La Géométrie, 1637. PRIMEIRA PARTE 41 Cálculo das potências Teorema 33. O produto de potências da mesma base é U!ll(l potência da mesma base cujo expoente é a soma dos expoel?tes. p vezes q vezes aPXaq =(aXaXaX ..... )X(aXaxax ..... ) = (p + q vezes) =aXaXaX .... =aP+Q Teorema 34. A potência de outra potência tem a mesma base, e o expoente igual ao produto dos expoentes. q vezes q vezes ( aP )q = aP X aP X aP X .... = aP + P + P + ... = aP x q Teorema 35. O produto de potências do mesmo expoente é uma potência do mesmo expoente, cuja base é o produto das bases, ou inversamente, a potência de um produto é igual ao produto das potências dos factores. p vezes p vezes aP X bP =(a X a X a X ... ) X (b X b X b X ... ) = p vezes =(a X b) (a X b) X (a X b) X .... =(a X b) P 42 ARITMÉTICA RACIONAL Teorema 36. O quociente de potências da mesma base é uma potência da mesma base cujo expoente é a diferença dosexpoentes. Pois que a P - q X aq = aP - cí + q = aP deduz-se Teorema 37. O quociente de potências do mesmo expoente é uma potência do mesmo expoente cuja base é o quociente das bases, ou inversamente, a potência de um quociente é igual ao quociente das potências dos seus termos (dividendo e divisor). Pois que deduz-se: 38. Casos particulares. A definição de potência exige que o expoente tenha o mínimo de 2 unidades; dêste modo não têm significação : e PRIMEIRA PARTE 43 Por definição atribuímos-lhes os valores : o que se justifica, pois : aPXa=aP+I=aPXal aP:aP=l=aP-P=ao. Considera-se portanto um número como a primeira potência de si mesmo, e a potência zero de qualquer número sempre igual à unidade. CAPÍTULO VII Radiciação 39. A radiciação ou extracção de raízes é a ope- ração inversa da potenciação. Pretende resolver o seguinte problema: Dados um número A e um iuímero n, determinar outro número, a, que, elevado à potência n, reproduza o número A. a11 =A Chama-se a a raiz de indice n de A, designando-a pela notação ll a={A O sinal V- (1) denomina-se radical; A é o radicando. 40. O problema acima exposto não é sempre possível. (1) O sinal 1;- foi introduzido no cálculo no século XVI; repre- senta provàvelmente a transformação de r, a primeira letra de raiz (lat. radix). PRIMEIRA PARTE 4.5 No caso afirmativo diremos que: ll a={A é uma raiz exacta, ou que o número A admite uma rai;;:' exacta. Em geral, porém, um dado número A nào tem raiz exacta. Neste caso o objectivo de radiciaçào será : "Determinar o maior número a, que, elevado à potên- cia n, conduza a um resultado inferior a A". Chamar-se-á agora a a a raiz inteira de índice n, ou a raiz de índice n com a aproximação de uma unidade. Será e (a+ 1) 11 >A A diferença A- a 11 =r chama-se o resto da operaçao. De definição decorre imediatamente que ll ll JT= 1 {0=0 Raiz quadrada. Regra para a extracção da raiz quadrada inteira 41. A raiz de índice 2 tem o nome particular de raiz quadrada. É o caso que iremos estudar em especial, justificando a regra prática da operação, conhecida da Aritmética elementar. Os números com raiz quadrada exacta chamam-se quadrados perfeitos; estes números são, até 100; o 1 4 9 16 25 36 49 64 81 100; 46 ARITMÉTICA RACIONAL as suas raízes são respectivamente o 1 2 3 4 5 6 1 8 9 10. 42. A raiz quadrada inteira de um número A, ou a raiz quadrada do maior quadrado contido A, será definida pela dupla desigualdade 43. Se um número dado é inferior a 100, o cálculo da sua raiz quadrada inteira é por assim dizer imediato, tão fácil é a fixação dos quadrados perfeitos atrás indicados. Para o caso de um número superior a 100, o esta- belecimento da regra para a determinação da sua raiz quadrada necessita do estabelecimento de algumas pro- posições. Atenda-se em primeiro lugar a que, pela aplicação da propriedade distributiva da multiplicação, se deduz: (a+ b)2 = (a+ b)X (a+ b)= a2 + 2X aXb + b2• Teorema 44. A diferença dos quadrados de dois números inteiros consecutivos obtém-se adicionando uma unidade ao dôbro do menor. Com efeito donde PRIMEIRA PARTE 47 Se a representa a raiz quadrada inteira de A, decorre imediatamente que o resto da operação A - a2 < (a + 1)2 -- a2 não pode exceder 2 X a, isto é, o dôbro da raiz inteira. Teorema 45. O número de dezenas do raiz quadrada inteira do nlÍmero A é igual à raiz quadrada inteira das cente- nas de A. Designando por C, D e U respectivamente os núme- ros das centenas, dezenas e unidades de A, teremos A= CX IOO+DXIO+ U Representemos por d a raiz quadrada inteira de C. Será donde d2 X 1 02 ;: C X I 00 < (d + 1 )2 X 102 ou (dX10)2 ~CX100<f(d+ l)X10)2. Atendendo a que a diferença entre os membros extremos desta dupla desigualdade nunca será inferior a uma centena, esta ainda se manterá se adicionarmos a CX 100 o número DX 10 + U. Logo dX 10)2 ~CX 100+ DX 10 + U<[(d +I) X 10]~ 48 ARITMÉTICA RACIONAL ou (d X 10)~~ A< [(d +I) X 10)2, o que indica ter a raiz inteira de A, d dezenas. Teorema 46. Subtraindo a um dado número o quadrado das dezenas da sua raiz quadrada, o quociente da divisão do resto pelo dôbro das dezenas da raiz, representa o alga- rismo das unidades da raiz ou um número maior, isto é, representa o limite superior das unidades da raiz. Designe-se por A o número dado, d o número das dezenas da sua raiz quadrada, u o algarismo das unida- des da dita raiz e r o resto de radiciação. Teremos A=(dX tü+u)2 +r .d2 X lü2+2XdX 10Xu+u2 +r; donde O quociente da divisão nunca é, evidentemente, menor que u. Êste quociente não se altera, se, em lugar de dividir- mos o resto A- (d X 10)2 pelo dôbro das dezenas da raiz, dividirmos, o que sempre será mais simples, o número das dezenas do resto pelo dôbro do número das dezenas da raiz. PRIMEIRA PARTE 49 Teorema 47. Determinado o limite superior do algarismo das unidades da raiz quadrada, o verdadeiro valor u dêste algarismo será o maior ntimero (inferior ou igual ao limite) que satisfaz à relação: vem (2Xd X 10 +a) X u~ A-(dX 10)2 Com efeito, de A -(d/~ 10)~ = 2>< d X lO X a+ u2 +r= =(2><dX 10 + u) u +r, [A- (dX 10)2] -(2 X dX 10 + u) X a= r, subtracção, que só será possível se o diminuidor fôr menor ou igual ao diminuendo. Resta provar que a deve ser o maior algarismo que satisf~z à relação indicada. De facto, se assim não fôr, vê-se imediatamente que r excederá o dôbro da raiz (44.). Visto que se deseja determinar um algarismo, se o limite superior encontrado fôr maior que 9, conside- rar-se-á desde logo 9 como novo limite. 48. É fácil agora a justificação da regra da extrac- ção da raiz quadrada de qualquer número dado A. Pois que o número das dezenas da raiz quadrada de A é a raiz do número A' das suas centenas, haverá que calcular a raiz quadrada de um número A' com menos dois alga- <~ 50 ARITMÉTICA RACIONAL ----- ris mos que A; para a determinação do número das deze- nas da raiz de A' haverá igualmente que calcular a raiz do número A" das suas centenas ; A'' terá já menos dois algarismos que A', e menos quatro que A. Prosseguindo o raciocínio, compreende-se que se obteria um número só com um ou dois algarismos, número cuja raiz se pode calcular mentalmente. Assim se explica a divisão do número dado em classes de 2 algarismos a partir da direita. A raiz inteira (um algarismo) da primeira classe (a da esquerda) representará as dezenas da raiz do número formado pelas primeira e segunda classes. Subtraia-se dêste número o quadrado das dezenas (ou o que é idên- tico, subtraia-se da primeira classe o quadrado do alga- rismo das dezenas, e escreva-se à direita do resto a segunda classe), e divida-se o número das dezenas dêste resto pelo dôbro do número das dezenas da raiz; obter- -se-á assim o lirnite superior do algarismo das unidades. Verificado êste algarismo pela relação (2 X d X 10 + u) X u < A- (d X 10)2, subtraia-se o produto (2 X d X 10 + u) >< u do resto acima referido (cujas dezenas serviram de dividendo para a determinação do limite superior de u). Se o número dado não tivesse mais de quatro alga- rismos, estaria a operação concluída ; eram conhecidos os algarismos das dezenas e das unidades da raiz, e o resto da operação: r = A - (d >< 10 + u)2 = = A-(dX 10)2 -(2X dX 10 + u)Xu. PRIMEIRA PARTE 51 -------- Suponhamos porém que o número dado tem mais de quatro algarismos. A raiz achada do número formado pelas duas primeiras classes, indicará agora as dezenas de raiz do número constituído pela primeira, segunda e terceira classes. A diferença entre êste número e o , quadrado das dezenas da raiz obter-se-á simplesmente escrevendo a terceira classe à direita do resto r= A- (dX 10 + a)2 atrás referido (A o número formado pelas duas primei- ras classes). Dividem-se as dezenas do número assim obtido pelo dôbro da raiz achada (as dezenas da raiz donúmero dado), obtendo-se assim o limite superior do algarismo das unidades. Verifica-se êste algarismo, etc., etc. Dar-se-á um exemplo para melhor ilustrar a aplica- ção da regra. 7 4. 39. 85 11...,..8_6_2-:--- 64 166 1722 103.9 6 2 99 6 996 3444 4 38.5 3 44 4 94 1 103~ 7 6 438 1 112 94 2 A raiz quadrada inteira de 7 43985 é 862; o resto é 941. 52 ARITMÉTICA RACIONAL EXERCiCIOS 26-lndicar o algarismo das unidades de 3964H e o de 85"2. R. 6 e 5. 27- O cubo da soma de dois números é igual ao cubo do pri- meiro, mais três vezes o produto do primeiro pelo quadrado do segundo, mais três vezes o produto do segundo pelo quadrado do primeiro, mais o cubo do segundo. 28- Calcular dois números inteiros consecutivos sendo a. diferença dos seus quadrados: 647. R. 647 = 2 x n+ 1 (45.) 323 e 324. 29-Calcular dois números sendo a sua diferença 31 e a diferença dos seus quadrados 5983. R. a-b=31 a2-b2=(a-b) (a+ b)=5983 a+ b=5983.;-31 = 193 2 X a= 224 a= 112 2Xb=l62 b=81 30- Calcular dois números, sendo a sua soma 16 e a diferença dos seus quadrados 32. R. a=9 b=1. 31- Calcular a raiz quadrada dos números: 8457, 319, 51472, 104976 32- Calcular dois números inteiros consecutivos cujo produto é 674862. R. 821 e 822. 33-A diferença dos quadrados de dois números é igual ao qua- drado da diferença dos números mais duas vezes o produto desta diferença pelo número menor. PRIMEIRA PARTE 53 ------------- R. Seja a o número menor; o maior será a +c, e c a sua diferença. 34- Qualquer múltiplo de 4 é a diferença de dois quadrados. R. (n+ l)2-(n-1)2=n2+2xn+ 1-n2+2xn-l =4xn.' 35-A soma dum número n2 e da sua raiz quadrada 11 é 2970; qual é número? R. n2 = 2816 n =54. CAPÍTULO VIII Sistemas de numeração 49. Na numeração decimal, como se disse (8.), cada unidade representa dez unidades de ordem imediata- mente inferior. Assim temos que 1 dezena vale 10 unidades 1 centena 11 1 milhar 11 10 dezenas ou 100 unidades 10 centenas ou 1000 unidades ou ainda 1 unidade 1 " 1 " de 1.a ordem= 10 unidades simples ou de ordem zero " = 102 unidades simples " = 103 unidades simples isto é, as unidades decimais das diferentes ordens repre- sentam potências de 10, quer dizer, da base da mime- ração. PRIMEIRA PARTE 55 50. fácil será em qualquer número pôr em evi· dência a relação entre as suas unidades. Ex.: seja o nümero 4527 4527 = 4000 + 500 + 20 + 7 = = 4 >< 1000 + 5 X 100 + 2 >< 1 O + 7 = = 4 X 103 + 5 X 102 + 2 X 1 O + 7 Seja ainda o número 307 307 = 300 + 7 = 3 X 100 + O X 1 O + 7 = = 3 X 102 + O X 10 + 7. Um dado número pode pois sempre decompor-se numa soma de produtos dos seus algarismos (números inferiores à base) por potências sucessivas da base 10. 51. As considerações que acabamos de expor e a generalização dos princípios que presidiram à numeração escrita- valor de posição e emprêgo do zero- (7.), per- mitem-nos estabelecer sistemas de numeração com base di-ferente de 1 O. 52. Num sistema de base oito, por exemplo, uma unidade da primeira ordem valerá oito unidades simples, uma unidade da segunda ordem valerá oito unidades de primeira ordem, etc.; as unidades das diferentes ordens serão agora as potências de oito. Um número qualquer 347 56 ARITMÉTICA RACIONAL suposto escrito num sistema de base oito, poderá pois decompor-se da forma seguinte: Se desejássemos saber a sua significação no sistema decimal bastaria efectuar as operações indicadas . 192 + 32 + 7 = 231 No sistema de base oito haveria st'>mente oito alga- rismos o, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 53. Podemos considerar também um sistema de base maior que 10, por exemplo 14. Seria agora neces- sário introduzir mais alguns algarismos a corresponder aos números 10, 11, 12 e 13; representemo-los respecti- vamente pelas letras a, b, c e d. Assim o número 8 a 3 c (base 14) decompor-se-ia da forma seguinte: 8 X 14 8 + a X 142 + 3 X 14 + c= = 8 X 143 + 10 X 14~ + 3 X 14-+ 12 (1) Mais rigorosamente pois o algarismo 8 (que não poderá existir) se representará por lO PRIMEIRA PARTE 57 Se efectuarmos as operações indicadas, obtemos 23966 que representa o número dado escrito no sistema decimaL 54. Vimos como fàciimente se obtém a represen- tação no sistema decimal de um número escrito em qualquer sistema; estudemos agora o problema inverso. Seja o número 863 (base dez) que se pretende representar num sistema de base 5. Haverá que pôr em evidência as unidades de' dife- rentes ordens (potências da base 5), o que se consegue por divisões sucessivas por 5. Teremos assim: 863 5 ::......,..,...-- 36 172 -+ unidades de La ordem 13 3 112 1 5 22 ~3...,.4_-+_ unidades de 2.a ordem 2 34j_5_ 4 6 -+ unidades de 3.a ordem 6l2_ 1 1 -+ unidades de 4.a ordem .58 ARITMÉTICA RACIONAL donde 863 = 172 X 5 + 4 34=6X5+4 e finalmente 863 = (34 X 5 + 2) X 5 + 3 = = 34 ><52 + 2 X 5 + 3 = 172=34X5+2 6=1X5+1 = (6 X 5 + 4) X 52 + 2 X 5 + 3 = = 6 X 53 + 4 X 52 + 2 X 5 + 3 = =(1 X5 + 1)X53 + 4X52 + 2X5+ 3= =1X~+1X9+4X~+2X5+3 O número 863 corresponde pois no sistema de base 5 a 11423 55. Procuremos agora representar no sistema de base 12, o número 1592 (base dez) Procedendo como no número anterior, e fazendo a= 10 e b = 11, teremos 1592112 39 ""'i3'2 32 8 132~ 12 11 o 1592 = 132 X 12 + 8 132 = 11 X 12 + O 1592= (11X12 +O)X12+8=11 Xl22 tOX12t8 PRIMEIRA PARTE 59 Obtém-se assim no sistema de base 12 o número b08 Antigos sistemas de numeração 56. Todos os povos civilizados, desde a mais remota antiguidade, tinham a sua maneira de representar os números, mas o processo não apresentava a simplicidade da nossa actual numeração decimal, não se prestando ao cálculo. Mencionaremos alguns dêstes sistemas primitivos. De um modo geral os números eram representados por determinados símbolos (muitas vezes as letras do alfabeto) que se repetiam ou combinavam de certa forma. Em quási todos se dava especial relêvo aos números 5, 10 e 20, talvez por corresponderem aos dedos das mãos e pés. 57. Caldeus.- Na Babilónia usava-se um sistema sexagessimal combinado por vezes com um sistema decimal. Era conhecido o valor de posição, mas não o zero. Indicam-se alguns sinais cuneiformes repre- sentativos de números : y ~=lO y>- = 100 58. Egipcios.-Os egípcios empregavam um sistema de base 10; parece, porém, notar-se vestígios de sistemas de bases 5, 12, 20 e 60. A escrita dos números apresenta as três formas- hieroglífica, hierática e demótica -- sucessivamente mais simplificadas. Damos a seguir um 60 ARITMÉTICA RACIONAL quadro organizado por Kurt Seth (l) com indicação de alguns dêstes sím- bolos nas três escritas : U 11/JJ A .I),{ S .DlZli'/AS CDYTf!MS MllJitf!l[S 1 a I J ono 1« 'l o::~ _..., '""t o;:1 '/( ,.. F- l!!L ) ~~· ~ is lr~ero;l. Acrescentaremos ainda alguns sinais hieroglíficos: D _ 1o.ooo ~ = 100.000 ~ - 1.000.000 Q = 10.000.000 (1) Kurt Seth- Von Zahlen und Zahlworten bei den alten Agyptern. PRIMEIRA PARTE 61 59. Fenícios, hebreus, gregos e romanos.- Com excepção dos primeiros, todos estes povos usavam para designar os números, letras do alfabeto; utilizavam também um sistema decimal. Indicamos alguns dêstes símbolos. Hebreus (respectivamente nas formas samaritana, hebraica e rabínica): 2 3 4 5 6 7 8 9 lO Jr. "' 'J ':!' ~ ~ ":3 ~ 19 m N :l .:1 i n ~ T n 't1 "' f,J ,. ~ .., r ' t p 11 ' Gregos: a.. f3 y J E { r 77 e L Romanos: 11 II! IV v VI VII vm IX X L=50 C= 100 D=500 l = 1.000 Os fenícios, apesar de serem os inventores do alfabeto, tinham sinais especiais para designar os números: i=l i1=2 111=3 ;:J, = 10 ...::fJI = 1.000 60. Mayas.~Os antigos Mayas possuíam, pelo menos no comêço da era cristã, um sistema de numeração muito interessante e completo, de base 20; a unidade de 2.a ordem valia, porém, 18 unidades de 1." ordem, o que se relacionava com o ano de 18x20=360 dias. Conheciam o valorde posição e empregavam o zero, que se represen- tava por um ôlho semi-cerrado. Damos a seguir alguns dos símbo1os usados: .. = 2 =4 5 -"-=6 -- ~ 13 18 ~=0 62 ARITMÉTICA RACIONAL 61. Índios e árabes. -Modernamente tem-se posto em dúvida, mas sem muito fundadas razões, que o nosso actual sistema decimal tivesse a sua origem na Índia. Mas o que pode de facto asseverar-se é que o sistema não nasceu perfeito, e sofreu uma evolução gradual até atingir nos fins do século XV a sua forma definitiva actual. Foram variadas também as formas dos símbolos. É num manuscrito conhecido pelo nome de Codex Vigilmms (976) que apareceram na Europa (Espanha sob o domínio árabe) os primeiros algarismos: I 1 8 Em alguns documentos posteriores já surgem modificados, e sàmente na Aritmética Bamberg (1489) e no livro De Arte Supputandi de Tomstall (1522) êles se escrevem na forma definitiva: 5 7 8 lo NOTA-- Tem-se imaginado hipóteses fantasistas sôbre a origem dos algarismos. A título de curiosidade mencionaremos algumas. 1) Derivados da figura (B 1'\,~4~171~'10 2) Derivados da figura tEJ IZ:ILf..íÃ7XYD EXERCÍCIOS 36- Escrever na numeração decimal os seguintes números: 341 (base 5) 181 ( » 9) 233 ( , 4) 10011 ( » 2) 814 ( » 14) R. 96, 1.54, 47, 9, 1586. PRIMEIRA PARTE 37 ---Escrever respectivDmente num sistema de bases 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, os números (base 10): 8, 1--l, 21, 40, 85, 428, 7.57, 1--!81, 54.5 R. 1000, 112, 111, 1.30, 221, 11.58, 1365, 2025, 4.56. 38-Como se escreve num sistema de base doze o número doze? R. 10. 39- Como se escreve em qualquer sistema a sua base? R. 10. 40 -Indique respectivamente em sistemas de base oito e onze, os números: 64 e 121 (base dez) R. 100, 100. 41 -~Em que sistema o número nove se escreve 100 = 102? R. No sistema de base três. 42 - Efectue no sistema de base cinco a adição 241 + 334. R. 241 334 1130 1 +--!=cinco (que se escreve 10) e vai l 1 + 4 + 3 = oito (que se escreve 13) e vai 1 1 + 2 + 3 =seis (que se escreve 11) Verifique a operação representando a soma e as parcelas no sistema decimal. 43- Efectue no sistema de base treze a adição a b 4 + 86 (dez= a, onze= b, doze== c) R. b 6 a. 64 ARITMÉTICA RACIONAL 44- Efectue no sistema de base oito, o produto 26xH 26 14 130 26 410 Verifique a operação representando o produto e os factores no sistema decimal. 45 --Efectue no sistema de base onze o produto 48x64 (dez= a) R. 280 a. SEGUNDA PARTE PROPRIEDADES DOS NÚMEROS INTEIROS CAPÍTULO I Oivisibilidade Teorema 62. A soma dos múltiplos de um mímero é um múltiplo dêsse mi.mero. Demonstra-se imediatamente o teorema pela consi- deração da propriedade distributiva da multiplicação. Se adoptarmos a notação a· para designar um múlti- plo qualquer a X n de a, aquela igualdade poderá escre- ver-se: a·+ a· +a·= a· O teorema poderá enunciar-se também da forma seguinte: Se as parcelas dama soma são divisíveis por um número, a soma será divisfpel por êsse mímero, ou ainda: Se um número é dil'isor (divide, é submúltiplo, é factor) de vários mímeros, é também divisor da sua soma. 66 ARITMÉTICA RACIONAL Teorema 63. A diferença de dois de um nlimero é também um múltiplo do número. Decorre igualmente da propriedade distributiva da multiplicação ou Corolários 64. I - O divisor de um m1mero sê-lo-á também de qualquer dos seus nuíltiplos, ou, o que é o mesmo: um número que divide um factor dum produto divide também o produto. II - Um número que divide o divisor e o resto divide igualmente o dividendo, porque D=d· +r m - mímero que divide a soma de duas parcelas e uma das parcelas, divide também a IV- Um número que divide o .~.~.v·uu:u divide também o resto. Teorema e o divisor 65. Dada uma soma de duas parcelas, se uma é divisível por um número, a soma e a outra parcela, didas por êsse mímero, dão restos iguais. SEGUNDA PARTE 67 Seja a soma dada e d um divisor da parcela a, a=d· Se designarmos por r o resto da divisão da outra parcela b por d, teremos : donde o que demonstra o teorema. Teorema 66. Se dividirmos muitos números pelo mesmo divisor: a) a soma dos números e a soma dos restos dividi- das por êsse divisor dão restos iguais; ~) o produto dos mímeros e o produto dos restos divididos por êsse divisor dão restos iguais. Sejam os números a, a' e a", que, divididos pelo mesmo divisor d, dão respectivamente os restos r, r' e r 11• Teremos: a=d·+r a'=d·+r' a"=d·+r" donde a+ a'+ a11 = d ·+r+ d ·+r'+ d · + r11 _;__ d · +(r+ r'+ r 11), o que demonstra a primeira parte do teorema. 68 ARITMÉTICA RACIONAL Teremos também axa'=(d' +r) (d'-l-r')= = d·X d ·+r X d' + d· X r'+ r X r'= = d"+(rXr'). ax a'Xa''=(d·+rXr')X(d·+r")=d· +(r xr'Xr~, o que demonstra a segunda parte. Critérios da divisibilidade 67. Baseia-se em alguns dos teoremas que acabá- mos de demonstrar a dedução das regras para o cálculo do resto duma divisão sem efectuar a operação. Para alguns divisores que iremos considerar, essas regras são extremamente simples, e fornecem-nos para o caso do resto nulo os respectivos critirios da divisibilidade. Divisor 10 e suas potências Teorema 68. O resto da divisão dum número por uma potên- cia de 1 O é o número formado por tantos dos seus alga- rismos, a partir da direita, quantas as unidades do expoente. Com efeito, atendendo às convepções da numeração e à definição de divisão, será para qualquer número: 84573= 8457 X 10 + 3= 845X 100 + 73 = = 84X 1000 + 573 =etc ... SEGUNDA PARTE 69 Corolário 69. Um número é divisível por uma potência de 10, se termina em tantos zeros quantas são as unidades do expoente. Divisores 2 e 5 Teorema 70. O resto da divisão de um número por 2 ou 5 é o mímero que se obtém dividindo por 2 ou 5 o algarismo das unidades. De facto, dado um número qualquer, por exemplo, 7849, será: 7849= 784 X 1ü+9=784X2X5 +9=2·+9=5·+9 Visto que uma das parcelas da soma é múltipla de 2 e de 5, o número e a outra parcela, divididos por 2 ou por 5, dão restos iguais. Corolário 71. Um número é divisível por 2 ou por 5 se o alga- rismo das unidades fôr também divisível por 2 ou por 5. Os números divisíveis por 2 chamam-se pares; ter- minam em O, 2, 4, 6, 8. Os números que não são pares denominam-se ímpares. Divisores 4, 25, 8 e 125 72. Por um raciocínio semelhante ao do caso ante- rior deduzir-se-á : 70 ARITMÉTICA RACIONAL O resto da divisão de um mlmero por 4 ou 25 obtém-se dividindo por 4 ou 25 o número formado pelos seus dois últimos algarismos da direita. O resto da divisão de um número por 8 ou 125 obtém-se dividindo por 8 ou 125 o número formado pelos três cUti- mos algarismos da direita. Decorrem imediatamente os critérios de divisibilidade. Divisores 9 e 3 Teorema 73. Uma potência de 10 é um múltiplo de g ou de 3 aumentado de uma unidade. Como qualquer potência de 1 O se pode formar juntando uma unidade a um número formado só de noves, teremos: 100 = 99 + 1 = 9 X 11 + 1 = 9 · + 1 = 3 · + 1 1000= ggg + 1 = 9X 111 + 1 =9·-j- 1=3·-j- 1 Teorema 74. Qualquer número é um múltiplo de 9 ou de 3 aumentado da soma dos seus algarismos. Com efeito, qualquer número, por exemplo 3847 pode (65.) decompor-se da forma seguinte: 3847=3X lOOO+SX I00+4X 10 + 7= =3X(9·+ 1) + 8X(9·+ 1) +4X(9·+ 1}+7= =9·+3+9•+8+9•+4 +7= = g. + (3 + 8 + 4 + 7) = 3. + (3 + 8 + 4 + 7) SEGUNDA PARTE 71 O número dado e a parcela (3 + 8 +- 4 + 7), dividi- dos por 9 ou por 3, dão restos iguais. O resto da divisão por 9 da soma dos algarismos poderá calcular-se ràpidamente (noves fora) subtraindo sucessivamente 9 ao mesmo tempo que se vão som::mdo , os algarismos. (29-V). Corolário 75. Um mímero i divisfvel por 3 ou por 9, se a soma dos seus algarismos fôr divisível por 3 ou por DIVISOR 11 Teorema 76. Uma potência de 10 é um nuUtiplo de 11 mais ou menos uma unidade, conforme o seu expoenteé respec- tivamente par ou ímpar. Com efeito: 10=11--1 102 = 100 = 99 + 1 = 9 X 11 + 1 = 11 · + 1 W:' = 1000 = 990 -i- 10 = 9 X 11 X 10 11 - 1 = = 11' +- 11-1 = 11'-1 104 = 10000 = 9900 + 99 + 1 = =11'+ 11•+ 1=11'-i-1 105 = 100000 = 99990 + 10 = =99000-!-990+ 10= =11'+11•+11-1= = 11'-1 72 AHITMÉTICA HACIONAL Teorema 77. O resto da divisão de um número por 11, obtém-se dividindo por 11 a diferença entre a soma dos algarismos de ordem fmpar a partir da direita e a soma dos restantes. Seja um número qualquer, por exemplo, 84726. Temos: 84726 = 8 X 10000 + 4 X 1000 7 ::..< 100 -f-2Xl0-+6= =8X(II·+l)-i-4X(ll·-1) l- -f-7X(ll'-f-1)+2X{ll-1) i-6=-= = 11·+ s + u·-4 + u· +- 7 + 11'-- 2 + 6 = 11. + (8 + 7 + 6) -- (4 + 2) Se a primeira soma fôr inferior à segunda, adicio- na-se-lhe 11 ou um múltiplo de 11. (29-V). Corolário 78. Um mímero é divisível por 11 se a diferença entre a soma dos seus algarismos de ordem ímpar a partir da direita e a soma dos restantes algarismos for divisível por 11. Provas dos 9 e dos 11 79. Aproveitando o cálculo fácil e rápido dos restos da divisão por alguns números, pode deduzir-se um processo também muito expedito para efectuar as provas das operações. SEGUNDA PARTE 80. O mecanismo das provas dos 9 e dos I 1 decorre imediatamente do teorema do n.0 66 se atendermos que a subtracção e a divisão são respectivamente as ope- rações inversas da adição e da multiplicação. Os divisores 9 e 11 são os utilizados nas provas porque no cálculo dos restos são interessados todos os' algarismos dos números. Apesar desta vantagem, as provas dos 9 e 11, se bem que simples, são mais falíveis que as já estudadas; estando certas, podem indicar que os resultados da operação são exactos, quando de facto podem estar errados, com algarismos muito diferentes. EXERCÍCIOS 46 ~-Verificar se os números 83-l, 225, -l78-!S2 e 1705 são divisí- veis por 2, :3, -l, 5, 9, 11 e 2.5. Dizer quais são os restos. 47 -~ (Quais são os números, que, divididos por .5, dão de resto 2? 48 -O resto da divisão dum número por ·t pode obter-se divi- dindo por -! a soma do algarismo das unidades com o dôbro do a!ga- risplo das dezenas. R 863 = 4" + 6:3 = 4c. + 6 X 10 + 3 ~=-!. + (i X (-l' + 2) + :3 = =-+' +6x-+' +6x2+3=-+· +Gx2+:3 49- O resto da divisão dum mimero por 6 pode obter-se divi- dindo por & a soma do algarismo das unidades com o quádruplo da soma de todos os outros. R. 587 = 5 X 100 + 8 X 10 + 7 = .5 X (6. + 4) + 8 X (6' + -!) + 7 = = 5 X 6' + .5 X 4 + 8 X 6. + 8 X -! + 7 = 6. + 4 X (.5 -\- 8) + 7 74 ARITMÉTICA RACIONAL 50-- Se r é o resto da divisão de a por d, am e r"l, divididos por d, dão restos ignais. 51- O quadrado dum número que não é divisível por 3 é um múltiplo de 3 mais uma unidade R. (3n + 1 )2 = 9n2 + 6n + l = 3 • + 1 (3n--1)2= 9n2-6n + 1 = 3 ·+I 52--- O quadrado dum número que não é divisível por 5 é um múltiplo de 5 mais ou menos uma unidade. 53-- Se um número a é múltiplo dum número b, mais 1, tôdas as potências de a serão múltiplos de ú, mais 1. an=(b·+l)n=ú·+l 54- A diferença entre dois números compostos dos mesmos alga- rismos é um múltiplo de 9. 55-- Se um número a não é divisível por 5, a4-- 1 é um mtíl- tiplo de .5. R. Do exercício 52, deduz-se donde ou a4--l=.5· CAPÍTULO II NÚMEROS PRIMOS 81. Um número diz~se primo se somente fôr divi~ sível por si e pela unidade. 2, 3, 5 I 7, 11 e muitos mais, são números primos. O número 1 está de certo modo incluído na definição; não se considera, porém, número primo, o que se justifica, entre outras razões, pela simplificação que resulta para o enunciado de alguns teoremas. Teorema · 82. Todo o número que não é primo admite um divisor primo. Com efeito, o menor dos divisores de um número é necessàriamente um número primo p; se não fôsse primo, admitiria um divisor que dividiria também o número dado. Não seria pois p o menor. Teorema 83. A sucessão dos números primos é ilimitada. Suponhamos que assim não era, e que havia um 76 ARITMÉTICA RACIONAL número primo p maior que todos os outros. formemos nesta conformidade a soma: A=2X3X5X ..... Xp+ 1 do produto de todos os números primos e da unidade. Êste número A admitirá um divisor primo p1, igual- mente divisor da parcela 2 X 3 X ..... X p por ser um dos seus factores; conclui-se (64 III) que p' deverá dividir a parcela J, o que é absurdo. IIá pois um m'lmero primo maior que p, e a suces- são é ilimitada. Teorema 84. Se um ntímero primo p não divide os factores de um produto, não divide também o produto. Seja o produto e sejam r e r' respectivamente os restos da divisão de a e de b por p. Como os produtos aXb e rXr', divididos por p, dão restos iguais, o teorema ficará demonstrado se se provar que o último produto rXr1 não é divisível por p, isto é: que o produto de dois mímeros menores que um mítnero primo p não é divisível por êste número. SEGUNDA PARTE 77 Suponhamos o contrário, e designemos por no menor dos números (inferiores a p), que, multiplicados por r ou r', por exemplo, r dão um resultado divisível por p. Teremos: nXr=p- Se dividirmos p por n, e designarmos por q e r1 o quociente e o resto da divisão, será p=nXq +r1 ou multiplicando por r r><p=rXnX.q+r ><r1 A soma r>< p e a parcela r X n ~< q são divisíveis por p, logo sê-lo-á também a pàrcela r X r1• Êste resul- tado é porém contr:írio à hipótese de ser n o menor dos números, que, multiplicados por r< p, formam pro- dutos divisíveis por p, em vista de ser r 1 < n. Conclui-se que não há números menores que p que satisfaçam à condição referida, pois seria absurdo supor que num grupo limitado não possa existir um número menor que todos os outros. Teorema 85. Se um número primo divide um produto, dividt: necessàriamente um dos factores. Com efeito, se um número primo p não dividisse nenhum dos factores do produto P=axbXc, não poderia (teorema anterior) dividir o produto. 78 ARITMÉTICA RACIONAL Corolários 86. I- Um número primo que divide um produto de factores primos é igual a um dêle.s. Decorre imediatamente do teorema, atendendo à definição de nttmero primo. H- Um mímero primo que divide uma potência divide a base. É evidente, pois, que uma potência é um produto de factores iguais à base. Teorema 87. Todo o número não primo é decomponfvel, de uma só maneira, num produto de factores primos. Seja A o número dado; como admite um divisor primo a, será A=aXq. Se q é primo, está o teorema demonstrado; não o sendo, tem um divisor primo b, e virá A=aXbXq' Continuando-se a raciocinar do mesmo modo, encon- trar-se-á necessàriamente um quociente q<n> primo; a não ser assim, resultaria que A seria igual a um produto dum número infinito de factores, o que é manifestamente absurdo. Esta decomposição é única. Suponhamos que não é, e sejam aXbXc><dX ..... Xq=a'Xb'Xc'Xd'X ..... Xq' SEGUNDA PARTE 79 dois produtos distintos de factores primos que represen- tam o número A. Como A tem o divisor a, êste número primo, divi- dindo o produto de factores primos a' X b'Xc' . ... X q', terá de ser igual a um deles; será, por exemplo, a= a', donde aXbXcXdX .... . ><q=aXb' c'Xd'X ..... Xq' ou, dividindo por a b :<cXd><... q=b'><c'Xd' ... Xq' Do mesmo modo, o divisor primo b do primeiro produto, dividindo o segundo, terá de ser igual a um dos seus factores, por exemplo a b', e será bXcXdX ... Xq=b><c'Xd' ... Xq' ou cXdX ... Xq=c'Xd'>< ... Xq' E assin1 sucessivamente se verificará que todos os factores do primeiro produto se contêm no segundo e vice-versa, isto é, que os produtos não são distintos. Como se compreende, alguns dos factores primos podem ser iguais. NoTA- Os números primos figuram pois como ele- mentos1 mímeros primeiros, cujo produto pode represen- 80 ARITMÉTICA RACIONAL tar qualquer número; resulta assim uma nova forma de determinação dos números, da suageração. E mais se justifica não se considerar a unidade como número primo, pois nada significaria na decomposição factorial por ser o módulo da multiplicação. 88. Para decompor um número em factores primos convém seguir uma certa ordem no ensaio dos diviso- res, começando naturalmente pelos menores: 2, 3, 5 ... É recomendável também a aplícação dos critérios de divisibilidade conhecidos a-fim-de não efectuar divi- sões escusadas. Teorema 89. Para que um número A seja diJiisivel por um número B, é necessário e suficiente que todos os factores primos de B se encontrem em A cada um, pelo menos, em mímero igual. A condição é necessária: porque sendo A divisível por B, ou A=B>< Q, sendo Q o quociente da divisão, é evidente que todos os factores primos de B existem em A. A condição é suficiente: dado o produto dos facto- res primos que constituem o número A, pelas proprie- dades comutativa e associativa da multiplicação, podem êles agrupar-se de modo a formar o produto B><.Q, o que mostra ser A divisível por B. SEGUNDA PARTE 81 Tábua de números primos 90. A formação dos números primos nào está sujeita a nenhuma lei, nem existe qualquer fórmula que os determine a todos. Podemos somente construir tábuas, mais ou menos extensas, em que os números primos aparecem por exclusão dos que o não são; é o processo já usado pelos antigos gregos, e conhecido pelo nome de Crivo de Eratostenes (1). Escrevem-se os números da série natural até ao limite fixado para a Tábua. Pondo de parte os números O e 1, começa-se por eliminar, a partir de 2, que é primo, todos os números de 2 em 2, isto é, os múltiplos de 2. Depois desta operação, e a partir do primeiro número não eliminado 3, que é primo, excluem-se todos os números de 3 em 3, isto é, os múltiplos de 3; a seguir excluem-se os múltiplos de 5, 7, etc. São números primos todos os não eliminados até ao final da Tábua. Verifica-se (o que facilita a construção das Tábuas) que, depois de eliminar os múltiplos do número primo n e de todos os anteriores, os números não eliminados e infr;:riores a n2 são primos. De facto não se poderia decompor qualquer número inferior a n2 num produto de factores primos, porque alguns dêstes teriam de ser inferiores a n, o que não é possível, em vista de todos os seus múltiplos já estarem excluídos. (1) Eratostenes- matemático, astrónomo e filósofo grego, que morreu em 196 antes de Cristo. Eratostenes determinou uma medida do meridiano terrestre, muito aproximada das actuais. 6 82 ARITMÉTICA RACIONAL A tábua que apresentamos contém os números primos até 997. li 2 I 3 5 I I ! I I 7 I 11 1:3 17 19 23 29 31 37 41 43 47 5.3 59 61 79 191 311 4.39 8.3 193 313 4-!3 89 197 317 4-!9 97 199 331 4.57 101 211 .337 461 103 223 347 -!63 107 227 3-!9 467 109 229 3.53 -!79 113 233 3.59 487 127 239 367 491 I 131 241 I 373 -!99 1:37 2.51 379 503 139 2.57 383 509 149 263 389 521 151 269 397 523 1.57 271 401 541 163 277 409 547 577 .587 .59.3 .599 I 601 607 613 617 619 6.11 6-ll 6-!3 6-!7 653 659 661 673 7 09 71 9 27 33 39 -!3 51 57 7 7, T 7 7 7 76 76 77 78 79 80 81 82 82 9 .3 7 7 9 .3 - -167 281 419 2151 677 827 8.57 li 859 11 863 877 I 81ll 88:3 I I 887 I 907 911 919 929 937 9-ll 9-!7 953 967 971 977 98.3 11 6771 17.3 283 421 .563 68.3 829 179 293 431 569 691 I 839 991 1173 ==18=1===3=07====43=3===5=71===7=0=1==1==853 99711 91. Para reconhecer se um número N é primo, procura-se ver em primeiro lugar se se encontra ou não SEGUNDA PARTE 83 na Tábua que haja à mão. Se o número dado é superior ao maior da Tábua, deverá dividir-se sucessivamente pelos números primos, 2, 3, 5 ... ; se nenhuma das divi- sões é exacta, o número é pr.imo. 92. Do que atrás foi dito deduz-se claramente a possibilidade de concluir que um número N é primo, quando se fizerem com resto tôdas as divisões até ao divi- sor primo p e fôr ou ainda, atendendo a que neste caso será também N p<p, quando se obtiver um quociente menor que o divisor. Determinação de todos os divisores de um número 93. A totalidade dos divisores de um número obté1.11-se fàcilmente desde que o número esteja decom- posto em factores primos. Temos imediatamente os divi- sores primos e suas potências, caso as haja; os restantes serão os produtos daqueles formando-se tôdas as com- binações possíveis. Para determinar pràticamente os divisores, sem faltar nenhum, procede-se como no seguinte exemplo. Seja o número 1200 = 24 X 3 X 52 e considere-se o quadro 1 2 4 8 16 1 3 1 5 25, 84 ARITMÉTICA RACIONAL formado pelos divisores primos e as suas potências, acrescentando a unidade em cada linha. Obtêm-se todos os divisores, multiplicando os núme- ros da primeira linha pelos números da segunda, depois o resultado pela terceira (e assim por diante, se houvesse mais linhas). São êles: 1 2 4 8 16 3 6 12 24 48 5 10 20 40 80 15 30 60 120 240 25 50 100 200 400 75 150 300 600 1200 Êste cálculo mostra imediatamente que o número dos divisores de é igual a (p + l)X(q+ l)X(r+ l)X ... Números primos entre si 94. Dois ou mais números dizem-se primos entre si se não admitem outro divisor comum senão a unidade. Para o caso de mais de dois números poderá distin- guir-se se são ou não primos dois a dois. Exemplo : 4, 21 e 25 são primos entre si e primos dois a dois: 9, 15 e 35 são primos entre si, mas não primos dois a dois. Teorema 95. Se dois números não são primos entre si, têm um divisor primo comum, porque, admitindo um divisor diferente da unidade, êle será primo ou decomponível em factores primos. SEGUNDA PARTE 85 Teorema 96. Um número que é primo com os factores dum produto é primo com o produto. Se o número dado e o produto não forem primos entre si, admitiriam um divi· sor primo comum, que (85) teria de dividir um dos fac- tores, contra o que se supôs. Teorema (reciproco do anterior) 97. Se um mímero é primo com um produto, é primo com cada um dos factores, porque, caso contrário, have- ria um divisor comum ao número dado e a um dos facto- res, evidentemente também divisor do produto. Teorema 98. Se dois números são primos entre si; também o serão as suas potências. Se assim não fôsse, as potências teriam um divisor primo comum que (86) também divi- ria as bases, contra a hipótese. Teorema ·99. Um ntímero que divide um produto de dois j ac- tores e é primo com um deles, dividirá o outro. Se um número a divide um produto bXc, os factores primos de a encontram-se todos em b X c cada um, pelo menos, em número igual (89) • . Se a é primo, por exemplo, com b, a e b não pode- rão ter factores primos comuns; todos os factores primos de a se encontrarão pois em c, isto é, a dividirá c. 86 ARITMÉTICA RACIONAL Teorema 100. Se um mímero é divisível por diversos números primos entre si dois a dois, é divisível pelo seu produto. Seja o número n divisível por vários números a, b e c. Se a, b e c são primos entre si dois a dois, os seus factores primos são distintos uns dos outros ; encon- tram-se porém, todos em n, cada um, pelo menos, em número iguaL Logo IZ é divisível por a X b X c. Outra demonstração baseada imediatamente no teo- rema anterior: Se n é divisível por a, será n=axq Como b divide o produto n e é primo com a, deve dividir q. Logo n = a X b X q' =(a X b) X q' Como c divide n e é primo com a e b e portanto com a X b, deve dividir q', e portanto n=(aXbXc)Xq" 101. Êste teorema permite formular novos critérios de divisibilidade. Exemplo : Um número será divisível por 45 = 9 X 5, se terminar em O ou 5, e a soma dos seus algarismos fôr divisível pqr 9. EXERCÍCIOS 56- Verificar se os ntímeros 821, 2137, 1637 e 2181 silo primos. 57- Determinar todos os divisores de 7 -tO e -!08. 58- Determinar o númerode divisores de 2-!00, 7840 e 1560. R. 36,36,32. SEGUNDA PARTE 87 59~ Dois n-úmeros consecutivos são sempre primos entre si. 60 ~Se a soma de dois números é um número primo, os dois mímeros são primos entre si. R. Porque, se não fôssem primos entre si, teriam um divisor comum diferente da unidade, que seria também divisor da soma. 61 ~~Se a diferença de dois números é um n-úmero primo, os dois números são primos entre si? 62 ~Verificar pela decomposição em factores primos se os núme- ros 2-:!20 e 1 ~~ silo quadrados perfeitos. R. Os números silo qnadrados perfeitos se todos os expoentes dos factores primos forem pares. 14-± = 24 >< 32 = (22 x 3)3 (é quadrado perfeito). 2~20 = 23 X 5 x 112 (mio é quadrado perfeito). 63-- <'.Qual é o menor número pelo qual se deve multiplicar 1.50 para que se transforme num quadrado perfeito? I~. 2 >< 3 = 6. 64 -·-Dizer quais os critérios de divisibilidade por 12, 1.5, 18 e 24. 65-- Determinar o menor número que admite 30 divisores. R. Decompõe-se 30 em factores de tõdas as formas possíveis. 30 X 1 IS>< 2 10 >< 3 6 >< .5 .5 >< 3 X 2 e formam-se os produtos dos menores números primos com expoentes iguais àqueles factores diminuídos de uma unidade. 220 214 X 3 29 X 32 25 >< 34 24 X 32 X .5 O menor dêstes produtos 24 X 32 X .5 = í20 será o número pro- curado. A solução corresponde muitas vezes ao maior número de factores em qne se pode decompor o número dado dos divisores, atribuindo-se em seguida os maiores expoentes aos menores mímeros primos. Se o número dos divisores é um número primo p, o menor número que admite p divisores é 2P-l. CAPÍTULO III MÁXIMO DIVISOR COMUM E MENOR MÚLTIPLO COMUM Sua determinação pela decomposição factorial 102. Se dois ou mais números não sào primos entre si, admitem divisores comuns diferentes da unidade. Entre estes, evidentemente em número limitado, havení um maior que todos os outros:- clurma-se o máximo divisor comum. 103. Se um número dado é divisor de dois ou mais números, será êle o m"áximo divisor de todos; claramente que um número nào poderá ter um divisor que o exceda. O máximo divisor comum de númercs yrimos entre si é igual à unidade. 104. Se diversos números estão decompostos em factores primos, é fácil a determinação do seu máximo divisor comum. Êste será o produto de todos os factores comuns, isto é, o produto dos factores primos comuns com o menor expoente. SEGUNDA PARTE -------------- ------- Exemplo: Determinar o m. d. c. de 120, 60 e 84 120160! 84 ~ 60 ! 30 42 2 --j·--- --~ ~-- 30 i 15 21 I 3 --~i--~ ~--1--~ 10 i s 7 I O m. c. é igual a 22 X3. Teorema 89 105. Todos os divisores comuns de dois ou mais números são divisores do seu máximo divisor comum, isto é, o m. d. c. de dois ou mais números contém todos os seus divisores comuns. Porque qualquer divisor (ou factor) comum dos números dados entra necessàriamente como factor na formação do m. d. c. Teorema 106. Multiplicando diversos mímeros por umfactor, o seu m. d. c. vem multiplicado por êsse factor. Sejam a, b e c os números dados e d o seu m. d. c. Se d é o produto de todos os factores comuns a a, b e c, é evidente que d X n será o produto de todos os factores comuns a aXn, bXn e c n e, portanto, o seu m. d. c. 90 ARITMÉTICA RACIONAL Teorema 107. Dividindo dois ou mais números por um divisor, o seu m. d. c. vem dividido pelo mesmo divisor. É conseqüência imediata do teorema anterior. Corolário l 08. Dividindo dois ou mais números pelo seu m. d. c., os quocientes são primos entre si. Teorema 109. O maxtnw divisor comum de muitos números fica o mesmo substituindo dois quaisquer pelo seu m. d. c. Sejam a, b, c e d os números dados e D o m. d. c., por exemplo, de a e b. O m. d. c. de a, b, c e d é igual ao m. d. c. de D, c e d, porque todos os divisores comuns de a e b estão contidos em D (105). t 10. Como é evidente, o produto de dois ou mais números é um múltiplo comum dêsses números; podem obter-se mais múltiplos comuns, tantos quantos se quiser, multiplicando aquêle produto por um número qualquer. Há pois múltiplos comuns de dois ou mais núme- ros maiores que o seu produto ; não poderá, porém, afirmar-se que existam alguns menores. Mas, caso afir- mativo, como serão em número limitado, haverá um menor que todos os outros:- será o menor múltiplo comam. SEGUNDA PARTE 91 111. O menor múltiplo comum de vários números, isto é, o menor número que é divisível simultâneamente por êsses números, determina-se com facilidade quando os números estão decompostos em factores primos. Um múltiplo comum de diversos números deverá conter todos os factores primos de cada um dos núme- ros, cada factor pelo menos em número igual, ou por outra cada um pelo menos com expoente igual. O menor múltiplo comum deverá conkr também todos os factores primos; o seu número, porém, deverá ser somente o necessário para satisfazer a condição de divisibilidade. Podemos considerar dois casos : 1) Os números são primos entre si dois a dois. Não haverá neste caso factores primos comuns; o m. m. c. será então o produto de todos os factores primos com os seus respectivos expoentes, quer dizer o produto dos números dados. 2) Os números não são primos entre si dois a dois. I-Ia verá então factores primos comuns; estes não deverão repetir-se na formação dom. m. c., bastando tomar aquêles que tiverem maior expoente. Os factores primos não comuns entrarão todos no m. m. c. Resumindo: O menor nuíltiplo comum de dois ou mais mímeros será o produto dos factores primos não comuns com os respectivos expoentes e dos factores primos comuns (1) com os maiores expoentes. (1) A lodos os números ou não. 92 ARITMÉTICA RACIONAL Exemplo: Determinar o m. m. c. de 48, 50 e 420 48 50 1420. 2 -------- 24 25,210 2 -------- 12 105, 2 ______ I __ 6 2 3 3 1 = 351 5 5 7 5 --1 -j-7 -~--~1- O m. m. c. é igual a 21 X 3 X 52 X 7 Teorema 112. Todos os múltiplos comuns de dois ou mais números são múltiplos do seu menor múltiplo comum. Considerando o produto dos factores primos que formam o m. m. c., é evidente que qualquer outro múl- tiplo comum somente poderá obter-se introduzindo um ou mais factores primos no produto, isto é, multiplicando o m. m. c. por um número qualquer. Teorema 113. !vtultiplicando o máximo divisor comum de dois nâmeros pelo seu menor nuUtiplo comum, obtém-se o pro· duto dos números. SEGUNDA PARTE Com efeito, visto que o m. d. c. é o produto dos factores primos comuns com o menor expoente, e o m. m. c. o produto de todos os comuns com o maior expoente e todos os não comuns, deduz-se que os factores utilizados na formação do m. d. c. são os únicos que não se incluem no m. m. c.; o seu produto é pois o produto dos números. Corolário 114. Dividindo o produto de dois mímeros pelo seu máximo divisor conuun, obtém-se o menor múltiplo comum, ou, dividindo o produto de dois números pelo seu m. m. c., obtém-se o m. d. c. Teorema 115. O menor múltiplo comum de muitos nlimeros fica o mesmo substituindo dois quaisquer pelo seu m. m. c. Sejam a, b, c e d os números dados e M. o m. m. c. de a e b. O m. m. c. de a, b, c e d é igual ao m. m. c. de M, ·C e d porque todos os múltiplos comuns de a e b são também múltiplos comuns de M (112). Método das divisões sucessivas ou Algoritmo de Euclides 116. Considerem-se dois números a e b. Se a é divisível por b, será b o m. d. c. Se a não fôr divisível por b, teremos, designando por r o resto da divisão, 94 ARITMÉTICA RACIONAL Como todos os divisores comuns de b e r são divi- sores de a (62), e portanto divisores comuns de a e b, o máximo divisor comum de a e b será também o de b e r. Se b não fôr divisível por r, teremos também b =r+ r', sendo r' o resto da divisão. Da mesma forma o m. d. c. de b e r será o m. d. c. de r e r'. Continuando a proceder dêste modo, e visto que os restos vão sempre diminuindo,
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