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INFECÇÕES FÚNGICAS Candidíase O gênero Candida pertence à família Cryptococcaceae, dentro da classe Blastomicetos e filo Deuteromicetos; 150 espécies de Candida isoladas da boca; Espécies bucais mais dominantes, em ordem decrescente de frequência: C. albicans, C. tropicalis, C. glabrata, C. parapsilosis, C. krusei; Cerca de 50% da população é portadora (Candida albicans) como um microorganismo comensal normal da boca (não provoca doença) A Candida se apresenta como levedura quando comensal e como hifa ou pseudo-hifa quando causa infecção; A evidência clínica ou não de infecção depende: do estado imunológico do hospedeiro e da patogenicidade ou resistência da Candida; Fatores locais e sistêmicos HOSPEDEIRO Epitélio bucal Interações microbianas Defesas salivares imunes Defesas salivares não-imunes MICROORGANISMO Enzimas Mananas e glicanas Capacidade de adesão Capacidade de troca de colônia INFECÇÃO OPORTUNISTA FATORES LOCAIS influenciam a imunidade bucal ou a ecologia na boca Xerostomia Tabagismo Uso de antimicrobiano de amplo espectro Uso de corticosteroides Próteses dentárias Irradiação da boca ou glândulas salivares FATORES SISTÊMICOS defeitos imunes sistêmicos Extremos de idade Desnutrição Quimioterapia Defeitos nas células T e leucócitos polimorfonucleares (HIV, leucemias, linfomas, câncer, diabetes, terapia com drogas imunossupressoras) e anemia QUADROS CLÍNICOS BUCAIS Candidíase pseudomembranas Candidíase atrófica ou eritematosa Queilite angular (perleche) Candidíase crônica hiperplásica} Candidíase mucocutânea Candidíase Pseudomembranosa Infecção aguda clássica, mas pode permanecer por meses em pacientes fazendo uso de corticóides tópicos ou em aerossol, em indivíduos infectados pelo HIV e outros pacientes imunocomprometidos; Era chamada de monilíase (derivado do nome arcaico da Monilia albicans); Popularmente, conhecida como “sapinho” em crianças; Acomete principalmente crianças (não desenvolveram imunidade adequada para espécies de cândida), idosos, doentes terminais e doentes com quadros crônicos debilitantes; Não é comum em adulto jovem. Se este apresentar infecção, deve-se investigar uso de corticoide ou antibiótico ou alguma doença crônica subjacente não diagnosticada (AIDS, doenças malignas); É caracterizada pela presença de placas brancas aderentes na mucosa oral, que lembram queijo cottage ou leite coalhado. As placas brancas são compostas por uma massa desordenada de hifas, leveduras, células epiteliais descamadas e fragmentos de tecido necrótico. Tais placas podem ser removidas pela raspagem com um abaixador de língua ou pela fricção com uma compressa de gaze seca. A mucosa subjacente pode se apresentar eritematosa ou normal. Se o sangramento ocorrer, provavelmente a mucosa está afetada também por outra condição, como líquen plano ou pelo efeito de quimioterapia para tratamento de câncer. A candidíase pseudomembranosa pode ser iniciada pela exposição do paciente a antibióticos de amplo espectro (eliminando assim as bactérias competidoras) ou pela diminuição da capacidade imune do paciente. Frequentemente, as disfunções imunológicas observadas em pacientes com leucemia ou naqueles infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) estão associadas à candidíase pseudomembranosa. A utilização de antibióticos é classicamente responsável por uma manifestação aguda (rápida) da condição; problemas imunológicos costumam causar uma forma crônica de candidíase pseudomembranosa (aparecimento lento, longa duração). Os sintomas, quando presentes, costumam ser relativa-mente brandos e consistem em uma sensação de queimação da mucosa oral ou um gosto desagradável, descrito de forma variada como salgado ou amargo. Algumas vezes, os pacientes queixam-se de “bolhas”, porém, na realidade, o que eles sentem são placas elevadas, e não vesículas verdadeiras. Caracteristicamente, as placas são distribuídas na mucosa jugal, palato e dorso da língua. Doença Quelite Angular Perleche Ambas as comissuras labiais Causas: perda de dimensão vertical, uso de próteses dentárias, estados carenciais (anemias por deficiências, deficiência de ferro e zinco, hipovitaminoses – principalmente B, estados de má absorção ou transtornos alimentares); Caracteriza-se por eritema, fissura, descamação e sensibilidade nos ângulos da boca Ulceração e formação de crostas podem ser observadas. Ocorre isoladamente ou como parte de acometimento mais extenso da boca. Candidíase eritematosa ou atrófica Quando aguda, qualquer área da mucosa oral pode ser afetada e a queimação está presente (ex. estomatite induzida por antibiótico) Quando crônica, não há sintomas (estomatite por dentadura e glossite romboidal mediana) Em alguns casos, a infecção crônica pode ser observada em sítios bucais múltiplos (candidíase bucal multifocal crônica) A candidíase eritematosa é sem dúvida mais comum que a pseudomembranosa, embora muitas vezes seja negligenciada clinicamente. A candidíase eritematosa pode apresentar-se de diversas formas distintas. A candidíase atrófica aguda ou “boca ferida/dolorosa por antibióticos” ocorre tipicamente após o uso de um antibiótico de amplo espectro. Os pacientes costumam relatar que sentem como se tivessem queimado a boca durante a ingestão de uma bebida quente. Em geral, a sensação de queimação é acompanhada pela perda difusa das papilas filiformes da superfície dorsal da língua, resultando em aparência vermelha e “careca” da língua. As outras formas de candidíase eritematosa em geral são assintomáticas e crônicas. Incluída nesta categoria está a condição conhecida como atrofia papilar central da língua, ou glossite romboidal mediana. Clinicamente, a atrofia papilar central apresenta-se com uma zona eritematosa bem-demarcada na linha média da região posterior do dorso da língua e costuma ser assintomática. O eritema se deve em parte à perda das papilas filiformes naquela área. A lesão é usualmente simétrica, e sua superfície pode variar de plana a lobulada. Muitas vezes, tal condição se resolve com o uso de terapia antifúngica, embora, às vezes, obtenha-se apenas a resolução parcial do quadro. Candidíase crônica hiperplásica (Leucoplasia por cândida) Lesão branca persistente, não destacável Diagnóstico por teste terapêutico Alguns pacientes com candidíase oral podem apresentar placas brancas não removíveis à raspagem; neste caso o termo candidíase crônica hiperplásica é apropriado. Geralmente tais lesões estão localizadas na região anterior da mucosa jugal e não podem ser diferenciadas clinicamente de uma leucoplasia comum. Muitas vezes, a lesão leucoplásica associada à candidíase apresenta áreas delicadas mescladas de vermelho e branco, resultando em uma leucoplasia salpicada. Tais lesões podem apre- sentar histopatologicamente uma frequência aumentada de displasia epitelial. O diagnóstico é confirmado pela presença de hifas de Candida associadas à lesão e pela resolução completa da lesão após a terapia antifúngica. Candidíase mucocutânea Localizada (boca - hiperplásica, face, couro cabeludo e unhas), familial ou associada a síndromes (CMC) Associada a vários distúrbios imunológicos, com severidade de acometimento proporcional ao grau de imunossupressão Persistente e refratária a tratamento A candidíase oral grave também pode ser vista como um componente de um grupo de desordens imunológicas relativamente raras conhecidas como candidíase mucocutânea. Diversas condições imunológicas distintas foram identificadas, e a intensidade da candidíase está relacionada à gravidade do defeito imunológico. A maioria dos casos é esporádica, embora um padrão de herança autossômica recessiva tenha sido identificado em algumas famílias. Usualmente, o distúrbio imunológico torna-se evidente durante os primeiros anos de vida, quandoo paciente começa a apresentar candidíase oral, nas unhas, na pele e em outras superfícies mucosas. Em geral as lesões orais apresentam- se como placas brancas espessas, não removíveis (essencialmente candidíase hiperplásica crônica), embora outras formas de candidíase possam ser observadas. Em alguns pacientes com candidíase mucocutânea, mutações no gene regulador da autoimunidade (AIRE) têm sido documentadas, com a consequente formação de auto- anticorpos direcionados contra tecidos próprios do indivíduo. Na maioria dos casos, o ataque imunológico é direcionado contra as glândulas endócrinas; entretanto, as razões para esta especificidade tecidual ainda são des- conhecidas. Os pacientes jovens com candidíase mucocutânea devem ser avaliados periodicamente porque qual- quer uma de diversas anormalidades endócrinas (p. ex., síndrome endócrina-candidíase, síndrome da distrofia poliendocrinopatia-candidíase-ectodérmica auto- imune [síndrome de APECED]), assim como a anemia por deficiência de ferro, podem se desenvolver além da candidíase. Dentre os distúrbios endócrinos encontram-se o hipotireoidismo, o hipoparatireoidismo, o hipoadrenocorticismo (doença de Addison) e o diabetes melito. Em geral, a alteração endócrina desenvolve-se meses ou até anos após o aparecimento de candidíase. Um estudo recente re- velou uma prevalência aumentada para o carcinoma oral e esofágico nesta condição, com estas malignidades afetando aproximadamente 10% dos adultos com síndrome de APE- CED. Este achado é mais uma justificativa para avaliação periódica destes pacientes. Um fato interessante é que a infecção pela Candida permanece relativamente superficial ao invés de se disseminar pelo corpo. Tanto as lesões orais, como as cutâneas (geralmente na forma de nódulos e placas cutâneas ásperas e com odor fétido) podem ser controladas com o uso contínuo de antifúngicos sistêmicos relativamente seguros. Diagnóstico Sinais clínicos Citologia exfoliativa com pesquisa direta de fungos Cultura microbiológica Exame histopatológico (colorações específicas: PAS) Candidíase oral Agentes tópicos (nistatina, miconazol) e sistêmicos (cetoconazol, fluconazol, itraconazol, anfotericina B - nefrotóxica) podem ser utilizados, levando-se em conta as características de cada caso O uso de antiácidos (para gastrite) prejudica a absorção do antifúngico que precisa de um meio com pH baixo � Resumindo: Paracoccidioidomicose Micose sistêmica Paracoccidioides brasiliensis (fungo dimórfico) Doença de Lutz e Blastomicose sul- americana Frequente na América do Sul (Brasil, Colômbia, Venezuela, Uruguai e Argentina) Adolpho Lutz médico brasileiro 1855-1940 Homens mais afetados (13:1 a 80:1) Hormônios femininos parecem ter efeito protetor (beta-estradiol inibe a transformação de leveduras dos microorganismos na forma patogênica das hifas) Pessoas ligadas ao campo e desnutridas A infecção primária é geralmente por via respiratória nas duas primeiras décadas de vida, comumente despercebida e regride espontaneamente Pode ocorrer disseminação linfática e hematogênica (linfonodos, pele e glândula adrenal - doença de Addison) A reativação geralmente se manifesta em adultos como doença pulmonar crônica progressiva, com ou sem acometimento de outro órgão A doença disseminada crônica se caracteriza por lesão extra-pulmonar, mais comum em mucosa de orofaringe, linfonodos e pele Infecção pulmonar autolimitada - assintomática Infecção pulmonar progressiva - tosse, hemoptise, letargia e perda de peso Infecção mucocutânea - inoculação local do fungo ou transporte do fungo até o local a partir da infecção pulmonar primária Podem afetar qualquer sítio da boca com ulcerações granulosas salpicadas por pontilhados hemorrágicos (úlceras moriformes) Lesões orais são a queixa principal (dor, sialorreia, disfagia, odinofagia e disfonia) DD: CEC A paracoccidioidomicose é uma infecção fúngica profunda, causada pelo Paracoccidioides brasiliensis. Esta condição é observada com maior frequência em pacientes que moram na América do Sul (principalmente Brasil, Colômbia, Venezuela, Uruguai e Argentina) ou na América Central. Entretanto, imigrantes destas regiões e pessoas que visitam essas áreas podem adquirir a infecção. A paracoccidioidomicose tem uma marcante predileção por homens, com relação de homens:mulheres acometidos de 15:1. Acredita-se que esta diferença marcante seja atribuída ao efeito protetor dos hormônios femininos (uma vez que o estradiol inibe a transformação da forma de hifas dos microorganismos para a forma patogênica de leveduras). Tal teoria é suportada pela observação do mesmo número de homens e mulheres que apresentam anticorpos contra as leveduras. Características clínicas No momento do diagnóstico, os pacientes com paracoccidioidomicose estão caracteristicamente na meia-idade e muitos são trabalhadores rurais. Acredita-se que a maioria dos casos de paracoccidioidomicose apresenta-se inicialmente como uma infecção pulmonar que ocorre após a exposição aos esporos dos micro-organismos. Embora as infecções sejam geralmente autolimitantes, o P. brasiliensis pode se espalhar por via hematogênica ou linfática para uma variedade de tecidos, incluindo linfonodos, pele e glândulas adrenais. O envolvimento das glândulas adrenais muitas vezes resulta em hipoadrenocorticismo (doença de Addison). As lesões orais apresentam-se como úlceras moriformes, que geralmente acometem a mucosa alveolar, gengiva e palato. Os lábios, língua, orofaringe e mucosa jugal também podem ser envolvidos em uma porcentagem significante dos casos. Na maioria dos pacientes com lesões orais, mais de uma área na boca é afetada. MACROQUEILIA Quelite granulomatosa Sequelas são resultantes da reparação cicatricial induzidas pelo tratamento Obstruções por adenomegalia Fibrose estenosante em intestino Insuficiência respiratória Sequelas neurológicas Doença de Addinson (lesão adrenal) Diagnóstico Exame histopatológico (colorações específicas: PAS, impregnação por prata) Citologia exfoliativa com pesquisa direta de fungos Cultura microbiológica Sorologia Paracoccidioidomicose Birrefringência Brotamento múltiplo (orelhas de Mickey ou raios do leme de um navio) O tratamento de longa duração envolve sulfamídicos (derivados da sulfonamidas - combinação de sulfametoxazol-trimetropin ), cetaconazol, itraconazol ou anfotericina B
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