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Fundamentos em Finanças Fundamentos em Finanças Fu nd am en to s e m F in an ça s Edson Carlos Chenço Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-3048-4 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Edson Carlos Chenço Fundamentos em Finanças IESDE Brasil S.A. Curitiba 2012 Edição revisada Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________________ C447f Chenço, Edson Carlos. Fundamentos em finanças / Edson Carlos Chenço. - 1.ed. rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 338p. : 24 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3048-4 1. Administração financeira. I. Título. 12-6160. CDD: 658.15 CDU: 658.15 27.08.12 05.09.12 038529 ________________________________________________________________________________ © 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: Shutterstock IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Edson Carlos Chenço Mestre em Metrologia para a Qualidade Indus- trial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. MBA em Estatística e Pesquisa de mercado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Especialista em Ensino a Distância pela Universidade Federal de Minas Gerais (em an- damento). Graduado em Matemática pela Uni- versidade Metodista do Paraná. Professor das disciplinas Finanças e Estatística nos cursos de MBA do Instituto Brasileiro de Mercados de Ca- pitais no Rio de Janeiro e professor de Estatística e Pesquisa de Mercado e Gestão Financeira na Escola Superior de Marketing do Rio de Janeiro. Professor de Gestão Financeira e Sistemas de Preços e Custos no MBA em Gestão Empresa- rial da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor dos MBAs das parcerias do Ibmec em todo o Brasil. Instrutor de finanças, estatística e pesquisa de mercado para profissionais de grandes empresas em cursos in Company, como Companhia Vale do Rio Doce, Eletrobras, Ampla, Globo.com e Bahiense. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Finanças – importância e aplicabilidade 11 11 | O que é a gestão financeira? 11 | Qual a função do gestor financeiro? 12 | Sobrevivência no mercado 12 | Cálculos ágeis e precisos são fundamentais 12 | A calculadora HP-12C 21 | Juros simples Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 37 37 | Capitalização composta 38 | Descontos compostos 48 | Taxas Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 65 65 | Prestações iguais 70 | Séries antecipadas e postecipadas 76 | Perpetuidades 77 | Séries diferidas Estudo dos fluxos de caixa 95 96 | Planos equivalentes de financiamento Valor presente líquido e taxa de desconto 119 119 | Complemento 120 | Valor presente líquido (NPV) 120 | Valor presente e valor futuro 121 | Taxa de juros 123 | Anuidade 127 | Limitações ao VPL 128 | Taxa interna de retorno (IRR) 131 | A taxa interna de retorno modificada 135 | O payback Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 11 11 | O que é a gestão financeira? 11 | Qual a função do gestor financeiro? 12 | Sobrevivência no mercado 12 | Cálculos ágeis e precisos são fundamentais 12 | A calculadora HP-12C 21 | Juros simples Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 37 37 | Capitalização composta 38 | Descontos compostos 48 | Taxas Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 65 65 | Prestações iguais 70 | Séries antecipadas e postecipadas 76 | Perpetuidades 77 | Séries diferidas Estudo dos fluxos de caixa 95 96 | Planos equivalentes de financiamento Valor presente líquido e taxa de desconto 119 119 | Complemento 120 | Valor presente líquido (NPV) 120 | Valor presente e valor futuro 121 | Taxa de juros 123 | Anuidade 127 | Limitações ao VPL 128 | Taxa interna de retorno (IRR) 131 | A taxa interna de retorno modificada 135 | O payback Fluxos de caixa e inflação 151 151 | Conceituando inflação Administração financeira 171 171 | Administração de finanças empresariais 172 | Organização das empresas – modalidades 176 | Demonstrações financeiras Estrutura financeira da empresa 203 203 | Captação de recursos no mercado 218 | Mercado de obrigações 222 | Alavancagem financeira 223 | Mercado de ações Administração de caixa 229 229 | Mercado e avaliação de ações 239 | Mercado de ações Análise de investimentos 253 253 | Fluxos de caixa relevantes 254 | Custos irrecuperáveis 255 | Custos de oportunidade 256 | Efeitos colaterais 256 | Capital de giro líquido (CGL) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io 257 | Demonstrações financeiras 260 | Projeção do fluxo de caixa e valor 262 | Risco de previsão 262 | Defesa contra erros de previsão 263 | Análise de cenários 269 | Opções gerenciais 271 | Racionamento de capital Risco e retorno 283 283 | Medidas de Avaliação de Riscos 288 | Carteiras 298 | Retorno exigido e custo de capital Custo de capital 311 311 | Custo do capital próprio 313 | O que é o risco Brasil? 314 | Modelo de crescimento de dividendos 324 | Política de pagamento de dividendos 324 | Forma de incidência de impostos nos dividendos 325 | Financiamentos a longo prazo 325 | Financiamentos a curto prazo 326 | Aplicação de fundos ociosos 327 | Risco operacional, econômico e financeiro 329 | Custos da falência 330 | Liquidação e reorganização Referências 335 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Apresentação Fundam entos em Finanças Este livro reúne os conceitos e práticas essen- ciais utilizados em matemática financeira básica e princípios de gestão financeira, cada vez mais relevantes no competitivo ambiente dos ne- gócios. Por se tratar de um texto aplicativo, os objetivos e tópicos abordados nos capítulos tentam ilustrar o uso da matemática e da gestão financeira no processo de tomada de decisões e soluções que envolvam o valor do dinheiro no tempo. Cada vez mais, torna-se importante conhecer as técnicas e fórmulas para resolução de proble- mas financeiros. Calculadoras eletrônicas, como a HP-12C, e softwares computacionais cuidam de muitas etapas que há poucos anos eram ma- nuais e demandavam um tempo enorme. Por se tratar de um livro direcionado a todos os profissionais, que atuam na área de negócios ou não, a abordagem do livro é sempre muito deta- lhada e algumas ferramentas auxiliares sempre são citadas, com o objetivo de facilitar o enten- dimento e as aplicações.Foi possível reunir neste livro, também, uma série de exercícios práticos aplicados à realidade do mercado financeiro. Todos os capítulos estão estruturados em conceitos, exercícios resolvidos de fixação, exercícios propostos com gabarito e texto complementar sobre os temas abordados. Não se pode desvincular hoje o estudo de fi- nanças de outras áreas importantes da gestão empresarial. A matemática e gestão financeira vêm se tornando uma especialidade que liga marketing, vendas, alta gerência e demais áreas e competências das empresas. Logo, todas as decisões financeiras impactam em praticamen- te todos os setores da empresa. Portanto, independentemente da área de atua- ção, é necessário que todos os profissionais de gestão conheçam fundamentos básicos, como Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fundam entos em Finanças análise de investimentos, análise de cenários e oportunidades, custo e orçamento de capital, mercado de capitais, processos e modelos de capitalização e amortização, taxas, entre outros temas muito importantes. Os capítulos iniciais do livro apresentam os con- ceitos básicos de matemática financeira, com ênfase nos modelos e sistemas de amortização e nos juros e descontos compostos. Os demais capítulos apresentam tópicos básicos de gestão financeira, em uma linguagem simples e estru- turada, com ênfase na aplicabilidade prática dos conceitos. A complexidade e a globalização dos mercados financeiros fizeram com que tenhamos de convi- ver com conceitos que, às vezes, parecem contra- riar o senso comum, pois, um evento inesperado no Japão, por exemplo, pode causar impactos enormes no Brasil, na China ou em qualquer outro país. Portanto, hoje, muitos dos conceitos habitam somente o universo das probabilidades e das correlações matemáticas. Sendo assim, am- pliou-se a necessidade de maior compreensão e uso instrumental da matemática e da gestão financeira, pois vivemos intensamente a Era das finanças. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 11 Finanças – importância e aplicabilidade A matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os curiosos, como também para auxiliar e poupar trabalho aos homens. Descartes Podemos dizer que finanças é a arte e a ciência de gerenciar recursos. Por- tanto, os mercados financeiros, as instituições financeiras e toda a estrutura de funcionamento desses sistemas, em nosso país, bem como, no mercado inter- nacional formam um campo de estudos muito importante conhecido como finanças. Quando estudamos finanças, percebemos a importância e aplicabi- lidade dos conceitos financeiros no dinheiro ao longo do tempo. Fazer o pla- nejamento financeiro, gerenciar os ativos, captar fundos, aplicar e fazer inves- timentos no mercado financeiro e na bolsa de valores, emitir obrigações, fazer operações de descontos de títulos, gerenciar e controlar a aplicação de recur- sos e avaliar projetos são algumas das muitas aplicabilidades de finanças. O que é a gestão financeira? Para a maioria dos autores, define-se gestão financeira como um conjun- to de ações e procedimentos administrativos que envolvem planejamento, análise e controle de todas as atividades financeiras empresariais, para que se obtenha uma maximização dos resultados econômico-financeiros pró- prios de suas atividades operacionais. Qual a função do gestor financeiro? É necessário que o gestor da área de finanças tenha um conjunto de fer- ramentas essenciais e informações gerenciais organizadas e eficientes para compreender o momento financeiro da empresa e tomar decisões que sejam as melhores e mais adequadas para maximizar os resultados. Portanto, uma das funções principais do gestor de finanças é aumentar o patrimônio líqui- do da empresa, gerando lucro líquido a partir das atividades operacionais desenvolvidas por ela. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Finanças – importância e aplicabilidade Sobrevivência no mercado Todas as decisões empresariais devem estar apoiadas em um conjunto de informações precisas e muito atuais. A implantação de relatórios gerenciais, definição de alguns indicadores de desempenho, estatísticas operacionais, análises históricas de desempenho e performance colaboram para que a em- presa sobreviva e mantenha-se em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Pode-se então gerenciar, por exemplo: apuração dos resulta- dos da empresa, controle de vendas e estoques, movimento de caixa, grau de endividamento, fluxos de caixa, grau de lucratividade, balanço gerencial, entre outros elementos. Cálculos ágeis e precisos são fundamentais Na prática, o profissional que trabalha com finanças precisa de algumas ferramentas que deem agilidade e muita precisão nos cálculos financeiros. Qualquer desprezo, às vezes de uma casa decimal, pode significar, depen- dendo do valor, uma quantia considerável. Por isso, é muito comum o uso de calculadoras financeiras, em especial, a calculadora HP-12C, que vamos utili- zar inúmeras vezes no decorrer das operações. Muitos profissionais também se utilizam da planilha eletrônica Microsoft Excel. Na prática, tanto a HP como o Excel são utilizados de forma análoga. A calculadora HP-12C A calculadora HP-12C é utilizada na solução de problemas de matemá- tica financeira e gestão financeira envolvendo os parâmetros n, i, PV, PMT e FV. Dispõe também de funções especiais para cálculos estatísticos. É de grande utilidade na solução de problemas relacionados a cálculos no mer- cado financeiro. Operações básicas Memórias transitórias Quatro memórias transitórias (X, Y, Z e T) operam como se fossem uma pilha de quatro valores, com as seguintes características: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 13 a memória X é sempre aquela cujo conteúdo aparece no visor; as demais estão empilhadas, em cima da memória X, na ordem se- quencial Y, Z e T; as operações aritméticas são efetuadas com os conteúdos das me- mórias X e Y; os conteúdos das quatro memórias são movimentados nos seguin- tes casos: quando a tecla enter é acionada; quando são efetuadas as operações +, –, e ÷; quando são acionadas as teclas R , ou X >< Y. Tecla enter Ao ser digitado um número, ele passa a ocupar a memória, que é a única cujo conteúdo aparece no visor. Ao acionar enter, são desenca- deadas as seguintes transferências de valores entre as memórias: o conteúdo da memória X é copiado para a memória Y, mas perma- nece na memória X; o conteúdo da memória Y vai para a memória Z; o conteúdo da memória Z vai para a memória T; o conteúdo da memória T é perdido. Teclas CHS e CLX A tecla CHS troca o sinal do conteúdo da memória X, isto é, do número que aparece no visor. A tecla CLX limpa o conteúdo da média X. A tecla R Faz uma troca nos conteúdos das quatro memórias transitórias: Y vai pra X; X vai para T; T vai para Z e Z vai para Y. As teclas +, –, × e ÷ Efetuam operações aritméticas com o conteúdo das memórias X e Y. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Finanças – importância e aplicabilidade Exemplo 1: Calcular a expressão 3 + 7 – 1 3 enter 7 + 1 – Com resultado no visor igual a 9.0 Exemplo 2: Calcular a expressão 3 × 10 5 Fazemos:3 enter 10 × 5 ÷ Com resultado igual a 6.0 As teclas amarela (f) e azul (g) Uma tecla na calculadora HP pode realizar inúmeras funções, como por exemplo: função normal, escrita em cor branca na face superior da própria tecla; função amarela, escrita em cor amarela no corpo da calculadora, na parte superior da tecla; função azul, escrita em cor azul na face lateral inferior da calculado- ra, na parte superior da tecla. Para usarmos as funções amarela ou azul de cada tecla, é importante que as teclas amarela f ou azul g sejam acionadas imediatamente antes de pres- sionar a tecla que se deseja. Quando as teclas f e g são acionadas, o visor mostra as letras f e g, respectivamente, para indicar que essas teclas estão ativas, como prefixos para qualquer tecla que for acionada em seguida. Se, após o acionamento de qualquer uma dessas duas teclas, houver a necessidade de eliminar sua atuação, basta acioná-la novamente e observar que o visor deixou de apresentar os prefixos f e g. Exemplo: Uso da tecla azul g Usamos 1/x para calcular o inverso de um número colocado no visor. Acionando a tecla azul g e em seguida a tecla 1/x, essa tecla passará a executar a função azul ex. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 15 Número de casas decimais O número de casas decimais que é mostrado no visor pode ser fixado bastando acionar a tecla amarela f e, em seguida, o número de casas decimais desejadas (0 a 9). Exemplo: Efetuar a divisão de 4/7 4 enter (4 nas memórias X e Y) 7 (7 na memória X – visor) ÷ (efetua a divisão X/Y) A calculadora mantém internamente o resultado dessa divisão com um número de casas decimais bem superior. Se quisermos ver o resul- tado com quatro casas decimais, basta pressionar a tecla amarela f, e em seguida, o número 4, no visor teremos 0,5714. A função RND Permite eliminar as casas decimais da memória X que não serão mos- tradas no visor, através do arredondamento matemático. Exemplo: Dividir 8/3 com duas casas decimais f 2 (fixando 2 casas decimais) 8 enter (8 nas memórias X e Y) 3 (3 na memória X – visor) ÷ (efetua a divisão X/Y) Executamos a função RND (pressionando as teclas f e RND): o visor es- tará indicando 2,67, mas as demais casas decimais se transformaram Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Finanças – importância e aplicabilidade em zeros. Para isso ser confirmado, basta aumentarmos o número de casas decimais a serem mostradas no visor. Logo, se acionarmos as te- clas f e 4, o visor mostrará 2,6700. Funções ΔDYS e DATE Funções do calendário. As funções do calendário fornecidas pela HP-12C – DATE e ADYS – trabalham com datas entre 15 de outubro de 1582 e 25 de no- vembro de 4046. Para todas as funções do calendário, a calculadora utiliza um de dois formatos de data. Eles são utilizados tanto para interpretar datas quando são digitadas quanto para exibi-las. Mês-Dia-Ano: para configurar o formato para M-D-A, aperte g e, em seguida, M.DY; logo, para entrar uma data com esse formato ativado: digite o mês, com um ou dois dígitos; aperte a tecla de ponto decimal; digite os dois dígitos do dia; digite os quatro dígitos do ano. As datas são exibidas no mesmo formato. Por exemplo, para di- gitar o dia 7 de março de 2008 – Teclas: 3.072008 Dia-Mês-Ano: para configurar o formato para D-M-A, aperte g D.MY. Para entrar com uma data com esse formato ativado: digite o dia, com um ou dois dígitos; aperte a tecla do ponto decimal; digite o mês, com dois dígitos; digite os quatro dígitos do ano. Por exemplo: para digitar 7 de março de 2008 – Teclas: 7.032008 Quando o formato está D-M-A, o indicador de estado D.MY está presente no mostrador. Se isso não ocorrer, o formato será automa- ticamente o anterior. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 17 Para calcular datas futuras ou passadas, use os seguintes argumentos: digite a data fornecida e aperte ENTER; digite o número de dias; se a outra data estiver no passado, aperte CHS; aperte g DATE. A resposta calculada pela função DATE é exibida em um formato especial. Os números do mês, dia e ano são separadores de dígitos, e o dígito ao lado direito da resposta no mostrador indica o dia da semana: 1 para segunda-feira a 7 para domingo. Exemplo: Se você comprasse uma opção para um terreno em 14 de maio de 2008, válida por 120 dias, qual seria a data de vencimento? Supo- nha que o formato será D.MY. Teclas Mostrador Orientação g D.MY 7.04 Configura o formato para dia-mês-ano. O mostrador exibido pres- supõe que a data da última utilização ainda está presente. A data inteira não é exibida agora porque o formato do mostrador é con- figurado para mostrar apenas casas decimais. 14.052008 120 g DATE 14.05 11.09.2008 6 Registra a data, separando-a do número de dias a entrar. A data de vencimento é 11 de setembro de 2008, um sábado. Ponto decimal por vírgula: desligue a calculadora pressionando ON; pressione em seguida ao mesmo tempo ON e a tecla do ponto decimal; solte primeiro ON e depois a tecla do ponto decimal. As teclas STO e RCL A tecla STO serve para armazenar (store) e operar valores nas 20 me- mórias fixas da calculadora HP-12C. As memórias são indexadas de 0 a 9 e de .0 a .9; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Finanças – importância e aplicabilidade Exemplo: 20 STO 1 (número 20 guardado na memória 1). 80 STO + 3 (soma 80 ao conteúdo da memória 3 e guarda o resultado na própria me-mória 3). A tecla RCL serve para chamar (recall) os valores das 20 memórias fixas para o visor da HP-12C. É também utilizada para chamar para o visor o valores contidos nas 5 memórias financeiras (n, i, PV, PMT e FV), o que permite uma revisão de todos os parâmetros usados na solução dos problemas. A tecla RCL, se utilizada em conjunto com as funções Cfo, CFj e Nj , per- mite a revisão dos valores dos fluxos de caixa não homogêneos que estão registrados na calculadora. Aplicação: RCL 1 (coloca no visor o conteúdo da memória 1) RCL i (coloca no visor o valor da taxa) Exemplo: Resolver a expressão: (5 + 4)2 / (2 + 1)2 5 ENTER 4 + 2 yx STO (guarda na memória 1) ENTER 1 + 2 yx STO 2 (resultado do denominador na memória 2) RCL 1 (chama o resultado do numerador para o visor) RCL 2 (chama o resultado do denominador para o visor e e coloca numerador na memória Y) ÷ (efetua a divisão) Resultado igual 9,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 19 Limpeza da calculadora Tecla CLX: limpa apenas a memória X, isto é, o visor. Tecla amarela FIN: limpa apenas as cinco memórias financeiras. Função amarela REG: limpa de uma só vez, as seguintes memórias: transitórias: X,Y, Y e T; fixas: 0 a 9 e .0 a .9; financeiras: n, i, PV, PMT e FV. A função amarela PRGM limpa os programas que estão gravados. É necessário que a HP-12C seja previamente colocada em fase de pro- gramação, com o acionamento da função amarela P/R. Teclas Financeiras n, i, PV, PMT e FV n = número de período de capitalização de juros, expresso em anos, semestres, trimestres, meses e dias. Os valores de n podem ser inteiros ou fracionários. i = taxa de juros por período de capitalização, expressa em percentuais. PV = valor presente(present value) – valor do capital aplicado. PMT = valor de cada parcela da série uniforme (Periodic PayMenT) que ocorre a cada período de tempo nas séries postecipadas e antecipadas. FV = valor futuro (future value) – valor do montante acumulado no final de n perío- dos de capitalização. Observações: END – para calcularmos séries postecipadas é preciso ativar a fun- ção azul END. BEG – para calcularmos séries antecipadas é preciso ativar a função azul BEG. As funções BEG ou END só têm interferência na série uniforme PMT, não causando alteração nas relações entre PV e FV. A HP-12C sempre interliga os cinco elementos financeiros. Os problemas que envolvem apenas quatro elementos devem ser resolvidos com a anulação do quinto elemento, que não partici- pa da operação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Finanças – importância e aplicabilidade PV, FV e PMT são valores monetários que devem ser registra- dos sempre de acordo com a conversão do sinal, isto é, os rece- bimentos sempre com sinal positivo e os pagamentos sempre com sinal negativo. As unidades de taxa e tempo devem estar sempre na mesma unidade de referência. Exemplos resolvidos de aplicação 1. Determinar o valor da parcela mensal de um financiamento de R$10.000,00 com uma taxa de 1,5% ao mês, juros compostos, num prazo de 24 meses. Obs: antes de PV, acionar CHS para trocar de sinal. n = 24 PV = 10.000,00 i = 1,50% ao mês FV = 0,00 elimina PMT = ? Na calculadora HP-12C: ENTER CHS PV 24 n 1,5 i 10.000,00 (CHS) PV 0,00 FV PMT – valor da parcela igual a R$499,24. 2. Um financiamento utiliza o multiplicador de R$90,00 para cada R$1.000,00 de principal financiado, num prazo de 12 meses. Determi- ne a taxa de juros. Obs: antes de PV, acionar CHS para trocar de sinal. n = 12 PV = 1.000,00 PMT = 90,00 FV = 0,00 i = ? n i PV PMT FV 12 1,20 –1.000,00 90,00 0,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 21 3. Qual o valor principal que, aplicado a uma taxa de juros de 1,5% ao mês, produz um montante de R$10.000,00 em 105 dias? n = 3,5 meses (105d) i = 1,50 PMT = ? FV = –R$10.000,00 PV = ? n i PV PMT FV 3,5 1,50 R$9.492,24 0,00 –R$10.000,00 Juros simples Quando usamos juros simples e juros compostos? A quase totalidade das operações envolvendo dinheiro utiliza juros com- postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, aplicações financeiras usuais, como Ca- derneta de Poupança e aplicações em fundos de renda fixa etc. Raramente encontramos uso para o regime de juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo e do processo de desconto simples de duplicatas. De fato, o fenômeno de capitalização ocorre no regime de juros compos- tos, em que os juros se transformam em capital e passam a render novos juros. O regime de juros simples é utilizado no mercado financeiro, como vimos, normalmente nas operações de curto prazo, em razão da simplicida- de de cálculo e para reduzir ou aumentar ficticiamente a verdadeira taxa de juros das operações, facilitando assim, a tarefa de colocação dos produtos junto aos investidores e/ou tomadores de recursos financeiros. Só o regime de juros compostos permite uma avaliação correta dos fluxos de caixa nas operações financeiras. Logo, os juros simples só devem ser utili- zados na obtenção do fluxo de caixa da operação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 Finanças – importância e aplicabilidade Quais são os elementos? Capital O capital é o valor inicial aplicado através de alguma operação financeira. Também conhecido como: principal, valor atual, valor presente ou valor apli- cado. Em inglês usa-se Present Value (indicado pela tecla PV nas calculadoras financeiras). Juros Representam a remuneração do capital empregado em alguma atividade produtiva. Os juros podem ser capitalizados segundo dois regimes: simples ou compostos. Logo, o juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro. Ele existe porque a maioria das pessoas prefere o consumo imediato e está disposta a pagar um preço por isso. Em contrapartida, as pessoas que foram capazes de esperar até possuir a quantia suficiente para adquirir seus desejos, e nesse ín- terim, estiverem dispostas a emprestar essa quantia a alguém menos pacien- te, devem ser recompensadas por essa abstinência na proporção do tempo e risco que a operação envolver. O tempo, o risco e a quantidade de dinheiro disponível no mercado para empréstimos definem qual deverá ser a remu- neração, mais conhecida como taxa de juros. Taxa de juros e tempo A taxa de juros indica que remuneração será paga ao dinheiro empresta- do por um período determinado e vem expressa geralmente na forma rela- tiva ou percentual, em seguida da especificação do período de tempo a que se refere: 5% a.a. – a.a. significa ao ano. 11% a.q. – a.q. significa ao quadrimestre. Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária ou relativa, que é igual à taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: 0,28 a.m. – a.m. significa ao mês. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 23 0,14 a.s. – a.s. significa ao semestre. As fórmulas mais utilizadas são: Valor futuro: FV = PV. (1 + i . n) Juros: J = PV . i . n Valor Presente: PV = FV 1 + i . n Taxa de juros i FV PV n= − 1 1. / Exemplos resolvidos para fixação 1. Determinar o valor do montante acumulado em 12 meses, a partir de um principal de R$20.000,00, aplicado com uma taxa de 15% ao ano, no regime de juros simples. Solução n = 12 meses PV = R$20.000,00 i = 15% ao ano = 15%/12 = 1,25% ao mês = 0,0125 FV = ? FV = PV. (1 + i . n) = R$20.000,00 . (1 + 0,0125 . 12) = R$23.000,00 Na calculadora HP-12C: f 2 20000 ENTER Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 Finanças – importância e aplicabilidade 0,0125 ENTER 12 × 1 + X Visor: R$23.000,00 2. Determinar o valor do principal que deve ser aplicado com uma taxa de juros de 3,5% ao mês, para produzir um montante de R$10.000,00 no prazo de três semestres, no regime de juros simples. Solução: n = 3 semestres = 18 meses FV = R$10.000,00 i = 3,5% ao mês = 0,035 PV = ? PV = FV 1 + i . n = R$10.000,00 1 + 0,035 . 18 = R$6.134,97 Na HP-12C: f 2 0,035 ENTER 18 x 1 + 10000 X><Y : Visor: 6.134,97 3. Determinar o número de meses necessários para um capital dobrar de valor, com uma taxa de juros de 2% ao mês, no regime de juros simples. Solução: Imaginando que o valor de PV é igual a R$100,00, logo FV ao dobrar seria R$200,00 e os dados do problema poderiam ser: PV = R$100,00 FV = R$200,00 i = 2% ao mês = 0,02 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 25 n = ? FV = PV . (1 + i . n) R$200,00 = R$100,00 . (1 + 0,0 2 . n) R$200,00 = 100 . 2n R$200,00 – R$100,00 2 = n n = 50 meses Na HP-12C: 200 ENTER 100 – 2 ÷ Visor: 50 4. Determinar o valor da rentabilidade mensal, a juros simples, que faz um principal de R$2.000,00 se transformar num montante de R$2.500,00, num prazo de 20 meses. Solução: PV = R$2.000,00 FV = R$2.500,00 n = 20 meses i = ? (% ao mês)i FV PV n = − = − 1 1 2 500 00 2 000 00 1 1. R$ R$ . , . , . 220 0 0125= , Na HP-12C: f 4 2500 ENTER 2000 ÷ 1 – 1 ENTER 20 ÷ X Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 26 Finanças – importância e aplicabilidade Visor: 0,0125 Transformando em porcentagem: 100 x = 1,25% Desconto no regime de juros simples Aplicação No regime de juros simples, os descontos de cada período são obtidos pela aplicação da taxa de desconto d sempre sobre o valor futuro FV, ou montante, fazendo com que os descontos tenham o mesmo valor em todos os períodos. Logo: Desconto de cada período: FV . d Desconto de n períodos: n . FV . d Desconto “por dentro” e “por fora” Observa-se que a taxa de desconto d é aplicada sobre o valor futuro FV para produzir o valor presente PV, ao passo que a taxa de desconto i (“por dentro”) também chamada taxa de rentabilidade, é aplicada sobre o valor presente PV para produzir o valor futuro FV. Portanto, o valor do desconto “por fora” ou comercial é obtido multipli- cando-se o valor futuro FV pela taxa de desconto d por período, e esse pro- duto pelo número de períodos correspondentes de desconto, isto é: Dc = FV . d . n Onde: Dc = desconto comercial. O valor presente PV, ou principal, que resulta do desconto obtido sobre o montante FV, é obtido pela expressão: PV = FV . (1 – d . n) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 27 Para obtenção da taxa de desconto d teremos: d PV FV n = − 1 1. Exemplos resolvidos de aplicação 1. Um título com 130 dias a decorrer de seu vencimento está sendo ne- gociado, a juros simples, com uma taxa de desconto comercial de 20% ao ano. Assumindo o ano comercial com 360 dias, determinar o valor da aplicação que proporciona um valor de resgate de R$1.000,00. Solução: FV = R$1.000,00 n = 130 dias d = 20% a.a. = 20% / 360 a.d. = 0,05556% a.d. = 0,0005556 a.d. PV = ? Logo, PV = FV . (1 – d . n) = PV = R$1.000,00 . (1 – 0,20 ÷ 360 . 130) = R$1.000,00. (1 – 0,0005556 . 130) = R$927,78 Na HP-12C: 1000 ENTER 0,20 ENTER 360 ÷ 130 × 1 – X No visor: –R$927,78 A HP-12C entende que o valor é negativo porque todo PV é uma saída de caixa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 28 Finanças – importância e aplicabilidade 2. Determinar o valor do desconto simples de um título de R$3.000,00, com vencimento para 75 dias, sabendo-se que a taxa de desconto “por fora” é de 2,0% ao mês. Solução: FV = R$3.000,00 n = 75 dias d = 2,0% a.m. = 2,0% / 30 a.d. = 0,06667% a.d. = 0,0006667 a.d. PV = FV . (1 – d . n) = R$3.000,00 . (1 – 0,02/30 . 75) R$3.000,00 . (1 – 0,0006667 . 75) = R$2.850,00 Logo: Desconto = FV – PV = R$3.000,00 – R$2.850,00 = R$150,00 Na HP-12C: 3000 ENTER 0,02 ENTER 30 ÷ 75 × 1 – X Visor: – 2.850,00 3000,00 + Visor: R$150,00 3. Determinar o valor da taxa mensal de desconto comercial usada numa operação de desconto de 60 dias, de um título com valor de resgate de R$20.000,00 e com valor principal igual a R$19.500,00. Solução: PV = R$20.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 29 FV = R$19.500,00 n = 60 dias = 2 meses d = ? (% ao mês) d = (1 – PV / FV) . 1 / n = d = (1 – R$19.500,00 / R$20.000,00) . 1 2 = 0,0125, ou seja, 1,25% ao mês. Na HP-12C: 19.500 ENTER 20000 : 1 X >< Y – 2 ÷ 1 × Visor: 0,0125 ou 1,25% ao mês IOF – Imposto sobre Operações Financeiras e Despesas Administrativas Nas operações com descontos, os bancos costumam cobrar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é um tributo federal com alíquota de 1,5% mais as despesas administrativas. Com isso o valor de resgate do título diminui ainda mais um pouco, pois esses descontos incidem sobre o valor de face do título. Vamos ver um exemplo de aplicação: Determinar o valor atual de um título de R$3.000,00, com vencimento para 75 dias, sabendo-se que a taxa de desconto “por fora” é de 2,0% ao mês. O banco cobra ainda 1,5% de IOF e 2% de taxas administrati- vas sobre a operação financeira. Solução: FV = R$3.000,00 n = 75 dias Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 Finanças – importância e aplicabilidade d = 2,0% a.m. = 2,0% / 30 a.d. = 0,06667% a.d. = 0,0006667 a.d. PV = FV . (1 – d . n) = 3.000,00 . (1 – 0,02/30 . 75) 3.000,00 . (1 – 0,0006667 . 75) = R$2.850,00 IOF = 3.000,00 . 0,015 = R$45,00 TA = 3.000,00 . 0,02% = R$60,00 Logo: Desconto = FV – PV = 3.000,00 – 150,00 – 45,00 – 60,00 = R$2.745,00 Ampliando seus conhecimentos A Matemática Financeira (TAHAN, 1984) Na época em que o comércio começava a chegar ao auge, uma das ativida- des do mercador foi também a do comércio de dinheiro: com o ouro e a prata. Nos diversos países eram cunhadas moedas de ouro e prata. Com a expansão das formas de comércio, assim como durante as guerras de conquista de territórios, as moedas dos países eram trocadas, mas o pagamento só podia ser efetuado com dinheiro do país específico. Logo, dentro das frontei- ras de cada país, as moedas estrangeiras eram trocadas por dinheiro deste país. Os comerciantes e algumas pessoas que possuíam muito dinheiro e que viaja- vam ao exterior precisavam de dinheiro de outros países, que compravam com a moeda nacional. Os tempos foram passando e alguns comerciantes ficaram conhecendo muito bem as moedas estrangeiras e passaram a acumulá-las em grandes quantidades. Desta forma, dedicaram-se exclusivamente ao câmbio de dinheiro, isto é, a comercializar dinheiro. Havia a divisão de trabalho dentro do campo do comércio: paralelamente aos comerciantes que se ocupavam com a troca de artigos comuns, surgiram os cambistas, isto é, comerciantes dedicados ao intercâmbio de uma mercado- ria específica: o dinheiro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 31 Num espaço de tempo relativamente curto, acumularam-se fantásticas somas de dinheiro nas mãos dos cambistas. Com o tempo, foram se ocupan- do de uma nova atividade: guardar e emprestar dinheiro. Naquela época, e devido à deficiente organização das instituições responsáveis pela segurança social do indivíduo, não era recomendável que tivesse em sua casa muitas moedas de ouro e prata. Estas pessoas entregavam seu dinheiro à custódia do cambista rico, que o guardava e devolvia ao dono quando ele pedisse. Ima- ginemos um cambista qualquer que tenha acumulado, desta forma, em seus cofres, imensa quantidade de dinheiro. Era natural que a seguinte ideia ocorresse: “Por que estas grandes somas de dinheiro haverão de permanecer em meu poder sem qualquer lucro para mim? – Aí então se percebe que a palavra “lucro” está diretamente interligada com o conceito de finanças – É pouco provável que todos os proprietários, ao mesmo tempo e num mesmo dia, exijam a devolução imediata de todo seu dinheiro. Emprestarei parte deste dinheiro a quem pedir, sob a condição de que seja devolvido num prazo determinado. E como meu devedor empregará o dinheiro como quiser durante este é natural que eu obtenha alguma van- tagem. Por isso, além do dinheiro emprestado deverá entregar-me, no venci- mento do prazo estipulado, uma soma adicional”. Vimosque neste pensamento do mercador a ideia de lucro já aparece fortemente. Assim tiveram início as operações creditícias. Aqueles que, por alguma razão, se encontravam sem dinheiro – comerciantes, senhores feudais e não raras vezes o próprio rei ou o erário nacional –, recorriam ao cambista que lhes emprestava grandes somas de dinheiro a juros “razoáveis”. O juro era pago pelo usufruto do dinheiro recebido ou, mais propriamente, era a “compensação pelo temor” de quem dava dinheiro emprestado e assim se expunha a um grande risco. Entretanto esses juros alcançaram, em alguns casos, quantias incríveis: na antiga Roma os usuários exigiam de 50 a 100 por cento e na Idade Média, de 100 a 200 por cento, às vezes mais, em relação direta com a necessidade do solicitante ou do montante da soma. Estes juros foram chamados – com toda justiça – de usurário, o dinheiro recebido emprestado, de capital usurário e o credor, de usureiro. O cambista exercia sua profissão sentado num banco de madeira em algum lugar do mer- cado. Daí a origem da palavra “banqueiro” e “banco”. Os primeiros bancos de verdade da História foram criados pelos sacerdotes. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 Finanças – importância e aplicabilidade No mundo antigo, entre os egípcios, babilônios e mais tarde entre os gregos e romanos, estava amplamente difundido o costume segundo o qual os cida- dãos mais abastados deviam confiar a custódia de seu ouro aos sacerdotes. A Igreja cristã não só deu continuidade à tradição das operações credití- cias dos antigos sacerdotes, que considerava pagãos, mas desenvolveu-as em grande escala. A Igreja Católica criou o “Banco do Espírito Santo”, corria um fabuloso capital inicial. Seu verdadeiro propósito era tornar mais expedita a exação, aos fiéis, dos chamados “denários de São Pedro” destinados a satis- fazer as frugalidades do Papa e para facilitar o pagamento de dízimos e in- dulgências, assim como para a realização de transações relacionadas com os empréstimos, em outras palavras, com a usura. Ao mesmo tempo lançou um anátema e condenou às masmorras da in- quisição os cidadãos que emprestavam dinheiro a juros, mesmo que este juro fosse menor do que aquele que ela exigia por seu dinheiro. A Igreja proibia a seus fiéis que cobrassem juros por seu dinheiro, invocando como autoridade a Sagrada Escritura, onde se lê: “Amai pois vossos inimigos e fazei o bem, e em- prestai, nada esperando disso” (São Lucas, 6,35). Na realidade, esta proibição era motivada por um interesse econômico muito “mundano”: a Igreja ambi- cionava assegurar para si o monopólio absoluto na exação de juros. Apesar das maldições e ameaças com o fogo eterno, a Igreja não pôde conter a avidez por ganhos e lucros das pessoas, tanto mais que o próprio desenvolvimento do comércio exigia a criação de uma ampla rede bancária. As iniciadoras desta atividade foram as cidades-estado da Itália, que tinham um vasto comércio, cujo raio de ação se estendia aos mais distantes confins do mundo conhecido. O primeiro banco privado foi fundado pelo duque Vitali em 1157, em Veneza. Após este, nos séculos XIII, XIV e XV toda uma rede bancária foi criada. A Igreja não teve alternativa senão aceitar a realidade dos fatos. Assim, os bancos foram um dos grandes propulsores práticos para o avanço da Mate- mática Comercial e Financeira e da Economia durante os séculos X até XV. Pois sem essa motivação para o aprimoramento dos cálculos, talvez, essa área de Matemática não estivesse tão avançada atualmente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 33 Atividades de aplicação 1. Calcular o juro de uma operação com 45 dias de prazo, sabendo-se que o capital é de R$1.000,00 e a taxa de juros é de 48% ao ano. 2. Calcular o valor dos juros de uma operação com cinco anos de prazo, sa- bendo-se que o capital é de R$300,00 e a taxa de juro é de 25% ao ano. 3. Calcular o valor do capital, sabendo-se que o juro é de R$80,00, a taxa de juro é de 120% ao ano e o prazo é de 60 dias. 4. Calcular a taxa de juro mensal de uma operação, cujo capital é de R$400,00, o juro é de R$160,00 e o prazo é de 4 meses. Gabarito 1. 48 / 360 = 0,1333% ao dia ou 0,001333 J = PV . i . n = R$1.000,00 . 0,001333 . 45 = aproximadamente R$60,00 Na HP-12C: 48 ENTER 360 ÷ 100 ÷ 45 × 1000 × Visor: R$60,00 2. J = PV . i . n J = R$300,00 . 0,25 . 5 J = R$375,00 NA HP-12C: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Finanças – importância e aplicabilidade 25 ENTER 100 ÷ 5 × 300 × Visor: R$375,00 3. Se J = PV . i . n Então: PV = J / i . n Como i = 120 / 360 = 0,3333 ou 0,00333 PV = R$80.000,00 / 0,00333 . 60 PV = R$80.000,00 / 0,1999 PV = R$400,00 NA HP-12C: 120 ENTER 360 ÷ 100 ÷ 60 × 80 X<>Y ÷ Visor: R$400,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Finanças – importância e aplicabilidade 35 4. J = PV . i . n R$160,00 = R$400,00 . i . 4 R$160,00 = R$1.600,00 i R$160,00 / R$1.600,00 = i i = 0,10 ou 10% ao mês NA HP-12C: 400 ENTER 4 × 160 X<>Y ÷ Visor: 0,10 ou 10 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 37 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Não há ramo da matemática, por mais abstrato que seja, que não possa um dia vir a ser aplicado aos fenômenos do mundo real. Nicolai Ivanovich Capitalização composta Na capitalização composta ou regime de juros compostos, os resultados dos juros de cada período de tempo são obtidos aplicando-se a taxa de juros i sobre o investimento inicial (capital), no início do período referente à capi- talização. Para melhor entendimento, observe os dados e a tabela a seguir: FV = PV . (1 + i)n Valor Presente PV = R$2.000,00 n = número de períodos de tempo: 4 anos Taxa: 5% ao ano Final do Valor de n Valor de FV (R$) 1.º ano 1 FV = R$2.000,00 . (1 + 0,05)1 = R$2.100,00 2.º ano 2 FV = R$2.000,00 . (1 + 0,05)2 = R$2.205,00 3.º ano 3 FV = R$2.000,00 . (1 + 0,05)3 = R$2.315,00 4.º ano 4 FV = R$2.000,00 . (1 + 0,05)4 = R$2.431,01 A partir da expressão geral temos: PV = FV (1 + i)n Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Início do Valor de n Valor de FV (R$) 1.º ano 1 FV = 2.431,01 / (1 + 0,05)1 = 2.315,00 2.º ano 2 FV = 2.431,01 / ( 1 + 0,05)2 = 2.205,00 3.º ano 3 FV = 2.431,01 / ( 1 + 0,05)3 = 2.100,00 4.º ano 4 FV = 2.431,01 / ( 1 + 0,05)4 = 2.000,00 Descontos compostos Entender o que são o desconto racional e o desconto comercial é muito importante para quem faz negócios. A definição de cada um dos dois é, em um primeiro momento, difícil de entender, mas ao avaliarmos as aplicações, perceberemos que é muito simples e fácil. Exemplo Você tem uma fatura de R$100,00 e deverá pagá-la daqui 60 dias. Essa fatura foi calculada com uma taxa de juros de 10% ao mês. Então qual será o valor justo para pagá-la? A empresa detentora desse crédito informa que utiliza o “desconto racio- nal” e oferece para você pagar R$83,33. Será que é uma boa proposta? Será que vale a pena aceitá-la? Ou é melhor refletir mais um pouco? Então você faz a primeira análise: Se você calcular 10% de R$100,00 vai verificar que corresponde a R$ 10,00. Em dois meses, seriamR$20,00. Logo, você chega a conclusão que deve pagar R$80,00. Avalia também, numa segunda análise, qual é o valor que emprestado hoje a 10% ao mês dará R$100,00 daqui a dois meses ou 60 dias? É só você calcular qual valor que com 20% de juros equivale a R$100,00. Você faz as operações e encontra 100/1,20 com resultado igual ao va- lor de R$83,33 proposto pelo emprestador. Em uma terceira análise você verifica que R$83,33 daqui a um mês equivalerá a R$91,67, isto é, (R$83,33 . 1,10), e com mais um mês será Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 39 R$100,83. Faz a conferência de suas operações e percebe que ao dividir R$100,83 pelo fator 1,10 duas vezes encontrará R$83,33. Logo, o valor está “batendo”. E se você dividir R$100,00 por 1,10 também duas vezes, vai encontrar R$82,64. E aí, temos a pergunta que não quer calar: Você pagará R$80,00 ou R$83,33 ou R$82,64? O que é mais justo? Todas as três formas de cálculo são utilizadas normalmente. A correta será aquela negociada e aceita entre as duas partes. Para entendermos melhor as três análises, podemos dizer que a análise 1 é um raciocínio de desconto co- mercial simples; na análise 2 o raciocínio é de desconto racional simples; e na última análise vemos o funcionamento do desconto racional composto, que é objeto de nosso estudo neste capítulo. Desconto comercial “por fora” O desconto comercial não é utilizado no Brasil e é semelhante ao cálculo de juros compostos, substituindo-se o valor principal pelo valor nominal do título. Desconto racional “por dentro” Modelo utilizado no Brasil. D = N – A, sendo A o valor atual e N = A (1 + i)n, portanto: Dr = N[1 – (1 + i) –n] Onde: A = Valor atual N = Valor nominal Dr = Desconto racional composto Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas É interessante observar que no desconto racional composto é necessário considerar o valor atual A como o capital inicial de uma aplicação e o valor no- minal N como o montante dessa aplicação, levando-se em consideração que as taxas e os tempos funcionam de forma muito semelhante nos dois casos. Df = PV . [(1 + i) n – 1 / (1 + i)n ] Descontar títulos de crédito é uma operação feita pelos agentes bancá- rios, em que somente uma pessoa jurídica tem o direito de crédito sobre outra, para resgate de uma nota promissória, duplicata etc., e “vende” esse dinheiro aos bancos. Logo, para melhor entendimento, uma pessoa jurídica tem uma duplicata de R$1.000,00 que vai vencer no mês seguinte, então faz uma operação de desconto e “vende” ao banco esse título e recebe o valor nominal dessa duplicada menos os juros cobrados pelo banco. Se na transação realizada o banco cobrar 20%, quem vendeu o título re- ceberá a importância de R$800,00 e o banco fica na obrigação de cobrar da pessoa que lhe devia. É importante observar que o banco, nesse caso, tem direito de regresso, isto é, se a pessoa não pagar ao banco, o banco tem o di- reito de cobrar da pessoa jurídica que vendeu o título, o valor original dele. Existem empresas que fazem uma operação muito semelhante chamada factoring. Nesse caso, essas empresas se especializaram em comprar títulos com risco de crédito. Elas compram esses títulos e cobram no lugar dos juros, o chamado deságio. As empresas que operam com factoring são diferentes dos bancos nas operações de descontos de títulos, pelo fato de não possu- írem direito de regresso, isto é, a partir do momento em que se vende o di- reito de crédito, caso o cliente não honre o pagamento, não poderá cobrá-lo da pessoa jurídica. Classificação dos títulos de crédito Ordem de pagamento: nos títulos que contêm ordem de pagamento, a obrigação deverá ser cumprida por terceiros. Exemplo desses títulos: cheque e letra de câmbio. Na ordem de pagamento são identificados três componentes essenciais. Vamos analisar um dos títulos, que é o cheque: emitente – é a pessoa responsável, que assina o cheque, logo, au- toriza a ordem de pagamento; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 41 sacado – é o banco, isto é, a pessoa jurídica que cumprirá a ordem de pagamento expressa no cheque. É do banco que será retirado (sacado) o valor escrito no título de crédito; beneficiário ou tomador – quem se beneficia da ordem de paga- mento. É quem recebe o valor expresso no cheque. Promessa de pagamento: os títulos que apresentam promessa de pagamento mostram que a obrigação deverá ser cumprida pelo pró- prio emitente e não por terceiros. Um exemplo desse tipo de título é a nota promissória. Na nota promissória, não vem escrito pague, mas pagarei: o verbo está na primeira pessoa do singular. Na promessa de pagamento identificamos a indicação de dois elementos: emitente – que emite a promessa de pagamento em nome pró- prio, isto é, na primeira pessoa do singular (eu pagarei). O emitente é o devedor da obrigação; beneficiário – quem se beneficia da promessa de pagamento. É o credor do título. Existem ainda outros títulos de crédito muito interessantes, como a dupli- cata e a letra de câmbio. Exemplos resolvidos de aplicação 1. Determinar o valor do investimento inicial (principal) que deve ser rea- lizado no regime de juros compostos, com uma taxa efetiva de 1% ao mês, para produzir um montante acumulado de R$1.000,00 no final de 12 meses. Solução: n = 12 meses i = 1% ao mês ou 0,01 FV = R$1.000,00 PMT = R$0,00 PV = ? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas PV = FV (1 + i)n = PV = R$1.000,00 (1 + 0,01)12 = R$887,45 Na HP-12C: 1000 CHS FV 1 i 12 n PV Visor: R$887,45 2. Obtenha o valor hoje de um título de R$10.000,00 de valor nominal, vencível ao fim de três meses, a uma taxa de juros de 3% a.m., conside- rando um desconto racional composto e desprezando os centavos. Solução: N = R$100.00,00 n = 3 meses i = 0,03 a.m. Dr = N . [ ((1+i) n – 1) / (1+i)n] (1 + 0,03)3 = 1,092727 – 1 / 1,092727 Dr = R$10.000,00 . 0,092727 / 1,092727 Dr = R$848,58 Dr = N – A R$848,58 = R$10.000,00 – A A = R$10.000,00 – R$848,58 A = R$10.000,00 – R$848,58 A = R$9.151,42 Na HP-12C: 1 ENTER 0,03 + Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 43 3 yx 1 – 10000 × 1,092727 ÷ Visor: R$848,58 10000 ENTER 848,58 – Visor: R$9.151,42 3. Um título foi descontado por R$840,00, quatro meses antes de seu vencimento. Calcule o desconto obtido, considerando um desconto racional composto a uma taxa de 3% a.m. Solução: n = 4 meses i = 0,03 a.m. A = R$840,00 Dr = N – A Dr = N – R$840,00 Dr = N . [ ((1 + i) n – 1) / (1 + i)n] (1 + 0,03)4 = R$1,12550881 (1 + 0,03)4 –1 = R$0,12550881 Dr = N . R$0,12550881 / R$1,12550881 N . R$0,12550881 / R$1,12550881 = N – R$840,00 N . R$0,12550881 = R$1,12550881 . N – R$945,4274004 N = R$945,4274004 Dr = R$945,4274004 – R$840,00 Dr = ~ R$105,43 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 4. Um título sofre um desconto composto racional de R$6.465,18 quatro meses antes do seu vencimento. Indique o valor mais próximo do va- lor descontado do título, considerandoque a taxa de desconto é de 5% a.m.: Solução: Dr = R$6.465,18 n = 4 meses i = 0,05 a.m. Dr = N . [ ((1 + i) n – 1) / (1 + i)n] (1 + 0,05)4 = 1,21550625 (1,21550625)4 – 1 = 0,21550625 R$6.465,18 = N . [0,21550625 / 1,21550625] N = R$36.465,14 Na HP-12C: F8 1 ENTER 0,05 + 4 yx 1 – Visor: 0,21550625 0,21550625 ENTER 1,21550625 ÷ Visor: 0,1772975 6.465,18 X<> Y ÷ Visor: R$36.465,14 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 45 5. O valor nominal de uma dívida é igual a 5 vezes o desconto racional composto, caso a antecipação seja de dez meses. Sabendo-se que o valor atual da dívida (valor de resgate) é de R$200.000,00, então o va- lor nominal da dívida, sem considerar os centavos é igual a: Solução: N = 5 . Dr n = 10 meses A = R$200.000,00 Dr = N – A Dr = 5 . Drc – R$200.000,00 4 . Drc = R$200.000,00 Dr = R$50.000,00 Dr = N – A R$50.000,00 = N – R$200.000,00 N = R$250.000,00 Atividades de fixação 1. Determinar o valor acumulado no final de 24 meses, com juros com- postos de 1% ao mês, a partir do investimento inicial de R$2.000,00. FV = PV. (1 + i)n FV = R$2.000,00 . (1 + 0,01)24 FV = R$2.539,46 Na HP-12C: 2000 CHS PV 24 n 1 i FV Visor: R$2.539,46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 2. Determinar o valor do investimento inicial que deve ser realizado no regime de juros compostos, com uma taxa efetiva de 1,25% ao mês, para produzir um valor acumulado de R$1.000,00 no final de dois anos. PV = FV / (1 + i) n Taxa ao mês: 1,25% Período: 2 anos = 24 meses PV = R$1.000,00/(1 + 0,0125)24 PV = R$742,20 Na HP-12C: 1000 FV 1,25 i 24 n PV = Visor: – R$742,20 (em função de ser um investimento – “saída de dinheiro”). 3. Considerando o regime de juros compostos e uma taxa de juros de 2,5% ao mês, quanto deve ser aplicado hoje se desejar possuir daqui a dois anos R$60.000,00? PV = FV / (1 + i)n PV = R$60.000,00 / (1 + 0,025)24 PV = R$33.172,52 Na HP-12C: 60000 CHS FV 2,5 i 24 n PV Visor: R$33.172,52 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 47 4. Um título inicial de R$4.000,00 produz um valor acumulado de R$4.380,00 no fim de 10 meses. Determinar a taxa de rentabilidade mensal desse investimento no regime de juros compostos. FV = (PV . i)n R$4.380,00 = (R$4.000,00 . i)10 i = (R$4.380,00 / R$4.000,00)1/10 – 1 i = 0,911% Na HP-12C: Como estamos buscando taxa, é sempre interessante aumentar o nú- mero de casas decimais. Vamos trabalhar com 6 casas, portanto, f6. f6 f fin 4380 FV 4000 CHS PV 10 n Visor: 0,911 5. Determinar o número de meses necessários para fazer um capital do- brar de valor, sendo a taxa de juros de 6% ao ano, no regime de juros compostos. FV = PV . (1 + i)n R$200,00 = R$100,00 . (1 + 0,06)n (R$200,00 / R$100,00)1 . 0,06 n = 12 meses Na HP-12C: Como queremos tempo, vamos manter a calculadora em f6. f 6 f fin Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 48 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 200 FV 100 CHS PV 6 i n Visor: 12 Taxas Taxa é definida como um índice numérico relativo cobrado sobre um capital ou valor principal para a realização de alguma operação financeira. A taxa é fundamental no processo de capitalização e amortização. As taxas mais importantes são: Taxa efetiva Taxa efetiva é a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. São exem- plos de taxas efetivas: 7% ao mês, capitalizados mensalmente. 1% ao trimestre, capitalizados trimestralmente. 10% ao ano, capitalizados anualmente. A taxa efetiva é utilizada nas calculadoras financeiras, nas funções finan- ceiras das planilhas eletrônicas e nos fatores das tabelas financeiras. Taxas proporcionais – juros simples São taxas de juros fornecidas em unidades de tempo diferentes que, ao serem aplicadas a um mesmo principal durante um mesmo prazo, produ- zem um mesmo montante acumulado no final daquele prazo, no regime de juros simples. O conceito de taxas proporcionais está, portanto, diretamente ligado ao regime de juros simples, e é esclarecido através dos exemplos nu- méricos e das fórmulas desenvolvidas nos próximos itens. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 49 Taxa real Taxa real é a taxa efetiva corrigida pela taxa inflacionária do período da operação. Exemplo Determinar a taxa semestral e mensal que são proporcionais à taxa de 12% ao ano. Solução: ia = 12% ao ano taxa semestral is . 2 = ia = is = ia / 2 = 12% / 2 = 0,12 / 2 = 0,06, isto é, 6% ao semestre. taxa mensal im . 12 = ia = im = ia / 12 = 12% / 12 = 0,12 / 12 = 0,01 isto é, 1% ao mês. Conexão entre as taxas real, efetiva e de inflação Exemplo Se a taxa de inflação mensal foi de 30% e um valor aplicado no início do mês produziu um rendimento global de 32,6% sobre o valor aplicado, então o resultado é igual a 1,326 sobre cada 1 unidade monetária aplicada. Assim, a variação real no final desse mês, será definida por: vreal = 1 + ireal que pode ser calculada por: vreal = resultado / (1 + iinflação) logo: vreal = 1,326 / 1,3 = 1,02 ireal = 2% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 50 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Taxas equivalentes – juros compostos São taxas de juros fornecidas em unidades de tempo diferentes que, ao serem aplicadas a um mesmo principal durante um mesmo prazo, produzem um mesmo montante acumulado no final daquele prazo, no regime de juros compostos. O conceito de taxas equivalentes está, portanto, diretamente ligado ao regime de juros compostos. Logo, a diferença entre taxas equivalentes e taxas proporcionais se prende exclusivamente ao regime de juros considerado. Exemplo Determinar os montantes acumulados no final de quatro anos, a partir de um principal de R$100,00, no regime de juros compostos, com as seguintes taxas de juros: 12,6825% ao ano; 6,1520% ao semestre; 1,00% ao mês. Solução: Taxa anual FV = PV . (1 + i)n = R$100,00 . (1 + 0,126825)4 = R$100,00 . 1,6122 = R$161,22 Na HP-12C: 100 CHS PV 4 n 12,6825 i FV Visor: R$161,22 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 51 Taxa semestral FV = R$100,00 . (1 + 0,06152)8 = R$100,00 . 1,6122 = R$161,22 Na HP-12C: 100 CHS PV 8 n 6,1520 i FV Visor: 161,22 Taxa mensal FV = R$100,00 . (1 + 0,01)48 = R$161,22 Na HP-12C: 100 CHS PV 48 n 1 i FV Visor: R$161,22 Situações possíveis com taxas equivalentes Fórmula Taxa Período Número de vezes 1+ia = (1+isem) 2 isem semestre 2 1+ia = (1+iquad) 3 iquad quadrimestre 3 1+ia = (1+itrim) 4 itrim trimestre 4 1+ia = (1+imes) 12 imes mês 12 1+ia = (1+iquinz) 52 iquinz quinzena 24 1+ia = (1+isemana) 24 isemana semana 52 1+ia = (1+idias) 365 idias dia 365 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaçõeswww.iesde.com.br 52 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Relação entre taxas equivalentes Exemplo 1 Qual será a taxa efetiva que equivale à taxa de 12% ao ano capitalizada mês a mês? Solução: Vamos entender a frase: “12% ao ano capitalizada mês a mês”. Ela significa que devemos dividir 12% por 12 meses para obter a taxa que é aplicada a cada 1 mês. Se estivesse escrito “12% ao ano, capitalizada trimestralmente” deve- ríamos entender que a taxa ao trimestre seria igual a 12% dividido por 4 (número de trimestres de 1 ano) que é 3%. Vamos observar o fluxo de caixa da situação. Observação: S neste fluxo representa o montante final da operação e C representa o capital. C 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 S A taxa mensal é i1 = 12% / 12 = 1% = 0,01, assim, a taxa efetiva pode ser obtida por 1 + i2 = (1,01) 12 = 1,1268247 Logo: i2 = 0,1268247 = 12,68247% Exemplo 2 Determinar as taxas anual e semestral equivalentes à taxa de juros de 1% ao mês. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 53 Solução: Taxa anual (1 + ia ) = (1 + im ) 12 = (1 + 0,01)12 = (1,01)12 = 1,126825 Logo: ia = 1,126825 – 1 = 0,126825, ou seja, 12,6825% ao ano. n i PV PMT FV 12 1,00 – R$100,00 0,00 R$112,68 A célula em destaque (abaixo de FV) mostra o valor de R$112,68 obti- do para FV, em relação ao valor principal de R$100,00, indicando uma taxa de 12,6825% ao ano. Taxa semestral (1 + is ) 2 = (1 + im) 12 = (1 + is) = (1 + im) 6, portanto, is = (1 + im) 6 – 1 = (1,01)6 – 1 = 1,061520 – 1 = 0,061520, ou seja, 6,1520% ao semestre. Podemos obter esse valor com a calculadora HP-12C. n i PV PMT FV 6 1,00 – R$1.00,00 0,00 R$106,15 Taxa nominal Taxa nominal é a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. A taxa nominal é sempre fornecida em termos anuais, e os períodos de capitaliza- ção podem ser semestrais, trimestrais, mensais ou diários. A taxa nominal é bastante utilizada no mercado, mas não representa uma taxa efetiva e, por isso, não deve ser usada nos cálculos financeiros, no regime de capitalização de juros compostos. Apresenta em seu enunciado uma taxa efetiva implícita, que é a taxa de juros a ser aplicada em cada período de capitalização. Essa taxa efetiva implí- cita é sempre calculada de forma proporcional, no regime de juros simples. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 54 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Devemos então abandonar os valores das taxas nominais e realizar os cál- culos financeiros, no regime de juros compostos, com os valores das taxas efe- tivas correspondentes, ou seja, 1% ao mês, 12% ao ano, e assim por diante. As taxas efetivas que são implícitas nas taxas nominais anuais, são obtidas em função do número de períodos de capitalização da taxa nominal, confor- me demonstração na tabela a seguir. Período de capitalização em IN Número de períodos de capitalização ao ano Taxa efetiva implícita Diária 360 id = iN / 360 Mensal 12 im = iN / 12 Trimestral 4 it = iN / 4 Exemplo Determinar as taxas efetivas anuais equivalentes a uma taxa nominal de 9% ao ano, com o período de capitalização mensal. Solução: iN = 9% ao ano Capitalização mensal taxa efetiva mensal im = 9% / 12 = 0,75% ao mês ou 0,0075 Logo: (1 + ia) = (1 + im) 12 = (1 + 0,0075)12 = (1,0075)12 Ia = (1,0075) 12 – 1 = 1,093807 – 1 = 0,0938007 ou 9,3807% ao ano. n i PV PMT FV 12 0,75 – R$100,00 0,00 R$109,38 Complemento A Tabela Price, que tem grande aceitação no mercado, é utilizada princi- palmente para calcular o valor das prestações de financiamentos imobiliários. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 55 Sua grande característica consiste em ter a taxa nominal como elemento de entrada para obtenção dos fatores. Entretanto, os fatores são calculados com a taxa efetiva decorrente da taxa nominal, em função do número de perío- dos de capitalização. Assim, por exemplo, uma Tabela Price de 12% ao ano, capitalizados mensalmente, tem as seguintes características: a taxa de entrada, para a obtenção dos fatores, é de 12% ao ano, capi- talizados mensalmente; os períodos dessa tabela correspondem a meses; a taxa utilizada no cálculo dos fatores é a taxa efetiva de 1% ao mês. Taxa bruta e taxa líquida Costuma-se denominar taxa bruta de uma aplicação financeira, a taxa de juros obtida considerando o valor da aplicação e o valor do resgate bruto, sem levar em consideração o desconto do imposto de renda, que é retido pela instituição financeira e recolhido ao Bacen. Por outro lado, denomina-se taxa líquida de uma aplicação financeira a taxa de juros obtida considerando o valor da aplicação e do resgate líquido, já levando em conta o desconto do Imposto de Renda. Exemplo Um investidor aplicou R$10.000,00, durante 6 meses, contratando uma taxa de 12% ao ano capitalizados mensalmente. Sabendo-se que sobre o ren- dimento auferido incide uma tributação a título de Imposto de Renda com uma alíquota de 25%, determinar a taxa líquida do investimento. Solução: PV = R$10.000,00 n = 6 meses in = 12% a.a. ou seja 1 % a.m. IR = 25% sobre o rendimento (isto é, sobre os juros) iliq = ? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 56 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas n i PV PMT FV 6 1,00 – R$10.000,00 0,00 R$10.615,20 Sabendo-se que J = FV – PV J = R$10.615,20 – R$10.000,00 = R$615,20 IR = 25%, logo IR = 0,25 . 615,20 IR = R$153,80 Dessa forma, o valor bruto (FV) sofrerá um desconto de R$153,80, logo Fvliq = R$10.461,40. Passa-se então à seguinte condição: PV = R$10.000,00 n = 6 meses Fvliq = R$10.461,40 PMT = 0 iliq = ? n PV PMT FV i 6 – R$10.000,00 0,00 R$10.461,40 0,75462 Na HP-12C: 10000 CHS PV 6 n 10 461,40 FV i Visor: R$0,75462 Logo, a taxa líquida da operação é de 0,75462% ao mês ou 9,05544% ao ano capitalizados mensalmente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 57 Relação entre taxa real e taxa nominal Essas duas denominações estão diretamente ligadas ao fenômeno da inflação. Costuma-se denominar taxa real aquela obtida após se eliminar o efeito da inflação, e taxa nominal aquela que inclui a inflação. Assim, a taxa nominal é sempre maior do que a taxa real. i i ir n i = + + − 1 1 1 Onde in = taxa nominal, ii = taxa de inflação. As taxas deverão, para determinação da taxa real, estar indicadas na mesma unidade de tempo. Exemplo Sabendo-se que um investimento é contratado à taxa nominal de 12% ao ano e que no mesmo período a taxa de inflação é de 3%, determinar a taxa real que incidirá sobre o investimento. Solução: in = 12% ao ano ii = 3% ir = ? ir = + + − =1 0 12 1 0 03 1 0 087379 , , , a.m. ou 8,7379% a.m. Na HP-12C: 1,12 ENTER 1,03 ÷ 1 – 100 × Visor: 8,7379% ao mês Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 58 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Resumindo, podemos dizer que: a taxa efetiva é a utilizada nos cálculos financeiros, a juros compostos; a taxa nominal tem uma taxa efetiva implícita em seu enunciado, que depende do número de períodos de capitalização.Essa taxa efetiva deve ser utilizada nos cálculos financeiros, a juros compostos; taxas proporcionais são taxas de juros que permitem o mesmo cresci- mento do dinheiro, no regime de juros simples; taxas equivalentes são taxas de juros que permitem o mesmo cresci- mento do dinheiro, no regime de juros compostos; taxa bruta e taxa líquida estão ligadas ao desconto ou não do imposto de renda; taxa real e taxa nominal estão ligadas ao fenômeno da inflação. Ampliando seus conhecimentos Vamos fazer uma viagem pela história das taxas de juros brasileira: Taxas referenciais TBC – Taxa básica do Banco Central – era usada pelo BC como base inicial (piso) de negócio na captação de recursos, através da venda de títulos federais em seus leilões semanais. TBAN – Taxa de Assistência do Banco Central – era usada para con- cessão de assistência financeira aos bancos comerciais; servia como “taxa teto” para os negócios do mercado interbancário. TBF – Taxa Básica Financeira – correspondente à média das taxas de juros dos certificados de depósitos bancários das trinta maiores institui- ções financeiras do país, sendo que as duas taxas extremas, a maior e a menor, eram excluídas do cálculo. TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo – aplicada às operações finan- ceiras de longo prazo realizadas pelo BNDES. Sempre é calculada para o trimestre seguinte, utilizando a média ponderada do trimestre ante- rior, das taxas dos títulos da dívida externa federal, com peso de 0,75, e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 59 também dos títulos da dívida interna, com peso de 0,25. Entre as aplica- ções está a correção do PIS/PASEP. TR – Taxa Referencial – é uma taxa básica, criada no governo Collor com o objetivo de estabelecer um parâmetro móvel, para fundamentar as demais taxas de juros. Corresponde à média móvel ponderada das taxas de captação dos certificados de depósitos bancários praticadas pelas 20 principais instituições financeiras. Sua fórmula é determinada pelo Ministério da Fazenda e tem variado ao longo desses anos. Taxas do mercado monetário Taxa Over/Seliq – é a taxa de um dia “overnight” do Seliq – Sistema Cus- tódia e Liquidação de Títulos, onde são realizadas as operações envol- vendo títulos públicos federais. É a taxa aplicável a operações interban- cárias, de empréstimos de reservas, lastreados em títulos federais. Taxa Over/CDI – É a taxa referente a transações de um dia com o certifica- do de depósito bancário através do Cetip – Centro de Custódia e Liquida- ção de Títulos, onde são negociados os títulos privados. Taxas de empréstimos Desconto de duplicatas – aplicada a empréstimos conseguidos por descontos de duplicatas de empresas, mediante contrato prévio deter- minando saldo médio, percentual de desconto (entre 70% e 85%) e dé- bito automático de duplicatas vencidas e sem pagamento. Capital de giro – taxa aplicada aos empréstimos de capital de giro ga- rantida por contrato e emissão de nota promissória. Cheque especial – taxa aplicada ao saldo devedor de conta de depósi- to, funcionando como empréstimos de emergência e de curto prazo. É acompanhada de taxas de serviço altas, principalmente se os cheques não apresentarem fundos suficientes para cobertura. Hot money – taxa incidente sobre empréstimos individuais concedidos mediante notas promissórias avalizadas por terceiros. (IstoÉ, São Paulo, n. 43, 2007.) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 60 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas Atividades de aplicação 1. Determinar as taxas semestral, mensal e diária, proporcionais à taxa de 24% ao ano. 2. Determinar a taxa mensal proporcional à taxa de 7,5% ao semestre. 3. Determinar a taxa diária proporcional à taxa de 1,5% ao mês. 4. Determinar as taxas mensal e semestral que são equivalentes à taxa de 3% ao trimestre. 5. Determinar a taxa diária que é equivalente à taxa de 1,5% ao mês. 6. Um investidor aplicou R$12.000,00. Após 7 meses efetuou o resgate integral de R$20.565,89. Qual é a taxa anual equivalente à taxa contra- tada no investimento? 7. Se uma instituição bancária deseja ganhar 30% ao ano como taxa efe- tiva, que taxa nominal anual deverá pedir, caso adote capitalização mensal? 8. O Banco Alfa cobra, em suas operações de crédito pessoal, uma taxa de juros de 45% ao ano com capitalização diária. Considerando um empréstimo de R$10.000,00, com prazo contratado de 3 meses, qual será o valor devido pelo tomador? Gabarito 1. taxa semestral = 0,12; mensal = 0,02 e diária igual a 0,000667. is = = 24 12 % a.a. 2 a.s.% im = = 24 2 % a.a. 12 a.m.% id = = 24 0 06667 % a.a. 360 a.d., % 2. 0,0125 im = = 7,5% a.s. 6 a.m.1 25, % Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 61 3. 0,0005 id = = 1,5% a.m. 30 a.d.0 05, % 4. taxa anual = 0,125509 ou 12,5509% ao ano e 0,060900 ou 6,09% ao semestre. 1 trimestre = 3 meses (1 + im) 3 = (1 + it) 1 (1 + im) 3 = (1 + 0,03)1 1 + im = (1 + 0,03) 1/3 im = 1,009902 – 1 = 0,009902 ou 0,99% a.m. 2 trimestres = 1 semestre (1 + is) 1 = (1 + it) 2 (1 + is) 1 = (1 + 0,03)2 1 + is = 1,0609 is = 1,0609 – 1 = 0,0609 ou 6,09% a.s. 4 trimestres = 1 ano (1 + ia) 1 = (1 + it) 4 (1 + ia) 1 = (1 + 0,03)4 1 + ia = 1,125509 ia = 1,125509 – 1 = 0,125509 ou 12,5509% a.a. 5. 1 mês = 30 dias (1 + id) 30 = (1 + im) 1 (1 + id) 30 = (1 + 0,015)1 (1 + id) = (1 + 0,015) 1/30 1 + id = 1,000496 id = 1,000496 – 1 = 0,000496 ou 0,0496% a.d. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 62 Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 6. i = 151,81701% ao ano Com uso do formulário: FV = PV . (1 + i)n R$20.565,89 = R$12.000,00 . (1 + i)7 R R i $ . , $ . , ( ) 20 565 89 12 000 00 1 7= + 1 713750 1 7 77, ( )= + i 1,079993 = (1 + i) 7,9993% a.m. É a taxa efetiva mensal. 1 ano = 12 meses (1 + ia) 1 = (1 + im) 12 (1 + ia ) 1 = (1 + 0,079993)12 1 + ia = 2,517974 ia = 2,517974 – 1 = 1,517974 ou 151,7974% a.a. Com HP-12 C: (f ) (FIN) 12000 (CHS) (PV) 20565,89 (FV) 7 (n) (i) 7,99% a.m. 100 ( ÷ ) 1 (+) 12 ( yx ) 1 ( – ) 100( × ) Visor: 151,82 a.a. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Juros compostos – capitalização, desconto e taxas 63 7. i = 26,53 % ao ano 1 ano = 12 meses (1 + ia) 1 = (1 + im) 12 (1 + 0,3)1 = (1 + im) 12 1 + im = 1 30 1 12, im = 1,022104 – 1 = 0,022104 ou 2,2104% a.m. Taxa mensal efetiva ia nom = taxa efetiva mensal . 12 ia nom = 2,2104% a.m. . 12 = 26,53% a.a., capitalizado mensalmente. 8. id = = 45 0 125 % , % a.a. 360 a.d. FV = PV . (1 + id) 90 FV = R$1.000,00 . (1 + 0,00125)90 FV = R$1.000,00 . 1,118994 FV = R$11.189,94 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Os números governam o mundo. Platão Prestações iguais Essa modalidade de prestações (pagamentos ou recebimentos) é conhe- cida mundialmente como sistema ou modelo Price. A característica princi- pal nesse modelo é o fato de que todas as prestações ou parcelastêm va- lores iguais, que são representadas em finanças genericamente como PMT (payment). Como todas as prestações têm um mesmo valor, isso permite a obten- ção de fórmulas para a capitalização e para desconto das parcelas de forma muito objetiva, como se faz com a expressão para soma de termos de uma progressão geométrica. Nesses conceitos de séries uniformes se vê a força do estudo de sequên- cias geométricas (PG), fato que não é possível explicitar facilmente sem a aplicação a situações práticas. Como a maioria dos indivíduos estão envolvi- dos com compras de bens de consumo no seu dia a dia, esse ponto se torna fundamental pois transforma o estudo de progressões geométricas em algo extremamente útil. O sistema Price foi desenvolvido por Richard Price, economista que, em 1758, na Inglaterra, tinha o objetivo de estabelecer os valores de pensões e aposentadorias. O método corresponde a um financiamento ou pagamento em que todos os pagamentos são iguais. Esse modelo também é chamado de sistema francês, pois foi a França o primeiro país que utilizou esse sistema do ponto de vista comercial. O objetivo principal deste capítulo é construir um fluxo de caixa e desco- brir o valor atual ou valor presente de uma série uniforme de pagamentos. 65Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 66 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Definidas as parcelas PMT, achar FV Determina o montante acumulado FV, no final de n períodos, a partir da capitalização de n prestações de uma série uniforme, todas com o mesmo valor e igual a PMT, com uma taxa de juros i por período, no regime de juros compostos. Assim, o montante FV é obtido pela soma das parcelas, isto é: FV = PMT . [(1 + i) n – 1] i Exemplo Determinar o valor do montante FV de um fluxo de caixa com parcelas iguais de R$1.000,00, com uma taxa de 10% ao ano, durante cinco anos, no regime de juros compostos. Solução: n = 5 anos i = 10% ao ano PMT = R$1.000,00 PV = R$0,00 FV = ? FV = PMT . [(1 + i) n – 1] i FV = R$1.000,00 . [(1 + 0,10) 5 – 1] 0,10 FV = R$6.105,10, para o valor futuro no final do 5.º ano, imediatamente após a efetivação do último depósito. Na HP-12C: f fin 1000 CHS PMT Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 67 5 n 10 i FV Visor: R$6.105,50 Definido o valor futuro FV, achar PMT Obtém o valor PMT de cada prestação, a partir do valor futuro FV. PMT = i (1 + i)n – 1 FV . Exemplo Determinar o valor de quatro depósitos trimestrais capazes de gerar um montante de R$10.000,00 no final do quarto trimestres, com uma taxa efeti- va de 3% ao trimestre, em regime de capitalização composta. Solução: n = 4 trimestres i = 3% ao trimestre FV = R$10.000,00 PV = R$0,00 PMT = ? PMT = i (1 + i)n – 1 FV . PMT = 0,03 (1 + 0,03)4 – 1 R$10.000,00 . PMT = R$2.390,27 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 68 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Na HP-12C: f fin 10 000 (CHS) FV 4 n 3 i PMT Visor: R$2.390,27 Definido o valor das prestações PMT, achar PV Mostra o valor presente PV (principal), a partir do desconto de n presta- ções de uma série uniforme, todas com o mesmo valor e igual à PMT, com uma taxa de juros i por período, no regime de juros compostos. PV = (1 + i) n – 1 i . (1 + i)n PMT . Exemplo Determinar o valor do principal de um financiamento realizado com taxa efetiva de 1% ao mês, no regime de juros compostos, que deve ser liquidado em 12 prestações mensais, sucessivas e iguais a R$1.000,00. Solução: n = 12 meses i = 1% ao mês PMT = R$1.000,00 FV = R$0,00 PV = ? PV = (1 + i) n – 1 i . (1 + i)n PMT . PV = (1 + 0,01) 12 – 1 0,01 . (1 + 0,01)12 R$1.000,00 . PV = R$11.255,08 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 69 Na HP-12C: f fin 1000 CHS PMT 12 n 1 i PV Visor: R$11.255,08 Conhecendo o valor presente PV, é possível determinar PMT Envolve a obtenção do valor PMT de cada prestação, a partir do valor futuro FV. PMT = i . (1 + i) n (1 + i)n – 1 PV . Exemplo Determinar o valor das prestações anuais de um financiamento realizado com a taxa efetiva de 8% ao ano, no regime de juros compostos, sabendo- -se que o valor do principal é de R$1.000,00 e que o prazo da operação é de quatro anos. Solução: n = 4 anos i = 8% ao ano PV = R$1.000,00 FV = R$0,00 PMT = ? PMT = i . (1 + i) n (1 + i)n – 1 PV . PMT = 0,08 . (1 + 0,084) 4 (1 + 0,08)4 – 1 R$1.000,00 . PMT = R$301,92 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 70 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Na HP-12C: f fin 1000 CHS PV 4 n 8 i PMT Visor: R$301,92 Séries antecipadas e postecipadas O pagamento seriado caracteriza-se por uma série de parcelas compos- tas de quotas de amortização e juros, referentes à amortização de emprés- timos ou de financiamento. Normalmente o pagamento seriado apresenta parcelas periódicas, ou seja, com intervalos iguais de tempo entre elas. Pode, também, ser composto por parcelas não periódicas, que se caracteriza pela existência de pelo menos um intervalo de tempo diferente. As séries podem apresentar-se com valor de parcelas constantes (iguais) ou com valor de parcelas variáveis. Quanto ao momento em que é verificado o efetivo pagamento (ou vencimento) das parcelas, as séries podem ser pos- tecipadas, ou seja, o vencimento dá-se ao final do período de capitalização ou antecipadas, quando as parcelas possuem vencimento no início do perío- do de capitalização. Em casos mais complexos, pode-se falar em parcelas diferidas, ou seja, há um período de carência entre a data base e o vencimento da primeira parce- la ou entre as parcelas. Exemplo Um financiamento de R$1.000,00 do principal deve ser amortizado em cinco prestações mensais, iguais e sucessivas. Sabendo-se que a taxa efeti- va de juros é de 1% ao mês, no regime de juros compostos, e admitindo-se meses com 30 dias, determinar o valor da prestação mensal desse financia- mento, nas seguintes hipóteses: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 71 pagamento da primeira prestação ocorrendo um mês após a liberação dos recursos (série postecipada); pagamento da primeira prestação ocorrendo no ato da liberação dos recursos (série antecipada). Solução: Série postecipada n = 5 meses i = 1% ao mês PV = R$1.000,00 FV = R$0,00 PMT = ? PMT = i . (1 + i) n (1 + i)n – 1 PV . PMT = 0,01 . (1 + 0,01) 5 (1,01)5 – 1 R$1.000,00 . PMT = 0,01051 0,05101 R$1.000,00 . PMT = R$206,03 Na HP-12C: f fin 1000 CHS PV 1 i 5 n PMT Visor: R$206,04 n i PV PMT FV 5 1,00 – R$1.000,00 R$206,04 0,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 72 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Série antecipada Inicialmente, o principal de R$1.000,00 deve ser “trazido” um mês para trás, com a taxa de juros de financiamento de 1% ao mês obtido com a operação: PV = R$1.000,00 / 1,01 = R$990,10 PMT = i . (1 + i) n (1 + i)n – 1 PV . PMT = 0,01051 0,05101 R$990,10 . PMT = R$204,00Na HP-12C: f fin 1000 CHS PV 1 i 5 n g BEGIN PMT Visor: R$204,00 n i PV PMT FV 5 1,00 – R$990,10 R$204,00 0,00 Exemplo Uma empresa anuncia que seus financiamentos são concedidos com uma taxa de juros de 1,5% ao mês. Assumindo os meses com 30 dias, determinar o valor das parcelas mensais desses financiamentos, sabendo-se que o valor presente do financiamento é de R$2.000,00 para pagamento no prazo de quatro meses, nas seguintes hipóteses: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 73 pagamento da primeira prestação ocorrendo um mês após a liberação dos recursos (série postecipada); pagamento da primeira prestação ocorrendo no ato da liberação dos recursos (série antecipada). Solução: Série postecipada PMT = i . (1 + i) n (1 + i)n – 1 PV . PMT = 0,015 . (1,015) 4 (1,015)4 – 1 R$2.000,00 . PMT = 0,0159205 0,0613636 R$2.000,00 . PMT = R$518,89 Na HP-12C: f fin 2000 CHS PV 1,5 i 4 n PMT Visor: R$518,89 n PV PMT FV i 4 – R$2.000,00 R$518,89 0,00 1,5 Série antecipada PV = R$2.000,00 / 1,015 = R$1.970,44 PMT = 0,0159205 0,0613636 R$1.970,44 . PMT = R$511,22 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 74 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Na HP-12C: f fin 1970,44 CHS PV 1,5 i 4 n g BEGIN PMT n PV PMT FV i 4 – R$1.970,44 R$511,22 0,00 1,5 Casos Especiais Exemplo de tempo Durante quanto tempo um investidor deve manter um capital de R$3.000,00 aplicado a uma taxa de 5% a.m., para obter um resgate de R$3.828,84? Solução: FV = PV . (1 + i)n Utilizando as propriedades fundamentais de logaritmos, tem-se que: n = log . FV – log. PV / log . (1 + i) n = log 3.828,84 – log 3.000,00 log . (1 + 0,05) n = 3,583 – 3,477 0,021 n = 5, 048 m ou n = 5 meses Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 75 Na HP-12C: f fin 3000 CHS PV 3828,84 FV 5 i n Visor: 5 Exemplo de taxa A que taxa de juros mensal deve ser aplicado um capital de R$1.000,00, para que após três meses, seja possível efetuar um resgate de R$1.076,89? FV = PV . (1 + i)n Utilizando as propriedades fundamentais de logaritmos, tem-se que: i FV PV n= −10 1 log log– i = −10 1 R$1.076,89 – R$1.000,00 3 i = (1025,63) –1 i = 0,0249 i 0,025 a.m. Na HP-12C: f fin 1000 CHS PV 1076,89 FV 3 n i Visor: R$2,49 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 76 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Perpetuidades Calcula-se o valor das prestações PMT quando o número de períodos n tende para o infinito, isto é, para o cálculo de prestações perpétuas, ou per- petuidades. Quando n tende para o infinito, o principal PV passa a ser equi- valente a uma série perpétua de prestações PMT = PV . i , e são válidas as relações: Valor presente de prestações perpétuas com valor PMT. PV = PMT . (1 / i) Valor das prestações perpétuas para um principal PV. PMT = PV . i Exemplo 1 Determinar o valor do investimento necessário para garantir um recebi- mento anual de R$5.000,00, de forma perpétua, sabendo-se que esse inves- timento é remunerado com uma taxa efetiva de 10% ao ano, no regime de juros compostos. Solução: PV = PMT. (1 / i) PV = R$5.000,00 / 10% = R$5.000,00 / 0,1 PV = R$50.000,00 Exemplo 2 Determinar o valor da prestação mensal perpétua que remunera um in- vestimento de R$80.000,00 com taxa de 1,2% ao mês, no regime de juros compostos. Solução: PMT = PV . i = R$80.000,00 . 1,2% = PV = R$80.000,00 . 0,012 PV = R$960,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 77 Exemplo 3 As ações preferenciais da JJ do Brasil S.A. pagam um dividendo anual de R$9,00/ação. Determinar o valor da ação preferencial dessa empresa saben- do-se que a taxa de desconto utilizada no mercado é de 6% ao ano. Solução: Assumindo que essas ações preferenciais pagam regularmente esses dividendos anuais, e como as ações preferenciais não têm data de resgate, podemos considerar os dividendos pagos por essa ação como sendo uma perpetuidade. Dessa forma, o valor dessa ação preferencial é obtido por: PV = PMT. (1 / i ) PV = R$9,00 / 6% = R$9,00 / 0,06 = R$150,00 Séries diferidas Séries diferidas antecipadas em relação a um valor atual são aquelas em que a primeira parcela vence juntamente com a carência, enquanto séries postecipadas são aquelas em que a primeira parcela vence em um período após a carência. Fórmula para o valor atual da renda diferida de termos postecipados: PV = ? 0 1 2 k k + 1 k + 2 k + n...... PMT PMT PMT... ... Onde: n = número de termos k = diferimento ou prazo de carência Exemplo Aproveitando a promoção comercial: “Compre hoje e somente comece a pagar depois de quatro meses”, uma pessoa adquire uma mercadoria Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 78 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas mediante seis prestações mensais e iguais a R$1.200,00, vencendo a primeira prestação 30 dias após o vencimento da carência. Considerando que há no mercado de capitais uma taxa de juros compostos de 4,5% a.m., qual o valor máximo que estaríamos dispostos a pagar à vista pela referida mercadoria? Solução: PMT = R$1.200,00 i = 4,5% a.m. n = 6 depósitos mensais k = 4 meses de carência PV = ? Primeiro, vamos ver quanto representam seis parcelas para o momento n = 0. PV = i . (1 + i)n (1 + i)n – 1PMT . PV = (1 + 0,045) 6 – 1 0,045 . (1,045)6 R$1.200,00 . PV = 0,3022601 0,0586017 R$1.200,00 . PV n = 0 será R$6.189,44 Agora que descapitalizamos as seis parcelas para o momento 0, onde terminou a carência, descapitalizamos o novo total do financiamento em k períodos igual a 4. PV k = 0 será: R$6.189,44/(1,045)4= R$5.190,23 Podemos utilizar a relação matemática abaixo chamada relação direta, e chegaremos também ao mesmo valor. PV = PMT . 1 + i . 1 + i( ) − ( ) k n i 1 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 79 PV .+.= R$ 0 . 1 1 + 0-41 200 0 0 045 1 045 0 045 6 , , , , ( ) − ( ) − = R$1.200,00 . 0,838561343 . 5,157872483 = R$5.190,23 Utilizando a calculadora financeira HP-12C: f FIN 1200 CHS PMT 6 n 4,5 i PV CHS FV CLX PMT 4 n PV Visor: R$5.190,23 Vamos a mais uma sequência de exercícios resolvidos para fixação. Exemplo 1 Determinar o montante ou capital acumulado pelo depósito periódico postecipado (periodicidade dada abaixo juntamente com a taxa de juros compostos) de R$1.000,00 em um Fundo de Renda Fixa, durante três anos: Depósito Taxa (a) Mensal 3,5% a.m. (b) Trimestral 28% a.a. capitalizada trimestralmente (c) Semestral 21% a.a. (d) Bimestral 3% a.m. Solução: PMT = R$1.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 80 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Duração = 3 anos (a)n = 3 . 12 = 36 depósitos mensais i = 3,5% a.m. FV PMT i i n = +( ) − . 1 1 FV = R$1.000,00 . = R$1.000,00 . 70,007 1 0 035 1 0 035 36+( ) −, , 660318 = R$70.007,60 Na HP-12C: f fin 1000 CHS PMT 3,5 i 36 n FV Visor: R$70.007,60 (b) n = 3 . 4 = 12 depósitos trimestrais i = 28 4 = 7% a.t. FV = +( ) − =R$ 0 . R$1 000 0 1 0 07 1 0 07 1 000 00 12 . , , , . , . 7,8884512 = R$17.888,45 Utilizando a calculadora financeira HP-12C: f fin 1000 CHS PMT 7 i 12 n FV Visor: R$17.888,45 (c) n = 3 . 2 = 6 depósitos semestrais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 81 i = 21% a.a. = (1 + 0,21)1/2 – 1 = 10% a.s. ou 0,10% a.s. FV = +( ) − =R$ 0 . R$1 000 0 1 0 1 1 0 1 1 000 00 6 . , , , . , . 7,7156 = R$7.715,61 Na HP-12C: f fin 1000 CHS PMT 10 i 6 n FV Visor: R$7.715,61 (d) n = 3 . 6 = 18 depósitos bimestrais i = 3% a.m. = (1 + 0,03)2 –1 = 6,09% a.b. ou 0,0609% a.b. FV ( )R$ 0 . R$1 000 0 1 0 0609 1 0 0609 1 000 00 18 . , , , . , . 1,17041589 FV = R$31.170,42 Na HP-12C: f fin 1000 CHS PMT 6,09 i 18 n FV Visor: R$31.170,42 Exemplo 2 Uma pessoa deposita mensalmente no início de cada mês R$5.000,00 numa caderneta de poupança e, no momento em que efetua seu 5.º depó- sito, seu saldo na conta é de R$28.753,70. Determinar a taxa de juros paga pelo banco. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 82 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas Note que, nesse exemplo, não utilizaremos o cálculo convencional, pois demanda a utilização de tabelas financeiras ou cálculos logarítmicos. Na HP-12C: f fin 28753,70 ENTER 5000 – 23753,70 CHS FV 5000 PMT 4 n g BEGIN i Visor: 7% a.m. Observação importante: se estiver visível na parte inferior do visor a ex- pressão begin na HP-12C, pressione g end antes de solicitar o resultado i (taxa), quando for postecipado. Ampliando seus conhecimentos A moeda A moeda, como meio de troca, é a melhor maneira para adquirirmos os bens e serviços para suprir as nossas necessidades, uma vez que nós, indiví- duos de uma coletividade, proprietários dos recursos de produção de uma economia, também chamados de fatores de produção, recebemos um deter- minado tipo de remuneração, quantificada através da moeda, por vendermos tais fatores de produção, e, de posse desta, adquirimos, no mercado, os bens e serviços que precisamos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 83 Os fatores de produção, considerados por alguns autores como sendo os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnolo- gia, são remunerados da seguinte forma: Fator de produção Tipo de remuneração Trabalho Salário Capital Juro Terra Aluguel Tecnologia Royalty Capacidade Empresarial Lucro Assim, o proprietário, digamos, do fator de produção trabalho, que chama- mos de trabalhador, vende a sua capacidade física e intelectual, durante um determinado mês, e recebe uma remuneração, denominada de salário, que é quantificada através da moeda. Acontece que o trabalhador recebe a sua quantidade de moeda corres- pondente ao seu salário e não gasta de imediato o que recebeu, ficando, por- tanto, com parte de seu salário retido, em seu poder, por algum tempo. É lúcido, então, fazermos as seguintes indagações: Por que as pessoas não gastam toda a sua renda no momento em que é recebida? Por qual motivo esta quantia que não é gasta não é, automaticamente, aplicada em títulos que rendam juros? Temos três respostas para estas perguntas, que compreendem as razões pelas quais fazem as pessoas demandarem (procurarem) e reterem a moeda. A primeira razão é que não ocorre uma sincronização entre os recebimen- tos e os pagamentos das pessoas, isto é, os dias de recebimentos não coinci- dem com os dias dos pagamentos. Na realidade, grande parte dos trabalha- dores recebe os seus salários, no início de cada mês, e vão gastando, durante o mesmo, à medida que vão fazendo frente a certas despesas que, na prática, não ocorrem simultaneamente, tais como alimentação, transportes, aluguel, mensalidades escolares, materiais de limpeza, remédios, lazer, entre outras. Assim, para poderem atender a essas despesas, precisam reter dinheiro, ou moeda, em seu poder, no decorrer do mês. A esta razão, para a retenção da moeda, dá-se o nome de Demanda por moeda para transações. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 84 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas A segunda razão que induz as pessoas a reterem a moeda em seu poder, a título de reserva, é que acontecimentos inesperados ocorrem nas suas vidas, tais como problemas de saúde, acidentes, viagens não programadas, danos em imóveis e eletrodomésticos, entre outros, não podendo, portanto, os indi- víduos previdentes ficarem de mãos atadas, diante de alguma surpresa, por conta da falta de dinheiro para solucioná-la. Assim, a esta razão que leva as pessoas a procurarem e reterem a moeda em seu poder, para atender a certos imprevistos, denomina-se de Demanda por moeda para precaução. A terceira razão está associada ao fato de que a moeda funciona, também, como reserva de valor e é denominada de Demanda por moeda para espe- culação ou demanda especulativa. Esta ocorre em virtude de que as pessoas, após terem separado de sua renda as parcelas destinadas às transações e à precaução, são levadas a aplicarem o restante em títulos que rendam juros, uma vez que o dinheiro em casa, ou simplesmente depositado numa conta corrente de um banco, não sofre nenhuma remuneração e a moeda tem a propriedade de reservar valor. Vale ratificar o que foi dito no artigo anterior sobre esta função da moeda, que é o aspecto de que, na existência da infla- ção, esta função de reserva de valor da mesma é bastante prejudicada, pois a moeda terá o seu valor corroído, isto é, perderá o seu poder aquisitivo, com o decorrer do tempo. Vale frisar que as pessoas têm um maior interesse em investir em títulos quando a taxa de juros, que é o preço da moeda, isto é, o preço do dinheiro no mercado financeiro, está elevada, pois, assim, terão uma melhor remuneração e agem no sentido contrário quando a taxa está baixa. Daí, pode-se afirmar que a demanda especulativa é inversamente proporcional à taxa de juros. Em outras palavras, à medida que a taxa de juros sobe, as pessoas aplicam o seu dinheiro, diminuindo, assim, a demanda especulativa, ao passo que a taxa de juros desce, as pessoas preferem reter a moeda, na expectativa de futuros au- mentos na taxa de juros, aumentando, deste modo, a quantidade de moeda em seu poder. Por outro lado, as duas primeiras razões (transações e precaução) depen- dem diretamente do nível de renda nominal, isto é, quanto maior for a renda, maior será o volume de moeda para transações e precaução. Isso é bastante lógico, pois quanto maior o nível de renda, seja pessoal ou nacional, maior será a necessidade de moeda para transações e por precaução. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 85 Mediante tais observações, é, portanto, bastante coerente afirmar-se que a Demanda por Moeda depende de duas variáveis, que são o nível de renda e a taxa de juros, sendo, no entanto, diretamente relacionada com a primeira e inversamente com a segunda.Oferta de moeda A oferta de moeda numa economia é feita através do Governo, por inter- médio de suas autoridades monetárias, e pelos bancos comerciais, fazendo uso do mecanismo da multiplicação da moeda no sistema bancário. a) Oferta de moeda através das autoridades monetárias A emissão de moeda é da competência exclusiva do governo, através de suas autoridades monetárias. Esta não depende, por conseguinte, da taxa de juros, mas da política econômica do governo, que estabelece a quantidade de moeda a ser emitida por período de tempo, normalmente um período de um ano civil. No entanto, a quantidade de moeda a ser emitida, por um período de tempo, deverá ser condicionada ao crescimento do produto nacional, uma vez que, se num determinado período, a quantidade de moeda em circulação for superior ao valor do produto, ou seja, da quantidade de bens e serviços produzidos na economia, ocorrerá um excesso de moeda, ou excesso de liqui- dez, podendo, então, surgir um processo inflacionário. Por outro lado, quando a oferta de moeda for menor que o valor do produto, poderá ocorrer dificul- dades nas transações, vindo a prejudicar o sistema econômico, por conta da falta de moeda ou liquidez, levando, por conseguinte, a uma queda na ativi- dade econômica. O fato é que nenhuma das duas situações é ideal para nin- guém, motivo pelo qual todo Governo se preocupa, significativamente, com essa questão da manutenção do volume de moeda em circulação no sistema econômico. No nosso país, o Banco Central é o órgão que tem a incumbência de exe- cutar as políticas monetária e cambial, que objetivam regular o volume de moeda em circulação, o crédito, a taxa de juros e o câmbio de uma forma com- patível com as necessidades da atividade econômica e a manutenção do equi- líbrio do balanço de pagamentos. Em outras palavras, cabe ao Banco Central Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 86 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas do Brasil a responsabilidade de buscar sempre manter um volume de moeda em circulação, de maneira que venha atender às necessidades de transações do sistema econômico, sem a existência de excesso ou falta de moeda. É importante esclarecer que a Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, criou o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Conselho Monetário Nacional (CMN), com o objetivo de desempenharem as funções de autoridades monetárias no país, cabendo a este as principais funções decisórias na área monetária, en- quanto que o primeiro encarregar-se-á das funções executivas de supervisão e fiscalização na área bancária, além de cumprir e fazer cumprir as decisões tomadas pelo Conselho Monetário Nacional. b) Oferta de moeda pelos bancos comerciais por intermédio do mul- tiplicador monetário Os bancos comerciais podem, também, expandir os meios de pagamentos (moeda), ou seja, aumentar a oferta de moeda na economia através de um mecanismo chamado de multiplicação da moeda escritural ou depósitos à vista em seus cofres. A referida multiplicação se processa de uma maneira muito simples. Os depósitos à vista, ou em conta corrente, num banco comercial, constituem um fundo disponível em que, através do cheque, os seus titulares poderão, a qual- quer momento, fazer uma movimentação (retirada de moeda). Considerando que no desenvolvimento da atividade bancária é gerado um volume muito grande de entradas (depósitos) e saídas (saques) de dinheiro, os bancos não precisam manter em seus cofres a totalidade dos recursos que foram captados dos seus clientes, através de depósitos à vista, para atender as suas eventuais retiradas através da emissão de cheques, pois a probabilidade de todos os clientes virem a retirar o seu dinheiro de uma vez só, na prática, não existe. Na realidade, os bancos precisam manter em seus cofres, apenas, um percentual dos depósitos à vista que seja necessário para garantir as suas reservas técni- cas ou de caixa para honrar os pagamentos dos cheques de seus correntistas que vão sendo, paulatinamente, apresentados para retirada de dinheiro e os depósitos compulsórios e voluntários (cheques de compensação), podendo, folgadamente, utilizar o restante do volume dos depósitos à vista para em- prestar aos seus clientes efetivos e potenciais. Assim, se um cliente toma emprestada determinada quantia de dinheiro em um banco, normalmente, em seguida, faz um depósito à vista no mesmo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 87 ou em outro banco, ficando, desta forma, o dinheiro no sistema bancário. Deste depósito, o banco que o recebeu mantém em seus cofres um valor em moeda necessário para a manutenção dos depósitos compulsório e voluntá- rio no Banco Central, bem como para as suas reservas técnicas, e o restante, novamente, empresta para outro cliente, que, também, realiza outro depósito à vista e, assim, este procedimento vai ocorrendo cliente após cliente, expan- dindo-se, assim, a moeda escritural, através de operações contábeis de crédi- to nas contas correntes dos clientes, para um valor além do valor inicialmente depositado nos cofres dos bancos. Vale frisar que este mecanismo é efetivamente controlado pelo governo, através do Banco Central, que estabelece, de acordo com a sua política mo- netária, o percentual dos depósitos à vista dos bancos comerciais que deverá ser retido (encaixe), isto é, a quantidade de moeda que os bancos não podem lançar mão para emprestar aos seus clientes, justamente para limitar o poder destes no sentido de expandir a oferta de moeda. (Disponível em: <www.investshop.com.br/artigos10222>. Acesso em: 22 fev. 2008.) Atividades de aplicação 1. Determinar o valor de oito depósitos mensais, iguais e sucessivos, ca- pazes de produzir um montante de R$7.000,00 no final do oitavo mês, imediatamente após a realização do oitavo depósito, sabendo-se que esses depósitos são remunerados com uma taxa de 18% ao ano, capi- talizados mensalmente. 2. Determinar o valor do investimento necessário para garantir um rece- bimento anual de R$15.000,00 no final de cada um dos próximos 10 anos, sabendo-se que esse investimento é remunerado com uma taxa efetiva de 12% ao ano, no regime de capitalização composta. 3. Uma loja de departamentos financia a venda de equipamentos num prazo de três anos, com uma taxa efetiva de 4% ao trimestre, no regi- me de juros compostos. Determinar o valor da prestação trimestral de um equipamento cujo valor a vista é de R$25.000,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 88 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 4. Uma concessionária financia automóveis em 24 prestações mensais de R$62,27 para cada R$1.000,00 de principal. Determinar a taxa efetiva mensal cobrada nesse financiamento, no regime de juros compostos. 5. Um automóvel usado é vendido, à vista, por R$15.800,00. A revenda o está anunciando por R$1.800,00 de entrada e mais quatro parcelas trimestrais de R$3.727,73. Determinar a taxa efetiva trimestral de juros cobrada na parte financiada. 6. A Loja Bom Preço oferece seu plano de Natal, no qual as vendas de dezembro podem ser financiadas com o primeiro pagamento só ocor- rendo em maio. A taxa de juros efetiva cobrada nesse financiamento é de 2,5% ao mês, no regime de capitalização composta, e os cálculos são feitos considerando-se que os meses têm 30 dias. Um cliente re- alizou, em 15 de dezembro, compras no valor de R$3.000,00 e deseja pagá-las em cinco prestações mensais, iguais e sucessivas. Determinar o valor dessas prestações mensais, nas seguintes hipóteses: a) Pagamento da primeira parcela ocorrendo em janeiro. b) Pagamento da primeiraparcela ocorrendo em maio, aproveitando a oferta do plano de Natal. 7. Marcus Valérius tem um contrato de edição, de caráter perpétuo, com uma editora que paga direitos autorais anualmente, na base de 10% do preço de capa de cada livro vendido. O volume de vendas da obra é de 8 000 exemplares por ano e seu preço de capa é de R$70,00. De- terminar o valor presente desse contrato, assumindo uma taxa de des- conto de 10% ao ano. Gabarito 1. Com uso do Formulário: FV PMT i i n = +( ) − . 1 1 R$7 000 00 1 0 18 12 1 0 18 12 8 . , . , , = + − PMT Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 89 R$7.000,00 = PMT . 8,432839 PMT = =R$7.000,00 8,432839 R$830,09 Com HP-12C: (f ) (FIN) 7 000 (CHS) (FV) 18 enter 12 ÷ 1,5 i 8 (n) PMT Visor: R$830,09 2. Resolução: Com uso do Formulário: PV PMT i i n n = +( ) − +( ) . 1 1 1i . PV = +( ) − +( ) R$15.000,00 . 2 . 1 0 12 1 0 1 1 0 12 10 10 , , , PV = R$15.000,00 . 5,650223 = R$84.753,35 Com HP-12C: (f ) (FIN) 15000 (CHS) (PMT) 12 (i) 10 (n) PV Visor: R$84.753,35 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 90 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 3. Com uso do Formulário: PV PMT i i n n = +( ) − +( ) . i . 1 1 1 R$25.000,00 . 4 . = +( ) − +( ) PMT 1 0 04 1 0 0 1 0 04 12 12 , , , R$25.000,00 = PMT . 9,385073 PMT = =R$25.000,00 9,385073 R$2.663,80 Com HP-12C: (f ) (FIN) 25000 (CHS) (PV) 4 (i) 12 (n) PMT Visor: R$2.663,80 4. Taxa efetiva de juros de 3,50% ao mês. Com HP-12C: (f ) (FIN) 1000 (CHS) (PV) 62,77 (PMT) 24 (n) ( i ) Visor: 3,5% a.m. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 91 5. A taxa efetiva de juros é de 2,57003%. Com HP-12C: (f ) (FIN) 15800(enter) 1800 (–) 14000 (CHS) (PV) 3727,73 (PMT) 4 (n) (i) Visor: 2,57003% a.t. 6. a) Pagamento da primeira parcela ocorrendo em janeiro. Com uso do Formulário: PV PM i i n n= + − + T . i . ( ( ) ) 1 1 1 R PM$ . , ( , ) , , ) 3 000 00 1 0 025 1 0 02 1 0 025 5 5= + − + T . 5 . ( R$3.000,00 = PMT . 4,645828 PMT R R= =$ . , , $ , 3 000 00 4 645828 645 75 Com HP-12C: (f ) (FIN) 3 000 (CHS) (PV) 2,5 (i) 5 (n) PMT Visor: R$645,75 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 92 Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas b) Pagamento da primeira parcela ocorrendo só em maio, aprovei- tando a oferta do Plano de Natal. Com uso do Formulário: FV = PV . (1 + i)n FV = R$3.000,00 . (1 + 0,025)5 = R$3.394,22 PV PMT i i n n = +( ) − +( ) . i . 1 1 1 PMT = R$692,71 Com HP-12C: (f ) (FIN) 3 000 (CHS) (PV) 2,5 (i) 5 (n) FV Visor: R$3.394,22 (f ) (FIN) (CHS) (PV) 2,5 (i) 5 (n) g BEGIN PMT Visor: R$692,71 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Séries uniformes, antecipadas, postecipadas e diferidas 93 7. PV = R$560.000,00 Preço de capa: R$70,00 10% do preço de capa: R$7,00 Total de uma edição: 8 000 PV = PMT . (1 / i) PV = 8000 . 7,00 / 0,10 PV = R$560.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa Se A é o sucesso, então é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer e Z, é manter a boca fechada. Albert Einstein Em termos financeiros, a dívida surge quando uma certa importância é emprestada por um certo prazo de tempo. Quem assume a dívida obriga-se a pagá-la da seguinte forma: o valor tomado emprestado mais os juros devi- dos, no prazo estipulado no acordo inicial. Os empréstimos classificam-se em: curto e médio prazos – caracterizam-se por serem saldados em até três anos; longo prazo – sofrem um tratamento especial por existirem várias modalidades de restituição do principal e dos juros. tais empréstimos têm suas condições previamente estipuladas por contrato entre as partes, ou seja, entre o credor e o devedor; conceito – ato de pagar as prestações que foram geradas mediante tomada de empréstimo; período de amortização – é o intervalo de tempo existente entre duas amortizações sucessivas; prazo de amortização – é o intervalo de tempo, durante o qual são pagas as amortizações; parcelas de amortização – corresponde às parcelas de devolução do principal, ou seja, do capital emprestado. Nos sistemas de amortização, os juros serão sempre cobrados sobre o saldo devedor, considerando a taxa de juros compostos, sendo que, se não houver pagamento de uma parcela, levará a um saldo devedor maior, calcu- lando juro sobre juro. Saldo devedor é o estado da dívida, ou seja, o débito, em um determina- do instante de tempo. 95Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 96 Estudo dos fluxos de caixa Dois ou mais fluxos de caixa são equivalentes, a uma determinada taxa de juros, se seus valores presentes (PV), calculados com essa mesma taxa de juros, forem iguais. A equivalência de fluxos de caixa é sempre analisada no regime de juros compostos. A equivalência dos fluxos de caixa depende da taxa de juros usada para descontar os fluxos a fim de se obter seus valores presentes. Logo, se dois ou mais fluxos de caixa são equivalentes, a uma determinada taxa de juros, essa equivalência deixará de existir se a taxa de juros for alterada. Se os fluxos de caixa tiverem o mesmo valor presente, a uma determinada taxa de juros, então seus valores futuros (FV) após n períodos, obtidos com essa mesma taxa de juros, são necessariamente iguais. Planos equivalentes de financiamento Para efeito de estudo desse capítulo, vamos considerar os seguintes dados: Principal – R$1.000,00. Taxa de juros – 8% ao ano. Prazo – 4 anos. Vamos avaliar quatro planos equivalentes para amortizar esse financia- mento de acordo com os dados definidos. Apresentação 1 Nessa apresentação, o financiamento é liquidado mediante o pagamento de uma única parcela no final do quarto ano, havendo capitalização de juros no final de cada ano. Anos Saldo no início do ano (R$) Juros do ano (R$) Saldo no final do ano, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do ano Saldo no final do ano, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 1.000,00 1 1.000,00 80,00 1.080,00 0,00 0,00 0,00 1.080,00 2 1.080,00 86,40 1.166,40 0,00 0,00 0,00 1.166,40 3 1.166,40 93,31 1.259,71 0,00 0,00 0,00 1.259,71 4 1.259,71 100,78 1.360,49 1.360,49 360,49 1.000,00 0,00 Soma dos pagamentos 1.360,49 360,49 1.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 97 Observando o quadro acima, vemos que o financiamento de R$1.000,00 é liquidado com um único pagamento de R$1.360,49, realizado no final do quarto ano, sendo R$1.000,00 de amortização do principale R$360,49 de juros acumulados ao longo do período de tempo. Esse tipo de modalidade é aplicado a diversas operações de mercado, tais como operações de capital de giro e de desconto de títulos e aplicações em títulos de renda fixa. Apresentação 2 Neste exemplo, o financiamento é liquidado da seguinte forma: no final de cada ano, são pagos juros do respectivo ano; no final do quarto ano, além dos juros anuais, é efetuado o pagamento integral do principal. Anos Saldo no início do ano (R$) Juros do ano (R$) Saldo no final do ano, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do ano Saldo no final do ano, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 1.000,00 1 1.000,00 80,00 1.080,00 80,00 80,00 0,00 1.000,00 2 1.000,00 80,00 1.080,00 80,00 80,00 0,00 1.000,00 3 1.000,00 80,00 1.080,00 80,00 80,00 0,00 1.000,00 4 1.000,00 80,00 1.080,00 1.080,00 80,00 1.000,00 0,00 Soma dos pagamentos 1.320,00 320,00 1.000,00 No exemplo anterior, o financiamento de R$1.000,00 é liquidado com quatro prestações anuais de R$80,00, correspondentes aos juros de cada ano, e mais um pagamento de R$1.000,00 no final do quarto ano, para amortizar integralmente o principal do financiamento. Esse modelo recebe o nome de Sistema Americano de Amortização (SAM). Apresentação 3 Nessa apresentação, as prestações de cada ano são subdivididas em duas parcelas: juros do ano, calculados sobre o saldo no início do respectivo ano; amortização do principal, obtida pela diferença entre o valor da pres- tação e o valor dos juros do ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 98 Estudo dos fluxos de caixa Essa modalidade de pagamento é conhecida como Modelo Price e é muito utilizada em operações de financiamento imobiliário e de crédito direto ao consumidor. Anos Saldo no início do ano (R$) Juros do ano (R$) Saldo no final do ano, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do ano Saldo no final do ano, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 1.000,00 1 1.000,00 80,00 1.080,00 301,92 80,00 221,92 778,08 2 778,08 62,25 840,33 301,92 62,25 239,67 538,40 3 538,40 43,07 581,48 301,92 43,07 258,85 279,56 4 279,56 22,36 301,92 301,92 22,36 279,56 0,00 Soma dos pagamentos 1.207,68 207,68 1.000,00 Vimos no quadro anterior que a primeira prestação contém R$80,00 de juros, correspondentes a 8% do saldo no início do ano. A amortização da primeira parcela é obtida pela diferença entre o valor da prestação e o valor dos juros do primeiro ano. E assim por diante. Logo, os juros de cada ano vão diminuindo de valor ao longo do tempo e as amortizações, inversamente, vão aumentando de forma exponencial. O Modelo Price mostra que as amortizações são obtidas a partir dos valo- res das prestações e dos juros, portanto: Amortização = Prestação – Juros Apresentação 4 Sistemas de Amortizações Constantes (SAC). O financiamento é liquidado mediante o pagamento de quatro presta- ções linearmente decrescentes, subdivididas em duas parcelas: amortização do principal, obtida pela divisão entre o valor do princi- pal do financiamento e o prazo de operação; juros do ano, calculados sobre o saldo no início do respectivo ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 99 Anos Saldo no início do ano (R$) Juros do ano (R$) Saldo no final do ano, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do ano Saldo no final do ano, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 1.000,00 1 1.000,00 80,00 1.080,00 330,00 80,00 250,00 750,00 2 750,00 60,00 810,00 310,00 60,00 250,00 500,00 3 500,00 40,00 540,00 290,00 40,00 250,00 250,00 4 250,00 20,00 270,00 270,00 20,00 250,00 0,00 Soma dos pagamentos 1.200,00 200,00 1.000,00 Utiliza-se esse modelo nas prestações de alguns tipos de financiamentos imobiliários e nos financiamentos a longo prazo de um modo geral. Vemos que as prestações e os juros de cada ano vão diminuindo linear- mente de valor ao longo do tempo e as amortizações permanecem com o mesmo valor de R$250,00. No sistema de amortizações constantes, as presta- ções são obtidas a partir dos valores das amortizações e dos juros, portanto: Prestação = Amortização + Juros Logo, o financiamento de um principal de R$1.000,00 pode ser amorti- zado no prazo de quatro anos, à taxa de 8% ao ano, pelos seguintes planos equivalentes de pagamento: Anos Apresentação 1 Apresentação 2 Apresentação 3 Apresentação 4 0 1 R$80,00 R$301,92 R$330,00 2 R$80,00 R$301,92 R$310,00 3 R$80,00 R$301,92 R$290,00 4 R$1.360,49 R$1.080,00 R$301,92 R$270,00 Soma R$1.360,49 R$1.320,00 R$1.207,68 R$1.200,00 Observando em uma primeira análise, a apresentação 4 aparentemente é a melhor opção, pois representa o plano com o menor valor a ser pago. Dentro desse mesmo raciocínio, a apresentação 1 seria o pior de todos, pois apresenta o maior valor a ser pago. O erro básico é que na apresentação 1 o principal financiado só foi devolvido ao financiador no final do quarto ano, e portanto, tem de ser remunerado durante os quatro anos, juntamente com os juros que são capitalizados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 100 Estudo dos fluxos de caixa Na apresentação 4, o principal é amortizado ao longo do prazo da ope- ração, e, portanto, apenas o principal remanescente (saldo) é que deve ser remunerado, produzindo consequentemente um menor valor de juros a ser pago pela “estadia” do principal que ficou à disposição do financiado. Os planos são equivalentes a 8% ao ano, pois apresentam o mesmo valor presente de R$1.000,00 com essa taxa de desconto, e não são equivalentes com qualquer outra taxa de desconto. Somar as prestações de cada plano corresponde a calcular seus valores presentes com a taxa de desconto de 0% ao ano e, por isso, são diferentes os valores obtidos para o total de pagamen- tos de cada uma das apresentações. Uma outra maneira de avaliar a situação é usar o cálculo das reaplicações, com taxa de 8% ao ano, dos valores que ficaram disponíveis em cada apre- sentação, antes do final do quarto ano. As possibilidades de reaplicações em cada apresentação estão definidas a seguir: apresentação 1 – nenhum valor a reaplicar; apresentação 2 – reaplicação das três primeiras parcelas de juros de R$80,00, até o final do quarto ano; apresentação 3 – reaplicação das três primeiras parcelas de R$301,92, até o final do quarto ano; apresentação 4 – reaplicação das três primeiras parcelas (R$330,00, R$310,00 e R$290,00), até o final do quarto ano. As diferenças entre os totais nos quatro planos são compensadas pelas receitas de reaplicações, a 8% ao ano, das parcelas recebidas antes do final do quarto ano, conforme quadro a seguir: Apresentação Total pago (R$) Receitas de reaplicações a 8% ao ano (R$) Montante acumulado no final do 4.º ano (R$) 1 1.360,49 0,00 1.360,49 2 1.320,00 40,49 1.360,49 3 1.207,68 152,81 1.360,49 4 1.200,00 160,49 1.360,49 Podemos verificar a equivalência das quatro apresentações de pagamen- tos, com taxa de 8% ao ano, no final de qualquer período, desde que seja o mesmo para todos os planos: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 101 todas as quatro apresentações são equivalentes, porque têm o mesmo valor presente, quando seus valores são descontados à mesma taxa; as quatro apresentações depagamentos são equivalentes, porque têm o mesmo valor futuro no final do quarto ano, quando seus valores são capitalizados para essa mesma data; na apresentação 4, todas as amortizações têm o mesmo valor, que é obtido pela divisão do principal do financiamento pelo prazo da ope- ração, e por essa razão, a apresentação é conhecida como sistema de amortizações constantes; na apresentação 3 – modelo Price – as prestações são iguais e as amor- tizações crescem exponencialmente com a mesma taxa de juros do financiamento. Logo, todas as amortizações são equivalentes, na taxa de juros do contrato, pois têm o mesmo valor presente ao ser des- contadas com essa mesma taxa. Logo, o Modelo Price é um sistema de amortizações equivalentes. Exercícios resolvidos para fixação 1. Considere um empréstimo de R$100.000,00 feito à taxa de 10% a.m. pelo prazo de três meses, pelo SAM. Qual será o desembolso mensal do devedor se o empréstimo for feito pelo sistema americano com os juros pagos mensalmente? Solução: Vamos observar como se obtém a primeira amortização. J = R$100.000,00 . (0,10)1= R$10.000,00 Como em todos os períodos o principal de R$100.000,00 é corrigido pela mesma taxa, temos a tabela a seguir: n Prestação (R$) Juros (R$) Taxa Amortização (R$) Saldo devedor (R$) 0 ----- ---- ----- 100.000,00 1 10.000,00 10.000,00 0,10 ----- 100.000,00 2 10.000,00 10.000,00 0,10 ----- 100.000,00 3 110.000,00 10.000,00 0,10 100.000,00 zero Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 102 Estudo dos fluxos de caixa 2. Considerando, ainda, o mesmo empréstimo de R$80.0000,00, feito à taxa de 15% a.m., por quatro meses, agora devendo ser pago no Siste- ma Price, determinar o pagamento mensal e fazer um demonstrativo do estado da dívida nesses quatro meses. Solução: Para encontrarmos as prestações constantes, devemos fazer Pgto = R$80.000,00 . (1 + 0,15) 4 – 1 0,15.(1 + 0,15)4 = R$28.021,23 (pagamento mensal). Na HP-12C temos: f FIN f 2 80000 CHS PV 15 i 4 n PMT Visor: R$28.021,23 n Prestação (R$) Juros (R$) Amortização (R$) Saldo devedor (R$) 0 ----- ---- ----- 80.000,00 1 28.021,23 12.000,00 16.021,23 63.978,77 2 28.021,23 9.596,82 18.424,41 45.554,36 3 28.021,23 6.833,15 21.188,08 24.366,28 4 28.021,23 3.654,95 24.366,28 zero 3. Vamos a um exemplo de tabela Price, mas com carência: Carência – é o período que vai da data da concessão do empréstimo até a data em que será paga a primeira prestação. Porém, se as prestações forem postecipadas (pagas no final do perío- do) já está implícito um período de carência. Então a carência realmen- te será o tempo dito acima menos 1. Essa prática é a mais comum no mercado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 103 Um empréstimo de R$400.000,00 será pago pelo sistema Price de amortização em quatro parcelas mensais postecipadas, com um pe- ríodo de carência de dois meses em que seriam pagos unicamente os juros contratados de 15%. Construir a planilha de amortização. Solução: Na HP-12C, temos: f FIN f 2 400000 CHS PV 15 i 4 n PMT Visor: R$140.106,14 n Pagamento (R$) Juros (R$) Amortização (R$) Saldo devedor (R$) 0 ---- ---- ----- 400.000,00 1 60.000,00 60.000,00 ----- 400.000,00 2 60.000,00 60.000,00 ----- 400.000,00 3 140.106,14 60.000,00 80.106,14 319.893,86 4 140.106,14 47.984,08 92.122,06 227.771,80 5 140.106,14 34.165,77 105.940,37 121.831,43 6 140.106,14 18.274,71 121.183,43 zero 4. Observe no exemplo a seguir, que o valor de R$400.000,00, durante seu período de carência, teve seus juros capitalizados normalmente e incorporados ao valor principal da dívida. Vamos desenvolver a plani- lha de pagamentos, utilizando o modelo Price. A taxa continua a mes- ma de 15%. Solução: Na HP-12C, temos: f FIN f2 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 104 Estudo dos fluxos de caixa 529000 CHS PV 15 i 4 n PMT Visor: R$185.290,37 n Pagamento (R$) Juros (R$) Amortização (R$) Saldo Devedor (R$) 0 ---- ---- ---- 400.000,00 1 ---- 60.000,00 ---- 460.000,00 2 ---- 69.000,00 ---- 529.000,00 3 185.290,37 79.350,00 105.940,37 423.059,63 4 185.290,37 63.458,94 121.831,43 301.228,20 5 185.290,37 45.184,23 140.106,14 161.122,06 6 185.290,37 24.168,31 161.122,06 zero 5. Para comprar um apartamento você fez um empréstimo bancário de R$70.000,00 a ser pago em 60 meses, a uma taxa de 2% a.a. Calcule o valor das prestações, utilizando o modelo Price, dos juros e do to- tal amortizado no primeiro, segundo e terceiro anos, separadamente, usando a HP-12C. A partir desse exemplo, vamos sintetizar as resolu- ções, resolvendo apenas através da calculadora HP-12C. Solução: f FIN f 2 70000 CHS PV 60 n 2 i PMT Visor: R$2.013,76 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 105 Aqui estão as prestações. Agora vem a resolução HP: 12 f AMORT R$15.933,31 – (calcula os juros nos primeiros 12 períodos); x > < y R$8.231,81 – (calcula o total já amortizado nos primeiros 12 períodos); 12 f AMORT R$13.725,21 – (calcula os juros nos próximos 12 períodos (até o período 24)); x > < y R$10.439,91 – (calcula o total já amortizado nos próximos 12 períodos); 12 f AMORT R$10.924,78 – (calcula os juros nos próximos 12 períodos (3.º ano); x > < y R$13.240,34 – (o total já amortizado durante o 3.º ano); RCL PV mostra quanto falta ainda para ser amortizado. Visor: R$38.088,06 6. Considerando o empréstimo de R$200.000,00, feito à taxa de 15% a.m., por quatro meses, agora devendo ser pago pelo sistema SAC, fazer um demonstrativo do estado da dívida nesses quatro meses. Solução: A = VP n = R$200.000,00 4 = R$50.000,00 n Prestação (R$) Juros (R$) Amortização (R$) Saldo devedor (R$) 0 ---- ---- ---- 200.000,00 1 80.000,00 30.000,00 50.000,00 150.000,00 2 72.500,00 22.500,00 50.000,00 100.000,00 3 65.000,00 15.000,00 50.000,00 50.000,00 4 57.500,00 7.500,00 50.000,00 zero 7. Um empréstimo de R$400.000,00 será pago pelo sistema SAC de amor- tização em três parcelas mensais postecipadas, com um período de carência de quatro meses. As amortizações serão calculadas sobre o valor inicial emprestado mais os juros capitalizados durante a carên- cia. Considerando uma taxa de juros contratados de 15% a.m. Cons- truir a planilha de amortização. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 106 Estudo dos fluxos de caixa Solução: Devemos capitalizar o saldo devedor do empréstimo até o início do 3.º mês, período da carência entendido no exercício. Mas esse momento é também o final do 2.o período. Assim: SD4 = R$400.000,00 . (1 + 0,15) 3 = R$608.350,00 Lembre-se de que quando as prestações forem postecipadas, a carên- cia na verdade são apenas três períodos, o período restante é a carên- cia implícita numa série postecipada. Agora: A = =R$608.350,00 R$202.783,33 3 n Prestação (R$) Juros (R$) Amortização (R$) Saldo devedor (R$) 0 ---- ---- ---- 400.000,00 1 ---- 60.000,00 ---- 460.000,00 2 ---- 69.000,00 ---- 529.000,00 3 ---- 79.350,00 608.350,00 4 294.035,83 91.252,50 202.783,33 405.566,67 5 263.316,41 60.533,08 202.783,33 202.783,33 6 232.898,91 30.115,58 202.783,33 zero Outros modelos de amortização Sistema de Pagamento Único (SPU) O devedor paga o montante = capital + juros compostos da dívida em um único pagamento ao final den = 5 períodos. O montante pode ser calculado pela fórmula: M = C . (1 + i)n Uso comum: letras de câmbio, títulos descontados em bancos, certifica- dos a prazo fixo com renda final. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 107 Exemplo Dados: Valor presente do financiamento: R$300.000,00 Taxa: 4% ao mês. Tempo: 5 anos Sistema de Pagamento Único (SPU) n Juros (R$) Amortização do saldo devedor (R$) Pagamento (R$) Saldo devedor (R$) 0 0 0 0 300.000,00 1 12.000,00 312.000,00 2 12.480,00 324.480,00 3 12.979,20 337.459,20 4 13.498,37 350.957,57 5 14.038,30 300.000,00 364.995,87 0 Totais 64.995,87 300.000,00 364.995,87 Sistema de Pagamentos Variáveis (SPV) O devedor paga periodicamente valores variáveis de acordo com a sua condição e de acordo com a combinação realizada inicialmente, sendo que os juros do saldo devedor são pagos sempre ao final de cada período. Uso comum: cartões de crédito. Exemplo Neste caso também estamos considerando a taxa de 4% ao mês. Você observa que os pagamentos são variáveis a cada mês. Normalmente, quando se deixa acumular dívidas no cartão de crédito, os pagamentos serão cada vez mais crescentes caso o desejo seja saldar a dívida. Somente pagamentos crescentes resultarão em amortizações do saldo de- vedor, também crescentes, e juros menores no decorrer do período. Dado: o devedor pagará a dívida da seguinte forma: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 108 Estudo dos fluxos de caixa no final do 1.º mês: R$30.000,00 + juros; no final do 2.º mês: R$45.000,00 + juros; no final do 3.º mês: R$60.000,00 + juros; no final do 4.º mês: R$75.000,00 + juros; no final do 5.º mês: R$90.000,00 + juros; Sistema de Pagamentos Variáveis (SPV) n Juros (R$) Amortização do saldo devedor (R$) Pagamento (R$) Saldo devedor (R$) 0 0 0 0 300.000,00 1 12.000,00 30.000,00 42.000,00 270.000,00 2 10.800,00 45.000,00 55.800,00 225.000,00 3 9.000,00 60.000,00 69.000,00 165.000,00 4 6.600,00 75.000,00 81.600,00 90.000,00 5 3.600,00 90.000,00 93.600,00 0 Totais 42.000,00 300.000,00 342.000,00 Sistema de Amortização Misto (Sacre) Cada prestação (pagamento) é a média aritmética das prestações respec- tivas no sistema Price e no sistema de amortização constante (SAC). Uso comum: financiamento do sistema financeiro da habitação. PSacre = (PPrice + PSAC) / 2 Essa modalidade bastante interessante e muito usada hoje no financia- mento da casa própria pela Caixa Econômica Federal é uma média aritmética entre as amortizações obtidas com a Price e o SAC. Para o agente de financia- mento, ela é muito interessante e para o mutuário, também. A taxa de financiamento continua sendo 4% ao mês e o período de cinco meses. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 109 Exemplo n PSAC (R$) PPrice (R$) PSacre (R$) 1 72.000,00 67.388,13 69.694,06 2 69.600,00 67.388,13 68.494,07 3 67.200,00 67.388,13 67.294,07 4 64.800,00 67.388,13 66.094,07 5 62.400,00 67.388,13 64.894,07 Sistema de Amortização Misto (Sacre) n Juros (R$) Amortização do saldo devedor (R$) Pagamento (R$) Saldo devedor (R$) 0 0 0 0 300.000,00 1 12.000,00 57.694,06 69.694,06 242.305,94 2 9.692,24 58.801,83 68.494,07 183.504,11 3 7.340,16 59.953,91 67.294,07 123.550,20 4 4.942,01 61.152,06 66.094,17 62.398,14 5 2.495,93 62.398,14 64.894,07 0 Totais 36.470,34 300.000,00 336.470,94 Sistema Alemão O sistema Alemão consiste em liquidar uma dívida em que os juros são pagos antecipadamente com prestações iguais, exceto o primeiro pagamento, que corresponde aos juros cobrados no momento da operação financeira. É necessário conhecer o valor de cada pagamento P e os valores das amortiza- ções Ak, k = 1, 2, 3, ..., n. Uso comum: alguns financiamentos. Fórmulas necessárias: para k = 1, 2, ..., n. A prestação mensal pode ser calculada com as fórmulas a seguir: Continuamos com a mesma taxa de financiamento de 4% ao mês e o pe- ríodo de cinco meses. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 110 Estudo dos fluxos de caixa P = Ci / [ 1 – ( 1 – i)n] A1 = P . ( 1 – i ) n – 1 Ak = A1 / ( 1 – i ) k – 1 P = (300.000 . 0,04) / [1–(1–0,04)5] = R$64.995,80 A1 = 64.995,80 . (1–0,04) 4 = R$55.203,96 A2 = 55.203,96 / (1–0,04) = R$57.504,13 A3 = 57.504,13 / (1–0,04) = R$59.900,13 A4 = R$59.900,13 / (1–0,04) = R$62.395,97 A5 = R$62.395,97 / (1–0,04) = R$64.995,80 Sistema Alemão n Juros (R$) Amortização do saldo devedor (R$) Pagamento (R$) Saldo devedor (R$) 0 12.000,00 0 12.000,00 300.000,00 1 9.791,84 55.203,96 64.995,80 244.796,04 2 7.491,68 57.504,13 64.995,80 187.291,91 3 5.095,67 59.900,13 64.995,80 127.391,78 4 2.599,83 62.395,97 64.995,80 64.995,80 5 64.995,80 64.995,80 0 Totais 36.979,02 300.000,00 336.979,02 Ampliando seus conhecimentos Estabeleça estratégia de quitação de dívidas e saia do vermelho (INFOMONEY, 2008) Liste suas dívidas, estabeleça prioridades e avalie possibilidade de quita- ção antecipada; use recursos extras para amortização. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 111 Tentar esquecer o problema não vai levá-lo a lugar algum, mas um pouco de planejamento pode sim ajudá-lo a recuperar a sua saúde financeira. Por mais que o assunto “dívidas” o desanime, é hora de arregaçar as mangas e tentar re- solver o problema. Comece adotando uma estratégia bastante simples, mas muito difícil nos dias de hoje: não contrate nenhum outro tipo de dívida, até que tenha quitado as que já tem. Por mais que sofra pressões no emprego, tenha desilusões amorosas ou simplesmente acredite que merece um prêmio, mantenha esta estratégia e não gaste o que não pode pagar em dinheiro. Pague em dinheiro! Uma solução é transformar os rendimentos mensais em dinheiro. Com a quantia contada, você só gasta o que tem. Não é fácil, mas a situação exige esforços e, ao menos, você evita os gastos por impulso. Se você já tem um bom controle orçamentário, certamente sabe o quanto pode dispor todos os meses para o pagamento das suas dívidas. Porém, caso não tenha esta informação, este é o momento de analisar os seus gastos, cor- tando tudo o que pode, para entender o quanto dispõe todo mês para pagar dívidas. Compare este saldo com o total de prestações do período. Você sabe quanto deve? Por mais que queiram sair do vermelho, não são raros os casos de pessoas que não têm qualquer controle do quanto estão devendo. Se você se encon- tra nesta situação, é hora de mudar de atitude! Como espera pagar suas dívi- das, se não sabe o quanto deve? Faça uma lista de todas as dívidas que possui, incluindo não apenas o saldo devedor, mas também o número de parcelas que restam, a taxa de juros co- brada e, é claro, o valor da prestação. Por mais que o primeiro instinto seja o de priorizar o pagamento da dívida cujos juros são mais elevados, é preciso levar em consideração outros fatores. O primeiro deles é o risco que você corre ao atrasar o pagamento. Ainda que a taxa de juros do cartão seja maior do que a taxa do seu financiamento imobiliário, se não efetuar o pagamento do financiamento corre o risco de perder o imóvel! Levando em consideração estas restrições, estabeleça uma linha de prioridade na quitação das dívidas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 112 Estudo dos fluxos decaixa Considere a quitação antecipada Caso tenha o suficiente para arcar com todas as prestações, basta não levantar mais dívidas que você certamente sairá do vermelho. Porém, caso possa pagar integralmente as prestações, é preciso identificar fontes alterna- tivas de renda. Informe-se sobre a possibilidade da quitação antecipada. Talvez valha a pena fazer um sacrifício maior, trocar o carro por um modelo mais antigo, para quitar integralmente uma dívida. Como na quitação antecipada deve ser descontado do valor a ser pago o montante de juros embutido nas prestações que faltam, a economia é grande e o sacrifício pode valer a pena. À medida que quitar uma nova dívida, você deve usar o montante que teria gasto com a prestação para amortizar, ainda que parcialmente, a próxi- ma dívida da sua lista em termos de prioridade. Renegociar exige atenção! Por mais que não tenha sido discutido o tema, renegociar os termos da dívida certamente é uma opção a ser considerada. Porém, esta estratégia deve ser vista como uma forma de antecipar a quitação, ou de permitir o equilíbrio entre o que dispõe para pagar e o total das prestações. Este caminho, contudo, só deve ser seguido uma vez que você tenha uma ideia clara das suas dívidas e um plano estratégico de quitação. Caso contrá- rio, o mais provável é que utilize a renegociação apenas para adiar, e não re- solver o problema. Infelizmente, ficar endividado é mais fácil do que sair do vermelho e não existem saídas simples. No seu caminho rumo a uma vida sem dívidas, continue procurando alter- nativas de cortar custos, ou receitas alternativas que ajudem na redução do saldo devedor. Seguindo estes passos, você conseguirá, com muito esforço e paciência, sair do vermelho. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 113 Dez razões que levam as pessoas a se endividarem (INFOMONEY, 2008) [...] Perda de renda sem ajuste nas despesas Curiosamente, pode-se observar que, quando o poder aquisitivo das pes- soas aumenta, elas rapidamente tendem a aumentar seu padrão de gastos, ajustando-se à nova realidade de salário. Infelizmente, a contrapartida nem sempre é verdadeira, de forma que, em geral, o consumidor não ajusta seus gastos com a mesma rapidez diante de uma retração na renda. Acreditando que a situação seja temporária, muitas pessoas optam por equilibrar o orça- mento através do levantamento de dívidas. Porém, muitas vezes o temporário se transforma em permanente, e abre-se a porta para uma situação de dese- quilíbrio financeiro. De repente você está desempregado! A perda do emprego pode ser vista como uma das causas para a redução de renda. O maior problema aqui é subestimar o tempo e os custos associados à recolocação profissional, que podem inclusive acabar elevando padrões de gastos temporariamente. Nesta hora é importante não se abalar emocional- mente e agir rápido. Por mais que cortar gastos seja a última coisa que passe pela sua mente, ela deve ser, na verdade, a primeira providência a tomar. Não se esqueça de que muitas empresas evitam contratar pessoas com nome sujo. A razão por trás disso é simples: a preocupação com o gerenciamento finan- ceiro das suas contas acaba prejudicando o desempenho do profissional. Despesas médicas podem acabar com sua saúde Não são poucos os casos de pessoas que acabam sofrendo problemas de saúde, e por isso são forçadas a gastar com o tratamento, ou a se ausentar do trabalho. Por este motivo, sobretudo no caso de profissionais liberais e autônomos, veem-se diante de dificuldades financeiras. Nestas horas, levan- tar um financiamento pode ser a única alternativa para fazer o tratamento de saúde, ou para manter o pagamento das contas em dia, e assim evitar a inadimplência. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 114 Estudo dos fluxos de caixa Divórcio: separação de bens, mas não de gastos Mesmo que você não esteja casado, basta que se encontre em uma relação estável, para que possa ser atormentado pela realidade da divisão de bens, e até mesmo pagamento de pensão ao ex-cônjuge/companheiro. De repente a pessoa passa de uma situação em que podia contar com a outra para dividir os gastos, para a realidade de não só ter que arcar com eles sozinha, mas ainda ter que partilhar parte de seu rendimento, ou patrimônio. Isso sem falar, é claro, dos custos associados ao processo em si. Dependendo de como se deu a separação, além de gastar com advogado, é possível que surja a necessidade de outros tratamentos, para possíveis traumas psicológicos, por exemplo. Jogos e outros vícios Ainda que o jogo seja ilegal no país, não há como negar sua existência. Infelizmente, muitas pessoas acabam viciadas, perdendo completamente o controle dos seus gastos. Em alguns casos, o jogo é apenas uma entre outras formas de vícios, que vão desde o consumo compulsivo até a dependência química por drogas. Os efeitos ao orçamento não precisam ser comentados. Gastando aquilo que não recebeu Não são poucos os casos em que isso acontece. Englobam filhos que ante- cipam o recebimento de bens ainda em inventário, ou profissionais que adian- tam o recebimento de férias, décimo terceiro, ou bonificação anual extra. Em algumas situações, contudo, esses recursos acabam não sendo recebidos, ou ficam abaixo do previsto, fazendo com que seja preciso levantar dívidas para arcar com os gastos antecipados. Incapacidade de administrar dinheiro Poucas pessoas investem tempo na gestão do seu orçamento e sabem para onde vai o seu dinheiro. Assim, a maioria acaba gastando mais do que pode. Um erro bastante frequente é incluir o limite do cartão de crédito e/ou cheque especial como parte integrante da renda. Não se esqueça de que, ao contrário do rendimento de salário, esses recursos implicam juros, e devem ser usados com cautela. Coloque no papel seus gastos e receitas e adote uma postura mais responsável com relação às suas decisões de consumo. Evite consumir por impulso! Você vai se surpreender ao verificar como é gratificante ter suas finanças equilibradas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 115 Dificuldade de poupar A forma mais simples de evitar o endividamento é efetivamente poupar e formar uma reserva para situações de emergência. Apesar disso, a maior parte das pessoas, independente de faixa de renda, encontra dificuldades em esta- belecer uma estratégia de poupança. É exatamente essa reserva que permite que você não se endivide caso fique doente, perca o emprego ou venha a se separar. Lembre-se que é mais fácil encontrar pessoas arrependidas de terem consumido por impulso do que reclamando de que deixaram de consumir para poupar. Não é preciso muito para começar: sempre é possível separar 5% do que você ganha para investimento, basta adiar por algum tempo outro gasto menos essencial. É como reeducação alimentar, depois de algum tempo você se acostuma com os novos hábitos de consumo e se sente orgulhoso por isso. Quando falar sobre dinheiro é tabu Este é um problema que aflige muitas famílias. É importante que tanto o casal, e eventualmente os filhos, participem, na medida do possível, do es- tabelecimento de metas e objetivos de poupança e investimento. Se todos se mantiverem informados, é mais fácil comunicar quando um dos membros adota um padrão de gastos que não está de acordo com o orçamento! Nestes casos, a transparência é muito importante. Todos precisam ser honestos e ob- jetivos, caso contrário, as chances de você se surpreender no final do mês com uma conta absurda de celular do seu filho, ou de cartão de crédito da sua filha, são enormes. Analfabetismofinanceiro Essa forma de analfabetismo atinge até mesmo os países mais desenvol- vidos, onde uma parcela significativa da população é incapaz de gerir suas contas. Independente do grau de instrução, muitas pessoas simplesmente não apreciam a importância do planejamento financeiro. No Brasil, pode-se dizer que existe uma herança claramente negativa do período hiper-inflacio- nário. Isso porque, diante de uma inflação mensal que chegou a superar 50%, o planejamento financeiro de longo prazo se tornava impossível. Se você faz parte deste grupo de pessoas, está na hora de investir na sua educação. Assim como em qualquer outra área de ensino, o planejamento financeiro exige trei- namento. A boa vantagem é que já existe muito material publicado sobre o tema, que pode ajudá-lo rapidamente a se tornar proficiente neste assunto. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 116 Estudo dos fluxos de caixa Atividades de aplicação 1. Dado o seguinte financiamento: Valor presente: R$50.000,00. Taxa de juros: 20% ao mês. Tempo: 3 meses. Modelo de amortização: SPU. Apresentar uma planilha com a sequência calculada durante os três meses. 2. Com os mesmos valores e demais observações utilizadas no exercício 1, construa agora a planilha para um modelo SAM. 3. Considerando o empréstimo de R$450.000,00, feito à taxa de 20% a.m., por três meses, devendo ser pago pelo sistema SAC, fazer um demons- trativo do estado da dívida nesses quatro meses. 4. Um empréstimo de R$40.000,00 será pago pelo Sistema Price de amor- tização em três parcelas mensais postecipadas, com um período de carência de três meses em que seriam pagos unicamente os juros con- tratados de 15%. Construir a planilha de amortização. Gabarito 1. Meses Saldo no início do mês (R$) Juros do mês (R$) Saldo no final do mês, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do mês Saldo no final do mês, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 50.000,00 1 50.000,00 10.000,00 60.000,00 0,00 0,00 0,00 60.000,00 2 60.000,00 12.000,00 72.000,00 0,00 0,00 0,00 72.000,00 3 72.000,00 14.400,00 86.400,00 86.400,00 36.400,00 50.000,00 0,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estudo dos fluxos de caixa 117 2. Meses Saldo no início do mês (R$) Juros do mês (R$) Saldo no final do mês, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do mês Saldo no final do mês, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 50.000,00 1 50.000,00 10.000,00 60.000,00 0,00 10.000,00 0,00 50.000,00 2 50.000,00 10.000,00 60.000,00 0,00 10.000,00 0,00 50.000,00 3 50.000,00 10.000,00 60.000,00 60.000,00 10.000,00 50.000,00 0,00 3. Valor atual = R$450.000,00 / 3 = R$150.000,00 Meses Saldo no início do mês (R$) Juros do mês (R$) Saldo no final do mês, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do mês Saldo no final do mês, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 450.000,000 1 450.000,00 90.000,00 540.000.00 240.000,00 90.000,00 150.000,00 300.000,00 2 300.000,00 60.000,00 360.000,00 210.000,00 60.000,00 150.000,00 150.000,00 3 150.000,00 30.000,00 180.000,00 180.000,00 30.000,00 150.000,00 0,00 4. Na HP-12C, temos: f FIN f 2 40000 CHS PV 15 i 3 n PMT Visor: R$17.519,08 Anos Saldo no início do mês (R$) Juros do mês (R$) Saldo no final do mês, antes do pagamento (R$) Pagamento no final do mês Saldo no final do mês, após o pagamento (R$) Total (R$) Juros (R$) Amortização (R$) 0 40.000,00 1 40.000,00 6.000,00 46.000,00 6.000,00 40.000,00 2 40.000,00 6.000,00 46.000,00 6.000,00 40.000,00 3 40.000,00 6.000,00 46.000,00 6.000,00 40.000,00 4 40.000,00 6.000,00 46.000,00 17.519,08 6.000,00 11.519,08 28.480,92 5 28.480,92 4.272,14 32.753,06 17.519,08 4.272,14 13.246,94 15.233,98 6 15.233,98 2.285,10 17.519,08 17.519,08 2.285,10 15.233,98 0,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 119 Valor presente líquido e taxa de desconto As abelhas, em virtude de uma certa intuição geométrica, sabem que o hexágono é maior que o quadrado e o triângulo, e conterá mais mel com o mesmo gasto de material. Papus de Alexandria Valor presente, taxa de desconto e equivalência de fluxos de caixa são conceitos absolutamente interligados. Denomina-se valor presente de um fluxo de caixa o valor monetário (PV) do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parce- las futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros. A taxa de juros utilizada para descontar as parcelas futuras do fluxo de caixa é denominada taxa de desconto. A equivalência de fluxos de caixa está ligada à taxa de juros, pois pagar à vista uma determinada compra equivale a pagá-la a prazo, em parcelas fu- turas, desde que se aceite uma taxa de juros no caso do parcelamento. Esses conceitos são muito importantes para a tomada de decisões. Complemento Em uma operação financeira de investimento ou financiamento, existem várias situações que interferem na nossa decisão sobre a escolha de uma dentre as várias possíveis alternativas. Em geral, temos o conhecimento da taxa de mercado, também conhecida como a taxa de atratividade do mercado e desejamos saber a taxa real de juros da operação, para poder tomar uma decisão. Existem dois importantes objetos matemáticos que são utilizados na aná- lise da operação financeira de investimento ou financiamento: valor presente líquido (NPV) e taxa interna de retorno (TIR). Na calculadora financeira HP-12C, a taxa interna e retorno é mostrada como IRR (Internal Rate Return). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 120 Valor presente líquido e taxa de desconto Valor presente líquido (NPV) O valor presente líquido (VPL), mostrado na calculadora HP-12C como NPV (Net Present Value), de um fluxo de caixa de uma operação é o somatório de todos os valores atuais calculados no instante t = 0 para cada elemento isolado da operação. Imagine a seguinte situação. Uma empresa dispõe de fundos para investir em determinados projetos. Dentre a gama de alternativas, uma em particu- lar chamou a atenção da diretoria. Trata-se de um projeto que consiste no lançamento de um novo produto que, segundo os especialistas de mercado, é muito promissor para o futuro. O projeto demanda um investimento inicial de R$5.000.000,00. A possibilidade de retorno do investimento consiste em R$750.000,00 ao ano durante oito anos. Se você fosse um dos principais acio- nistas e a decisão de investir fosse exclusivamente sua, você investiria nesse projeto? Seguindo um raciocínio lógico simples, qualquer um nessa situação seria levado a investir, pois a entrada de fundos decorrente do projeto é de R$6.000.000,00 enquanto a saída é de apenas R$5.000.000,00. O que geraria um ganho de R$1.000.000,00. No entanto, o valor de R$5.000.000,00 corres- ponde a um desembolso hoje, enquanto as entradas futuras, além de esti- mativas, correspondem a entradas durante oitos anos consecutivos. Dessa forma para se ter uma análise mais precisa sobre se o projeto deve ser feito ou não, precisamos conhecer uma relação entre o poder do real de hoje com o poder do real de amanhã (no caso daqui a oito anos). Essa relação é conhe- cida como valor do dinheiro no tempo. Valor presente e valor futuro O exemplo acimaretrata que o dinheiro possui seu valor alterado confor- me o tempo em que estamos utilizando-o. Os R$5.000.000,00 são desembol- sados hoje para que se possa receber R$6.000.000,00 ao longo de oito anos. O valor desembolsado ou recebido na data atual, data base ou ainda data zero (como é comumente conhecida) é conhecido como valor presente. No caso da empresa, o valor presente seria R$5.000.000,00, pois é o valor de- sembolsado hoje. Se por um lado é necessário desembolsar um valor hoje, a lógica do investidor nos afirma que devemos auferir um rendimento no amanhã. O valor que teremos de pagar ou receber em uma data futura é conhecido como valor final. No caso da empresa seria de R$6.000.000,00 em oito anos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 121 Taxa de juros Como foi explicado, o dinheiro possui um determinado valor no tempo. Se hoje temos de sacrificar determinada quantia em um investimento es- peramos que no futuro nos seja proporcionado um ganho por esse sacri- fício. Quando emprestamos dinheiro a alguém, estamos sacrificando uma quantia atual visando um recebimento no futuro. Assim sendo, o tomador do empréstimo fez com que nós sacrificássemos nossas possibilidades de consumo e emprestássemos esse dinheiro à ele. Naturalmente esse sacrifício merece alguma espécie de ganho. Esse ganho é conhecido como juros. De certa forma poderíamos dizer que os juros correspondem ao lucro que es- tamos determinados a ganhar para emprestar esse dinheiro. Sobre a óptica do tomador de empréstimo, poderíamos dizer que os juros correspondem ao preço que ele tem de pagar para realizar o empréstimo. Pode-se afirmar que a taxa de juros corresponde a esse lucro, ou a esse aluguel, ou, ainda, a relação entre o valor do dinheiro hoje e o valor do dinheiro amanhã. O valor presente líquido é o valor dos fluxos financeiros trazidos à data zero. Pode-se visualizar melhor através da figura. 300 300 450 250 100100 350 1000 0 1 2 3 4 5 6 7 Por meio da figura, podemos visualizar algumas operações. Existem fluxos de caixa positivos e negativos para datas distintas. Vamos considerar que o fluxo de caixa seja o comportamento de consumo e ganhos de uma determi- nada pessoa. Como saber se ela está gastando mais ou arrecadando mais? O VPL nada mais é do que uma aplicação de juros compostos. A fórmula geral de juros compostos é: VF = VP . (1 + i)n onde: VF é o valor futuro ou montante. VP é o valor presente ou atual. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 122 Valor presente líquido e taxa de desconto n são os períodos de tempo. i representa a taxa. Para responder a pergunta feita anteriormente, devemos trazer todos os fluxos financeiros para uma data comum (que por costume é a data zero). Considerando uma taxa de juros arbitrária de 2% ao período e utilizando a fórmula, podemos resumir da seguinte forma: VF (R$) n VP (R$) Saldo (R$) 1.000,00 0 –1.000,00 –1.000,00 300,00 1 294,11 –705,89 300,00 2 288,35 –417,54 350,00 3 –329,81 –747,35 450,00 4 415,73 –331,62 100,00 5 –90,57 –422,19 100,00 6 –88,79 –510,98 250,00 7 217,64 –293,34 Podemos ver que a soma dessas operações (todas trazidas à data zero) fez com que o saldo desse um valor negativo. A soma de todos esses fluxos trazidos a uma data comum é chamada de valor presente líquido. O valor pre- sente líquido, nesse caso, é de – R$293,34, ou seja, a pessoa que efetuou essas operações gasta mais do que arrecada, ainda que as operações tenham sido feitas em épocas distintas. A fórmula geral, então, para o cálculo do VPL seria: VPL i i i = +( ) + +( ) + +( ) + + Valor 1 Valor 2 Valor 3 Valor 4 1 1 1 11 1 2 2 3 3 ii n 4 4( ) + ( ) Valor n 1+in Logo: VPL C Cn i nn = + +( )=∑0 1 1 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 123 C0 é o fluxo de caixa feito na data zero (que no caso acima era de – R$1.000,00). Cn é o fluxo de caixa feito no período n. n é o número do período em que foi feito determinado fluxo. i é a taxa de juros corrente ao período n. Anuidade Uma anuidade consiste em uma série uniforme de pagamentos regula- res que dura um número determinado de períodos. Quando compramos um carro e decidimos pagar a prazo, (em 24 vezes, por exemplo) estamos lidan- do com uma anuidade. O comportamento da anuidade pode ser descrito de acordo com a figura. 0 P P P P P P P P N7654321 D A diferença entre a anuidade e a perpetuidade está no tempo envolvido. Na anuidade esse tempo é limitado. A fórmula para se calcular a anuidade é a seguinte: VP i i t t = +( ) − +( ) P . i . 1 1 1 Um investimento vale a pena quando cria valor para seus proprietários. Por isso, as propostas de investimento ou projeto deverão valer mais do que seu custo, uma vez implantado. Essa diferença entre o valor do mercado de um investimento, descontando seus fluxos de caixa futuros e usando o custo de capital, é chamado avaliação de fluxo de caixa descontado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 124 Valor presente líquido e taxa de desconto Exemplos de fixação 1. Avalie uma proposta de investimento com valor de R$10.000,00 hoje para receber R$2.000,00 anuais, nos próximos 10 anos. A taxa mínima de atratividade é de 10% ao ano. Esse investimento é interessante? Resolvendo: Investimento – Recebimentos –R$10.000,00 + R$2.000,00 / (1 + 0,10)1 + R$2.000,00 / (1 + 0,10)2 + ... + R$2.000,00 / (1 + 0,10)9 + R$2.000,00 / (1 + 0,10)10 = – R$10.000,00 + R$12.289,13 = R$2.289,13 Logo, VPL positivo. Considerando o valor presente líquido positivo o in- vestimento é interessante. Vamos lá: aplicando na calculadora HP-12C temos: f fin f 2 10000 CHS g CF0 2000 g CFj 10 g Nj 10 i f NPV Visor: R$2.289,13 Análise: o investimento é atrativo do ponto de vista do VPL. Quando se consideram alternativas de investimento com durações idênticas, escolhe-se a de maior valor presente líquido. Geralmente, a data esco- lhida para o cálculo do valor atual é o “dia de hoje”, daí o termo “valor presente”, usado para designar o método. Então, qualquer que seja a data utilizada, a decisão será a mesma. Observações importantes Toda vez que se consegue investir uma quantia exatamente igual à taxa mínima de atratividade, o valor presente do projeto como um todo será nulo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 125 Um valor atual positivo indica que se está investindo a uma taxa superior à taxa de atratividade. O inverso mostra valores presentes negativos. O valor presente de um fluxo de caixa indica a diferença entre o valor atual das quan- tias futuras envolvidas e o investimento inicial. Isso quer dizer que um valor atual positivo significa que as quantias futuras, descontadas à taxa mínima de atratividade, superam o investimento inicial necessário, o que torna a pro- posta atrativa. Por outro lado, um valor atual negativo significa que se está investindo mais do que irá obter, e isso é indesejável. 2. Uma máquina é colocada à venda para fins rentáveis. O comprador tem a perspectiva de uma taxa de atratividade de 10% a.a. Espera-se que a máquina proporcione uma receita líquida de R$20.000,00 no primeiro ano, diminuindo em seguida à proporção de R$1.000,00 ao ano por mais quatro anos. O valor estimado de revenda daqui a cinco anosé de R$26.000,00. Até quanto o comprador estará disposto a pa- gar pela máquina? VPL = R$20.000,00 / (1 + 0,10)1 + R$19.000,00 / (1 + 0,10)2 + R$18.000,00 / (1 + 0,10)3 + R$17.000,00 / (1 + 0,10)4 + R$16.000,00 / (1 + 0,10)5 = R$68.953,93 Logo, como valor estimado de venda daqui a cinco anos é de R$26.000,00, o comprador estará perdendo dinheiro se investir R$68.953,93 nessa máquina nesse valor presente líquido. A deprecia- ção da máquina é muito grande ao longo do tempo. Vamos fazer o fluxo: fluxo de caixa (em R$1.000,00) : VP(1 + i)n f Fin f 2 20000 g CFj 19000 g CFj 18000 g CFj 17000 g CFj 16000 g CFj Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 126 Valor presente líquido e taxa de desconto 10 i f NPV Visor: R$68.953,93 Logo: 1 R$20.000,00 2 R$19.000,00 3 R$18.000,00 4 R$17.000,00 5 R$16.000,00 NPV Com taxa de 10% igual a R$68.953,93 3. Uma prefeitura está avaliando a execução de uma obra destinada à diversão pública; entre as possibilidades, sobressaem a construção de um estádio ou de um parque com jardins, lagos, viveiros etc. Os responsáveis se dividem sobre qual das alternativas proporcionará maiores benefícios, considerando-se, portanto, que sejam equivalen- tes sob esse aspecto. O investimento inicial do projeto do parque é de R$6.000.000,00, sendo os benefícios perpétuos. Gastos anuais de cerca de R$60.000,00 serão necessários para manutenção; de 20 em 20 anos, estima-se, seriam necessários gastos da ordem de R$1.500.000,00 para dragagem do lago e reforma dos jardins e edifícios. Considerando-se uma taxa de 5% ao ano, qual o custo capitalizado dessa obra? Vamos à resolução: Custo anual de manutenção: R$60.000,00. Custo equivalente aos gastos de 20 em 20 anos. Pelo método convencional: PMT = FV . i / ((1 + i)n – 1) PMT = R$1.500.000 . 0,05 / ((1+0,05)20 – 1) PMT = R$75.000.000,00 1,653298 PMT = R$45.363,88 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 127 Na HP-12C: f Fin 1500000 (CHS) FV 20 n 5 i PMT Visor: R$45.363,88 Usando a perpetuidade, temos: VP para a perpetuidade = PMT i VP = R$60.000,00 (manutenção) + R$45.363,88 (outras obras) 0,05 VP = R$2.107.277,60 R$6.000.000,00 + (R$60.000,00 + R$45.363,88) / 0,05 = R$8.107.277,60 Logo, nessas condições, o estádio só será interessante se o custo capitali- zado for menor que o valor acima. Limitações ao VPL Embora o VPL seja um processo matemático muito eficiente, assim como quase todos os modelos em finanças, ele é limitado quando aplicado a situa- ções reais. Suas principais limitações são: não se importa com o tempo de duração do projeto seja ele de um, de mil ou de infinitos períodos. Seu enfoque é apenas no valor presente do montante resultante dos descontos dos pagamentos futuros; não é muito indicado em ambientes de risco. Alguns autores defendem que o VPL pode ser trabalhado com risco, para tanto basta embutir na taxa de juros um prêmio para esse risco, mas avaliar esse prêmio torna-se impraticável uma vez que o VPL não considera o tempo da aplicação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 128 Valor presente líquido e taxa de desconto Taxa interna de retorno (IRR) A taxa interna de retorno (TIR) – também chamada de Internal Rate Return (IRR) – de um fluxo de caixa da operação é a taxa real de juros da operação financeira. Os investidores dispõem de diversos métodos para a análise de um in- vestimento. Cada um desses enfoca uma variável diferente. O payback, que veremos neste capítulo, é extremamente voltado para a variável tempo, en- quanto o valor presente líquido volta-se para o valor dos fluxos de caixas obtidos na data-base. A idéia da TIR surgiu como mais um modelo de análise de investimento, dessa vez voltada para a variável taxa. A utilização da TIR tenta reunir em apenas um único número o poder de decisão sobre determi- nado projeto. Esse número não depende da taxa de juros de mercado vigen- te no mercado de capitais (daí o nome taxa interna de retorno). A TIR é um número intrínseco ao projeto e não depende de nenhum parâmetro a não ser os fluxos de caixa esperados desse projeto. A TIR é a taxa de juros que torna o valor presente das entradas de caixa igual ao valor do presente das saídas de caixa do investimento. Isso quer dizer que a TIR é a taxa que “zera” o seu investimento. É uma taxa tal que, se utilizada, fará com que o lucro do seu projeto seja nulo ou VPL = 0. Cálculo da TIR Vamos utilizar um exemplo para descrever como a TIR é calculada. Supo- nha que a empresa WYS necessita investir R$30.000.000,00 para obter fluxos futuros de R$11.000.000,00, R$12.100.000,00 e R$13.310.000 ao longo de três anos. Vejamos agora como seria calculada a TIR. VP i = − + +( ) +R$30.000.000,00 R$11.000.000,00 R$12.100.000,00 1 11 ++( ) + +( ) ≅ i i2 31 0 R$13.310.000,00 Visualizando as operações da empresa teríamos a seguinte equação. Para que seja calculada a TIR devemos considerar que VP seja igual a zero. Se VP for igual a zero, a única resposta seria 0,1. Concluímos que a taxa interna de retorno do projeto é de 10% ao ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 129 Se substituirmos i por 0,1 veremos que VP = – R$30.000.000,00 + R$10.000.000,00 + R$10.000.000,00 + R$10.000.000,00. O VP portanto será igual a zero. Utilização da TIR Fizemos o cálculo da TIR e encontrarmos 10%. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que, à taxa de 10%, esse projeto é economicamente indiferente, pois não trará lucro nem prejuízo. O uso da TIR deve servir para comparações com a taxa de juros do mercado. O que aconteceria se a taxa de juros do mercado fosse de 6%? Subs- tituindo 6% na equação acima acharíamos um VP de R$2.321.648,00 ( – R$30.000.000,00 + R$10.377.358,00 + R$10.768.957,00 + R$11.175.333,00). Agora vamos supor que a taxa de juros do mercado seja de 15%. Subs- tituindo 15% na equação acima acharíamos um VP de – R$2.533.903,00 ( – R$30.000.000,00 + R$9.565.217,00 + R$9.149.338,00 + R$8.751.541,00). Através de nossos cálculos chegamos a seguinte conclusão: Se a taxa de retorno for maior que a taxa de juros do mercado, é rentá- vel fazer o investimento. Se a taxa de retorno for menor que a taxa de juros do mercado, não é rentável fazer o investimento. Quando a taxa de retorno se equivale à taxa de juros do mercado, o investimento é indiferente, pois a rentabilidade é nula. Quanto maior for a taxa de retorno, maior será o número de possibilida- des de um investimento ser lucrativo. No exemplo, a taxa de juros é de 10%. Isso quer dizer que o projeto será lucrativo a qualquer taxa menor que 10%. Se a taxa de juros fosse de 20%, as possibilidades de lucros seriam duas vezes maior, pois o projeto seria lucrativo a qualquer taxa de juros desde que esta não ultrapassasse 20%. Problemas com a TIR Até o presente momento, a TIR parece ser um modelo de análise de inves- timento eficaz, pois utiliza-se de um único número para análise. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 130 Valor presente líquido e taxa de desconto Se fizermos uma análise mais apurada do cálculo da TIR, iremos perce- ber uma enorme dificuldade matemática para seu cálculo, caso o número de períodos seja maior que dois. Uma outra curiosidade é que o denomina- dor dos fluxos de caixa é representado por (1+i)t. Assim sendo, se tivermos uma quantidade de fluxosigual a 10, por exemplo, iremos nos deparar com um denominador representado por um polinômio de décimo grau que seria (1+i)10. Assim sendo, a TIR admite a hipótese matemática de se encontrar até 10 valores para i, inclusive valores negativos. Interpretar o significado finan- ceiro de número enorme de soluções para a TIR é um tanto trabalhoso, fato esse que faz com que a TIR seja um método difícil de se calcular e, dependen- do das respostas encontradas, difícil de se avaliar. Outra desvantagem é que, embora a taxa de juros do mercado não afete o cálculo da TIR, a TIR depende dos fluxos de caixa futuros. Como determi- nar com exatidão os fluxos de caixa esperados? E se houver risco? Questões como essas fazem com que os investidores muitas vezes desmeresçam o método da TIR e procurem outros métodos de avaliação. Conexão entre NPV e IRR Há uma íntima relação entre esses dois objetos matemáticos, sendo que as considerações sobre eles devem resultar de análises invertidas quando se tratar de investimentos ou financiamentos. A razão dessa inversão é que alguém, ao realizar um investimento de capital espera ampliá-lo, ao passo que ao realizar um financiamento de um bem espera reduzir a aplicação. Em um investimento, se NPV for positivo, a taxa real (IRR) é maior do que a taxa de mercado. Se NPV for negativo, a taxa real (IRR) é menor do que a taxa de mercado e se NPV = 0, então, a taxa de mercado coincide com a taxa real (IRR). Conclusão: em um investimento, se NPV é maior, então, a taxa (IRR) também é maior. Em um financiamento, se NPV for positivo, a taxa real IRR é menor do que a taxa de mercado. Se NPV for negativo, a taxa real (IRR) é maior do que a taxa de mercado e se NPV = 0, então, a taxa de mercado coincide com a taxa real (IRR). Conclusão: em um financiamento, se NPV é maior, então a taxa (IRR) é menor. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 131 A taxa interna de retorno modificada Existem diversos métodos para análise de investimento utilizados no or- çamento de capital. Cada um possui seu ponto forte e suas aplicações, bem como suas possíveis falhas. Imagine agora a utilização do método da TIR. O método da TIR tem uma vantagem substancial em relação aos outros métodos: ela consegue reunir em um único número o poder de decisão. Claro que o melhor projeto é aquele que tem a taxa de retorno mais elevada. Mas para uma visão inicial temos o seguinte: TIR > 0 (há retorno) – projeto economicamente satisfatório. TIR < 0 (há prejuízo) – projeto economicamente insatisfatório. TIR = 0 (não há retorno nem prejuízo) – projeto economicamente indi- ferente. Claro que a forma descrita acima é uma visão um tanto míope. Para uma visão mais apurada devemos considerar o custo do capital. A análise pode ser melhorada se pensarmos da seguinte forma: TIR > k (há retorno) – projeto economicamente satisfatório. TIR < k (há prejuízo) – projeto economicamente insatisfatório. TIR = k (não há retorno nem prejuízo) – projeto economicamente indi- ferente. k = custo do capital. Considerando ainda a taxa de juros de mercado, podemos chegar a mais uma conclusão. Como é o comportamento da TIR levando-se em conta o retorno proporcionado pela taxa de juros do mercado? TIR > i (há retorno) – projeto economicamente satisfatório. TIR < i (há prejuízo) – projeto economicamente insatisfatório. TIR = i (não há retorno nem prejuízo) – projeto economicamente indi- ferente. i = taxa de juros do mercado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 132 Valor presente líquido e taxa de desconto As empresas, antes de se utilizarem da metodologia da TIR, devem antes considerar o custo do capital e a taxa de juros do mercado. Se a empresa possui um custo de capital de 10% e a taxa de juros do mercado é de 5%, significa que seu capital tem um custo alto se comparado ao mercado. Nesse caso, suas análises, utilizando-se do método da TIR, devem ser feitas com base no custo do capital. Na situação inversa, quando a taxa de juros é maior que o custo de capital da empresa, as análises devem ser feitas levando-se em conta a taxa de juros do mercado, pois se o projeto tiver um rendimento menor que a taxa de juros do mercado, seria mais proveitoso para a empresa aplicar seus recursos no mercado do que em seu projeto. A metodologia da TIR deve ser então aplicada à maior taxa, seja ela o custo do capital ou taxa de juros do mercado. Se a taxa de juros do mercado é menor que o custo de capital, a empresa deve usar a TIR levando-se em conta o custo do capital. Se a taxa de juros é maior que o custo do capital, a empresa deve usar a TIR levando-se em conta a taxa de juros do mercado. Deixando um pouco o mercado de lado e utilizando a metodologia da TIR descrita no primeiro caso, vejamos como ela se aplica a uma pequena situa- ção hipotética. Vamos supor o seguinte: você está em uma aula de finanças e o professor lhe faz as seguintes propostas. Proposta 1 – Dê-me agora um real e ao fim da aula eu lhe retornarei dois reais. Proposta 2 – Dê-me agora dez reais e ao fim da aula eu lhe retornarei quinze reais. É bem certo que a maioria das empresas não se depara com situações tão simples assim. Mas observe agora a análise através do método da TIR. Ambas as propostas possuem uma duração de um período (a aula). Para encontrar a TIR, basta dividir o valor do fim da aula pelo valor no início da aula e subtrair do resultado uma unidade. No primeiro caso há uma TIR de 100% enquanto no segundo caso há uma TIR de 50%. Seguindo o método da TIR, a primeira proposta é muito superior à segunda. Agora analise o retorno em termos brutos ou se preferir use o VPL. O que é melhor? Ganhar um real ou cinco reais? Essa é uma das falhas da TIR, pois ela considera um valor relativo e não um ganho absoluto. Assim sendo, o uso da TIR pode levar a decisões que contrastam com o VPL. Voltando um pouco para o ambiente financeiro. Vamos novamente anali- sar mais duas propostas de projeto. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 133 Investimento inicial Taxa interna de retorno Duração do projeto R$11.000,00 2,6% a.m. 12 meses R$12.000,00 3,0% a.m. 7 meses Analisando a lógica da TIR, o projeto mais indicado seria o de R$12.000,00, pois ele possui um retorno mais elevado. Analisando agora os dois projetos em datas distintas teríamos: Investimento inicial Valor ao fim de 7 meses Valor ao fim de 12 meses R$11.000,00 R$11.886,85 R$14.967,90 R$12.000,00 R$14.758,48 R$14.758,48 Se obtivermos os valores futuros dos investimentos, veremos que o pro- jeto de R$11.000,00, embora possua uma taxa interna de retorno menor, possui um tempo de capitalização maior, o que fez com que seu valor futuro fosse superior ao projeto de R$12.000,00. Se calculássemos o valor presente líquido de ambos os projetos ao fim de 12 meses e descontássemos a qual- quer taxa, certamente encontraríamos um VPL maior se investíssemos no projeto um e não no dois. A TIR tem uma falha em relação ao VPL por não considerar o tempo do investimento. Existe ainda uma última consideração a se fazer sobre a TIR. Como no exemplo acima obtivemos uma TIR de 2,6% a.m. e 3,0% a.m., o método da TIR pressupõe que o investimento inicial será reinvestido a essa taxa até o fim do projeto. Nesse caso, as taxas de juros encontradas estão compatíveis com diversos títulos e aplicações do mercado. Imagine agora se o valor da TIR fosse de 30% a.m. Será que o mercado financeiro iria proporcionar um projeto em que se conseguisse reinvestir o seu capital a uma taxa de 30% a.m. durantetodos os meses do projeto? É muito provável que não, pois trata-se de um retorno absurdo. Um dos grandes conflitos entre a TIR e o VPL consiste nessa taxa de reinvestimento. Foi justamente desse impasse que surgiu a ideia de se modificar a TIR para suprir essa falha. Embora o meio acadêmico prefira o uso do VPL, a TIR é uma medida mais comum entre os investidores, pois é mais cômodo avaliar um investimento em taxas de juros do que em milhões de reais. Veja um pequeno fluxo de caixa convencional do qual iremos aprender a calcular a taxa Interna de retorno modificada (TIR). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 134 Valor presente líquido e taxa de desconto 0 R$500,00 R$1.000,00 R$800,00 4321 R$2.000,00 R$600,00 O fluxo de caixa acima representa um típico investimento convencional. A TIR do projeto descrito é de 16% ao período. A taxa interna de retorno modificada deverá levar em conta uma taxa de reinvestimento mais realista que a TIR. É um tanto difícil de se imaginar qual será a taxa de juros proporcionada pelo mercado, assim sendo, podemos ima- ginar que a taxa de reinvestimento poderia ser igual ao custo do capital. Essa hipótese seria válida, pois dificilmente a empresa iria investir a uma taxa mais baixa que o custo de seu próprio capital. Supondo que o custo de capital da empresa seja de 10%, o fluxo de caixa ficaria estruturado da seguinte maneira: R$1.000,00 R$500,00 R$800,00 R$600,00 R$2.000,00 0 1 2 3 4 10%10% 10% VF Observe que as entradas de caixa estão sendo reinvestidas ao custo do capital que no exemplo é de 10%. Essas entradas irão gerar um valor futuro no último período (o quarto ano). Para calculá-lo, basta uma pequena apli- cação da fórmula do valor futuro e chegaríamos ao valor final que seria igual R$1.331,00 + R$605,00 + R$880,00 + R$600,00 = R$3.416,00. Assim sendo, um desembolso de R$2.000,00 nos faz conseguir um valor futuro de R$3.416,00. A que taxa isso é possível? Se você resolver essa equação, irá encontrar a cha- mada taxa interna de retorno modificada. Usando novamente a fórmula do valor futuro teríamos que VF = VP . (1+ TIRM)n. Logo TIRM = 14,32%. Considerações sobre a TIRM A TIRM resolve alguns dos conflitos entre a TIR convencional e o VPL como a taxa de reinvestimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 135 A TIRM levará às mesmas decisões que o VPL, independente do tem- po de duração do projeto, bastando colocar os fluxos de caixa igual a zero, no caso de não haverem fluxos até o final do projeto. A TIRM continua sendo um dado relativo. Sendo que depende do tamanho do investimento, a TIRM pode levar a decisões conflitantes com a metodologia do VPL. Não está limitada a investimentos convencionais como a TIR comum. O payback O payback é uma das técnicas de análise de investimento mais comuns que existem. Consiste em umas das alternativas mais populares ao VPL. Sua principal vantagem em relação ao VPL consiste no fato de que a regra do payback leva em conta o tempo do investimento e consequentemente é uma metodologia mais apropriada para ambientes com risco elevado. Esse método visa calcular o número de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para recuperar o investimento realizado. Um investimento signi- fica uma saída imediata de dinheiro e. em contrapartida, espera-se receber fluxos de caixa que visem recuperar essa saída. O payback calcula quanto tempo isso irá demorar. A conclusão lógica é que a fórmula do payback é: Payback = valor do investimento / valor do fluxo periódico esperado Veremos mais sobre o payback no capítulo que trata do tema: orçamento de capital. Ampliando seus conhecimentos Relação entre TMA e TIR (BACEN, 2008) A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é uma taxa de juros que representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar quando faz um financiamento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 136 Valor presente líquido e taxa de desconto Essa taxa é formada a partir de três componentes básicos: custo de oportunidade: remuneração obtida em alternativas que não as analisadas. Exemplo: caderneta de poupança, fundo de investimen- to etc; risco do negócio: o ganho tem que remunerar o risco inerente de uma nova ação. Quanto maior o risco, maior a remuneração esperada; liquidez: capacidade ou velocidade em que se pode sair de uma posi- ção no mercado para assumir outra. A TMA é considerada pessoal e intransferível pois a propensão ao risco varia de pessoa para pessoa, ou ainda a TMA pode variar durante o tempo. Assim, não existe algoritmo ou fórmula matemática para calcular a TMA. Ao se utilizar uma TMA como taxa de juros de referência, aplica-se métodos como o Valor Presente Líquido ou o Custo Anual Uniforme para se determinar a viabilidade financeira de um investimento ou empréstimo. Caso o resultado seja positivo, a taxa interna de retorno supera a TMA e o investimento é inte- ressante. O contrário ocorre caso o resultado seja negativo. Vamos observar alguns exemplos práticos resolvidos: Exemplo 1 Considerar os fluxos de caixa indicados a seguir: Ano Valor (R$) 0 (–) 11.500,00 1 (+) 2.350,00 2 (+) 1.390,00 3 (+) 3.350,00 4 (+) 4.275,00 5 (+) 5.350,00 Soma (+) 5.215,00 Determinar: a) o valor presente líquido desse fluxo de caixa para as taxas de desconto de 0,00%, 10,00% ao ano e 12,00% ao ano; b) determinar a taxa interna de retorno desse fluxo de caixa, em % ao ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 137 Solução através do método convencional de fórmulas: a) VPL = – R$11.500,00 + R$2.350,00 / (1 + 0)1 + R$1.390,00 / (1 + 0)2 + R$3.350,00 / (1 + 0)3 + R$4.275,00 / (1 + 0)4 + R$5.350,00 / (1 + 0)5 VPL = + R$5.215,00, que é a própria soma dos fluxos de caixa, confor- me a tabela. VPL = – R$11.500,00 + R$2.350,00 / (1 + 0,10)1 + R$1.390,00 / (1 + 0,10)2 + ... + R$5.350,00 / (1 + 0,10)5 VPL = + R$543,84 VPL = – R$11.500,00 + R$2.350,00 / (1 + 0,12)1 + R$1.390,00 / (1 + 0,12)2 + ... + R$5.350,00 / (1 + 0,12)5 VPL = – R$156,65 b) Para podermos obter a TIR ou IRR pelo método convencional precisa- mos ir por tentativa e erro, o que torna o cálculo bastante demorado e inviável do ponto de vista de gestão. Vamos imaginar que tentamos com várias taxas diferentes até chegar à taxa 11,537%: TIR = – R$11.500,00 + R$2.350,00 / (1 + 0,1153)1 + R$1.390,00 / (1 + 0,1153)2 + ... + R$5.350,00 / (1 + 0,1153)5 – R$11.500,00 + R$11.500,00 = zero Solução através da calculadora HP-12C: Inicialmente devemos registrar o fluxo de caixa na calculadora HP-12C com as seguintes operações: f REG (limpeza dos registros) 11500 CHS g CF0 (parcela do ano 0) = (–) R$11.500,00 2350 g CFj (parcela do ano 1) = R$2.350,00 1390 g CFj (parcela do ano 2) = R$1.390,00 3350 g CFj (parcela do ano 3) = R$3.350,00 4275 g CFj (parcela do ano 4) = R$4.275,00 5350 g CFj (parcela do ano 5) = R$5.350,00 Com o fluxo de caixa registrado na HP-12C, podemos fazer o cálculo do valor presente líquido com o auxílio da função NPV, para diversas taxas de desconto, logo: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 138 Valor presente líquido e taxa de desconto Continua a resolução: a) Cálculo do valor presente líquido. 0 i (taxa de desconto de 0,00% a.a.) f NPV (NPV = R$5.215,00 = soma das parcelas) 10 i (taxa de descontode 10,00% a.a.) f NPV (NPV = (+) R$543,84) 12 i (taxa de desconto de 12,00% a.a.) f NPV (NPV = (–) R$156,65) O fluxo de caixa continua registrado na HP-12C, sem qualquer altera- ção, e podemos calcular sua taxa interna de retorno com a função IRR, logo: b) f IRR (IRR = 11,537% ao ano). Observações: Houve apenas uma inversão de sinal nos valores do fluxo de caixa, que são os coeficientes da equação do valor presente líquido. Essa inversão ocorreu na passagem do coeficiente CF0 = (–) R$11.500,00 para o coefi- ciente CF1 de R$2.350,00. Temos, então, uma única raiz real positiva que corresponde a 11,537% ao ano. O valor presente líquido para 0,00% corresponde à soma algébrica de todas as parcelas do fluxo de caixa. Esse cálculo serve para verificar se os valores do fluxo de caixa estão registrados corretamente na calculadora. Exemplo 2 Considerar o fluxo de caixa a seguir: Mês Valor (R$) 0 (–) 30.000,00 1 0,00 2 (+) 10.350,00 3 0,00 4 (+) 10.350,00 5 0,00 6 (+) 10.350,00 Soma (+) 1.050,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 139 Determinar: a) o valor presente líquido desse fluxo de caixa para as taxas de desconto de 0,00%, 0,50% ao mês e 1,00% ao mês; b) a taxa interna de retorno desse fluxo de caixa, em % ao mês. Solução: Vamos registrar o fluxo de caixa na HP-12C: f REG (limpeza dos registros) 30 0000 CHS g CF0 (parcela do mês 0) = (–) R$30.000,00 0 g CFj (parcela do mês 1) = R$0,00 10350 g CFj (parcela do mês 2) = R$10.350,00 0 g CFj (parcela do mês 3) = R$0,00 10350 g CFj (parcela do mês 4) = R$10.350,00 0 g CFj (parcela do mês 5) = R$0,00 10350 g CFj (parcela do mês 6) = R$10.350,00 Com o fluxo de caixa registrado, podemos fazer o cálculo do valor presente líquido com o auxílio da função NPV, para diversas taxas de desconto, logo: a) Cálculo do valor presente líquido: 0 i (taxa de desconto de 0,00%) f NPV (NPV = R$1.050,00 = soma das parcelas) 0,50 i (taxa de desconto de 0,50% a.m.) f NPV (NPV = (+) R$437,70) 1,00 i (taxa de desconto de 1,00% a.m.) f NPV (NPV = (–) R$157,62) A taxa interna de retorno pode ser calculada com a função IRR, logo: b) Cálculo da taxa interna de retorno: f IRR (IRR = 0,866% ao mês) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 140 Valor presente líquido e taxa de desconto Observações: Houve apenas uma inversão de sinal nos valores do fluxo de caixa, o que assegura a existência de apenas uma raiz real positiva, que corres- ponde a 0,866% ao mês. A calculadora HP-12C registra os valores de caixa na ordem sequencial de entrada de suas parcelas. Assim, os valores que são iguais a zero também devem ser registrados, para que seja mantida a sequência de entrada de dados. Exemplo 3 Considerar o fluxo de caixa a seguir: Ano Valor (R$) 0 (–) 40.000,00 1 (+) 3.500,00 2 (+) 7.500,00 3 (+) 7.500,00 4 (+) 7.500,00 5 (+) 15.000,00 6 (+) 15.000,00 Soma (+) 16.000,00 Determinar: a) o valor presente líquido desse fluxo de caixa para as taxas de desconto de 0,00%, 8,00% ao ano e 9,00% ao ano; b) a taxa interna de retorno desse fluxo de caixa em % ao ano. Alterar o valor do investimento inicial de (–) R$40.000,00 para (–) R$ 38.000,00 e determinar: c) o valor presente líquido desse fluxo de caixa para as taxas de desconto de 0,00%, 9,00% ao ano e 10,00% ao ano; d) a taxa interna de retorno desse fluxo de caixa em % ao ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 141 Solução: Inicialmente, devemos registrar os fluxos de caixa: f REG (limpeza dos registros) 40000 CHS g CF0 (parcela do ano 0) = (–) R$40.000,00 3500 g CFj (parcela do ano 1) = R$3.500,00 7500 g CFj (parcela do ano 2) = R$7.500,00 3 g Nj (repetir R$7.500,00 três vezes) 15000 g CFj (parcela do ano 5) = R$15.000,00 2 g Nj (repetir R$15.000,00 duas vezes) a) Com o fluxo de caixa registrado faz-se o cálculo do valor presente líquido: 0 i (taxa de desconto de 0,00%) f NPV (NPV = R$16.0000,00 = soma parcelas) 8 i (taxa de desconto de 8,00% ao ano) f NPV (NPV = (+) R$798,54) 9 i (taxa de desconto de 9,00% ao ano) f NPV (NPV = (–) R$678,84) b) Taxa interna de retorno em % ao ano: f IRR (IRR = 8,534% ao ano) O valor do investimento inicial é guardado na memória 0 (zero) e pode ser alterado para R$38.000,00 com as seguintes operações: 38000 CHS STO 0 [(–) R$38.000,00 registrado na memória 0] Podemos agora realizar os cálculos do VPL e da TIR. Cálculo do valor presente líquido: 0 i (taxa de desconto de 0,00%) f NPV (NPV = R$18.000,00 = soma parcelas) 9 i (taxa de desconto de 9,00% ao ano) f NPV (NPV = (+) R$1.321,16) 10 i (taxa de desconto de 10,00% ao ano) f NPV (NPV = (–) R$81,44) Cálculo da taxa interna de retorno em % ao ano: f IRR (IRR = 9,941% ao ano) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 142 Valor presente líquido e taxa de desconto Exemplo 4 Um título é emitido pelo prazo de um ano, com um valor de R$100.000,00, e paga juros trimestralmente com uma taxa efetiva de 12% ao ano, no regime de juros compostos. Considerando o ano com quatro trimestres de 90 dias, determinar: a) o valor dos juros impresso nos cupons e que será pago no final de cada um dos quatro trimestres; b) o percentual de deságio no preço de emissão de R$100.000,00, para que os investidores tenham uma rentabilidade efetiva de 13% ao ano, no caso de realizarem a compra na data da emissão e conservarem o título até seu vencimento, no final de um ano; c) a rentabilidade efetiva, em % ao ano, dos investidores que comprarem esse título, na data da emissão, com um deságio de 1,5%, e o conser- varem até seu vencimento, no final de um ano. Solução: a) Valor dos cupons trimestrais de juros: É necessário calcular a taxa efetiva trimestral equivalente à taxa de 12% ao ano, com as operações indicadas a seguir: PV = – R$100.000,00 PMT = 0,00 FV = R$112.000,00 n = 4 i = ? Visor: 2,873734% que fornece a taxa de 2,873734% ao trimestre. Assim, o valor dos cupons trimestrais de juros é igual a: R$100.000,00 . 2,873734% = R$2.873,73 O fluxo de caixa desse título no momento de sua emissão é: Trimestre Valor (R$) 0 (–) 100.000,00 1 (+) 2.873,00 2 (+) 2.873,00 3 (+) 2.873,00 4 (+) 102.873,73 Soma (+) 11.492,73 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 143 b) Percentual de deságio para rentabilidade de 13% ao ano: É necessário calcular a taxa efetiva trimestral equivalente à taxa de 13% ao ano: PV = – R$100.000,00 PMT = 0,00 FV = R$113.000,00 n = 4 i = ? Visor: 3,102598 que fornece a taxa de 3,102598% ao trimestre. O registro do fluxo de caixa será: f REG (limpeza dos registros) 0 g CF0 (parcela do trimestre 0 = R$0,00) 2873,73 g CFj (parcela do trimestre 1 = R$2.873,73) 3 g Nj (repetir R$2.873,73 três vezes) 102873,73 g CFj (parcela do trimestre 4 = R$102.873,73) Observar que o valor CFO foi colocado como sendo igual a zero para que o valor presente líquido do fluxo de caixa (NPV) represente o pre- ço de venda do título para a taxa de desconto desejada. Com o fluxo de caixa registrado na HP-12C, podemos fazer o cálculo do valor presente líquido, com o auxílio da função NPV, para a taxa de 3,102598 ao trimestre, conforme veremos a seguir: 3,102598 i (taxa de desconto de 3,102598% ao trimestre) f NPV (NPV = R$99.151,36) Assim, para se obtera taxa de 13% ao ano, que é equivalente a 3,102598% ao trimestre, é necessário que o preço de venda seja igual a R$99.151,36, e, portanto, o percentual de deságio sobre o preço de emissão de R$100.000,00 é obtido pela relação a seguir: % de deságio = (R$100.000,00 – R$99.151,36) / R$100.000,00 = 0,849% c) Rentabilidade efetiva anual para deságio de 1,5%. Com o deságio de 1,5% o preço de venda do título é obtido pela relação: Preço de venda = R$100.000,00 – R$100.000,00 . 1,5% = R$98.500,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 144 Valor presente líquido e taxa de desconto Como o fluxo de caixa do título já está registrado na HP-12C, temos apenas que introduzir o valor de R$98.500,00 para o preço de venda: 98500 CHS STO 0 [(–) R$98.500,00 registrado na memória 0] Podemos realizar o cálculo da taxa interna de retorno: f IRR (IRR = 3,279976% ao trimestre) A taxa efetiva, portanto, será: PV = – R$100.000,00 PMT = 0,00 FV = R$113.779,62 n = 4 i = ? Visor: 3,2799%, que fornece a rentabilidade de 13,779% ao ano. (Disponível em: <www.bacen.gov.br>. Acesso em: 20 jan. 2008.) Atividades de aplicação 1. Um investidor comprou 100 ações por R$3.500,00. Recebeu os primei- ros dividendos de R$2,00 por ação no final do ano três e continuou a receber a mesma quantia por mais três anos. Após esse período, pas- sou a receber em dobro por mais três anos. Após os nove anos, vendeu as ações por R$7.500,00. Qual a taxa interna de retorno da operação? 2. Um veículo, com o valor à vista de R$20.600,00, é vendido a prazo, no dia 1.º de março, com três pagamentos mensais, sucessivos e iguais a R$7.000,00, que devem ser efetuados a partir do 30.º dia da data da venda. Cada prestação vence 30 dias após a prestação anterior. Determinar: a) o fluxo de caixa do financiador; b) a taxa de juros diária, que é equivalente à taxa de 9% ao ano, con- siderando o ano com 365 dias; c) a taxa de juros mensal, que é equivalente à taxa diária do item b, considerando o mês com 30 dias; d) o valor presente das três prestações mensais de R$7.000,00, atra- vés do desconto individual de cada prestação, utilizando a HP-12C, e a taxa diária obtida no item b; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 145 e) o valor presente das três prestações mensais de R$7.000,00, atra- vés da função PMT da calculadora HP-12C, e a taxa mensal, obtida no item c. Comparar esse resultado com o obtido no item d; f) o valor presente das três prestações mensais de R$7.000,00, atra- vés da função NPV da HP-12C, com a taxa mensal obtida no item c. Comparar esse resultado com os obtidos nos itens d e e; g) a taxa interna de retorno do financiamento, em % ao mês, usando a função i da HP-12C; h) a taxa interna de retorno do financiamento, em % ao mês, usando a função IRR da HP-12C; i) o valor presente das três prestações mensais de R$7.000,00, atra- vés da função NPV da HP-12C, com taxa diária obtida no item b. Comparar esse resultado com os obtidos nos itens d, e e f; j) a taxa interna de retorno do financiamento, em % ao dia, usando a função IRR da HP-12C; k) a taxa interna de retorno, em % ao mês, que é equivalente à taxa diária obtida no item j, assumindo o mês com 30 dias. Comparar esse resultado com a taxa mensal obtida nos itens g e h; l) a taxa interna de retorno, em % ao ano, que é equivalente à taxa diária obtida no item j, assumindo o ano com 365 dias. Gabarito 1. f Fin 3500 CHS g CF0 g CFj 0 g CFj 2 g CFj 4 g Nj 4 g CFj 3 g Nj 7500 g CF1j f IRR Visor = 7,96 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 146 Valor presente líquido e taxa de desconto 2. a) Fluxo de caixa do financiador: Datas Dia Mês Valor (R$) 1.º março 0 0 (-) 20.600,00 31 de março 30 1 (+) 7.000,00 30 de abril 60 2 (+) 7.000,00 30 de maio 90 3 (+) 7.000,00 Soma (+) 400,00 Observe que, como as prestações ocorrem a cada 30 dias, podemos também realizar os cálculos com os períodos medidos em meses, e usar a taxa mensal equivalente à taxa fornecida. Dessa forma, enqua- dramos o problema nas condições adotadas pelas funções NPV e IRR. Com a taxa mensal podemos, ainda, considerar as três prestações de R$7.000,00 como um parâmetro PMT. b) Taxa de juros diária equivalente a 9% a.a. assumindo o ano com 365 dias. n i PV PMT FV 365 0,02361312 – R$100,00 0,00 R$109,00 Que fornece a taxa de 0,02361312% ao dia. c) Taxa de juros mensal equivalente à taxa diária do item b. n i PV PMT FV 30 0,02361312 – R$100,00 0,00 R$100,7108244 Que fornece a taxa de 0,7108244% ao mês. d) Valor presente das prestações mensais de R$7.000,00. Desconto indi- vidual das parcelas com taxa diária do item b. Os dados para o desconto individual das prestações mensais de R$7.000,00 usando a taxa de 0,02361312% ao dia, estão a seguir: n i PV PMT FV 30 0,02361312 R$6.950,59 0,00 – R$7.000,00 60 0,02361312 R$6.901,54 0,00 – R$7.000,00 90 0,02361312 R$6.852,82 0,00 – R$7.000,00 Soma R$20.704,95 Que fornece o valor presente de R$20.704,95. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 147 e) Valor presente das três prestações mensais de R$7.000,00 – desconto com função PMT e taxa mensal do item c; n i PV PMT FV 3 0,7108244 R$20.704,95 – R$7.000,00 0,00 Que fornece o valor presente de R$20.704,9. f) Valor presente das prestações mensais de R$7.000,00 – desconto com função PMT e taxa mensal do item c; f REG (limpeza dos registros) 0 g CF0 (parcela do mês 0 = R$0,00) 7000 g CFj (parcela do mês 1 = R$7.000,00) 3 g Nj (repetir R$7.000,00 três vezes) Com o fluxo de caixa registrado na HP-12C, podemos fazer o cálculo do valor presente líquido, com o auxílio da função NPV, para a taxa de 0,7108244% ao mês: 0,7108244 i (taxa de desc. de 0,7108244 ao mês) f NPV (NPV = R$20.704,95) Que fornece o valor presente de R$20.704,95, idêntico ao obtido nos itens d e e. g) Taxa interna de retorno, em % ao mês, usando a função i da HP-12C. n i PV PMT FV 3 0,96776693 – R$20.600,00 R$7.000,00 0,00 Que fornece a taxa interna de retorno de 0,96776693% ao mês. h) Taxa interna de retorno, em % ao mês, usando a função IRR da HP-12C. f REG (limpeza dos registros) 20600 CHS g CF0 (parcela do mês 0 = R$ (–) 20.600,00) 7000 g CF1 (parcela do mês 1 = R$7.000,00) 3 g Nj (repetir R$7.000,00 três vezes) Com o fluxo já registrado, podemos fazer o cálculo da taxa interna de retorno, em % ao mês, com o auxílio da função IRR. f IRR (IRR = 0,96776693% ao mês) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 148 Valor presente líquido e taxa de desconto i) Valor presente das prestações mensais de R$7.000,00, através da fun- ção NPV da calculadora HP-12C, com taxa diária obtida no item b. Para usarmos a função NPV com os períodos medidos em dias preci- samos de um artifício simples, que é colocar zeros entre as parcelas do fluxo de caixa. f REG (limpeza dos registros) 0 g CF0 (parcela do dia 0 = R$0,00) 0 g CF1 (parcela do dia 1 = R$0,00) 29 g Nj (repetir R$0,00 29 vezes) 7000 g CFj (parcela do dia 30 = R$7.000,00) 0 g CFj (parcela do dia 31 = R$0,00) 29 g Nj (repetir R$0,00 29 vezes) 7000 g CFj (parcela do dia 60 = R$7.000,00) 0 g CFj (parcela do dia 61 – R$0,00) 29 g Nj (repetir R$0,00 29 vezes) 7000 g CFj (parcela do dia 90 – R$7.000,00) Com o fluxo registrado, pode-se fazer o cálculo do NPV para a taxa de 0,02361312% ao dia. 0,02361312i (taxa de desc. de 0,02361312 ao dia) f NPV (NPV = R$20.704,95) j) Taxa interna de retorno, em % ao dia usando a função IRR. 20600 CHS STO 0 [(–) R$20.600,00 para CF0 na memória 0)] f IRR (IRR = 0,032108956% ao dia) k) Taxa interna de retorno, em % ao mês, equivalente à taxa diária do item j. n i PV PMT FV 30 0,032108956 – R$100,00 0,00 R$100,96776693 Que fornece a taxa interna de retorno de 0,96776693% ao mês, idênti- ca às obtidas nos itens g e h. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Valor presente líquido e taxa de desconto 149 l) Taxa interna de retorno, em % ao ano, equivalente à taxa diária obtida no item j, assumindo o ano com 365 dias. n i PV PMT FV 365 0,032108956 – R$100,00 0,00 R$112,4320528 Que fornece a taxa interna de retorno de 12,4320528% ao ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 151 Fluxos de caixa e inflação Ouvi dizer que o governo iria cobrar impostos mais caros dos ignorantes em Matemática. Engraçado! Eu pensei que a loteria já era justamente isso! Gallagher Conceituando inflação A inflação é um fenômeno muito importante, quando se avalia fluxos de caixa. Nós que vivemos no Brasil, sentimos de perto seu impacto em nosso dia a dia. Na década de 1980 e início da década de 1990, os índices mensais de inflação ultrapassaram a casa dos 40% ao mês. Podemos dizer de forma simples que a inflação é um aumento geral, con- tínuo e persistente dos preços e, assim, uma diminuição constante do poder aquisitivo dos trabalhadores. O dicionário Michaelis define inflação como sendo “a emissão excessiva de papel-moeda, provocando a redução do valor real de uma moeda em relação a determinado padrão monetário estável ou ao ouro “. A partir dos anos 1980, o fenômeno inflação também passou a ser cha- mado de monetarismo. A inflação acaba obrigando uma quantidade cada vez maior de emissão de moeda para o pagamento de um serviço ou de um bem, mas isso ocorre sem que haja produção maior de riqueza. Portan- to, quanto mais se aumenta a quantidade de moeda, maior também será a perda de poder aquisitivo dessa moeda. A inflação acontece em função de vários fenômenos, entre eles: desequi- líbrio da balança de pagamentos, taxas altas de juros, déficit público elevado exigindo emissão de moeda, aumento de preços e de salários, mas sem uma melhora na produção ou na qualidade, dificuldade de percepção do valor real do dinheiro, entre outros. É muito difícil controlar a inflação depois que o processo inflacionário está presente, formando um ciclo vicioso que obriga o reajuste de salários e preços de forma contínua, e assim, agravando cada vez mais a situação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 152 Fluxos de caixa e inflação Índices de inflação São chamados de índices de inflação os mecanismos e instrumentos usados para avaliar a variação dos preços dos produtos e serviços e quanto essas variações impactam no custo de vida de toda a população e no merca- do. A maioria dos índices surgiram a partir da década de 1950 com a implan- tação do primeiro salário mínimo nacional. Vários índices são utilizados para medir os efeitos da inflação, sendo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o mais importante. Ele é cal- culado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a coleta de dados é realizada entre o dia 1 e 30 de cada mês. Onze cidades formam a base de dados da pesquisa: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curi- tiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Brasília, Belém, Goiânia e Recife. Os parâmetros que comporão o IPCA são obtidos a partir dos preços cobrados ao consumidor, obtidos nos estabelecimentos comerciais, a partir de paga- mentos realizados à vista, valores de aluguéis, serviços públicos e prestado- res de serviços, refletindo o custo de vida das famílias que recebem entre 1 e 40 salários mínimos, aproximadamente. Outros indicadores importantes são calculados no Brasil, pelo IBGE, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe) e também pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O IBGE também utiliza um outro índice chamado Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que utiliza uma faixa de consumidores cujas famílias recebem até no máximo seis salários mínimos, sendo o peso do índice de preços dos alimentos maior que IPCA. O principal índice calculado pela Fundação Getulio Vargas é o IGP-M. Esse índice tem duas variações importantes: o IGP10 e o IPGDI. No primeiro, a coleta de preços e dados é feita do dia 11 de um mês até o dia 10 do mês sequente. O segundo mede o período normal que vai do dia 1.o até o dia 30 ou 31 do próprio mês. No cálculo dos dois, três parâmetros são utilizados: o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o Índice de Preços no Atacado (IPA) e o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC). A Fundação Getulio Vargas utiliza ainda uma pesquisa adicional de 456 itens chamada de Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), na avaliação da inflação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 153 A Fipe faz uma pesquisa para medir a inflação na cidade de São Paulo e considera sete grupos de análise, com pesos diferentes: habitação, alimenta- ção, transportes, despesas pessoais, saúde, vestuário e educação, sendo os três primeiros os que apresentam os maiores pesos, correspondendo a, pratica- mente, 70% da soma dos pesos. O processo inflacionário Avaliar o impacto da inflação na tomada de decisões de investimentos e financiamentos é bastante complexo. À medida que a inflação acelera, os valores de lucro, rentabilidade e custos ficam mais divergentes. Muitos mecanismos foram criados para diminuir o impacto da inflação, no entanto, apresentam imperfeições e, por isso, minimizam mas não eliminam a infla- ção. Esses elementos são chamados de indexadores, e para saber utilizá-los faz-se necessário conhecer o significado dos valores nominais, das taxas de juros reais e aparentes, dos custos efetivos dos financiamentos, da rentabili- dade efetiva e da taxa de crescimento. Esses conceitos serão o nosso objeto de estudo a partir de agora. Em conjunturas inflacionárias, são muito usadas as expressões “a preços constantes” e “a preços correntes”. A primeira expressão corresponde a preços de uma única data, normalmente da data inicial do fluxo de caixa, enquanto a segunda corresponde a preços das respectivas datas em que ocorrem os valores de fluxo de caixa. Na omissão dessa informação, os valores na moeda R$ sempre correspondem a preços correntes. A conversão de preços constantes para preços correntes é feita, como vimos, através de índices ou indexadores, que refletem a perda do poder aquisitivo da moeda provocada pela inflação. Vamos a um exemplo prático: O salário nominal recebido por um empregado da Empresa ABC no último dia de cada mês, nos últimos três meses foi: Mês Valor Outubro R$1.200,00 Novembro R$1.380,00 Dezembro R$1.650,60 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 154 Fluxos de caixa e inflação Calcular a taxa de crescimento real do salário do empregado da Empresa ABC considerando-se que o índice de preços escolhido teve as seguintes va- riações: em novembro, 19% e em dezembro, 22%. Solução: O primeiro passo é deflacionarmos os salários, isto é, colocá-los em moeda de outubro. Normalmente, utiliza-se um deflator que assume o valor 1,0000 nomês de origem do período observado, isto é, outubro. Logo: Em outubro, o valor será 1,0000. Em novembro, o valor será 1,0000 . 1,19 = 1,1900. Em dezembro, teremos: 1,1900 . 1,22 = 1,4518. Vamos construir nossa primeira tabela: Fim do mês Salários em valores nominais Variação do indice de preços Deflator preço de outubro Salário deflacionado Outubro R$1.200,00 - 1,0000 R$1.200,00 Novembro R$1.380,00 19% 1,1900 R$1.159,66 Dezembro R$1.650,60 22% 1,4518 R$1.136,93 Chegamos aos valores, fazendo: R$1.380,00/1,1900 = R$1.159,66 R$1.650,60/1,4518 = R$1.136,93 Agora que colocamos os salários dos três meses na moeda do mês de outubro ( moeda constante de outubro) já podemos calcular o valor do cres- cimento real nos meses de novembro e dezembro. Novembro 1 + Cr = R$1.159,66 / R$1.200,00 = 1 + Cr = 0,9663 Cr = 0,9663 – 1 Cr = – 0,0336 ou – 3,36% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 155 Dezembro 1 + Cr = R$1.136,93 / R$1.159,66 = 1 + Cr = 0,9803 Cr = 0,9803 – 1 Cr = – 0,0197 ou – 1,97% Podemos concluir, então, que houve uma perda em novembro de 3,36% em termos reais de salário com relação ao mês de outubro e, no mês de de- zembro, a perda real foi de 1,97% em relação ao mês de dezembro. Portanto, para sabermos a perda no período considerado (de outubro a dezembro), a perda real de salário foi de: 1 + Cr = R$1.136,93 / R$1.200,00 1 + Cr = 0,94744 Cr = 0,94744 – 1 Cr = – 0,0525 ou – 5,25% Logo, houve uma perda real de 5,25% na capacidade de compra do salá- rio desse funcionário. Taxa de juros aparente e taxa de juros real No cálculo de fluxos de caixa e inflação, temos duas taxas que precisam ser correlacionadas: A taxa aparente denominada taxa nominal nas transações comerciais e financeiras, que é a taxa de vigora em todas as operações correntes. Vamos chamá-la apenas de taxa aparente, para diferenciar da taxa no- minal estudada até aqui, que é a taxa com períodos referenciais de capitalização diferentes. A taxa real, que se difere da taxa aparente, pois considera a depuração da taxa aparente no efeito geral de aumento de preços. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 156 Fluxos de caixa e inflação Essas taxas correlacionam-se fazendo: (1 + i) = (1 + ir) . (1 + I) onde: i = taxa aparente ir = taxa real I = taxa de inflação Portanto, a taxa real é o rendimento ou custo de uma operação após serem expurgados os efeitos inflacionários. Vamos a exemplos de aplicação. 1. Um investimento de R$1.000,00 apresenta um retorno de R$350,00. Sendo a inflação do período de 30%, determine a taxa de rentabilida- de aparente e real dessa operação. Solução: P = R$1.000,00 I = 30% Rendimento = 35% Taxa aparente i = ? Taxa real ir = ? Taxa aparente: i = Rendimento aparente / Aplicação = R$350,00 / R$1.000,00 = 35% Taxa real: (1 + i) = (1 + ir)/(1 + I) i i I ir r= +( ) +( ) − = − = − = 1 1 1 1 35 1 30 1 1 003846 1 , , , = 0,0384 ou 3,84% ou detalhadamente ir = Rendimento real / Aplicação atualizada = (Montante – Aplicação atualizada) / Aplicação atualizada = [(P + rendimento) – P(1 + I)] / P(1 + I) = 3,84% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 157 2. Um investidor adquire um commercial paper em uma época X e faz o resgate numa época Y. A taxa de juros aparente foi de 24%. Determinar a taxa de juros real, sendo a taxa de inflação nessa mesma época igual a 13%. Solução: (1 + i) = ( 1 + ir) . (1 + I) (1 + 0,24) = (1 + ir) . (1 + 0,13) 1,24 = (1 + ir) . 1,13 1,24 / 1,13 = (1 + ir) ir = 1,09734 – 1 ir = 0,097 ou 9,7% 3. Maurício teve seu salário corrigido por um período de 12 meses em 3,2%. Considerando que a inflação nesse mesmo período foi de 5,4%, qual a queda no poder de compra do salário de Maurício? Solução: Vemos que a taxa que faz a correção do salário de Maurício é a taxa aparente que chamamos de ganho nominal. Imaginando-se que Mau- rício tenha um salário de R$2.000,00, com a correção passará a ser de R$2.064,00. Mas se o seu salário tivesse sido corrigido pela inflação es- taria recebendo o equivalente a R$2.108,00. Logo, sua perda real foi de R$2.108,00 – R$2.064,00 = R$44,00 Vamos calcular essa perda real: Perda real → ( taxa real = taxa aparente / taxa de inflação) . 100 Logo: (R$44,00 / R$2.108,00) . 100 = 2,0872% Portanto, essa foi a perda salarial real de Maurício. 4. O valor de um aluguel era de R$400,00 no dia 1.º de julho de 2007 e foi reajustado para R$410,00 no dia 1.º de agosto de 2007. Considerando que a inflação registrada no mês de julho foi de 1%, qual a taxa real de juros utilizada no reajuste do valor desse aluguel? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 158 Fluxos de caixa e inflação Solução: Bem, sabemos que a taxa real é aquela taxa obtida pelo expurgo da in- flação do período, isto é, devemos considerar o efeito da inflação para determinar uma taxa real de ganho ou de perda. Logo, se a inflação de um período foi de 10% e a rentabilidade de uma aplicação financeira também foi de 10%, a taxa real de rendimento terá sido nula, visto que a inflação corroeu o rendimento, ou melhor, o rendimento se traduziu em atualização do poder aquisitivo. Agora vamos à resolução da questão. O valor de um aluguel passou de R$400,00 para R$410,00 num perío- do em que a inflação foi de 1%. Quer se saber o percentual de aumen- to real desse aluguel. Observe que para não haver perdas com a inflação o aluguel teria que ser reajustado de R$400,00 para R$404,00 (R$400,00 mais inflação de 1%). Assim, na análise do ganho real devemos considerar o valor de R$404,00 como sendo o elemento de comparação. R$404,00 → 100% R$410,00 → x% x% . R$404,00 = R$410,00 . 100% x% = R$410,00 . 100% / R$404,00 x% = 101,48% O valor de R$410,00 é maior do que o valor de R$404,00 em apenas 1,48%, que é o aumento real do aluguel no período. 5. O índice de preços ao consumidor de famílias de renda baixa sofreu um aumento de 11,61% em um semestre e 12% no semestre seguinte. Calcule a perda do poder aquisitivo da renda dessas famílias no ano em questão. Solução: Os índices de inflação são sempre calculados com capitalização do índice anterior e, sobre o valor assim encontrado, aplica-se o índice do próximo período. Assim, a perda do poder aquisitivo coincide com o percentual de inflação acumulado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 159 Considerando que o índice inicial tenha sido de 100 e se somarmos a ele o valor de 11,61%, teremos o índice de 111,61. Sobre esse valor deve incidir a inflação de 12%, o que nos dará o valor de R$125,00. Isto é, a inflação cres- ceu em 25% no período. Agora, voltando ao poder aquisitivo podemos fazer a seguinte interpretação: se antes as famílias compravam 100 unidades de determinado produto, agora, com a indexação do preço pela inflação, elas podem comprar apenas 80 unidades desse mesmo produto, isto é, compra- rão 20% menos. Então, a perda do poder aquisitivo da renda dessas famílias no ano em questão foi de 20%. Rentabilidade real e rentabilidade aparente Para facilitar o entendimento desses conceitos, vamos partir para uma situação prática: uma pessoa aplicou R$1.000.000,00 na aquisição de um composto de ações e vendeu depois de um ano, esse mesmo composto por R$2.500.000,00. Desse modo,em termos de unidades monetárias aplicadas e recebidas, e ainda considerando que não houve distribuição de dividendos ao longo daquele ano, temos condições de estruturar um fluxo de caixa a preços correntes: R$2.500.000,00 1 ano R$1.000.000,00 Como neste momento estamos ignorando o efeito da inflação que tenha ocorrido no ano em análise, podemos dizer que a taxa de rentabilidade ob- tida nessa aplicação, chamada de taxa aparente será: Taxa aparente = (R$2.500.000 / R$1.000.000 ) – 1 = 150% ao ano. Quando observamos a taxa aparente, nossa primeira avaliação parece mostrar uma aplicação interessante e de ótimo resultado. Mas, imaginando-se que certo índice de preços ao consumidor mostre que a cesta básica no momento da aplicação fosse de R$11.527,34 e um ano depois tivesse ido para R$53.025,76, se observarmos o avanço da inflação no período teremos: Inflação = (R$53.025,76 / R$11.527,34) – 1 = 360% ao ano. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 160 Fluxos de caixa e inflação Como vimos, o aumento do valor da cesta básica, mostrado por um índice de preços foi muito maior do que a valorização das ações no mercado. E aí, fica evidente que o investidor não fez um bom negócio. Logo, sua rentabili- dade foi negativa. Sendo R a rentabilidade real, em um primeiro momento podemos ima- ginar que seu valor será igual à diferença entre a taxa de inflação e a taxa aparente. Mas, essa primeira conclusão não está correta. Pois nesse caso, chegaríamos a um valor de perda absurdo de – 210% ao ano, ou seja, houve muito mais que perda total. Para se estabelecer o cálculo da rentabilidade real, é importante racionar não em valores monetários aplicados e recebidos, mas sim avaliar o poder de compra. Bem, em nosso caso, o valor aplicado em ações possibilitaria comprar- mos na data do investimento o equivalente a R$1.000.000,00 / R$11.527,34 = 86 750 cestas básicas, aproximadamente. Na data da venda, poderíamos comprar: R$2.500.000,00 / R$53.025,76 = 47 146 cestas iguais. Portanto, defi- nindo a taxa real de rentabilidade, temos: R = (47 146 / 86 750) – 1 = – 0,4565 ou – 45,65% ao ano. Modelos prefixados e pós-fixados A diferença fundamental entre esses modelos se concentra na forma de compor a taxa: enquanto o crédito prefixado opera com juros estáveis, que considera a inflação, o ganho da loja ou financeira e mais uma margem de garantia para qualquer eventualidade, o pós-fixado conta com taxas meno- res, que equivalem apenas aos juros (ou lucro) cobrados por quem concedeu o crédito. Os outros dois componentes (risco da economia e inflação) ficam por conta do devedor, que, além do juro, arca com a correção por um indica- dor de inflação, como TR ou variação cambial. Portanto, aí está centrado o risco do negócio: mesmo com a estabilidade econômica, tanto o dólar quanto a inflação podem apresentar variações, o que pode transformar os financiamentos pós-fixados em operações perigosas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 161 O consumidor pode sair ganhando na parte fixa da taxa de juros, mas, em caso de qualquer oscilação mais forte na parte variável, pode acabar pagan- do mais pelo crédito pós-fixado. Quando um agente econômico fechar um negócio com juros pós-fixados, ele terá que estar seguro quanto à estabilidade do indexador escolhido para o financiamento porque, se este se elevar acima do normal, apesar da taxa pré-fixada ser maior (juros fixos) a variação da parte variável pode suplantá- -la. Nessa situação, é importante considerar o prazo do negócio (quanto mais longo mais perigoso) e a situação do indexador na economia. Segundo os especialistas relacionados ao setor, a melhor maneira é não comprar a crédito, considerando que as taxas cobradas no financiamento são sempre superiores às das aplicações. Todos reconhecem que as compras a crédito deveriam ser limitadas em apenas dois casos: quando é necessário adquirir um produto essencial, mas não há recursos; nos casos em que o bem financiado vai propiciar uma renda capaz de compensar os juros. No mais, deve-se observar os seguintes pontos: se não for possível contestar a documentação exigida pela finan- ceira, é interessante pesquisar o preço à vista e a taxa de juros; verifique, além dos juros, o custo da taxa de cadastro e impostos, que podem pesar bastante no preço final; em diversos segmentos, quanto maior o número de prestações, mais elevada será a taxa de juros, porque a empresa correrá risco de inadimplência por um período maior; quanto maior o risco, maior deverá ser o juro a ser pago a quem se arriscou, ou seja, as taxas e os juros serão sempre proporcionais ao perfil do cliente que a loja ou financeira está atraindo – nessa situação, as firmas que operam com faixas de clientes de maior po- tencial de inadimplência e exigem poucas garantias são as que co- bram maiores taxas de juros. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 162 Fluxos de caixa e inflação Quais são os títulos prefixados e pós-fixados? Título público prefixado LTN – Letras do Tesouro Nacional São títulos prefixados que possuem um único fluxo de pagamento no valor de R$1.000,00 no vencimento. São contados sempre 252 dias úteis como prazo. Títulos públicos pós-fixados LFT – Letra Financeira do Tesouro Papéis corrigidos diariamente pela taxa Selic e com valor nominal de R$1.000,00 na data de emissão. O resgate do capital aplicado mais os juros se dá na data de vencimento, e não há pagamentos intermedi- ários. A contagem de dias também está baseada em 252 dias úteis. A taxa Selic é divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ela tem vital importância na economia, pois baliza as taxas de juros cobra- das pelo mercado. A taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, Selic, expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no Selic, na forma de opera- ções compromissadas. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária. No espaço “ampliando seus conhecimentos” você terá mais informações muito interessantes sobre a taxa Selic. NTN-D – Nota do Tesouro Nacional Série D Esses papéis estão indexados ao dólar americano com pagamentos se- mestrais de juros e resgate do valor principal na data de vencimento. O valor nominal é de R$1.000,00 na emissão e atualizada diariamente. É utilizada a contagem de 360 dias. NTN-C – Nota do Tesouro Nacional Série C Esses papéis estão indexados ao IGPM com pagamentos semestrais de juros e resgate do principal na data de vencimento. O valor nominal do papel também é de R$1.000,00 e é atualizado mensalmente pelo IGPM. Contam-se 252 dias úteis. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 163 NTN-B – Nota do Tesouro Nacional Série B Esses papéis estão indexados ao IPCA com pagamentos ao semestre de juros e resgate do valor aplicado na data de vencimento. Também têm valor nominal de R$1.000,00 com atualização mensal e contam-se 252 dias úteis. Títulos privados Esses títulos são emitidos por instituições financeiras e também por em- presas privadas que precisam captar recursos e assim emitem títulos de dívida no mercado financeiro, comprometendo-se a comprá-los de volta no futuro, pagando uma remuneração aos seus compradores. Os títulos mais comuns colocados no mercado pelas empresas são os commercial papers, as debêntures e os CDBs, que normalmente rendem mais que outros títu- los bancários, mas os prazose riscos são maiores. Esses títulos normalmente estão direcionados a grandes compradores, como os fundos de investimen- tos e as instituições financeiras de grande porte. Os commercial papers são notas promissórias emitidas em curto prazo pelas empresas, no período máximo de um ano. A remuneração é estabe- lecida utilizando-se um indexador estabelecido em contrato. As empresas que emitem esses títulos têm liberdade de estabelecer suas condições. Esses títulos podem oferecer juros prefixados ou pós-fixados. Debêntures são títulos privados também emitidos por empresas. Normal- mente isso ocorre quando elas precisam de recursos do mercado. Mas so- mente empresas abertas, chamadas sociedades por ações, podem oferecer esses papéis. Todos os que compram esses papéis passam a ser credores da empresa e recebem juros periódicos pelo valor de aquisição. Logo, quem comprou esses papéis de certa forma está investindo nessa empresa. As condições são estabelecidas pela escritura de emissão de debêntures, com prazos, condições de remuneração e garantias predeterminadas. A debênture emitida passa a representar uma fração do total da dívida da empresa no ato de emissão. Logo, os investidores, que também são chama- dos de debenturistas, são representados normalmente por um agente fidu- ciário que irá defender seus interesses junto a empresa emissora. Um agente fiduciário é o responsável pelo relacionamento entre os investidores que compraram debêntures e as empresas que fizeram a emissão desses papéis Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 164 Fluxos de caixa e inflação e deve zelar para que ambos estejam satisfeitos nessa aplicação. É papel do agente, também, escriturar oficialmente esses papéis junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É a CVM e demais órgãos de fiscalização do mercado financeiro que fiscalizam esse processo. Quando ocorre o pagamento dos juros das debêntures, há a incidência de 20% de imposto de renda. Os Certificados de Depósitos Bancários (CDB) são títulos que represen- tam depósitos a prazo e são emitidos por bancos de investimentos e bancos comerciais. Os rendimentos desses papéis podem ser prefixados ou pós-fixa- dos e estão relacionados sempre à variação de um indexador ou a um índice de preços oficial, acrescido de uma taxa de juros prefixada e flutuante. É cha- mada de flutuante porque está atrelada a uma porcentagem de variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou taxa Selic. Nesse tipo de investimento, incidia a CPMF (2007) toda vez que era neces- sária uma renovação do título, e isso levava muitos investidores a optarem por outros tipos de investimentos. O risco de adquirir esses papéis é do banco. Se o banco vier a falir, o investidor do título perde o dinheiro aplicado, se esse valor for superior a R$20.000,00 (2008). Uma desvantagem de se aplicar no CDB, principalmente para os peque- nos investidores, é que os bancos costumam remunerar com taxas bem me- nores as aplicações de baixo valor. Incidem sobre os investimentos em CDB, o imposto de renda de 20%, calculado sobre o rendimento bruto e o IOF. A partir do 30.º dia de aplicação, o IOF passa a ser isento. Ampliando seus conhecimentos A taxa Selic é publicada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ela é muito importante e fundamental na economia, pois as taxas de juros cobra- das pelo mercado são referenciadas por ela. Também chamada de taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), ela é sempre expressa na forma anual e representa a taxa Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 165 média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária. O método usado no cálculo da taxa overnight Over/Selic pode ser encon- trado nas normas publicadas pelo Banco Central, disponíveis na internet no endereço: <www.bcb.gov.br>. Essas séries são divulgadas em base mensal (a taxa overnight acumulada e a taxa mensal) para os dados do ano atual e anterior, e em base anual para os três anos anteriores. As seguintes taxas são também divulgadas: CDI (Cer- tificados de Depósito Interbancário), TR (Taxa Referencial) e TBF (Taxa Básica Financeira). Todos esses dados estão baseados nos títulos do governo federal de curto, médio e longo prazo, emitidos pelo Tesouro ou pelo Banco Central, negocia- dos e registrados no Selic. De forma simples, podemos dizer que esta taxa é utilizada para as ope- rações financeiras de curto e curtíssimo prazo entre os bancos, que, quando precisam tomar recursos emprestados de outros bancos em um dia, oferecem títulos públicos do governo com lastro, isto é, garantia. E assim visam redu- zir os riscos e a remuneração dessa transação. Esta taxa é calculada na forma anual, considerando-se 252 dias úteis. Logo, como esse risco acaba sendo basicamente do governo, pois são seus títulos que servem de lastro para a operação e o prazo é sempre o mais curto possível, às vezes, apenas de um dia, esta taxa acaba sendo referência para todas as demais taxas de juros de economia. A taxa Selic não é fixa e varia praticamente todos os dias, mas sempre dentro de um intervalo bastante pequeno, pois, na maioria das vezes, tende sempre a se aproximar da meta da Selic, que é determinada oito vezes por ano. Sempre que você ouvir que o Copom vai se reunir e isso normalmente acontece 8 vezes por ano, essa taxa estará em discussão. Exemplos de aplicação de taxa over/Selic 1. Suponha que a taxa over em determinado momento esteja defini- da em 7,4% a.m. No período de referência da taxa, estão previstos 22 dias úteis. Qual a taxa efetiva do período? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 166 Fluxos de caixa e inflação Solução: A taxa over ou Selic é normalmente obtida por juros simples (taxa nominal), logo: i = 7,4% / 30 = 0,246% ao dia (taxa nominal) Período de incidência: 22 dias úteis, logo: i = (1 + 0,00246)22 – 1 i = 0,0556 ou 5,56% ao mês. Logo, esta é a taxa efetiva para 22 dias úteis. Sabemos a taxa efetiva, agora, para comprovar nosso cálculo, cal- culamos a taxa over/Selic. i = 5,56% ao mês dias úteis = 22 dias úteis i = (1,0556) 1/22 – 1 i = 0,002462 ou 0,2462% ao dia útil Taxa over/Selic = 0,2462 . 30 = 7,4% ao mês 2. Uma taxa over está definida em 4,8% a.m. Para um mês de 23 dias úteis, determinar a taxa efetiva. Solução: i efetiva( ) = + 1 0 048 30 23, – 1 = 3,75% a.m. 3. Converter a taxa efetiva de 4,1% a.m. em taxa over, sabendo que no período existem 21 dias úteis. Solução: over . 30 a.m.= +( ) − =1 0 041 1 5 75 1 21, , %/ (Disponível em: <www.intermercados.com.br/Selic>.) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Fluxos de caixa e inflação 167 Atividades de aplicação 1. Consideremos que, em um determinado período, o produto da relação entre a taxa real de um investimento pela taxa de inflação é igual a 0,0002. Se, nesse período, a taxa aparente desse investimento é igual a 3,32%, en- tão, qual é a soma da taxa real do investimento com a taxa de inflação? 2. Qual deverá ser a taxa aparente que corresponde a uma taxa real de 0,6% ao mês, com uma inflação de 15% no período? 3. Uma aplicação pelo prazo de 35 dias corridos, que incluem 26 dias úteis, remunerou o capital aplicado a uma taxa over de 4,3% a.m. De- terminar a taxa efetiva mensal de juros. 4. Determinar a taxa efetiva mensal de juros de uma aplicação com prazo de 76 dias, dos quais 63 são dias úteis comerciais normais que remu- nerouum investimento em commercial papers de 5,9% ao mês. 5. Considerando um investimento no sistema financeiro em um período economicamente instável, em que a taxa real de juros ao mês é de 1,4% e a taxa de inflação nesse mesmo período é de 17%, determinar a taxa aparente que corresponde a essa taxa real. 6. Diferencie conceitualmente o que são preços em moeda constante e preços em moeda corrente. Gabarito 1. Como a taxa aparente é 3,32%, então: (1 + ir) . (1 + I) = (1 + i) (1 + ir) . (1 + I) = (1,0332) Sabemos, ainda, que ir . I = 0,0002. Para satisfazer esta segunda expressão podemos utilizar as taxas de 0,8% e 2,5%, valores que também satisfazem a primeira expressão. Assim, a soma da taxa de inflação com a taxa real dará um valor de 3,3%. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 168 Fluxos de caixa e inflação 2. (1 + i) = (1 + ir) . (1 + I) (1 + i) = (1 + 0,006) . (1 + 0,15) (1 + i) = 1,006 . 1,15 i = 1,1569 – 1 i = 0,1569 ou 15,69% 3. over = =4 3 30 0 1433 , % , % ao dia Os juros são capitalizados somente nos dias úteis. Os 25 dias úteis con- siderados na operação equivalem a: 25/35 = 0,714286 dos 35 dias da aplicação financeira, ou a: 0,714286 . 30 = 21,42858 dias do mês. Logo: i(efetiva) = (1+0,001433)21,42854 – 1 = 3,12% a.m. 4. Obtendo a taxa over temos: 5,9% / 30 = 0,196667% ao dia Logo: 63 dias / 76 dias = 0,828947 dias proporcionais de aplicação. Portanto: 0,828947 . 30 dias = 24,868421 Então, a taxa efetiva será: i = (1 + 0,00196667)24,868421 taxa efetiva igual a 1,05% ao mês 5. Taxa real: (1 + ir) = (1 + 0,014) Taxa inflacionária = (1 + I) = (1 + 0,17) Taxa i (aparente) = (1 + 0,014) . (1 + 0,17) Logo: (1 + i) = 1,186380 Taxa aparente i = 1,186380 – 1 = 0,186 ou 18,6% ao mês. 6. Resposta mínima: uma moeda a preços constantes não sofre variação ao longo do tempo e, na prática, isso é quase impossível, pois existe o fenômeno da inflação. E a inflação em pequenos patamares pode ser muito boa para a economia de um país. A preços correntes, estarão sendo considerados os processos inflacionários. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 171 Administração financeira Na maior parte das ciências, uma geração põe abaixo o que a outra construiu, e o que a outra estabeleceu a outra desfaz. Somente na Matemática é que cada geração constrói um novo andar sobre a antiga estrutura. Hermann Hankel As atribuições do administrador financeiro estão sempre relacionadas à área de altos executivos da empresa, como o diretor financeiro ou vice-presi- dente de finanças, que em inglês, significa Chief Financial Officer (CFO). Cabe ao diretor financeiro a coordenação de todas as atividades ligadas à tesouraria e à controladoria. A tesouraria responde pela administração do caixa e dos créditos, pelo planejamento financeiro e por todas as despesas de capital. A controladoria é a responsável pela contabilidade de custos, pela contabilidade financeira, pelos impostos e pelo gerenciamento dos sistemas de informações. Administração de finanças empresariais Área 1 – Orçamento de capital e investimentos A administração financeira procura identificar oportunidades de ne- gócios e investimentos que tenham valor superior ao seu custo de aquisição. Geralmente são investimentos de longo prazo feitos pela empresa e investimentos de oportunidade. A administração financeira cuida basicamente do planejamento e gerência desses investimentos. O administrador financeiro precisa ficar atento com o montante do fluxo de caixa que espera receber, como irá recebê-lo e, ainda, com a probabilidade de recebê-lo. A avaliação de todos esses aspectos, como tamanho, tempo e risco dos fluxos de caixa é o fundamento principal do orçamento de capital. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 172 Administração financeira Área 2 – Estrutura do capital É uma combinação entre o capital de terceiros a longo prazo e o capi- tal próprio com que a empresa financia suas operações. Logo, o mon- tante que a empresa deve tomar emprestado e a fonte mais barata de financiamento são as duas maiores prioridades da administração financeira nessa área. Ela deve avaliar com cuidado onde levantará os recursos e escolher o tipo de empréstimo e a fonte para sua obtenção. Área 3 – Administração do capital de giro Os ativos de curto prazo, como estoques, os passivos de curto prazo, como pagamentos a fornecedores, são atividades cotidianas que as- seguram o funcionamento normal da empresa. Conhecer os volumes de estoques e caixa, avaliar a possibilidade de vendas à crédito para os clientes e como obter recursos financeiros a curto prazo são atribui- ções fundamentais da administração de capital de giro. Organização das empresas – modalidades As empresas podem se organizar de várias formas. Mas as três formas mais comuns de organização veremos a seguir. Empresa individual A empresa pertence a uma única pessoa. É a menos regulamentada de todas as modalidades, por isso, a que mais se prolifera. Muitos desses negó- cios, no futuro, transformam-se em grandes sociedades por ações. Outras, simplemesmente desaparecem com a morte de seus proprietários. O proprietário recebe integralmente todo o lucro gerado pela empresa, mas também tem a responsabilidade ilimitada sobre suas dívidas. Logo, os credo- res podem recorrer aos seus bens pessoais para pagamento de seus direitos. Como vimos, a vida de uma empresa individual está correlacionada à vida de seu proprietário e o montante do patrimônio líquido que pode ser obtido está limitado à riqueza pessoal do proprietário. Assim, a empresa terá maior dificuldade para explorar e expandir em novas oportunidades pela falta de capital. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 173 Sociedade por cotas Também chamadas de partnerships. Todos os sócios dividem os lucros e prejuízos do negócio. Logo, existem dois ou mais sócios. A responsabilida- de é ilimitada para todas as dívidas contraídas pela empresa. Nesse tipo de sociedade, o contrato estabelece a forma como os lucros ou prejuízos serão divididos, não necessariamente em partes iguais. Em uma sociedade limitada, um ou mais sócios serão os responsáveis pela gestão da empresa e suas responsabilidades serão ilimitadas, mas também haverá um ou outros sócios com responsabilidade limitada, isto é, sem par- ticipação ativa no negócio. Logo, as principais desvantagens da sociedade por cotas está na vida li- mitada da empresa e na diculdade de transferência de propriedade. Além disso, a capacidade de crescimento fica prejudicada pela falta de levanta- mento de recursos para novos investimentos e expansão. Sociedade por ações Também chamada corporation. É uma entidade legal distinta, formada por um ou mais indivíduos ou outras entidades. Para criá-la é necessário preparar um documento de incorporação e um estatuto. Os acionistas e ad- ministradores normalmente são grupos distintos. É o conselho de adminis- tração, eleito pelos acionistas que elege e seleciona os administradores. Os administradores não precisam necessariamente ser sócios da empresa. Essa separação entre propriedade e administração apresenta uma série de van- tagens: a sociedade pode ser transferida rapidamente e a vida da empresa não está limitada a vida dos sócios. Portanto, ela pode tomar dinheiroem- prestado em seu nome e assim os acionistas têm responsabilidade limitada pelas dívidas da empresa. O máximo que irão perder é o capital que foi in- vestido. Podemos dizer, então, que em uma corporação, o dono da empresa são os acionistas; os gestores e proprietários são pessoas distintas, a respon- sabilidade dos sócios é limitada e o proprietário e a empresa são tributados separadamente. Com relação aos objetivos, os administradores financeiros agem de acor- do com os interesses dos acionistas. Boas decisões resultam em aumento do valor das ações. Logo, o objetivo do administrador financeiro é maximizar o valor corrente de cada ação existente. Em grandes sociedades por ações, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 174 Administração financeira a propriedade pode estar repartida por grande número de acionistas. Essa dispersão significa na prática, que os administradores na maioria das vezes, controlarão a empresa. A relação entre acionistas e administradores é deno- minada relação de representação (agency). Tal relação existe toda vez que um principal contrata outra pessoa (agente) para cuidar de seus interesses. Há ainda a possibilidade dessa relação gerar conflitos. Vamos a uma situação prática: uma sociedade por ações está consideran- do fazer um novo investimento. Há a expectativa de que esse novo inves- timento afete favoravelmente o preço da ação, mas também, esse investi- mento apresenta um grau de risco bastante elevado. Os donos da empresa ou acionistas querem realizar o investimento, pois o preço da ação poderá aumentar, mas os administradores não estão tão certos assim. Se os admi- nistradores não realizarem o investimento, os acionistas podem ter perdido uma ótima oportunidade. Isso é que chamamos de custo de agency. O controle da empresa pertence em última instância aos acionistas, pois são eles que elegem o conselho de administração. O mecanismo pelo qual os acionistas insatisfeitos podem agir para substituir os administradores é denominado disputa de procurações. Procuração é um documento que dá direito de voto à uma terceira pessoa. A disputa de procurações ocorre toda vez que um grupo solicita procurações para substituir o conselho existente, e assim, substituir a administração. Outra maneira é por meio de takeover. As companhias malgerenciadas são alvos muito atrativos e interessantes para aquisições do que aquelas bem-gerenciadas, pois existe um potencial aumento da lucratividade. Logo, o desejo de evitar um takeover consiste em outro incentivo para agir de acordo com o interesse dos aconistas. Nem sempre só os acionistas e seus administradores são as partes interes- sadas nas decisões da empresa. Os empregados, clientes, fornecedores, go- verno, todos possuem interesse financeiro na empresa. Esses vários grupos, em conjunto, são chamados grupos de interesse ou stakeholders associados à empresa. Logo, é alguém que tem interesse direto e pontencial sobre os fluxos de caixa da empresa e que não é acionista, nem credor. Uma história interessante Michael Eisner, presidente da Disney, foi um dos executivos mais bem pagos do mundo na década passada. Ele recebeu 230 milhões de dólares, quantia Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 175 Mercado financeiro Reunir compradores e vendedores é, em síntese, o mercado financeiro. Os produtos vendidos e comprados são títulos da dívida e ações. Mas os merca- dos financeiros, em alguns detalhes, são diferentes entre si. Eles funcionam, tanto como mercados primários, quanto como mercados secundários para títulos da dívida e ações. Mercado primário A empresa é o vendedor e a transação leva recursos para ela. As empre- sas envolvem-se em dois tipos de transações: ofertas públicas e colocações privadas. Ofertas públicas envolvem a venda de título ao público em geral e uma colocação privada é uma negociação que envolve um comprador espe- cífico. O mercado primário, portanto, refere-se à venda original de títulos por governos e empresas. Mercado secundário Fornece os meios para a transferência da propriedade dos títulos de empresas. Existem dois tipos de mercados secundários: bolsas organizadas e mercados de ações. A expressão "mercado de balcão" refere-se aos tempos antigos, quando os títulos eram comprados e vendidos nos balcões dos escritórios em todo o país. A maior parte dos negócios de títulos de dívida acontece no mercado de balcão. Uma grande parcela do mercado de ações e quase todo o mercado de títulos de dívidas a longo prazo não têm localização central ou física. Os diversos distribuidores estão ligados e se muito maior que o produto interno bruto de vários países. E os acionistas da Disney não reclamaram da quantia paga, pois sob seu comando, os lucros da Disney aumentaram de 60 milhões de dólares para 2 bilhões de dólares, entre os anos de 1994 e 1995. Logo, o valor de mercado da empresa aumentou em mais de 20 bilhões de dólares, oferecendo um aumento quase 15 vezes maior no valor do investimento realizado pelos acionistas. Logo, os objetivos maio- res dos administradores financeiros são a maximização dos lucros e a maximi- zação do valor de mercado do capital dos acionistas. (Disponível em: <www.careers.wsi.com> e <www.cob.ohio-state.edu/~fin/ osujobs.htm 2000>.) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 176 Administração financeira comunicam eletronicamente. As bolsas diferem do mercado de balcão, em primeiro lugar, porque possuem uma localização física e porque a venda é feita através de distribuidores. A maior bolsa de valores do mundo é a Bolsa de Nova York ( NYSE – New York Stock Exchange). No Brasil, a maior bolsa é a Bovespa (Bolsa de valores de São Paulo), que ja é a maior bolsa de valores da América Latina e deverá se tornar uma das cinco maiores do mundo, com a junção da Bolsa Mercantil e de Futuros. Como vimos, além da bolsa de valores, existe um grande mercado de balcão para negociação de ações. A Nasdaq (National Association of Securities Dealers Automated Quotations) tem um número de empresas quatro vezes maior do que aquele registrado pela NYSE, mas o valor das ações da Nasdaq corres- ponde somente à cerca de 25% do valor total das ações da NYSE. Muitas empresas que continuam na Nasdaq já poderiam operar na NYSE, em função do seu crescimento acelerado nos últimos anos. Mesmo assim, preferiram continuar operando através da Nasdaq. Entre essas empresas estão aquelas na área de alta tecnologia e performance e as de sistemas de informática e informação. Demonstrações financeiras O balanço patrimonial Podemos dizer que o balanço patrimonial é uma radiografia da empresa num determinado momento. É a organização e o resumo de tudo que a em- presa possui, que são os seus ativos e ainda, de tudo que a empresa deve, que são os passivos. A diferença entre essas duas variáveis é o que chama- mos de patrimônio líquido. Os ativos Os ativos se classificam em dois tipos: circulantes e permanentes. São chamados de ativos permanentes aqueles ativos que têm uma vida mais longa. Eles podem ser tangíveis, como um veículo ou uma impressora, como também podem ser intangíveis como uma marca ou uma licença ou patente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 177 Já os ativos circulantes têm, normalmente, uma vida menor que um ano. Logo, num período de 12 meses ou menos, o ativo circulante será convertido em caixa. Os estoques normalmente são ativos circulantes, porque são com- prados e vendidos dentro desse prazo máximo. Contas a receber, como parce- las devidas pelos clientese o próprio caixa da empresa são ativos circulantes. Alguns ativos são chamados de mais líquidos, porque podem facilmente se transformar em dinheiro. Os passivos Os passivos são classificados como circulantes ou ainda, como dívidas de longo prazo. O passivo circulante, da mesma forma que um ativo circulante, tem uma vida menor que um ano. Logo, precisam ser pagos mais rapidamen- te. Os passivos circulantes, numa demonstração financeira, são apresentados sempre antes das dívidas de longo prazo. Contas a pagar aos fornecedores é um exemplo de passivo circulante. As dívidas que não vencem num prazo in- ferior a um ano são classificadas como exigível a longo prazo. Um exemplo de exigível a longo prazo podem ser os empréstimos bancários feitos pela empresa por diversas fontes. As dívidas de longo prazo são chamadas também de obri- gações (bonds) e os credores de longo prazo são chamados de obrigacionistas. A diferença que pode ser calculada entre o valor total dos ativos, circulan- tes e permanentes e o valor dos passivos chamados circulantes e de longo prazo é o que denominamos patrimônio líquido ou, ainda, capital dos acio- nistas e também de capital próprio. O capital de giro é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante da empresa. Ele geralmente é positivo, quando as empresas são saudáveis. Vamos ver um exemplo: A Empresa JJ Brasil possui um ativo circulante de R$200, um ativo per- manente líquido de R$800, dívidas a curto prazo de R$90 e dívidas a longo prazo de R$400 (esses valores estão expressos em milhares de reais). Balanço patrimonial da empresa JJ Brasil (R$ – em milhares de reais) 1 Ativo Passivo 2 Ativo circulante 200 Passivo circulante 90 3 Ativo permanente 800 Exigível a l. Prazo 400 Patrimônio líquido 600 Total 1.000 Total 600 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 178 Administração financeira Vimos, portanto, que o patrimônio líquido será de R$600.000,00 que é a diferença entre as contas de ativo e de passivo. O capital de giro líquido será R$110.000,00 que é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Liquidez Chamamos de liquidez o tempo necessário para que um ativo seja con- vertido em caixa. A velocidade em que esse processo acontece é fundamen- tal. Diamante e ouro são ativos relativamente líquidos, mas uma instalação para produção de uma fábrica não é. A liquidez está dimensionada de duas formas: facilidade de conversão e perda de valor. Qualquer ativo pode ser convertido em caixa rapidamente, desde que se reduza os preços de forma suficiente. Um ativo com alta liquidez é aquele que pode ser vendido rapida- mente sem perda significativa de valor. Logo, um ativo que não seja líquido, não pode ser convertido rapidamente sem que haja perda de valor. Portanto, podemos dizer que a liquidez tem valor. Normalmente os ativos líquidos são menos rentáveis. Quanto mais líqui- do for o negócio, menor será a possibilidade de esse negócio entrar em si- tuação de insolvência. O saldo de caixa é o mais líquido dos ativos, mas al- gumas vezes ele não gera retorno algum, pois apenas está lá, parado. Existe, portanto, uma escolha que deve ser feita entre as vantagens da liquidez e a perda de lucros potenciais. Capital de terceiros e capital próprio Uma empresa que busca dinheiro emprestado dá preferência normal- mente ao fluxo de caixa a ser pago aos credores. Os acionistas possuem di- reito apenas ao valor do resíduo, isto é, ao que sobrou após o pagamento dos credores. É o valor desse resíduo que constitui o patrimônio líquido da empresa. Logo, podemos dizer que o patrimônio líquido é igual ao ativo que a empresa tem menos o exigível total. Podemos dizer que isso é verdade em termos contábeis, pois o patrimô- nio líquido é definido como sendo a parcela residual. O mais importante, no entanto, é que isso também é verdadeiro em termos econômicos: se a empresa vende seus ativos e paga suas dívidas, todo caixa fica à disposição dos acionistas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 179 Endividamento é a utilização de dívidas na estrutura de capital da em- presa. Quanto mais dívida, isto é, maior percentual comprometido do ativo, maior o grau de endividamento. A dívida funciona como uma alavanca, no sentido de que utilizá-la pode aumentar, tanto os ganhos como também as perdas. A alavancagem financeira aumenta o potencial de remuneração dos acionistas, mas, ao mesmo tempo, pode aumentar o potencial de situações de insolvência ou falência. Valor contábil e valor de mercado da empresa O valor de mercado é o verdadeiro valor de ativo, isto é, a quantidade que recebemos se vendermos aquele ativo. Os valores dos ativos apresen- tados no balanço patrimonial de uma empresa são valores do registro ou livro (book values) e nem sempre representam seus verdadeiros valores. As demonstrações financeiras geralmente apresentam os seus ativos a custos históricos, isto é, os ativos são contabilizados pelo que a empresa pagou por eles, não importando o quanto eles valem hoje. Com relação aos ativos circulantes, os valores contábil e de mercado devem ser razoavelmente semelhantes, uma vez que os ativos circulantes são comprados e convertidos em caixa em um período de tempo bastante curto. Mas, em outras situações, eles podem divergir bastante. Quanto aos ativos permanentes, seria pura coincidência que o valor real de mercado fosse igual ao valor contábil. Um exemplo interessante para demonstrar esse con- ceito: uma companhia de transporte ferroviário poderia ser proprietária de enormes lotes de terra comprados um século atrás. O valor que a companhia pagou pelos lotes pode ser centenas ou milhares de vezes menores do que o valor da terra hoje. O balanço irá, apesar disso, apresentar o custo histórico. Frequentemente os investidores e administradores estarão interessados em conhecer o valor de mercado da empresa. Mas essa informação não consta do balanço patrimonial. O fato de que os ativos são apresentados por seu custo significa que não existe, necessariamente, conexão entre o valor total dos ativos apresentados e valor de mercado da empresa. Muitos dos ativos mais valiosos que a empresa possui, como reputações, boa administração, empregados talentosos, não aparecem no balanço. De forma semelhante, o valor do patrimônio líquido apresentado no ba- lanço e seu valor verdadeiro não estão necessariamente relacionados. Para Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 180 Administração financeira os gestores financeiros, o valor contábil do patrimônio líquido não é uma preocupação especialmente importante. Vamos ver um exemplo: A JJ Brasil possui um ativo permanente com um valor contábil de R$700,00 e um valor estimado de R$1.000,00. O capital de giro líquido contábil é de R$400,00, mas se todos os ativos circulantes fossem liquidados, seriam reali- zados por volta de R$600,00. A dívida a longo prazo, tanto em valor contábil quanto em valor de mercado é de R$500,00. Definir o valor contábil do patri- mônio líquido e definir o valor de mercado do patrimônio líquido. Solução: JJ Brasil – Balanços: valor de mercado e valor contábil Contábil Mercado Ativo Capital de giro líquido R$400,00 R$600,00 Ativo permanente líquido R$700,00 R$1.000,00 R$1.100,00 R$1.600,00 Passivo Dívida a longo prazo R$500,00 R$500,00 Patrimônio líquido R$600,00 R$1.100,00 R$1.100,00 R$1.600,00 Portanto, o patrimônio líquido vale, na verdade, quase duas vezes mais do que o apresentado no balanço. A diferença entre o valor contábil e o valor do mercado é importante, porque o valor contábil pode ser muito diferente do verdadeirovalor econômico. Demonstração do resultado A demonstração do resultado mede o desempenho ao longo de um perío- do de tempo determinado, quase sempre um trimestre ou um ano. A equação que representa uma demonstração de resultado (DRE) é dada por: Receita – Despesa = Lucro Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 181 Vamos ver a seguir um DRE da Empresa JJ Brasil: JJ BRASIL – Demonstração de resultados – em milhares de reais 1 2 3 4 Vendas líquidas R$1.509 5 Custo de mercadorias vendidas R$750 6 Depreciação R$65 7 Lucro antes dos juros e impostos (LAJIR) R$694 8 Juros pagos R$70 9 Lucro tributável R$624 10 Impostos R$212 11 Lucro líquido R$412 23 Dividendos R$103 24 Adição de lucros retidos R$309 Na construção do DRE temos: 1. Receita R$1.509.000,00 2. Despesas operacionais R$750.000,00 3. Depreciação R$65.000,00 4. LAJIR (1 – 2 – 3) R$694.000,00 5. Desp. Financeira R$70.000,00 6. Lucro tributável (4 – 5) R$624.000,00 7. Impostos R$212.000,00 8. Lucro líquido ( 6 – 7) R$412.000,00 9. Dividendos R$103.000,00 10. Adição de lucros (8-9) R$309.000,00 Fluxo de caixa Nas demonstrações financeiras, o tópico "fluxos de caixa" é o mais impor- tante a ser extraído. Sabemos que o fluxo de caixa é o dinheiro que entrou no caixa, menos aquilo que saiu. O fluxo de caixa dos ativos da empresa deve ser igual à soma do fluxo de caixa para os credores (exigíveis) com o fluxo de caixa para os acionistas (patrimônio líquido). Portanto: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 182 Administração financeira Fluxo de caixa dos ativos da empresa = Fluxo de caixa aos credores + Fluxo de caixa aos acionistas. O fluxo de caixa dos ativos, também chamado de FCA envolve três ele- mentos fundamentais: Fluxo de caixa operacional (FCO) – é o caixa gerado por todas as atividades usuais da empresa. Gastos líquidos de capital (GLC) – é a parte do fluxo de caixa que é rein- vistida na empresa e consiste no desembolso em ativos permanentes. Variação do capital de giro líquido (∆CGL) – é o montante gasto no capital de giro líquido. Fluxo de caixa operacional O fluxo de caixa operacional é o resultado das atividades cotidianas de pro- dução e vendas. Para que possa ser calculado, é necessário observar a diferen- ça entre a receita e o custo, sem depreciação e sem os juros, pois são despesas financeiras. Os impostos estão incluídos, porque são pagos com o caixa. Exemplo Observando o DRE do exemplo anterior, temos: 1. Receita R$1.509.000,00 2. Despesas operacionais R$750.000,00 3. Depreciação R$65.000,00 4. LAJIR (1 – 2 – 3) R$694.000,00 5. Desp. financeira R$70.000,00 6. Lucro tributável (4 – 5) R$624.000,00 7. Impostos R$212.000,00 8. Lucro líquido ( 6 – 7) R$412.000,00 9. Dividendos R$103.000,00 10. Adição de lucros (8-9) R$309.000,00 Encontrar o fluxo de caixa operacional da empresa. Vimos que o Lajir da empresa foi de R$694.000,00. Precisamos adicionar novamente a depreciação de R$65.000,00, pois ela não corresponde a uma Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 183 saída de caixa, isto é, é um item não monetário. Vamos subtrair os impostos de R$212.000,00, pois foram pagos no caixa. Logo, a equação do FCO é: FCO = Lajir + Depreciação – Impostos FCO = R$694.000,00 + R$65.000,00 – R$212.000,00 FCO = R$547.000,00 Gastos líquidos de capital É o dinheiro gasto em ativos permanentes, menos o dinheiro recebido com a venda dos ativos permanentes. Exemplo Ao final de 2001, os ativos permanentes líquidos da empresa JJ Brasil eram de R$1.644.000,00 e ao final de 2002, os ativos permanentes líquidos da empresa eram de R$1.709.000,00. Qual foi o gasto líquido de capital da empresa? GLC = Ativo permanente líquido em 2002 – Ativo permanente líquido em 2001 + Depreciação. Logo: GLC = (R$1.709.000,00 – R$1.644.000,00) + R$65.000,00 GLC = R$130.000,00 Este valor de R$130.000,00 representa o gasto líquido de capital em 2002. Um gasto líquido de capital pode ser inclusive negativo, se a empresa vender mais ativos do que comprar. Variação do capital de giro líquido Mesmo investindo em ativos permanentes, normalmente uma empresa também investe em ativos circulantes. Exemplo Analisando uma empresa, verificamos que ao final de 2002 tinha um ativo circulante de R$1.403.000,00 e ao final de 2001, o ativo circulante era Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 184 Administração financeira de R$1.112.000,00. Os passivos circulantes de 2002 e 2001 foram, respecti- vamente, R$389.000,00 e R$428.000,00. Determine a variação do capital de giro líquido. O CGL no final de 2002 = R$1.403.000,00 – R$389.000,00 = R$1.014.000,00 O CGL no final de 2001 = R$1.112.000,00 – R$428.000,00 = R$684.000,00 A variação do CGL foi: R$1.014.000,00 – R$684.000,00 = R$330.000,00 Portanto, o capital de giro líquido aumentou em R$330.000,00, logo, a empresa realizou um investimento líquido de R$330.000,00 em CGL, durante o ano de 2002. Fluxo de caixa dos ativos Para se obter o fluxo de caixa dos ativos é só utilizar a equação: Fluxo de caixa dos ativos = FCO – GLC – ∆CGL Fluxo de caixa dos credores e acionistas Representam pagamentos líquidos aos credores e aos proprietários durante o ano. São calculados de maneiras análogas. O fluxo de caixa dos credores corresponde aos juros pagos, menos novos empréstimos líquidos; o fluxo de caixa dos acionistas corresponde aos dividendos pagos, menos novos ingressos de capital. O fluxo de caixa aos credores algumas vezes é chamado de fluxo de caixa aos obrigacionistas. Logo: Fluxo de caixa dos credores = Juros – Exigível Fluxo de caixa aos acionistas = Dividendos – Ingresso de capital Exercício de fixação 1. Vamos observar o fluxo de caixa da Empresa JJ Brasil 2007 – em mi- lhões de reais. Informações adicionais: durante o ano, a empresa JJ apresentou ven- das no valor de R$600,00 e custos de mercadorias vendidas no valor Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 185 de R$300,00. A depreciação foi de R$150,00 e os juros pagos foram de R$30,00. Os impostos foram calculados com uma alíquota de 34%. E os dividendos pagos foram de R$30,00. a) Elaborar o DRE de 2007 e demonstrar o fluxo de caixa operacional. b) Qual foi o lucro líquido de capital, supondo que o ativo fixo líquido inicial foi de R$500,00 e seu valor final foi de R$750,00? c) Suponha que a JJ tenha iniciado o ano com um ativo circulante de R$2.130,00 e um passivo circulante de R$1.620,00. Os núme- ros correspondentes ao final do ano são: R$2.260,00 e R$1.710,00. Qual a variação do capital de giro líquido? d) Qual o fluxo de caixa dos ativos? e) Qual o fluxo de caixa dos acionistas se a JJ Brasil emitiu novas ações durante o ano? Solução: a) DRE de 1998 – JJ Brasil 1 2 3 Receita líquida R$600,00 4 Custo de mercadoria vendida R$300,00 5 Depreciação R$150,00 6 Lajir , em inglês, EBIT R$150,00 7 Juros pagos R$30,00 8 Lucro tributável R$120,00 9 Impostos – 34% R$41,00 10 Lucro líquido R$79,00 11 Dividendos R$30,00 12 Acréscimo ao lucro retido R$49,00 Podemos dizer que o fluxo de caixa operacional é: FCO = Lajir + Depreciação – Impostos FCO = R$150,00 + R$150,00 – R$41,00 = R$259,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 186 Administração financeira b) ∆ (ativofixo) = R$750,00 – R$500,00 = R$250,00 (gasto com os ati- vos fixos) GLC = ∆(ativo fixo) + Depreciação = R$250,00 + R$150,00 = R$400,00 c) ∆(CGL) = (R$2.260,00 – R$1.710,00) – (R$2.130,00 – R$1.620,00) = R$550,00 – R$510,00 = R$40,00 d) FCA = FCO – GLC – ∆CGL = R$259,00 – R$400,00 – R$40,00 = – R$181,00 Como ocorreram grandes investimentos em ativos permanentes o valor ficou negativo. e) Como não foram emitidas novas ações, o fluxo de caixa aos acio- nistas da JJ é exatamente igual aos dividendos pagos, isto é, R$30,00. 2. Observemos o fluxo de caixa da Empresa ABC (todos os valores em milhões de reais). 2006 2007 Vendas R$3.790,00 R$3.990,00 Custo de mercadoria vendida R$2.432,00 R$2.137,00 Depreciação R$975,00 R$1.018,00 Juros R$225,00 R$267,00 Dividendos R$200,00 R$225,00 Ativo circulante R$2.140,00 R$2.346,00 Ativo permanente líquido R$6.770,00 R$7.087,00 Passivo circulante R$994,00 R$1.126,00 Exigível a longo prazo R$2.869,00 R$2.956,00 Observando as informações sobre a ABC elabore uma demonstração de resultado de 2007 e os balanços patrimoniais em 2006 e 2007. Em seguida, calcule o fluxo de caixa aos credores e o fluxo de caixa aos acionistas em 2007. Use sempre a alíquota de 34% para calcular o im- posto de renda. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 187 Solução: O balanço patrimonial em 2006 e 2007 é: Balanço patrimonial da empresa ABC 2006 2007 2006 2007 Ativo circulante R$2.140,00 R$2.346,00 Passivo circulante R$994,00 R$1.126,00 Ativo permanente R$6.770,00 R$7.087,00 Exigível a l. prazo R$2.869,00 R$2.956,00 Patrimônio líquido R$5.047,00 R$5.351,00 Total R$8.910,00 R$9.433,00 R$8.910,00,00 R$9.433,00 A DRE será: DRE de 2007 da empresa ABC Vendas R$3.990,00 Custo de mercadoria R$2.137,00 Depreciação R$1.018,00 Lajir R$835,00 Juros pagos R$267,00 Lucro tributável R$568,00 Imposto – 34% do lucro tributável R$193,12 Lucro líquido R$374,880 Dividendos R$225,00 Acréscimo ao lucro retido R$149,88 O fluxo do caixa operacional é: FCO = Lajir + Depreciação – Impostos = R$835,00 + R$1.018,00 – R$193,00 = R$1.660,00 O GLC é: GLC = (ativo permanente em 2007 – ativo permanente em 2006) + De- preciação = (R$7.087,00 – R$6.770,00) + R$1.018,00 = R$1.335,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 188 Administração financeira O ∆CGL é: CGL (2007) = (ativo circulante em 2007 – passivo circulante em 2007) = R$2.346,00 – R$1.126,00 = R$1.220,00 CGL (2006) = (ativo circulante em 2006 – passivo circulante em 2006) = R$2.140,00 – R$994,00 = R$1.146,00 Portanto: ∆CGL = R$1.220,00 – R$1.146,00 = R$74,00 O fluxo de caixa dos ativos é: FCA = FCO – GLC – ∆CGL = R$1.660,00 – R$1.335,00 – R$74,00 = R$251,00 O fluxo de caixa dos credores é: ∆ Exigível a longo prazo = R$2.956,00 – R$2.869,00 = R$87,00 (aumentou) ∆ (juros pagos) = R$267,00 em 2007 Fluxo de caixa aos credores = juros pagos – ∆ (exigível em longo prazo) = R$267,00 – R$87,00 = R$180,00 Análise baseada em índices financeiros Normalmente, é comum fazer demonstrações financeiras de uma empre- sa e compará-las com outras semelhantes. No entanto, encontramos um pro- blema. É praticamente impossível comparar diretamente as demonstrações financeiras de duas empresas por causa da diferença de tamanho entre elas. Uma maneira bastante comum de fazer comparações é padronizar de alguma maneira as demonstrações financeiras. E, sempre que possível, tra- balhar com porcentagens e não com valores absolutos ou monetários. As contas do balanço patrimonial são exibidas como porcentagem do ativo e as contas das demonstrações de resultados como porcentagens de vendas. As demonstrações financeiras resultantes são chamadas de demonstrações financeiras de tamanho comum. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 189 Observe o seguinte DRE. Empresa ABC – Balanço patrimonial em 2007 e 2006 (em milhões) 2006 2007 Ativo Ativo circulante Caixa R$84,00 R$98,00 Contas a receber R$165,00 R$188,00 Estoques R$393,00 R$422,00 Total R$642,00 R$708,00 Ativo permanente Instalações e equipamentos R$2.731,00 R$2.880,00 Total do ativo R$3.373,00 R$3.588,00 Passivo Passivo circulante Fornecedores R$312,00 R$344,00 Títulos a pagar R$231,00 R$196,00 Total R$543,00 R$540,00 Exigível a longo prazo R$531,00 R$457,00 Patrimônio líquido Capital social e reservas R$500,00 R$550,00 Lucros retidos R$1.799,00 R$2.041,00 Total R$2.299,00 R$2.591,00 Total do passivo R$3.373,00 R$3.588,00 Podemos, com base nesse balanço patrimonial, elaborar o chamado ba- lanço patrimonial de tamanho comum em que cada uma das contas serão apresentadas de forma percentual. Observe que nem todos os valores são exatos, em função de erros de arredondamento. A variação total precisa ser zero, pois os números inicial e final têm de somar 100%. Vamos colocar os dois balanços na forma percentual: 2006 2007 Variação Ativo Ativo circulante Caixa 2,5% 2,7% 0,2% Contas a receber 4,9% 5,2% 0,3% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 190 Administração financeira 2006 2007 Variação Estoques 11,7% 11,8% 0,1% Total 19,1% 19,7% 0,6% Ativo permanente Instalações e equipamentos 80,9% 80,3% -0,6% Total do Ativo 100% 100% 0,0% Passivo Passivo circulante Fornecedores 9,2% 9,6% 0,4% Títulos a pagar 6,8% 5,5% -1,3% Total 16,0% 15,1% -0,9% Exigível a longo prazo 15,7% 12,7% -3,0% Patrimônio líquido Capital social e reservas 14,8% 15,3% 0,5% Lucros retidos 53,3% 56,9% 3,6% Total 68,1% 72,2% 4,1% Total do Passivo 100% 100% 0,0% Análise Avaliando os dois balanços da ABC, é possível observar que os ativos cir- culantes atingem 19,1% do total de 2006, subindo para 19,7% em 2007. Já o passivo circulante cai de 16% para 15,1% no mesmo período. Portanto, o ca- pital dos proprietários ou sócios da empresa aumentou de 68,1% para 72,2%. Logo, a liquidez da ABC, medida por ativo contra passivo circulante, au- mentou nesse período. Ao mesmo tempo, seu grau de endividamento dimi- nuiu proporcionalmente ao ativo total. Sendo assim, pode-se concluir que o balanço patrimonial está mais sólido. Outra maneira de evitar o problema de comparação entre empresas com tamanhos diferentes é calcular e comparar índices financeiros. Esses índices consistem em ferramentas de comparação e investigação das relações entre diferentes informações financeiras e contábeis. Os índices financeiros são agrupados em cinco categorias: índices de solvência a curto prazo ou liquidez; índices de solvência a longo prazo ou de endividamento; índices de administração de ativo ou giro; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 191 índices de lucratividade; índices de valor de mercado. Índices de solvência a curto prazo ou liquidez É a razão entre o ativo circulante e o passivo circulante. Mostram informa- ções de como está a liquidez da empresa. São muito importantes para os cre- dores avaliarem a curto prazo, como os bancos. Esses índices podem ser de liquidez corrente, de liquidez seca e de caixa. No caso de liquidez seca devem levar em consideração também o estoque. Logo, temos as seguintes fórmulas: Índice de liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante. Índice de liquidez seca = Ativo circulante – Estoque / Passivo circulante Índice de caixa = Caixa/ Passivo circulante Exemplo de aplicação Com base em nossos balanços de 2006 e 2007 da Empresa ABC, determi- ne os índices de liquidez corrente, de liquidez seca e de caixa. Solução: Liquidez corrente = R$708,00 / R$540,00 = 1,31 vezes Liquidez seca = (R$708,00 – R$422,00) / R$540,00 = 0,53 vezes Caixa = R$98,00 / R$540,00 = 0,18 Índices de solvência a longo prazo ou de endividamento Esses indicadores têm a função de analisar a capacidade da empresa para saldar suas dívidas e obrigações, a longo prazo. Também são chamados de indicadores de alavancagem financeira ou somente alavancagem financeira e se subclassificam em três tipos mais importantes: Índice de endividamento geral, que considera todas as dívidas, de di- ferentes prazos e de todos os credores da empresa e é dado por: IEG = Dívidas totais / Ativo total Logo: (Ativo total – Patrimônio líquido) / Ativo Total Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 192 Administração financeira Exemplo de aplicação Voltando aos balanços da ABC, o IEG de 2007 foi: IEG = (R$3.588,00 – R$2.591,00) / R$3.588,00 Logo IEG = 0,28 vezes Índice de cobertura de juros – indica como a empresa cobre suas obri- gações de pagamento de juros e é dado por: ICJ = Lajir / Juros Exemplo de aplicação A cobertura de juros da Empresa ABC em 2007 foi: ICJ = 691 / 141 = 4,9 vezes Índice de cobertura de caixa – esse índice está baseado no Lajir, o que não corresponde na realidade a uma medida do caixa disponível para pagamento de juros. Isso porque a depreciação é uma despesa não monetária e é deduzida do lucro. Logo, ele é definido por: ICC = (Lajir + Depreciação) / Juros Exemplo de aplicação Determine o índice de cobertura de caixa da ABC em 2007. Solução: ICC = (R$691,00 + R$276,00) / R$141,00 = R$967,00 / R$141,00 = 6,8 vezes Índice de administração de ativos ou giro Essa medida é importantíssima e mostra a eficiência com que a empresa utiliza seus ativos. São todos relacionados a medidas de giro e descrevem como a empresa utiliza seus ativos para vendas. Eles se subdividem em cinco indicadores: Giro de estoque – é calculado por: Giro de estoque = Custo da mercadoria vendida / Estoque Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 193 Exemplo de aplicação Qual foi o giro de estoque da Empresa ABC com base no balanço de 2007? Solução: R$1.344,00 / R$422,00 = o estoque gira 3,2 vezes. Número de dias de vendas em estoque. Se for possível observar que giramos o estoque 3,2 vezes durante o ano, podemos estimar imediatamente quanto tempo levou, em mé- dia, para girá-lo. O resultado é obtido por: Dias de venda em estoque = 365 / Giro de estoque Exemplo de aplicação O número de dias de venda em estoque da Empresa ABC em 2007 foi: = 365 / 3,2 = 114 dias Giro de contas a receber – expressa como podemos cobrar as vendas efetuadas, isto é, cobramos nosso saldo de contas a receber e damos crédito novamente para um número x de vezes durante o ano. É calcu- lado por: Giro de contas a receber = Vendas / Contas a receber Exemplo de aplicação O giro de contas a receber da ABC em 2007 foi: = R$2.311,00 / R$188,00 = 12,3 vezes Número de dias de vendas em contas a receber – é definido por: Dias de venda a receber = 365 / Giro de contas a receber Exemplo de aplicação O número de dias de vendas em contas a receber da ABC em 2007 foi: = 365 / 12,3 = 30 dias Giro do ativo total – para cada real de ativo é possível saber o que foi gerado em vendas. Giro do ativo total = Vendas / Ativo total Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 194 Administração financeira Exemplo de aplicação Qual foi o giro do ativo total da ABC em 2007? Solução: = R$2.311,00 / R$3.588,00 = 0,64 vezes Índices de medidas de lucratividade Medem o grau de eficiência da empresa e como ela utiliza seus ativos e administra sua gestão de operações. Esse grupo preocupa-se com a última linha (bottom line) da demonstração de resultado financeiro, isto é, o lucro lí- quido. Os subíndices são: margem de lucro, retorno do ativo (ROA) e retorno do capital próprio ou patrimônio líquido (ROE). Margem de lucro Definida por: Lucro líquido / Vendas Mostra o quanto gerou de lucro para cada real de venda. Exemplo de aplicação Determine a margem de lucro da Empresa ABC em 2007. Solução: Margem de lucro = R$363.000.000,00 / R$2.311,00 = 15,7% Retorno do ativo (ROA) Mede o lucro por real em ativos. Pode ser definida por diversas formas, mas a mais comum é: ROA = Lucro Líquido / Total do ativo Exemplo de aplicação Qual foi o retorno do ativo da ABC em 2007? Solução: ROA = R$363.000,000,00 / R$3.588,00 = 10,12% Retorno do capital próprio – ROE Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 195 Também chamado de retorno do patrimônio líquido (ROE), mede o desempenho do investimento dos acionistas durante o período de um ano. Como os acionistas são o principal objetivo da empresa, o ROE, em contabilidade, é o índice de medida de desempenho, em termos de lucro. É medido por: ROE = Lucro líquido / Patrimônio líquido Exemplo de aplicação O retorno do capital próprio da ABC em 2007 foi igual a: ROE = R$363.000.000,00 / R$2.591,00 = 14% Índices de medidas de valor de mercado Esse último grupo de medidas baseia-se nas demonstrações financei- ras da empresa, como preço de mercado, ações etc. Logo, essas medidas só podem ser calculadas para empresas que têm ações na bolsa de valores. Imaginemos que a Empresa ABC, citada até agora como exemplo, possua 33 milhões de ações e essas ações são negociadas a R$88,00 por ação ao final do ano. Vale lembrar que o lucro líquido da ABC foi de 363 milhões de reais, logo, é possível calcular o seu lucro por ação. O lucro por ação será: Lucro por ação = Lucro líquido / Total de ações = R$363.000.000,00/33 = R$11,00. Essa relação nos dá mais dois subíndices: Índice Preço/Lucro – também chamado índice P/L é definido por: Índice P/L = Preço por ação / Lucro por ação Índice Preço/Valor patrimonial – dado pela relação: Índice P/VP = Valor de mercado das ações / Valor patrimonial das ações Exemplo de aplicação Determine os índices P/L e P/VP da ABC ao final de 2007. Solução: Índice P/L = R$88,00/11 = 8 vezes Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 196 Administração financeira No sentido contábil, podemos dizer que as ações da ABC estão sendo vendi- das a 8 vezes o lucro ou ainda dizer que as ações têm um múltiplo P/L igual a 8. Índice P/VP = R$88,00 / (R$2.591,00 / 33) = 1,12 vezes Observe que o valor patrimonial da ação não é igual ao patrimônio líqui- do. Como o valor patrimonial de uma ação é uma medida contábil, ele reflete o custo histórico. Ampliando seus conhecimentos Capital de giro – fundamental e prioritário para as empresas (SÁ; OSTENTORK; BRITO, 2006) O conceito de capital de giro é definido também como o capital circulan- te e corresponde a todos os recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam dentro do ciclo operacional. Esse elemento é fundamental para a administração financeira, devido à necessidade da empresa de recuperar todos os custos e despesas (inclusive financeiras) incorridos no ciclo ope- racional e obter, assim, o lucro desejado, por meio da venda do produto ou prestação do serviço. O capital de giro ou circulante é constituído pelo ativo circulante, principalmentepelas disponibilidades, valores a receber e esto- ques. Demonstra os recursos necessários da empresa para financiamento de suas atividades operacionais, desde as aquisições de insumos básicos, até o recebimento pela venda da produção acabada. Um dos grandes problemas do gerenciamento de capital de giro é a sincronização temporal entre os seus elementos constitutivos. O capital de giro está diretamente associado às fontes das quais a empresa necessita para financiar sua operacionalização e seu crescimento. As empresas procuram vantagens competitivas, especialmente em condições econômicas desafiantes, o que torna mais evidente a importância de um gerenciamento eficiente do capital de giro. Cada real economizado no capital de giro pode contribuir para uma melhor rentabilidade do investimento. Na área financei- ra, é evidente que se deve dar enfoque à busca permanente da eficiência na gestão de recursos, maximizando a rentabilidade e minimizando os custos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 197 O capital de giro pode ser fixo, que é aquele mínimo indispensável para que as necessidades operacionais geradoras de dispêndios sejam atendidas, vari- ável, que decorre de fatores adicionais verificados em determinados períodos, podem decorrer de crescimento de vendas, inadimplência ou atraso de rece- bimentos de clientes, compras imprevistas ou outras necessidades adicionais com caráter de sazonalidade. O conceito de capital de giro líquido revela o volume de recursos deman- dados no longo prazo para o financiamento dos ativos a curto prazo. O ideal para a manutenção de um nível de liquidez compatível é que a diferença entre o ativo e o passivo circulante seja positiva, o que representa uma reserva fi- nanceira. Um Capital Circulante Líquido (CCL) igual a zero submete a estrutura financeira da empresa a um certo grau de risco. Por outro lado, um capital de giro negativo submete a empresa a um grau de risco elevado e diretamente proporcional à magnitude desta insuficiência. Portanto, o gerenciamento do capital de giro é um componente vital para a “saúde” dos negócios e, também, essencial ao crescimento e à continuidade das operações. Em cada uma dessas áreas encontramos diferentes desafios no que tange ao alcance da liquidez necessária, à obtenção do processo mais efi- ciente, à alocação de novas tecnologias e à avaliação da qualidade do capital de giro no balanço patrimonial, remetendo à análise do ciclo operacional por constituir elementos de curto prazo e envolver o gerenciamento do capital de giro necessário à manutenção das atividades operacionais da empresa. O estudo do capital de giro é fundamental para a administração financeira, pois a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas incorridas durante o ciclo operacional e obter o lucro desejado, por meio da venda do produto ou da prestação do serviço. A administração eficiente dos seus elementos, como o caixa (disponibilidades) contribui significativamente para a maximização do lucro da empresa. A análise do capital de giro e, consequentemente, da liquidez, evidencia a grande contribuição que esta possibilita na administração dos recursos de curto prazo. A relevância do gerenciamento do capital de giro é irrefutável, de acordo com o que foi desenvolvido no presente artigo. Portanto, a administração do capital de giro e da liquidez requer um planejamento estratégico de curto prazo, com vistas a produzir resultados que irão refletir a saúde financeira da empresa e sua imagem perante o mercado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 198 Administração financeira Nesse sentido, referenciais como capital de giro, ciclo econômico, opera- cional e financeiro, equilíbrio financeiro e gerenciamento das disponibilida- des assumem papéis relevantes no processo de tomada de decisão. Uma boa administração de caixa pode constituir-se em fonte de melhoria da produtivi- dade dos recursos alocados, podendo proporcionar ganhos em toda a cadeia de valores da organização, ou seja, em todas as fases de geração e distribuição dos produtos e/ou serviços, e em todos os seguimentos gerenciais. (Texto elaborado por Adriana Boaventura Sá, Fernando Gabriel Ostentork e Ricardo Brito para o Sebrae MG, em agosto de 2006.) Atividades de aplicação 1. Com base nos balanços a seguir e na demonstração de resultado es- tudada anteriormente, calcule os seguintes índices para o exercício de 2007. Empresa Balanços em 31 de Dezembro de 2006 e 2007 (em milhões de reais) 2006 2007 Ativos Ativos circulantes Caixa 120 88 Contas a receber 224 192 Estoques 424 368 Total 768 648 Realizável LP 0,00 0,00 Ativo permanente Instalações e equipam. líquidos 5.228 5.354 Total dos ativos 5.996 6.002 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 199 Empresa Balanços em 31 de Dezembro de 2006 e 2007 (em milhões de reais) Passivo Passivo circulante Fornecedores 124 144 Títulos a pagar 1.412 1.039 Total 1.536 1.183 Exigível a longo prazo 1.804 2.077 Patrimônio líquido Capital social e reservas 300 300 Lucros retidos 2.356 2.442 Total 2.656 2.742 Total do passivo 5.996 6.002 Determinar: a) Índice de Liquidez Corrente. b) Índice de Liquidez Seca. c) Índice de Caixa. 2. Nos últimos anos, a Companhia ABC tem elevado significativamente o seu índice de liquidez corrente. Ao mesmo tempo, porém, seu índice de liquidez seca tem caído. O que está ocorrendo? A liquidez da em- presa melhorou? 3. Explique o que quer dizer o fato de uma empresa ter índice de liqui- dez corrente igual a R$0,50. Seria melhor para a empresa ter um índice igual a 1,50? E se fosse 15,0? Explique suas respostas. 4. Uma empresa tem capital de giro líquido de R$500,00, passivo circu- lante no valor de R$1.800,00 e estoques de R$600,00. Qual é seu índice de liquidez corrente? Qual é seu índice de liquidez seca? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 200 Administração financeira 5. As vendas de uma empresa são iguais a R$5 milhões, seu ativo total é de R$9 milhões, e o total do exigível é de R$3 milhões. Sendo a margem de lucro de 11%, qual o seu lucro líquido? Qual o seu ROA? Qual o seu ROE? 6. A companhia ABC tem um saldo de contas a receber de R$13.565,00. As vendas a prazo, no ano que acaba de se encerrar, atingiram R$94.300,00. Qual é o número de dias de venda no saldo de contas a receber? Quanto tempo levou, em média, para que os clientes pagas- sem suas contas no ano passado? Gabarito 1. Índice de liquidez corrente ativo circulante / passivo circulante = R$648,00 / R$1.183,00 = 0,547 Índice de liquidez seca: (ativo circulante – estoque) / passivo circulante = (R$648,00 – R$368,00) / R$1.183,00 = 0,236 Índice de caixa: caixa / passivo circulante = R$88,00 / R$1.183,00 = 0,07 2. Resposta mínima: do ponto de vista da liquidez corrente, o texto afir- ma que houve melhora, contudo, considerando que a liquidez seca caiu, com os elementos fornecidos, podemos concluir que a liquidez corrente melhorou à custa do aumento dos estoques, ativo esse, de liquidez duvidosa, portanto, a qualidade da liquidez caiu. 3. Resposta mínima: liquidez corrente de 0,50 indica que a empresa tem somente 50% de capacidade de honrar seus compromissos de curto prazo com recursos de curto prazo. Já LC de 1,5 indica que sua capaci- dade é 50% superior. Uma liquidez de 15, que poderia aparentemente indicar excelente liquidez, é preocupante, pois pode estar ocorrendo excesso de represamento de recursos em ativos que não permitemaumento de sua rentabilidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração financeira 201 4. CGL = AC – PC 500 = AC – R$1.800,00 AC = R$2.300,00 ILC = R$2.300,00 / R$1 800,00 = 1,28 ILS = R$2.300,00 – 600 /R$1.800,00 = 0,94 5. ML = LL / V 0,11 = LL / 5.000.000 LL = R$550.000,00 ROA = R$550.000,00 / R$9.000.000,00 ROA = 6,11% ROE = R$550.000,00 / R$9.000.000,00 – R$3.000.000,00 = 9,17% 6. GCR = R$94.300,00 / R$13.565,00 GCR = 6,95 DCR = 51,79 dias Os clientes pagaram suas contas em média a cada 51,79 dias no ano passado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 203 Estrutura financeira da empresa Futebol é a habilidade matemática de jogar a bola com a seta virada para o gol. É uma geometria espacial de emoção. João Saldanha Captação de recursos no mercado Sempre que uma empresa deseja ou precisa tomar dinheiro empresta- do, isso implica uma avaliação de toda sua estrutura financeira. Isso também acontece quando o governo decide tomar dinheiro emprestado. Toda a es- trutura financeira do país também pode ser afetada se a decisão não for a mais adequada. Ao tomar dinheiro emprestado, a empresa normalmente emite ou vende os chamados títulos de dívida ou obrigações. As obrigações empresariais têm muitas características importantes, que vamos estudar neste capítulo, por exemplo, os fluxos de caixa que estão associados a uma obrigação e como essas obrigações são avaliadas por meio de descontos de fluxos de caixa no mercado financeiro. Obrigação Uma obrigação normalmente é um empréstimo com pagamento unica- mente de juros a cada período, mas nenhuma parcela do valor principal será paga antes do vencimento do empréstimo. Por exemplo, imagine que a Empresa ABC deseja emprestar R$1.000,00, por 30 anos. A taxa de juros de obrigações emitidas para outras empresas semelhantes é de 12%. Logo, a ABC irá pagar R$0,12 . R$1.000,00 = R$120,00 de juros a cada ano. Ao final de 30 anos, a ABC irá devolver os R$1.000,00. As obrigações são mecanismos de financiamento simples mas, no entan- to, existe um conjunto de outros elementos que definiremos a seguir que estão associados a obrigações. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 204 Estrutura financeira da empresa No nosso exemplo anterior, os juros regulares que a ABC pagou são de- nominados cupons. Como esses cupons são constantes e pagos a cada ano, o tipo de obrigação que se está descrevendo se chama obrigação de cupom constante. O valor que será devolvido ao final do empréstimo pela ABC é chamado de valor de face da obrigação ou ainda de valor nominal. Quando as obrigações são emitidas e vendida por empresas pelo seu valor de face, denominamos conceitualmente como obrigação de par, por não serem valores unitários tão altos. As obrigações do governo frequente- mente possuem valores de face ou nominal bem maiores. E, finalmente, o cupom anual dividido pelo valor de face é denominado de taxa nominal da obrigação, que no caso da Empresa ABC é igual a 120 / 1000 = 12%, que é a taxa nominal. O número de anos até que o valor de face seja pago se chama prazo de vencimento do título. Uma obrigação emitida por empresa normalmente tem um prazo de vencimento de 30 anos no momento de sua emissão ori- ginal, mas isso varia muito, inclusive de país para país. Uma vez que a obri- gação foi emitida, o número de anos do prazo de vencimento diminui com o passar do tempo. Logo, do texto podemos tirar definições importantes: cupom – os juros cotados que foram pagos em uma obrigação; valor de face – é o valor nominal da obrigação devolvido ao final do prazo; taxa de cupom – o cupom anual dividido pelo valor de face da obri- gação; vencimento – data definida em que o principal da obrigação será pago. Rendimentos e valores das obrigações À medida que o tempo passa, a taxa de juros altera-se no mercado. Contu- do, os fluxos de caixa de uma obrigação permanecem os mesmos. Com isso, o valor da obrigação flutua. Quando as taxas aumentam, o valor presente dos fluxos de caixa remanescentes da obrigação diminui e o valor da obriga- ção fica menor. Quando a taxa de juros cai, a obrigação acaba valendo mais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 205 O valor de uma obrigação em determinado momento pode ser conhecido desde que tenhamos o número de períodos que restam até o vencimento, o seu valor de face, o cupom e a taxa de juros de mercado para outras obriga- ções com características similares. A taxa de juros solicitada definida pelo mercado sobre uma obrigação é chamada de retorno até o vencimento (YTM – yield to maturity). Também pode ser chamada de retorno da obrigação. Logo, com esses dados, é pos- sível estimar o valor presente dos fluxos de caixa, isto é, uma estimativa do valor corrente de cada obrigação. Por exemplo, vamos considerar que a Empresa ABC estivesse prestes a emitir uma obrigação com prazo de vencimento de 10 anos. A obrigação da ABC tem um cupom anual de R$80,00. Obrigações semelhantes no merca- do têm um retorno até o vencimento de 8%. Com base nessas informações, podemos concluir que a ABC pagará R$80,00 por ano em termos de cupom nos próximos 10 anos. Logo, em 10 anos, a ABC deverá R$1.000,00 em obri- gacionistas. Os fluxos de caixa da obrigação estão apresentados no fluxo de caixa a seguir. Qual seria o preço de venda dessa obrigação? Conforme estamos observando no fluxo de caixa a seguir, os fluxos da ABC possuem um elemento importante que é a anuidade (os chamados cupons) e outro componente representado pelo quantia única (valor de face pago no vencimento). Fluxo de caixa da empresa ABC (Valores em R$) Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Cupom 80 80 80 80 80 80 80 80 80 80 Valor de face 1.000,00 Logo: 80 80 80 80 80 80 80 80 80 1.080,00 Sempre estimamos o valor de mercado de uma obrigação por meio do cálculo separado do valor presente de cada um desses componentes e, em seguida, somando os resultados. Em primeiro lugar, à taxa de 8%, o valor presente de R$1.000,00 no período de 10 anos será igual a: Valor presente: 1.000 / (1,08)10 = R$463,19 Em seguida, devemos observar o valor da anuidade dessa obrigação: Valor presente da anuidade: R$80,00 . (1 – 1 / 1,08)10 / 0,08 = R$536,81 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 206 Estrutura financeira da empresa Como já temos o valor presente e o valor presente da anuidade, somamos esses dois componentes e obtemos o valor da obrigação: Portanto: valor total da obrigação = R$463,19 + R$536,81 = R$1.000,00 Podemos dizer então que essa obrigação é negociada por seu valor de face exatamente. Isso não é apenas uma coincidência. A taxa corrente de mercado é de 8%. Considerando que o empréstimo paga unicamente juros, qual a taxa de juros que essa obrigação teria? Com um cupom de R$80,00 essa obrigação paga exatamente 8% de juros apenas quando é negociada a R$1.000,00. Vamos avaliar o que acontece quando uma taxa se altera. Depois de um ano, a obrigação da ABC tem prazo de vencimento de nove anos. Sendo a taxa de juros de mercado uma taxa de 10%, qual será o novo valor da obrigação? Valor presente = R$1.000,00 / (1.10)9 = R$424,10 Logo, o valor presente da anuidade será: = R$80,00 . (1 – 1 / (1,109)) / 0,10 = R$460,72 Se somarmos os valores: presente e presente da anuidade teremos: R$424,10 + R$460,72 que resultará em R$884,82. Logo, a obrigaçãodeveria ser negociada por aproximadamente R$885,00. Logo, podemos dizer que a obrigação da ABC, com seu cupom de 8% está cotada a R$885,00, rendendo 10%. Percebemos então que a obrigação da ABC está sendo negociada por um valor menor que o da face de R$1.000,00. Isso ocorre porque a taxa de juros de mercado é de 10%. Considerada como um empréstimo de R$1.000,00 que paga somente juros e como essa obrigação paga menos que a taxa corrente, os investidores estarão dispostos a emprestar algum valor inferior à devolu- ção prometida de R$1.000,00. Como a obrigação é negociada por um valor menor do que o valor de face, diz-se que está se obtendo um deságio. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 207 Risco dos investidores – econômico e financeiro Chama-se risco de variação de taxa de juros o risco que os investidores em obrigações correm em função das flutuações da taxa de juros no merca- do. A dimensão do risco de variação da taxa depende de quanto sensível é o preço à mudança de taxa. Essa sensibilidade depende diretamente de dois fatores importantes: o prazo de vencimento e a taxa do cupom. Logo, para analisar uma obrigação é importante verificar que: quanto maior for o prazo de vencimento, maior será o risco de varia- ção da taxa de juros; quanto menor for a taxa do cupom, maior será o risco de variação da taxa de juros. Portanto, dois riscos estão presentes nessas negociações: risco econômico – nem sempre a economia caminha como se deseja. As oscilações econômicas, e em especial atualmente, em que o mercado é globalizado, podem afetar de forma significa nas decisões empresariais. risco financeiro – esse termo de risco está relacionado à cobertura de uma variedade de riscos em que se incorre nas operações financeiras, tanto riscos de liquidez quanto riscos de crédito. Grau de sensibilidade das obrigações De modo geral, o motivo pelo qual as obrigações com prazos de venci- mentos mais longos têm maior sensibilidade a mudanças da taxa de juros é que uma grande parcela do valor de uma obrigação vem do valor de face de R$1.000,00. O valor presente desse montante não é muito afetado por uma pequena mudança na taxa de juros caso o recebimento seja mais rápido, de no máximo um ano. Mas, mesmo uma pequena mudança na taxa de juros terá impacto substancial no preço da obrigação se ela estiver com um prazo de 30 anos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 208 Estrutura financeira da empresa Outra questão que deve ser observada: é importante conhecer o risco de variação da taxa de juros, como a maioria dos fatos em finanças, esse risco aumenta a taxas decrescentes. Isso é, se compararmos uma obrigação de 10 anos com uma de 1 ano, vamos observar que a obrigação de 10 anos terá um risco de variação de taxa de juros muito maior. E se verificarmos uma de 20 anos com uma de 30, veremos que a de 30 anos terá uma sensibilida- de maior a mudança da taxa de juros, mas essa diferença de risco será bem menor, e assim por diante. Até pouco tempo não havia emissões de obrigações com prazos de ven- cimento superiores a 30 anos, mas em novembro de 1995, a principal unida- de operacional da americana Bell South emitiu 500 milhões de dólares com a venda de obrigações com prazo de 100 anos. A Walt Disney, Coca Cola e ABN Amro também emitiram obrigações com prazo de 100 anos. Exemplo 1 Vamos avaliar duas obrigações idênticas em todos os sentidos, menos em relação a seus cupons, e claro, seus preços. As duas têm 12 anos até o venci- mento. A primeira obrigação tem uma taxa de cupom de 10% e está sendo negociada a R$935,08. A segunda tem uma taxa de cupom de 12%. Qual deveria ser seu preço? Como nossas duas obrigações têm uma série de aspectos muito seme- lhantes, deverão ser cotadas a preços que resultem na mesma taxa de re- torno. Portanto, precisamos calcular o rendimento da obrigação com taxa de cupom de 10%. Como já fizemos isso agora pouco, sabemos que a ta- xa precisa ser superior a 10%, pois a obrigação é vendida com deságio. Um ponto importante a observar também é que a obrigação tem um prazo longo de 12 anos, e vimos que as obrigações com prazo longo são mais sensíveis à variação da taxa de juros. Logo, podemos imaginar que o rendi- mento deve estar próximo de 10%. Um pouco de tentativa e erro mostra que a taxa é de 11%. Então, vamos ao cálculo: Valor da obrigação1 = R$100,00 . (1 – 1 / (1,11 12)) / 0,11 + R$1.000,00 / (1,11)12 = 100 . 6,4924 + R$1.000,00 / 3,4985 = R$649,24 + R$285,84 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 209 Logo: R$935,08 Valor da obrigação2 = R$120,00 . (1 – 1 / (1,11 12)) / 0,11 + R$1.000,00 / (1,11)12 = R$120,00 . 6,4924 + R$1.000,00 / 3,4985 = R$779,08 + R$285,84 Logo: R$1.064,92 Portanto, a uma taxa de 11% a segunda obrigação será vendida com ágio, pois seu cupom é igual a R$120,00. Esse cálculo pode ser feito com a Calculadora HP-12C. Obrigação 1 Obrigação 2 12 n 12 n 100 PMT 120 PMT 1000 FV 1000 FV 11 i 11 i PV PV Visor: – R$935,08 Visor: – R$1.064,92 Exemplo 2 Analise a seguinte situação para a taxa de juros e preços das obrigações: Cupons = R$100,00 por ano. Valor de face = R$1.000,00. Data de vencimento = 2 anos. Para taxa de juros = 10%, qual o valor da obrigação? Solução: VP = PMT / (1 + i) + (FV + PMT) / (1 + i)n VP = +( ) + ( ) +( ) R$100,00 R$1.000,00 + R$100,00 1 0 10 1 0 10 2, , VP = R$1.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 210 Estrutura financeira da empresa Exemplo 3 Vamos ver uma aplicação de retorno esperado até o vencimento. (Yield to Maturity – YTM) Nesse exemplo, sabemos o valor de mercado da obrigação, mas não co- nhecemos a taxa de juros de mercado: Valor de mercado = R$1.035,67. Cupons = R$100,00 por ano. Valor de face = R$1.000,00. Qual o retorno esperado até o vencimento? PV = PMT / (1 + i) + (FV + PMT) / (1 + i)n O retorno é a taxa da operação. É interessante observar que neste caso a taxa foi obtida a partir de tentativa e erro. R$1.035,67 = R$100,00 / (1 + i) + (R$1.000,00 + R$100,00) / (1 + i)2 i (taxa de mercado) = 8% ao ano Os títulos emitidos pelas empresas são classificados de forma mais sim- ples como títulos de capital próprio ou títulos de dívida. Uma dívida repre- senta um valor que precisa ser devolvido. Ela normalmente é resultado de um empréstimo, portanto, quando as empresas tomam valores emprestados, comprometem-se a fazer pagamentos regulares de juros, que é a remunera- ção de quem emprestou, e devolver o montante, que é o valor emprestado mais os juros. Pessoas jurídicas que emprestam o dinheiro são denomina- dos credores ou financiadores. Quem toma dinheiro é chamado de devedor ou tomador. Do ponto de vista das finanças, as diferenças principais entre dívida e capital próprio são: os dividendos pagos aos acionistas não podem ser deduzidos para cál- culo do imposto de renda, mas os pagamentos de juros sobre a dívida das empresas é considerado um custo e é integralmente deduzido; os credores de uma empresa normalmente não possuem direito de voto, logo, uma dívida não representa direito de propriedade sobre a empresa; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 211 se as dívidas de uma empresa não forem pagas, os credores poderão legalmente tomar os ativos da empresa como pagamento. Isso nor- malmente acaba resultandoem liquidação da empresa ou reorganiza- ção, resultado de uma possível falência. Um dos custos de emitir dívi- das é a possibilidade de falência. No caso de ações essa possibilidade não existe. Muitas vezes se torna complicado entender se um título deve ser classi- ficado como dívida ou capital próprio. As empresas têm uma grande habili- dade em criar títulos que possuem muitas características de capital próprio, mas que são tratados como capital de terceiros. O que diferencia o capital próprio do capital de terceiros é muito importante do ponto de vista fiscal. Logo, uma das razões pelas quais as empresas procuram criar títulos da dívi- da, que são na realidade capital próprio, é obter benefícios fiscais decorren- tes da modalidade de capital de terceiros, aliando-se ao benefício de evitar a falência. O capital próprio, corresponde à participação na propriedade e no direito residual. Logo, isso significa que os acionistas são pagos após os credores. Como resultado, os riscos e benefícios associados à posse da dívida ou capital próprio são bastante diferentes. Fundamentos das dívidas em longo prazo Uma série de características distinguem os títulos de dívidas de longo prazo. Esses títulos são entendidos como compromissos que uma empresa que os emitiu tem de assumir, de pagar o valor principal no seu vencimento e, ainda, pagar pontualmente os juros sobre o saldo devedor. Esses títulos da dívida são chamados de notas promissórias, obrigações ou debêntures. Já vimos que uma obrigação é uma dívida com alguma forma de garantia. Mas, o termo obrigação se designa para todos os títulos de dívi- das, garantidos ou não. O período de tempo pelo qual a dívida continua existindo com algum saldo devedor é chamado de prazo de vencimento de um instrumento de dívida de longo prazo. Os formatos principais de dívidas em longo prazo são emissões públicas e colocações privadas. Não existe um acordo universal sobre a distinção entre dívida em curto e em longo prazo. Frequentemente fala-se de dívidas a médio prazo, cujo vencimento é superior a um ano e inferior a três ou cinco anos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 212 Estrutura financeira da empresa A diferença principal entre dívidas com emissão pública e com emissão pri- vada está no fato de que as emissões privadas são colocadas diretamente junto às instituições financeiras, e assim, não são ofertadas ao público em geral. Acordo fiduciário O acordo escrito entre a empresa que toma os recursos emprestados e os seus credores é chamado de escritura de emissão, ou ainda, de acordo fiduciário. Normalmente, um agente fiduciário, como um banco, por exem- plo, é nomeado pela empresa para ser o representante dos portadores das obrigações. É papel desse agente: gerenciar o fundo de amortização; assegurar que os termos da escritura de emissão sejam cumpridos; representar os portadores de obrigações em caso de inadimplência, isto é, se a empresa não honrar os pagamentos conforme acertado. A escritura de emissão de obrigações é um documento legal. Pode ter algumas centenas de páginas e, geralmente, exige uma leitura arrastada e muito complexa. De forma geral, ele possui as seguintes cláusulas: os termos básicos da obrigação; o valor total emitido; a descrição dos bens dados em garantia; o esquema de pagamento; as cláusulas de resgate antecipado, se necessário. Termos de uma obrigação Uma empresa tem um livro em que registra a propriedade de cada uma das obrigações emitidas, bem como quaisquer alterações a esse respeito. A empresa pagará juros e principal, enviando um documento na forma de cheque diretamente ao endereço do proprietário da obrigação. Uma obriga- ção pode ser registrada e ter cupons anexados. Para receber o pagamento de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 213 juros, o proprietário ou titular deve destacar o cupom do certificado e enviá- -lo ao agente pagador da empresa. As obrigações podem ser ao portador. Nesse caso, o certificado é a evi- dência básica da propriedade e a empresa irá pagar ao portador. Assim, a titularidade não é registrada com cupons anexados. Entretanto, existem desvantagens no caso de obrigações ao portador. São muito difíceis de serem recuperadas quando os certificados são perdi- dos ou roubados e a empresa não sabe quem são os proprietários de suas obrigações e assim não poder notificá-los. Garantias Garantia é um termo que representa títulos oferecidos para garantir um pagamento. Logo, por exemplo, as ações ordinárias que uma empresa tem podem ser ofertadas em caução para garantir as suas obrigações. Mas, o termo é normalmente utilizado de maneira mais ampla, fazendo referência a qualquer tipo de garantia. Os títulos da dívida são classificados de acordo com as garantias e hipotecas existentes para proteger seus credores. Os títulos hipotecários são garantidos por hipotecas sobre bens reais do tomador de recursos. Normalmente envolvem imóveis, como terrenos ou pré- dios. O documento geral que descreve a hipoteca é uma escritura de hipoteca. Mas é preciso ficar claro que as hipotecas são sobre propriedades espe- cíficas, por exemplo, um trem. Mas, frequentemente são utilizadas hipotecas mais abrangentes. Uma hipoteca é abrangente quando oferece uma garantia sobre todos os bens reais possuídos pela empresa. Bens reais incluem terrenos e outros ativos permanentes. Não incluem caixa, nem estoque. Em outros momentos, as obrigações representam compromissos não ga- rantidos pela empresa. Uma debênture é uma obrigação não garantida, isto é, não há hipoteca de qualquer bens da empresa. A expressão nota promis- sória geralmente é utilizada quando os instrumentos são inicialmente emiti- dos com prazos de vencimento de no máximo dez anos. Os debenturistas só têm direito sobre os bens não hipotecados da empresa. Em outras palavras, seus direitos estão restritos aos bens da empresa remanescentes após levar em conta as garantias gerais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 214 Estrutura financeira da empresa Preferência A preferência indica a superioridade hierárquica em relação a outros cre- dores, e essa preferência às vezes é indicada pelos adjetivos preferencial ou subordinado para denotar a preferência. Logo, uma debênture pode ser su- bordinada. Em caso de não pagamento, os portadores de títulos subordinados precisam dar preferência a outros credores especificados. Isso significa que os credores subordinados só receberão alguma coisa após os especificados serem remunerados. Porém, uma dívida não pode ser subordinada a ações. Pagamento As obrigações podem ser resgatadas somente na data do vencimento, na qual os credores recebem o valor declarado ou de face da obrigação, ou podem ser resgatadas parcial ou integralmente antes do vencimento. O es- quema de pagamentos antecipados é a forma mais comum, operacionaliza- do normalmente por meio de um fundo de amortização. Um fundo de amor- tização é uma conta gerenciada pelo agente fiduciário com a finalidade de resgatar a obrigação. A empresa efetua pagamentos anuais ao agente fidu- ciário, que então utiliza os fundos para resgatar parcelas da dívida. O agente faz isso comprando algumas das obrigações no mercado, ou convocando uma parcela das obrigações existentes para resgate. Existem diversas moda- lidades de fundo de amortização, e seus detalhes são descritos na escritura de emissão, conforme já falamos anteriormente. Por exemplo: alguns pagamentos a fundos de amortização podem ter início 10 anos após a data da emissão; alguns fundos de amortização preveem pagamentos constantes ao longo davida das obrigações; algumas emissões de obrigações de alta qualidade preveem paga- mentos ao fundo de amortização, que são insuficientes para resgatar a emissão completa. Logo, existe possibilidade de pagamento do saldo devedor no vencimento. Resgate antecipado Normalmente, o preço de resgate antecipado é superior ao valor declarado, isto é, ao valor nominal. A diferença entre o preço de resgate antecipado e o declarado é o prêmio de resgate antecipado. O tamanho do prêmio de resgate Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 215 antecipado diminui com o passar do tempo. Uma possibilidade é estabelecer inicialmente um prêmio de resgate antecipado igual ao pagamento de um cupom, e depois reduzi-lo a zero à medida que a data de resgate de aproxima. Essa cláusula permite à empresa recomprar parte ou toda a obrigação que foi emitida e, normalmente, essas obrigações são resgatáveis de forma antecipada. Frequentemente, as cláusulas de resgate não vigoram durante a primeira etapa da vida da obrigação. Isso faz com que a cláusula de resgate antecipado seja uma preocupação a menos para os credores nos primeiros anos de vida da obrigação. Cláusulas de proteção Podemos chamar de cláusulas de proteção, ou ainda, cláusula protetora, a fração da escritura de emissão do empréstimo que limita determinadas ações da empresa durante o período de vigência do empréstimo. São classi- ficadas como cláusulas positivas e negativas. As cláusulas positivas determinam algumas ações que a empresa concor- da em fazer, por exemplo: apresentar em períodos regulares de tempo as demonstrações finan- ceiras que foram auditadas para os credores; manter as garantias e os ativos em condições boas ou pelo menos, capazes de gerenciar suas atividades com certa tranquilidade; a empresa precisa manter seu capital de giro pelo menos nos níveis gerenciais administráveis. Mas existem também as cláusulas negativas que limitam as ações da em- presa. As mais importantes são: não pode haver fusões com outras empresas; vender ou arrendar os principais ativos sem aprovação dos credores é determinantemente proibido; limitar o montante de dividendos que pagará de acordo com uma po- sição anteriormente determinada; não assumir dívidas adicionais de longo prazo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 216 Estrutura financeira da empresa Risco de obrigações (ratings) As principais organizações internacionais que prestam esse serviço de classificação de riscos são a Moody’s e Standard and Poor’s. As classificações (ratings) são avaliações de risco da empresa que emitiu os títulos de dívida. As avaliações estão baseadas na probabilidade de que as empresas possam não honrar os compromissos assumidos e na proteção que os credores têm nesses casos de inadimplência. Os ratings de obrigações dizem respeito somente à possibilidade de inadimplência, logo, são bastante limitados. Eles são constituídos com base em informações fornecidas pela empresa emitente. As classes de rating e algumas informações que dizem respeito a elas se classificam, conforme tabela a seguir. O rating mais alto que uma empresa pode possuir se classifica como AAA, e esses títulos são considerados como tendo a qualidade mais alta e o risco mais baixo. Mas essa classificação não é dada com muita frequência, até porque, de forma concreta, as empresas nem sempre estão em excelentes condições. A classificação AA indica títulos de dívida de muito boa qualidade e esses títulos são muito mais comuns. O rating mais baixo é D e corresponde a dívidas de empresas inadimplentes. Tabela 1 – Classificação dos ratings Rating Característica 20 07 – F on te : M or ga n & B rit ne y, E U A . AAA Capacidade de juros e pagamentos excelente. Rating mais alto. AA Grupo também de qualidade alta, em que a capacidade de pagamento de juros e principal é muito boa. A Embora estejam sujeitos a efeitos adversos da economia e mercado possuem boa capacidade de pagamento dos juros e principal. BBB Com esse rating são considerados como tendo capacidade adequada de pagamen- to de juros e devolução do principal. Embora apresentem, normalmente, parâme- tros adequados de proteção, as condições econômicas adversas podem reduzir rapidamente sua capacidade de cumprir os compromissos. São chamados títulos de qualidade média. BB, B São chamados de investimentos muito especulativos no que se refere à capacidade de pagamento de juros e principal. BB e Ba indicam o nível mais baixo de especula- ção e CC e Ca os níveis mais altos de especulação. Mesmo que esses títulos possuam algumas características de qualidade e proteção ao credor, acaba existindo grande incerteza na exposição a riscos ou situações adversas. C Esse rating é reservado para obrigações de renda variável que no momento não estão pagando juros. D Títulos em situação de inadimplência, com o pagamento de juros e principal em atraso. Situação bastante perigosa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 217 Obrigações governamentais Os Estados Unidos são o maior emissor de obrigações governamentais. Em 1998, a dívida do governo americano já chegava a 5,5 trilhões de dólares. Quando o governo deseja tomar dinheiro emprestado no mercado pelo perí- odo de um ano ou mais, emite notas e obrigações do tesouro público, popu- larmente conhecido como título de dívida pública. Atualmente, nos Estados Unidos, os prazos de vencimento dessas obrigações variam entre 2 e 30 anos. Na maior parte das vezes, as emissões de governo americano envolvem obrigações simples como pagamento de cupons. Algumas emissões mais an- tigas possuem cláusula de resgate antecipado e outras possuem algumas ca- racterísticas incomuns. Porém, dois aspectos devem ser levados em conside- ração: primeiro, as emissões do governo americano, diferentemente de quase todas as outras obrigações, não possuem risco de inadimplência, porque se espera que o tesouro americano sempre obterá os recursos para fazer os pa- gamentos devidos. Em segundo plano, as emissões do tesouro são isentas dos impostos estaduais, mas não dos impostos federais. Os governos estaduais e locais também tomam dinheiro emprestado, emitindo suas notas e obriga- ções. Essas emissões são denominadas notas ou obrigações locais. Obrigações de cupom zero São chamadas de obrigações de cupom zero aquelas que não pagam cupom e precisam ser oferecidas a um preço bastante inferior ao valor declarado. Vamos ver um exemplo: A Companhia ABC emite uma obrigação sem cupom, com o prazo de cinco anos e com valor nominal de R$1.000,00. O preço inicial dessa obri- gação é estabelecido em R$497,00. Podemos observar rapidamente que a esse preço o rendimento da obrigação até o vencimento é de 15%. O total de juros pagos ao longo do prazo da obrigação é R$1.000,00 – R$497,00 = R$503,00. Para fins fiscais, o emitente de uma obrigação de cupom zero é obriga- do a deduzir os juros de cada ano, mesmo não pagando juros algum. Pelo mesmo motivo, o portador precisa recolher impostos sobre juros, mesmo que não tenha recebido na realidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 218 Estrutura financeira da empresa A maneira pela qual os juros anuais são calculados, no caso de obrigações de cupom zero, é regulamentada pela legislação tributária. Até 1982, nos Estados Unidos, as empresas podiam calcular sua dedução de juros em bases lineares, isto é, no caso da ABC, a dedução anual teria sido de R$503,00 / 5 anos = R$100,60 por ano.Já algumas obrigações têm cupom zero somente em parte do prazo. Por exemplo, a General Motors emitiu uma debênture que é a combinação de uma obrigação de cupom zero com uma obrigação com pagamento de cupons. Essa debênture foi emitida em 15 de março de 1996, e não pagará cupons até 15 de setembro de 2016. Nesse momento, passará a pagar cupons a uma taxa de 7,75% ao ano, em pagamentos semestrais, e isso ocorrerá até seu vencimento final, no ano de 2036. Ou seja, há uma carência no prazo de pagamentos de cupons, ou seja, num período após a emissão esses cupons pagarão zero aos seus portado- res, mas serão compensados monetariamente após, com taxas mais altas. Obrigações com taxas flutuantes No caso das obrigações com taxa flutuante, os pagamentos de cupons são variáveis e os ajustes estão ligados a um índice de juros, por exemplo, a taxa de juros das letras do tesouro por um prazo normalmente de 30 anos. O valor de uma obrigação com taxa flutuante depende de como o ajuste do cupom será definido. Na maior parte dos casos, o cupom é ajustado com algum atraso, em relação a alguma taxa de juros. O cupom com taxa flutuan- te tem algumas características interessantes: O portador tem o direito de exigir a liquidação antecipada do título, pelo valor de face no dia do pagamento de cupom após determinado prazo. Esta cláusula é chamada de termo de liquidação. O cupom possui um piso e um teto, o que significa que o cupom está sujeito a um valor máximo e um valor mínimo. Nesse caso, o cupom é chamado de capped e o conjunto das taxas superior e inferior é deno- minado collar. Mercado de obrigações No mercado, as obrigações são diariamente vendidas e compradas num ritmo de grande volume. É interessante saber que o volume comprado e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 219 vendido de obrigações em um só dia é muito maior que o volume de ações negociadas no mercado, talvez, umas cinco vezes. A maioria das operações de compra e venda de obrigações ocorrem normalmente no mercado de balcão. Logo, não existe uma localização física para essas negociações, ou seja, elas ocorrem através dos distribuidores espalhados pelo país. Hoje, todas essas operações se dão eletronicamente. O número de emissões de obrigações supera em muito o de emissões de ações, por isso esse mercado trabalha com volume tão grande. As razões principais que levam a isso são, em primeiro lugar, o fato de a empresa possuir normalmente apenas uma categoria de ações ordinárias, ao mesmo tempo que uma só empresa pode possuir inúmeros títulos de dívida emitidos em várias categorias; e, geralmente, as dívidas públicas são muito grandes. Praticamente todo mercado de obrigação, como já vimos, é negociado em balcão. Por isso existe pouca transparência nessas transações. Podemos dizer que um mercado é transparente quando se pode observar seus preços, forma e volume negociados. A diferença para a bolsa, por exemplo, é que lá é possível obter na hora o valor e a quantidade que foram transaciona- dos. Já no mercado de obrigações existem tantos entraves técnicos, ope- racionais e políticos que tornam isso praticamente impossível. Ou seja, as transações são negociadas entre as partes de forma privada e não há uma organização dessas transações e muito menos vontade política de divulgá- -las publicamente. Mesmo sendo o total de obrigações muito maior que o total de ações negociadas, somente uma pequena parcelas dessas emissões é negociada de forma frequente. Isso e mais a falta de transparência do mercado de obri- gações fazem com que fique difícil qualquer tipo de acompanhamento. Divulgação dos preços das obrigações Vimos que a maioria das obrigações é negociada em mercado de balcão, mas existe uma parte delas que é negociada e está associada à Bolsa de Va- lores. Para essas obrigações há a divulgação correta e praticamente diária de todas as informações essenciais, como preço, volume negociado, ranking. Por estarem associados à bolsa, seguem toda uma regulamentação, em que conceitos éticos devem ser respeitados. Por isso, nessa fração de mercado, há sempre um bom nível de transparência na transação das obrigações. A Bolsa divulga o rendimento corrente dessas obrigações. O rendimento cor- rente é o cupom de uma obrigação dividido por seu preço de fechamento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 220 Estrutura financeira da empresa Para entendermos o preço de fechamento é preciso conhecer dois ele- mentos fundamentais: o preço de compra da obrigação (BID) e o preço de venda dessa mesma obrigação, chamado Asked. No mercado de balcão, o preço de compra indica o que o distribuidor está disposto a pagar pelo título de dívida, e o preço de venda, o que está disposto a receber. A diferença entre esses dois preços é o que se chama no mercado internacional de spread e re- presenta o lucro que o distribuidor terá ao final dessa operação. Obrigações – taxa nominal e taxa real Primeiro, para efeito de revisão, vamos nos lembrar do que é uma taxa nominal e uma taxa real. A taxa nominal de um investimento é a variação percentual da quantidade de dinheiro que se possui. A taxa real de um inves- timento é a variação percentual do quanto se pode comprar com seu dinhei- ro, ou ainda, a variação percentual de seu poder aquisitivo. Logo, as taxas são chamadas de nominais quando não são ajustadas pela inflação. As taxas reais consideram os efeitos inflacionários do período e estão ajustadas ao fenômeno da inflação. Podemos desenvolver um exemplo, para entender o efeito da inflação: Vamos imaginar que os preços estejam subindo neste momento à taxa de 5% ao ano. Logo, podemos dizer que a taxa de inflação é de 5%. Logo, um investimento que dentro de um ano valerá R$1.150,00 tem um custo hoje de R$1.000,00. Logo, podemos dizer que a taxa de retorno desse investimento foi de 15,5%, não levando em conta o processo de inflação. Este é o seu retor- no nominal. Imagine que uma passagem custe R$50,00 no início do período. Com R$1.000,00 podemos comprar 20 passagens. Com uma taxa de inflação de 5%, a passagem custará 5% a mais, isto é R$52,50 ao final de um ano. Logo, ao fazer o investimento, vamos ver quantas passagens poderemos comprar ao final do ano. Essa é a taxa de retorno desse investimento, que terá implíci- ta a taxa de inflação. Logo, essa é a taxa real. Portanto, R$1.150,00 / R$52,50 será igual a 22 passagens. Logo, nosso retorno será igual a 10%. Efeito Fischer Tem esse nome em homenagem ao economista Irving Fischer e mostra a relação entre as taxas reais e nominais. Como em última instância o investidor Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 221 está preocupado com o que pode comprar com seu dinheiro, sempre exigi- rão uma taxa de retorno que recompense pela inflação. Então, o efeito Fis- cher mostra a seguinte relação: 1 + R = (1 + r) . ( 1 + h), onde h representa a taxa de inflação. Portanto, considerando uma taxa nominal de 25,5% e uma taxa de infla- ção de 7%, qual será a nossa taxa real do investimento? 1 + 0,2550 = (1 + r) . (1 + 0,07) 1 + r = 1,2550 / 1,07 1 + r = 1,1728 Logo: r = 1,1728 – 1 Logo: r = 0,17 ou 17% Então, podemos admitir que a taxa nominal tem três componentes: pri- meiro, existe uma taxa real sobre o investimento; existe também, uma com- pensação pelo decréscimo do valor da importância original, em função da inflação. E, por fim, existe uma compensação pelo fato de que o dinheiro ganho com o investimento também vale menos devido à inflação. Estrutura e termo da taxa de juros É a relação entre taxas de juros nominais de títulos livres derisco de inadimplência, do tipo de desconto puro e o prazo de vencimento. A taxa de juros a curto prazo e a longo prazo geralmente são diferentes. Em algumas vezes, as taxas de curto prazo são mais altas e em outras vezes mais baixas. Isso acontece também com as taxas de longo prazo. Logo, o mercado não é estático e suas taxas flutuam em função de cada momento. Quando as taxas de longo prazo são maiores que as taxas de curto prazo, dizemos que a estrutura da taxa de juros tem inclinação positiva, e quando ocorre o contrário, a estrutura da taxa de juros tem inclinação negativa. O que determina esses comportamentos? São três os componentes bási- cos: os dois primeiros foram aqueles vistos anteriormente: a taxa de juros e a taxa de inflação. A taxa real de juros é a compensação exigida pelo investidor para ceder o uso de seu dinheiro. Podemos considerar isso como o valor puro do dinheiro no tempo, após levar em consideração os efeitos da inflação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 222 Estrutura financeira da empresa Por isso, os investidores exigem uma compensação por essa perda gerada por taxas inflacionárias mais altas. Essa compensação é chamada de prêmio de inflação. O prêmio de inflação é a parcela da taxa nominal de juros que representa a compensação pela inflação futura esperada. Existe ainda o prêmio pelo risco de variação da taxa de juros que é a com- pensação exigida pelos investidores para suportar o risco de variação da taxa de juros. O prêmio pelo risco de inadimplência é a porção da taxa nominal de juros ou do rendimento da obrigação que representa a compensação pela possi- bilidade de inadimplência. É importante que se reconheça que os rendimen- tos das obrigações são calculados imaginando-se que todos os pagamentos prometidos serão realizados. Como isso pode não acontecer, isto é, o rendi- mento prometido pode não ocorrer, por falta de pagamento e liquidez do título, daí a importância do prêmio de risco por inadimplência. Algumas obrigações, como as municipais e estaduais, normalmente são isentas de grande parte dos impostos e, consequentemente, oferecem rendimentos bem inferiores às demais, que são tributadas. Os investidores exigem um rendimento adicional nessas obrigações que são tributáveis por causa do tratamento tributário desfavorável. Essa compensação adicional se chama prêmio pela tributação. E, por fim, as obrigações possuem graus diferentes de liquidez. Vimos que há uma grande quantidade de obrigações, sendo que a maior parte não é negociada em bases regulares e transparentes. Logo, se o objetivo é vender um título rapidamente pode-se não obter o preço que se deseja. Os investi- dores preferem ativos com fácil liquidez, portanto, exigem um prêmio pela liquidez, além de todos os outros prêmios que já foram vistos. Assim, se todo restante permanecer constante, as obrigações menos líquidas terão maiores rendimentos do que as mais líquidas. Alavancagem financeira A alavancagem financeira representa os custos financeiros fixos nos re- sultados da empresa. Pode ser definida como o uso dos custos financeiros para ampliar os efeitos de variações do lucro antes dos juros e impostos (Laji) sobre o lucro por ação da empresa (LPA). Normalmente, as grandes empre- sas que emitem obrigações são sociedades por ações. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 223 Logo, a determinação do preço e do rendimento das obrigações está re- lacionada quase sempre a fluxos de caixa não homogêneos. O valor de uma obrigação normalmente se movimenta em direção contrária ao da taxa de juros de mercado e isso pode levar a grandes perdas para quem investiu em obrigações. O LPA pode ficar muito abaixo do esperado e, assim, comprar obrigações se torna um investimento de risco razoavelmente elevado. Existe ainda um fator agravante, como vimos neste capítulo, que é o nível de transparência na negociação de obrigações ser baixo e, por isso, muitas vezes torna-se difícil saber o verdadeiro Laji da empresa. Logo, a necessidade dos prêmios apresentados (prêmio de inflação, prêmio pelo risco de variação da taxa de juros, pela inadimplência, pela tributação e liquidez), pois têm a função de dar maior tranquilidade ao investidor. E, também, vimos como a alavancagem financeira pode mostrar o grau de perda ou ganho da empresa, com base em seus custos. Mercado de ações É muito mais complexo avaliar ações do que obrigações, por uma série de razões. As ações, principalmente as ordinárias, não possibilitam conhecer com antecipação os fluxos de caixa que podem prometer. Existe ainda o fato de que como esses investimentos são normalmente eternos, eles não têm prazo de vencimento definido. Um outro ponto importante é que não há forma de observar os taxas de retorno exigidas. Vamos ver um exemplo de aplicação: Você pretende comprar uma ação hoje para vendê-la daqui um ano. Com base em dados históricos e outras informações, você presume que a ação valerá R$100,00 no prazo de um ano; faz uma previsão de que a ação irá pagar R$18,00 de dividendos neste prazo. Se você deseja uma taxa de retor- no de 20% nesta aplicação, quanto no máximo estará disposto a pagar por essa ação? Isto é, qual é o valor presente do dividendo que somado com o valor final da ação, trará um retorno de 20%? Se você comprar a ação hoje e vendê-la ao final de um ano terá R$118,00 de valor final. Valor presente = (R$18,00 + R$100,00) / 1,20 Valor presente = R$98,33 Logo, R$98,33 é o valor dessa ação hoje. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 224 Estrutura financeira da empresa Logo, podemos representar essa situação também através de fórmula: P0 = o preço da ação hoje P1 = o preço da ação daqui a um certo período D1= dividendo pago no final de certo período. r = taxa de retorno exigida pela mercado. Portanto, P0 = (D1 + P1) / ( 1 + r) P0 = (R$18,00 + R$100,00) / (1 + 0,20) P0 = R$98,33 Logo, se quiséssemos saber o valor da ação hoje, teríamos que prever pelo menos esse valor em um tempo futuro, normalmente de um ano. Como em um tempo futuro muitas variáveis esperadas e não esperadas podem ocorrer, avaliar ações é muito mais complexo que obrigações. Ampliando seus conhecimentos Reebok – um passo atrás A partir da década de 1980, uma parcela crescente dos empréstimos de empresas assumiu a forma de obrigações de baixa qualidade (junk bonds). Quando chegam a ser classificadas, essas obrigações sempre ficam abaixo do grupo de qualidade superior. Títulos de nível médio são aqueles que recebem rating BBB. Algumas obrigações são chamadas de crossover ou 5B. Isso se deve ao fato de que são classificadas como BBB por uma agência e de BB por outra. Por exemplo, em 1996 a TCI Communications vendeu títulos com prazo de três anos com rating BBB pela S&P e BB pela Moody’s. Portanto, uma agência classi- ficou a obrigação como sendo de nível intermediário e a outra como junk. O rating de crédito de uma obrigação pode alterar-se à medida que sua ca- pacidade financeira melhore ou deteriore-se. Por exemplo: na segunda-feira, de 29 de julho de 1996, a Reebok anunciou seus planos de recomprar um terço de suas ações, tendo a compra o valor de 864 milhões de dólares. Logo em seguida, a Moody’s e a S&P anunciaram que estavam revendo as dívidas da Reebok para ver se as obrigações teriam seus ratings alterados em razão Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 225 da compra. As agências de rating de crédito estavam preocupadas com a pos- sibilidade de que a recompra dificultasse aposição competitiva da empresa. Ainda em 1996, a Moody’s realmente rebaixou as dívidas a longo prazo da empresa, passando a caracterizá-la com o status de junk bond. (The New York Times, 1 jun. 2005. In: Agência Estado, maio 1995.) Veja que outra reportagem muito interessante que foi publicada, falando sobre a capacidade do Brasil de pagar suas obrigações. Risco Brasil acumula alta de 25% no ano com “desova” de títulos O risco Brasil, termômetro da desconfiança do investidor estrangeiro na ca- pacidade de o país pagar sua dívida, acumulou uma alta de 10% nesta semana e de 25% no ano. Só hoje, o indicador subiu até 3,6%, atingindo máxima de 480 pontos, o patamar mais elevado desde outubro de 2004. Essa disparada do risco reflete a desvalorização dos títulos da dívida externa brasileira, como o C-Bond e o Global 40, e as mudanças realizadas nas carteiras de grandes investidores, que estão preferindo comprar papéis do Tesouro dos EUA. Nas últimas sema- nas, grandes bancos e fundos “desovaram” papéis brasileiros no mercado, que desabaram para o preço mais baixo desde setembro do ano passado. Por exem- plo, as principais instituições financeiras norte-americanas como JP Morgan e Merrill Lynch recomendaram nos últimos dias a seus clientes que reduzam suas aplicações em títulos de países emergentes, como o Brasil. (The New York Times, 1 jun. 2005. In: Agência Estado, maio 1995.) Atividades de aplicação 1. Em uma obrigação, quais os elementos fundamentais que devem es- tar presentes nessa modalidade? 2. Uma obrigação é emitida com valor de face de R$10.000,00. O valor de cada cupom é de R$90,00. O período é um ano. Determine a taxa de cupom dessa transação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 226 Estrutura financeira da empresa 3. Como definir uma escritura de emissão e quais são as principais escrituras? 4. Uma operação com obrigações registra uma taxa nominal de 16,4% ao ano e uma taxa de inflação de 3,9% no mesmo período. Determine a taxa real aplicada para essa obrigação, utilizando a metodologia do Efeito Fischer. 5. Determinar o retorno esperado de mercado para a seguinte obrigação: Valor de mercado: R$2.071,34 Valor de cupons: R$200,00 Valor de face: R$2.000,00 Qual será o retorno até o vencimento? 6. A Empresa ABC emite uma obrigação, conforme decisão de sua assembleia ordinária com valor de face de R$100.000,00. O valor de cada cupom é de R$1.300,00. O período é o ano comercial. Nessa transação, determine o valor da taxa correlacionada a esse cupom. Gabarito 1. O cupom, que representa os juros pagos em uma obrigação; o valor de face, que é o valor do principal de uma obrigação e é devolvi- do no final do prazo estabelecido; taxa de cupom, que é o valor do cupom anual dividido pelo valor de face da obrigação; e a data de vencimento, que especifica o dia em que o valor do principal da obri- gação deverá ser pago. 2. Valor do cupom / Valor de face R$90,00 / R$10.000,00 = 0,009 ou 0,9% ao ano 3. Podemos dizer que é um acordo entre a empresa de seus financiado- res, detalhando os termos da emissão dos títulos da dívida. Uma é chamada nominativa, que é uma emissão em que se registra a propriedade de cada obrigação. Seu pagamento é feito diretamente ao proprietário. A outra se chama ao portador, e essa emissão é realizada sem o re- gistro do proprietário. O pagamento será feito a qualquer pessoa que apresentar o certificado de obrigação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura financeira da empresa 227 4. 1 + R = (1 + r) . ( 1 + h) 1 + R = (1 + 0,164) . (1 + 0,039) 1 + r = 1,1604 / 1,039 1 + r = 1,116 r = 1,116 – 1 r = 0,116 ou 11,6% ao ano 5. VP = PMT / (1 + i) + ((FV + PMT) / (1 + i)n) R$2.071,34 = R$200,00 / (1 + i) + (R$2.000,00 + R$200,00) / (1 + i)2 i = 8% ao ano 6. Valor do cupom / Valor de face R$1.300,00 / R$100.000,00 = 0,013% ao ano Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 229 Administração de caixa Matemática e língua materna. Uma correlação de existência fundamental. Ubiratan D’Ambrosio Mercado e avaliação de ações Sabemos que um dos principais objetivos do administrador financeiro é maximizar as receitas da empresa e, assim, suprir com tranquilidade suas ne- cessidades de caixa. Logo, como a maioria das grandes empresas são socie- dades por ações, esse objetivo também se estende em maximizar os preços das ações. Quando uma empresa possui ações negociadas pelo público, serão vendidas e compradas nas bolsas de valores. Por isso, é importante en- tender qual o impacto sobre o controle e gestão de caixa da empresa, todo esse processo de negociação de ações. Num determinado dia de 1997, quando a Bolsa de Valores de Nova York encerrou suas atividades, as ações da companhia Walmart estavam cotadas a 35,44 dólares. Nesse mesmo dia, uma montadora de automóveis fechava a 37 dólares e a companhia Netscape com produtos direcionados à internet, como o browser, fechava a 40 dólares. Se observarmos, os preços dessas três companhias eram muito semelhantes, portanto, imaginamos que elas esta- vam oferecendo dividendos (retornos) muito semelhantes aos seus acionis- tas. Mas nem sempre isso acontece. A Walmart distribuiu dividendos anuais por ação de 0,27 dólares. A montadora distribuiu dividendos de 1,60 dólares e a Netscape não pagou nenhum dividendo. Perceba que nem sempre há conexão entre o valor de uma ação no mer- cado e o quanto ela distribui de dividendos para seus acionistas. E aí está a necessidade de entender a administração de caixa para avaliar o grau de disponibilidades de uma empresa. Ações de crescimento É muito mais complexo avaliar ações do que obrigações. Em primeiro lugar, no caso das ações ordinárias, nem mesmo os fluxos de caixa que são Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 230 Administração de caixa prometidos aos acionistas são conhecidos com antecedência. Também pelo fato de a maioria desses investimentos serem perpétuos, pois não apresen- tam prazo de vencimento. E também pelo fato de haver grande dificuldade de medir os retornos que esses investimentos proporcionarão no futuro. Uma questão interessante a se observar é: como ficam as ações de em- presas que não pagam dividendos, como a Netscape, citada anteriormente. É normal que empresas pequenas e com crescimento acima da média rein- vistam todo o lucro que geram e, assim, acabam não pagando dividendos, pelo menos durante certo tempo. É claro que nenhum acionista vai querer receber dividendo igual a zero por muitos anos. Crescimento igual a zero Uma ação que possui dividendos com crescimento igual a zero pode ser avaliada como se fosse uma perpetuidade, ou seja, os dividendos são sempre iguais e constantes no tempo. Exemplo: A Companhia ABC tem uma política de pagar um dividendo por ação de R$10,00 a cada ano. Se essa política continuar indefinidamente, qual será o valor da ação se a taxa exigida de retorno for de 20%? Solução: P0 = Div/r ou D/r, onde o valor r é a taxa de retorno esperada. Logo: P0 = 10 / 0,20 = R$50,00 Logo, o valor da ação será de R$50,00 e essa ação tem a forma de uma perpetuidade. Crescimento constante Vamos considerar agora que sabemos que o dividendo de uma compa- nhia irá crescer a uma taxa constante. Podemos chamar esta taxa de cresci- mento de g. Sabendo-se ainda que o último dividendo pago foi D0, nosso próximo dividendo será igual a: D1 = D0 . (1 + g) Este material é parte integrante doacervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 231 Se forem dois períodos, teremos: D2 = D1 . (1 + g), logo, = [D0 . (1 + g) ] . (1 + g) = D0 . (1 + g) 2 E assim podemos continuar esse processo para calcular qualquer dividen- do no futuro, logo, podemos partir do seguinte raciocínio: Dt = D0 . (1 + g) t Os ativos que crescem a uma taxa constante são chamados de perpetui- dades crescentes. Exemplo: A Companhia ABC acaba de pagar um dividendo de R$5,00 por ação. O dividendo da ABC cresce a uma taxa constante de 8% ao ano, durante quatro anos. Qual será o valor futuro do dividendo? Solução: R$5,00 . (1,08)4 = R$5,00 . 1,3604 = R$6,80 Logo, o dividendo crescerá R$1,80 ao longo dos próximos quatro anos. Podemos também prever um número infinito de dividendos futuros a uma única taxa de crescimento. E aí, se D0 é o último dividendo pago e g a taxa de crescimento constante, podemos expressar por: P0 = D1 / (1 + r) 1 + D2 / (1 + r) 2 + .... + Dn / (1 + r) n, sendo r nossa taxa de desconto. Observação: Se a taxa g de crescimento for menor que a taxa r de desconto, o valor presente dessa série de fluxos de caixa poderá ser apresentado por: P D r – g0 0 = ( ). 1 + g Essa fórmula recebe o nome de modelo de crescimento de dividendos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 232 Administração de caixa Portanto, um modelo de crescimento de dividendos é um modelo que determina o preço constante de uma ação através da divisão de seu primeiro dividendo obtido no futuro (normalmente um ano) pela taxa de desconto menos a taxa de crescimento. Vamos ver um exemplo de aplicação: Exemplo: Considere que um dividendo no momento zero seja de R$2,80, que a taxa de desconto seja de 13% e a taxa de crescimento igual a 6%. Determinar o preço dessa ação: Solução: P D r – g0 0 = ( ). 1 + g P0 = R$2,80 . (1 + 0,06) / (0,13 – 0,06) P0 = R$2,80 . 1,06 / 0,07 P0 = R$42,40 Agora, vamos imaginar que estejamos interessados em calcular o preço da ação do exemplo anterior para daqui há cinco anos. Para isso é necessário em primeiro lugar determinar o dividendo no momento cinco. Como o divi- dendo no momento zero era de R$2,80 e a taxa de crescimento era de 6%, o dividendo no momento cinco será: D5 = R$2,80 . (1,06) 5 D5 = R$2,80 . 1,3382 Logo: D5 = R$3,75 Com base no modelo de crescimento de dividendos, podemos dizer que o preço da ação daqui há 5 anos será de: P5 = D5 . (1 + g) / r – g P5 = R$3,75 . (1 + 0,06) / (0,13 – 0,06) P5 = R$3,75 . 1,06 / 0,07 P5 = R$56,78 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 233 Há uma premissa que diz: se os fluxos de caixa de um investimento au- mentarem a uma taxa constante ao longo de um período de tempo, o valor do investimento crescerá na mesma proporção. Logo, o modelo de cresci- mento de dividendos contém uma premissa implícita de que o preço da ação crescerá à mesma taxa constante que o dividendo. Vamos ver um exemplo para entender melhor esse conceito: Exemplo: A Companhia ABC pagará o próximo dividendo no valor de R$6,00 por ação. Seus acionistas (investidores) exigem uma taxa de retorno de 15%, que é o que pagam empresas semelhantes à ABC. Os dividendos da ABC aumen- tam 6% a cada ano. Utilizando o modelo de crescimento de dividendos, vamos determinar qual o valor da ação da ABC hoje e o seu valor daqui a seis anos. Solução: Observação: como o próximo dividendo D1 já foi dado, não precisamos ter a preocupação de multiplicar por (1 + g). Logo, o preço da ação da ABC hoje é: P0 = D1 / (r – g) P0 = R$6,00 / (0,15 – 0,06) P0 = R$6,00 / 0,09 P0 = R$66,66 Já sabemos o valor da ação em um ano, que é R$6,00, podemos obter o dividendo para daqui há seis anos, fazendo: D1 . (1 + g) 5 = R$6,00 . (1,06)5 = R$8,02 Logo, o preço da ação para daqui há seis anos será: P6 = D6 . (1 + g)/ (r – g) P6 = R$8,02 . 1,06 / (0,15 – 0,06) P6 = R$94,45 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 234 Administração de caixa Existem situações em que a taxa de crescimento de dividendo g é maior que a taxa de desconto r. Neste caso, teríamos uma ação com preço negati- vo, pois r – g será menor que zero. Mas, na prática não é isso que ocorre. Se a taxa de crescimento for maior que a taxa de desconto, o preço da ação será infinitamente alto, logo, o valor presente dos dividendos vai ficando cada vez maior. O mesmo irá ocorrer se a taxa de crescimento g e a taxa de desconto r forem exatamente iguais. Na prática, não tem nenhum sentido nessas duas situações. Componentes do retorno exigido Vamos examinar agora quais as consequências do modelo de crescimento de dividendos para o retorno exigido. Até agora, calculamos P0 como sendo: P D r g0 1= −( ) Ajustando nossa fórmula, temos: r g D P − = 1 0 Isso mostra que o retorno tem dois componentes importantes. O primeiro componente é D P 1 0 , que é definido como taxa de dividendo (dividend yield). Como ele é obtido a partir do coeficiente do dividendo esperado e o preço corrente da ação, é semelhante ao rendimento corrente de uma obrigação. O outro componente do retorno total é a taxa de crescimento chamada g. Sabemos que essa taxa mostra como o preço da ação pode crescer. Logo, podemos interpretá-la como a taxa de ganho de capital, isto é, a taxa que mostra o crescimento do valor do investimento realizado. A seguir um exemplo de aplicação para esses conceitos. Uma ação está sendo negociada no mercado ao valor de R 35,00. O pró- ximo dividendo a ser pago está projetado em R$2,50. Você imagina que o Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 235 dividendo crescerá a uma taxa de 10% ao ano ou menos, indefinidamente. Que retorno vai oferecer a ação, se suas projeções forem acertadas? Solução: r (taxa de dividendo) + g (taxa de ganho de capital) r = D1/P0 + g logo: r = R$2,50 / R$35,00 + 10% r = 0,071 + 10% r = 7,1 + 10 = 17,1% Portanto, essa ação tem um retorno exigido de 17,1%. É possível verificar o resultado que obtivemos a partir do cálculo do preço da ação daqui há um ano. É só usar o modelo de crescimento de dividendos. P1 = D1 . (1 + g) / (r – g) = R$2,50 . 1,10 / (0,171 – 0,10) = R$2,75 / 0,071 = R$38,73 Características das ações ordinárias São ações que não possuem preferência especial, em casos de pagamen- tos de dividendos, e nem em caso de falência da empresa. Uma sociedade por ações normalmente define que são os acionistas que elegem o seu con- selho de administração, e esse conselho geralmente contrata os gestores que colocarão em prática suas linhas de administração. Logo, são os acionis- tas os controladores dessa sociedade, porque possuem o direito de eleger seus administradores. Em tese, quase sempre, somente os acionistas têm esse direito. A cada ano, esses conselhos são eleitos em assembleias ordinárias e quase sempre cada ação dá direito a um voto. Perceba que não é um voto por cada acionista. E é o voto da maioria dos acionistas que elege esses conselheiros. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 236 Administração de caixa Contudo, esse mecanismo de eleição pode variar de empresa para em- presa. A distinção principal está associada entre a maioria simples e a maio- ria cumulativa. Imagine uma sociedade com dois acionistas, Pedro e José, e ambos querem ser membros do conselho. José não aceita Pedro no conselho. Serão quatroos conselheiros eleitos nesta assembleia. A votação cumulativa tem um mecanismo que permite a participação de grupos minoritários. Logo, se for permitida a votação cumulativa, o número total de votos que cada acio- nista poderá dar será estabelecido primeiro. Normalmente, esse cálculo se dá entre o número de ações que cada acionista possui ou controla e o número de conselheiros que serão escolhidos. Em nosso caso, são quatro. Portanto, neste tipo de votação, todos os conselheiros são eleitos de uma vez. Isso mostra que os quatro mais votados serão os novos integrantes do conselho. Logo, um acionista poderá repartir seus votos da forma que dese- jar, sendo o suficiente para eleger um ou mais conselheiros, se ignorarmos a possibilidade de empate nesta situação. Ainda em nosso caso, Pedro possui 20 ações e José possui 80 ações. Vamos analisar se Pedro poderá conseguir um cadeira no conselho: Pedro possuirá 20 . 4 = 80 votos e José terá 80 . 4 = 320 votos. Se Pedro der todos os seus votos a si mesmo, estará com sua eleição garantida. Pois José não será capaz de dividir 320 votos entre quatro candidatos de maneira a dar mais do que 80 votos a todos e assim, Pedro terminará em quarto lugar na pior das situações. Podemos dizer que votação cumulativa é aquela em que um acionista direciona todos os seus votos para um único membro do conselho de admi- nistração da empresa. Na votação simples, tudo é mais fácil. Todos os conselheiros são eleitos, um de cada vez. A cada rodada de votação, José pode dar 80 votos e Pedro seus 20. Logo, com certeza, José elegerá todos os seus candidatos. A única maneira segura de conseguir um lugar no conselho é ter pelo menos 50% das ações mais uma. Há ainda a possibilidade de votar por procuração. A procuração é uma cessão de poderes dada por um acionista que permite a um terceiro utili- zar suas ações em uma votação. É natural que os administradores que estão conduzindo a sociedade procurem obter o máximo possível de procurações, para manterem-se na administração. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 237 Algumas empresas procuram manter mais de uma classe de ações ordi- nárias. Essas classes normalmente são criadas com direito de voto diferentes. Há empresas que possuem uma segunda classe de ações ordinárias, que não são negociadas publicamente. Elas estão nas mãos de membros da família ou de agentes fiduciários. Esse grupo, às vezes, pode ter um poder de voto expressivo. Esse tipo de modelo não é bem visto em geral pelas Bolsas de Va- lores. A Bolsa de Valores de Nova York, que é a maior do mundo, não permite às empresas a criação de classes de ações negociadas publicamente com direito de voto diferentes. Mas há exceções, por exemplo, a Ford. Podemos relacionar ainda outros direitos relacionados aos acionistas que possuem ações ordinárias: participar proporcionalmente no pagamento de dividendos; no caso de ativos remanescentes, após o pagamento dos passivos, também participar proporcionalmente. Isso em caso de liquidação da empresa; no caso de fusões e outras decisões muito importantes, têm o direito de deliberar e discutir nas assembleias gerais ordinárias e extraordinárias; algumas vezes, têm direito à participação proporcional em qualquer aumento de capital, e esse direito é chamado de direito de prefe- rência. Isso significa que se a empresa emitir novas ações precisará primeiro oferecê-la aos acionistas existentes, antes de abrir para o público em geral. Uma das razões é possibilitar aos acionistas a opor- tunidade de se defenderem contra a fragmentação de sua participa- ção na empresa. Dividendos As sociedades anônimas possuem ações e estão autorizadas por lei a pagar dividendos aos proprietários dessas ações. Os dividendos que são pagos aos acionistas representam o retorno que estarão recebendo pelo capital que in- vestiram de forma direta ou indireta nessa empresa. Quem define os critérios para pagamento dos dividendos é o conselho de administração da empresa. Mas os dividendos têm características muito importantes que precisam ser avaliadas: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 238 Administração de caixa o dividendo não é um passivo da empresa. As empresas não podem falir pelo fato de não pagarem os dividendos. O pagamento ou não de dividendos depende de decisão do conselho de administração; os dividendos não são dedutíveis no imposto de renda de pessoa jurídica, isto é, são pagos normalmente com base no lucro líquido da empresa; dividendos recebidos por acionistas individuais são em grande parte considerados como receitas pelas autoridades tributárias, sendo inte- gralmente tributados. Características das ações preferenciais Elas se diferem das ações ordinárias porque têm preferência na distribui- ção de dividendos e ativos que a empresa possui em caso de liquidação. Os portadores das ações preferenciais devem receber seus dividendos, antes dos acionistas ordinários. Do ponto de vista legal e tributário, a ação prefe- rencial é uma forma de capital próprio da empresa. Mas um dividendo de ação preferencial não é semelhante aos juros rela- tivos a obrigações. O conselho pode resolver não pagar dividendos de ações preferenciais, e essa decisão não tem necessariamente relação com o lucro líquido corrente da empresa. Os dividendos podem ser cumulativos ou não. Se forem cumulativos e não forem pagos em determinado período, serão acumulados para o período se- guinte. Porém, independente da situação, cumulativa ou não, os dividendos devem ser pagos antes que os acionistas ordinários recebam algum valor. Frequentemente, as ações preferenciais são comparadas às obrigações, ou seja, as ações preferenciais são dívidas da empresa, uma espécie de obri- gação do capital próprio. Os acionistas preferenciais recebem apenas um di- videndo fixo e, se a empresa for liquidada, receberão um valor determinado previamente. As ações preferenciais, algumas vezes, podem ser convertidas em ações ordinárias, e podem ser resgatáveis. Nos últimos anos, muitas emissões de ações preferenciais preveem a exis- tência de um fundo de amortização, isto é, esses fundos criam um prazo de vencimento e logo essa emissão será totalmente resgatada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 239 Mercado de ações As ações são compradas e vendidas em várias bolsas de valores pelo mundo. Atualmente, as duas bolsas mais importantes se chamam New York Stock Exchange (Nyse – Bolsa de Valores de Nova York) e National Associa- tion Securities Dealers Automated Quotation System (Nasdaq). No Brasil, a bolsa mais importante se chama Bovespa e deve se transformar nos próxi- mos anos em uma das cinco maiores bolsas de valores do mundo. Divide-se em mercado primário e mercado secundário. No mercado pri- mário, também chamado de mercado de novas emissões, as ações são apre- sentadas pela primeira vez ao mercado e vendidas aos investidores. No mer- cado secundário, as ações são negociadas, isto é, compradas e vendidas por investidores. Distribuidores e corretores de valores A maior parte das transações realizadas com ações envolve distribuidores e corretores. Um distribuidor é um agente que compra e vende títulos de seu próprio estoque. Já um corretor é um agente que organiza a negocia- ção de títulos entre investidores. É importante lembrar que um distribuidor avalia que preço estará disposto a pagar por uma ação e recebe o nome de preço de oferta de compra. O preço que irá vender esse título recebe o nome de preço de oferta de venda. A diferença entre o preço de venda e o preço de compra é chamado de spread, e essa é afonte de lucro distribuidor. Um corretor faz a transação entre investidores, juntando os investidores que desejam comprar títulos com os que desejam vendê-los. Uma diferença dos corretores para os distribuidores é que eles não compram e vendem tí- tulos comprados com recursos próprios, mas apenas fazem a intermediação entre os negócios. Organização da bolsa de valores A Bolsa de Valores de São Paulo é o único centro de negociação de ações do Brasil e se destaca como a maior Bolsa de Valores da América Latina, concentrando cerca de 70% do volume de negócios. Ela atua também em renda fixa e é dotada de uma base tecnológica comparável à dos mercados mais desenvolvidos do mundo. A Bovespa mantém um papel de destaque Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 240 Administração de caixa perante os mercados internacionais, atuando na World Federation of Exchanges (WFE), na Federação Ibero-americana de Bolsas (FIAB) e na International Organization of Securities Commission (IOSCO). A bolsa de valores possui centenas de membros. Portanto, coletivamen- te, os membros são os donos da bolsa. Os donos podem comprar e vender títulos sem pagar comissão, por isso os assentos na bolsa são ativos muito valorizados. A maior parte dos membros da bolsa estão cadastrados como corretores comissionados. Eles são membros da bolsa que executam ordem de compra e de venda de ações de clientes transmitidas ao pregão. O se- gundo grupo é formado por especialistas. Os especialistas são membros da bolsa que atuam como distribuidores de um pequeno número de títulos no pregão e são chamados geralmente de formadores do mercado. São os especialistas que fornecem os preços de compra e de venda para os títulos aos quais gerenciam. Em terceiro plano temos os corretores de pregão. A função dos indivíduos desse grupo é serem designados pelos corretores comissionados para que executem algumas ordens de compra e de venda. Nos últimos tempos, os corretores de pregão vêm se tornando menos importantes devido ao avanço tecnológico. Hoje, programas como o Designated Order Turnaround (DOT) que significa "Giro de Ordem Designa- da" permite que a maioria das ordens de compra e venda sejam transmitidas eletronicamente diretamente aos especialistas. O último grupo é formado pelos operadores de pregão, que são os mem- bros da bolsa que negociam por conta própria, antecipando-se às flutuações de preços desse mercado. Os clientes de bolsa são os milhares de investidores individuais e deze- nas de milhares de investidores institucionais que colocam suas ordens de compra e de venda de ações das empresas registradas. A Bolsa de Valores de São Paulo tem sido muito bem-sucedida em atrair esses fluxos de ordens. A economia estável e positiva do mercado brasileiro nos últimos anos permi- tiu esse aumento considerável de transações na bolsa. Em um só dia, milhões de ações podem mudar de mãos. Atividades de pregão O dia de trabalho na Bovespa recebe o nome de pregão. Ele pode ser dividi- do em viva voz ou eletrônico. O eletrônico também é chamado de megabolsa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 241 No viva voz, os corretores que são funcionários das empresas corretoras que intermediam os negócios entre os investidores, compram e vendem ações das 11h até, aproximadamente, às 18h. No megabolsa, toda negociação de compra e venda dos títulos é feito eletronicamente. Claro que o avanço da tecnologia nos últimos anos fez com que essa área da bolsa se desenvolvesse de forma espetacular. Através de um programa computacional, acontece o cruzamento de informações e as transações são efetuadas. Logo, uma corretora, ao receber a ordem de um investidor, de compra ou venda, entra no software com sua senha e informa à bolsa que alguém quer comprar um lote de ações. O programa irá procurar quem está vendendo esse lote. A partir daí, as partes fazem os contatos e acertos finais. No sistema eletrônico são negociadas as ações listadas na Bovespa e no pregão viva voz apenas as 15 ações com maior liquidez do mercado. Nasdaq A Nasdaq é maior que a Nyse se considerarmos o número de ações ne- gociadas em vários dias. O mercado da National Association of Securities Dealers Automated Quotations, isto é, Sistema de Cotação Automatizada da Associação Nacional dos Distribuidores de Títulos, foi criado em 1971 e é uma rede computadorizada que mostra cotações de preços online aos assi- nantes do sistema. Os distribuidores atuam como formadores de mercado e oferecem os preços de venda e compra e divulgam, ainda, a quantidade de ações que se obrigam a comprar a cada cotação de preço. As duas principais diferenças entre a Nyse e a Nasdaq são: sendo uma rede computadorizada, a Nasdaq não tem um endereço físico de negociação e possui um sistema com diversos formadores de mercado, pois é um sistema de especialistas. Retornos sobre investimentos em ações Retorno monetário Quando compramos um ativo de qualquer tipo, como um lote de ações, por exemplo, nosso ganho ou perda nesse investimento será definido como retorno monetário sobre o investimento. Vamos ilustrar com um exemplo prático: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 242 Administração de caixa Partimos do pressuposto que a Empresa ABC tenha milhares de ações. Adquirimos algumas dessas ações no início do ano. Agora que estamos no final do ano, desejamos determinar qual foi o rendimento, ou seja, o desem- penho de nosso investimento. Sabemos que ao longo do ano a ABC pagará dividendos aos acionistas e, como somos acionistas, somos também pro- prietários da empresa. Portanto, deveremos receber algum dinheiro e esse dinheiro corresponde ao componente de rendimento corrente, resultado de possuirmos as ações. Além dos dividendos, o ganho ou perda de capital, como já vimos, é a parte restante de nosso investimento. Essa parte é decorrente das variações do valor de nosso investimento. Vamos aplicar agora a uma situação de cálculo. Exemplo: No início do ano, uma ação está sendo vendida por R$37,00. Se comprar- mos 100 ações, faremos um desembolso total de R$3.700,00. Se no final do ano a ação pagar um dividendo de R$1,85 e valor R$40,33, qual será nosso retorno monetário? Solução: P1 = D1 . Q Dividendo = R$1,85 . 100 = R$185,00 Nosso ganho de capital será: (P1 – P0 ) . Q (R$40,33 – R$37,00) . 100 = R$333,00 Logo, nosso retorno monetário total será: ∑ D1 + GC, que é soma de todos os dividendos relativos a 100 ações mais o ganho de capital: R$185,00 + R$333,00 = R$518,00 Portanto, se vendêssemos a ação no final do ano, o volume total de caixa que receberíamos seria igual ao investimento inicial mais o retorno total: Volume total de caixa = Investimento Inicial + Retorno Total R$3.700,00 + R$518,00 = R$4.218,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 243 Podemos confirmar essas operações fazendo: Valor recebido pelas vendas + dividendos das ações R$40,33 . 100 + R$185,00 R$4.033,00 + R$185,00 R$4.218,00 Retorno percentual É muito mais fácil entender as informações sobre retornos, quando estão apresentados na forma percentual, e não monetária, porque assim, indepen- de do valor que foi investido. Em nosso exemplo anterior, vimos que o preço da ação no início do ano era de R$37,00 e que o dividendo pago por ação ao longo do ano foi de R$1,85. Logo: Taxa de dividendo = D t + 1 / Pt = R$1,85 / 37 = 0,05 ou 5% Podemos dizer então que para cada real que investimos recebemos 5% de dividendos. O segundo componente do retorno percentual é a taxade ganho de capi- tal e ela é calculada pela variação do preço durante o ano. Logo: Taxa de ganho de capital = (P t + 1 – P t ) / P t = ( R$40,33 – R$37,00) / R$37,00 = R$3,33 / 37 = 0,09 ou 9% Logo, para cada real investido vamos ganhar nove por cento de ganho de capital. Nosso retorno percentual total será: 5% + 9% = 14% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 244 Administração de caixa Retornos médios A maneira mais fácil de se obter o retorno médio é somar todos os retor- nos periódicos e dividi-los pelo número de períodos observados. O resultado é chamado de média histórica dos valores individuais. Exemplo: Imaginamos que temos 60 retornos anuais de ações ordinárias que soma- dos são iguais cerca de 10,28. Logo, para obter retorno médio fazemos: ∑ R/N – Somatório dos retornos / Média aritmética dos retornos 10,28 / 60 = 0,17 ou 17% A interpretação desse valor é a mesma utilizada para interpretar qualquer média. Logo, se escolhêssemos um ano aleatório entre os 60 para estimar o retorno, a melhor resposta seria em torno de 17%. Prêmios por risco Normalmente, o governo vai ao mercado tomar dinheiro emprestado. Para isso emite obrigações, ou seja, títulos da dívida pública. As mais comuns são chamadas de letras do tesouro. Essa forma de título possui o menor prazo de vencimento entre todas as emissões de títulos e dívidas do governo. Uma coisa que já sabemos há muito tempo, principalmente no Brasil, é que o governo sempre pode cobrar impostos para pagar suas dívidas, portanto, suas contas são teoricamente livres de inadimplência em curto prazo. Logo, podemos chamar essa taxa de retorno das dívidas do governo de retorno livre de risco e ela será usada como referência nas nossas observações. Podemos fazer uma comparação bastante interessante entre a taxa de retorno livre de risco das letras do tesouro do governo e o retorno das ações ordinárias de risco elevado no mercado. A diferença entre esses dois parâ- metros pode ser avaliado como uma medida de retorno excedente do ativo com risco médio. Normalmente, as ações das grandes empresas têm pratica- mente o risco médio quando comparadas a todos os ativos com risco. Essa diferença de retorno é chamada excedente porque é obtida a partir de um retorno adicional ao mudarmos uma aplicação geralmente livre Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 245 de risco (como comprar um título do governo) para uma ação com risco (de uma empresa privada). Essa recompensa que temos por assumir esse grau de risco é chamada de prêmio por risco. Portanto, o prêmio por risco é o retorno excedente exigido, de uma aplica- ção em um ativo com risco, acima do exigido de uma aplicação livre de risco. Vamos observar um exemplo prático. A probabilidade de que a economia alcance um crescimento moderado no próximo ano é de 50%. Já a probabilidade de recessão é de 20% e a pro- babilidade de expansão rápida da economia é de 30%. Se a economia entrar em recessão, pode-se esperar que o retorno de sua carteira seja igual a 5%. Com o crescimento moderado esse retorno será de 8%. Na expansão será de 15%. Pede-se o retorno esperado e o desvio-padrão da taxa de retorno. Para resolvermos esse problema, precisamos de alguns conceitos impor- tantes, como variância e desvio-padrão. A variância é a média do quadrado das diferenças entre o retorno efetivo e o retorno médio. Quanto maior esse número, mais o retorno verdadeiro tende a ser diferente do retorno médio. O desvio-padrão é a raiz quadrada da variância. Utilizamos a raiz quadrada porque a variância é medida em percentuais ao quadrado e, portanto, muito difícil de ser interpretada. O desvio-padrão é uma porcentagem simples. Vamos à resolução: Cenário Retornos x Probabilidades Retorno Médio (R x – RM) = D D 2 x Prob. Moderado 8% 0,50 8 . 0,50 = 4 (8 – 9,5) = –1,5 1,13 Recessão 5% 0,20 5 . 0,20 = 1 (5 – 9,5) = –4,5 4,05 Expansão 15% 0,30 15 . 0,30 = 4,5 (15 – 9,5) = 5,5 9,08 Total: 9,5% Total: 14,26 Retorno médio esperado: 9,5% Variância: 14,26 Desvio-Padrão: 14 26 3 76, , %= , que é a taxa de risco do investimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 246 Administração de caixa Sabemos que quanto maior a recompensa de um investimento, também será maior o nível de risco envolvido na operação. Em média, assumir riscos é muito bem recompensado, mas existe uma possibilidade significativa de se perder dinheiro. Se observarmos apenas um dia o comportamento das ações nas bolsas de valores, veremos ações com alto grau de volatilidade. Riscos relativos ao mercado de ações Ações são ativos de renda variável, porque não oferecem ao investidor uma rentabilidade garantida, consolidada e previamente definida. Por essa razão, este é um investimento considerado de risco. A rentabilidade dos investidores é composta de dividendos ou participação nos resultados e benefícios con- cedidos pela empresa emissora, além do eventual ganho de capital quando da venda da ação no mercado secundário. O retorno do investimento vai de- pender de muitos fatores como: desempenho da empresa, comportamento da economia brasileira e internacional etc. Por esse motivo, é aconselhável que o investidor não dependa do recurso aplicado em ações para gastos imediatos e que tenha um horizonte de investimento de médio e longo prazo, quando eventuais desvalorizações das ações poderão ser revertidas. Riscos operacionais do uso de internet Qualquer investidor está sujeito a encontrar problemas em suas cone- xões à internet, devido à diversidade de fatores inerentes ao uso desse meio. Mesmo com a utilização das mais modernas tecnologias de informática, é importante que o usuário tenha certos cuidados básicos ao operar seus equipamentos domésticos, sobre os quais a instituição provedora do serviço não tem responsabilidade e os quais esta não tem formas de gerenciar. Riscos relativos ao ciclo de liquidação Integrada à Bovespa está a Companhia Brasileira de Liquidação e Custó- dia (CBLC) que é a responsável por todas as operações realizadas no mer- cado. Qualquer operação de venda no mercado à vista, as ações, objeto de negociação, deverá estar disponível na conta de custódia do vendedor, para entrega ao comprador até o horário limite estabelecido pela CBLC. Não entregar ou entregar parcialmente as ações que foram negociadas caracterizam a falta da entrega de ativos e isso resulta em multas altas ao Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 247 vendedor das ações. Se os ativos não forem entregues no mesmo dia, será acionado o mecanismo de tratamento de falta de entrega chamado proces- so de recompra de ativos e será cobrada nova multa sobre o valor dos ativos que não foram regularizados. Podemos avaliar, então, que os ativos com risco, em média, proporcio- nam prêmios por risco e há uma recompensa em assumir esse risco e ainda, quanto maior essa recompensa em potencial por investimento com risco, maior é o risco. Essas considerações são muito importantes para o adminis- trador financeiro, pois todas essas questões afetam diretamente seu caixa e seus excedentes de caixa, que são os investimentos. Ampliando seus conhecimentos Agência eleva Brasil a grau de investimento; Bovespa dispara 6,3% (BARBIRATI, 2008) A agência de classificação de risco Standard & Poor’s, uma das principais do mundo, anunciou nesta quarta-feira que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classifica- ção para receber investimentos estrangeiros. Com isso, aBovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) disparou e bateu recorde ao atingir 67.868 pontos, alta de 6,33%. A elevação do rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo passou de BB+ para BBB–, nota que já está incluída no grupo classificado como grau de investimento. Entenda o que é rating ou nota de risco O grau de investimento é a classificação dada pelas agências de rating a países com poucas chances de deixar de honrar suas dívidas. Com a nota, o Brasil poderá receber recursos de grandes fundos internacionais que só têm autorização para investir em mercados que já conquistaram essa chancela de bom pagador. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 248 Administração de caixa A agência também elevou o rating do Brasil em moeda local de longo prazo de BBB para BBB+, enquanto o rating para moeda local de curto prazo foi ajus- tado de B para A-3. Já a perspectiva para o rating brasileiro foi colocada como “estável”. Na metodologia da S&P, isso significa que o rating deve ser mantido pelos próximos dois anos, com poucas chances de ser alterado. Em seu comunicado, a S&P afirma ainda que a revisão do rating brasileiro reflete “a maturidade das instituições do Brasil e da política monetária” e “a me- lhoria das tendências de crescimento”. A S&P faz ressalvas em relação à dívida pública, que “permanece mais alta do que os outros com outros países BBB”. Mesmo com essa ressalva, a agência pondera ainda que “um registro ra- zoavelmente previsível de políticas pragmáticas de gestão fiscal e da dívida ameniza esse risco”. A S&P não esquece da dívida externa, “que caiu dramaticamente”, diz. Em fevereiro, o governo brasileiro anunciou com estardalhaço que o país tinha se tornado “credor externo líquido”, isto é, que as reservas cambiais, somadas aos créditos privados no exterior, haviam superado o valor da dívida externa pública e privada. O anúncio da S&P surpreendeu o mercado financeiro e mesmo integrantes do governo, que somente esperavam novidades para 2009 devido ao impacto, ainda desconhecido, da crise econômica americana sobre as economias emergentes. No final de fevereiro, a presidente da agência de classificação de risco Stan- dard & Poor’s no Brasil, Regina Nunes, havia dito que o Brasil estava no cami- nho certo para alcançar o grau de investimento, mas antes precisava melhorar os números da dívida interna, reformular a legislação tributária e investir em infraestrutura. Repercussão O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a concessão de grau de investimento ao Brasil vai ajudar a reduzir o risco-país e as taxas de juros para os tomadores brasileiros de crédito. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 249 Sobre a possível entrada maior de dólares no Brasil por conta do grau de investimento, Mantega disse que o governo não deve agir no curto prazo para conter esse movimento e reafirmou a política de câmbio livre flutuante. O economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, Jason Vieira, diz que a decisão abre espaço para um fluxo maior de investimentos internacionais. O fluxo maior de investimentos pode afetar o câmbio, mas em um primeiro momento os setores exportadores não sentiriam tanto o impacto, segundo o economista. “Os valores do dólar para os contratos de exportação já estão fechados para 2008. Os efeitos ficarão, assim, para 2009”, afirmou. Vieira disse que o dólar agora deve buscar a marca de R$1,60 – a moeda americana encer- rou o dia hoje cotada a R$1,664. Já Juan Jensen, economista da Tendências e professor do Ibmec-SP, diz que o rating cria um momento de euforia no mercado, mas já foi “precificado” pelos agentes financeiros e investidores. Entenda O rating é uma opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas espe- cializadas, as agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um default, isto é, de suspensão de pagamentos. Ao publicar uma nota de risco de crédito, os especialistas dessas agências ava- liam além da situação financeira de um país, as condições do mercado mun- dial e a opinião de especialistas da iniciativa privada, fontes oficiais e acadêmi- cas. O rating é sempre aplicado a títulos de dívida de algum emissor. Se uma empresa quer captar recursos no mercado e oferece papéis que rendem juros a investidores, a agência prepara o rating desses títulos para que os potenciais compradores avaliem os riscos. As agências, portanto, classificam debêntures, medium-term notes, títulos de dívida conversível, mas não ações. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 250 Administração de caixa Atividades de aplicação 1. Suponha que você comprou no início do ano 1 000 ações de uma em- presa de telefonia fixa ao preço de R$2,00 a unidade e que ao final des- se ano essa ação esteja valendo R$3,50 e que distribuiu um dividendo de R$0,30 por ação. Qual o retorno absoluto do seu investimento? 2. Com os dados do exemplo anterior calcule o retorno percentual total. 3. Suponha que o retorno de uma ação nos meses de janeiro, fevereiro e março foram R$2,05; R$1,92 e R$2,35. Calcule o retorno médio dessa ação no trimestre em questão. 4. Considere as possíveis taxas de retorno que podem ocorrer para o pró- ximo período, se o investidor adquirir as ações do tipo A: Situação da economia Probabilidade de ocorrência Retorno da ação A se essa situação ocorrer Recessão 0,2 –10% Normal 0,5 30% Expansão (boom) 0,3 40% Calcule o retorno esperado da ação A. 5. Considere as possíveis taxas de retorno que podem ocorrer para o pró- ximo período, se o investidor adquirir as ações da empresa A, calcule o risco dessa ação. Situação da economia Probabilidade de ocorrência Retorno da ação A se essa situação ocorrer Recessão 0,2 –10% Normal 0,5 30% Crescimento 0,3 40% 6. Uma ação está sendo negociada no mercado ao valor de R$80,00. O próximo dividendo a ser pago está projetado em R$6,50. Você imagina que o dividendo crescerá a uma taxa de 15% ao ano ou menos, inde- finidamente. Que retorno vai oferecer a ação, se suas projeções forem acertadas? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Administração de caixa 251 Gabarito 1. Dividendos: R$0,30 . 1 000 = R$300,00 Ganho de capital: (R$3,50 – R$2,00) . 1 000 = R$1.500,00 Retorno absoluto: R$300,00 + R$1.500,00 = R$1.800,00 2. Taxa de rendimento TD t = +Div P t 1 = (0,30 / 2) = 0,15 (15%) Ganho de Capital GC P Pt+1 P = = Pt+1 – Pt t t –1 = (3,5 / 2,0) – 1= 0,75 (75%) Retorno total percentual = 15% + 75% = 90% 3. R R1 + R2 + ... +Rn Nm = Rm = = 2,05 + 1,92 + 2,35 3 2 1, 4. RA = E[rA] = rA . p(rA) = 0,2 . (– 10) + 0,5 . (30) + 0,3 . (40) = 25% 5. A variância é dada pela fórmula V r E r r r r P ri i( ) [( ) ] ( ) . ( )= − = −∑2 2 Portanto, devemos primeiro calcular o retorno esperado da ação: RA = E[rA] = rA . p(rA) = 0,2 . (– 0,1) + 0,5 . (0,3) + 0,3 . (0,4) = 0,25 V(rA) = (– 0,1 – 0,25) 2 . (0,2) + (0,3 – 0,25)2 . (0,5) + (0,4 – 0,25)2 . (0,3) = 0,0245 + 0,00125 + 0,00675 = 0,0325 DP rA( ) , , ( , %)= =0 0325 0 1803 18 03 6. Temos então: r (taxa de dividendo) + g (taxa de ganho de capital) r = D1 / P0 + g logo: r = R$6,50 / R$80,00 + 15% r = 0,081 + 15% r = 8,1 + 15 = 23,1% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parteintegrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 253 Análise de investimentos Toda a educação científica que não se inicia com a Matemática é, naturalmente, imperfeita na sua base. Auguste Comte Antes de tomarmos uma decisão, seja em qualquer situação, profissional, pessoal ou financeira, por exemplo, é muito comum avaliarmos todos os prós e contras dessa situação. Pelo menos isso é o que aconselha o bom senso. Quando uma empresa avalia uma proposta de investimentos é importan- te observar quais são as informações mais relevantes e menos importantes que estão envolvidas nesta análise e projeção. Nesse aspecto, os fluxos de caixa descontados são fundamentais para que essa análise ocorra de forma correta. Portanto, todas as informações financeiras e contábeis já estudadas, como o valor presente líquido, a taxa interna de retorno, o payback, ROA, ROE e outras medidas, voltam à cena para que se possa validar ou não a im- plantação dessa nova proposta de investimento. A primeira etapa importante dessa análise é decidir quais são os fluxos de caixa que são mais relevantes e como eles podem alterar os fluxos gerais da empresa. Quer dizer, para aceitar um projeto é importante saber que ele pode alterar profundamente os fluxos gerais da empresa no momento atual e também no futuro, pois normalmente os projetos são pensados em longo prazo. Fluxos de caixa relevantes Um fluxo de caixa relevante em um projeto é aquele que provoca uma mudança no fluxo geral de caixa da empresa que está vinculado à questão de se aceitar ou não este projeto. E a diferença entre os fluxos de caixa futu- ros da empresa que podem ser obtidos com o novo projeto e aqueles que seriam possíveis sem o projeto recebe o nome de fluxos de caixa incremen- tais. Portanto, entender o conceito de fluxo incremental é fundamental na análise de implantação de um projeto. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 254 Análise de investimentos Em termos gerais, podemos dizer que os fluxos de caixa incrementais, quando observados em uma avaliação de projetos de investimentos, refle- tem toda e qualquer alteração nos fluxos futuros da empresa que serão de certa forma influenciados pela realização do projeto. Exemplo: Uma empresa de transportes aéreos muito bem posicionada no mercado, que paga seus credores e fornecedores em dia, tem uma situação de ativos excelente e um projeto de desenvolvimento futuro com compra e assinatura de opção firme para novas aeronaves, compra uma outra empresa em fase terminal. Na verdade, o que interessa a essa empresa bem posicionada são as linhas que a outra empresa sucateada tem. É claro que, ao incorporar essa outra empresa falida, cheia de problemas, insolvente, a empresa bem estru- turada terá que avaliar quais os impactos esse novo projeto de investimento trará para seus fluxos de caixa futuros. E como ficaria essa empresa no futuro, se não incorporasse a empresa falida? Todas essas observações são muito im- portantes. Essa é a base da razão incremental de avaliação. Na avaliação de projetos de investimentos, portanto, se faz necessário avaliar quais são os custos irrecuperáveis antes da tomada de decisão. Custos irrecuperáveis São os custos que já estão comprometidos no passivo de uma empresa para serem pagos. Esses custos não podem ser alterados hoje, pela decisão de aceitar ou não o novo projeto. Logo, esse custo existe e a empresa terá que pagá-lo de qualquer forma. Portanto, considerando o fluxo de caixa in- cremental, esse custo não está sendo considerado na decisão de investimen- to. É necessário excluir os chamados custos irrecuperáveis da análise. Logo, podemos dizer que os custos irrecuperáveis não devem ser considerados na decisão de investimento em um novo projeto. Vamos entender melhor o que são custos irrecuperáveis do ponto de vista prático. A Empresa ABC contrata um consultor para ajudá-la na elaboração de um projeto em cinco fases. Esse projeto é elaborado pelo consultor e tem aproximadamente seis volumes de informações que mostram ser inviável a execução daquele projeto em curto prazo. O consultor não coloca no seu Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise de investimentos 255 orçamento de avaliação os custos de suas horas de trabalho. Quando ele fizer a entrega de seu relatório final, irá cobrar, é claro, pelo trabalho realizado. Independentemente de a empresa implantar ou não este projeto, esse custo existirá. Portanto, os custos do consultor são custos irrecuperáveis. Custos de oportunidade Vamos imaginar a seguinte situação: estamos avaliando a possibilidade de reformar um velho galpão ferroviário, que foi comprado há muitos anos por uma empresa por 100 mil reais, e transformá-lo em um pequeno shopping de lojas e entretenimento. Geralmente, quando falamos em custos, logo vem a ideia de que estamos desembolsando dinheiro. São aqueles custos em que nós normalmente pagamos alguma coisa. Se realizarmos a execução do projeto, não vai existir o desembolso direto associado à compra do galpão, pois esse galpão já é da empresa. Como a ideia principal é avaliar a implantação do pequeno shopping, o galpão passa a ser um recurso que possui valor. Se nós, por acaso, não pudéssemos trans- formá-lo, o que iríamos fazer com ele? Uma resposta interessante talvez fosse a de que poderíamos vendê-lo. Logo, utilizar o galpão para a implantação do shopping tem, portanto, um custo de oportunidade. Vamos analisar uma outra variável relacionada à essa questão: se concor- darmos que a utilização do galpão tem um custo de oportunidade, quanto se deveria cobrar no caso do projeto do shopping? Avaliando o fato de que pagamos 100 mil reais pelo galpão, a primeira constatação que podemos fazer é a possibilidade de cobrar esse valor pelo projeto do shopping. Porém, isso não é correto, e podemos correlacionar essa situação ao que vimos antes, que são os custos irrecuperáveis. O que pagamos muitos anos atrás passa a ser irrelevante. O que devería- mos cobrar pelo projeto, que é o custo de oportunidade, é o preço pelo qual venderíamos todas as lojas do shopping hoje, pois é esse o montante que estamos desistindo de vir a ter, se a opção for vendê-lo. Portanto, na avaliação de um projeto, temos que determinar qual o melhor custo positivo que temos antes de tomar a decisão. Logo, o custo de oportunidade é a alternativa mais valiosa, que é sacrificada quando se faz um dado investimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 256 Análise de investimentos Um ponto muito importante para ser avaliado também são os efeitos co- laterais causados pela implantação de qualquer novo projeto empresarial. Efeitos colaterais Já sabemos que os fluxos de caixa incrementais de um projeto consideram todas as mudanças que podem ocorrer nos fluxos gerais de caixa futuros da empresa. Por isso, é muito comum que esses projetos provoquem efeitos co- laterais, também chamados secundários, quando passam a ser executados. Vamos ver uma situação prática: a empresa ABC pretende lançar um novo modelo de computador na sua área de eletrônicos. Nesse caso, boa parte das vendas desse novo modelo poderá ocorrer em função de queda em vendas de outro modelo fabricado por ela própria. Isso se chama erosão e é muito comum nas empresas que produzem bens de consumo e que têm uma linha diversificada para produtos semelhantes. Logo, os fluxos de caixa dessa nova linha de computadores acabam sendo ajustados e refletidos para baixo, pois afetaram os lucros gerados pelas outras linhas de computadores. Portanto, podemos dizer que a erosão ocorre quando os fluxos de caixa de um projeto