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PRÁTICAS CORPORAIS E EDUCAÇÃO FÍSICA: QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEAD ESPECIALIZAÇÃO EM GÊNERO E SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO
EURIDES OLIVEIRA RODRIGUES ROCHA
PRÁTICAS CORPORAIS E EDUCAÇÃO FÍSICA: 
QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR 
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
2020
2
EURIDES OLIVEIRA RODRIGUES ROCHA
PRÁTICAS CORPORAIS E EDUCAÇÃO FÍSICA:
QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR 
Projeto de Intervenção apresentado como requisito básico para a conclusão do Curso de Especialização em Gênero e Sexualidade na Educação – UFBA.
Orientadora: Profa. Ma. Vanessa de Santana Santos
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
2020
3
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO	4
JUSTIFICATIVA	5
OBJETIVOS	6
OBJETIVO GERAL	6
OBJETIVOS ESPECÍFICOS	6
REFERENCIAL TEÓRICO	6
METODOLOGIA	10
CRONOGRAMA	11
RESULTADOS FINAIS	11
REFERÊNCIAS	14
4
APRESENTAÇÃO
Este projeto surgiu da necessidade de estudar mais profundamente as práticas corporais1 realizadas pelos alunos nas aulas de Educação Física. Dentro do contexto da diversidade sexual e de gênero, inquietações acerca de como lidar com tal diversidade dentro das práticas corporais em sala de aula surgiram quando cursei o Magistério 1987 e perpassaram a graduação em Educação Física, pela (UEFS), em 2006, me conduzindo ao curso de Especialização em Fundamentos Políticos Sociais da Educação UESB/Museu 2009, até chegar à linha de pesquisa da Diversidade Humana, através da especialização na linha de gênero e sexualidade na educação.
Ao trabalhar em duas escolas municipais, em salas de 40 a 50 alunos, com quinze turmas de 10 a 17 anos (fundamental II), percebi diversas dificuldades em relação às práticas corporais, uma vez que o ensino regular apresenta um currículo heteronormativo, sexista, dentre outros marcadores sociais, onde prevalece o binarismo (masculino e feminino) estabelecendo assim padrões aos quais os alunos devem adequar-se para serem aceitos pelo sistema educacional. Há que se questionar sobre a construção de sujeito baseada em sua vivência durante as práticas educativas que são reproduções de toda uma trajetória social e histórica. Ao problematizar questões de gênero e sexualidade, pretende-se por investigar a respeito da formação do professor de Educação Física e suas ações no ambiente escolar no que se refere ao gênero e à sexualidade dos alunos.
Sabe-se que trabalhar na sala de aula com a diversidade humana é um grande desafio. No cotidiano das escolas onde trabalhei e trabalho, percebo a naturalização que existe com os preconceitos de raça, gênero e orientação sexual. Ao se pensar em tais questões, propõe-se um questionamento sobre as relações de gêneros e sexualidade que estão presentes nas aulas de Educação Física, direta ou indiretamente, a fim de manter um diálogo entre a formação docente e a prática nas escolas. Para tanto, é necessário a aplicação de um projeto de intervenção, visando compreender de que forma tais questões são trabalhadas nas aulas de educação física pelos professores e como estas são observadas pelos alunos.
1 Grando define práticas corporais “(...) entendendo-as como práticas sociais que associam a tecnologia a estéticas corporais específicas para manifestar no corpo e com o corpo os sentidos e significados da beleza, da alegria, da religiosidade, da moral, de determinado grupo étnico e que possibilitam a construção de um ‘ideal de pessoa’. As práticas corporais, portanto, são manifestações culturais. Essas manifestações são explicitadas nos movimentos corporais identificados como dança, jogo, formas de exercitar, luta, competições esportivas etc. Essas práticas corporais expressam uma educação específica do corpo que por sua vez explicitam a concepção de pessoa em cada sociedade”. (2006, p.32).
5
JUSTIFICATIVA
As interações sociais presentes nas aulas de educação física das escolas demonstram claramente que existem fronteiras estabelecidas entre os gêneros durante as práticas presentes nestas aulas. Sabemos que a construção de comportamentos sociais considerados femininos ou masculinos perpassa por símbolos, práticas, discursos e representações que atribuem lugares sociais aos sujeitos. Ao pensar nas relações sociais entre os sexos, há que se considerar não só uma perspectiva biológica, mas também todas as subjetividades presentes nas construções sociais, que estabelecem papéis predefinidos aos homens e às mulheres.
A escola é considerada um dos principais espaços de formação e socialização dos sujeitos, porém nem sempre se mostrou plenamente capaz de lidar com questões relacionadas
· sexualidade e à orientação sexual. Esta dificuldade em lidar e abordar claramente tais questões acaba por prejudicar o aprendizado, o desenvolvimento social e o bem estar dos estudantes, impedindo que a escola venha a desempenhar satisfatoriamente sua função social e contribua para o desenvolvimento de uma sociedade na qual haja respeito e valorização da diversidade.
Ao compreender que as potencialidades dos alunos colocam o professor numa posição constante de desafio em relação a que postura adotar com os mesmos, sabemos que tal relação requer uma mudança de pensamentos e atitudes, o que leva o profissional da educação a se questionar acerca de suas condutas e práticas pedagógicas. Através de situações vividas nas aulas de educação física, o professor percebe a necessidade de uma maior investigação acerca dos processos de subjetivação, das relações de gênero e sexualidades que estão presentes nas aulas de Educação Física.
Assim, o objetivo geral do Projeto de Intervenção (P.I.) é compreender e explicar como se dá a percepção dos/as alunos/as diante de questões referentes à gênero e sexualidade, buscando compreender os mais diferentes aspectos desta realidade em duas escolas municipais de Vitória da Conquista- BA. Para tanto, o presente projeto baseou-se em autores como Louro e Gagliotto, dentre outros, além de embasar-se na legislação vigente, para, através de um estudo de caráter qualitativo (MOREIRA, 2002) que envolve descrição e explicação do objeto investigado, realizar uma pesquisa de campo (SEVERINO, 2002), com apresentação de seminário e ao fim um diálogo sobre os temas sexualidade e gênero, entre os/as alunos/alunas do 8º ano do ensino fundamental II para posterior análise dos dados encontrados, resultados e discussão.
6
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Compreender e explicar como se dá a percepção dos alunos diante de questões referentes a gênero e sexualidade, buscando compreender os mais diferentes aspectos desta realidade em duas escolas municipais de Vitória da Conquista- BA.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Realizar o levantamento bibliográfico;
· Analisar o campo investigado;
· Descrever as práticas discriminatórias no que se refere à relação de gênero no âmbito das atividades práticas na aula de educação física com meninos/meninas;
· Investigar de que forma os professores (as) podem abrir espaço para discursão sobre questões de gênero referente às práticas corporais em sala de aula
REFERENCIAL TEÓRICO
A educação escolar perpassa pela formação do indivíduo como um todo, portanto o gênero e a educação sexual devem fazer parte do currículo escolar desde a infância. Este currículo deve ser planejado e assumido pelas/os professoras/es de forma a discutir os conhecimentos acerca do assunto, sem preconceitos e discriminações. Segundo Gagliotto, “a sexualidade configura-se numa das dimensões humanas mais complexas por constituir-se de um elo entre aspectos subjetivos do ser humano (filosóficos, sociais, históricos, antropológicos, pedagógicos e psicológicos) e aspectos biológicos (genéticos, reprodutivos, identidades genitais) (GAGLIOTO, 2009. p.18).
Ainda, com Gagliotto (2009), tratar pedagogicamente do gênero e sexualidade nas escolas, significa inserir os assuntos referentes aos temas nos currículos, por meio dos conteúdos contemplados nas diretrizes curriculares, não havendo necessidadede se criar uma disciplina específica de Educação Sexual na escola. Para o autor, trabalhar o tema sexualidade
nas escolas leva à reflexão da urgência que seja contemplada na matriz curricular dos cursos de Formação de Docentes a disciplina de Sexualidade, o que pressupõe que as/os futuras/os professoras/es obtenham em sua formação acadêmica, “os referenciais teóricos, históricos, antropológicos e educacionais, para desenvolver uma didática da sexualidade” (GAGLIOTTO, 2009, p.18).
O autor ressalva que, em geral, existe nos Projetos Pedagógicos das escolas a citação da existência das equipes multidisciplinares e dos trabalhos de enfrentamento à violência, questões de gênero e orientação sexual. Porém, muita das vezes, percebe-se que estes podem ficar apenas no papel. A partir do momento em que as/os gestoras/es das escolas tomarem a linha de frente, no sentido de abordar de fato, questionar e mesmo duvidar dessas naturalizações, fica mais fácil de atingir educadoras/es e toda a comunidade escolar no sentido de mudar esta realidade. Observa-se que, muitos educadoras/es preferem calar-se para não se incomodar, assim, por meio de reflexões e ações acerca de tais estudos, busca-se a desnaturalização do silêncio que cerca as questões de gênero e sexualidade no processo pedagógico escolar.
De acordo com Louro a escola foi incumbida, desde seu início, de separar os sujeitos. Já começou por distinguir os que nela entravam dos que a ela não tinham acesso. Dentro dela também foram divididos por diversos mecanismos os/as alunos/as. Ainda de segundo a autora, “a escola que nos foi legada pela sociedade ocidental moderna começou por separar adultos de crianças, católicos de protestantes. Ela também se fez diferente para os ricos e para os pobres e ela imediatamente separou os meninos das meninas” (LOURO, 1997, p. 57). Com o passar do tempo, os sujeitos excluídos da escola foram requisitando seu espaço na mesma. Os currículos, organizações e prédios das escolas foram sendo modificados pelos novos grupos. Surgiram regulamentos que serviam, na maioria das vezes, para “garantir- e também produzir -as diferenças entre os sujeitos” (idem, p. 57).
Louro ainda ressalta que, a escola tanto pode reproduzir papéis de gênero e modelos de sexualidade que oprimem como pode construir relações que libertam e nas quais a dignidade humana e a igualdade de direitos poderão ser princípios norteadores. Para isso é necessário que a instituição escolar contribua para uma educação cidadã e libertadora que contemple a dimensão sexual, a diversidade, os direitos humanos e a multiculturalidade.
Devido a isso, faz-se importante estudar e compreender as práticas corporais, pois estas estão diretamente relacionadas às aulas de Educação Física, por sabermos que “a Educação Física trata das representações e práticas sociais que constituem a cultura corporal 
de movimento, estruturada em diversos contextos históricos e de algum modo vinculada ao campo do lazer e da saúde” (GONZÁLEZ; SCHWENGBER, 2012).
Para isso é importante o aluno “conhecer e usar algumas práticas corporais de forma proficiente e autônoma, para potencializar o envolvimento em atividades recreativas no contexto do lazer e a ampliação das redes de sociabilidade” (GONZÁLEZ; SCHWENGBER, 2012). Para que essas práticas corporais estejam ao alcance dos alunos é preciso compreender os fatores que relacionam o processo de ensino de Educação Física com os sujeitos que são envolvidos nesse processo, pois: [...] a qualidade de uma proposta de ensino depende da compreensão por parte dos atores daquilo que estão fazendo, seja em seus aspectos ético políticos, seja nos aspectos epistêmicos. Os atores devem assumir responsabilidades e não serem reduzidos a executores (FENSTERSEIFER, 2011).
Ao compreender a função das práticas corporais vinculadas à Educação Física e sua relação com as práticas sociais, os educadores podem ressaltar a importância de tais práticas, uma vez que a 
educação Física escolar poderia estar contribuindo mais efetivamente na oferta das atividades físicas que despertam a curiosidade e o interesse da população jovem. Dessa forma, atividades como caminhadas, corridas, musculação e aula de ginástica localizada, tão procuradas fora do ambiente escolar entre os jovens de hoje, poderiam estar sendo trabalhadas como conteúdo das aulas de Educação Física (AZEVEDO JUNIOR; ARAÚJO; PEREIRA, 2006).
Para que sejam possíveis tais práticas o individuo precisa ter, antes de tudo, seus direitos respeitados. Dentro dessa perspectiva, existem várias Leis que garantem esses direitos, dentre elas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), reconhece em cada indivíduo o direito à liberdade e 
à dignidade. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 também adota o princípio da dignidade humana, e afirmar como objetivo fundamental, entre outros, 
\
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
A sexualidade vai muito além dos fatores meramente físicos ou fisiológicos, pois é permeada por concepções, valores e regras que determinam, em cada sociedade, em cada grupo social e em cada momento da história, aquilo que é tido como certo ou errado, apropriado ou impróprio, digno ou indecente. A sexualidade representa uma dimensão primordial na construção da identidade. Envolve a percepção que temos de nosso corpo sexuado em confronto com o que os outros nos dizem a respeito do que somos. Segundo Parker (1996), “a identidade de gênero é, portanto, a maneira como alguém se sente e se apresenta para si e para os demais na condição de homem ou mulher ou, em alguns casos, de uma mescla de ambos, sem que haja nisso uma conexão direta e obrigatória com o sexo biológico (PARKER, 1996, p.?).
Compreender gênero como categoria ajuda a entender como a sociedade construiu o masculino e o feminino (LOURO, 1997). As justificativas para as desigualdades não devem ser buscadas na biologia, mas sim na história, nas condições de acesso aos recursos e na cultura, enfim, nas formas de representação dos povos. A identidade de gênero refere-se à experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento. A identidade de gênero inclui o senso pessoal do corpo, no qual podem ser realizadas, por livre escolha, modificações estéticas ou anatômicas por meios médicos, cirúrgicos ou outros.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde, 1997), a sexualidade, como conjunto dos fenômenos que constituem a nossa vida sexual, é parte integrante da personalidade. Constitui uma necessidade básica que não pode ser dissociada dos outros aspectos da vida. Dentro dessa perspectiva a sexualidade, no entanto, não se limita ao ato sexual ou à obtenção do prazer físico. Vai muito além: representa uma energia que nos motiva a buscar o outro através do contato, da intimidade e do amor. Afeta nossos sentimentos como também nosso pensar e agir. A sexualidade, como qualquer outro aspecto da vida dos seres humanos, é marcada pelas relações sociais. Por isso, para compreender melhor a atividade sexual humana e seus sentidos, é preciso inseri-la em seu devido contexto social, histórico e cultural.
Em nosso país há, em muitos casos, uma omissão desses temas no ambiente escolar. Pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2004 sobre juventude e sexualidade, mostrou que cerca de 1/4 dos/as alunos/as não gostariam de ter um/a colega de classe homossexual, o que reforça a necessidade de trabalhar esse tema na escola.
Assim, na atualidade onde as referências e os valores sociais modificam-se rapidamente, os/as alunos/as enfrentam cada vez mais conflitos no ambiente escolar, sendo necessário esclarecer e repensar ações propostas em sala de aula, onde a ansiedade, o preconceito e a violência estão sempre presentes. Por meio deste Projeto, espera-se fomentar discussõesacerca desta temática, no intuito de diminuir o preconceito e a discriminação de gênero nas escolas, pois sabemos que se trata de um desafio. E, por tratar-se de um desafio, levanta muito questionamentos e dúvidas em como conseguir realizar tal intento. Dessa forma, é preciso que ocorram mudanças na forma de pensar e de conduzir as aulas, não só de Educação Física, mas dos vários campos de conhecimento como um todo, para que haja um menor distanciamento entre os sexos e se garanta um bom desenvolvimento físico e mental, acima de qualquer polarização entre homens e mulheres, reduzindo essa distância e promovendo uma gradual mudança das construções socioculturais vigentes.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caráter qualitativo (MOREIRA, 2002), que envolve descrição e explicação do objeto investigado. De acordo com Triviños (1987), a pesquisa qualitativa, buscar informações diretamente da fala dos entrevistados, objetivando coletar informações que serão utilizados posteriormente no estudo. Ainda de acordo com o autor, a análise das pesquisas com enfoque qualitativo surgiu em contraposição à atitude tradicional de aplicar aos estudos das ciências humanas os mesmos princípios e métodos das ciências naturais.
Para sustentar o referencial teórico deste projeto, os principais autores utilizados foram Colling (2018), Louro (2008), Jardim (2011), Ludke e André (1986), Minayo (1992), Gagliotto ( 2009 ), Grando (2006), dentre outros. Na perspectiva de Ludke e André (1986), com a evolução dos estudos na área educacional, percebeu-se que poucos fenômenos dessa área podem ser submetidos à abordagem analítica, típica das pesquisas experimentais, pois em Educação as coisas acontecem de maneira inextrincável, não sendo possível isolar as variáveis envolvidas.
Também se utilizou a pesquisa de campo que segundo Minayo (1992.p.53) “o campo é um recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto de investigação”. Os campos escolhido para a aplicação desse Projeto foram na escola Centro Educacional Eurípedes Peri Rosa, povoado de bate-pé - Vitória da Conquista e colégio estadual Carlos Santana – Vitória da Conquista.
Como atividade de intervenção, um seminário sobre gênero e a sexualidade nas aulas de educação física, que será realizado com 30 alunos/as do 8º ano do ensino fundamental II (13 a 17 anos), público alvo desse estudo, buscando observar comportamentos, ouvir as opiniões emitidas e interpretá-las, a fim de analisar os resultados encontrados e promover maiores discussões sobre a temática. Compreende-se que a apresentação de um seminário se faz importante porque este se consiste numa transmissão de conhecimentos específicos a respeito do tema aqui trabalhado, trazendo dados atuais sobre gênero e sexualidade a ser discutido com os alunos.
CRONOGRAMA
Para que um Projeto de Intervenção seja realizado e que suas etapas durem o tempo necessário para que sejam assimiladas pelos envolvidos, no que se refere à suas propostas, é necessário que seja elaborado um cronograma que respeite o tempo de aprendizado dos alunos, por entendermos que cada indivíduo tem seu tempo de aprendizado específico e que o mesmo não se dá de forma automática. Através do cronograma, é possível delimitar, distribuir e organizar o tempo necessário para que o Projeto ocorra. Dessa forma, a trajetória da realização deste PI ocorreu entre os meses de dezembro de 2019 a março de 2020, sendo realizadas várias etapas necessárias para a realização da presente proposta de intervenção.
	
	
	2019
	2020
	ETAPAS
	MÊS
	Dez
	Jan
	Fev
	Mar
	Escolha do tema
	
	
	
	
	
	Levantamento e leitura de material bibliográfico
	
	
	
	
	Elaboração do projeto
	
	
	
	
	
	Apresentação de seminário
	
	
	
	
	
	Realização de debates
	
	
	
	
	
	Redação do TCC
	
	
	
	
	
	Defesa do TCC
	
	
	
	
	
RESULTADOS FINAIS
Para introduzir a temática em sala de aula, foi escolhida a apresentação de um seminário que abordasse questões pertinentes à gênero e sexualidade, por compreender que se trata de um formato mais dinâmico de aula que possibilita uma maior interação com o/a aluno/a e a sua participação. Compreende-se que tais análises e discussões críticas acerca dos corpos, gêneros e sexualidades, se fazem necessárias, a fim de oportunizar a socialização desse tema e a discussão em torno dos Corpos, Gêneros e Sexualidades.
O Seminário buscou promover ações que pudessem incutir nos alunos e na comunidade escolar como um todo, a consciência do quão importante é a discursão sobre questões de gênero e sexualidade nas escolas, bem como compreender a melhor maneira de lidar com essas questões no ambiente escolar. Dessa forma, pretendeu-se colocar em pauta questões que incomodam os alunos no dia a dia escolar, como bulling, homofobia, transexualismo, dentre outros. No intuito de trazer os pais e responsáveis para essa discussão, os mesmos foram convidados a comparecer à unidade escolar e participar do Seminário em questão, no qual foram realizados debates sobre a realidade escolar, refere à temática abordada, a fim de dar voz às queixas dos alunos e esclarecer sobre diversos pontos inerentes a essa questão.
Nesse encontro, os alunos, foram recebidos pela comunidade escolar e acomodados em cadeias dispostas no pátio da escola. Após um breve momento de apresentação da temática por parte da diretora, e a umarealização de uma pequena palestra, apoiada no texto de Guacira Lopes Louro, Jane Felipe Neckel e Silvana Vilodre Goellner: Corpo, gênero e sexualidade: discussões (2003) e na exibição de slides com tópicos da temática, na qual pude expor pontos relevantes acerca do que se entende por corpo, gênero e sexualidade, bem como abordei questões sobre identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico.
 Na sequência, os alunos foram convidados a falar e a colocar suas dúvidas e questionamentos. Uma caixa de sugestões estava disponível durante todo o evento, de forma que os pontos mais relevantes seriam levados em conta durante as aulas subsequentes. Assim, foi discutido como seria possível uma busca pela superação de problemas relacionados à convivência com as diferenças em sala de aula, no que se referem à orientação sexual, diferenças de gêneros, etc. No sentido de fazer com que tais questões viessem à tona e não continuassem como algo proibido e intocável, que não pode ser dito ou discutido. Ao final do seminário, um lanche foi servido a todos como forma de descontração e confraternização. .
12
Um seminário seguido de debates sobre Corpo, Gênero e Sexualidade foi realizado a fim de discutir e problematizar questões relacionadas às práticas corporais e escolares, bem como suas relações com a saúde, a socialização e a educação. O seminário foi direcionado à estudantes de duas turmas do 8º ano do Ensino Fundamental II, por compreendermos que estes passam por diversas situações e questionamentos, dúvidas e inseguranças com relação a seus corpos e sua sexualidade. Dessa forma, o seminário buscou realizar uma pequena conferência de abertura, explicando aos alunos o motivo da realização desse seminário, bem como a importância de se discutir sobre gênero e sexualidade em sala de aula, com posterior exibição de slides explicativos e realização de duas mesas redondas de encerramento com duas temáticas: Corpo, gênero e sexualidade nas práticas corporais escolares; e Heteronormatividade e homofobia no cotidiano escolar. A fim de promover o respeito e valorização da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero, colaborando assim para o enfrentamento da violência sexista e homofóbica no âmbito escolar.
A intenção desse evento foi democratizar e ampliar as discussões a respeito das articulações entre corpo, gênero e sexualidade, respeitando o que vem sendo discutido nas salas de aula em nosso país. Os estudantes receberam muito bem a temática do seminário, participando ativamente do todo o processo, levantando questionamentos e inquietações acercado tema, alegando que praticamente não há abordagens dessa natureza e com essa temática nas aulas em geral. Alguns alunos, inclusive, alegaram já ter sofrido algum tipo de preconceito em relação a alguns dos marcadores sociais (gênero, cor, classe social, raça e representação corporal), e que existe sim alguma diferenciação entre meninos e meninas durante as práticas das aulas de educação física. Porém, em alguns momentos o tema adquiria um viés de deboche e zombaria, no qual alguns alunos externavam seu preconceito e homofobia, se referindo à essas minorias com termos chulos durante os debates.
Ainda assim, o resultado do seminário e dos debates foi positivo, uma vez que os alunos sentiram-se ouvidos e representados, sobretudo, aqueles que pertenciam a alguma categoria vítima de preconceito devido à sua orientação sexual ou escolha de gênero. Foi possível, em partes, compreender como se dá a percepção dos alunos diante de questões referentes a gênero e sexualidade, através de suas opiniões e depoimentos, fazendo com que fosse possível descrever algumas práticas discriminatórias no que se refere às relações de gênero no âmbito das atividades práticas nas aulas de educação física com meninos/meninas. Através dos relatos dos próprios alunos é possível, a partir deste estudo, principiar uma investigação acerca da melhor forma com a qual os professores podem abrir espaço para discursão sobre questões de gênero em sala de aula.
13
Sendo assim, compreendemos que foi o objetivo geral do presente projeto foi atingido parcialmente, uma vez que, foi possível compreender e explicar apenas de forma inicial como se dá a percepção dos alunos diante das questões referentes a gênero e sexualidade, sendo necessário que mais Projetos de Intervenção como este ocorram, para que objetivo seja plenamente alcançado..
14
REFERÊNCIAS
ALTMANN,	H.;	SOUSA,	E.	S.	de.	Meninos e meninas: Expectativas corporais	e
implicações na educação física escolar. In: Cadernos Cedes, ano XIX, 1999.
AZEVEDO JUNIOR, M. R.; ARAÚJO, C. L. P.; PEREIRA, F. M. Atividades físicas e esportivas na adolescência: mudança de preferências ao longo das últimas décadas. Revista Brasileira de Educação Física, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 51-58, jan./mar.2006.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, 1988. 168p.
FENSTERSEIFER, P. E. Educação física, conhecimento e intervenção: epistemologia da
educação física. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2011.
GAGLIOTTO, G. M.. A Educação Sexual na Escola e a Pedagogia da Infância: matrizes institucionais, disposições culturais, potencialidades e perspectivas emancipatórias. 257 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
GRANDO, B. S. Corpo, educação e cultura: as práticas corporais e a constituição da
identidade. In GRANDO, B. S. Corpo, educação e cultura: práticas sociais e maneiras de ser.
Cáceres/MT: Editora da UNEMAT, 2006.
LOURO, G.L.A construção escolar das diferenças. Petrópolis: Vozes, 1997.
LOURO, G.L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós estruturalista.
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LÜDKE, M.; A., Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MOREIRA, D. A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Saúde familiar e reprodutiva, saúde da mulher e programa de desenvolvimento. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 1997.
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PARKER, R.; Estigma, discriminação e AIDS. Rio de Janeiro: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, 1996. (Coleção ABIA, Cidadania e Direitos, n.1).
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22.ed. São Paulo: Cortez, 2002.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
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