Buscar

atividades reflexivas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ 
CAMPUS REGIONAL DO VALE DO IVAÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
BRUNO FERREIRA FUREGATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMAS TRANSVERSAIS EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: 
APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS COM O CONTEXTO 
SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IVAIPORÃ 
2015
BRUNO FERREIRA FUREGATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMAS TRANSVERSAIS EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: 
APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS COM O CONTEXTO 
SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) 
apresentado à disciplina Seminário de 
Monografia da Universidade Estadual de 
Maringá - como requisito parcial para obtenção 
do título de Licenciado em Educação Física. 
 
 
Orientadora: Prof. Ms Andréia Paula Basei 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IVAIPORÃ 
2015
BRUNO FERREIRA FUREGATO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMAS TRANSVERSAIS EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: 
APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS COM O CONTEXTO 
SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) 
apresentado à disciplina Seminário de 
Monografia da Universidade Estadual de 
Maringá - como requisito parcial para obtenção 
do título de Licenciado em Educação Física. 
 
Aprovado em ______ / ______ / ______ 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
____________________________________________ 
Prof. Me. Andréia Paula Basei 
Universidade Estadual de Maringá - UEM 
 
 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Eduard Ângelo Bendrath 
Universidade Estadual de Maringá - UEM 
 
 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Marcos Vinicius Francisco 
Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha avó Alice (in memoriam), que 
sempre apoiou-me em minhas escolhas e 
incentivou-me a concluir este curso, 
dedico também aos meus pais que são 
minha base. 
 
 
4 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente a minha mãe, Dionice, ao meu pai, Edson e meu 
irmão Douglas, pela compreensão e por estarem sempre ao meu lado, me dando 
forças nas horas que mais preciso e que precisei para a conclusão deste trabalho, 
vocês foram e são essenciais. Agradeço também ao restante de minha família pelo 
apoio. 
À minha orientadora Andréia Paula Basei, por todas as orientações, pela 
paciência e também pelos puxões de orelha, sem o seu auxílio este trabalho não se 
concretizaria. 
Ao meu amigo Leonardo pelo apoio e palavras de incentivo durante todo o 
processo de construção deste trabalho e nos momentos que pensei em desistir, 
obrigado. 
Ao meu amigo Felippe, que mesmo distante me ajudou nas correções com o 
resumo em inglês, e também a todos os meus amigos pelos momentos 
compartilhados. 
Aos meus amigos e colegas de turma que fiz durante esses quatro anos de 
curso, vocês fizeram todos os momentos felizes e desesperadores valerem a pena. 
Obrigado em especial a minha amiga Elen, que se tornou mais que uma amiga, uma 
irmã e esteve sempre comigo. 
 Um agradecimento em especial aos professores membros da banca Eduard 
e Marcos que se dispuseram a ler e contribuir com o trabalho. 
Um obrigado aos outros excelentes professores que tive durante essa 
jornada, e ao conhecimento que pude adquirir, de alguma forma todos contribuíram 
para a realização desse trabalho. 
Obrigado também à todos que de forma direta ou indireta participaram para 
que esse trabalho se concretizasse. 
 
Agradeço a Deus por mais essa vitória! 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Educação não transforma o mundo. 
Educação muda as pessoas. Pessoas 
transformam o mundo.” 
 
 
Paulo Freire. 
 
6 
 
 
 
FUREGATO, Bruno Ferreira. Temas Transversais em Educação Física Escolar: 
aproximações e distanciamentos com o contexto sócio-histórico-cultural. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Universidade 
Estadual de Maringá – UEM, 2015. 
 
 
RESUMO 
 
 
Os Temas Transversais são um conjunto de assuntos considerados necessários de 
serem incorporados ao currículo escolar observando as características das 
sociedades contemporâneas. Nesta pesquisa inclui-se os temas transversais 
apresentados nos PCN’s (1997) que são: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, 
Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo, além de incluir outros temas 
emergentes que são tratados relacionados às necessidades específicas de cada 
região e das características sociais mais atuais. Neste contexto, o objetivo desta 
pesquisa é analisar e compreender as aproximações e distanciamentos 
possibilitados por meio dos Temas Transversais entre o contexto sócio-histórico-
cultural da Educação Física escolar no Ensino Médio nas cidades de Ivaiporã e 
Lunardelli, Paraná. Para a realização desta pesquisa foi utilizada a abordagem 
qualitativa, sendo uma pesquisa do tipo descritiva e de campo. Os participantes 
foram seis professores atuantes no Ensino Médio em colégios públicos e privados 
nos municípios selecionados. Como instrumentos para a coleta de dados foi utilizada 
a análise documental do projeto pedagógico, propostas curriculares da disciplina de 
Educação Física, apostilas das escolas, e uma entrevista semiestruturada com os 
professores. Para análise dos dados foi utilizado o método de análise de conteúdo. 
Como resultados obtidos desta pesquisa, evidenciou-se a pouca ou nenhuma 
concepção dos professores acerca dos Temas Transversais e dos PCN’s, como 
também o não uso deles em seus planejamentos. Compreende-se também que os 
Temas Transversais estão contemplados nos documentos das escolas, mas de 
forma inconsistente, faltam informações a respeito, abrangência de temas 
fundamentais e ações para auxiliarem os professores no tratamento destes temas. 
Consideramos, portanto, que a abordagem dos Temas Transversais nas aulas de 
Educação Física, com os temas se fazendo presente em seus conteúdos, é de 
estima importância e necessário tanto para a modificação de ideias e pensamentos 
dos alunos, quanto para que se tenha mudanças na Educação Física escolar. 
 
Palavras-chave: Educação Física escolar. Temas Transversais. Ensino Médio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
FUREGATO, Bruno Ferreira. Transversal themes in school physical education: 
similarities and differences between the context socio-cultural-historical. Work 
of Conclusion of Course (Graduation in Educação Física) – Universidade Estadual de 
Maringá – UEM, 2015. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The Transversal Themes are a set of issues deemed necessary to be incorporated 
into the school grade, due to observation on the contemporary societies. This 
research includes the transversal themes presented on PCN’s (1997), which are: 
Ethics, Environment, Cultural plurality, Health, Work and Consumption, and includes 
other emerging issues that are dealt with related to the specific needs of each region 
and of the current social features. In this context, the goal of analyze and understand 
the similarities and differences enabled via Transversal Themes between the context 
socio-cultural-historical of school Physical Education on High School in Ivaiporã and 
Lunardelli, Paraná. For this research it was used a qualitative approach, being a 
descriptive and field research. The volunteers were active teachers from High School 
in public and private schools in the mentioned counties. As instruments for the data 
collection, it was used a documentary analysis of the education program, curriculum 
proposal of Physical Education grade, school textbooks and a semi structured 
interview with the teachers. To the analysis of data, it was used the content analysis 
method. The resultsprovided by the research, are the clearly of almost any 
conception of the teachers about the Transversal Themes and PCN’s, as well as the 
non-use of them in their planning. It is also understandable that the Transversal 
Themes are included on the schools documents, but inconsistently, it is missing 
information about, the coverage of key issues and auxiliary actions to teachers on 
handling of these themes. Therefore, we consider that the use of Transversal 
Themes in Physical Education, with the themes is doing this in its contents it is 
estimated importance and need to improve ideas and thoughts of the students and 
also for the improvement of school Physical Education. 
 
Key-words: School Physical Education. Transversal Themes. High School. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Caracterização dos professores participantes ....................... 47 
Quadro 2 - Principais temas apontados pelos professores ..................... 91 
 
 
 
 
9 
 
 
LISTA DE APÊNDICES 
 
APÊNDICE A MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E 
ESCLARECIDO PARA ENTREVISTA COM 
PROFESSORES................................................................ 124 
APÊNDICE B ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA 
COM PROFESSORES...................................................... 126 
 
 
10 
 
 
LISTA DE ANEXOS 
 
ANEXO A AUTORIZAÇÃO DO NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO 
DE IVAIPORÃ .......................................................................... 117 
ANEXO B AUTORIZAÇÃO DA ESCOLA ESTADUAL GEREMIA 
LUNARDELLI.............................................................................. 118 
ANEXO C AUTORIZAÇÃO DO COLÉGIO MATER CONSOLATRIX.......... 119 
ANEXO D AUTORIZAÇÃO DO COLÉGIO SANTA OLGA.......................... 120 
ANEXO E AUTORIZAÇÃO DO COLÉGIO PANAMERICANO.................... 121 
ANEXO F AUTORIZAÇÃO DO COLÉGIO OBJETIVO.............................. 122 
 
11 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 13 
1.1. JUSTIFICATIVA.................................................................................... 15 
1.2. OBJETIVOS......................................................................................... 17 
1.2.1. Objetivo Geral..................................................................................... 17 
1.2.2. Objetivos Específicos........................................................................ 17 
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 18 
2.1. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SUAS RELAÇÕES COM O 
CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL.................................... 
18 
2.2. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO........................ 22 
2.2.1. Objetivos da Educação Física no Ensino Médio............................. 25 
2.3. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E OS TEMAS TRANSVERSAIS....... 30 
2.3.1. Ética..................................................................................................... 32 
2.3.2. Pluralidade Cultural............................................................................ 34 
2.3.3. Meio Ambiente.................................................................................... 36 
2.3.4. Orientação Sexual.............................................................................. 37 
2.3.5. Saúde.................................................................................................. 40 
2.3.6. Trabalho e Consumo......................................................................... 41 
2.3.7. Temas Emergentes............................................................................ 42 
3. METODOLOGIA.................................................................................. 46 
3.1. TIPO DE ESTUDO............................................................................... 46 
3.2. PARTICIPANTES DA PESQUISA........................................................ 47 
3.3. INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS................................... 48 
3.4. PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS.................................. 49 
3.5. ANÁLISE DE DADOS........................................................................... 50 
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................... 52 
4.1. OS TEMAS TRANSVERSAIS NOS DOCUMENTOS DOS 
COLÉGIOS........................................................................................... 
52 
4.1.1. Os projetos pedagógicos dos colégios: abordagem dos Temas 
Transversais........................................................................................ 
52 
4.1.1.1. Concepções dos Temas Transversais................................................. 53 
4.1.1.2. Temas Mencionados............................................................................ 54 
4.1.1.3. Importância atribuída aos temas.......................................................... 56 
12 
 
 
4.1.1.4. Ações.................................................................................................... 58 
4.1.2. A abordagem dos Temas Transversais na Proposta Curricular da 
Educação Física dos colégios pesquisados.............................. 
64 
4.1.2.1. Concepção de Temas Transversais..................................................... 65 
4.1.2.2. Temas Mencionados............................................................................ 67 
4.1.2.3. Importância destacada pela disciplina.................................................. 68 
4.1.2.4. Ações propostas para Educação Física............................................... 71 
4.1.3. Análise geral sobre os documentos apresentados......................... 73 
4.2. COMPREENSÃO DOS PROFESSORES SOBRE OS TEMAS 
TRANSVERSAIS.................................................................................. 
75 
4.2.1. A Educação Física no Ensino Médio sob a percepção docente.... 75 
4.2.2. A escola no contexto sócio-histórico-cultural e as relações com 
a Educação Física............................................................................... 
80 
4.2.3. Conhecimento dos docentes sobre os Temas Transversais......... 86 
4.2.4. Planejamento docente e abordagem dos Temas Transversais..... 91 
4.2.5. Importância e dificuldades para tratar os Temas Transversais..... 96 
4.2.6. Estratégias para trabalhar com os temas nas aulas....................... 103 
4.2.7. Vivências relacionadas aos Temas Transversais........................... 106 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 109 
 REFERÊNCIAS.................................................................................... 112 
 
 
13 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
A Educação Física na escola tem seus fundamentos pautados nas 
concepções de corpo e movimento. Compreendendo que os trabalhos em aula 
desenvolvidos pelos professores possuem íntima relação com o entendimento que 
se tem desses dois conceitos. Atualmente a análise crítica busca a superação dessa 
concepção apontando a necessidade de que além daqueles, a disciplina considere 
também as dimensões cultural, social, política e afetiva, presentes no corpo vivo e 
nas inter-relações dos cidadãos em meio a sociedade (BRASIL, 1997a). 
Assim a área de Educação Física contempla múltiplos conhecimentos 
produzidos a respeito da cultura corporal do movimento. A disciplina pode estruturar 
situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a 
conhecimentos práticos e conceituais. Para isso, é necessário mudar a ênfase da 
disciplina que muitas vezes é voltada apenas para aptidão física, esportes e jogos. A 
Educação Física deve contemplar uma concepção mais abrangente, que considere 
todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal dando oportunidade a 
todos para que desenvolvam suas potencialidades. Independente de qual seja o 
conteúdo que o professor escolha para trabalhar, os processosde ensino e 
aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas as suas 
dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e 
inserção social) contribuindo com suas construções de ideias e valores, oferecendo 
instrumentos para que evoluam criticamente (BRASIL, 1997a). 
No Ensino Médio as práticas pedagógicas mais observadas nas aulas de 
Educação Física, ainda são aquelas que enaltecem o ensino dos esportes. Sendo 
que, por vezes, o professor acaba valorizando este conteúdo e conscientemente ou 
não privilegiando os mais aptos nas práticas esportivas, corroborando com a 
exclusão de alguns alunos e enaltecimento de outros. Sendo no Ensino Médio a 
Educação Física colocada a serviço do esporte e não o contrário (BARNI; 
SCHNEIDER, 2003). 
Barni e Schneider (2003) ainda dizem que as aulas de Educação Física no 
Ensino Médio são frequentadas em sua quase totalidade por alunos que se 
encontram na fase da adolescência. E que nesta fase da vida, o aluno sofre grandes 
transformações de ordem física, cognitiva e psicossocial. Outro aspecto importante 
14 
 
 
da adolescência é a formação da identidade, a construção da personalidade. 
Surgindo nesta época da vida vários questionamentos com relação ao seu corpo, 
aos valores existentes, às escolhas que deve fazer. Ao que se exige dele e ao seu 
lugar na sociedade. E na solução dos questionamentos que aparecem neste período 
do desenvolvimento humano, três grupos sociais influenciam o adolescente na 
construção da sua identidade: a família, o grupo de amigos e a escola, sendo que na 
escola o professor, deve estar apto para tratar destes e outros questionamentos dos 
alunos. É possível verificar que a Educação Física como parte integrante da escola, 
tem a sua responsabilidade na construção do ser humano em desenvolvimento. O 
aluno do Ensino Médio necessita de uma Educação Física que possa através de 
seus conteúdos, colaborar na formação de sua personalidade e ampliar sua 
participação ativa em meio a sociedade. 
Uma Educação Física que possa aprimorar a amplitude do conhecimento dos 
alunos sobre temas atuais que se fazem presentes em seu cotidiano e que 
colaborem na sua formação como cidadão são essenciais. Pensando nos grandes 
problemas sociais e como influenciam a educação escolar, surgiram em 1997 os 
Temas Transversais, nos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Os Temas Transversais nada mais são que os temas que contemplam os 
problemas da sociedade brasileira, e necessitam de esclarecimentos a população e 
em especial aos alunos, por isso são ou deveriam ser trabalhados na escola, de 
forma que contemplasse todas as disciplinas curriculares (DARIDO, 2012). 
Os Transversais propostos pelos PCN’s são: Ética, Meio Ambiente, 
Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo e Temas 
Locais, que são temas de interesse, de acordo com o contexto específico de uma 
região ou grupo social (BRASIL, 1997a). 
Dessa forma o trabalho com os Temas Transversais na Educação Física é 
mais do que ensinar, exige posicionamento dos professores diante de tais problemas 
da sociedade, que reflitam sobre o ensino e aprendizagem de seus conteúdos, 
assim como os valores e concepções a eles relacionados, os temas transversais, 
dão sentido social a conceitos próprios das áreas convencionais, visando superar o 
“aprender pelo aprender” reconhecendo os valores por trás das práticas ou valores 
que surgem diante de determinadas práticas (RUY; RAMOS, 2007). 
Diante disso, surge a necessidade dos professores, que além dos Temas 
Transversais incluam em seus planejamentos outros temas, denominados de Temas 
15 
 
 
Emergentes, questões mais atuais e que surgem do cotidiano como: bullying, as 
novas tecnologias, machismo, feminismo, homofobia, violência os diferentes tipos de 
preconceitos, sejam eles de cor, raça, religião, classe social, gênero e também 
outros assuntos referentes ao uso de anabolizantes e mídia. É de grande 
importância, que o professor em seu planejamento não os negligencie, estando 
disposto a criar situações para utilizar destes e até mesmo sabendo como abordar 
quando algum emergir durante a sua aula. 
Atualmente a necessidade em tratar sobre estes temas é de imensa 
importância, fazendo com que o aluno pense e discuta sobre os temas que 
permeiam e afetam nossa sociedade, estes temas juntamente com os elementos 
articuladores, os temas transversais e os emergentes, dão essa abertura para o 
professor poder discutir e criar situações durante sua aula para que esses assuntos 
sejam trabalhados. No entanto para discutir ou ter concepções sobre estes temas é 
necessário que o professor esteja atualizado cientificamente e mais do que isso, 
integrado ao mundo do aluno, que ele tenha conhecimentos suficientes para 
contemplar tais temáticas, uma vez que integrado a este mundo, o professor 
conseguirá fazer com que todos participem e criem autonomia para analisar e criticar 
os diversos assuntos veiculados no meio social (MENEZES; VERENGUER, 2006). 
Pensando nisso surgiu o questionamento em saber quais as concepções dos 
professores de Educação Física acerca dos Temas Transversais e as aproximações 
e distanciamentos possibilitadas entre o contexto sócio-histórico-cultural e as 
práticas pedagógicas dos professores para Educação Física escolar no Ensino 
Médio. 
 
 
1.1. JUSTIFICATIVA 
 
 
Tratar as questões que afligem a sociedade contemporânea, o bullying, o 
preconceito, a exclusão, a diversidade, as questões de gênero, a tecnologia, a 
influência da mídia, entre tantos outros, por vezes não é tarefa fácil. A escola 
contribui como um dos espaços possíveis para informação dos alunos em relação a 
estes temas e também na formação do cidadão crítico, autônomo, reflexivo, sensível 
e participativo. “Alertando a importância de se discutir questões graves que se 
16 
 
 
apresentam como obstáculos para a concretização da plenitude da cidadania” 
(BRASIL, 1997, p.30). Abordar estas questões sociais emergentes, indicam dilemas 
gerados a partir da realidade social, que necessitam ser problematizados, criticados 
e refletidos (DARIDO, et al., 2001). 
Com o surgimento dos PCN’s e dos Temas Transversais estas questões 
começaram a ganhar mais espaço e reconhecimento, tanto na produção científica, 
quanto na escola, onde também começaram a fazer parte do projeto político 
pedagógico, a fim de que professores iniciassem um trabalho em com estes temas 
em suas disciplinas. 
Enquanto componente curricular, a Educação Física deve participar do 
trabalho com os Temas Transversais, uma vez que a mesma deve estar 
integrada à proposta pedagógica da escola, assim como estabelece a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL, 1996 apud RUY; 
RAMOS, 2007, p.02). 
 
Na Educação Física o trato com os Temas Transversais visa ultrapassar o 
ensinar dos conteúdos da cultura corporal do movimento em seus fundamentos e 
técnicas (dimensão procedimental), e inclui também os seus valores, ou seja, quais 
atitudes os alunos devem ter nas atividades corporais (dimensão atitudinal), para 
finalmente garantir o direito do aluno em saber o porque ele está realizando este ou 
aquele movimento, isto é, quais os conceitos estão ligados àqueles procedimentos 
(dimensão conceitual) (DARIDO, et al., 2001). 
A proposta dos PCN’s com os Temas Transversais então passa a ser de 
grande valia para os professores de Educação Física e de outras disciplinas, uma 
vez que, é seu objetivo nortear o trabalho dos professores, além de inserir nas aulas, 
conceitos que deem mais sentido e significado às mesmas (RUY; RAMOS, 2007). 
Diante disso surgiu o interesse do pesquisador, em aprofundar-se no assunto 
e buscar saber quais são as concepções dos professores de Educação Física de 
Colégios Privados e de um Colégio Público, na região do Vale do Ivaí, e como eles 
abordam as questões referentes aos TemasTransversais ou quaisquer outros temas 
em seus planejamentos ou planos de aula, levando em conta o contexto sócio-
histórico-cultural dos colégios. 
A importância desta pesquisa para os professores como também para os 
alunos, para a escola e o pesquisador, se dará na forma de mostrar que é 
importante, desenvolver conteúdos relacionados aos Temas Transversais de 
maneira que, questões sociais emergentes sejam incluídas e problematizadas no 
17 
 
 
cotidiano, ampliando a contribuição da Educação Física escolar para o pleno 
exercício da cidadania, adotando uma perspectiva metodológica de ensino e 
aprendizagem que busque o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, da 
participação social, da criticidade, do respeito e a afirmação de valores e princípios 
democráticos (BRASIL, 1997a). 
 
 
1.2. OBJETIVOS 
 
 
1.2.1. Objetivo Geral 
 
 
 Analisar e compreender as aproximações e distanciamentos possibilitadas por 
meio dos Temas Transversais entre o contexto sócio-histórico-cultural e a Educação 
Física escolar no Ensino Médio nas cidades de Ivaiporã e Lunardelli - PR. 
 
 
1.2.2. Objetivos Específicos 
 
 
 Identificar nos documentos da escola, como são tratados os temas transversais 
e questões emergentes; 
 Verificar o entendimento dos professores de Educação Física atuantes no ensino 
médio com relação aos temas transversais e questões emergentes; 
 Diagnosticar as concepções dos professores acerca das possíveis relações 
entre o contexto sócio-histórico-cultural e as aulas de Educação Física, 
 Diagnosticar os principais dilemas sociais e culturais que necessitam ser 
tratados nas aulas; 
 Identificar se os temas transversais e outras questões emergentes perpassam os 
conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física. 
 
18 
 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1. A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS TRASNFORMAÇÕES NO CONTEXTO 
SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL 
 
 
Nossa sociedade é composta por indivíduos que pensam e agem de maneiras 
distintas, o primeiro grupo social que fazemos parte é nossa família é com ela que 
aprendemos várias regras onde devemos respeitá-las. Outro grupo social em que o 
indivíduo pertence é a escola, que tem a função de introduzir elementos novos no 
desenvolvimento dos educandos, no qual devem estar vinculados as necessidades e 
o tipo de sociedade que se deseja construir (SOUZA, 2013). 
Escola e a família não são as únicas instâncias sociais que cumprem com 
esta função de introduzir novos elementos e conhecimentos as pessoas, os grupos 
sociais e os meios de comunicação muito presente na vida das pessoas nos dias 
atuais, são grandes disseminadoras de ideias, formas de agir e pensamentos na 
sociedade. A escola, no entanto ainda é parte fundamental na construção destas 
ideias, conhecimentos, nas concepções e nos modos de comportamento dos alunos 
que a sociedade adulta requer, seja pela forma em que ela desenvolve seus 
diversos conteúdos e assuntos ou por meio dos seus sistemas de organização. 
Esses diversos pensamentos que adquirimos ao decorrer dos anos na escola, 
contribuem para nossa formação como cidadão e em nossa interiorização de valores 
das normas da comunidade (PEREZ GÓMEZ, 1999). 
O termo educação sempre existiu em todos os grupos sociais e de diferentes 
formas, pois sempre houve a necessidade dos adultos em transmitir conhecimentos 
aos mais jovens. Na origem da humanidade o termo “Escola e sala de aula” não 
existia, o adulto ensinava com atividades práticas e exemplos às crianças, e essas 
crianças observavam e imitavam os mais velhos. As diferenças dos ensinamentos 
antigos e dos atuais consistem no fato de como se dava a aprendizagem de cada 
um, atualmente à escola se caracteriza pela organização dos conhecimentos, por 
sistemas, progressão de conteúdos e diversas disciplinas, sendo que no passado 
era apenas por transmissão das ideias, conhecimentos e crenças dos adultos para 
os mais novos. Deste modo, a possibilidade de “evoluir” em meio à sociedade, 
19 
 
 
depende da aquisição de conhecimentos, que as crianças, alunos ou qualquer outro 
indivíduo teve acesso em um determinado espaço de tempo, conhecimentos estes 
que foram julgados necessários para a atuação dos indivíduos no contexto em que 
vivem (SOUZA, 2013). 
O conservadorismo alinhado ao tradicionalismo, presente na comunidade 
social, reproduz ideias, comportamentos, valores herdados de gerações e em casos 
se mostra contrária as inovações políticas e sociais, conflitando diretamente com a 
tendência, que busca modificar estes pensamentos que são por vezes 
preconceituosos e discriminatórios em relação a religião, sexualidade, gênero, 
direitos iguais, etc. Estes que são desfavoráveis para certos indivíduos e grupos 
sociais. O equilíbrio necessário requer tanto pensamentos conservadores quanto a 
mudança destes pensamentos, para que haja uma tolerância maior e uma melhor 
relação entre os indivíduos em sociedade como dentro da escola. A escola deve 
propor uma política para atenuar os seus efeitos diminuindo e homogeneizando as 
diferenças e promovendo o respeito a elas (PEREZ GÓMEZ, 1999). 
Mesmo com limitações, a escola participa da formação moral de seus 
alunos. Valores e regras são transmitidos pelos professores, pelos livros 
didáticos, pela organização institucional, pelas formas de avaliação, pelos 
comportamentos dos próprios alunos e assim por diante. Então, ao invés de 
deixá-las ocultas, é melhor que tais questões recebam tratamento explícito. 
(BRASIL, 1997, p. 73). 
 
Bracht et. al (1992), traz que a escola se apropria do conhecimento científico, 
dando para tal um tratamento metodológico para que o mesmo fique de fácil 
compreensão para o aluno. A escola desenvolve a reflexão e capacidade intelectual 
do aluno sobre esse conhecimento. Relacionando-se ao eixo curricular que é 
diretamente vinculado aos seus fundamentos sociológicos, filosóficos, 
antropológicos, psicológicos e biológicos. Colocando em destaque a função social 
de cada uma delas, buscando estabelecer a sua contribuição particular para 
explicação da realidade social e natural para um pensamento/reflexão do aluno. 
A Educação Física também apoia-se aos fundamentos sociológicos, 
filosóficos, antropológicos, psicológicos e biológicos como objeto de estudo. 
Manifesta-se no condensado social através de práticas sociais com interesses e 
enfoques filosóficos, científicos e pedagógicos diferenciados, que podem ser 
analisados epistemologicamente em decorrência das visões explicita ou 
implicitamente, colocadas sobre o homem, o mundo e a sociedade (PALAFOX, et 
al., 1997). 
20 
 
 
O vínculo da Educação Física com a cultura corporal do movimento e a 
sociedade ocorreu ao longo da história da humanidade, decorrência da relação do 
homem com a natureza e com outros homens, de fato sendo historicamente 
construída, resultado de conhecimentos socialmente produzidos e acumulados pela 
humanidade. Estes que necessitam ser elucidados e transmitidos para os alunos na 
escola, contribuindo para o desenvolvimento da noção de historicidade da cultura 
corporal de movimento, compreendendo que o homem não nasceu correndo, 
nadando, saltando, lançando, jogando, etc. Sendo atividades que com o passar das 
épocas foram sendo construídas, consequência de determinados estímulos, desafios 
ou necessidades humanas. O conhecimento traçado desde sua origem, possibilita 
ao aluno a visão de historicidade, permitindo-lhe compreender-se enquanto sujeito 
histórico, com capacidade de interferir nos rumos de sua vida privada e de suas 
atividades sociais (BRACHT, et. al. 1992). 
A Educação Física escolar, que parte de um pensamento sobre cultura e 
sociedade, contribui para uma reflexão pedagógica sobre valores como 
solidariedade contrapondo-se ao individualismo, cooperação confrontando a disputa, 
distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de 
expressãoe de movimentos, negando submissão, proporcionando um conteúdo que 
colabore para além e promova refletir sobre valores na prática social capitalista a 
quão os alunos estão sujeitos desde quando nascem. Pensando nessa perspectiva 
o esporte na escola, ficaria em evidência pelo seus sentidos e seus significados de 
valores dentro do contexto sócio-histórico, o conhecimento seria organizado de 
maneira plural não priorizando apenas o domínio dos elementos técnicos e táticos 
que também possui sua importância, como conteúdos únicos da aprendizagem. No 
jogo o objetivo não será apenas vencer, mas compreender as múltiplas 
determinações no desempenho de um jogo (BRACHT, et al. 1992). 
Palafox et. al (1997, p. 05), relata que: 
Na Educação Física/Esporte (assim como em outras práticas educacionais), 
o conhecimento produzido, explicita ou implicitamente, sustenta visões de 
homem, mundo, sociedade, assim como diversas formas de interação 
humana e papéis sociais que refletem uma forma de organização sócio 
político-econômica. Ela aparece, não como uma prática social única e 
restrita mas sim, como várias práticas sociais materializadas na forma de 
propostas de ensino e de treinamento de habilidades, que contêm seus 
próprios interesses e fontes de análise filosófica, científica e pedagógica. 
 
Na escola o desenvolvimento das práticas sociais, são movimentos que 
buscam por modificações educacionais, que orientam o horizonte dos educadores 
21 
 
 
comprometidos com a democracia do país. Na Educação Física, isso se expressa na 
vontade política dos mesmos em construir uma teoria geral que consolide uma 
prática transformadora (BRACHT, et al. 1992). 
Pensando em transformações, levamos em conta a transformação no 
contexto sócio-histórico-cultural e também da disciplina de Educação Física. Com a 
ascensão da cultura corporal do movimento nos últimos anos, tornando-se um dos 
fenômenos mais importantes nos meios de comunicação de massa e na economia, 
pode-se dizer que a atividade física atualmente é um dos assuntos mais vistos e 
comentados na televisão e internet (BETTI; ZULIANI, 2002). 
O esporte, a ginástica a dança, as artes marciais, as práticas de aptidão 
física, tornam-se cada vez mais produtos de consumo e objetos de conhecimento e 
informação que constantemente é divulgado ao grande público em jornais, revistas, 
videogames, rádio, televisão e internet, difundindo ideias sobre a cultura corporal do 
movimento auxiliando assim em sua transformação e expansão. Essa evolução não 
é somente boa, junto a ela o estilo de vida das pessoas também passa por 
modificações, se adaptando as novas condições socioeconômicas (urbanização, 
consumismo, desemprego, informatização e automatização do trabalho, deterioração 
dos espaços públicos de lazer, violência, poluição) tudo isso contribui para o 
aumento de pessoas sedentárias alinhado também a uma má alimentação (fast-
foods, doces, refrigerantes), estresse, etc. O aumento do número de pessoas em 
frente à televisão e as novas tecnologias (celulares, tablets, computadores), 
especialmente utilizada por crianças e adolescentes, também são fatores que 
consequentemente diminuem a prática de atividade motora, substituindo a 
experiência de praticar esporte pela de assistir o esporte (BETTI; ZULIANI, 2002). 
Betti e Zuliani (2002, p. 74) ainda dizem que “Nesse novo contexto histórico, a 
concepção de Educação Física e seus objetivos na escola devem ser repensados, 
com a correspondente transformação de sua prática pedagógica.” 
É responsabilidade da Educação Física introduzir e integrar o aluno na cultura 
corporal do movimento e formar um cidadão capaz de posicionar-se criticamente 
diante das novas formas de cultura. Para isso não basta apenas aprender 
habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas que são indispensáveis, mas 
não suficientes, o aluno deve aprender a organizar-se socialmente para a prática de 
um esporte coletivo, e não apenas as técnicas e táticas, compreender e interpretar 
as regras como um elemento que torna o jogo possível tanto dentro como fora da 
22 
 
 
quadra, aprender a respeitar o adversário como um companheiro e não como um 
inimigo, pois sem ele não há competição. Prepará-lo para ser um consumidor 
consciente do esporte espetáculo e com uma visão crítica do sistema esportivo 
profissional. Que o professor forneça informações significativas, sobre política, 
história e sociedade para que ele possa analisar criticamente a violência (no futebol 
ou em outra modalidade), o doping, e os interesses políticos e econômicos ligados 
ao esporte. Enfim, que este aluno saiba analisar criticamente as informações que 
recebe dos meios de comunicação sobre a cultura corporal do movimento. Os 
autores ainda dizem que, 
Por isso, num processo de longo prazo, a Educação Física deve levar o 
aluno a descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais, favorecer o 
desenvolvimento de atitudes positivas para com elas, levar à aprendizagem 
de comportamentos adequados à sua prática, levar ao conhecimento, 
compreensão e análise de seu intelecto os dados científicos e filosóficos 
relacionados à cultura corporal de movimento, dirigir sua vontade e sua 
emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento (BETTI; 
ZULIANI, 2002, p. 75). 
 
A Educação Física não precisa se transformar em um discurso de ser apenas 
cultura corporal de movimento e perder a riqueza de suas especificidades, mas deve 
constituir-se como uma ação pedagógica para a cultura onde está inserida. Pois 
ainda é possível notar que a atual prática pedagógica da Educação Física escolar é 
tratada com descaso por parte dos alunos, onde muitos não veem mais significado 
na disciplina, mostram-se cada vez mais desinteressados e acabam valorizando 
mais as práticas corporais realizadas fora da escola (academias, clubes, escolinhas) 
do que as próprias aulas. Sendo um fenômeno que ocorre com maior frequência no 
Ensino Médio, onde ainda se perpetua um modelo pedagógico de Educação Física 
idealizado para o Ensino Fundamental (BETTI; ZULIANI, 2002). 
 
 
2.2 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO 
 
 
A Educação Física Escolar no Ensino Médio tende a ser um ciclo, em que o 
aluno irá aprofundar e sistematizar o seu conhecimento adquirido dos anos 
anteriores. Nessa fase o aluno já percebe e compreende as propriedades individuais 
de cada objeto podendo explicá-las, é o ciclo em que o aluno pode se tornar 
23 
 
 
produtor de conhecimento científico quando submetido à atividade de pesquisa 
(BRACHT, et. al. 1992). 
Assim como no documento elaborado pela CENP (1993), o documento 
elaborado por uma comissão do Conselho Estadual de Educação ressalta 
que o ensino médio não pode ser concebido como uma repetição, um pouco 
mais aprofundada, do programa de Educação Física do ensino fundamental, 
mas deve apresentar características próprias, que considerem o contexto 
sócio-histórico destes alunos. (DARIDO, et al. 1999). 
 
Quando falamos de Educação Física no âmbito escolar, por diversas vezes 
nos vem à mente, às atividades recreativas e a prática esportiva de modalidades 
tradicionalmente conhecidas. Alguns professores e muitos alunos ainda perpetuam 
com essa ideia perante a disciplina, mesmo ela sendo regular e integrante do projeto 
político pedagógico da escola (REIS, 2007). 
Essa ideia de Educação Física para os alunos, se dá desde o início, durante o 
Ensino Fundamental, onde algumas escolas não possuem professores com 
formação específica na área, fazendo com que as aulas sejam ministradas pelos 
professores pedagogos, onde acabam por vezes não passando para o aluno um 
conteúdo de Educação Física que a criança realmente necessita ou conteúdos que 
sejam adequados para sua idade, juntamente a isso, acarretando durante os anos 
uma falta no seu desenvolvimento motor tanto quanto cognitivo e afetivo (REIS, 
2007). 
No Ensino Médio, a Educação Física é vista em algunscasos, pelos alunos 
como uma disciplina sem demasiada importância. Os adolescentes se encontram 
descontentes com os conteúdos durante as aulas ou com a forma de atuação dos 
professores. Ano após ano são sempre os mesmos conteúdos, sendo por diversas 
vezes, muitas aulas, focadas apenas nos esportes coletivos ou jogo pelo jogo. 
Juntamente com as experiências acumuladas dos anos do Ensino Fundamental, o 
aluno cada vez menos se sente interessado pela disciplina (BARNI; SCHNEIDER, 
2003). 
O maior desafio da Educação Física no Ensino Médio, neste mundo 
contemporâneo, é a convivência nos ambientes escolares com turmas de 
alunos que pensam e agem de maneiras distintas. Torna-se cada vez mais 
difícil fornecer uma Educação Física com participação universal, e verifica-
se a utilização desenfreada da prática esportiva nos ambientes escolares, 
supervalorizando o espetáculo através da fala da mídia, o que influi 
significativamente no comportamento dos alunos dentro e fora do ambiente 
escolar (MONTAGNER; RODRIGUES, 2003 apud. REIS, 2007, p.02). 
 
A aula de Educação Física, é obrigatoriedade dentro da escola, segundo a 
LDBEN de 2014, Art.26, 3 – Lei 9394/96, relata que: 
24 
 
 
A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é 
componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática 
facultativa ao aluno: que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a 6 
(seis) horas; maior de 30 (trinta) anos de idade; que estiver prestando 
serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática 
da educação física; amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro 
de 1969; (vetado), ou que tenha prole. (BRASIL, 2014, p.19). 
 
A Educação Física, trata-se de um conhecimento cientifico universal que 
precisa ser assimilado pelo o aluno, ele precisa compreender a importância disso 
para sua vida, à dispensa das aulas, priva o aluno de receber estes conhecimentos, 
a expressão corporal também é uma linguagem e um conhecimento universal, que 
igualmente precisa ser apresentado e assimilado pelos alunos na escola (BRACHT, 
et al. 1992). 
Segundo os PCN’s para o Ensino Médio, a Educação Física, deve 
reaproximar o aluno com a disciplina, usando de conteúdos que contribuam para o 
aprofundamento dos seus conhecimentos, pensando assim em uma continuidade do 
que o aluno aprendeu no Ensino Fundamental, o aluno pratica as modalidades, suas 
técnicas e táticas, mas também aprende sobre outras, adentrando em seus diversos 
conteúdos. Outra questão, é que os alunos, por vezes, frequentam as aulas de 
forma descompromissada com o que está sendo ensinado, por não sentirem 
afinidade com os conteúdos que são desenvolvidos, no caso os esportes que é 
usado de maneira exaustiva pelos professores, podendo assim, constatar uma forte 
evasão de alunos às aulas. A influência do esporte sempre esteve e está fortemente 
presente na Escola, e isso acaba por subordinar a Educação Física a ser apenas 
“esporte” e não algo a mais (BRASIL, 2000). 
[...] Enquanto as demais áreas de estudo dedicam-se a aprofundar os 
conhecimentos dos alunos, através de metodologias diversificadas, estudos 
do meio, exposição de vídeos, apreciações de obras de diversos autores, 
leituras de texto, solução de problemas, discussão de assuntos atuais e 
concretos, as aulas do “mais atraente” dos componentes limita-se aos já 
conhecidos fundamentos do esporte e jogo. A influência do esporte no 
sistema escolar é de tal magnitude que temos não o esporte da escola, mas 
sim o esporte na escola (BRASIL, 2000, p. 34). 
 
Darido et al., (1999), diz que a Educação Física no Ensino Médio, deve 
proporcionar ao aluno conhecimento sobre a cultura corporal do movimento, que 
implica compreensão, reflexão, análise crítica, etc. Devendo para tal conhecimento, 
que os alunos tenham relações com as vivências das atividades corporais com 
objetivos ligados aos lazer, saúde/bem estar e expressão de sentimentos. Este 
objetivo garantido para todos os alunos, permitirá que eles possam desfrutar das 
25 
 
 
várias formas culturais do movimento. Promover discussões no Ensino Médio sobre 
as manifestações dessas práticas corporais como reflexos da sociedade em que 
vive, pensando criticamente nos seus valores, levará os alunos a compreenderem as 
possibilidades e necessidade de transformar ou não esses valores. 
 
 
2.2.1. Objetivos da Educação Física no Ensino Médio 
 
 
Pensando nos objetivos da Educação Física no Ensino Médio, segundo os 
PCN’s o objetivo da disciplina é aproximar o aluno novamente à Educação Física, de 
forma lúdica, educativa e contributiva para o processo de aprofundamento dos 
conhecimentos (BRASIL, 2000). 
Bracht et. al., (1992) relata que é necessário estruturar um programa de 
Educação Física e selecionar os seus conteúdos metodológicos básicos, uma vez 
que quando se aponta o conhecimento e os métodos para sua assimilação, se 
evidencia a natureza do pensamento teórico que se pretende desenvolver nos 
alunos. 
Podemos dizer que o programa é o pilar da disciplina e que seus elementos 
principais são: 1) o conhecimento de que trata a disciplina, sistematizado e 
distribuído, que geralmente se denomina de conteúdos de ensino; 2) o 
tempo pedagogicamente necessário para o processo de apropriação do 
conhecimento; e 3) os procedimentos didático-metodológicos para ensiná-lo 
(BRACHT, et al., 1992, p. 41). 
 
O estudo da cultura corporal visa apreender a expressão corporal como 
linguagem. O aluno deve atribuir um sentido próprio às atividades que o professor 
lhe propõe. Considerando isto, podemos dizer que os temas da cultura corporal que 
são tratados na escola, possuem sentidos e expressam significados que se 
relacionam dialeticamente à intencionalidade e aos objetivos dos homens e suas 
intenções em meio à sociedade, pois o seu sentido pessoal em uma determinada 
atividade possui relação com a realidade de sua própria vida, com suas motivações. 
Tratar desse sentido/significado abrange a compreensão das relações de 
interdependência que jogo, esporte, ginástica e dança, ou outros temas que 
venham a compor um programa de Educação Física, têm com os grandes 
problemas sócio-políticos atuais como: ecologia, papéis sexuais, saúde 
pública, relações sociais do trabalho, preconceitos sociais, raciais, da 
deficiência, da velhice, distribuição do solo urbano, distribuição da renda, 
dívida externa e outros (BRACHT et al., 1992, p. 42). 
 
26 
 
 
É necessária a reflexão desses problemas sociais por parte dos alunos, se o 
professor quer possibilitar ao aluno entender a realidade social em que ele está 
inserido. Deve utilizar-se dessas ferramentas interpretando-as e explicando-as. “Isso 
quer dizer que/cabe à escola promover a apreensão da prática social. Portanto, os 
conteúdos devem ser buscados dentro dela”. (BRACHT, et al., 1992, p.42). 
As Diretrizes Curriculares do Paraná (2008), propõem que a Educação Física 
seja fundamentada nas reflexões sobre as necessidades atuais de ensino perante 
os alunos, valorizando a educação e superando contradições. Sendo de essencial 
importância considerar os contextos e experiências de diferentes regiões, alunos, 
escolas, professores e da comunidade. Podendo o professor também desenvolver 
uma interlocução com outras disciplinas que permitam entender a Cultura Corporal 
em sua diversidade e em suas relações com as múltiplas dimensões da vida 
humana, tratadas tanto pelas ciências humanas, sociais, da saúde e da natureza. 
Nas Diretrizes Curriculares os conteúdos da Cultura Corporal, foram definidos 
como Conteúdos Estruturantes, devendo esses ampliar a dimensão meramente 
motriz. Ficando a critério do professor, enriquecer os conteúdos com experiências 
corporais das mais diferentes culturas priorizando as particularidades de cada 
comunidade. Os Conteúdos Estruturantes propostos para a Educação Física são os 
esportes, jogos e brincadeiras, ginástica, lutase dança (PARANÁ, 2008). 
Ao trabalhar o conteúdo Esporte com os alunos do Ensino Médio o professor 
deve considerar os determinantes históricos-sociais responsáveis pela constituição 
do esporte ao longo dos anos. Este é entendido como uma atividade teórico-prática 
e um fenômeno social, que em suas várias manifestações e abordagens, pode ser 
uma ferramenta de aprendizado para o lazer, para o aprimoramento da saúde e para 
integrar os sujeitos em suas relações sociais. O ensino do esporte ainda, deve 
fornecer ao aluno uma leitura de sua complexidade sócia, histórica, e política. 
Portanto ensinar o esporte nas aulas de Educação Física deve sim contemplar o 
aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades, mas não 
limitando-se em ser apenas isso (PARANÁ, 2008). 
Com os Jogos e Brincadeiras é interessante reconhecer as formas 
particulares que estas tomam em distintos contextos históricos, de modo que caiba a 
escola valorizar pedagogicamente as culturas locais e regionais que identificam em 
determinada sociedade. Este conteúdo é de relevante importância para o 
desenvolvimento humano, pois atua como maneiras de representação do real 
27 
 
 
através de situações imaginárias, permitindo para os pais e por outro lado a escola 
promover e criar as condições apropriadas para as brincadeiras e jogos, compondo 
um conjunto de possibilidades que ampliam a percepção e a interpretação da 
realidade (PARANÁ, 2008). 
A Ginástica deve dar condições ao aluno de reconhecer as possibilidades de 
seu corpo, espera-se que com o conteúdo os alunos tenham subsídios para 
questionar os padrão estéticos, a busca exacerbada pelo culto ao corpo e aos 
exercícios físicos, e também os modismos que atualmente se fazem presentes nas 
diversas práticas corporais, inclusive na ginástica. As Lutas devem fazer parte do 
contexto escolar, pois se constituem das mais variadas formas de conhecimento da 
cultura humana, são repletas de simbologias e historicamente enriquecidas. Quando 
houveram situações em que o professor pode teorizar acerca dos conteúdos da 
dança, ele poderá aprofundar com os alunos uma consciência crítica e reflexiva 
sobre seus significados, criando situações em que a representação simbólica, 
peculiar a cada modalidade de dançar, seja contemplada (PARANÁ, 2008). 
Outro ponto importante que pode ser explorado pelo profissional, são as 
danças que retratam a cultura afro-brasileira, também aliado aos aspectos culturais e 
regionais específicos, e as vivências desses diferentes estilos de dança, 
possibilitando a liberdade de recriação coreográfica e a expressão livre de 
movimentos. As lutas, assim como os demais conteúdos, devem ser trabalhados de 
maneira reflexiva, direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente 
desenvolver capacidades e potencialidades físicas. Sendo de fundamental 
importância para refletirmos criticamente sobre a realidade que nos cerca, 
contrapondo-se ao senso comum (PARANÁ, 2008). 
Nos exemplos pode-se perceber que os conteúdos da cultura corporal a 
serem apreendidos na escola devem emergir da realidade dinâmica e 
concreta do mundo do aluno. Tendo em vista uma nova compreensão 
dessa realidade social, um novo entendimento que supere o senso comum 
(BRACHT et al., 1992, p. 62). 
 
Os alunos devem ser orientados para um conteúdo que lhes apresentem a 
necessidade de solução/reflexão de um problema nele implícito. É o aluno se atentar 
a fatos que o cerca. Um exemplo que Bracht et. al. (1992) nos coloca, é o do 
professor organizar com seus alunos uma atividade de lazer em áreas verdes 
(caminhada, acampamento) e no decorrer da atividade gerar o confrontar-se do 
aluno com as questões da devastação ou preservação do meio ambiente, do homem 
28 
 
 
no intermédio dessas práticas, tanto pelo bem quanto para o mal. “O 
aprofundamento sobre a realidade através da problematização de conteúdos 
desperta no aluno curiosidade e motivação, o que pode incentivar uma atitude 
científica.” (BRACHT, et. al. 1992, p.43). 
Acredita-se que o aluno do Ensino Médio traz para o ambiente escolar um 
conhecimento sobre determinado assunto e que no decorrer das aulas esse 
conhecimento possa ser modificado e melhorado, respeitando sempre o contexto 
social, a individualidade e o desenvolvimento do educando. O ambiente escolar, 
mais especificamente as aulas de Educação Física não devem ser voltadas ao 
rendimento e perfeição, porque cada indivíduo ali inserido possui suas 
características e individualidade, que devem ser respeitadas durante o processo de 
desenvolvimento (BARNI; SCHNEIDER, 2003). 
Operando a crítica da Educação Física a partir de sua contextualização na 
sociedade capitalista, emerge as abordagem críticas, incluindo a Crítico-superadora. 
“Vinculadas às discussões da pedagogia crítica brasileira e às análises das ciências 
humanas, sobretudo da Filosofia da Educação e Sociologia, estão as concepções 
críticas da Educação Física” (PARANÁ, 2008, p.44). 
A abordagem Crítico-superadora valoriza, na construção do processo 
pedagógico, a influência que diversos elementos possuem sobre determinadas 
ações e pensamentos dos indivíduos, sejam eles: professores, funcionários, seus 
pais e comunidade, sendo alguns dos pontos dessa concepção de ensino. Chama-
se assim porque tem à concepção histórico-crítica, como ponto de partida e 
inspiração no materialismo histórico dialético de Karl Marx. Seus Idealizadores são: 
Valter Bracht juntamente ao Coletivo de Autores. Estuda a cultura corporal e parte 
dela para seu desenvolvimento, relata que a cultura corporal é parte essencial da 
realidade social complexa do aluno (OLIVEIRA, 1997). 
Olhando por meio de uma abordagem Crítico-superadora, a escola deve fazer 
uma seleção dos conteúdos da Educação Física. Os conteúdos devem ser 
selecionados, organizados e coerentes, para que promova aos alunos uma leitura da 
realidade. Para isso, deve-se analisar a origem do conteúdo e reconhecer o que 
gerou a necessidade em se explanar sobre tal. Atentando-se a realidade local em 
que esta escola está inserida e aos seus materiais. São conhecimentos necessários 
na construção e desenvolvimento sócio-histórico do indivíduo e as suas significações 
objetivas perante determinada ação (BRACHT, et al. 1992). 
29 
 
 
Utiliza-se dos conteúdos que compõem a cultura corporal do movimento como 
a ginástica, o jogo, a dança, a capoeira e os esportes. O aluno deve construir 
demonstrar e compreender para poder explicar e intervir. Tem de qualificar o 
conhecimento do aluno, sobre aquela mesma realidade, questionando-o, para dotá-
lo de maior complexidade (OLIVEIRA, 1997). 
Esta abordagem ainda propõe a estruturação em ciclos. Nos ciclos os 
conteúdos são tratados simultaneamente, constituindo-se referências que vão se 
ampliando no pensamento do aluno de forma espiralada, como um mesmo conteúdo 
podendo ser tratado em todos os níveis escolares como processo de evolução. 
Dessa forma, os ciclos não se organizam por etapas. Os alunos podem lidar com 
diferentes ciclos ao mesmo tempo, dependendo dos dados que estejam sendo 
tratados. Os ciclos buscam construir um melhora na forma do professor ensinar e o 
aluno apreender, mas não abandonando a referência das séries (BRACHT, et al. 
1992). 
O professor pode se deparar a um certo despreparo para enfrentar estas 
abordagens, seja por falta de interesse, conhecimento, comodismo, medo de não 
saber utilizar corretamente em suas aulas, ou até mesmo por dúvidas que possam 
gerar aos alunos e o profissional não saber argumentar sobre, seria um risco a 
correr, onde no entendimento tradicional o professor tem que “saber tudo” e o aluno 
apenas ouvir e aprender (OLIVEIRA, 1997). 
A Educação Física como parte integrante da Escola, colabora na construção 
do ser humano em desenvolvimento. Os alunos do Ensino Médio necessitam de 
uma Educação Física com múltiplos conteúdos, de atividades desenvolvidasque 
colaborem na formação de sua personalidade e em sua participação nos meios 
sociais (BARNI; SCHNEIDER, 2003). 
Tratar dos grandes problemas sócio-políticos atuais não significa um ato de 
doutrinamento, mas sim organizar e selecionar os conteúdos exigindo coerência com 
o objetivo de promover a leitura da realidade. Não significa abordar somente o 
conteúdo “teórico”, mas, sobretudo construir uma metodologia que tenha como eixo 
central a construção do conhecimento pela práxis. Proporcionando a expressão 
corporal, o aprendizado das técnicas e a reflexão sobre o movimento corporal, 
utilizando-se de uma complexidade crescente, em que o mesmo conteúdo possa ser 
discutido tanto no Ensino Fundamental como também no Ensino Médio (BRASIL, 
2008). 
30 
 
 
2.3. A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E OS TEMAS TRANSVERSAIS 
 
 
Os temas foram escolhidos em função das urgências que a sociedade 
brasileira apresenta, pensando nas grandes dimensões do Brasil e as diversas 
realidades que o compõem. Para atender a algumas dessas necessidades, de se 
falar sobre estes temas, foram criados os Temas Transversais que estão integrados 
aos PCN’s e são de fundamental importância para a formação crítica e social do 
aluno. É papel do professor que ele conheça e saiba da importância desses temas e 
que consiga transpor conhecimentos relacionados a eles durante as aulas, utilizando 
um conteúdo que perpasse essas questões para os alunos (BRASIL, 1997a). 
Os temas transversais a partir dos PCN’s abordam: Ética, Meio Ambiente, 
Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo, podendo 
conter outros relacionados aos Temas Locais, que são os temas de interesse 
específico de uma determinada realidade a serem definidos no âmbito da cidade ou 
da escola em que se está trabalhando (BRASIL, 1997a). 
A intervenção dos Temas Transversais nas áreas não é uniforme, pois deve 
respeitar as singularidades de uns e de outras. Certos temas têm mais 
afinidade com uma área do que com outra, e essas especificidades 
precisam ser respeitadas para não se incorrer em um “formalismo 
mecânico” (BRASIL, 1997a, p. 41). 
 
Foram propostos para toda a escola, ou seja, que todas as disciplinas devem 
tratar sobre, inclusive a Educação Física. É como se fossem as principais ruas do 
currículo escolar que devem ser atravessados/cruzados, por causa disso recebem o 
nome de transversais (DARIDO, 2012). 
Na Educação Física, por exemplo, vários autores mencionam a necessidade 
e a importância de tratar os grandes problemas sociais nas aulas, tais como: 
ecologia, papéis sexuais, saúde pública, relações sociais do trabalho, 
preconceitos sociais, raciais, da deficiência, da velhice, distribuição de solo 
urbano, distribuição da renda, dívida externa; e outros, relacionados ao 
jogo, esporte, ginástica, lutas e dança (DARIDO, 2012, p. 78). 
 
Optando por incluir os temas transversais nas aulas de Educação Física, o 
professor estará contribuindo para um conhecimento do indivíduo relacionado aos 
problemas de nossa sociedade, pensando em uma formação voltada à formação do 
cidadão crítico. Com isso o indivíduo conheceria os benefícios de tais práticas, os 
diversos tipos de manifestações da cultura corporal do movimento, aprendendo a 
relacionar as atividades e saber como isto está relacionado aos meios de 
31 
 
 
comunicação, mídia televisiva, internet, rádio, se tornando um indivíduo com maior 
conhecimento sobre tais assuntos, e ainda aprendendo a relacionar estes conteúdos 
com os colegas, reconhecendo os valores por trás das práticas e não apenas a 
prática em si. Também podendo propiciar um maior interesse dos alunos para com 
as aulas de Educação Física (DARIDO, 2012). 
Também preocupado com essas questões, as Diretrizes Curriculares do 
Paraná (2008) em seu documento cita diversos conteúdos a serem desenvolvidos 
pelos professores na Educação Física, a fim de ampliar horizontes acerca destes 
temas dentro da escola e das aulas. Nas diretrizes da Educação Física são 
nomeados de Elementos Articuladores, que visam romper com a maneira tradicional 
de como os conteúdos tem sido tratados, trazendo novas formas para que esses 
elementos comecem a integrar e se interligar as práticas corporais em uma forma 
mais contextualizada e reflexiva (PARANÁ, 2008). 
Estes elementos, não podem ser entendidos como conteúdos paralelos, 
trabalhados apenas teoricamente ou de maneira isolada. Estes conteúdos devem 
ser incluídos dentro da Educação Física a fim de transformar o seu ensino, 
mostrando o valor de tais elementos, suas transformações e importância no 
ambiente escolar e em sociedade. 
Os elementos articuladores alargam a compreensão das práticas corporais, 
indicam múltiplas possibilidades de intervenção pedagógica em situações 
que surgem no cotidiano escolar. São, ao mesmo tempo, fins e meios do 
processo de ensino/aprendizagem, pois devem transitar pelos Conteúdos 
Estruturantes e específicos de modo a articulá-los o tempo todo (PARANÁ, 
2008, p.54). 
 
As diretrizes descrevem esses Elementos Articuladores sendo eles: corpo, 
ludicidade, saúde, mundo do trabalho, lazer, diversidade e mídia (PARANÁ, 2008). 
Durante as aulas de Educação Física, tratar sobre os Temas Transversais e 
Elementos Articuladores, será de grande valia para os alunos, atrelado aos 
conteúdos que compõem à aula e aos elementos da cultura corporal de movimento, 
que incluem o jogo, o esporte, as atividades rítmicas e expressivas, dança, luta, 
ginástica e a capoeira são exemplos de conteúdos, que o professor pode utilizar 
para criar uma aula com um conceito que aborde algum determinado tema 
(DARIDO, 2012). 
Estes temas possibilitam aos professores que desenvolvam um conteúdo em 
suas práticas pedagógicas de real importância e necessidade aos alunos, 
fornecendo informações para o seu desenvolvimento e sua construção de ideias e 
32 
 
 
pensamentos. Um ponto que se destaca nessa nova significação atribuída à 
Educação Física é que a área ultrapassa a ideia única de estar voltada para o 
ensino do gesto motor correto. Cabe ao professor mostrar que a disciplina de 
Educação Física é muito mais que isso, cabe a ele problematizar, interpretar, 
relacionar, compreender junto a seus alunos as amplas manifestações da cultura 
corporal de tal forma que os alunos compreendam os sentidos e significados 
impregnados nas práticas corporais. Cabe a escola e aos professores estarem por 
dentro destas questões e darem o suporte necessário para que esses temas 
recebam a devida atenção (DARIDO, 2012). 
 
 
2.3.1 Ética 
 
 
Ética deve apresentar para os alunos atividades que possibilitem que eles 
reflitam acerca da convivência humana nas suas relações com as diferentes 
dimensões da vida social: o ambiente, o trabalho, o lazer, o consumo, a sexualidade 
e a saúde (DARIDO, 2012). 
O que se quer ressaltar é a possibilidade de construir formas operacionais 
de praticar e refletir sobre esses valores, a partir da constatação de que 
apenas a prática das atividades e o discurso verbal do professor resultam 
insuficientes na sua transmissão e incorporação pelo estudante. O respeito 
mútuo, a justiça, a dignidade e a solidariedade podem, portanto, ser 
exercidos dentro de contextos significativos, estabelecidos em muitos casos 
de maneira autônoma pelos próprios participantes. (BRASIL 1997a, p. 34-
35). 
 
Fazer com que haja essa relação e discussão durante as aulas é de essencial 
importância, incluir essa dimensão, atribuir às atitudes certas e erradas, positivas ou 
negativas. Ainda atribuir o valor da dimensão social da ética, juntamente a valores às 
atitudes sociais das pessoas, em momentos o aluno pode querer transferir a 
responsabilidade do seu ato para o grupo em que ele está inserido, sendo que a 
responsabilidade moral de suas atitudes é consequência do ato em si, sendo 
responsabilidade apenas do indivíduo (BRASIL, 1997a). 
A ética é, portanto, entendidacomo pensamento ou reflexão sobre os 
valores e as normas que norteiam as condutas dos homens na sociedade. 
Mas, para os Temas Transversais, ela possui ainda uma dimensão histórica, 
pois tanto as sociedades quanto os homens mudam com o passar do 
tempo, mudando, também, os dilemas éticos e as respostas dadas para 
eles (SILVEIRA, 2009, p. 697). 
33 
 
 
 
De acordo com os PCN’s os objetivos específicos da Ética na escola são: 
compreender a justiça como equidade e sensibilizar-se para a construção de uma 
sociedade justa; respeitar as diferenças entre as pessoas, atitude necessária à 
convivência democrática; praticar a solidariedade, a cooperação e o repúdio às 
injustiças e às discriminações; utilizar os conhecimentos adquiridos na escola para a 
construção de uma sociedade democrática e solidária; adotar o diálogo como forma 
de solucionar conflitos e tomar decisões coletivas; legitimar as normas morais 
mediante a construção de uma autoimagem positiva e do respeito próprio; assumir 
posições de acordo com seu próprio julgamento, levando em conta diferentes pontos 
de vista e aspectos envolvidos em cada questão (BRASIL, 1997a). 
A prática de atividade física de modo geral, segundo Darido (2012), é onde os 
alunos expressam comportamentos de excitação, cansaço, medo, vergonha, prazer, 
satisfação, entre outros. Por meio deles os alunos são afetados pela intensidade e 
pela qualidade dos estados afetivos vivenciados corporalmente. Durante uma aula 
de Educação Física, na prática esportiva é propício ocorrerem situações afetivas e 
de interação social, sendo um ambiente ideal esse para explicitação, discussão e 
reflexão a respeito de atitudes e valores considerados éticos ou não, para si e para 
os outros. 
Acedo (2009) relata que a escola é um ambiente que permite aos jovens 
expandir os conhecimentos e relacionamentos durante grande parte da vida. A 
Educação Física pode colocar em discussão o “como ser?” a dimensão das atitudes 
durante a prática de movimentos, jogos, lutas e danças, construídos historicamente 
pelo ser humano (cultura corporal do movimento) expandindo não somente as 
possibilidades de movimentos, mas também oferecendo para os mesmos um 
embasamento teórico. Questionando também quais seriam os valores vinculados a 
essas práticas? O autor ainda cita o fair play ou “jogo limpo” como um exemplo de 
boa conduta no esporte, onde os atletas devem possuir durante uma partida. Levar 
essas discussões para o ambiente de aula podem ter pontos positivos, mostrando a 
importância do bom comportamento para com os adversários e demais pessoas do 
jogo, e também através da imagem que isso causa ao expectador. Estimulando no 
aluno uma reflexão entre o que ocorre no esporte e no meio social em que ele está 
presente. 
34 
 
 
Reconhecer de fato que a escola possui um papel importante na formação 
ética dos alunos é essencial, que deve ser não somente a única, mas a referência 
mais implícita para essa formação. Silveira (2009) ainda nos diz que os argumentos 
apresentados em favor da abordagem transversal para a ética, parecem não ser 
suficientes para justificá-la. Para ele o melhor caminho, levando em consideração as 
condições atuais da escola pública brasileira, seria tratar a Ética como disciplina 
escolar, deixando de ser apenas um tema transversal, com um professor em 
particular com formação adequada para essa tarefa e de forma interdisciplinar. 
 
 
2.3.2 Pluralidade Cultural 
 
 
Trabalhar a diversidade cultural, durante a aula, tem por objetivo, que os 
alunos conheçam, respeitem e valorizem as diversas culturas existentes no Brasil, 
contribuindo para uma convivência mais harmoniosa em nossa sociedade, sem 
repúdios ou discriminação. Utilizando para isso vivências das diferentes 
“manifestações da cultura corporal”, os esportes, as danças e as lutas, como forma 
de conhecê-las e valorizá-las (DARIDO, 2012). 
Cultura corporal e diversidade visam o reconhecimento e a ampliação da 
diversidade nas relações sociais. A aula de Educação Física é um momento onde 
ocorre a oportunidade de um relacionamento conjunto de todos os indivíduos, onde 
possa ocorrer o respeito entre as diferenças individuais de cada um (DARIDO, 
2012). 
Danças, culinária, hábitos, jogos, cantigas, religiões e crenças são apenas 
alguns exemplos de componentes da cultura brasileira, criados a partir dos 
povos que se encontraram nesta terra (índios, africanos, europeus e 
asiáticos – para resumir, porém enfatizando a diversidade de culturas dentro 
desses grupos), que elucidam a variedade de manifestações existentes no 
Brasil (ACEDO, 2009, p. 38). 
 
Valorizar as experiências corporais do campo e dos povos indígenas, e ás 
práticas corporais de cada segmento social e cultural nas escolas. Estes universos 
devem dialogar entre si para que os alunos convivam com as diferenças e 
estabeleçam relações corporais ricas em experimentações. Experimentar a cultura 
do outro, as diferenças do outro, as suas dificuldades é algo a se trazer para os 
35 
 
 
alunos, um exemplo seria a experimentação de esportes adaptados, em um jogo de 
futebol com os olhos vendados utilizando uma bola com guizo e no final discutir com 
os alunos as dificuldades encontradas por eles durante a prática (PARANÁ, 2008). 
“Destaca-se que a inclusão não representa caridade ou assistencialismo, mas 
condição de afirmar a pluralidade, a diferença, o aprendizado com o outro, algo que 
todos os alunos devem ter como experiência formativa.” (PARANÁ, 2008 p. 61). 
Por meio da dança, conhecer as diferentes danças típicas existentes, danças 
de origem africana e os diversos grupos étnico-culturais, fazendo com que se 
conheça um pouco mais das regiões do Brasil. Junto com as ginásticas e às lutas 
que conseguem manter suas raízes ligadas aos locais de origem, possibilita aos 
alunos o conhecimento desses locais e da diversidade cultural de cada um deles. O 
esporte diretamente não possibilita nos dar essa diversidade de expressões 
culturais, pois os esportes mais conhecidos não possuem características regionais, 
podendo se pedir aos alunos que pesquisem a origem e suas modificações durante 
os anos, o esporte ainda pode ser muito relacionado à diversidade étnica e cultural, 
pois está sempre ligada a mídia que a maioria tem acesso, revelando os conflitos 
existentes (DARIDO, 2012). 
As regras dos jogos, as adaptações dos esportes, assim como as 
expressões regionais, ganham um sentido maior quando vivenciadas dentro 
de um contexto significativo, que permita, por exemplo, comparar a capoeira 
que se pratica na Bahia com a capoeira que se pratica em São Paulo. Pode-
se, ao contextualizar aspectos relativos à expressão cultural e ao 
treinamento para competição, explicitar a trajetória da imigração de uma 
cultura, sua apropriação por outras culturas, trazendo à tona os valores e 
usos dados por seus protagonistas (BRASIL, 1997d, p. 39). 
 
Este Tema Transversal é também a mencionado na Lei 10.639/03 que foi 
sancionada no dia 09 de janeiro de 2003, alterando a Lei 9.394 de 20 de dezembro 
de 1996, que estabelecia que as Diretrizes e Bases da Educação Nacional têm 
como obrigatoriedade a inclusão no currículo oficial das redes de ensino o tema 
“História e Cultura Afro Brasileira”, sendo obrigatório no ensino fundamental e médio 
e em ensinos particulares. Incluindo no calendário escolar o dia 20 de Novembro 
como Dia Nacional da Consciência Negra. Em 10 de março de 2008, a Lei 10.639/03 
foi ampliada sendo também aprovada a Lei 11.645/08 que acrescenta no currículo 
escolar obrigatório o ensino, além da Cultura Afro Brasileira e Afro descendente, 
também a Cultura Indígena, buscando resgatar a omissão histórica em relação à 
contribuição cultural desses povos originários da Terra Brasilis. Em 2009, vários 
Ministérios e Secretarias elaboraram o Plano Nacional das Diretrizes Curriculares 
36 
 
 
Nacionais para Educação das RelaçõesÉtnico Raciais e para o Ensino da História e 
Cultura Afro-Brasileira e Africana com objetivo de promover mecanismos mais 
eficazes para a uma prática mais abrangente da Lei. Convocando diversas 
instâncias a se envolverem de forma mais efetiva, na luta por uma educação em que 
crianças sejam instruídas contra o racismo (CHAVES; SHAUN, 2013). 
Darido (2012) ainda diz que o professor durante as aulas, deve estar sempre 
preparado para coibir a prática de atividades e atitudes discriminatórias e 
excludentes, no momento da sua ocorrência, através do diálogo e de um trabalho 
em específico com os alunos. Devendo prestar atenção e refletir em suas atitudes 
como profissional, se mesmo de maneira involuntária, está realizando atitudes 
discriminatórias, que acabam por influenciar os seus alunos. 
 
 
2.3.3 Meio Ambiente 
 
 
Como formas de se desenvolver a Educação Ambiental, são empregados 
vários meios para ajudar na compreensão dos mesmos, como rádio, jornal, os meios 
de comunicação em geral e principalmente, a escola. A Escola como disseminadora 
de ideias e entidade formadora de opinião é fator primordial nesse processo. A 
educação para com o meio ambiente se faz presente nas escolas, fazendo parte em 
muitos tópicos de programas e em algumas disciplinas (ANDRIGHETTO, 2010). 
Nossa sociedade atual se encontra cada vez mais envolvida com as novas 
tecnologias e por ventura está perdendo a relação natural que tinha com a Terra e 
suas culturas, deixando de prestar atenção na natureza ao seu redor e da essencial 
importância dela. A Educação Ambiental se propõe a atingir todos os cidadãos por 
meio de um processo pedagógico participativo permanente, que busca imprimir no 
educando que o mesmo se alerte sobre a devastação no meio ambiente, captando a 
evolução dos problemas ambientais compreendendo-as e mostrando 
posicionamento e um maior engajamento com relação a este assunto 
(ANDRIGHETTO, 2010). 
Os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram formas de produção de bens 
com consequências indesejáveis que se agravam com igual rapidez. A 
exploração dos recursos naturais passou a ser feita de forma 
demasiadamente intensa, a ponto de pôr em risco a sua renovabilidade. 
Sabe-se agora da necessidade de entender mais sobre os limites da 
37 
 
 
renovabilidade de recursos tão básicos como a água, por exemplo. De onde 
se retirava uma árvore, agora retiram-se centenas. Onde moravam algumas 
famílias, consumindo escassa quantidade de água e produzindo poucos 
detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo a manutenção de 
imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia 
(BRASIL, 1997b, p. 173-174). 
 
Atualmente em regiões mais industrializadas, constata-se uma maior 
diminuição na qualidade de vida das pessoas, que afeta tanto a saúde física quanto 
a saúde psicológica, devido à poluição e outros fatores que culminam em grandes 
cidades (ANDRIGHETTO, 2010). 
Desenvolver em determinada disciplina, atividades relacionadas ao meio 
ambiente, alertando da importância de se preservar o planeta, relacionando-os com 
as catástrofes naturais e o aquecimento global se caracteriza como essencial. Esse 
tema trabalhado juntamente com a Educação Física visa possibilitar ao aluno 
conhecer um pouco mais sobre as atividades corporais praticadas em ambientes 
abertos e próximos da natureza, assim fazendo com ele relacione a importância da 
natureza estar preservada para que tal esporte possa ser praticado. Alguns 
exemplos de esportes esses como: o surf, o alpinismo, o bice-cross, o jet-ski, e 
também os esporte radicais, o montanhismo, as caminhadas, o mergulho e 
exploração de cavernas, e várias outras atividades de lazer relacionadas ao meio 
ambiente possibilitam essa relação. Essas atividades não são suficientes para que 
haja uma melhor compreensão dos alunos acerca dos problemas ambientais 
emergentes, mas possibilitam a eles de uma certa maneira que tenham um maior 
envolvimento com o assunto. (BRASIL, 1997b). 
 
 
2.3.4 Orientação Sexual 
 
 
Sexualidade não é apenas uma questão pessoal, mas é social e política, 
sendo construída ao longo de toda vida, de muitos modos, por todos os sujeitos. 
Consideram que a sexualidade é algo que nós, homens e mulheres, possuímos 
“naturalmente”. Pensando dessa maneira, seria algo que já nascemos destinados a 
ter, no caso homem se atrair por mulher e mulher se atrair por homem na 
heterossexualidade, como existem diversos outros casos em que homens se atraem 
por homens e mulheres por mulheres sendo a homossexualidade e também várias 
38 
 
 
outras orientações sexuais. Quando se aceita esta ideia fica sem sentido argumentar 
a respeito de sua dimensão social e política ou a respeito de seu caráter construído. 
A sexualidade seria algo “dado” pela natureza, inerente ao ser humano. No entanto 
podemos entender, que a sexualidade envolve diversos fatores, linguagens, 
fantasias, representações, símbolos, processos profundamente culturais e plurais. 
Nessa perspectiva não se configura como “natural” e sim cultural e social, sendo 
respectivo de cada indivíduo. Gênero nos corpos, pode ser definido como feminino 
ou masculino, e está relacionado no contexto de cultura. As identidades de gênero e 
sexuais, são portanto compostas e definidas por relações sociais, elas são moldadas 
pelos indivíduos de uma sociedade (LOURO, 2000). 
As conceituações em torno da homossexualidade ainda são bastante 
díspares. O autor considera exatamente essa inexatidão e assume com os esforços 
sobre esta tema que a homossexualidade se apresenta como: indivíduos do mesmo 
sexo que estabelecem relações sexuais e afetivas (CUNHA JUNIOR; MELO, 1996). 
Ao abrangermos discursos de preconceito e discriminação no decorrer do 
tempo, pode-se traçar paralelos com a situação brasileira contemporânea, 
encontrando apontamentos diretamente ligados às atividades físicas/esportivas 
(CUNHA JUNIOR; MELO, 1996). 
[...] precisamos entender que existem diferentes formas de viver as 
masculinidades e feminilidades, e isso precisa ser respeitado. A escolha, 
por exemplo, de um menino em não jogar futebol não implica naturalmente 
que deixe de ser masculino ou que seja gay (OLIVEIRA et. al, 2014, p.05). 
 
Alunos de diferentes classes, grupos sociais e orientações sexuais estão 
presentes na escola, dentre estes, podemos destacar os homossexuais que muitas 
vezes sofrem preconceitos e discriminação por se desviar da sexualidade 
considerada padrão. A discussão sobre discriminação de pequenos grupos nas 
escolas, principalmente homossexuais, vem ganhando certo espaço em pesquisas 
na área de educação e, especificamente, na Educação Física (OLIVEIRA et al, 
2014). 
 
Louro (1999) apud. Oliveira et. al (2014, p.05) afirma que: 
A escola é com certeza um dos locais mais difíceis para que alguém 
“assuma” sua condição de homossexual ou bissexual. A escola nega e 
ignora a homossexualidade, por supor que só pode haver um tipo de desejo 
sexual, qual seja, a heterossexualidade. Desse modo, a escola oferece 
poucas chances para que adolescentes ou adultos gays assumam, sem 
culpa ou vergonha, seus desejos. O lugar do conhecimento, ou seja, a 
39 
 
 
escola, passa a ser, então, o lugar do desconhecimento em relação à 
sexualidade. 
 
Como sugestões de metodologia para que auxiliem os professores na 
abordagem desse assunto com seus alunos nas aulas de Educação Física, se daria 
com a realização de seminários, debates, dramatizações e coreografias de músicas 
que tratam desse tema, dinâmicas de grupo, etc. Para o educador, sabemos que 
abordar um tema polêmico como este nem sempre é tarefa fácil. Porém se configura 
como uma necessidade dos tempos atuais, uma vez que alunos e alunas 
homossexuais estão inseridos dentro de nossas escolas e também nas aulas de 
Educação Física (OLIVEIRA et al, 2014). 
Se a escola for capaz de incluir essa discussão sobre sexualidade no seu 
projeto

Continue navegando