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Livro_Contabilidade_Introdutoria

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Prévia do material em texto

CONTABILIDADE INTRODUTÓRIA
ALEXANDRE VERTES
Colaboradores:
ERNANI OTT
OSMAR SILVA CARNEIRO
CHARLINE BARBOSA PIRES
CARLA ROSANGELA WACHHOLZ
EDITORA UNISINOS
2010
APRESENTAÇÃO
“Um livro-texto, no ensino de qualquer ciência, é um instrumento da maior
importância. O êxito dele, quando possui as qualidades desejadas, depende
basicamente dos professores que ministram a disciplina. As características do livro-
texto influenciam a didática e a metodologia aplicadas pelos professores.” Estas são
palavras iniciais do professor maior de Contabilidade da UNISINOS e criador do
Curso de Ciências Contábeis, o professor Dr. Alexandre Vertes, que legou aos docentes
desta Universidade a implantação de um método para o ensino de Contabilidade,
tendo como base o Inventário Geral do patrimônio. Este livro-texto para a disciplina
de Contabilidade Introdutória reconduz ao seleto grupo de livros dos alunos e
professores da UNISINOS o livro Iniciação à Dupla Contabilidade Geral (Novo
Hamburgo: Otomit, 1987), do Prof. Dr. Alexandre Vertes, do qual somos discípulos e
seguidores.
Esta edição do livro tem o firme propósito de dar continuidade à metodologia
implantada pelo insigne mestre, por se aprovarem a sua praticidade e a sua eficiência,
assim como a facilidade que proporciona para a compreensão e a assimilação da
disciplina de Contabilidade, fato que se comprova de maneira irrefutável pelo
resultado de pesquisas divulgadas pela Editora Abril, que tem posicionado o curso de
Ciências Contábeis da UNISINOS entre os dez melhores do Brasil.
Uma das características dos cursos noturnos, e este é o caso do curso de Ciências
Contábeis da UNISINOS, é a presença maciça de alunos-trabalhadores, que dispõem
de pouco tempo para o estudo, que muitas vezes chegam exaustos à sala de aula, e que
por isso não dispõem de toda sua potencialidade produtiva.
Então, todo aprendizado depende da inicialização que o aluno terá, pois é no início
do contato com os conhecimentos, de qualquer disciplina, que residem as maiores
dificuldades e as grandes descobertas. A solidez dos conhecimentos introdutórios
contribui para despertar a curiosidade do acadêmico, estimulando sua capacidade de
aprender os conteúdos da disciplina, tornando mais compreensíveis os conceitos e
solucionáveis os problemas que com o andamento do curso lhe serão apresentados e
propostos.
Nesse sentido, a metáfora do Prof. Ms. Luiz Elimar Krause é preciosa e
irrefutável. Ele comparava o professor com alguém que porta um balde de água e o
aluno com alguém que está de posse de um garrafão. O balde com a água representa o
conteúdo, os conhecimentos de que o professor dispõe para repassar ao aluno; o
garrafão é onde este conteúdo será depositado. Se a água for lançada de forma muito
forte, o garrafão só absorverá digamos de 5% ou 10% do líquido que sobre ele for
jogado; se, todavia, a transferência for feita de forma equilibrada, muito pouco do que
lhe for transmitido será desperdiçado. Este último procedimento é o que se entende
deva ser introduzido nos primeiros ensinamentos de Contabilidade.
Com este propósito pretende-se iniciar o ensino da Contabilidade, sendo que, ao
concluir o semestre, o aluno deverá ter sólidos conhecimentos sobre: (a) o
“patrimônio”, mediante o estudo e a elaboração de Inventários Gerais; (b) as
“variações patrimoniais”, permutativas e modificativas, através do registro de
transações; (c) as “contas”, sua natureza e classificação; (d) o “método das partidas
dobradas”, com ênfase especial à determinação racional do débito e do crédito das
contas; (e) a escrituração das operações com mercadorias pelo sistema de “três
contas”; (f) a escrituração de operações do dia-a-dia das empresas; (g) a elaboração da
“Demonstração do Resultado do Exercício” e do “Balanço Patrimonial”, devidamente
estruturados.
Finalmente, salientamos que este livro se constitui em uma reedição do livro
Iniciação à Dupla Contabilidade Geral, escrito por Alexandre Vertes em 1987, que foi
revisado e sofreu acréscimos e supressões. Além disso, aproveitamos a oportunidade
para agradecer à senhora Maria Inês, nora do professor Vertes, que gentilmente
atendeu nosso pedido, cedendo os direitos de reedição do livro na forma em que agora
se apresenta ao leitor.
São Leopoldo, janeiro de 2010.
Os colaboradores
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: O INVENTÁRIO GERAL
1.1 A importância do Inventário Geral
1.2 Estrutura gráfica do Inventário Geral
1.3 Relações possíveis entre os valores do Ativo Total e do Passivo Total
1.4 Conceito de patrimônio
1.5 A equação patrimonial básica
CAPÍTULO 2: O INVENTÁRIO GERAL FINAL
2.1 O novo levantamento inventarial: O Inventário Geral Final
2.2 Relações possíveis entre os valores do Capital Próprio dois de Inventários
Gerais
2.3 Considerações sobre os Inventários Gerais apresentados
2.4 Conclusões sobre a importância do Inventário Geral
CAPÍTULO 3: NOÇÕES SOBRE INVENTÁRIOS
3.1 Classificação dos inventários
3.1.1 Classificação dos inventários quanto aos fins
3.1.2 Classificação dos inventários quanto à extensão
3.1.3 Classificação dos inventários quanto à forma de apresentação dos
componentes
3.1.4 Classificação dos inventários segundo a sua periodicidade
3.1.5 Classificação dos inventários quanto ao aspecto legal
3.2 Princípios dos Inventários
CAPÍTULO 4: NOÇÕES SOBRE BALANÇO
4.1 O Balanço Patrimonial
4.1.1 Noções fundamentais sobre o Balanço Patrimonial
4.1.2 A contabilidade é uma sequência de balanços
4.1.3 A contabilidade é um balanço único movimentado
4.1.4 A natureza das transações: as Variações Permutativas ou Variações
Qualitativas
4.1.5 O nascimento das contas patrimoniais
4.1.6 A contabilidade é um circuito fechado
4.1.7 A conceituação de Débito e Crédito
CAPÍTULO 5: O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO
5.1 o nascimento das contas de resultado
5.2 A natureza das transações: Variações Modificativas ou Variações
Quantitativas do Patrimônio
5.2.1 Variações modificativas (quantitativas) lançadas diretamente na conta
Capital Próprio
5.2.2 A Conta Lucros e Perdas, como “subconta” da conta Capital Próprio e
o surgimento da Dupla Contabilidade
5.2.3 O nascimento das contas de resultado como subcontas da conta
Lucros e Perdas
CAPÍTULO 6: ADMINISTRAÇÃO DE MERCADORIAS PELO SISTEMA DE
TRÊS CONTAS
6.1 A conta Mista de Mercadorias
6.2 Escrituração de Mercadorias pelo sistema de três contas
6.3 A técnica de instalação das subcontas de Mercadorias
CAPÍTULO 7: PLANO DE CONTAS
7.1 Introdução
7.2 Elenco de Contas
CAPÍTULO 8: TRANSAÇÕES E SUA ESCRITURAÇÃO DETALHADA
8.1 forma de escrituração das transações
8.2 O Balancete de Verificação
8.2.1 Etapas a serem seguidas na elaboração do Balancete de Verificação
CAPÍTULO 9: TABELA LEOPOLDENSE
9.1 Considerações iniciais
9.1.1 Procedimentos a serem adotados na elaboração da Tabela Leopoldense
9.1.2 Lançamentos de encerramento das contas de resultado e patrimoniais
9.1.2.1 Encerramento das contas de resultado positivo (Lucro)
9.1.2.2 Encerramento das contas de resultado negativo (Perdas)
9.1.2.3 Registro e distribuição do lucro líquido ou prejuízo líquido
9.1.2.4 Encerramento das contas ativas
9.1.2.5 Encerramento das contas passivas
9.1.2.6 Encerramento das contas do Capital Próprio
9.1.3 Reabertura das contas patrimoniais ativas e passivas e do Capital Próprio
CAPÍTULO 10: DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
10.1 Balanço Patrimonial
10.1.1 Apresentação gráfica do Balanço Patrimonial
10.1.2 Agrupamento das contas no Balanço Patrimonial
10.1.2.1 Ativo
10.1.2.2 Passivo
10.1.2.3 Patrimônio Líquido
10.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
10.2.1 Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício
10.2.1.1 Agrupamento das contas da Demonstração do Resultado do
Exercício
SOBRE OS AUTORES E OS COLABORADORES
CAPÍTULO 1
O INVENTÁRIO GERAL
 
Este capítulo trata do Inventário Geral, um dos mais importantes instrumentos usados
na Contabilidade. Aborda a importância do Inventário Geral, bem como sua estrutura
gráfica (Cabeçalho, Corpo, Data e Assinatura).
Apresenta as definições de Ativo (bens e direitos) e Passivo (dívidase obrigações) e as
relações possíveis entre estes elementos que compõem o Patrimônio de uma entidade.
Por fim, discute o conceito de Patrimônio e descreve a Equação Patrimonial Básica.
 
1.1 A importância do Inventário Geral
O Inventário Geral permite conhecer a composição do patrimônio de uma entidade
e através da comparação de dois inventários é possível determinar o resultado de um
exercício. O patrimônio levantado e o resultado apurado com a utilização deste
instrumento será o mais exato possível.
No tocante à apuração do resultado, o Inventário Geral é capaz de dispensar a
escrituração contábil. Esta, no entanto, constitui-se em um instrumento indispensável
e imprescindível para a contabilidade gerar informações que permitam a compreensão
e a análise do resultado apurado.
As partes científica e técnica do Inventário Geral podem ser examinadas
utilizando-se o seguinte exemplo: Com o falecimento do senhor Adriano da Silva,
proprietário de uma empresa comercial do ramo de tecidos, a referida empresa foi
herdada e ficou sob a responsabilidade do seu filho único, o senhor José da Silva. Este,
que até então nunca havia se envolvido com os negócios, procurou imediatamente
inteirar-se do que lhe fora legado por seu pai. Para tanto procurou, no dia 31 de março
do ano X1, coincidentemente o último dia do mês de março, verificar in loco a situação
em que se encontrava a empresa, adotando os seguintes procedimentos:
a) verificou a quantidade de dinheiro existente no cofre, contando e anotando os
valores encontrados;
b) verificou, também, que existiam alguns valores a receber provenientes de
vendas efetuadas a prazo. Anotou o nome de cada cliente, o número do
documento (duplicata), a data do vencimento e o seu respectivo valor;
c) efetuou a medição das mercadorias (tecidos) destinadas à venda, anotando por
espécie a quantidade física em metros, o preço unitário de compra e calculou o
seu montante total (quantidade vezes preço unitário);
d) relacionou todos os móveis e utensílios e equipamentos existentes os quais se
destinavam ao uso próprio da loja.
Além de encontrar todos os bens e direitos acima descritos, localizou, também,
algumas anotações em que estavam registradas dívidas e obrigações da empresa.
Organizou-as em duas listas separadas. Em uma lista relacionou as dívidas
provenientes de compras de mercadorias a prazo na qual fez constar, além da data do
vencimento, o nome do fornecedor, o número do documento (duplicata) e o seu
respectivo valor. Na outra lista relacionou os empréstimos de dinheiro obtidos pela
empresa junto a terceiros, mencionando, além da data do vencimento, o nome da
pessoa ou instituição que lhe havia feito o empréstimo, o número do documento (nota
promissória, contrato) e o seu respectivo valor.
Obtidas todas estas informações e devidamente relacionadas, o Sr. José somou,
separadamente, os valores do grupo de bens e direitos e o de dívidas e obrigações e
efetuou a comparação dos mesmos. Para isso utilizou um instrumento simples, claro e
preciso: o Inventário Geral.
1.2 Estrutura gráfica do Inventário Geral
O Inventário Geral apresenta a seguinte estrutura gráfica:
a) Cabeçalho, no qual constam:
- a denominação “Inventário Geral” (Inicial ou Final);
- o número de ordem dos inventários já feitos;
- o nome da empresa;
- a data do seu levantamento.
b) Corpo, que está dividido em três partes:
b.1) Ativo
Sob esta denominação são agrupados todos os bens e direitos da empresa. O
ativo, inicialmente, se encontra segmentado nos seguintes itens:
- Caixa;
- Clientes;
- Mercadorias;
- Móveis e Utensílios.
b.2) Passivo
Sob esta denominação são agrupadas todas as dívidas e obrigações da empresa.
O passivo, inicialmente, se encontra segmentado nos seguintes itens:
- Fornecedores;
- Empréstimos a Pagar.
b.3) Comparação
Sob esta denominação registra-se a diferença entre a soma dos bens e direitos e
das dívidas e obrigações. Significa o que sobraria de recursos ao Sr. José da
Silva se ele pagasse todas as dívidas/obrigações (Passivo), com os recursos
provenientes da venda de todos os bens e a cobrança de todos os direitos
(Ativo), ou seja:
Comparação = Ativo Total - Passivo Total
c) Data e Assinatura
Na figura 1, a seguir, apresenta-se o Inventário Geral (Inicial) da empresa José da
Silva, levantado em 31 de março do ano X1.
INVENTÁRIO GERAL (Inicial) – nº 1
Da empresa José da Silva, de São Leopoldo.
Levantado em 31 de março do ano X1.
Figura 1: Inventário Geral Inicial da empresa José da Silva.
1.3 Relações possíveis entre os valores do Ativo Total e do
Passivo Total
A comparação entre os valores do Ativo Total e os valores do Passivo Total (parte
III do Inventário Geral) conduz à constatação da existência ou não de Capital Próprio.
O Capital Próprio é a parte da empresa que pertence ao proprietário, pois
representa a parcela que resta de todos os bens/direitos existentes (ATIVO), após
serem liquidadas todas as dívidas e obrigações (PASSIVO). Esta comparação pode
apresentar as seguintes situações:
AT >PT = Capital Próprio ou Patrimônio Líquido
AT < PT = Passivo a Descoberto (inexiste Capital Próprio ou Patrimônio
Líquido)
AT = PT = Situação Nula (inexiste Capital Próprio ou Patrimônio Líquido)
Quando o valor do Ativo Total (AT) é maior do que o valor do Passivo Total
(PT), tem-se como resultante o Capital Próprio ou o Patrimônio Líquido, como
também é denominado. Assim:
 Ativo Total R$ 13.190,00
(-) Passivo Total R$ 6.000,00
(=) Capital Próprio/Patrimônio Líquido R$ 7.190,00
Quando o valor do Ativo Total (AT) é menor do que o valor do Passivo Total
(PT), tem-se como resultante o Passivo a Descoberto, ou seja, os valores do Ativo
não dão cobertura aos valores do Passivo, inexistindo, neste caso, Capital Próprio ou
Patrimônio Líquido. Supondo-se que o Ativo Total seja de R$ 6.000,00 e o Passivo
Total de R$ 13.190,00, tem-se:
 Ativo Total R$ 6.000,00 
(-) Passivo Total R$ 13.190,00 
(=) Passivo a Descoberto (R$ 7.190,00) (valornegativo)
Quando o valor do Ativo Total (AT) é igual ao valor do Passivo Total (PT), tem-
se como resultante uma Situação Nula. Neste caso, também, inexiste Capital Próprio
ou Patrimônio Líquido, mas a empresa não possui Passivo a Descoberto, pois os bens
e direitos (Ativo) cobrem exatamente as dívidas e obrigações (Passivo). Supondo-se
então que o Ativo Total seja de R$ 6.000,00 e o Passivo Total de R$ 6.000,00, tem-se:
 Ativo Total R$ 6.000,00
(-) Passivo Total R$ 6.000,00
(=) Situação Nula R$ 0,00
1.4 Conceito de patrimônio
O patrimônio é o conjunto de bens, direitos, dívidas e obrigações de uma empresa,
o que significa que estes elementos não podem ser considerados separadamente.
Para melhor compreensão deste conceito, pode-se utilizar como metáfora o ser
humano, que pode ter associados a si virtudes e defeitos. As virtudes podem ser
associadas aos bens e direitos e os defeitos podem ser associados às dívidas e
obrigações. Então, é possível separar o ser humano em partes? Separar a parte que
corresponde às virtudes e a parte que corresponde aos defeitos? Evidentemente que
não, pois o ser humano é um ser único, estando nele concentrados, ao mesmo tempo,
os seus aspectos positivos e negativos.
Tomando-se por base o exemplo acima, pode-se afirmar que não é somente o
conjunto dos valores ativos e nem somente o conjunto dos valores passivos,
considerados de forma isolada, que compõem o patrimônio. O patrimônio é o
conjunto de todo este conteúdo, sem que se expresse comparação entre seus valores
ativos e seus valores passivos, o que significa que ele é o somatório destes conteúdos.
Disto resulta, conceitualmente, a seguinte equação:
1.5 A equação patrimonial básica
Uma vez conhecidos os valores do Ativo Total (bens e direitos) e do Passivo Total
(dívidas e obrigações), pode-se efetuar o confronto dos mesmos.
Desse confronto o que resta é o Capital Próprio ou Patrimônio Líquido, o que foi
apurado na terceira parte do Inventário Geral (III – Comparação), ou seja, a parte que
pertence à empresa(aos proprietários da empresa). Significa que, ao liquidar-se o
Passivo com os valores do Ativo, os valores passivos desaparecem e então claramente
se identificam quais os valores ativos que formam o Capital Próprio ou Patrimônio
Líquido. Esse fato dá base à equação patrimonial básica, apresentada a seguir:
PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS
Para conhecer um pouco mais da história da Contabilidade em nosso país, acesse o
site do 7º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade e leia o artigo intitulado
“Pesquisa Documental e História Oral Temática: sua utilização na elaboração de
biografias de professores e pesquisadores da área contábil no Brasil”, elaborado pelos
autores Carla Rosangela Wachholz e Ernani Ott. O estudo traz a biografia do
professor Dr. Alexandre Vertes, que se dedicou durante trinta anos ao ensino e à
pesquisa na área contábil no Brasil, destacando elementos relacionados à sua vida
pessoal, acadêmica e profissional. Entre os temas abordados está o “Inventário Geral
Patrimonial”, foco deste capítulo.
TERMOS-CHAVE 
Inventário Geral – é o instrumento contábil que
permite conhecer a composição do patrimônio de
uma entidade e o seu resultado, quando da
comparação entre dois inventários.
Ativo – é o conjunto de bens e direitos de uma
entidade.
Passivo – são as dívidas e obrigações de uma
entidade.
Patrimônio – é o conjunto de bens, direitos
(Ativo Total), dívidas e obrigações (Passivo
Total) de uma empresa.
Patrimônio Líquido ou Capital Próprio – é o
resultado do confronto entre o Ativo e o Passivo
de uma entidade.
CAPÍTULO 2
O INVENTÁRIO GERAL FINAL
 
Neste capítulo discute-se o Inventário Geral Final, que, ao ser comparado com o
Inventário Geral Inicial, permite a apuração do Resultado (ganhos ou perdas) da
entidade. As relações possíveis entre os valores do Capital Próprio de dois inventários
são descritas e, na sequência, também são discutidos os conceitos de liquidez e
exigibilidade, bem como outros aspectos que devem ser observados na elaboração de
um inventário, Inicial ou Final. Finalmente, são apresentadas conclusões sobre a
importância do Inventário Geral para as entidades.
 
2.1 O novo levantamento inventarial: O Inventário Geral Final
Decorrido um ano, no dia 31 de março do ano X2, o Sr. José da Silva, que
continuou as atividades da empresa, resolveu examinar como está a sua situação atual.
Para tanto, utilizando a mesma maneira adotada quando tomou a posse da empresa de
seu pai, levantou um novo Inventário Geral: o Inventário Geral (Final) nº 2.
Mesmo não tendo se preocupado com a escrituração contábil das transações
efetuadas neste período, embora elas sejam necessárias e importantes, necessitava
informações sobre a composição do seu patrimônio e sobre os resultados (ganhos ou
perdas) ocorridos neste ano de atividades.
Para tanto, adotou a mesma técnica usada no ano imediatamente anterior, isto é,
anotando o dinheiro encontrado em caixa, os valores a receber dos clientes, as
mercadorias em estoque, os móveis e utensílios existentes e as dívidas e obrigações
para com terceiros.
Ao relacionar os móveis e utensílios, observou que alguns componentes
anteriormente existentes não mais existiam, havendo outros que foram adquiridos
durante o ano. Os móveis e utensílios e o equipamento de informática que
permaneceram, por se apresentarem mais desgastados pelo uso, tiveram esta situação
reconhecida mediante a redução de seu valor em 10% e 20%, respectivamente.
Conhecendo, então, o valor do Ativo Total e do Passivo Total, o que está
discriminado na figura 2, a seguir, constatou que após a comparação do Ativo Total e
do Passivo Total seu Capital Próprio (Patrimônio Líquido) em 31 de março do ano X2
atingiu a soma de R$ 22.925,00. Isso permitiu que efetuasse, também, outra
comparação, desta feita entre os Capitais Próprios obtidos no Inventário Geral Inicial
e no Inventário Geral Final. Isso determinou que se fizesse a inserção de uma quarta
parte no Inventário denominada de Resultado. Então, comparando-se os Capitais
Próprios dos dois Inventários (Final e Inicial), constatou-se um aumento de R$
15.735,00 no mesmo.
Esta variação (positiva), no exemplo, é representada pelo aumento do Capital
Próprio do ano anterior em relação ao atual e demonstra o ganho obtido no período.
Tecnicamente, denomina-se este ganho de Lucro Líquido ou Rédito Positivo, assim
representado:
Capital Próprio do ano X2 R$ 22.925,00
(-) Capital Próprio do ano X1 R$ 7.190,00
(=) Lucro Líquido ou Rédito Positivo R$ 15.735,00
O Inventário Geral (Final) nº 2, levantado em 31 de março do ano X2, está
representado na figura 2.
INVENTÁRIO GERAL (Final) – nº 2
Da empresa José da Silva, de São Leopoldo.
Levantado em 31 de março do ano X2.
Figura 2: Inventário Geral Final da empresa José da Silva.
2.2 Relações possíveis entre os valores do Capital Próprio dois
de Inventários Gerais
Na quarta parte do Inventário (IV – Resultado), que possibilita apurar o resultado
das atividades, podem existir as seguintes alternativas:
Capital Próprio do ano atual maior que o Capital Próprio do ano anterior, de
acordo com o que consta no Inventário Geral Final nº 2:
Capital Próprio do ano atual R$ 22.925,00
(-) Capital Próprio do ano anterior R$ 7.190,00
(=) Lucro Líquido, Rédito Positivo, Resultado Positivo R$ 15.735,00
Capital Próprio do ano atual menor que o Capital Próprio do ano anterior, de
acordo com o que consta no Inventário Geral Final nº 2:
Capital Próprio do ano atual R$ 8.600,00
(-) Capital Próprio do ano anterior R$ 12.100,00
(=) Prejuízo, Rédito Negativo, Resultado Negativo R$ (3.500,00)
Capital Próprio do ano atual igual ao Capital Próprio do ano anterior, de acordo
com o que consta no Inventário Geral Final nº 2:
Capital Próprio do ano atual R$ 4.000,00
(-) Capital Próprio do ano anterior R$ 4.000,00
(=) Situação Nula, Rédito Nulo, Não houve
Resultado.
R$ ZERO
Generalizando a quarta parte do Inventário Geral, pode-se representá-la da seguinte
forma:
Capital Próprio atual > Capital Próprio anterior = Lucro Líquido, Rédito
Positivo, Resultado Positivo
Capital Próprio atual < Capital Próprio anterior = Prejuízo, Rédito Negativo,
Resultado Negativo
Capital Próprio atual = Capital Próprio anterior = Situação Nula, Rédito
Nulo, Não houve resultado
2.3 Considerações sobre os Inventários Gerais apresentados
Os inventários seguem uma determinada ordem na sua elaboração. Os valores do
Ativo, por exemplo, estão colocados segundo a ordem decrescente de sua possível
transformação em dinheiro, isto é, em ordem de liquidez:
Caixa representa o dinheiro existente
Clientes representam direitos de cobrança na data de seusvencimentos
Mercadorias
representam as existências em estoque que
precisam ser vendidas para serem transformadas
em dinheiro
Móveis e Utensílios
representam os bens adquiridos para uso próprio
da entidade. São os que estão mais longe de se
transformar em dinheiro, pois não se destinam à
venda.
A ordem de liquidez deve ser observada, também, dentro dos itens ou grupos do
Ativo que representam valores a receber de terceiros cujas datas de vencimento são
identificadas nos documentos de origem. É o caso, por exemplo, de Clientes que
devem ser descritos no Inventário pela ordem crescente de vencimento, isto é, do mais
próximo do seu recebimento ao mais distante.
Já os valores do Passivo estão colocados segundo a ordem crescente de
vencimento das dívidas e obrigações, isto é, em ordem de exigibilidade:
Fornecedores representam as dívidas por compra de mercadorias a prazo
Empréstimos a Pagar representam as dívidas por empréstimos recebidos em dinheiro
A ordem de exigibilidade deve ser observada dentro de cada elemento que compõe
o Passivo, no caso, Fornecedores e Empréstimos a Pagar. Por isso a ordem de
descrição de cada dívida ou obrigações inicia-se pelo vencimento mais próximo à data
do Inventário Geral até o mais distante. Costuma-se representar “Fornecedores” como
primeiro elemento do Passivo e assim as dívidas nele constantes serão descritas
obedecendo a ordemde exigibilidade comentada anteriormente. Em seguida, aparecem
os Empréstimos a Pagar, cujo tratamento será idêntico.
Mesmo que haja um Empréstimo a Pagar cujo vencimento seja anterior a uma
dívida descrita em Fornecedores, os Fornecedores sempre serão descritos em primeiro
lugar no Passivo. Em todos os casos o que deve ser considerado é a ordem de
exigibilidade dentro de cada elemento, o que está adequadamente demonstrado na
figura 2 (Inventário Geral Final nº 2).
Outro aspecto é que, para apurar o resultado de um exercício, efetua-se o
confronto dos Capitais Próprios de dois Inventários Gerais; o primeiro denominado
Inventário Geral Inicial e o segundo denominado Inventário Geral Final.
O Inventário Geral Final de um exercício será o Inventário Geral Inicial do
exercício seguinte.
Um Inventário Geral tomado isoladamente revela a situação patrimonial de uma
entidade em um determinado momento, ou seja, revela o patrimônio líquido sob seu
aspecto estático.
A comparação entre dois Inventários Gerais apresenta o resultado obtido entre as
duas datas do levantamento inventarial, ou seja, revela o patrimônio líquido em dois
momentos, ou seja, seu aspecto dinâmico. Não explica, porém, nem como e nem de
que forma foram produzidas as variações que o alteraram. Consegue-se saber que as
atividades apresentaram um lucro (houve um aumento no Capital Próprio de R$
15.735,00), mas não se sabe como foi gerado este lucro. Esta informação, como já
enfatizado anteriormente, é obtida mediante o processo de escrituração contábil, que
será detalho em capítulos específicos.
2.4 Conclusões sobre a importância do Inventário Geral
O que foi exposto permite concluir:
Sem o inventário geral, não existe contabilidade;
Sem o levantamento inventarial, não é possível apurar o resultado exato
de um exercício;
Se o levantamento inventarial não for efetuado com exatidão, o
resultado apurado através da escrituração não oferecerá a segurança
necessária;
Um inventário revela o aspecto estático do patrimônio da entidade; a
comparação de dois inventários revela o aspecto dinâmico do
patrimônio;
A comparação de dois inventários (inicial e final) permite a apuração do
resultado de um exercício;
O resultado obtido através da comparação de dois inventários (inicial e
final) é o mesmo que se obteria mediante a utilização da mais perfeita e
organizada escrituração contábil;
O inventário reúne todos os bens, direitos, dívidas e obrigações de uma
entidade em um determinado momento;
O Capital Próprio não é passivo. Ele é o resultado da soma algébrica do
Ativo e do Passivo; é o resultado da comparação entre os valores que a
empresa possui (ativos) e os valores que ela deve (passivo). Representa
o valor que restaria à entidade se ela vendesse todos os seus ativos,
transformando-os em dinheiro, e pagasse todas as suas dívidas.
PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS
Como mencionado neste capítulo e no Capítulo 1, o Inventário Geral é capaz de
dispensar a escrituração contábil, pois possibilita que se conheça a composição do
Patrimônio e o resultado de uma entidade. Por outro lado, o Inventário Geral não
explica como foram produzidas as variações que alteram o Patrimônio Líquido da
entidade. Faz-se necessário, então, realizar a escrituração contábil. Diante disso, para
compreender por que a escrituração contábil, que permite o registro e o controle dos
fatos que modificam a composição do Patrimônio da empresa é importante, e por
consequência proporciona a geração de informações, pode-se pesquisar as finalidades
para as quais se usa a informação contábil, no livro Contabilidade Introdutória,
elaborado pela Equipe de Professores da FEA/USP.
TERMOS-CHAVE 
Resultado – é a quarta parte do Inventário Geral
Final, na qual são comparados os Capitais
Próprios de dois Inventários (Inicial e Final) para
apuração do resultado da entidade.
Situação Nula – significa que não houve
resultado (ganho ou perda), pois o Capital
Próprio do período atual não se modificou em
relação ao Capital Próprio do período anterior.
Lucro Líquido – é o ganho obtido no período.
Representa uma variação positiva do Capital
Próprio do ano atual em relação ao ano anterior.
Prejuízo – é o resultado negativo (perda) do
período. Representa uma redução do Capital
Próprio do ano atual em relação ao ano anterior.
Ordem de Liquidez – é a ordem decrescente de
possível realização em dinheiro dos elementos
que formam o Ativo.
Ordem de Exigibilidade – é a ordem crescente
de vencimento na qual devem ser organizadas as
dívidas e obrigações da entidade.
CAPÍTULO 3
NOÇÕES SOBRE INVENTÁRIOS
 
Este capítulo apresenta os diferentes tipos de inventários, que podem ser classificados
quanto: aos fins, à extensão, à forma, à periodicidade e aos aspectos legais. Além disso,
são apresentados os princípios dos inventários, que devem ser considerados no
momento da sua elaboração para que ele possa atingir seus objetivos (informar sobre a
composição do patrimônio e o resultado de uma entidade).
 
3.1 Classificação dos inventários
A classificação dos inventários depende das causas que motivam sua preparação.
Como são muitas as causas que determinam a elaboração de um inventário, é difícil
enumerar uma classificação que esgote todas as classes de inventário.
Portanto, em cada empresa podem ser elaborados diversos tipos de inventários,
para diversas finalidades. Isso torna necessário agrupá-los de acordo com as suas
finalidades.
Pode-se então dizer que os inventários se classificam quanto: (a) aos fins; (b) à
extensão; (c) à forma; (d) à periodicidade; e (e) ao aspecto legal.
3.1.1 Classificação dos inventários quanto aos fins
Quanto aos fins, podem-se classificar os inventários em:
a) Inventário de exercício ou de gestão: tem a finalidade de demonstrar a situação
patrimonial da entidade e fornecer os dados necessários para a determinação do
resultado do exercício. Realiza-se anualmente, por imposição legal, embora nos
dias atuais seja recomendável sua elaboração ao final de cada mês. O critério de
avaliação assume papel relevante neste tipo de inventário.
b) Inventário de instalação ou de constituição: tem como objetivo o
levantamento dos valores com os quais a entidade está iniciando suas
atividades. Em geral, consta somente de dinheiro (caixa), embora muitas vezes
possam ser utilizados bens e outros valores para constituir uma empresa.
c) Inventário de liquidação: tem por finalidade determinar o valor dos
bens/direitos e dívidas/obrigações, no momento em que a entidade decide
encerrar suas atividades. Sua principal finalidade é transformar todos os
valores em moeda (ativos), pagar todas as dívidas (passivos) e verificar a
parcela que restará aos proprietários.
d) Inventário de fusão: é feito quando duas ou mais empresas pretendem se
associar, formando uma nova entidade. As empresas anteriores, objetos da
fusão, desaparecem.
e) Inventário de transferência: é levantado por ocasião da passagem de gestão
entre responsáveis pela administração de uma entidade ou entre responsáveis
por departamentos da entidade.
f) Inventário de cessão: é elaborado quando se efetua a venda completa da
empresa.
g) Inventário de transformação: é levantado quando uma empresa muda sua
característica jurídica; por exemplo, quando uma Sociedade por Quotas de
Responsabilidade Limitada se transforma em Sociedade Anônima.
3.1.2 Classificação dos inventários quanto à extensão
Quanto à extensão, podem-se classificar os inventários em:
a) Inventário geral ou total: é assim denominado porque abrange todo o
patrimônio da empresa (bens, direitos, dívidas e obrigações).
b) Inventário parcial: como o próprio nome indica, refere-se a uma parte do
conjunto patrimonial. O inventário de mercadorias é um exemplo típico de
inventário parcial.
3.1.3 Classificação dos inventários quanto à forma de
apresentação dos componentes
Quanto à forma, podem-se classificar os inventários em:
a) Inventário analítico ou descritivo: quando os seus componentes são descritos,
pormenorizadamente, um a um, de forma individualizada.
b)Inventário sintético: quando os bens são agrupados segundo sua espécie,
característica ou valor.
3.1.4 Classificação dos inventários segundo a sua periodicidade
Quanto à periodicidade, os inventários são classificados como:
a) Inventários ordinários: são os levantados periodicamente, em datas
prefixadas.
b) Inventários extraordinários: são os levantados esporadicamente, em ocasiões
especiais (entrada de novo sócio, transferência de direção etc.).
3.1.5 Classificação dos inventários quanto ao aspecto legal
Quanto ao aspecto legal, os inventários podem ser:
a) Inventários obrigatórios: são os levantados em obediência à legislação vigente.
b) Inventários estatutários ou contratuais: são os levantados em obediência a
cláusulas contratuais ou estatutárias.
c) Inventários livres: são aqueles executados em razão da simples vontade dos
responsáveis pela empresa.
3.2 Princípios dos Inventários
As normas adotadas nos procedimentos do levantamento inventarial tomaram
tamanha importância que podem ser consideradas como princípios.
A falta da fiel observância destes princípios afasta o inventário de sua
finalidade primordial.
a) Princípio da instantaneidade: o levantamento inventarial deve referir-se a um
determinado momento (dia e hora), mesmo que na sua elaboração se leve dois
ou mais dias.
b) Princípio da tempestividade ou da oportunidade: exige que o tempo do
levantamento inventarial seja o menor possível. Trata também da fixação da
época para o seu levantamento.
c) Princípio da integridade: estabelecidos os limites do inventário, todos os
elementos do patrimônio que estão dentro desse limite devem ser arrolados.
Qualquer elemento que não figure dentro dos limites não deve ser incluído.
Devem-se evitar omissões, inclusões impróprias e repetições, para não ferir
este princípio.
d) Princípio da especificação: os componentes do patrimônio devem estar
corretamente agrupados em conjuntos homogêneos e devidamente
individualizados.
e) Princípio da homogeneidade: os elementos patrimoniais precisam ser
transformados em uma unidade de medida comum – a moeda – para poderem
ser somados.
f) Princípio da estabilidade ou uniformidade: também chamado de conservador,
este princípio pretende manter a mesma forma, estruturação e critérios dos
inventários, com a finalidade de possibilitar a comparação entre eles, tanto na
sua totalidade quanto em relação às suas partes.
PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS
Neste capítulo, observa-se que os princípios do inventário são estabelecidos para que
as informações relacionadas à composição do patrimônio e ao resultado de uma
entidade sejam fidedignas. Assim como o Inventário Geral, as demais demonstrações
contábeis também devem apresentar informações que reflitam a realidade da entidade.
Portanto, elas precisam apresentar as seguintes características qualitativas para se
tornar úteis aos seus usuários (aqueles que utilizam as informações para tomar suas
decisões): compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade. Para saber
o que cada uma destas características significa, acesse no site do Conselho Federal de
Contabilidade (www.cfc.org.br) a Resolução CFC nº 1.121/08 e realize a leitura do
tópico Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis.
TERMOS-CHAVE 
Finalidade do inventário – exercício ou de
gestão; instalação ou de constituição; liquidação;
fusão; transferência; cessão e transformação.
Extensão do inventário – geral ou total e
parcial.
Forma de apresentação dos componentes do
inventário – analítico ou descritivo e sintético.
Periodicidade do inventário – ordinário e
extraordinário.
Obrigatoriedade do inventário – obrigatório;
estatutário ou contratual e livre.
Princípios inventariais – são as normas
adotadas nos procedimentos do levantamento
inventarial.
http://www.cfc.org.br
CAPÍTULO 4
NOÇÕES SOBRE BALANÇO
 
Neste capítulo apresenta-se o Balanço Patrimonial, que nada mais é do que um
inventário sintético, elaborado a partir do Inventário Geral. São discutidas as noções
fundamentais sobre o Balanço Patrimonial, relacionadas principalmente à sua estrutura e
ao seu funcionamento, bem como aos conceitos de origem e aplicações de recursos.
Apre senta-se a Contabilidade como uma sequência de balanços e como um balanço
único movimentado. As variações permutativas ou qualitativas são descritas e a
Contabilidade é apresentada como um circuito fechado. Por fim, são discutidos os
conceitos de Débito e Crédito.
 
4.1 O Balanço Patrimonial
Uma vez que se tenha um Inventário Geral bem elaborado, a dificuldade de se
fazer um Balanço Patrimonial praticamente desaparece. O Inventário Geral é,
portanto, a base do Balanço Patrimonial, assim como os alicerces sobre os quais se
constrói um edifício.
O Balanço Patrimonial é um inventário sintético, uma vez que se abstém de
especificar em detalhes os valores que compõem o patrimônio (Ativo e Passivo),
apresentando-os em grupos homogêneos. Trata-se da representação gráfica sintética
do patrimônio de uma entidade em um determinado momento. Sua representação se
apresenta sempre na forma da letra maiúscula “T”, o que lhe dá como característica a
figura de uma “balança”.
O Ativo, que é o conjunto de bens e direitos de uma entidade, e o Passivo, que
agrupa suas dívidas e obrigações. A diferença entre ambos é o Capital Próprio ou
Patrimônio Líquido da entidade.
Assim, por exemplo, o Ativo do Inventário Geral nº 2 (Figura 2), está formado
pelos seguintes itens e seus respectivos valores:
Caixa R$ 1.550,00
Clientes R$ 10.000,00
Mercadorias R$ 24.500,00
Móveis e Utensílios R$ 743,00
Equip. de Informática R$ 1.440,00
ATIVO TOTAL R$ 38.233,00
O Passivo do mesmo Inventário Geral nº 2 (Figura 2) encontra-se formado pelos
seguintes itens e valores:
Fornecedores R$ 2.808,00
Empréstimos a Pagar R$ 12.500,00
PASSIVO TOTAL R$ 15.308,00
Por convenção é aceita a colocação dos valores ativos no lado esquerdo do
Balanço, e por consequência os valores passivos do lado direito do Balanço, ou seja,
os valores passivos são colocados no lado contrário ao dos valores ativos.
Ainda no Inventário Geral nº 2, além do Ativo e do Passivo encontra-se uma
terceira parte, chamada de “Comparação”, cujo resultado denomina-se de “Capital
Próprio” ou “Patrimônio Líquido”. Os valores correspondentes são os seguintes:
Ativo Total R$ 38.233,00
(-) Passivo Total R$ 15.308,00
CAPITAL PRÓPRIO ou PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 22.925,00
O Capital Próprio, assim obtido, é colocado no lado menor, normalmente no lado
do Passivo, com a finalidade de manter a igualdade do balanço. Isto ocorre porque,
sendo o Capital Próprio a diferença entre o Ativo e o Passivo, sua colocação no lado
do Passivo resulta, forçosamente, na igualdade entre os dois lados do Balanço. Isto é o
mesmo que ocorre na balança, a qual possui dois pratos e a igualdade se dá no
momento em que pesos iguais são neles colocados, ou seja, em cada um dos lados da
balança, provocando o equilíbrio entre ambos. Esta é a essência do conceito de
balanço.
A representação do Balanço Patrimonial baseada nas premissas acima referidas é a
seguinte:
4.1.1 Noções fundamentais sobre o Balanço Patrimonial
Como mencionado anteriormente, por uma questão de costume ou convenção,
colocam-se os valores do Ativo no lado esquerdo do balanço e os valores do Passivo
no lado direito. O Capital Próprio ou Patrimônio Líquido é colocado também no lado
direito (lado do Passivo), forçando desta forma a igualdade entre os dois lados.
O Passivo, lado direito do balanço, é também denominado lado dos capitais, ou
ainda o lado das origens dos capitais. Representam os recursos (capitais) capazes de
dar origem a todos os valores que compõem o Ativo. Os capitais que formam o lado
direito do balanço (origens) dividem-se em:
Capitais de Terceiros: Dívidas/Obrigações (fornecedores, empréstimos
a pagar, notas promissórias a pagar etc.);
Capital Próprio ou Patrimônio Líquido: Diferença entre o Ativo Total
e o Passivo Total.
Os capitais de terceiros e o capital próprio são os responsáveis pela formaçãode
todo o conjunto de bens e direitos que constituem o Ativo da entidade. Portanto,
pode-se afirmar que é no Ativo onde são aplicados todos os capitais (de terceiros e
próprios), consequentemente, o Ativo é o lado da aplicação dos capitais.
Para que se tenha uma melhor compreensão a respeito, imagine-se a situação de
uma empresa individual que esteja iniciando. O Sr. João Dias (proprietário) manifesta
a intenção de fazer a entrega dentro de um prazo determinado de R$ 100.000,00 para a
empresa dar início às suas atividades. O que significa esta intenção? Significa a
quantidade de recursos que o Sr. Dias empregará na empresa, ou seja, o seu Capital
Próprio inicial. O balanço que descreve esta situação é o seguinte:
Com a integralização do capital, isto é, no momento em que o Sr. Dias
efetivamente entrega o dinheiro para a empresa, o balanço passa a ter outro visual: a
denominação “Capital a Integralizar” (representativa da intenção) desaparece por estar
quitada, e em seu lugar surge a denominação “Caixa”, representativa dos bens
numerários em disponibilidade (dinheiro). O balanço assim se apresentará:
Pode-se afirmar que os valores aplicados em “Caixa” tiveram a sua origem no
“Capital Próprio”.
Assim, obtém-se o valor do Capital Próprio ou Patrimônio Líquido de R$
100.000,00 (Ativo de R$ 100.000,00 menos Passivo de R$ 0,00).
Portanto, somente existirá aplicação se houver origem. Jamais ocorrerá o contrário.
O aparecimento do Capital de Terceiros
Se, por exemplo, num momento seguinte a empresa fizer uma compra de
mercadorias a prazo no valor de R$ 65.000,00, o balanço patrimonial passa a
apresentar a seguinte configuração:
Como se vê, o item “Mercadorias” passa a fazer parte do Ativo no valor de R$
65.000,00 e no mesmo momento é contraída uma dívida que aparece no Passivo, no
item “Fornecedores”, no mesmo valor de R$ 65.000,00.
Em outro momento, a empresa adquire móveis e utensílios à vista no valor de R$
50.000,00, utilizando o dinheiro existente em caixa. Há uma diminuição das aplicações
representadas por “Caixa” e ao mesmo tempo há um aumento de aplicações em
“Móveis e Utensílios”. O balanço patrimonial refletirá esta situação:
E assim seguem-se os registros das atividades da empresa, que vão alterando
continuamente a representação do seu patrimônio, visando demonstrar sua posição
atualizada, permanecendo imutável, sempre, a igualdade entre os dois lados:
4.1.2 A contabilidade é uma sequência de balanços
Para melhor entender a escrituração contábil e seus reflexos sobre o balanço,
exemplificam-se a seguir algumas transações (registro de operações), cujo raciocínio de
seu registro mostra como acontecem as movimentações e seu efetivo reflexo sobre o
Balanço. Inicialmente, a partir das informações do Inventário Geral nº 2 (final) elabora-
se o primeiro Balanço Patrimonial (Inventário Sintético), retirando-se do inventário
apenas os itens que o compõem (não seu detalhamento). Colocam-se os itens que
compõem o Ativo em seu lado esquerdo e os itens que compõem o Passivo e o
Capital Próprio são colocados em seu lado direito. Este primeiro balanço passará a
denominar-se de Balanço Patrimonial nº 1. A seguir registram-se as transações.
Primeira transação:
A empresa comprou à vista uma escrivaninha para uso em seu escritório, no valor
de R$ 150,00. Com esta transação, verifica-se que o item “Caixa” situado no lado do
Ativo sofreu uma diminuição (redução) no valor de R$ 150,00, mas, ao mesmo tempo,
o item “Móveis e Utensílios”, também localizado no lado do Ativo, teve um aumento
(acréscimo) na mesma proporção de R$ 150,00, provocando, em consequência, uma
alteração compensatória apenas no lado do Ativo, pois ao mesmo tempo este é
diminuído e aumentado. Note-se que esta transação não muda o valor do Ativo Total,
mantendo, portanto, a igualdade. Após a transação, tem-se o seguinte Balanço
Patrimonial nº 2:
Segunda transação:
A empresa, para prorrogar o pagamento de uma dívida junto a um Fornecedor, já
vencida, assina uma Nota Promissória no mesmo no valor da dívida de R$ 300,00.
Apesar de não ter havido alteração quantitativa nas dívidas da empresa, ocorreu uma
alteração qualitativa e esta alteração deve ser registrada. As dívidas com
“Fornecedores” diminuem em R$ 300,00 enquanto os “Empréstimos a pagar”
aumentam em R$ 300,00, resultando em uma alteração compensatória no lado do
Passivo, pois, ao mesmo tempo em que é diminuído, é aumentado. Note-se que esta
transação não muda o valor do Passivo Total + Capital Próprio, mantendo, portanto, a
igualdade. O Balanço Patrimonial nº 3 reflete esta alteração:
Terceira transação:
A empresa compra mercadorias a prazo no valor de R$ 1.700.00. Nota-se agora
que, se de um lado aumenta o valor do item “Mercadorias” no Ativo, aumenta,
também, na mesma proporção, o valor a pagar aos “Fornecedores” que está situado no
Passivo. Esta transação provoca alteração no Ativo Total e ao mesmo tempo alteração
de mesma intensidade no Passivo Total + Capital Próprio. Note-se que os respectivos
totais passaram de R$ 38.233,00 para R$ 39.933,00. O novo Balanço Patrimonial nº
4, assim se apresenta:
Quarta transação:
A empresa paga uma dívida a um fornecedor no valor de R$ 508,00. Nesta
transação observa-se que houve uma diminuição no item “Caixa”, que está no Ativo, e
que foi correspondida por uma diminuição equivalente no item “Fornecedores”, que
está posicionado no Passivo. Esta transação provoca alteração no Ativo Total e ao
mesmo tempo alteração de mesma intensidade no Passivo Total + Capital Próprio.
Note-se que os respectivos totais passaram de R$ 39.933,00 para R$ 39.425,00. O
Balanço Patrimonial nº 5 reflete esta transação:
Encerrado este conjunto de transações, pode-se concluir que:
a) Cada transação implica, necessariamente, em duas alterações no Balanço
Patrimonial.
b) As alterações podem ocorrer em um mesmo lado do balanço, ou seja, só no
lado do Ativo ou só no lado do Passivo, e neste caso terão sinais distintos.
Quando isso ocorre, haverá uma diminuição e um aumento simultâneo no lado
afetado (ou do Ativo ou do Passivo). Isto está a seguir exemplificado:
 Se no lado do Ativo se aumenta R$ 100,00, nele se diminui, imediatamente,
R$ 100,00;
 Se no lado do Passivo se aumenta R$ 80,00, nele se diminui, imediatamente,
R$ 80,00.
c) As alterações podem ocorrer em lados opostos do Balanço. Quando isso
ocorre, haverá uma alteração no lado do Ativo e a outra no lado do Passivo e
terão sinais iguais (aumentando ou diminuindo), pois o valor que é aumentado
no lado do Ativo deve ser imediatamente aumentado no lado do Passivo e vice-
versa.
 Se no lado do Ativo se aumenta R$ 40,00, imediatamente se aumenta R$
40,00 no lado do Passivo;
 Se no lado do Ativo se diminui R$ 35,00, imediatamente se diminui R$
35,00 no lado do Passivo.
Nesta sequência de balanços observa-se que cada lançamento atinge sempre
dois itens que o compõem, individualmente, nos quais é registrado o mesmo
valor. Este procedimento serve de base para a compreensão do “método das
partidas dobradas”.
4.1.3 A contabilidade é um balanço único movimentado
Mesmo se conhecendo pouco de contabilidade, torna-se claro que a execução da
escrituração por meio de inúmeros balanços é impraticável. Sua utilização se restringe
ao processo de aprendizagem. Então, imagine-se um procedimento que possibilite o
registro das transações e, por consequência, a constante alteração dos valores, sem que
se tenha que elaborar inúmeros e continuados balanços ou apagar as cifras para
modificá-las.
Utilizando-se o mesmo Balanço Patrimonial nº 1, do tópico anterior, faz-se o
mesmo registro das quatro transações apresentadas, porém, sob outra técnica, a qual
consiste em modificar um único balanço, mas com espaço suficiente em seu corpo,
para colocar e acumular as transações. Assim, recuperam-se, a seguir, os dados do
Balanço Patrimonial e as transações efetuadas, para posteriormente aplicar a técnica
de um balanço único movimentado.
Primeira transação:
Compra à vista de uma escrivaninha, para uso próprio:R$ 150,00 (+A -A).
Segunda transação:
Assinatura de Nota Promissória: prorrogação de dívida com fornecedor: R$ 300,00
(-P +P).
Terceira transação:
Compra de mercadorias a prazo: R$ 1.700,00 (+A +P).
Quarta transação:
Pagamento, em dinheiro, de dívida a fornecedor: R$ 508,00 (-A -P).
Os lançamentos ou registros destas transações no Balanço Patrimonial obedecem
ao esquema demonstrado a seguir.
Observa-se que o “Saldo final” de cada item e o “Total” dos dois lados do
Balanço Patrimonial Movimentado são idênticos aos valores do Balanço Patrimonial
nº 5, que foi o último balanço da sequência de balanços proveniente das mesmas
transações. Confirma-se por esta demonstração a possibilidade de juntar em um único
Balanço todas as transações, o que corrobora o enunciado e as conclusões feitas após
o Balanço Patrimonial nº 5, que são:
a) Cada transação implica, necessariamente, em duas alterações no Balanço
Patrimonial.
b) As alterações podem ocorrer em um mesmo lado do balanço, ou seja, só no
lado do Ativo ou só no lado do Passivo, e neste caso terão sinais distintos.
Quando isso ocorre, haverá uma diminuição e um aumento simultâneo no lado
afetado (ou do Ativo ou do Passivo). Isso está a seguir exemplificado:
· Se no lado do Ativo se aumenta R$ 100,00, nele se diminui, imediatamente,
R$ 100,00;
· Se no lado do Passivo se aumenta R$ 80,00, nele se diminui, imediatamente,
R$ 80,00.
c) As alterações podem ocorrer em lados opostos do Balanço. Quando isso
ocorre, haverá uma alteração no lado do Ativo e a outra no lado do Passivo e
terão sinais iguais (aumentando ou diminuindo), pois o valor que é aumentado
no lado do Ativo deve ser imediatamente aumentado no lado do Passivo e vice-
versa.
· Se no lado do Ativo se aumenta R$ 40,00, imediatamente se aumenta R$
40,00 no lado do Passivo;
· Se no lado do Ativo se diminui R$ 35,00, imediatamente se diminui R$ 35,00
no lado do Passivo.
4.1.4 A natureza das transações: as Variações Permutativas ou
Variações Qualitativas
Todas as transações (operações) até aqui apresentadas não provocaram alteração
no CAPITAL PRÓPRIO ou no PATRIMÔNIO LÍQUIDO, o que significa que a
empresa não se tornou nem mais rica nem mais pobre. Estas transações, também
denominadas de variações, que não modificam o Capital Próprio, são as Variações
Permutativas ou Variações Qualitativas. Denominam-se Permutativas porque
provocam trocas entre os itens que compõem o Balanço na mesma intensidade de
valor; Qualitativas porque alteram a qualidade dos itens.
Cita-se, como exemplo, a aquisição à vista de uma escrivaninha para uso próprio.
Na transação troca-se (permuta-se) bens numerários (Caixa: dinheiro existente) por
bens de uso (Móveis e Utensílios: escrivaninha), o que altera a qualidade dos ativos
existentes no patrimônio da entidade. Tem-se, então, menos disponibilidades, mas por
outro lado tem-se mais um bem necessário para a atividade da empresa.
Existem quatro tipos de variações permutativas:
1. Aumento do Ativo (+ A ) correspondendo a uma diminuição do Ativo ( - A );
2. Diminuição do Passivo ( - P ) correspondendo a um aumento do Passivo ( + P
);
3. Aumento do Ativo ( + A ) correspondendo a um aumento do Passivo ( + P );
4. Diminuição do Ativo ( - A ) correspondendo a uma diminuição do Passivo ( -
P ).
Então, tem-se:
+ A - A Permutação entre Ativos
- P + P Permutação entre Passivos
+ A + P Alongamento do Balanço (permutação compensatória)
- A - P Encurtamento do Balanço (permutação compensatória)
Dessa forma, cada alteração de um elemento patrimonial leva a duas compensações
possíveis:
Aumento de um Ativo Diminui outro Ativo ou Aumenta um Passivo
Diminuição de um Passivo Aumenta outro Passivo ou Diminui um Ativo
Diminuição de um Ativo Aumenta outro Ativo ou Diminui um Passivo
Aumento de um Passivo Diminui outro Passivo ou Aumenta um Ativo
4.1.5 O nascimento das contas patrimoniais
O Balanço Patrimonial único movimentado, que mostrou a sua utilidade ao
eliminar o levantamento de balanços diretamente associados à quantidade de
transações, também tem seus inconvenientes pela necessidade de se efetuar somas e
subtrações intermediárias.
Visando evitar que se misturem somas e subtrações na mesma coluna, utiliza-se
um procedimento técnico que é o de separar os aumentos e as diminuições
isoladamente em lados opostos. Este procedimento é possível mediante o uso de
contas, que correspondem à síntese de cada item que compõe o Balanço. As contas
podem ser de natureza patrimonial e de natureza de resultado. Neste tópico são
examinadas as contas patrimoniais, ou seja, aquelas que representam o patrimônio.
Como visto no início deste capítulo, o balanço é uma representação gráfica
sintética que contém os elementos que compõem o patrimônio de uma entidade em um
determinado momento e, como a conta irá representar cada elemento deste patrimônio,
é natural que esteja no mesmo formato adotado para o balanço. A conta é, pois, a
representação gráfica de cada elemento do patrimônio de uma empresa.
O elemento “Caixa” (dinheiro ou disponibilidade), por exemplo, representa um
item do patrimônio, assim como Mercadorias (estoques) ou como Fornecedores
(dívidas por aquisição de mercadorias a prazo). Cada um dos citados representa e é
um elemento do patrimônio, razão pela qual podem-se representar as contas sob a
representação gráfica do Balanço. Note-se que tanto o Balanço como as contas
possuem a mesma estrutura gráfica, ou seja, estão representados sob a forma de um
“T” maiúsculo.
No exemplo acima, verifica-se que as contas do Ativo, representativas dos bens e
direitos da empresa, estão colocadas no lado esquerdo do balanço e que as contas do
Passivo, que representam as dívidas e obrigações da entidade, estão colocadas no lado
direito do balanço.
A conta representativa do Capital Próprio está colocada no lado direito do balanço,
para forçar a igualdade dos dois lados deste.
É relevante observar que, somando todo o lado esquerdo das contas (inclusive as
contas do Passivo) e somando todo o lado direito das contas (inclusive do Ativo), elas
mostram a mesma igualdade. A partir desta constatação, deve-se compreender como
elas funcionam, ou seja, como se faz sua movimentação, e isso passa pelo
entendimento da sua estrutura, que está a seguir descrita.
A estrutura das contas que representam itens do Ativo (bens e direitos), que são
denominadas de contas patrimoniais ativas, tem o seguinte formato:
A conta patrimonial ativa sempre tem sua situação inicial (SI) posicionada no lado
esquerdo da conta, pois segue o paradigma do Ativo que está, por convenção ou
costume, posicionado no lado esquerdo do Balanço. No exemplo a conta “Caixa”.
A estrutura das contas que representam itens do Passivo (dívidas e obrigações),
que são denominadas de contas patrimoniais passivas, tem o seguinte formato:
A conta patrimonial passiva sempre tem sua situação inicial (SI) posicionada no
lado direito da conta, pois segue o paradigma do Passivo que está, por convenção ou
costume, posicionado no lado direito do Balanço. No exemplo, a conta de
“Fornecedores”.
Resumindo-se a estrutura das contas patrimoniais (ativas e passivas):
a situação inicial das contas (SI) segue o posicionamento do seu grupo
(Ativo ou Passivo);
a conta patrimonial ativa (bens e direitos) tem sempre sua situação
inicial no lado esquerdo do Balanço. Exemplo, conta Caixa;
a conta patrimonial passiva (dívidas e obrigações) tem sempre sua
situação inicial no lado direito do Balanço. Exemplo, a conta
“Fornecedores”.
Esta conceituação da conta ainda não esclarece como a mesma pode ser utilizada. É
preciso, para isso, resgatar o conceito de Patrimônio inserido no item 1.4 Capítulo 1,
onde está consignada a seguinte equação:
ATIVO + PASSIVO = PATRIMÔNIO
Resgata-se esta equação pela simples razão de que com a mesma pode-se afirmar
que os valores do Ativo podem ser designados como positivos (+) e os valores do
Passivo também podem ser designados como positivos (+), permitindo sinalizar tanto
o Ativo como o Passivo ( + ), como segue:
Esta sinalizaçãomostra que, sendo “Caixa” uma conta pertencente ao Ativo, terá o
sinal positivo (+) no lado esquerdo, seguindo a mesma indicação do que está
estabelecido para o Ativo (+) no Balanço.
De igual forma mostra que, sendo “Fornecedores” uma conta pertencente ao
Passivo, terá o sinal positivo (+) no lado direito, seguindo a mesma indicação do que
está estabelecido para o Passivo (+) no Balanço.
Observa-se, então, que, instalada a conta, cada elemento do Balanço, seja do Ativo
ou do Passivo, possui, além de seu posicionamento natural (à esquerda se for um
Ativo e à direita se for um Passivo), outro lado que lhe faz oposição e que por isso é
sinalizado com sinal negativo ( - ).
Por meio desta técnica, cada item adquire uma dinâmica própria e, portanto, uma
maneira bem mais adequada de registrar as transações do que foi visto no balanço
único movimentado. Para tanto, é preciso considerar as seguintes afirmações:
a) os aumentos nas contas que pertencem ao Ativo são registrados em seu lado
esquerdo; consequentemente, no lado que lhe faz oposição, o lado direito, são
anotadas as diminuições;
b) os aumentos nas contas que pertencem ao Passivo são registrados em seu lado
direito; consequentemente, no lado que lhe faz oposição, o lado esquerdo, são
anotadas as diminuições;
c) a conta de Capital (Próprio) ou Patrimônio Líquido, por estar posicionada no
lado do Passivo, funciona de forma idêntica ao ilustrado no item “b” acima.
Exemplifica-se isso por meio de uma conta do Ativo, no caso a conta “Caixa”.
No exemplo, verifica-se que a conta “Caixa” (conta patrimonial ativa que
representa a existência de um bem: dinheiro) recebeu a sua grandeza inicial de R$
1.550,00 no lado esquerdo. Registraram-se, em seguida, os valores das transações: no
lado esquerdo nenhum lançamento no Caixa e no lado direito R$ 150,00 e R$ 508,00,
que diminuíram o montante de recursos em Caixa. Estas movimentações determinaram
que o lado esquerdo desta conta do Ativo somasse R$ 1.550,00 (R$ 1.550,00 do saldo
inicial apenas, pois não houve lançamento que aumentasse o Caixa) e que o lado
direito desta conta do Ativo somasse R$ 658,00 (R$ 150,00 e R$ 508,00).
Portanto, todas as contas patrimoniais ativas (provenientes do Ativo do Balanço)
têm as suas grandezas iniciais inscritas no lado esquerdo, o que caracteriza a natureza
destas contas, e seus aumentos lançados em seu lado esquerdo significando, em
consequência, que suas diminuições devem ser registradas em seu lado direito, lado
oposto à sua natureza.
A título de exemplo, observe-se uma conta do Passivo, no caso a conta
“Fornecedores”.
No exemplo, verifica-se que a conta “Fornecedores” (conta patrimonial passiva
que representa as dívidas existentes por compras a prazo de mercadorias) recebeu a
sua grandeza inicial de R$ 2.808,00 no lado direito. Registrou-se, em seguida, o valor
de transação no lado direito de R$ 1.700,00, que aumentou o valor a pagar a
Fornecedores e no lado esquerdo duas transações de R$ 300,00 e R$ 508,00, que
diminuíram o montante a pagar a Fornecedores. Estas movimentações determinaram
que o lado direito desta conta do Passivo somasse R$ 4.508,00 (R$ 2.808,00 do saldo
inicial mais um aumento de R$ 1.700,00) e que o lado esquerdo desta conta do Passivo
somasse R$ 808,00 (R$ 300,00 e R$ 508,00).
Portanto, todas as contas patrimoniais passivas (provenientes do Passivo do
Balanço) têm as suas grandezas iniciais inscritas no lado direito, o que caracteriza a
natureza destas contas e, portanto, seus aumentos lançados em seu lado direito
significando, em consequência, que suas diminuições devem ser registradas em seu
lado esquerdo, lado oposto à sua natureza.
Então, o esquema geral de funcionamento das contas patrimoniais ativas e
passivas é o seguinte:
A conta Capital (Próprio), por estar posicionada no lado do Passivo, tem o mesmo
esquema de funcionamento das contas patrimoniais passivas, ou seja, situação inicial e
aumentos no lado direito e diminuições no lado esquerdo.
Um aspecto importante relacionado ao Capital Próprio ou Patrimônio Líquido
deve ser ressaltado neste momento. Utilizou-se, até então, o conceito de Capital
Próprio de forma fechada, mas ele também tem desdobramentos internos que podem
ser resumidos em três elementos, a saber:
Capital Social;
Reservas e
Prejuízos Acumulados.
O Capital Social é a representação legal da integralização dos recursos dos sócios
derivada de cláusula inserida nos atos constitutivos da empresa (declaração de firma,
contrato social, estatuto social, etc.) que deve ser registrados e arquivados nas Juntas
Comerciais Estaduais. O Capital Social representa o valor inicial aplicado pelos sócios
na empresa e somente pode ser modificado mediante alteração dos atos constitutivos
devidamente registrados nas Juntas Comerciais.
As Reservas, em um plano restrito, representam as retenções de lucros gerados
pela empresa.
Os Prejuízos Acumulados representam os prejuízos apurados pela empresa no
exercício atual ou em exercícios anteriores, até que sejam compensados com lucros,
saldos de reservas ou assumidos pelos sócios.
Transcrevendo, novamente, as transações já examinadas, agora sob a técnica da
“conta”, tem-se a seguinte representação gráfica:
Com base na representação gráfica acima se conclui que:
As contas patrimoniais representam uma parcela do patrimônio;
Toda transação (operação) implica, necessariamente, em dois registros
(lançamentos): um, no lado esquerdo de uma conta, outro, do mesmo
valor, no lado direito de outra conta, e vice-versa (método das partidas
dobradas);
Os aumentos do Ativo são registrados no lado esquerdo das contas
ativas.
As diminuições do Ativo são registradas no lado direito das contas
ativas;
Os aumentos do Passivo são registrados no lado direito das contas
passivas;
As diminuições do Passivo são registradas no lado esquerdo das contas
passivas.
Até o momento aprendeu-se a reconhecer a situação inicial (SI) de cada conta
(ativa ou passiva), sua movimentação com aumentos e diminuições, a aposição do
sinal (+) e (-) e como eles devem ser instalados na conta patrimonial ativa e na conta
patrimonial passiva, faltando ainda um último ponto que é a determinação da situação
final (SF) das contas.
Para apurar o saldo final (SF) de uma conta, do Ativo ou do Passivo, deve-se
efetuar as somas de ambos os lados da mesma (lado esquerdo e lado direito). Depois
de obtidas as somas, subtrai-se o valor da soma maior do valor da soma menor,
apurando-se uma diferença. Esta diferença deve ser colocada no lado da soma menor
para que seja atingida a igualdade das somas dos dois lados da conta. Veja o exemplo
da conta “Caixa”, a seguir.
Soma do lado esquerdo da conta 1.550,00
Soma do lado direito da conta 658,00
Diferença, colocada no lado direito como Situação final, para forçar a igualdade
dos dois lados da conta
892,00
Aplicando-se esta técnica para todas as contas que compõem o Ativo e o Passivo,
obtém-se a representação gráfica completa da conta, que pode ser visualizada na figura
3.
Figura 3: Balanço Patrimonial da empresa José da Silva.
4.1.6 A contabilidade é um circuito fechado
O coroamento de toda a exposição é agora apresentado. Nesse momento, dá-se o
fecho dos procedimentos adotados desde a instalação do inventário sintético (Balanço
Patrimonial), passando por sua movimentação e apuração de saldos através da técnica
da conta. O raciocínio é simples:
A partir do Balanço Patrimonial Inicial desprendem-se todos os itens do Balanço
que passam a ser apresentados sob a forma de conta, tomando posição
individual, mas extremamente facilitadora para seu funcionamento do registro das
operações.
O desmembramento do Balanço em contas individualizadas nada muda, o Balanço
Patrimonial apenas ganha outro formato. Permanece em vigor o entendimento de que
cada variação atinge, sempre, duas contas, uma no lado esquerdo, outra no lado direito,
resultando no registro duplo do mesmo valor (Método de Partidas Dobradas).
Dessa forma, o Balanço Patrimonial inicial é desdobrado em contas, nas quais sãolançadas as operações apurando-se no final o saldo e novamente transportando as
contas para o Balanço (Balanço Final). O ciclo empreendido que se inicia no Balanço
Patrimonial Inicial, passando pelas variações das contas (registro das transações),
termina no Balanço Patrimonial Final, e isso constitui um circuito fechado, o que
permite concluir que a contabilidade é um circuito fechado.
4.1.7 A conceituação de Débito e Crédito
Evitou-se até o momento o uso dos termos “débito” e “crédito”, preferindo-se
utilizar as expressões lado direito e lado esquerdo das contas.
Não se pode esquecer, entretanto, que se está fazendo até agora o uso de sinais (+
e -) e o conceito de débito e crédito não é inteiramente compatível com estes sinais.
Observe: no lado esquerdo de uma conta patrimonial ativa o sinal é (+), enquanto que
na conta patrimonial passiva ele é (-); no lado direito de uma conta patrimonial ativa o
sinal é (-), mas na conta patrimonial passiva o sinal é (+). Esta pequena insegurança é
imediatamente sanada ao reportar-se à equação do patrimônio e aos conceitos
estudados na instalação das “contas patrimoniais”.
Para iniciar o entendimento do conceito, é precis)o aceitar como premissa básica
que:
Há uma convenção internacionalmente consagrada que estipula que o Ativo é o lado
dos DÉBITOS e que o Passivo é o lado dos CRÉDITOS.
Esta convenção permite que se expresse o Balanço, conforme a seguir
especificado.
Atente-se para os sinais ( + ) que compõem o conceito básico sobre o Balanço
Patrimonial, o que mostra que o débito aumenta e o crédito também aumenta. Verifica-
se que tanto o Ativo como o Passivo têm o sinal positivo, isso equivale a dizer que o
lado esquerdo e o lado direito são positivos.
Por via de consequência, o débito está no lado positivo e o crédito também está no
lado positivo. Como compreender então esta pretensa anomalia? Como compatibilizar
os dois conceitos?
Estas são inquietações que estão presentes quando se está diante desta
problemática. Para isso deve-se examinar por partes o que está aqui enunciado. Para
proporcionar a compreensão desta problemática, primeiro desprende-se do Balanço
uma conta patrimonial ativa e uma conta patrimonial passiva. Tem-se então:
Nota-se que a conceituação está mantida, pois:
A conta patrimonial ativa inicia com sinal (+) e é um débito, conforme
se definiu em relação ao Ativo;
A conta patrimonial passiva inicia com sinal (+) e é um crédito,
conforme se definiu em relação ao Passivo.
Observe-se também que os lados que têm o sinal ( - ), tanto da conta patrimonial
ativa como da conta patrimonial passiva, foram colocados na segunda linha, em bold.
A expressão débito sempre se mantém na posição correspondente ao
lado esquerdo da conta;
A expressão crédito sempre se mantém na posição correspondente ao
lado direito da conta.
Entãok como interpretar o conceito de débito e crédito? Para poder definir-se
adequadamente o conceito, é preciso estabelecer o campo de movimentação de cada
tipo de conta patrimonial (ativa ou passiva) e então determinar a forma de
funcionamento de cada conta dentro do conceito de débito e crédito. A seguir
descreve-se como funciona o débito e o crédito para:
a) Conta Patrimonial Ativa
 débito representa um aumento, o que corresponde ao sinal ( + ) no Ativo, e
o exemplo é uma entrada de dinheiro, o que significa aumentar os valores da
conta “Caixa”;
 crédito representa uma diminuição, o que corresponde ao sinal ( - ) no
Ativo, e o exemplo é uma retirada de dinheiro, o que significa diminuir os
valores da conta “Caixa”.
Para apurar a Situação Final (SF) da conta, efetua-se a soma dos débitos e dos
créditos, subtraindo-se a soma menor (créditos) da soma maior (débitos). Nesse caso,
como o lado maior é o lado dos débitos, a situação final (SF) é devedora, e o seu valor
é colocado no lado menor, no crédito, para igualar os dois lados.
b) Conta Patrimonial Passiva
 débito representa uma diminuição, o que corresponde ao sinal ( - ) no
Passivo, e o exemplo é a liquidação de dívida com fornecedor, o que significa
diminuir os valores da conta “Fornecedores”;
 crédito representa um aumento, o que corresponde ao sinal ( + ) no Passivo,
e o exemplo é comprar mercadorias a prazo, o que significa aumentar os
valores na conta de “Fornecedores”.
Para apurar a Situação Final (SF) da conta, efetua-se a soma dos débitos e dos
créditos, subtraindo-se a soma menor (débitos) da soma maior (créditos). Nesse caso,
como o lado maior é o lado dos créditos, a situação final (SF) é credora, e o seu valor é
colocado no lado menor, no débito, para igualar os dois lados.
Pelo exposto, está enfaticamente demonstrado que cada transação (lançamento)
atinge sempre duas contas do patrimônio e registra nelas o mesmo valor, portanto, o
valor é registrado de forma dupla. Assim como se vem afirmando ao se fazer um
lançamento no lado direito de uma conta, deve corresponder imediatamente outro
lançamento no lado esquerdo, e vice-versa.
Da mesma forma, exige-se que, ao se fazer um lançamento no débito, haja imediata
correspondência de outro lançamento no crédito, e vice-versa. Esse sistema de
lançamentos denomina-se método das partidas dobradas, e é a base em que se assenta
toda a ciência da contabilidade.
PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS
Para saber um pouco mais sobre o surgimento do “Método das Partidas Dobradas”,
acesse, no site da Revista de Contabilidade e Finanças da USP o artigo Contabilidade:
aspectos relevantes da epopeia de sua evolução, de autoria dos professores Sérgio de
Iudícibus, Eliseu Martins e Luís Nelson Carvalho, publicado em agosto/2005. A partir
da leitura deste artigo, que discute as várias fases históricas do desenvolvimento da
Contabilidade, desde o estado de simples método de escrituração, é possível
compreender como surgiu o método das partidas dobradas e entender, por exemplo,
como o desconhecimento do número negativo (sinal -) influenciou a técnica contábil.
TERMOS-CHAVE 
Balanço Patrimonial – é uma representação
gráfica sintética que contém os elementos que
compõem o patrimônio de uma entidade em um
determinado momento.
Origens dos Capitais – representam os recursos
(capitais) capazes de dar origem a todos os valores
que compõem o Ativo. São formadas pelos
Capitais Próprios (Patrimônio Líquido) e de
Terceiros (Passivo), que são os responsáveis pela
formação de todo o conjunto de bens e direitos da
entidade.
Aplicação dos Capitais – representa o Ativo da
entidade, onde são aplicados todos os capitais (de
terceiros e próprios).
Variações Permutativas ou Qualitativas – são
as transações (operações) que não provocam
alteração no Capital Próprio ou Patrimônio
Líquido. Provocam trocas entre os itens que
compõem o Balanço na mesma intensidade de
valor e alteram a qualidade dos itens.
Conta Patrimonial – é a representação gráfica de
cada elemento do patrimônio de uma empresa.
Método das Partidas Dobradas – exige-se que,
ao se fazer um lançamento no débito, haja
imediata correspondência de outro lançamento no
crédito, e vice-versa.
Aplicação dos Capitais – representa o Ativo da
entidade, onde são aplicados todos os capitais (de
terceiros e próprios).
CAPÍTULO 5
O NASCIMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO
 
Neste capítulo são discutidas as transações que modificam o Capital Próprio, ou seja,
a riqueza de uma entidade: as transações Modificativas ou Qualitativas do patrimônio.
Apresenta-se o lançamento destas transações diretamente no Capital Próprio e, também,
na sua subconta auxiliar denominada “ Lucros e Perdas” e descreve-se o nascimento da
Dupla Contabilidade. Finalmente, é apresentado o funcionamento das contas de
resultado, que são auxiliares da conta “ Lucros e Perdas” e refletem a situação líquida do
patrimônio.
 
5.1 O nascimento das Contas de Resultado
Até o momento, existe uma conta no lado do Passivo que não sofreu nenhuma
alteração. Trata-se da conta Capital Próprio. Esta conta, embora se encontre no lado
do Passivo, não é uma conta patrimonial passiva, pois a conta Capital Próprio, ou
melhor,as contas que irão representá-lo e que serão estudadas mais adiante, são
conhecidas como contas que espelham a situação líquida do patrimônio.
Para a sua devida compreensão, referencia-se o principal instrumento do
levantamento patrimonial: o Inventário Geral. O Balanço Patrimonial, síntese do
inventário, está expresso por meio de contas patrimoniais. As contas patrimoniais que
constituem o Balanço foram extraídas do Inventário Geral (visualize-as no Inventário
Geral Final nº 2) e são decorrentes do que está na parte I (Ativo), o que corresponde
às contas patrimoniais ativas, e do que está na parte II (Passivo), o que corresponde
às contas patrimoniais passivas.
No entanto, resta um grupo do Inventário Geral em que se encontra a conta
Capital Próprio, e que consta na sua parte III (Comparação). Enfatiza-se que esta
conta só é registrada no lado do Passivo do Balanço Patrimonial para forçar a
igualdade entre os valores registrados no Ativo e os valores registrados no Passivo do
Balanço.
Como a conta do Capital Próprio se encontra no lado do Passivo do Balanço
Patrimonial, é regida pelas mesmas regras das contas patrimoniais passivas, isto é:
sua situação inicial figura no lado direito da conta;
os aumentos (dinheiro entregue pelos sócios, lucros obtidos etc.) são
registrados no lado direito;
as diminuições, representadas pelas retiradas dos sócios e pelos
prejuízos verificados, são registradas no lado esquerdo da conta.
Atenção: o Capital Próprio, embora figure no Passivo, não é uma contra
patrimonial passiva. Apesar disso, como se encontra no lado direito do balanço, é
regido pelas mesmas regras das contas passivas.
Assim, tem-se:
CAPITAL PRÓPRIO
(-) LADO ESQUERDO LADO DIREITO (+)
Diminuições Situação inicial
Situação Final Aumentos
O Capital Próprio é constituído por diversas contas (até agora não especificadas
por conveniência das explicações), as quais representam em seu somatório, sempre, a
diferença entre os valores ativos e os valores passivos e estão constantemente em
movimento. Entretanto, uma das contas que o compõem, o Capital Social, sob o
ponto de vista legal, é uma conta imutável.
A razão disso é que a conta Capital Social representa o valor que figura em
cláusula do instrumento contratual da empresa (declaração de firma, estatuto social,
contrato social), e seu valor somente pode ser mudado mediante alteração desta
cláusula contratual. Assim, esta conta somente poderá ser modificada após alteração
da cláusula contratual e devidamente registrada nos órgãos competentes para isso: as
Juntas Comerciais dos Estados ou os Cartórios de Registro Especial.
Entretanto, outras contas que registram os movimentos causados pela diferença
entre Ativos e Passivos, e que representam o Capital Próprio da entidade, podem ser
movimentadas sem necessidade de alteração do contrato social. É o que se verá mais
adiante.
5.2 A natureza das transações: Variações Modificativas ou
Variações Quantitativas do Patrimônio
As variações até agora representadas não movimentaram a conta Capital Próprio
(que será expresso por contas específicas). O seu valor permaneceu inalterado,
correspondendo à situação inicial, sem qualquer movimentação. Estas variações,
denominadas de variações permutativas ou qualitativas e tratadas no item 4.1.4, não
determinam alteração no Capital Próprio e são assim denominadas porque apenas
trocam a posição dos itens que compõem o patrimônio (Ativos e Passivos). Ao não
provocarem alteração do Capital Próprio, o valor dele não se modifica e elas alteram
sim a qualidade do patrimônio, mas sem alterar a quantidade do patrimônio líquido, ou
seja, a parte do patrimônio que pertence aos proprietários.
Porém, continuamente ocorrem variações que aumentam ou diminuem o Capital
Próprio da empresa, tais como: lucros obtidos nas vendas, comissões recebidas,
descontos obtidos, aluguéis pagos, ordenados pagos, despesas pagas ou devidas etc.
Estas variações, por modificarem quantitativamente o patrimônio, aumentando ou
diminuindo a parte que pertence aos proprietários – o capital próprio da entidade –,
são denominadas de variações modificativas ou variações quantitativas.
Para exemplificar as alterações do Capital Próprio, dá-se seguimento às operações
da empresas do Sr. José da Silva. Então, após terem sido registradas, no capítulo
anterior, as variações permutativas (qualitativas) da empresa, apresentam-se agora
para serem registradas as variações modificativas (quantitativas) ocorridas, e que
provocam alterações no patrimônio da empresa e no montante do Capital Próprio.
Para tanto, propõem-se as seguintes operações (lançamentos):
a) O recebimento de comissões em dinheiro, no valor de R$ 400,00, determina:
 Um aumento na conta Caixa (Ativo);
 Um aumento no Capital Próprio (no lado do Passivo).
b) Obtém-se desconto sobre Nota Promissória, no valor de R$ 50,00. Este
determina:
 Uma diminuição na conta Empréstimos a Pagar (Passivo);
 Um aumento no Capital Próprio (no lado do Passivo).
c) O pagamento de aluguel, no valor de R$ 80,00, determina:
 Uma diminuição na conta Caixa (Ativo);
 Uma diminuição no Capital Próprio (no lado do Passivo).
d) Reconhece-se, mas ainda não se paga, juros a fornecedores, no valor de R$
20,00:
 Um aumento na conta de Fornecedores (Passivo);
 Uma diminuição no Capital Próprio (no lado do Passivo).
Pode-se, então, concluir que:
 Para aumentar o Capital Próprio, deve-se aumentar o Ativo ou diminuir o
Passivo no mesmo valor;
 Para diminuir o Capital Próprio, deve-se diminuir o Ativo ou aumentar o
Passivo no mesmo valor.
5.2.1 Variações modificativas (quantitativas) lançadas
diretamente na conta Capital Próprio
Apresentadas as operações e as respectivas repercussões examinadas nos itens “a”
a “d”, efetua-se o seu registro utilizando-se a técnica das contas. Retoma-se, para isso,
o Balanço Patrimonial Final nº 5 (item 4.1.2) da empresa do Sr. José da Silva e se adota
os procedimentos descritos no nascimento das contas patrimoniais (item 4.1.5). A
seguir a transcrição do Balanço.
Transcrito o Balanço, abrem-se todas as contas patrimoniais e registram-se os
lançamentos (operações) de “a” a “d”, os quais proporcionam verificar o modo como
as variações modificativas ou quantitativas modificam e alteram o valor do Capital
Próprio da empresa.
a) As comissões no valor de R$ 400,00, recebidas em dinheiro, aumentam o
Ativo (Caixa – entrada de dinheiro) e ao mesmo tempo aumentam o lado do
Passivo (Capital Próprio – é um ganho que aumenta a riqueza do proprietário).
Portanto, aumenta a conta “Caixa” pelo registro do valor no lado esquerdo da
conta, ou seja, débito em uma conta ativa; ao mesmo tempo, aumenta a conta
de “Capital Próprio” pelo registro do valor no lado direito da conta, ou seja,
crédito em uma conta que está do lado do Passivo.
b) O desconto no valor de R$ 50,00, concedido pelo portador da nota
promissória, diminui o Passivo (Empréstimos a Pagar – diminui a dívida) e ao
mesmo tempo aumenta o lado do Passivo (Capital Próprio – é um ganho que
aumenta a riqueza do proprietário). Portanto, diminui a conta de
“Empréstimos a Pagar” pelo registro do valor no lado esquerdo da conta, ou
seja, débito em uma conta passiva; ao mesmo tempo, aumenta a conta de
“Capital Próprio” pelo registro do valor no lado direito da conta, ou seja,
crédito em uma conta que está do lado do Passivo.
c) O pagamento do aluguel no valor de R$ 80,00 significa uma saída de dinheiro e
diminui o Ativo (Caixa – diminui o dinheiro) e ao mesmo tempo diminui o lado
do Passivo (Capital Próprio – é uma despesa que diminui a riqueza do
proprietário). Portanto, diminui a conta “Caixa” pelo registro do valor no lado
direito da conta, ou seja, crédito em uma conta ativa; ao mesmo tempo, diminui
a conta de “Capital Próprio” pelo registro do valor no lado esquerdo da conta,
ou seja, débito em uma conta que está do lado do Passivo.
d) O reconhecimento de juros devidos ao Fornecedor, porém ainda não pagos, no
valor de R$ 20,00, mostra que a dívida aumentou, sem haver aumento do
Ativo,

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