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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: AVALIAÇÃO ESCOLAR AUTORIA: Ma. GERUZA NEY ALVARENGA Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Avaliação Escolar Autoria: Ma. Geruza Ney Alvarenga Primeira edição: 2009 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Prezado (a) Cursista, Estudar este módulo é uma oportunidade de conhecer a evolução histórica da avaliação através da análise de seus diversos conceitos; sua relação com a atualidade; suas funções, categorias e critérios; a avaliação de projetos, de planos e institucionais. Nessa direção, pretende-se desenvolver um estudo que conduza a uma reflexão sobre o sistema de avaliação educacional incluindo tanto os educandos como educadores e ainda, a do sistema educacional brasileiro. Este tema será dividido em 30 unidades, além das atividades obrigatórias. Objetivo O objetivo dessa disciplina é proporcionar aos estudantes uma introdução ao campo de estudos da avaliação educacional, enfatizando as principais concepções e recentes tendências políticas e a legislação pertinente. Ementa A evolução histórica da avaliação, seus diversos conceitos e sua relação com a atualidade; suas funções, categorias e critérios. A Avaliação de Projetos, de Planos e Institucionais. Avaliação no sistema Educacional Brasileiro; avaliação na atual legislação brasileira. O Sistema de Avaliação: SAEB, ENEM e PROVÃO. Avaliação e os Parâmetros Curriculares. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Sobre o Autor Mestra em Educação, especialista em: Planejamento Educacional; Administração Escolar, pela Universidade Salgado de Oliveira e em Gestão-Escolar, pela UFES- Universidade Federal do Espírito Santo. Licenciada em História, pela UFES. Professora da CESAT - Centro de Ensino Superior Anísio Teixeira, nas disciplinas: Políticas Públicas da Educação Brasileira, Didática e Projeto Político Pedagógico. Tutora da disciplina: Legislação e Políticas Públicas da Educação na ESAB e professor visitante na Uniube - Faculdade de Uberaba. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 .............................................................................................................................. 8 Titulo I - Avaliação Escolar .................................................................................................... 8 UNIDADE 2 ............................................................................................................................ 12 Trajetória da Avaliação ........................................................................................................ 12 UNIDADE 3 ............................................................................................................................ 15 Evolução do Conceito de Avaliação. ................................................................................... 15 UNIDADE 4 ............................................................................................................................ 21 Avaliação no Contexto Educacional .................................................................................... 21 UNIDADE 5 ............................................................................................................................ 27 Os Diversos Significados Atribuídos à "Avaliação” ............................................................. 27 UNIDADE 6 ............................................................................................................................ 30 Avaliação Segundo Diversos Autores ................................................................................. 30 UNIDADE 7 ............................................................................................................................ 33 Funções da Avaliação ......................................................................................................... 33 UNIDADE 8 ............................................................................................................................ 39 Modalidades e Funções da Avaliação ................................................................................. 39 UNIDADE 9 ............................................................................................................................ 44 Elemento da Avaliação Formativa: FEEDBACK.................................................................. 44 UNIDADE 10 .......................................................................................................................... 47 Avaliação Normativa ou Formativa?.................................................................................... 47 UNIDADE 11 .......................................................................................................................... 52 As Categorias da Avaliação: Afetiva- Social, Cognitivas e Psicomotoras ........................... 52 UNIDADE 12 .......................................................................................................................... 57 Avaliação e seus Critérios ................................................................................................... 57 UNIDADE 13 .......................................................................................................................... 60 Função da Avaliação no Planejamento ............................................................................... 60 UNIDADE 14 .......................................................................................................................... 66 Planejamento e Avaliação: Operacionalização ................................................................... 66 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 UNIDADE 15 .......................................................................................................................... 76 Planejamento e Avaliação ................................................................................................... 76 UNIDADE 16 .......................................................................................................................... 83 Avaliação na Atualidade ...................................................................................................... 83 UNIDADE 17 .......................................................................................................................... 89 Instrumentos de Avaliação .................................................................................................. 89 UNIDADE 18 ..........................................................................................................................94 Procedimentos e Instrumentos de Avaliação. ..................................................................... 94 UNIDADE 19 .......................................................................................................................... 97 Avaliação Institucional ......................................................................................................... 97 UNIDADE 20 ........................................................................................................................ 102 Objetivos específicos: ....................................................................................................... 102 UNIDADE 21 ........................................................................................................................ 108 Avaliação das Instituições de Educação Superior – IES ................................................... 108 UNIDADE 22 ........................................................................................................................ 111 Instrumentos de Avaliação do SINAES ............................................................................. 111 UNIDADE 23 ........................................................................................................................ 114 Sistema de Avaliação – ENADE ....................................................................................... 114 UNIDADE 24 ........................................................................................................................ 118 ENEM Competências e Habilidades ................................................................................. 118 UNIDADE 25 ........................................................................................................................ 124 O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB. ..................................... 124 UNIDADE 26 ........................................................................................................................ 127 LDB – 9394/96 .................................................................................................................. 127 UNIDADE 27 ........................................................................................................................ 134 Conteúdos e Metodologias ................................................................................................ 134 UNIDADE 28 ........................................................................................................................ 140 Os Parâmetros Curriculares Nacionais em Questão ......................................................... 140 UNIDADE 29 ........................................................................................................................ 144 Parâmetros Curriculares Nacionais ................................................................................... 144 UNIDADE 30 ........................................................................................................................ 149 Parâmetros Curriculares ................................................................................................... 149 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 GLOSSÁRIO ........................................................................................................................ 153 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 154 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 UNIDADE 1 Objetivos: Fazer uma reflexão sobre evolução histórica da avaliação no contexto escolar. Titulo I - Avaliação Escolar Segundo “HOFFMANN: “Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber enriquecido.” (1994, p. 58) Muito se tem discutido sobre o cenário da avaliação nestes últimos anos. A avaliação está presente nas atividades humanas de maneira espontânea, ou expressando os parâmetros de alguma instituição. Esse ato está incorporado ao sistema educativo que compreende o sistema escolar mundial, pois faz parte do contexto das escolas públicas e privadas. Dentro do sistema educacional a avaliação ocupa lugar importante incluindo professores, alunos, famílias e as instituições que também são avaliadas, assim como, para verificarmos se a escola está cumprindo seu papel, é preciso avaliar a experiência que ela propicia, diretamente, a alunos, professores, funcionários e indiretamente, aos familiares de sua clientela e a comunidade onde esta localizada. Inicialmente devemos compreender que a avaliação é um recurso pedagógico que contribui para que a escola possa desempenhar seu papel na formação do aluno-cidadão. Realmente, o aluno é o principal sujeito do processo ensino-aprendizagem, mas não o único a ser avaliado. Ele será um dos elementos desse processo que participará da avaliação de diferentes formas e em diferentes momentos. Mas, antes de pensamos em avaliar o aluno, é necessário que pensemos na avaliação de uma maneira mais global, envolvendo tudo e todos que participam do processo educacional que acontece na escola. O contexto da avaliação, no campo do desempenho escolar, assim como o cenário da educação na formação do aluno como um indivíduo voltado para a cidadania, tem uma Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 função fundamental para uma prática educativa voltada para o desenvolvimento do educando. No entanto as práticas avaliativas, ao longo da Historia da Educação, assumiu a prática de “provas e exames”. Assim, ao invés de ser um instrumento favorável a construção de resultados satisfatórios fornecendo instrumentos para o aluno pensar, sentir e agir de forma nova em relação a si mesmo e a realidade em que vive, tornou-se um meio para classificação e reclassificação dos educandos. Quando se questiona o que é avaliar, as respostas mais comuns que encontramos são: avaliar é medir; avaliar é valorizar; avaliar é julgar para tomar decisões; avaliar é verificar se os objetivos foram alcançados. Avaliar é refletir sobre uma determinada realidade, a partir de dados e informações, e emitir um julgamento que possibilite uma tomada de decisão, demonstrando assim, que o termo avaliação sempre esteve ligado à ideia de aprovação ou reprovação, a própria cultura escolar se apropriou desse termo para classificar ‘’os mais fracos e mais fortes. ’’ Atualmente as avaliações acontecem por meio de provas, e exames normalmente sem vínculos com o processo ensino aprendizagem o que leva alguns autores a questionar o processo de avaliação praticada nas escolas. No entanto, é a avaliação que nos permiti fazer sugestões, encaminhamentos e também a tomar de decisões. Na escola, podemos observar que os professores nem sempre trabalham da mesma maneira. Uma das diferenças em seus trabalhos está na forma de avaliar. Alguns avaliam realmente, enquanto outros apenas medem a aprendizagem de seus alunos, ou seja, alguns nem percebem que a avaliação pode ser realizada em diferentes níveis – do simples ato de dizer se gostamos ou não de um fato, até a avaliação seguida de novas proposições. Na realidade, ao falar em diferentes níveis de avaliação, estamos estabelecendo a diferença entre medir e avaliar. Sim, avaliar não é o mesmo que medir. Pois, medir é apenas descrever uma realidade, ou seja, é obter dados e informações sobre ela. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 Conceito Avaliar é mais do que medir. A medida limita-se a constatar uma realidade, a obter dados e informações. É importante primeiramente diferenciar os termos testar, medir e avaliar. Conforme Hadji (1997), testar é “verificar um desempenhoatravés de situações previamente organizadas, chamadas testes”; medir é “descrever um fenômeno do ponto de vista quantitativo”; e avaliar é “interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios” (p.289). Para fazer uma avaliação, dados e informações são importantes, para obtê-los, precisamos dos instrumentos de avaliação, como, por exemplo: questionários, fichas de observação, provas, portfólios, roteiros de autoavaliação, exercício etc. Mas os instrumentos de avaliação, como o próprio nome indica, são recursos, meios que utilizamos para alcançar determinados objetivos. Já que são meios, sua escolha e construção devem ser orientadas pelos objetivos. Na ação pedagógica a avaliação pode ser entendida como um processo de análise qualitativa referente ao ensino e aprendizagem entre os alunos de acordo com os objetivos e metas previstos, que vão nortear o processo ensino-aprendizagem, onde se define o que e como avaliar. Possibilitando verificar se os objetivos foram atingidos e realizados em sala de aula. Através de formas diferentes é possível avaliar o desenvolvimento do aluno, na medida em que seus resultados permitem aprimorar o desempenho e dar continuidade ao processo de ensino. Vasconcellos (1994) destaca a avaliação como sendo: “Um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos”. (p. 43) A avaliação como área de investigação científica transformou-se numa atividade complexa, inicialmente o seu enfoque estava centrado no aluno e nos seus problemas de Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 aprendizagem, aos poucos e sem se afastar desse interesse, modificou a sua orientação e passou do estudo de indivíduos para o de grupos, destes para o de programa e materiais instrucionais e na atualidade preocupa-se também com a avaliação de seu próprio sistema educacional. Começou a falar-se na avaliação aplicada à educação com Tyler (1949), considerado como o pai da avaliação educacional. Ele encara-a como a comparação constante entre os resultados dos alunos, ou o seu desempenho e objetivos, previamente definidos. A avaliação é, assim, o processo de determinação da extensão dos objetivos educacionais idealizados. Em função da finalidade da avaliação considera-se três tipos: uma preparação inicial para a aprendizagem, uma verificação da existência de dificuldades por parte do aluno durante a aprendizagem e o controle sobre se os alunos atingiram os objetivos fixados previamente. Os tipos de avaliação referidos representam, respectivamente: a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação certificativa. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 UNIDADE 2 Objetivos: Conhecer a trajetória da avaliação ao longo da história, e o seu papel nos sistemas educativos Trajetória da Avaliação Para entender melhor sobre avaliação, vamos nos reportar à sua trajetória ao longo da história, e o seu papel nos sistemas educativos. Encontrar as respostas para essas questões é importante para compreender os desdobramentos, usos e significados atuais do processo avaliativo. O início do processo avaliativo data, do ponto de vista formal, do ano 1.200 a.C com a instituição da prática do exame. Como atividade informal surgiu com o homem, pois segundo Stake (apud Vianna 2000), o homem observa; o homem julga e avalia. No decorrer dos tempos as formas de avaliar sofreram transformações o que possibilitou novas construções. Apresentando-se como uma atividade complexa no campo da ciência, fundamentada no pensamento descritivo, analítico e crítico. O seu foco não está limitado apenas ao aluno e seu rendimento mais, também, ao desenvolvimento de atitudes e de interesses, que constituem o foco do processo educacional, constituindo o campo da micro avaliação. Com o tempo, passou a ser instrumento de profissionais de todas as áreas incluindo instituições e sistemas empresariais nos seus diversos níveis e competências administrativas. Essa modificação teve a influência de um conjunto de fatores, em que se destaca inicialmente, a tomada de consciência dos educadores face à complexidade do seu campo de atuação e à necessidade de definir e avaliar a prioridade de alguns problemas no mundo moderno cuja transformação técnica-científica passou por um processo de desenvolvimento muito rápido que demandou mudanças nos currículos e programas, considerados obsoletos, não atendendo a formação de profissionais com perfil adequado a nova realidade. Isto se Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 refletiu, naturalmente, no repensar e refazer das metodologias de ensino-aprendizagem e avaliação com enfoque na construção do conhecimento. A trajetória da avaliação, ao longo da história, mostra que a evolução de suas funções aponta para uma concepção de que o processo avaliativo não segue padrões rígidos, mas é determinado por dimensões pedagógicas, históricas, sociais, econômicas e até mesmo políticas, diretamente relacionadas ao contexto em que se insere. Na década de 20, a avaliação era chamada de docimologia, expressão, cunhada por Henri Pierón, e que significava o estudo das notas atribuídas nos exames. A avaliação surgiu com a criação de sistemas de testagem, sendo um dos primeiros sistemas desenvolvido por Horace Mann, no século XIX, com o objetivo de substituir os exames orais pelos exames escritos; utilizar poucas questões gerais, em vez de um número maior de questões específicas; e buscar padrões mais objetivos do alcance escolar. Nas primeiras décadas do século XX, principalmente nos EUA avaliação educacional formal estava associada à aplicação de testes, o que dava um caráter exclusivamente instrumental ao processo avaliativo associando à ideia de exame e propiciando a criação associações e comitês para desenvolvimento de testes padronizados. Modelo de Avaliação por Objetivos Assim, nos anos 30 a avaliação tinha como foco os exames e sua função era identificar os erros e acertos, justificando - os com base nas condições que interferiam nos desempenhos dos examinados; dos anos 30 aos anos 60 verificamos que a avaliação, tendo sofrido forte influência de Tyler e Bloom, propunha verificar o alcance de objetivos; dos anos 60 aos 80, a principal ideia era a do julgamento de valor com base em critérios padronizados. Dos anos 90 até os dias de hoje, a ênfase tem sido na negociação de resultados com a participação dos educandos na definição de critérios e indicadores. A avaliação educacional com a abrangência que possui nos dias atuais, somente se iniciou na década de 40 graças à atuação de Ralph W. Tyler, que parte do princípio de que educar Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 consiste em mudar padrões antigos ou gerar novos padrões de comportamentos, sendo que o currículo passa a ser constituído com base na especificação de habilidades desejáveis expressas em objetivos a serem atingidos. Em outras palavras, a avaliação consiste em verificar em que grau está ocorrendo às mudanças comportamentais, isto é, em que medida os objetivos educacionais vêm sendo alcançados (Gurgel, 1998). Assim. a avaliação ‘’consiste essencialmente em determinar se os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino. Como os objetivos visados constituem em produzir certas modificações desejáveis nos padrões de comportamento do estudante, avaliação é o processo mediante o qual determina - se o grau em que essas mudanças de comportamento estão realmente ocorrendo” (Tyler, 1975:99)”. Copyright © 2007,ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 UNIDADE 3 Objetivos: Compreender o modelo de avaliação de Tyiler, conforme metodologia da época. Evolução do Conceito de Avaliação. O autor percebeu a avaliação como um meio para se estabelecer comparações entre os resultados e os objetivos educacionais. Desse modo, a avaliação passa a ser vista como uma atividade prática. Percebe-se, então, que o enfoque deste teórico enfatiza o aspecto funcional da avaliação realizada em função dos objetivos previstos, como exigia a metodologia da época, pois nesse período, na maioria dos países ocidentais, o sistema escolar era apontado como responsável pela baixa qualidade de mão de obra, pela desigualdade de distribuição de renda e pelo despreparo das massas políticas. (Gurgel, op.cit.). Neste sentido, Saviani (1991) mostra serem os problemas, atribuídos ao sistema escolar, decorrentes da industrialização crescente nas primeiras décadas do século XX, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, proporcionando demanda de mão de obra para atender novos modelos de produção, determinados pelas multinacionais. Foi neste contexto que Tyler (1975) apresentou seu modelo de avaliação com o enfoque comportamentalista que envolve paradigmas positivistas voltados para o tecnicismo. Segundo Vianna (op.cit.) são estes os pontos básicos que integram o modelo: Formulação e classificação dos objetivos, segundo o nível de generalização e especificidade; Definição de cada objetivo em termos comportamentais; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 Identificação de situações que demonstram os comportamentos pretendidos nos objetivos; Seleção e experimentação da diversidade de métodos e de instrumentos para avaliar múltiplos comportamentos como, por exemplo, questionários, fichas de registro de comportamento e outros, não devendo ficar a avaliação restrita apenas a exames escritos, como geralmente ocorre. No Brasil a tecnologia educacional como alternativa de educação para as massas populares tem, portanto, sua gênese no desenvolvimento capitalista norte-americano e dominou toda a década de 70, chegando mesmo a ser subsidiada por leis e pareceres. O enfoque de avaliação de Tyler assume um caráter de controle do planejamento, de qualidade e propõe o estabelecimento de comparações entre desempenho e objetivos prédeterminados, visando assim, obter evidências sobre as mudanças comportamentais. A consequência pedagógica deste modelo é que a avaliação se resume simplesmente a uma verificação das mudanças ocorridas, previamente estabelecidas pelo currículo, que passa a ser construído com base na especificação desejável expressa em objetivos, sem nenhuma vinculação ao processo sistemático de desenvolvimento. Nesta perspectiva torna-se autoritária, sem o reflexo necessário sobre o significado das propostas pedagógicas desenvolvidas e da própria qualidade de ensino. Modelo de tomada de decisões O modelo de avaliação estruturado por Daniel Stufflebeam, em 1968/1971, é centrado no dimensionamento da avaliação com o objetivo de permitir tomadas de decisões adequadas. Para Stufflebeam (apud Barreto 1995) “avaliar é o processo de delinear, obter e proporcionar informações úteis para o julgamento de decisões alternativas”. Dessa forma a função básica Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 da avaliação é oferecer informações relevantes que possibilitem a melhoria da qualidade do programa educacional em termos de efetividade e de eficiência. Ao conceber o modelo conhecido pelo anagrama CIPP – contexto, insumo, processo e produto – o autor, em um caráter analítico e racional, coloca quatro tipos de decisões representadas pelas fases de planejamento, estruturação, implementação e reciclagem que correspondem especificamente a quatro tipos de avaliações: avaliação de contexto, de insumo ou entrada, de processo e de produto. A avaliação de contexto subsidia as decisões de planejamento diagnosticando os problemas e necessidades e permite fundamentar uma base lógica para determinação de objetivos de um programa educacional. É o tipo mais comum de avaliação e os instrumentos utilizados são, dentre outros, entrevistas, pesquisas, análise documental e testes. A avaliação de entrada ou insumo objetiva estruturar as decisões procurando estabelecer o uso dos diversos recursos necessários para alcançar os objetivos definidos pelo programa. Assim prevê os procedimentos a serem implantados e as estratégias alternativas sendo sua função determinar a melhor maneira de satisfazer os novos objetivos propostos, fornecendo informações para tomada de decisões, quando detectados problemas no contexto. Dessa forma, enquanto a avaliação de contexto é, principalmente, sistemática e macroanalítica, a avaliação de insumo é, essencialmente, microanalítica. Nesse tipo de avaliação são utilizadas, dentre outros instrumentos, visitas técnicas e reuniões de equipes. A avaliação de processo tem como objetivo fornecer as informações periódicas sobre os procedimentos em ação entre os membros da equipe responsável pela execução de um programa, a fim de detectar deficiências de planejamento, efetuar correções e manter atualizado um registro do procedimento ao tempo de sua ocorrência, o que a torna imprescindível, pois corresponde a um mecanismo de feedback contínuo. Adota como instrumentos de avaliação os diários de classe, as reuniões de equipes, entrevistas, análise das apresentações dos atores da formação e análise das produções. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 A avaliação de produto, última etapa do processo, refere-se à determinação dos resultados alcançados tanto durante o programa quanto ao seu final, interpretando a avaliação em termos de juízo de valor. Determinando discrepâncias entre o pretendido e o real, e, analisando os fatores determinantes nessa diferença, fornece dados para os responsáveis pela decisão na área educacional, permitindo desse modo sua realimentação. Os instrumentos de avaliação situam-se desde as ferramentas utilizadas por Tyler como também a todas as formas de avaliação capazes de coletar os juízos dos atores relacionados aos resultados da formação. Embora o modelo de Stefflebeam tenha o mérito de ser global, em termos de práticas pedagógicas é limitado, pois a abordagem tradicional sugere uma postura positivista e o ensino se prende a quantidade, noções, conceitos e informações, sem a preocupação com o pensamento reflexivo. A tônica da abordagem comportamentalista está no condicionamento, notas, elogios e prêmios aos alunos e em um objetivo de aprendizagem e um plano a alcançar. (Santiago, 2003). Julgamento de mérito O modelo de Michael Scriven enfatiza os critérios do desempenho profissional e define a avaliação como “a determinação sistemática e objetiva do mérito ou valor de alguma coisa”. Sem a preocupação de criar um modelo, ao publicar seu ensaio Metodologia da Avaliação (1967), Scriven apresenta conceitos que influenciam significativamente o futuro e a prática da avaliação. Segundo Vianna (2000) inicialmente sua grande contribuição constitui em estabelecer que a avaliação desempenha muitos papéis (funções) mas possui um único objetivo: determinar o valor ou mérito do que está sendo avaliado. O objetivo consiste em oferecer uma resposta satisfatória aos problemas propostos pelas questões a serem avaliadas. Os papéis ou funções – que o autor introduz através dos conceitos de avaliação formativa e somativa – referem-se às maneiras como essas respostas são usadas. Ao diferenciá-las Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 mostra que a primeira deve ocorrer durante o desenvolvimento da atividade educacional para promover aprimoramento do que está sendo objeto de implementação. Como práticas envolvendoa dimensão formativa da avaliação e o aumento da variabilidade didática e consequente aplicação de diferentes instrumentos de mensuração. A segunda – avaliação somativa - conduzida ao final de um programa de avaliação possibilita ao seu usuário fornecer elementos para julgar sua importância, seu valor e seu mérito ao atingir os objetivos e metas propostas. Efetivamente não existe uma diferença lógica ou metodológica entre avaliação formativa e somativa. Ambas determinam o valor ou mérito do que está sendo aplicado. A diferença depende do contexto no qual são realizadas e na utilização dos resultados: enquanto a avaliação formativa está diretamente relacionada com a decisão de desenvolver o programa, a avaliação somativa refere-se à decisões de aperfeiçoar, rever ou encerrar o programa de ensino. Assim, os dois tipos de avaliação são fundamentais no âmbito de uma escola. A consequência pedagógica é que a formativa, como prática de regulação no interior de um sistema de formação, permite que o currículo seja adaptado às características dos alunos, no que garante que a maioria alcance uma resposta satisfatória às questões a serem avaliadas. Observamos, no entanto, que em sua prática pedagógica, os professores, habitualmente apóiam-se em avaliações finais. A realização de uma avaliação apenas no final – somativa - apresenta grande possibilidade de constatar o fracasso do educando. Em 1979, Allal, Cardinet e Perrenoud, citado em Fernandes (2005), aprofundaram os conceitos de avaliação formativa e somativa, o de diferenciação pedagógica ou de regulação e o de autorregulação. Esse aprofundamento ocorreu a partir das novas concepções de currículo, da aprendizagem e de avaliação. Para Gadotti, avaliação é: ‘’ inerente e imprescindível, durante todo processo educativo que se realize em um constante trabalho de ação-reflexão, porque educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente. ’’ (1984, p. 90) A ação educativa tem sempre um caráter intencional. Isso quer dizer que temos como meta provocar modificações específicas nas pessoas, em seu comportamento, suas ideias, seus valores e crenças. No espaço escolar esperamos que os alunos aprendam, os professores ensinem melhor, os pais participem mais da escola, os funcionários exerçam bem suas tarefas, tornando-as também educativa. Então, sempre que pensamos em evolução, mudança, transformação, é preciso pensar também em avaliação. Percebe-se, então, que o enfoque deste teórico enfatiza o aspecto funcional da avaliação realizada em função dos objetivos previstos, como exigiu a metodologia da época, pois nesse período, na maioria dos países ocidentais, o sistema escolar era apontado como responsável pela baixa qualidade de mão de obra, pela desigualdade de distribuição de renda e pelo despreparo das massas políticas. (Gurgel, op.cit.). Neste sentido, Saviani (1991) mostra serem os problemas atribuídos ao sistema escolar, decorrentes da industrialização crescente nas primeiras décadas do século XX, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, proporcionando demanda de mão de obra para atender novos modelos de produção, determinados pelas multinacionais. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 UNIDADE 4 Objetivos: Compreender o sentido da avaliação no contexto educacional e sua aplicabilidade. Avaliação no Contexto Educacional A avaliação tem sido tradicionalmente entendida como um instrumento de controle para adequar as características dos indivíduos às exigências de determinadas situações ou circunstâncias. Mas o problema é da avaliação ou do uso que se faz dela? Não há uma reflexão aprofundada de como ocorreu a aprendizagem, e nem também do aspecto importante do “como” e do “por que” avaliar. Assim a prática pedagógica de avaliação tem-se apresentado descontextualizada do processo ensino aprendizagem, limitando-se à tradicional postura classificatória. Quando é feita uma abordagem da história da educação, especificamente na questão da avaliação, percebe-se que a questão de avaliar sempre foi um assunto polêmico nas escolas e nas demais instituições educacionais por persistirem nas formas de avaliação semelhantes às avaliações usadas no século passado e, constantemente, associadas a expressões como: exames, notas, provas ou como parâmetro para avançar ou ficar retido em alguma série e quase sempre estavam relacionadas a uma avaliação escrita ou oral, centrando-se o poder absoluto no professor, que avaliava e dava nota sobre o que o aluno sabia de determinado conteúdo. Essa associação tão comum em nossas escolas é resultante de uma concepção pedagógica antiga, porém frequentemente adotada nas escolas. Nessa perspectiva histórica, ao longo dos anos fez-se uso de métodos de avaliação como um instrumento a serviço de quem a aplicava, buscando-se em uma série de perguntas com respostas prontas para que fossem decoradas e retransmitidas em dias de prova, concebendo a educação como mera transmissão e memorização de informações prontas, considerando o aluno como um ser passivo e receptivo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 De acordo com essa visão acreditava-se na possibilidade controle do professor sobre a aprendizagem e sobre todo um grupo de alunos, aplicando-se a ideia de homogeneidade do saber, de acordo com o princípio onde o professor ensina e o aluno devolve a informação tal como foi recebida. Na concepção pedagógica moderna, baseada na psicologia genética, a educação é concebida como experiência de vivência multiplicada e variadas, tendo em vista o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social do educando. Nessa abordagem o educando é um ser ativo e dinâmico, que participa da construção de seu próprio conhecimento e a avaliação, contempla dimensões e não se reduz apenas em atribuir notas. O contexto cultural e social de hoje exige um número maior de informações, utilizando a informática, a internet e outros meios de comunicação como ferramenta pedagógica. Avaliação segundo os Teóricos Contemporâneos. Teóricos contemporâneos como Luckesi (1998), Haydji (2001), Depresbiteris (2002) e Hoffmann (2001) inovam as concepções de avaliação e contribuem para evolução do processo ensino aprendizagem. Segundo LUCKESI. “... o ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou qualidade atribuído ao objeto em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou desfavorável ao objeto da avaliação, com uma conseqüente decisão de ação." (1998, p. 76). Como o ato de ensinar e aprender promove mudanças de comportamento, o ato de avaliar consiste em verificar se eles estão sendo realmente atingidos esclarecer e identificar problemas, encontrando soluções, corrigindo rumos e acertos de todos, e de cada um, possibilitando o avanço na aprendizagem e na construção do seu saber. O educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias a sua realização como sujeito crítico dessa sociedade. A partir dessa compreensão o professor assumirá a avaliação como instrumento de compreensão do estágio em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que ele possa avançar no seu processo de aprendizado. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 Sendo assim a avaliação assume um sentido orientador, pois permite que o aluno tome consciência de seus avanços e dificuldades, para continuar progredindo na construção do conhecimento. Segundo LUCKESI o conceito de avaliação é formulado a partir das determinações da conduta. (...) “atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação (...)", que por si, implica umposicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliado. (1998, p. 76) A avaliação precisa desvincular-se do processo classificatório, seletivo e discriminatório, para estabelecer o básico da sua função pedagógica, que se aplica principalmente ao professor que a utiliza, analisando e refletindo os resultados dos alunos. Desta forma, a avaliação propicia retomada de conteúdos, novas metodologias e um redimensionamento de trajetória conforme a necessidade do momento. Enfatizando assim o processo, refletindo o ensino que busca a construção do conhecimento prevalecendo os aspectos qualitativos sobre os quantitativos Atualmente, a avaliação ainda não é capaz de formar sujeitos com autonomia, o que é sem dúvida uma forma de promoção do ser humano, que é essencialmente o significado da educação. A concepção de avaliação ainda é comumente relacionada à ideia de mensuração de mudanças do comportamento humano. Essa abordagem viabiliza o fortalecimento no aspecto quantitativo. Luckesi (1998) ao dizer “o exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame do que por uma pedagogia do ensino – aprendizagem” sugere que o conceito de avaliação da aprendizagem, como julgamento e classificação, necessita ser redirecionado para uma avaliação não como instrumento para aprovação ou reprovação dos alunos, o que não deixa de ser uma classificação, mas sim numa perspectiva diagnóstica cuja compreensão está circunscrita a uma concepção pedagógica comprometida com uma proposta pedagógica histórico - crítica na atual sociedade capitalista. Para ele, o ponto chave da Educação deve ser o aluno aprender a prender saber pensar, ser crítico e analítico. E é dentro dessa perspectiva que a avaliação deve trabalhar. De acordo com Luckesi (2002) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 ‘’O processo avaliativo está relacionado ao contexto mundial educacional da época: "(...) não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim dimensionada por um modelo teórico de mundo e, consequentemente de educação, que possa ser traduzido em prática pedagógica" (p. 28). O educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias a sua realização como sujeito crítico dessa sociedade. A prática educativa deve estar comprometida com a promoção da transformação social e a formação de cidadãos conscientes, nesse caso a avaliação é uma ferramenta a serviço da qualidade de ensino. Cumprindo o seu papel de promoção do ensino, o qual irá guiar os passos do educador. Ela precisa possuir o caráter de contribuição para a formação do aluno e, não apenas, classificar e medir aprendizagens. Possibilitando mudar as práticas pedagógicas e enfrentando os problemas quando identificados. Dessa forma a avaliação busca, acompanhar o processo ensino aprendizagem para aprimorá-lo e, para alcançarmos esse objetivo a avaliação tem que ser um ato, no qual a reflexão seja inerente, contribuindo para a construção de competências técnicas e sócio- político-culturais, sendo o entendimento das práticas avaliativas um instrumento auxiliar da aprendizagem, cujas funções são de autoentendimento do sistema de ensino, autocompreensão do professor e da autoinferência do aluno. Hadji (2001) mostra que toda avaliação tem o objetivo legítimo de contribuir para o êxito da aprendizagem, que se traduz na construção do conhecimento pelos alunos. Para isso toda prática pedagógica avaliativa, em seu contexto, assume três características ou funções em momentos sucessivos. Inicialmente procede a um diagnóstico/prognóstico, objetivando fornecer informações úteis à regulação ensino-aprendizagem, o que permite um ajuste recíproco, aluno/programa, de estudo, ajudando o professor a ensinar. No segundo momento coloca-se a serviço do aluno, contribuindo para sua evolução, inscrevendo-se na continuidade da ação educativo/formativa. O ato de avaliar associa-se ao de ensinar, de formar, num processo de interação contínua. O professor, numa ação Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 pedagógica reorganizada, aborda os conteúdos de forma diversificada e propicia que o próprio aluno monitore a sua aprendizagem, tornando-se capaz de identificar e corrigir os próprios erros. Esta modalidade de avaliação formativa corresponde, na visão do autor, ao modelo ideal, pois se coloca deliberadamente a serviço do fim que lhe dá sentido, contribuindo para uma regulação da atividade de ensino. Ocorrendo logo após a ação formativa, no terceiro momento, ela objetiva verificar se foram feitas todas as aquisições visadas, procurando dar continuidade, em caráter terminal, mais global e concretiza-se em tarefas socialmente significativas. Na mesma linha Depresbiteris (2002) vislumbra, no âmbito de uma perspectiva de construção do conhecimento, o emprego da avaliação diagnóstica e formativa. Na primeira obtém-se uma visão das dificuldades do aluno e sua superação, e na segunda, a formação procede-se a uma contínua regulação da atividade de ensino, numa constante orientação das formas de pensar. Assim o caráter temporal das duas funções fica enriquecido com os aspectos educativos sustentados por ambas. Comungando do mesmo ideário dos pensadores contemporâneos anteriores, Hoffmann (2001) reforça que a avaliação deve acontecer através de um elo interativo e dialógico professor x aluno – um processo de abertura e constante revisão, – que se destina a conhecer não apenas para compreender como também para promover ações em benefício Podemos afirmar, então, que a prática avaliativa de hoje é uma herança desse período, que restringia a avaliação às provas e exames e, visando à classificação e a seleção, a avaliação provoca um distanciamento entre alunos e professores, impedindo o desenvolvimento de um relacionamento que favoreça o desenvolvimento do processo de aprendizagem do aluno, quando deveria auxilia no esclarecimento das metas e dos objetivos educacionais na medida em que o desenvolvimento do aluno está se processando da maneira desejada, sendo também um sistema de controle de qualidade pelo qual se pode determinar a cada passo do processo de ensino aprendizagem, se este está ou não sendo eficaz, indicando mudanças a serem feitas para assegurar sua eficácia. (VASCONCELOS, 1998, p. 35) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 Na verdade, a avaliação representa um processo contínuo e sistemático dentro do processo de ensino e aprendizagem, visando o processo de construção do conhecimento. A avaliação como prática de investigação não se limita à distinção entre saber e não saber, que reduz a dimensão processual da construção de conhecimentos, investe na busca do ainda não saber, que trabalha com a ampliação do conhecimento e desconhecimentos. O ainda não saber abre espaço para a multiplicidade sem colocar e estimular a reflexão sobre os diversos percursos possíveis, valorizando a heterogeneidade e a produção do novo (ESTEBAN, 2001, p. 166). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 UNIDADE 5 Objetivos: Compreender os diversos significados atribuídos à "avaliação educacional’’. Os Diversos Significados Atribuídos à "Avaliação” Vários são os entendimentos do que seja avaliação, encontramos na literatura sobre o assunto, diversos significados atribuídos à "avaliação educacional". Algumas concepções enfatizam a dimensão "medida", enquanto outras estão mais voltadas para o aspecto de "julgamento", ou juízo de valor, enquanto outras, ainda, permeiam as duas dimensões: Avaliação em educação significa descrever algo em termos de atributos selecionados e julgar o grau de aceitabilidade do que foi descrito. O algo, que deve ser descrito e julgado, pode ser qualquer aspecto educacional, mas é, tipicamente: (a) um programa escolar,(b) um procedimento curricular ou (c) o comportamento de um indivíduo ou de um grupo. (THORNDIKE; HAGEN, 1960 apud TURRA et al., 1989). A avaliação significa atribuir um valor a uma dimensão mensurável. Avaliação educativa é um processo complexo que começa com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios para obter evidência de resultados, interpretação dos resultados para saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de valor. (SARUBBI, 1971 apud TURRA et al., 1989). São funções gerais da avaliação: fornecer as bases para o planejamento; possibilitar a seleção e a classificação de pessoal (professores, alunos, especialistas, etc.); ajustar políticas e práticas curriculares e são funções específicas da avaliação: facilitar o diagnóstico (diagnóstico); melhorar a aprendizagem e o ensino (controle); estabelecer situações individuais de aprendizagem e promover, agrupar alunos (classificação). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 A importância da avaliação vem crescendo na medida em que a Educação ganha mais espaço. Não há, hoje, apenas uma visão a esse respeito. Existem muitas concepções teóricas e muitas práticas distintas a cerca do que significa avaliar. Assim, quando se fala em avaliação, precisamos esclarecer o que estamos falando. A avaliação do desempenho dos alunos deve ser entendida sempre como um instrumento a serviço da aprendizagem, da melhoria do ensino dos professores, do aprimoramento da Escola. A Escola moderna objetiva o crescimento e desenvolvimento de cada aluno. A Escola moderna não visa apenas instruir, dar aos seus alunos conhecimentos; mas tem como principal objetivo o crescimento e desenvolvimento de cada aluno em particular, de modo que este se realize de acordo com suas possibilidades. Necessário se faz despertar- lhe o interesse, gosto e estima por coisas desejáveis formando atitudes que contribuam para o seu ajustamento emocional e pessoal paralelamente ao desenvolvimento intelectual. A preocupação do professor não resume apenas em habilidades intelectuais, mas na construção do sujeito como um todo - por isso fala-se em avaliação e não em medida de aspectos isolados. A avaliação deve ser analisada sob dois prismas: o da verificação e o da avaliação. O termo verificar provém etimologicamente do latim - verum facere - e significa "fazer verdadeiro". O termo avaliar, por sua vez, também tem sua origem no latim, provindo da composição a- valere, que quer dizer "dar valor...". Porém, o conceito de avaliação é formulado a partir das determinações da conduta de "atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, que, por si, implica um posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliado". A verificação se encerra no momento que fazemos uma determinada constatação. Ela, em si, não leva o sujeito a tirar consequências novas e significativas. A avaliação implica numa tomada de posição e exige como consequência, uma decisão de ação. É nosso objetivo mostrar aos professores, alunos e pais que é preciso mudar a concepção Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 de que a nota é o que importa. O que importa, na verdade, é o ensino, a aprendizagem realmente efetivada. A avaliação tem a função de diagnosticar aqueles pontos em que o educando precisa destacar mais. Portanto, realizaram-se o ensino e a aprendizagem, o resultado é a avaliação. Isso não quer dizer que deva estar só no final de um módulo ou bloco de ensino, ou ainda, no final de um bimestre, como se faz comumente, mas esta deve acontecer durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Segundo Barriga, "o exame (avaliação) é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor que transforma o ensino". O que transforma o ensino é a eficiência e a eficácia daqueles que atuam no sentido da construção do novo, do ser humano, da cidadania, da ética. A importância da avaliação vem crescendo na medida em que a Educação ganha mais espaço. Não há, hoje, apenas uma visão a esse respeito. Existem muitas concepções teóricas e muitas práticas distintas a cerca do que significa avaliar. Assim, quando se fala em avaliação, precisamos esclarecer o que estamos falando. Reserve pelo menos 1h por dia para estudar. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 UNIDADE 6 Objetivos: Compreender as contribuindo e perspectiva dos diversos autores sobre o tema Avaliação Segundo Diversos Autores Avaliar deriva de valia, que significa valor. Portanto, avaliação corresponde ao ato de determinar o valor de alguma coisa. A todo o momento, o ser humano avalia os elementos da realidade que o cerca. “A avaliação é uma operação mental que integra o seu próprio pensamento – as avaliações que faz orientam ou reorientam sua conduta” (Silva, 1992). Cohen & Franco (1993) consideram que “avaliar é fixar o valor de uma coisa; para ser feita se requer um procedimento mediante o qual se compara aquilo a ser avaliado com um critério ou padrão determinado”. Contribuindo com essa perspectiva, Aguilar & Ander-Egg (1994) entendem que avaliar algo é verificar os resultados alcançados por determinada ação, ou seja, atribuir valor, podendo incluir a emissão de juízo sobre algo. A avaliação pressupõe o juízo de valor ou mérito de alguma questão. Daí, segundo Suchmam, citado por Aguilar & Ander-Egg, 1994, “uma precondição de qualquer estudo avaliativo é a presença de alguma atividade cujos objetivos tenham algum tipo de valor”. Garcia (2001) considera que “a avaliação requer um referencial para que possa ser exercitada; esse deverá explicitar as normas que orientarão a seleção de métodos e técnicas que permitam, além de averiguar a presença do valor, medir o quanto do valor, da necessidade satisfeita, da imagem-objetivo se realizaram”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 Portanto, deve-se considerar que “os julgamentos de valor são sempre mais complexos do que meras operações de medição; em consequência, a tarefa de avaliar, mais do que saberes técnicos, exige competência, discernimento e o equilíbrio de um magistrado” (Machado, 1994), para que se possa alcançar a legitimidade necessária para validar ou impor correções ao objeto de avaliação. Ou seja, avaliar não significa apenas medir, mas, antes de qualquer coisa, ter como base em um referencial de valores. É estabelecer, considerando-se uma percepção intersubjetiva e valorativa, baseando-se nas melhores medições objetivas, o confronto entre a “situação atual com a ideal, o possível afastamento dos objetivos propostos, das metas a alcançar, de maneira a permitir à constante e rápida correção de rumos, com economia de esforços (de recursos) e de tempo. “Sua função não é (necessariamente) punitiva, nem de mera constatação diletante, mas a de verificar em que medida os objetivos propostos estão sendo atingidos” (Werneck, 1996), para tomar a melhor decisão subsequente e agir com máxima oportunidade. Evidencia-se, então, ser de fundamental importância dispor de clara e precisa visão da finalidade do valor que se busca alcançar com uma determinada ação ou realização, para que se possam instituir critérios aceitáveis com os quais essas serão avaliadas. Abrangência do conceito de avaliação Garcia (2001), mais ainda, é igualmente fundamental ter clareza do objetivo da avaliação, que aspectos do valor, da ação, da realização estarão sendo aferidos, pois as decisões que as validam ou as corrigem podem ocorrer em espaços distintos (legal, técnico, administrativo, político etc.) e requererem informações e abordagens também distintas. De toda a argumentação precedente, pode-se perceber que, seja do ponto de vista institucional, governamental ou da sociedade, avaliar é julgar a importância de uma ação em relaçãoa um determinado referencial valorativo, explícito e aceito como tal pelos atores que avaliam. E que o conceito de avaliação “é sempre mais abrangente do que o de medir porque implica o julgamento do incomensurável. Diferentemente de avaliar, medir é Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 comparar, tendo por base uma escala fixa. A medida objetiva pode ajudar ou dificultar o conhecimento da real situação. Ajuda se é tomada como um dado entre outros e se for determinado com precisão o que está medindo. Caso contrário pode confundir a interpretação por considerar-se a parte como todo” (Werneck, 1996). LUKESI (2002) defende que a avaliação da aprendizagem deve ser assumida como instrumento que existe, propriamente para mensurar a qualidade da assimilação do conhecimento por parte do aluno e para compreender o estagio de aprendizagem em que ele se encontra. Só a partir daí que o educador está pronto para tomar decisões possibilitando ao aluno avançar no seu processo de aprendizagem. A avaliação diagnóstica deve ser considerada como instrumento que possibilita o crescimento e o desenvolvimento de sua autonomia. Dessa forma a avaliação não deve estar focada nos exames, mas pela necessidade de mudar seu caráter classificatório, para o diagnóstico sem causar prejuízos na aprendizagem dos educandos. Hofffmann (1994) destaca que o fenômeno avaliação é hoje indefinido, de forma que o termo vem sendo utilizados com diferentes significados associados a práticas avaliativas tradicionais, como provas, conceitos, boletins, recuperação e reprovação. Dar notas é avaliar, o registro das notas é avaliação, outros significados são atribuídos tais como: análise do desempenho e julgamento de resultados. Esteban (2003) afirma que a avaliação feita pelo professor em sala de aula se fundamenta na fragmentação do processo ensino aprendizagem e na classificação das respostas de seus alunos, tomando como base um padrão de diferença prédeterminada com o erro e acertos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 UNIDADE 7 Objetivos: Entender as diferentes funções que devem ser consideradas, em relação à avaliação. Funções da Avaliação Importante lembrar que há diferentes funções que devem ser consideradas em relação à avaliação. O que se encontra ainda muito na escola é a avaliação com funções controladora e classificatória. O professor que usa em sua prática ações punitivas (como por exemplo, tirando pontos do aluno por conta de sua indisciplina em sala de aula) está exercendo a função disciplinadora, controladora. A função classificatória da avaliação predomina quando a única preocupação do professor está em atribuir ao aluno uma classificação, através de notas ou conceitos. Mais importante do que essas funções é a função diagnóstica, que é aquela que detecta as falhas na aprendizagem dos alunos, para que o professor possa saná-las. Ou seja, requer uma atitude do professor para rever seus procedimentos de ensino e atender às necessidades de aprendizagem dos alunos. A avaliação deve ocorrer como um processo sistemático e não apenas como um resultado. Essa é a ideia que precisa ser compreendida e assumida pelos profissionais da educação. As formas de excelência que a escola valoriza se tornam critérios e categorias que incidem sobre a aprovação ou reprovação do aluno. Continua Perrenoud (2000): As classificações escolares refletem às vezes, desigualdades de competências muito efêmeras, logo não se pode acreditar na avaliação da escola. O fracasso escolar só existe no âmbito de uma instituição que tem o poder de julgar, classificar e declarar um aluno em fracasso. É a escola que avalia seus alunos e conclui que alguns fracassam. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 Até porque, o fracasso não é a simples tradução lógica de desigualdades reais. O fracasso é sempre relativo a uma cultura escolar definida e, por outro lado, não é um simples reflexo das desigualdades de conhecimento e competências, pois a avaliação da escola põe as hierarquias de excelência a serviço de suas decisões. O fracasso é, assim, um julgamento institucional. A explicação sobre as causas do fracasso passará obviamente pela reflexão de como a escola explica e lida com as desigualdades reais. A avaliação entendida como uma ação pedagógica necessária para a qualidade do processo ensino - aprendizagem deve cumprir, basicamente, três funções didático-pedagógicas: Diagnosticar; Controlar; Classificar. Relacionadas a essas três funções, existem três modalidades de avaliação. Diagnóstica; formativa; somativa. A função diagnóstica da avaliação refere-se à identificação do nível inicial de conhecimento dos alunos em determinada área, bem como a verificação das características e particularidades individuais e grupais dos mesmos, ou seja, é aquela realizada no inicio do curso ou unidade de ensino, a fim de constatar se os discentes possuem os conhecimentos, habilidades e comportamentos necessários para as novas aprendizagens. É utilizada também para estimar possíveis problemas de aprendizagens e suas causas (Haydt, op. cit.). Diagnosticar, Controlar e Classificar A avaliação formativa é usada para acompanhar o processo de aprendizagem, o crescimento e a formação dos alunos, com o objetivo de corrigir e melhorar os processos de ensino e aprendizagem, evitando o fracasso antes que ele ocorra fazendo as intervenções necessárias em tempo hábil. Fundamenta-se nos princípios do cognitivismo, do construtivismo, nas teorias socioculturais e sóciocognitivas. Considerando que o aluno aprende ao longo do processo, que vai reestruturando o seu conhecimento por meio das atividades que executa. Do ponto de vista cognitivo, a avaliação formativa centra-se em compreender o funcionamento da construção do conhecimento. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 A informação procurada na avaliação se refere às representações mentais do aluno e às estratégias utilizadas, para chegar a um determinado resultado. Os erros são objetos de estudo, pois revelam a natureza das representações ou estratégias elaboradas pelo aluno. É uma importante ferramenta de estímulo para o estudo, uma vez que sua principal utilidade é apontar os erros e acertos dos alunos e dos professores no processo de ensino aprendizagem, permitindo identificar deficiências e reformular seus trabalhos, visando aperfeiçoá-los em um ciclo contínuo e ascendente. A função formativa é aplicada no decorrer do processo de ensino-aprendizagem servindo como uma forma de controle que visa informar sobre o rendimento do aluno, sobre as deficiências na organização do ensino e sobre os possíveis alinhamentos necessários no planejamento de ensino para atingir os objetivos (Almeida, 2001). Para a maioria dos estudiosos da área de educação, uma das funções básicas da avaliação é o controle. Como controle pode-se entender os meios e a frequência das verificações dos resultados do processo de ensino-aprendizagem, bem como a quantificação e qualificação dos resultados, possibilitando o ajuste sistemático dos métodos que visam à efetivação dos objetivos educacionais. Matui (1995) trata a avaliação em sua concepção formativa, utilizando a designação de "avaliação dialógica". Ele afirma que o diálogo perpassa por uma proposta construtivista de ensino, garantido um processo de intervenção eficaz e uma relação de afetividade, que contribui para a construção do conhecimento. Nessa perspectiva, a "avaliação dialógica" será subsidiada pela diagnóstica, viabilizando a participação do aluno no processo ensino- aprendizagem. Hadji (2001), que afirma que a avaliação formativa que precede à ação de formação e possui como objetivo, ajustar o conteúdo programático com as reais aprendizagens. Por ser uma avaliação "informativa"e "reguladora", justifica-se pelo fato de que, ao oferecer informação aos professores e alunos, permite que estes regulem suas ações. Assim, o professor faz regulações, no âmbito do desenvolvimento das ações pedagógicas, e o aluno conscientiza- se de suas dificuldades e busca novas estratégias de aprendizagem. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 Fernandes (2005) caracteriza a avaliação formativa, a partir das características descritas abaixo. Ativam os processos mais complexos do pensamento (Ex. analisar, sintetizar, avaliar, relacionar, integrar, selecionar); As tarefas refletem uma estreita relação e a avaliação é deliberadamente organizada para proporcionar um feedback inteligente e de elevada qualidade tendo em vista melhorar as aprendizagens dos alunos; E de elevada qualidade tendo em vista melhorar as aprendizagens dos alunos; O feedback é determinante para ativar os processos cognitivos e metacognitivos dos alunos, que, por sua vez, regulam e controlam os processos de aprendizagem, assim como para melhorar a sua motivação e autoestima; A natureza da interação e da comunicação entre professores e alunos é absolutamente central porque os professores têm de estabelecer pontes entre o que considera ser importante aprender e o complexo mundo do aluno; Os alunos são deliberados, ativa e sistematicamente envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, responsabilizando-se pelas suas aprendizagens e tendo amplas oportunidades para elaborarem as suas respostas e para partilharem o que, e como, compreenderam; As tarefas propostas aos alunos que, desejavelmente, são simultaneamente de ensino, de avaliação e de aprendizagem, são criteriosamente selecionadas e diversificadas, representam os domínios estruturantes entre as didáticas específicas das disciplinas, que se constituem como elementos de referência indispensáveis, e a avaliação, que tem um papel relevante na regulação dos processos de aprendizagem; O ambiente de avaliação das salas de aula induz uma cultura positiva de sucesso baseada no princípio de que todos os alunos podem aprender. (p. 68-69) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 A avaliação somativa visa classificar os alunos segundo os seus níveis de aproveitamento do processo de ensino-aprendizagem. É realizada ao final de um curso, período letivo ou unidade de ensino, dentro de critérios previamente impostos ou negociados e geralmente tem em vista a promoção de um grau para outro (Haidt, op. cit.). As funções da avaliação deveriam ser aplicadas de forma interdependente, ou seja, não poderiam ser empregadas isoladamente. Assim, a função diagnóstica só teria sentido se estiver referida como ação inicial do processo didático-pedagógico que serve para apontar o caminho a ser seguido no processo de ensino-aprendizagem, constantemente retro-alimentado pelos dados da função formativa da avaliação para manter-se alinhado aos objetivos educacionais e, finalmente, para classificar os alunos segundo seu grau de aproveitamento dentro dos critérios estabelecidos de rendimento. No entanto, essa forma completa de avaliar é raramente empregada em nossa realidade educacional, tendo a avaliação um caráter meramente classificatório e descontextualizado. Segundo Wrightstone apud Piletti ( op. cit.: 193-194): “Avaliação é um termo relativamente novo, introduzido para designar um conceito mais compreensivo de medida do que o conceito dado pelos testes e exames convencionais. O relevo em medidas é colocado na aquisição de conhecimentos (matérias) ou aptidões específicas e habilidades, mas... o relevo em avaliação se... ’’ Fernandes (2005) percebe o papel do professor, nesse tipo de avaliação, como o de contribuir para o desenvolvimento das competências metacognitivas dos alunos, das suas competências de autoavaliação e também de autocontrole. Uma avaliação, que traz essas características contribui, para que o aluno construa suas aprendizagens e o para que sistema educacional consiga melhorar as aprendizagens dos alunos. A avaliação formativa destaca-se pela regulação das atuações pedagógicas e, portanto, interessa-se, fundamentalmente mais, pelos procedimentos, do que pelos resultados. É uma Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 avaliação que busca a regulação pedagógica, a gestão dos erros e a consolidação dos êxitos. O universo da avaliação escolar é simbólico e instituído pela cultura da mensuração, legitimado pela linguagem jurídica dos regimentos escolares, que legalmente instituídos, funcionam como uma vasta rede e envolvem totalmente a escola. (Lüdke; André, M. 1986). Compreender as manifestações práticas da prática avaliativa é ao mesmo tempo compreender aquilo que nela está oculto. A exclusão no interior da escola não se dá apenas pela avaliação e sim pelo currículo como um todo (objetivos, conteúdos, metodologias, formas de relacionamento, etc.). No entanto, além do seu papel específico na exclusão, a avaliação classificatória acaba por influenciar todas as outras práticas escolares. Em termos de avaliação um aluno ter obtido média 6,0? E o aluno que tirou media 5,0? O primeiro, na maioria das escolas está aprovado, enquanto o segundo, reprovado. Esses conceitos por si só não justificam uma decisão de aprovação ou retenção, sem que sejam analisados dentro do processo de ensino-aprendizagem, as condições oferecidas para promover a aprendizagem do aluno, a relevância deste resultado na continuidade de estudos, é, sobretudo, tornar o processo avaliativo extremamente reducionista, reduzindo as possibilidades de professores e alunos tornarem-se detentores de maiores conhecimentos sobre aprendizagem e ensino. Também não podemos nos esquecer dos instrumentos utilizados para avaliar, que fundamentam este processo decisório e necessitam de questionamentos, não só quanto a sua elaboração, mas, quanto à coerência e adequabilidade com o que foi trabalhado em sala de aula e o modo com que o que vai ser avaliado foi trabalhado. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 UNIDADE 8 Objetivos: Conhecer as modalidades e funções da Educação e sua aplicação no contexto escolar. Modalidades e Funções da Avaliação Modalidade (tipo) – Diagnóstica- Função: diagnosticar Propósito (para que usar) Verificar a presença ou ausência de prérequisitos – para novas aprendizagens. Detectar dificuldades específicas de aprendizagens, tentando identificar suas causas. Quando aplicar – Início do ano ou semestre, ou no início de uma unidade de ensino. Modalidade (tipo) Formativa Função: Controlar Propósito (para que usar) Constatar se os objetivos estabelecidos foram alcançados pelos alunos. Fornecer dados para aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem. Quando aplicar – Durante o ano letivo, ao longo do processo ensino – aprendizagem. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 Modalidade (tipo) Somativa Função: Classificar Propósito (para que usar) Classificar os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos, de acordo com os níveis de aproveitamento estabelecido. Quando aplicar - Ao final de um ano ou semestre letivo, ou ao final de uma unidade de ensino. Um dos propósitos da avaliação com função diagnóstica é informar ao professor sobre o nível de conhecimento e habilidades dos alunos, antes de iniciar o processo ensino aprendizagem. A avaliação diagnóstica também auxilia a equipe técnica na tomada do remanejamento de sala. A avaliação formativa é uma proposta avaliativa, que inclui a avaliação, no processo ensino- aprendizagem. Ela se materializa nos contextos vividos pelos professores e alunos e possui como função, a regulação das aprendizagens. A avaliação formativa possibilita aos professoresacompanhar as aprendizagens dos alunos, ajudando-os no seu percurso escolar. É uma modalidade de avaliação fundamentada no diálogo, que possui como objetivo, o reajuste constante do processo de ensino. O Desenvolvimento da Avaliação Formativa Apontamos sobre a importância da utilização da avaliação formativa, no sentido de integrar os processos de ensino, de aprendizagem e os avaliativos e, como essa modalidade de avaliação pode ser uma aliada, na qualificação das aprendizagens. Cabe, agora, entendermos como a avaliação formativa pode ser desenvolvida, no contexto da sala de aula. Para isso, analisaremos os seguintes aspectos: a integração ensino - aprendizagem- Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 avaliação; a seleção de tarefas, a sua função; as estratégias, os instrumentos; os espaços e tempos, em que a avaliação formativa é desenvolvida; o feedback. Elemento do processo ensino-aprendizagem, a avaliação, alcança todo o fazer pedagógico, pois expressa a proposta pedagógica, orienta o planejamento do professor, estimula o aluno a tomar consciência de seu processo de construção do conhecimento, conduz as relações do professor com os alunos. Gomes (2003) desenvolveu estudos sobre a prática docente e os processos da avaliação das aprendizagens. A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas brasileiras, que adotavam práticas de avaliação formativa. Os resultados obtidos permitiram verificar que o conhecimento sobre os processos da avaliação formativa estavam em construção e, para que esses conhecimentos fossem viabilizados no cotidiano, as escolas transformaram-se em um espaço de aprendizagens para os professores, levando-os a uma prática reflexiva. Tal estudo demonstrou que os grupos de professores, das duas escolas, fizeram da prática, uma fonte para a aquisição de conhecimentos, assim, perceberam que, para que tais conhecimentos pudessem tornar-se efetivos, havia a necessidade de uma mobilização, por parte de todo o grupo de docentes, o que levaria a uma reflexão sobre a prática, tornando-os "profissionais reflexivos" (Perrenoud, 2002). Villasboas (2004) constatou que o desenvolvimento da avaliação formativa, nas escolas brasileiras, ainda é incipiente, pois essa modalidade de avaliação está presente de maneira "informal". Realizada nos momentos em que o professor e aluno estabelecem uma interação, os discentes trabalham, a partir de propostas colocadas pelo docente, e este observa o desempenho dos alunos, concluindo sobre as aprendizagens construídas. A avaliação formativa é um conhecimento, que começa a ser construído com a prática dos professores, mas, ainda, sem uma reflexão consistente. O autor citado acima considera que o professor deve ser o mediador de uma avaliação formativa, no contexto da sala de aula. O docente deve, conscientemente, planejar estratégias, que viabilizem a prática dessa modalidade de avaliação. Tal prática deve estar sustentada pela teoria e pelas peculiaridades do contexto pedagógico. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 Silva (2006) afirma, em seus estudos, que a avaliação formativa, no contexto brasileiro, encontra três dificuldades para o seu desenvolvimento: É uma modalidade de avaliação que ainda não é bem compreendida pelos docentes, tornando-a, assim, um instrumento frágil, no processo ensino-aprendizagem; O contexto institucional está voltado para a avaliação classificatória, dificultando, assim, a aplicação da avaliação formativa; Sua execução implica mudança de percepção de todo o processo ensino- aprendizagem por parte da equipe pedagógica. No contexto de realização da avaliação, fica claro que a avaliação formativa, tem incluída, dentro de sua concepção a avaliação diagnóstica. Quando é aplicado um diagnóstico aos alunos, antes de se iniciar uma unidade de estudo, objetivando a coleta de informações, para a condução do processo ensino-aprendizagem, está ocorrendo uma avaliação formativa, uma avaliação a serviço da aprendizagen. Na perspectiva da avaliação formativa, o ensino, a aprendizagem e a avaliação constituem um todo articulado e coerente. A avaliação é parte integrante do processo de ensino- aprendizagem. A integração entre os três processos permite a regulação do ensino e da aprendizagem, pois a avaliação, por intermédio do feedback, assume sua função de comunicação. As tarefas utilizadas devem ter como objetivo ensinar, aprender, avaliar e contextualizar a avaliação, assim, haverá uma relação muito próxima entre as tarefas de avaliação e as finalidades do ensino. A avaliação formativa proporciona condições para um maior equilíbrio entre as finalidades do currículo, do ensino e da avaliação. Entre os que se dedicam à atividade de avaliação, há um consenso de que o processo avaliativo exitoso possui quatro características fundamentais: 1. deve ser útil para as partes envolvidas no processo; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 2. tem que ser oportuno, ou seja, realizado em tempo hábil para auxiliar a tomada de decisão, que é um processo incessante; 3. tem que ser ético, isto é, conduzido de maneira a respeitar os valores das pessoas e instituições envolvidas, em um processo de negociação e de entendimento sobre os critérios e medidas mais justas e apropriadas; 4. tem que ser preciso, bem-feito, adotando-se os cuidados necessários e os procedimentos adequados para se ganhar legitimidade (Firme, 1994). Fórum I Avaliando a avaliação Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 UNIDADE 9 Objetivos: – Entender a importância do Feedback na Avaliação Formativa. Elemento da Avaliação Formativa: FEEDBACK A avaliação deve ocorrer em diferentes contextos, ao longo do período letivo. É importante recolher informação, dentro da sala de aula, por intermédio de instrumentos variados como: trabalho individual, em pequeno grupo, em grande grupo, interpares, simulação de conferências, apresentações, leituras etc. Essa coleta deve ocorrer, também, fora do espaço da sala de aula, como nos momentos em que são realizados trabalhos de campo (visitas aos museus, mercados, indústrias etc.). A informação desejada deve ser recolhida, em tempos diversificados, não devendo ficar presa aos testes, previamente marcados, mas sim, no decorrer do período escolar. A comunicação entre alunos e professores é fundamental para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. É pela comunicação que os alunos se conscientizam de seus progressos e sobre quais caminhos seguir para sanar suas dificuldades. Os alunos necessitam de orientações sistemáticas, a respeito de seu desempenho, para que possam melhorar as suas aprendizagens. Eles necessitam de um feedback que precisa ser planejado e estruturado, para que se integre aos processos de aprendizagens dos alunos. Não pode ser uma simples mensagem. Os fatores da aprendizagem, que precisam ser comunicados aos alunos, devem ser percebidos por eles, para que, possam construir seu conhecimento de forma autônoma. O feedback precisa se materializar em ações as quais o aluno deverá desenvolver, para melhorar a sua aprendizagem relacionando – o aos trabalhos que desenvolvem e utilizá-lo como uma orientação na construção do conhecimento. Deve, ainda, orientar os alunos e ajudá-los a ultrapassarem as suas eventuais dificuldades, por meio da ativação de seus Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 processos cognitivos e metacognitivos. Os professores, na utilização do feedback, deverão dar orientações precisas aos seus alunos sobre os percursos, que deverão seguir, na resolução das atividades. Um feedback fundamentado numa perspectiva construtivista, apresentará características específicas, pois terá como prioridade, as orientações para a regulação
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