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Capítulo 2 Curvas e Superfícies No decorrer deste capítulo vamos discutir as curvas e superfícies representando-as por meio de equações paramétricas ou equações vetoriais. Seção 1 Curvas 1.1 Representação Paramétrica Sejam: ( )x x t= , ( )y y t= e ( )z z t= funções contínuas de uma variável t, definidas para [ , ]t a b∈ . Chamamos CURVA o conjunto de todos os pontos (x, y, z) determinados por estas equações, que são denominadas de equações paramétricas da curva e t é o parâmetro. Podemos obter uma equação vetorial de uma curva. Basta considerar o vetor posição ( )r t de cada ponto da curva. As componentes de ( )r t são precisamente as coordenadas do ponto (ver Figura 2.1). Escrevemos, ( ) ( ) ( ) ( )r t x t i y t j z t k= + + ¨, a t b≤ ≤ . Figura 2.1 Vetor posição Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 29 Observamos que se as funções ( )x x t= , ( )y y t= e ( )z z t= são funções constantes, a curva degenera-se em um ponto. 1.2 Exemplos (1) A equação vetorial ( )r t ti t j tk= + + ¨representa uma reta, cujas equações paramétricas são: ttzttyttx === )(,)(,)( . (2) As equações paramétricas: 2 cos x t= , 2 sen y t= e 3z t= representam uma curva no espaço, chamada hélice circular. A equação vetorial correspondente é dada por ( ) 2 cos 2 sen 3r t ti t j tk= + + . (3) A equação vetorial 2( ) 3r t ti t j k= + + representa uma parábola no plano z = 3. 1.3 Definição Uma curva plana é uma curva que está contida em um plano no espaço. Uma curva que não é plana chama-se curva reversa. 1.4 Representação Paramétrica de Algumas Curvas A seguir daremos a parametrização de algumas curvas importantes que surgem em diversas aplicações práticas. 1.4.1 Parametrização de uma reta A equação vetorial de uma reta qualquer pode ser dada por ( )r t a tb= + , sendo que a e b são vetores constantes e t é um parâmetro real. Considerando-se a reta passa passando pelo ponto A 1 2 3( , , )a a a , que tem vetor posição a e tem a direção do vetor 1 2 3( , , )b b b b= , podemos escrever a equação vetorial da reta como: 1 1 2 2 3 3( ) ( ) ( ) ( )r t a tb i a tb j a tb k= + + + + + Dessa forma, tem-se as seguintes equações paramétricas: 1 1( )x t a tb= + , 2 2( )z t a tb= + , e 3 3( )z t a tb= + . Exemplos (1) A representação paramétrica da reta que passa pelo ponto A(2, 1, –1) na direção do vetor 2 3b i j k= − + é dada por: ( ) (2 2) (1 ( 3)) ( 1 1)r t t i t j t k= + ⋅ + + − + − + ⋅ = (2 2 ) (1 3 ) ( 1 )t i t j t k= + + − + − + . (2) A representação paramétrica da reta que passa por A(2, 0, 1) e B(–1, 1/2, 0) é dada por: ( )r t a tb= + , onde (2, 0, 1)a = e b = (–1, 1/2, 0) – (2, 0, 1) = (–3, 1/2, –1). Assim, 1( ) (2 ) 3 2 r t i k t i j k = + + − + − 1(2 3 ) (1 ) 2 t i t j t k= − + + − . 1.4.2 Parametrização de uma circunferência Uma equação vetorial da circunferência de raio a, com centro na origem, no plano xy, é dada por ( ) cos sen r t a ti a t j= + , 0 2t π≤ ≤ . Na Figura 2.2, visualizamos o parâmetro t, 0 2t π≤ ≤ , que representa o ângulo formado pelo eixo positivo dos x e o vetor posição de cada ponto da curva (Ver Figura 2.2). Figura 2.2 – Parametrização de uma circunferência Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 33 Do triângulo OAP na Figura 2.2, obtemos: ( ) cos x t a t= e ( ) sen y t a t= . Quando a circunferência não está centrada na origem, a equação vetorial é dada por: 0 1( ) ( )r t r r t= + onde 0 0 0r x i y j= + e 1( ) cos sen , 0 2r t a ti a t j t π= + ≤ ≤ . Portanto, neste caso, a equação vetorial é dada por 0 0( ) ( cos ) ( sen ) , 0 2r t x a t i y a t j t π= + + + ≤ ≤ ¨, representada na Figura 2.3. Figura 2.3 – Curva 0 0( ) ( cos ) ( sen ) , 0 2r t x a t i y a t j t π= + + + ≤ ≤ ¨ Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 33 De maneira análoga, podemos obter uma equação vetorial para uma circunferência contida nos planos xz ou yz. Também podemos obter uma equação vetorial para uma circunferência contida em um plano paralelo a um dos planos coordenados. Exemplos (1) Obter equações paramétricas da circunferência 2 2 6 4 4 0x y x y+ − − + = no plano z = 3. Para encontrarmos o centro e o raio da circunferência dada, devemos completar os quadrados da equação 2 2 6 4 4 0x y x y+ − − + = . Temos, 2 2( 3) ( 2) 9x y− + − = , portanto uma circunferência centrada em (3,3) e raio 3. Dessa forma as equações paramétricas são: ( ) 3 3 cos x t t= + , ( ) 2 3 sen y t t= + ( ) 3z t = 0 2t π≤ ≤ . (2) A equação vetorial ( ) 2 3 cos 3 sen r t i t j tk= + + representa uma circunferência. Determinar a correspondente equação cartesiana. As equações paramétricas são: ( ) 2x t = ; ( ) 3 cos y t t= e ( ) 3 sen z t t= , 0 2t π≤ ≤ . Vamos eliminar o parâmetro t, por meio de procedimentos algébricos: 2 2 2 2 9 cos 9 seny z t t+ = + 2 29(cos sen )t t= + = 9 . Portanto, a circunferência é dada pela intersecção de 2 2 9y z+ = e x = 2. 1.4.3 Parametrização de uma elipse A equação vetorial de uma elipse, no plano xy, com centro na origem e eixos nas direções x e y, é dada por: ( ) cos sen r t a ti b t j= + , 0 2t π≤ ≤ (Ver Figura 2.4). Consideramos um ponto P(x(t), y(t)) da curva. Traçamos um arco de circunferência de raio a, e outro de raio b, ambos centrados na origem. Marcamos, respectivamente, sobre esses arcos os pontos A de abscissa x e B de ordenada y. Pode-se verificar que os pontos A, B e a origem estão em uma mesma reta. O parâmetro t representa o ângulo que esta reta faz com o eixo positivo dos x. Do triângulo retângulo ONA, obtemos x = a cos t, e do triângulo retângulo OMB, y = b sen t. Figura 2.4 – Elipse no plano xy. Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 34 Se a elipse estiver centrada em (x0, y0) e seus eixos forem paralelos aos eixos coordenados, sua equação vetorial é dada por: 0 1( ) ( )r t r r t= + , sendo que 0 0 0r x i y j= + e 1( ) cos sen r t a ti b t j= + , 0 2t π≤ ≤ . Assim, a equação vetorial é : 0 0( ) ( cos ) ( sen )r t x a t i y b t j= + + + , 0 2t π≤ ≤ (Ver Figura 2.5) Figura 2.5 – Elipse centrada em (x0, y0) e semieixos a e b. Fonte: Gonçalves e Flemming, 2007, p.35 Exemplos (1) Escrever uma equação vetorial da elipse 2 29 4 36x y+ = , no plano xy. Podemos reescrever 2 29 4 36x y+ = , como 2 2 1 4 9 x y + = . Desta forma, a equação vetorial é dada por: ( ) 2 cos 3 sen r t ti t j= + , 0 2t π≤ ≤ . 1.4.4 Parametrização de uma hélice circular A hélice circular é uma curva reversa. Ela se desenvolve sobre a superfície cilíndrica 2 2 2x y a+ = . Podemos visualizar uma hélice circular se enrolarmos à volta da superfície um triângulo retângulo flexível ABC de modo que A é o ponto (a, 0, 0) e que o lado AB se enrola sobre a seção do cilindro no plano xy. A hipotenusa AC determina, então, sobre a superfície cilíndrica uma curva chamada hélice circular. (Ver Figura 2.6). Figura 2.6 – Hélice circular. Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 36 Para parametrizar a hélice, consideremos um ponto P(x, y, z) da hélice cuja proteção no plano xy é Q. O ponto P se originou do correspondente ponto M sobre a hipotenusa AC. A projeção de M e N e obviamente PQ MN= ¨. Temos ainda AN AQ at= = ¨. Dessa forma, escrevemos as equações paramétricas: ( ) cos x t a t= , ( ) sen y t a t= e ( ) tg tg z t PQ AN atθ θ= = = ¨, sendo que θ é o ângulo agudo BAC. Podemos fazer tg mθ = e escrever a equação vetorial da hélice circular como: ( ) cos sen r t a t i a t j amt k= + + . 1.4.5 Parametrização de uma cicloide A cicloide é uma curva que surgiu para solucionar dois problemasfamosos: A determinação da forma de um cabo, de um ponto A até um ponto abaixo B, tal que uma bolinha sem atrito, solta em um ponto P entre A e B sobre o cabo, gaste o mesmo tempo para alcançar B, qualquer que seja a posição de P. A determinação de um único cabo que liga A até B, ao longo do qual uma bolinha escorregará de A até B no menor tempo possível. Esses problemas são resolvidos, considerando-se o cabo com a forma de meio arco de uma cicloide. A cicloide pode ser descrita pelo movimento do ponto P(0, 0) de um círculo de raio a, centrado em (0, a), quando o círculo gira sobre o eixo dos x (Ver Figura 2.7). Quando o círculo gira um ângulo t, seu centro se move um comprimento OT . Na Figura 2.7 temos: sentaAP taCA aCT atTPArcoOT = = = == ___ ___ ___ ___ cos Portanto, as coordenadas de P são sen ( sen )x OT AP at a t a t t= − = − = − cos (1 cos )y AT CT AC a a t a t= = − = − = − . Essas equações são válidas para qualquer P. Logo, a equação vetorial da cicloide é: ( ) ( sen ) (1 cos )r t a t t i a t j= − + − . Quando t varia de 0 a 2π obtemos o primeiro arco da cicloide. Figura 2.7 – Formação da cicloide Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 38 Exemplo Escrever a equação vetorial da curva descrita pelo movimento de uma cabeça de prego em um pneu de um carro que se move em linha reta , se o raio do pneu é 25 cm. Supondo que a cabeça do prego se encontre localizada no pneu no ponto P, conforme Figura 2.7, sua trajetória é uma cicloide. Assim, temos que ( ) 25( sen ) 25(1 cos )r t t t i t j= − + − . 1.4.6 Parametrização de uma hipocicloide Para analisar a hipocicloide, vamos inicialmente considerar um círculo de raio b que tangencia o círculo de raio a no ponto (a, 0), sendo P o ponto de tangência (Ver Figura 2.8). Figura 2.8 – Hipocicloide Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 39 Pela construção da curva, temos que os arcos AT e PT são iguais. Portanto, at bα= e assim a t b α = . Na Figura 2.8, podemos observar que PCDângulo=β , assim, tβ α= − a t t b = − a b t b − = . Queremos determinar as coordenadas x(t) e y(t) do ponto P. Temos, x OB BM= + ( ) cos cosa b t b β= − + ( )( ) cos cos a ba b t b t b − − + ; y PM= BN= BC CN= − ¨ ( )sen sen a b t b β= − − ( )( ) sen sen a ba b t b t b − = − − . Portanto, as equações paramétricas da hipocicloide são ( )( ) ( ) cos cos a bx t a b t b t b − = − + e ( )( ) ( ) sen sen a by t a b t b t b − = − + . A equação vetorial correspondente é: ( ) ( )( ) ( ) cos cos ( )sen sen a b a br t a b t b t i a b t b t j b b − − = − + + − + . Os cúspides ocorrem nos pontos onde o ponto de tangência dos dois círculos é o ponto P. Portanto, ocorrem quando 2at n bπ= ⋅ , n = 0, 1, 2, ..., ou 2 bt n a π= ⋅ , n = 0, 1, 2, .... Um caso particular muito usado é o da hipocicloide de quatro cúspides (ver Figura 2.9) que é obtida fazendo 4 ab = , resultando: (3cos cos3 ) 4 ax t t= + e (3 sen sen 3 ) 4 ay t t= + . Usando as relações trigonométricas 3cos3 4cos 3cost t t= − e 3sen 3 3 sen 4 sent t t= − , temos: 3( ) cosx t a t= e 3( ) seny t a t= . Assim, uma equação vetorial da hipocicloide é dada por: 3 3( ) cos senr t a ti a t j= + , [0, 2 ]t π∈ . Eliminando o parâmetro t, obtemos a equação cartesiana desta hipocicloide, que é dada por : 2/3 2 /3 2 /3x y a+ = . Figura 2.9 – Hipocicloide de 4 cúspides Fonte: Flemming e Gonçalves, 2007, p. 40 Exemplo Dada 2/3 2/3 2x y+ = , encontrar uma equação vetorial desta hipocicloide. Encontrar o vetor velocidade e o vetor aceleração no ponto 2 3 6, 4 4 . A equação vetorial é dada por 3 3( ) 2 2 cos 2 2 senr t ti t j= + ¨. O vetor velocidade é dado por 2 2( ) 6 2 cos sen 6 2 sen cosd rv t t ti t t j dt = = − + e o vetor aceleração é 3 2 2 3( ) 6 2(cos 2 sen cos ) 6 2(2cos sen sen )dva t t t t i t t t j dt = = − − + − . No ponto 2 3 6, 4 4 , temos que 3 t π= , portanto, 3 6 9 2 3 4 4 v i jπ = − + ¨ e e 15 2 3 6 3 4 4 a i jπ = − + . 1.4.7 Parametrização de outras curvas Podemos apresentar parametrização de outras curvas, usando um raciocínio bem simples, desde que tenhamos em mãos a forma algébrica da curva. Outra situação interessante é quando analisamos a intersecção de duas superfícies que, em geral, representa uma curva no plano ou no espaço. Exemplos (1) Escrever uma equação vetorial para 5 3y x= + no plano z = 2. A curva C que queremos parametrizar é a intersecção dos planos 5 3y x= + e z = 2. Fazemos: ( )x t t= ; ( ) 5 3y t t= + e ( ) 2z t = . Assim a equação vetorial é dada por: ( ) (5 3) 2r t ti t j k= + + + . Observamos que esta parametrização não é única. Também poderíamos ter feito, por exemplo: ( ) 2 1x t t= + ; ( ) 5(2 1) 3y t t= + + e ( ) 2z t = , assim, ( ) (2 1) (10 8) 2r t t i t j k= + + + + . (2) A intersecção entre superfícies 2 2z x y= + e 2z y= + determina uma curva. Escrever uma equação vetorial desta curva. Podemos escrever a intersecção como: 2 22 y x y+ = + ou 2 2 2x y y+ − = e reescrever como 2 2 1 9 2 4 x y + − = , para que possamos visualizar a circunferência de raio 3 2 e centro 10, 2 . Esta circunferência é a projeção da curva sobre o plano xy. Fazemos então, 3 cos 2 x t= e 1 3 sen , [0, 2 ] 2 2 y t t π= + ∈ . Substituindo o valor de y na equação z =2 +y, obtemos 1 32 sen 2 2 z t= + + . Portanto, , 2 ]3 1 3 5 3( ) cos sen sen , [0 2 2 2 2 2 r t ti t j t k t π = + + + + ∈ . 1.5 Curvas Suaves Uma curva pode ter pontos angulosos. Vejamos o exemplo a seguir: Seja 2 3( ) , 1 1r t t i t j t= + − ≤ ≤ . A Figura 2.10 mostra esta curva. O ponto (0, 0), correspondente a t = 0, é um ponto anguloso. Observamos que (0) 0r′ = . Figura 2.10 – Curva com ponto anguloso Fonte: Gonçalves e Flemming, 2007, p. 55. Geometricamente, uma curva suave é caracterizada pela ausência de pontos angulosos. Em cada um de seus pontos, a curva tem uma tangente única que varia continuamente quando se move sobre a curva. Sempre que uma curva C admite uma parametrização ( ) ,r t t I∈ ⊂ , com derivada contínua ( )r t′ e ( ) 0r t ≠ , para todo t I∈ , C é uma curva suave ou regular. Uma curva é suave por partes se puder ser dividida em um número finito de curvas suaves. Uma curva parametrizada ( ) , [ , ]r t t a b∈ é dita fechada se )()( brar = . Se a cada ponto da curva corresponde um único valor do parâmetro t (exceto quando t = a e t = b), dizemos que a curva é simples. Exemplos: Retas, circunferências, elipses, hélices são curvas suaves, sendo que as circunferências e as elipses são curvas fechadas; A cicloide e a hipocicloide são curvas suaves por partes; Na Figura 2.11 temos exemplos de curvas suaves por partes. Figura 2.11 – Curvas fechadas suaves por partes Fonte: Gonçalves e Flemming, 2007, p. 56. 1.6 Orientação de uma curva Se um ponto material desloca-se sobre uma curva suave C, temos dois possíveis sentidos de percursos. A escolha de um deles como sentido positivo, define uma orientação na curva C. Suponhamos que a curva C seja representada por ( ) ( ) ( ) ( ) , [ , ]r t x t i y t j z t k t a b= + + ∈ . Convencionamos chamar de sentido positivo sobre C, o sentido no qual a curva é traçada quando o parâmetro t cresce de a até b (ver Figura 2.12). O sentido oposto é chamado sentido negativo sobre C. Figura 2.12 – Curva C com sentido positivo Fonte: Gonçalves e Flemming, 2007, p. 56. De acordo com nossa convenção, sempre que uma curva suave C é representada por ( ) ( ) ( ) ( ) , [ , ]r t x t i y t j z t k t a b= + + ∈ , C é uma curva orientada e o seu sentido positivo depercursos é o sentido de valores crescentes do parâmetro t. Se uma curva simples C é suave por partes, podemos orientá-la, como mostra a Figura 2.13, orientando cada parte suave de C. Figura 2.13 – Exemplos de curvas suaves por partes com orientação Fonte: Gonçalves e Flemming, 2007, p. 57. Definição: Dada uma curva orientada C, representada por ( ) ( ) ( ) ( ) , [ , ]r t x t i y t j z t k t a b= + + ∈ ; a curva –C é definida como sendo a curva C com orientação oposta. A curva –C é dada por: ( ) ( )r t r a b t− = + − ( ) ( ) ( ) , [ , ]x a b t i y a b t j a b t k t a b= + − + + − + + − ∈ . Exemplos (1) Vamos analisar a parametrização de uma circunferência de centro na origem e raio a no sentido horário. Observe que o sentido positivo de uma circunferência jtasenitatr += cos)( , π20 ≤≤ t é o sentido anti-horário. Dessa forma, para obter o sentido negativo, ou seja, o sentido horário, vamos usar a definição: : ( ) (0 2 )C r t r tπ−− = + − cos(2 ) sen (2 )a t i a t jπ π= − + − cos sen a i a t j= − , [0, 2 ]t π∈ A Figura 2.14 ilustra este exemplo. Figura 2.14 – Circunferência orientadas Fonte: Gonçalves e Flemming, 2007, p. 57. (2) Parametrizar o segmento de reta que une o ponto A(0, 0, 1) ao ponto B(1, 2, 3), no sentido de A para B. Conforme 2.4.1, reta que passa pelos pontos A e B pode ser parametrizada por ( )r t a tb= + . Podemos escolher o vetor posição (0, 0, 1)a = . Como queremos o segmento de reta A para B, o vetor direção b é dado por (1, 2, 3) (0, 0, 1) (1, 2, 2)b = − = . Temos então, ( ) (0, 0, 1) (1, 2, 2)r t t= + ( , 2 , 1 2 )t t t= + . Precisamos determinar o intervalo de variação do parâmetro t. Como o vetor posição do ponto A é (0, 0, 1), o correspondente valor de t satisfaz ( , 2 , 1 2 ) (0, 0, 1)t t t+ = . Portanto, t = 0. No ponto B, temos ( , 2 , 1 2 ) (1, 2, 3)t t t+ = e consequentemente, t = 1. Uma equação do segmento de reta que une o ponto A ao ponto B é dada por ( ) ( , 2 , 1 2 )r t t t t= + , [0, 1]t∈ . Observamos que sempre que queremos parametrizar um segmento de reta com orientação de A para B, podemos tomar o vetor a como sendo vetor posição do ponto A e o vetor direção b como B – A. Neste caso, o parâmetro t terá uma variação no intervalo [0, 1]. Sempre que nos referimos a um segmento que une o ponto A ao ponto B estaremos entendendo que o sentido é de A para B. (3) Parametrizar o segmento de reta que une o ponto (1, 2, 3) ao ponto (0, 0, 1). Fazemos ( )r t a tb= + , onde (1, 2, 3)a = e (0, 0, 1) (1, 2, 3)b = − ( 1, 2, 2)= − − − . Temos, ( ) (1, 2, 3) ( 1, 2, 2)r t t= + − − − (1 , 2 2 , 3 2 )t t t= − − − , [0, 1]t∈ . Poderíamos ter usado o resultado do Exemplo anterior e a definição 2.7.1. Assim, ( ) ( , 2 , 1+2t)r t t t= , [0, 1]t∈ , ( ) (0 1 )r t r t− = + − ¨ (1 , 2(1 ), 1 2(1 ))t t t= − − + − (1 , 2 2 , 3 2 )t t t= − − − , [0, 1]t∈ . 1.7 Reta Tangente Seja C uma curva suave representada por ( ) ( ) ( ) ( ) , [ , ]r t x t i y t j z t k t a b= + + ∈ . Seja 0 0 0( , , )P x y z um ponto C e t0 o correspondente valor do parâmetro t. Já discutimos no capítulo 1 que o 0( )r t′ é tangente à curva C em P. Portanto, uma parametrização da reta tangente à curva C no ponto P, é dada por 0 0( ) ( ) ( )q r t r tω ω ′= + , sendo que ω é um parâmetro real. Exemplo Determinar a reta tangente à curva ( ) 2cos 2 sen r t ti t j= + , no ponto ( 2, 2)P . Temos, ( ) 2cos 2sen r t ti t j= + ; ( ) 2sen 2cos r t ti t j= − + . Para obter o valor de t0 correspondente ao ponto P, usamos as equações paramétricas da curva, que são dadas por x = 2 cos t e y = 2 sen t. No ponto ( 2, 2)P , temos: 02 2cos t= e 02 2sen t= . Portanto, 0 4 t π= . A equação da reta tangente será dada por: 0 0( ) ( ) ( )q r t r tω ω ′= + 2cos 2 2sen 2cos 4 4 4 4 i sen j i jπ π π πω = + + − + ( 2 2 ) ( 2 2 )i jω ω= − + + . 1.8 Comprimento de Arco Seja C uma curva dada pela equação vetorial ( ) ( ) ( ) ( )r t x t i ÿ t j z t k= + + , [ , ]t a b∈ . Vamos calcular o comprimento de um arco AB , com [ , ]t a b∈ . Seja 0 1 2 1: ... ...i i nP a t t t t t t b−= < < < < < < = uma partição qualquer de [a, b]. Indicamos por n o comprimento da poligonal de vértices 0 0( )A P r t= = , 1 1( )P r t= , ..., ( )n nB P r t= = . Então, 1 1 | ( ) ( ) | n n i i i r t r t − = = −∑ 2 2 21 1 1 1 [ ( ) ( )] [ ( ) ( )] [ ( ) ( )] n i i i i i i i x t x t y t y t z t z t− − − = = − + − + −∑ . Na Figura 2.15 visualizamos uma curva C, onde a poligonal foi traçada para n = 6. Figura 2.15 – Visualização da análise do comprimento de arco Fonte: Gonçalves e Flemming, p. 60 Intuitivamente, podemos afirmar que se o limite de n quando n →∞ existe, este limite define o comprimento do arco AB da curva C, ou seja, max t 0 lim i n∆ → = , onde 1| |i i it t t −∆ = − . Se a curva C é suave, podemos encontrar uma fórmula para calcular o limite dado. Temos o seguinte teorema. Teorema: Seja C uma curva suave parametrizada por ( )r t , a t b≤ ≤ . Então, | ( ) | b a r t dt′= ∫ . Prova. Para provarmos este teorema, vamos utilizar o seguinte resultado cuja demonstração será omitida. “Se as funções x(t), y(t) e z(t) são contínuas no intervalo [a, b], e se P é uma partição do intervalo [a, b] 0 1 1( : ... ... )i i nP a t t t t t b−= < < < < < < = , e it , it e it são números quaisquer em 1( , )i it t− , então [ ] 2 22 max t 0 1 lim ( ) ( ) i n ii i i i x t y t z t t ∆ → = + + = ∆ = ∑ [ ] [ ]2 2 2( ) ( ) ( )x t y t z t dt = + + ∫ .” Se C é uma curva suave em [a, b], temos que ( )x x t= , ( )y y t= e ( )z z t= são funções deriváveis em cada subintervalo 1[ , ]i it t− da partição P. Assim, pelo teorema do valor médio, existem números it , it e it em 1( , )i it t− tais que 1( ) ( ) ( )ii i ix t x t x t t− ′− = ∆ 1( ) ( ) ( )ii i iy t y t y t t− ′− = ∆ ¨ 1( ) ( ) ( )ii i iz t z t z t t− ′− = ∆ Substituindo essas equações no somatório vamos ter: ( ) ( ) 222 1 n n i i l x ti y ti z ti t = ′ ′ ′= + + ∆ ∑ e ( ) ( ) 1 222 max 0 1 lim n it i l x ti y ti z ti t ∆ → = ′ ′ ′= + + ∆ ∑ Usando a definição de integral temos: ( ) ( ) ( )2 2 2 b a l x t y t z t dt′ ′ ′= + + ∫ | ( ) | b a r t dt′= ∫ , que é o resultado procurado. Se a curva C é suave por partes, seu comprimento é dado por 1 2 1 1 | ( ) | | ( ) | ... | ( ) | n t t b a t t l r t dt r t dt r t dt − ′ ′ ′= + + +∫ ∫ ∫ , sendo que 1 1 2 1[ , ], [ , ], ..., [ , ]na t t t t b− são os subintervalos de [a, b ]nos quais a curva C é suave. Exemplos (1) Encontrar o comprimento do arco da curva cuja equação vetorial é 2/3( )r t ti t j= + , para 1 4t≤ ≤ . Temos, 1/32( ) 3 r t i t j−= + e 2/34| ( ) | 1 9 r t t−′ = + 2 /3 41 9t = + 2 /3 2 /3 9 4 9 t t + = 2 /3 1/ 2 1/31 (9 4) 3 t t−= + . Aplicando a integral do teorema dado temos: 4 2/3 1/ 2 1/3 1 1 (9 4) 3 l t t dt−= +∫ . Esta integral pode ser resolvida por substituição, fazendo 2/39 4u t= + . Temos, 4 2/3 1/ 2 1/3 1 1 (9 4) 3 l t t dt−= +∫ 42/3 3/ 2 1 1 1 (9 4) 3 6 3/ 2 t + = ⋅ 2 /3 3/ 2 2 /3 3/ 21 (9.4 4) (9.1 4) 27 = + − + 3/ 231 (18 2 4) 13 13 27 = + − . (2) Encontrar o comprimento da hélice circular ( ) (cos , sen , )r t t t t= do ponto A(1, 0, 0) a B(–1, 0, π ). Temos que: ( ) ( sen , cos , 1)r t t t′ =− 2 2| ( ) | sen cos 1r t t t′ = + + 2= . Para A(1, 0, 0) temos t = 0 e par B(–1, 0, π ) temos t = π . Usando o teorema, obtemos 0 2 l dt π = ∫ 2π= . 1.8.1 Função comprimento de arco Na integral | ( ) | b a l r t dt′= ∫ , se substituímos o limite superior b por um limite variável t, [ , ]t a b∈ , a integral se transforma em uma função de t. Escrevemos, **)()( dttrts t a ∫ ′= A função s = s(t) é chamada função comprimento de arco e mede o comprimento de arco de C no intervalo [a, t]. Exemplos (1) Escrever a função comprimento de arco da circunferência de raio R. Vamos usar **)()( dttrts t a ∫ ′= , observando que o limite inferior de integração a, pode ser substituído por qualquer outro valor 0 0, [ , ]t t a b∈ , isto é, o ponto da curva correspondente a s = 0 pode ser escolhido de maneira arbitrária. Escolhendo a = 0, temos t * 0 ( ) s t R dt= ∫ = Rt, onde usamos ( ) cos sen r t R ti R t j= + . (2) Encontrar a função comprimento de arco da hélice circular ( ) (2cos , 2sen , )r t t t t= . Vamos novamente usar **)()( dttrts t a ∫ ′= e escolher a = 0. Temos * 0 ( ) 5 t s t dt= ∫ 5 t= . 1.8.2 Reparametrização de curvas por comprimento de arco É conveniente parametrizarmos algumas curvas usando como parâmetro o comprimento de arco s. Para reparametrizarmos uma curva suave C, dada por ( ) ( ) ( ) ( )r t x t i y t j z t k= + + , [ , ]t a b∈ procedemos como segue: Calculamos s = s(t), usando **)()( dttrts t a ∫ ′= ; Encontramos a sua inversa t = t(s), 0 s l≤ ≤ ; Finalmente, reescrevemos (8) como ( ) ( ( ))h s r t s= = ( ( )) ( ( )) ( ( ))x t s i y t s j z t s k= + + , 0 s l≤ ≤ . Temos então, que ( )h s descreve a mesma curva C que era dado por ( )r t , mas com uma nova parametrização, onde a variável s, 0 s l≤ ≤ , representa o comprimento de arco de C. Exemplos (1) Reparametrizar pelo comprimento de arco a curva : ( ) ( cos , sen )C r t R t R t= , 0 2t π≤ ≤ . Temos, t * 0 ( ) s t R dt= ∫ = Rt, onde usamos ( ) cos sen r t R ti R t j= + . Esta função é uma função linear, cuja inversa é ( ) st t s R = = , 0 2s Rπ≤ ≤ . Portanto, ( ) ( ( )) cos , sen s sh s r t s R R R R = = , 0 2s Rπ≤ ≤ , é a reparametrização da circunferência dada. (2) Reparametrizar pelo comprimento de arco a curva dada por ( ) ( cos , sen ), 0t tr t e t e t t= ≥ . Vamos calcular a função comprimento de arco s = s(t). Temos, ( ) ( cos sen , cos sen )t t t tr t e t e t e t e t′ = − + e | ( ) | 2 tr t e′ = . Logo, * * 0 ( ) 2 t ts s t e dt= = ∫ 2 ( 1)te= − . Podemos escrever 2( ) ln 2 st t s + = = , 0s ≥ e então 2 2 2( ) cos ln , sen ln 2 2 2 s s sh s + + + = , 0s ≥ . (3) Dada uma curva C representada por ( )r t , mostrar que se | ( ) | 1r t′ = , então o parâmetro t é o parâmetro comprimento de arco de C. Temos: * 0 ( ) | ( ) | t s s t r t dt′= = ∫ . Como | ( ) | 1r t′ = , vem * 0 t s dt= ∫ = t. O parâmetro t é o parâmetro comprimento de arco s, de C. (4) Verificar que a curva 2: ( ) , 5 5 s sC h s = , 0s ≥ está parametrizada pelo comprimento anterior. Temos, 1 2( ) , 5 5 h s ′ = 2 21 2| ( ) | 5 5 h s ′ = + 1 4 5 5 = + = 1. Portanto, a curva C dada tem como parâmetro o comprimento de arco. É possível mostrar que sempre que uma cura suave está parametrizada pelo comprimento de arco temos que | ( ) | 1h s′ = . 1.9 Vetor tangente unitário Dada uma curva suave C, queremos encontra, em cada ponto de C, um vetor tangente à curva C, seja unitário. Considerando a curva representada por ( ) ( ( ), ( ), ( ))r t x t y t z t= , o vetor ( )r t′ é tangente à curva C. O vetor ( )( ) | ( ) | r tu t r t ′ = ′ é denominado vetor tangente unitário à curva C. Por outro lado, quando C é representada por ( ) ( ( ), ( ), ( ))h t x t y t z t= , onde s é o parâmetro comprimento de arco temos que | ( ) | 1h s′ = . Assim, neste caso, o vetor tangente unitário é dado por ( ) ( )u s h s′= . Exemplo Encontrar o vetor tangente unitário à circunferência de raio 2, centrada na origem, no ponto ( 2, 2)P . Uma parametrização dessa circunferência é dada por ( ) (2cos , 2sen )r t t t= , 0 2t π≤ ≤ Temos: ( )( ) | ( ) | r tu t r t ′ = ′ ( 2sen , 2cos ) 2 t t− = ( sen , cos )t t= − . Para ( 2, 2)P , temos que 4 t π= , e então 2 2, 4 2 2 u π = − é vetor tangente unitário à curva em ( 2, 2) . Poderíamos também chegar a esse resultado usando a reparametrização, por comprimento de arco s. Temos: ( ) 2cos , 2sen 2 2 s sh t = e ( ) ( )u s h s′= sen , cos 2 2 s s = − . No ponto ( 2, 2)P temos 2 s π= e então, 2 2, 2 2 2 u π = − . Proposição Seja C uma curva suave dada por ( )h s , onde s é o parâmetro comprimento de arco de C. Se ( )u s é o vetor tangente unitário de C e ( ) 0u s ≠ , então ( )u s′ é ortogonal a ( )u s e aponta para o lado côncavo de C. Prova parcial. Provaremos que ( )u s′ é ortogonal a ( )u s e a seguir daremos uma visualização geométrica de que ( )u s′ aponta para o lado côncavo de C. Desde que ( )u u s= é unitário, temos: | | 1u = 1u u⋅ = 1u u⋅ = . Derivando, obtemos 0u u u u′ ′⋅ + ⋅ = 2 0u u′ ⋅ = 0u u′ ⋅ = . Logo, u′ é ortogonal a u . Para verificar ( )u s′ aponta para o lado côncavo de C, vamos analisar geometricamente a expressão 0 ( ) ( )( ) lim s u s s u su s s∆ → + ∆ −′ = ∆ . Temos que para 0s∆ > , o vetor ( ) ( )u u s s u s∆ = + ∆ − aponta para o côncavo de C. Como 0s∆ > , o mesmo ocorre com o limite de u s ∆ ∆ quando 0s +∆ → . Para 0s∆ < , o vetor u∆ aponta para o lado convexo de C, porém, como s∆ é negativo, o vetor u s ∆ ∆ aponta para o lado oposto de u∆ . Desta forma, o limite de u s ∆ ∆ quando 0s −∆ → aponta para o lado côncavo de C. Concluímos assim, que ( )u s′ aponta para o lado côncavo de C. Exemplo Seja C a hélice circular dada por ( ) (2cos , 2sen , 5 )r t t t t= . Representar geometricamente o vetor tangente unitário ( )u t e o vetor ( )u t′ no ponto 52, 2, 4 P π . Temos, ( )( ) | ( ) | r tu t r t ′ = ′ 2 2 5sen , cos , 3 3 3 t t = − e 2 2( ) cos , sen , 0 3 3 u t t t ′ = − − . O valor de t correspondente ao ponto P é 4 t π= . Portanto, nesse ponto, temos 2 2 5, , 4 3 3 3 u π = − e 2 2, , 0 4 3 3 u π − ′ = − . 1.10 Curvatura Seja C uma curva suave dada por ( )h s , 0 s l≤ ≤ . Definimos a curvatura de C em um ponto como ( ) | ( ) |k s u s′= ou ( ) | ( ) |k s h s′′= . Observe que a curvatura é a taxa de variação do vetor tangente unitário ( )u s em relação ao comprimento do arco s. Como este vetor não varia em intensidade, ela exprime a razão de variação da direção do vetor ( )u s . Assim, geometricamente, podemos dizer que a curvatura k(s) nos dá a razão de variação da direção da tangente, quando esta se desloca sobre a curva. Proposição Se uma curva suave C é dada por ( )r t , onde t é um parâmetro qualquer, sua curvatura pode ser expressa por: 3 | ( ) ( ) |( ) | ( ) | r t r tk t r t ′ ′′× = ′ . Exemplos (1) Calcular a curvatura da circunferência ( ) ( cos , sen )C r t a t a t= = , [0, 2 ]t π∈ . Temos: ( ) cos , sen s sC h t a a a a = = , onde s é o parâmetro comprimento de arco. Assim.( ) ( )u s h s′= sen , coss s a a = − e 1 1( ) cos , sens su s a a a a − ′ = − . Portanto, a curvatura de C é dada por ( ) ( )k s u s′= 1 a = . Círculo de curvatura Quando 0k ≠ em um ponto P de uma curva C, podemos encontrar o círculo de curvatura de C em P . Este círculo tem as seguintes características: Está contido no plano formado pelos vetores u e u′ ; Está centrado na semirreta de origem em P, na direção do vetor u′ ; tem raio 1R k = , onde k é a curvatura de C em P. O raio R do círculo de curvatura é chamado raio de curvatura de C, em P. Como a curvatura de uma circunferência e raio R é 1 R , observamos que a curvatura de C coincide com a de seu círculo de curvatura em P. Podemos dizer que, nas proximidades de P, o círculo de curvatura é o círculo que melhor aproxima a curva. Exemplos (1) Determinar o raio e o círculo de curvatura em um ponto qualquer da circunferência ( ) ( cos , sen )C r t a t a t= = , [0, 2 ]t π∈ . Já analisamos que a curvatura em um ponto qualquer de C é 1k a = , portanto, o raio de curvatura é R = a. Para determinar o círculo de curvatura em um ponto qualquer P, basta observar que a semirreta de origem em P, na direção de u′ contém a origem, que é o centro da circunferência dada. Portanto, como o raio de curvatura é R = a, o centro do círculo de curvatura é (0, 0). Dessa forma, o círculo de curvatura coincide com a circunferência dada. 1.11 Vetor normal principal Quando ( ) 0k s ≠ , podemos definir um vetor unitário ( )p s , chamado vetor normal principal, como ( )( ) ( ) u sp s k s ′ = . O vetor normal ( )p s é ortogonal ao vetor tangente unitário ( )u s e aponta para o lado côncavo de C. Exemplo Escrever o vetor normal principal da circunferência centrada na origem e raio 2, no ponto ( 2, 2)P . Temos que ( ) 2cos , 2sen 2 2 s sh t = e ( ) sen , cos 2 2 s su s = − . Assim, 1 1( ) cos , sen 2 2 2 2 s su s ′ = − − ; ( ) | ( ) |k s u s′= 1 2 = . Portanto, 1 1cos , sen 2 2 2 2( ) 1 2 s s p s − − = cos , sen 2 2 s s = − − . No ponto ( 2, 2)P , temos 2 2, 2 2 2 p π − = − . Os vetores u e p calculados em um ponto P da curva, definem um plano. Este plano contém o círculo de curvatura de C em P, e é chamado PLANO OSCULADOR. 1.12 Vetor Binormal O vetor binormal, denotado por ( )b s , é definido como o vetor unitário, normal ao plano osculado que é dado por ( ) ( ) ( )b s u s p s= × . Os três vetores u , p e b determinam um sistema de coordenadas que se move sobre a curva C. O triedro determinado por estes vetores é chamado triedro de Frenet da curva C. Exemplos (1) Determinar o vetor binormal da circunferência centrada na origem e raio 2, no ponto ( 2, 2)P .: Temos que ( ) sen , cos 2 2 s su s = − e ( ) cos , sen 2 2 s sp s = − − Portanto, ( ) ( ) ( )b s u s p s= × sen cos 0 2 2 cos sen 0 2 2 i j k s s s s = − − − 2 2sen , cos 2 2 s s k = k= . 1.13 Torção Nas seções anteriores, vimos que os vetores tangente unitário u e normal principal p determinam u plano, chamado plano osculador e que o vetor binormal é ortogonal a este plano. Se a curva é plana, o plano osculador é o mesmo em todos os pontos da curva e o vetor binormal é constante. No caso de uma curva reversa, ao deslocar-se sobre a curva, o plano osculador se altera, mudando a direção do vetor binormal. Veremos que, a menos de sinal, a torção exprimirá a taxa de variação do vetor binormal. Proposição Se o vetor ( )b s′ é diferente de zero, então ele é ortogonal ao vetor ( )b s . Proposição Se ( )b s′ é diferente de zero, então ele é ortogonal ao vetor tangente unitário ( )u s . Exemplo Encontrar a torção da hélice 0,,0),,,cos()(: >≥= batbttasentatrC , nos pontos onde t π= , 4 π , 2 π , considerando a = 2 e 2 3b = . Temos: ( ) cos , sen , 0s sp s ω ω = − − e ( ) sen , cos , b s b s ab s ω ω ω ω ω − = , onde 2 2a bω = + . Temos então, 2 2( ) cos , sen , 0 b s b sb s ω ω ω ω ′ = , assim, 2 2( ) cos , sen , 0 cos , , 0 s s b s b sT s sen ω ω ω ω ω ω = − − − ⋅ 2 22 2cos sen b s b s ω ω ω ω = − − − 2 b ω = . Substituindo os correspondentes valores de a e b, obtemos 3( ) 8 T s = . Nos pontos onde t π= , 4 π , 2 π a torção é 3 8 . Observamos que o resultado encontrado justifica o sinal negativo introduzido, na definição de torção. Desta forma, curvas que lembram parafusos com rosca à direita, têm torção positiva. Também é interessante observar que, neste exemplo, temos 3( ) ( ) 8 b s p s′ = − . Como o vetor ( )p s aponta para o centro da hélice, podemos dizer que o vetor b′ “pende sempre para fora” à medida que se move sobre a hélice. Esta afirmação é confirmada na prática quando sentimos a torção ao subir uma escala helicoidal. 1.14 Aplicações: Componentes tangencial e normal da aceleração Na Física, discutimos o movimento de uma partícula P em função de sua velocidade instantânea ds dt , de sua 2 2 d s dt ao longo da trajetória bem como da curvatura da mesma. Para isso, fazemos uma relação entre os vetores velocidade e aceleração e os vetores unitários u e p . Seja ( ) ( ) ( ) ( )r s x t i y t j z t k= + + ¨a função que descreve o movimento de uma partícula P. Temos que drv dt = . Usando a regra da cadeia, podemos reescrever : dr dsv ds dt = ou ( ) dsv u s dt = Portanto a velocidade escalar v é dada por | | ( ) ds dsv v u s dt dt = = = desde que 0ds dt ≥ . Derivando em relação à t, obtemos a aceleração: 2 2 ( )( )dv d s du s dsa u s dt dt dt dt = = + 2 2( ) d s du ds dsu s dt ds dt dt = + . Como, ( ) ( )du k s p s ds = , temos: 22 2 ( ) ( ) ( ) d s dsa u s k s p s dt dt = + . Essa expressão é muito utilizada na Mecânica. Os vetores u e p são utilizados como vetores unitários de referência, tais como i e j . As componentes de a são chamadas de tangencial e normal, respectivamente. Dessa forma, a aceleração pode ser expressa em função de suas componente tangencial e normal respectivamente como: 2 2t d s dva dt dt = = e 2 2( ) ( )n dsa k s k s v dt = = . Exemplo Uma partícula se move ao longo da curva C dada por ( ) cos sen t tr t e ti e t j= + . Determinar os vetores velocidade e aceleração; a velocidade escalar e as correspondentes tangencial e normal da aceleração. Temos, Vetor velocidade e vetor aceleração: ( sen cos , cos sen )t t t td rv e t e t e t e t dt = = − + + e ( cos sen , - sen cos ,t t t tdva e t e t e t e t dt = = − + + sen cos , cos sen )t t t te t e t e t e t− + + ( 2 sen , 2 cos )t te t e t= − . Temos a velocidade escalar: 2 2| | ( sen , cos ) ( cos , sen )t t t tdsv v e t e t e t e t dt = = = − + − 22 te= 2te= . A componente tangencial é ( ) 2 2 2 t t d s da e dt dt = = 2 te= . A componente normal pode ser calculada como segue: Podemos escrever, 1 na a u a p= + ¨ e 2 2| | t na a a= + ou ou 2 2 2| | t na a a= + . Logo, 2 2| |n ta a a= − 2 2| ( 2 sen , 2 cos ) | ( 2 )t t te t e t e= − − 2 2 2 2 24 sen 4 cos 2t t te t e t e= + − 2 te= . Fórmulas de Frenet – Teorema Fundamental das curvas Na Geometria Diferencial, os conceitos de curvatura e torção são muito importantes para um estudo mais aprofundado das curvas. As Fórmulas de Frenet permitem caracterizar diversos tipos de curvaspelas propriedade de sua curvatura e torção. Por exemplo, quando a curvatura é nula, temos uma reta, e quando a torção é nula, temos curva plana. O Teorema Fundamental das curas mostra que, quando 0k ≠ , a curvatura e a torção descrevem geometricamente a curva, exceto por sua posição no espaço. A seguir apresentaremos as Fórmulas de Frenet e enunciamos o Teorema Fundamental das Curvas. Fórmulas de Frenet: u k p′ = p ku Tb′ = − + b T p′ = − Teorema Fundamental das curvas. Toda curva suave C, com curvatura k > 0, e completamente determinada, a menos de posição, por sua curvatura e torção. 1.15 Atividades de autoavaliação 1. Usando um software livre esboçar o gráfico da curva descrita por um ponto móvel P(x,y), quando o parâmetro t varia no intervalo dado. Determinar a equação cartesiana da curva em cada um dos itens: a) x = 2 cos t e y = 2 sen t, 0 2t π≤ ≤ b) x = t + 1 ; 2 4y t= + e z = 2, t−∞ < < +∞ . 2. Obter a equação cartesiana das seguintes curvas: a) 1( ) , 3 5 2 r t t t = + b) ( )2( ) 1, 2 2r t t t t= − − + 3. Determinar o centro e o raio das seguintes circunferências e depois escrever uma equação vetorial para cada uma. a) 2 2 2 5 3 0x y x y+ − + − = b) 2 2 6 8 0x y x y+ − + = 4. Parametrizar as seguintes curvas. Fazer o gráfico usando um software livre. a) 2 22 2 5 2 3 0x y x y+ + + − = b) 2 8 4 0x y− + = c) 1 0 1 y x − = − , x > 1 5. Verificar que a curva ( ) 3cosh senh r t ti t j= + é a metade de uma hipérbole. Encontrar a equação cartesiana. 6. Determinar uma representação paramétrica da reta que passa pelo ponto A, na direção do vetor b , onde a) 11, , 2 2 A e 2b i j= − b) A(0, 2) e 5b i j= − 7. Determinar uma representação paramétrica da reta que passa pelos pontos A e B, onde: a) A(2, 0, 1) e B(–3, 4, 0) b) 12, 1, 3 A e B(–7, 2, 9) 8. Determinar uma representação paramétrica da reta representada por: a) 5 1y x= − , z = 2 b) 2 5 4 1x y z− + = , 3 2 5 1x y z− − = 9. Encontrar uma equação vetorial das seguintes curvas: a) 2 2 4x y+ = , z = 4 b) 22y x= , 3z x= c) 2 22( 1) 10x y+ + = , z = 2 d) 1/ 2y x= , z = 2 e) yx e= , xz e= f) Segmento de reta de A(2, 1, 2) a B(–1, 1, 3) g) Circunferência de centro em (2, 2) e raio 2 no sentido anti-horário h) Segmento de reta de A(1, –2, 3) a B(–1, 0, –1) i) 3 27 3 2y x x x= − + − , 0 3x≤ ≤ j) 2 2 2 2x y z y+ + = , z = y 10. Esboçar as curvas seguintes, representando o sentido positivo de percurso. Obter uma parametrização da curva dada, orientada no sentido contrário. a) ( ) (2 3 cos ,1 4 sen )r t t t= + + , [0, 2 ]t π∈ b) ( ) ( , 2, 2 1)r t t t t= + + , [0, 1]t∈ 11. Determinar uma equação da reta tangente à curva dada, nos pontos indicados. ( ) (cos , 2 sen )r t t t= ; 1 2 , 2 2 P 12. Determinar a equação de uma reta s que é tangente à curva 1( ) , 1 r t t t = − , t < 1 que passa na origem. 13. Verificar que a curva ( ) cos sen r t t ti t t j tk= + + , 0t ≥ está sobre um cone. 14. Verificar quais das seguintes curvas são suaves: a) 3 2( )r t t i t j= + , [ 1, 1]t∈ − b) 3 2( )r t t i t j= + , 1 , 1 2 t ∈ c) ( ) (2cos , 3 sen )r t t t= , [0, 2 ]t π∈ . 15. Determinar o comprimento de arco das seguintes curvas: a) ( ) ( cos , sen , )t t tr t e t e t e= , 0 1t≤ ≤ b) 3 2( ) (2 cos , 2 , 6 )r t t t t t= , 0 3t≤ ≤ c) ( ) sen (1 cos )r t ti t j t k= + + + , 0 2t π≤ ≤ 16. Escreva a função comprimento de arco de: a) ( ) sen , cos , 2 2 2 t tr t t = b) ( ) (cos 2 , sen 2 , 4)r t t t= c) ( )2( ) , r t t t= d) 3 3 3( ) cos , sen , cos 2 4 r t t t t = e) ( ) (cos 2 , sen2 )r t t t= , [0, ]t π∈ f) hipocicloide 3 3( ) ( cos , sen )r t a t a t= , 0, 2 t π ∈ . 17. Reparametrizar pelo comprimento de arco as seguintes curvas: a) ( )( ) 2 cos , 2 sen r t t t= , [0, 2 ]t π∈ b) ( ) (3 1, 2)r t t t= − + c) ( ) (cos 2 , sen2 , 2 )r t t t t= d) 3 22( ) 2 , 8 , 3 r t t t t = , [0, 3]t∈ e) ( ) ( cos , sen , )t t tr t e t e t e= f) ( ) (cos 2 , sen 2 )r t t t= g) hipocicloide 3 3( ) ( cos , sen )r t a t a t= , 0, 2 t π ∈ 18. Verificar se as curvas dadas estão parametrizadas pelo comprimento de arco: a) ( ) (sen , cos )r t t t= , 0t ≥ b) 6( ) , 77 sr s s = , 0s ≥ c) ( ) (2 1, 2, )r t t t t= − + , 0t ≥ d) ( ) cos , sen , s s sq s a a b c c c = , onde 2 2 2c a b= + 19. Encontrar o vetor tangente unitário às seguintes curvas, nos pontos indicados: a) ( ) ( cos 2 , sen 2 )r t t t t t= , [0, )t∈ ∞ ; 2 t π= b) ( ) (2cos , 3 sen )r t t t= , [0, 2 ]t π∈ ; 4 t π= c) t( ) ( cos , e sen , 2)tr t e t t= ; 0 (1, 0, 2)P 20. Calcular a curvatura de raio 2 centrada na origem. 21. Determinar a curvatura das seguintes curvas, nos pontos indicados. a) 1( ) , 1 r t t t = + , t > 0; 0 11, 2 P b) ( ) ( 2, 3, 2 4)r t t t t= + + − , t−∞ < < ∞ ; 0 (3, 4, 2)P − 22. Determinar o círculo de curvatura das seguintes curvas, nos pontos indicados representando-os geometricamente: a) ( ) (2cos , 2 sen , 2cos )r t t t t= , 0 2t π≤ ≤ ; 0 (2, 0, 2)P b) hélice ( ) (3cos , 3 sen , 3 )r t t t t= ; 3 t π= 23. Determinar os pontos da curva onde o raio de curvatura é menor: lny x= , x > 0 24. Mostrar que a curvatura de uma reta é nula. 25. Escrever o vetor normal principal das seguintes curvas no ponto dado: a) ( ) ( 2 cos , 2 sen , 4)r t t t= ; 0 (1, 1, 4)P b) ( ) 4cos , sen 4 4 s sr s = , [0, 8 ]s π∈ ; 0 (2 2, 2 2)P 26. Determinar o vetor binormal das seguintes curvas, nos pontos indicados: a) ( ) 4cos , 4 sen 4 4 s sr s = , [0, 8 ]s π∈ ; 0 (4, 0)P ; b) ( ) (3cos , 3 sen )r t t t= , 0 (3, 0)P c) ( ) (2cos , 2 sen , )r t t t t= em 2 t π= 27. Determinar a torção em um ponto qualquer da curva: a) 1 2cosx t= + , y= -2t, sentz 22+= b) ( ) ( 2 cos , 2sen , 4 )r t t t t= 28. Uma partícula move-se no plano de modo que, no instante t, sua posição é dada por ( ) 2cos , 2 sen 2 2 t tr t = . a) Calcular o vetor ( )( ) | ( ) | v tu t v t = onde ( )v t é o vetor velocidade da partícula no instante t. b) Mostrar que ( )u t e du dt são ortogonais. c) Calcular o raio da curvatura ρ da trajetória. d) Mostrar que 2dv va u n dt ρ = ⋅ + ⋅ onde du dtn du dt = , v é a velocidade escalar e a é a aceleração da partícula. Curvas e Superfícies Seção 1 Curvas 1.1 Representação Paramétrica 1.2 Exemplos 1.3 Definição 1.4 Representação Paramétrica de Algumas Curvas 1.4.1 Parametrização de uma reta 1.4.2 Parametrização de uma circunferência 1.4.3 Parametrização de uma elipse 1.4.4 Parametrização de uma hélice circular 1.4.5 Parametrização de uma cicloide 1.4.6 Parametrização de uma hipocicloide 1.4.7 Parametrização de outras curvas 1.5 Curvas Suaves 1.6 Orientação de uma curva 1.7 Reta Tangente 1.8 Comprimento de Arco 1.8.1 Função comprimento de arco 1.8.2 Reparametrização de curvas por comprimento de arco 1.9 Vetor tangente unitário 1.10 Curvatura 1.11 Vetor normal principal 1.12 Vetor Binormal 1.13 Torção 1.14 Aplicações: Componentes tangencial e normal da aceleração 1.15 Atividades de autoavaliação
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