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DIAGNOSTICO-E-INTERVENCAO-PSICOPEDAGOGICA (FAVENI) 7

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1 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA 4 
3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ........................................................... 6 
4 CARACTERIZAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ............ 9 
5 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM .......................... 10 
6 PROBLEMATIZAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ....... 13 
6.1 Dislexia ............................................................................................... 18 
6.2 Dislexia como fracasso inesperado .................................................... 19 
6.3 Disgrafia ............................................................................................. 22 
6.4 Disortografia ....................................................................................... 23 
6.5 Discalculia .......................................................................................... 25 
7 RECURSOS A SEREM USADOS NO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA ............................................................................................... 27 
8 ETAPAS DO DIAGNÓSTICO ................................................................... 28 
9 ENTREVISTA FAMILIAR EXPLORATÓRIO SITUACIONAL (E.F.E.S.) ... 29 
10 ENTREVISTA DE ANAMNESE ............................................................. 29 
11 SESSÕES LÚDICAS CENTRADAS NA APRENDIZAGEM (PARA 
CRIANÇAS) ............................................................................................................... 31 
11.1 Área Psicomotora ............................................................................ 32 
11.2 Área Pedagógica ............................................................................. 33 
11.3 Área Social ...................................................................................... 34 
12 PROVAS E TESTES ............................................................................. 35 
13 EOCA .................................................................................................... 37 
14 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ................................................. 39 
 
 
 
 
2 
 
15 SÍNTESE DIAGNÓSTICA ...................................................................... 44 
16 ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO .................... 44 
17 AS CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO ..... 46 
18 CONSIDERAÇõES FINAIS.................................................................... 49 
19 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 51 
20 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 52 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão 
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
4 
 
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA 
 
Fonte: jottaclub.com 
A psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação que lida com os 
problemas de aprendizagem nos seus padrões normais ou patológicos, 
considerando a influência da família, da escola e da sociedade no seu 
desenvolvimento. É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana e 
suas características. O papel inicial da psicopedagogia é focado no estudo do 
processo de aprendizagem, diagnóstico e tratamento dos seus obstáculos. O 
psicopedagogo irá fazer uma análise da situação do aluno para poder diagnosticar 
os problemas e suas causas. Ele levanta hipóteses através da análise de sintomas 
que o indivíduo apresenta, ouvindo a sua queixa, a queixa da família e da escola. 
Para isso, torna-se necessário conhecer o sujeito em seus aspectos 
neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e social, bem como entender a modalidade de 
aprendizagem do sujeito e o vínculo que o indivíduo estabelece com o objeto de 
aprendizagem, consigo mesmo e com o outro. O psicopedagogo procura, portanto, 
compreender o indivíduo em suas várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu 
caminho, superar as dificuldades que impeçam um desenvolvimento harmônico e 
que estejam se constituindo num bloqueio da comunicação dele com o meio que o 
cerca. 
Cada psicopedagogo possui um estilo de fazer a intervenção 
psicopedagógico. Por diferentes razões, cada qual busca um caminho por onde 
 
 
 
 
5 
 
possa transitar com mais conforto diante dos desafios que a prática psicopedagógico 
impõe à dupla ensinante/aprendentes. O psicopedagogo também pesquisa as 
condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando 
quais são os obstáculos e os elementos que facilitam, quando se trata de uma 
abordagem preventiva. Alguns elementos facilitadores e obstáculos são 
condicionados a diferentes fatores, fazendo com que cada situação seja única e 
particular. Esse trabalho irá requerer do psicopedagogo uma atitude de investigação 
e intervenção no que está prejudicando o indivíduo. 
Assim a psicopedagogia tem como foco de estudo a aprendizagem, nasceu 
da necessidade de compreender melhor o ser humano aprendente e as respectivas 
dificuldades e fatores que influenciam ou interferem nesse processo. É uma área 
que estuda o processo de aprendizagem humana. 
Aprendizagem é um processo que envolve vínculos individuais e coletivos 
que resultam das interações do sujeito com o meio, da ação do cuidador e 
das articulações entre o saber e o não saber. É um processo permeado, no 
caso do ser humano, por um clima e um tom socioafetivo, que produz 
instrumentos para mudar a si e ao mundo e vice-versa. É um movimento 
que envolve o mundo íntimo, a subjetividade, o desejo e, também, o 
contexto no qual se dá. É o processo de conhecer, o processo de vida que 
se dá por articulações possíveis e que amplia os domínios cognitivos para 
conexões cada vez mais complexas. (SERAFINI, 2011, apud SCHNEIDER, 
2016, p.2). 
Buscando entender como surgiu a Psicopedagogia, pode se dizer que seu 
surgimento se deu devido à necessidade de compreender os problemas de 
aprendizagens e sua relação com o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo, 
implícitas nas situações de aprendizagem. Nesse enfoque, a Psicopedagogia ao 
longo da sua trajetória histórica busca a compreensão do ser que aprende, do 
processo de ensino/aprendizagem e das dificuldades e transtornos que podem 
emergir. 
Psicopedagogia tem por objeto de estudo a aprendizagem do ser humano 
que na sua essência é social, emocional e cognitivo- o ser cognoscente, um 
sujeito que para aprender pensa, sente e age em uma atmosfera, que ao 
mesmo tempo é objetiva e subjetiva, individual e coletiva, de sensações e 
de conhecimentos, de ser e vir a ser, de não saber e de saber. Essa ciência 
estuda o sujeito na sua singularidade, a partir do seu contexto social e de 
todas as redes relacionais a que ele consegue pertencer [...]. (PORTILHO, 
2003, apud SCHNEIDER, 2016, p.2). 
 
 
 
 
6 
 
O psicopedagogo tambémbusca possibilitar o florescimento de novas 
necessidades, de modo a provocar o desejo de aprender e não somente uma 
melhora no rendimento escolar. A psicopedagogia ao estudar o ato de aprender, 
considera as realidades externas e internas da aprendizagem, buscando 
compreender a construção de conhecimentos em toda a sua complexidade. 
3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
Fonte: avaliacao-psicopedagogica-passo-a-passo 
 
A aprendizagem é um processo que está sempre em busca de novos 
conhecimentos, que necessita de um aprendiz capaz de conhecer o mundo que o 
rodeia e a si próprio. Envolve as experiências individuais, resultando numa mudança 
de comportamento. É uma interação entre os aspectos biológicos, afetivos, 
intelectuais e culturais, que levam ao processo educativo. Estamos sempre em 
processo de aprendizagem, pois continuamos a aprender por toda nossa vida. 
[...] "para a aprendizagem ocorrer, é necessário que haja uma interação ou 
troca de experiências do indivíduo com o seu meio ambiente ou 
comunidade educativa"(LAKOMY, 2008, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 3). 
A avaliação psicopedagógico é um dos componentes críticos da intervenção 
psicopedagógico, pois nela se fundamenta as decisões voltadas à prevenção e 
solução das possíveis dificuldades dos alunos, promovendo melhores condições 
para o seu desenvolvimento. 
 
 
 
 
7 
 
Ela é um processo compartilhado de coleta e análise de informações 
relevantes acerca dos vários elementos que intervêm no processo de ensino e 
aprendizagem, visando identificar as necessidades educativas de determinados 
alunos ou alunas que apresentem dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou 
desajustes com respeito ao currículo escolar por causas diversas, e a fundamentar 
as decisões a respeito da proposta curricular e do tipo de suportes necessários para 
avançar no desenvolvimento das várias capacidades e para o desenvolvimento da 
instituição . 
[...] "o processo de aprendizagem é complexo e delicado, porém é saudável 
que haja dúvidas, dificuldades para assimilar e acomodar novos 
conhecimentos”. (LEAL,2011, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 3). 
A avaliação psicopedagógico envolve: 
 a) a identificação dos principais fatores responsáveis pelas dificuldades da 
criança. Precisamos determinar se tratasse de um distúrbio de aprendizagem ou de 
uma dificuldade provocada por outros fatores (emocionais, cognitivos, sociais...). Isto 
requerer que sejam coletados dados referentes à natureza da dificuldade 
apresentada pela criança, bem como que se investigue a existência de quadros 
neuropsiquiátricos, condições familiares, ambiente escolar e oportunidades de 
estimulação oferecidas pelo meio a que a criança pertence; 
b) o levantamento do repertório infantil relativo às habilidades acadêmicas e 
cognitivas relevantes para a dificuldade de aprendizagem apresentada, o que inclui: 
conhecimento, pelo profissional, do conteúdo acadêmico e da proposta pedagógica, 
à qual a criança está submetida; investigação de repertórios relevantes para a 
aprendizagem, como a atenção, hábitos de estudos, solução de problemas, 
desenvolvimento psicomotor, linguístico, etc.; avaliação de pré-requisitos e/ou 
condições que facilitem a aprendizagem dos conteúdos; identificação de padrões de 
raciocínio utilizados pela criança ao abordar situações e tarefas acadêmicas, bem 
como déficits e preferências nas modalidades percentuais etc.; 
c) a identificação de características emocionais da criança, estímulos e 
esquemas de reforçamento aos quais responde e sua interação com as exigências 
escolares propriamente ditas. 
Ela deve ser um processo dinâmico, pois é nela que são tomadas decisões 
sobre a necessidade ou não de intervenção psicopedagógico. Ela é a investigação 
 
 
 
 
8 
 
do processo de aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade 
e/ou distúrbio apresentado. Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis pela 
criança, análise do material escolar, aplicação de diferentes modalidades de 
atividades e uso de testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de 
competência e dificuldades apresentadas. Durante a avaliação podem ser realizadas 
atividades matemáticas, provas de avaliação do nível de pensamento e outras 
funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. 
Inicialmente, deve-se perceber na consulta inicial, que a queixa apontada 
pelos pais como motivo do encaminhamento para avaliação, muitas vezes pode não 
só descrever o “sintoma”, mas também traz consigo indícios que indicam o caminho 
para início da investigação. 
“A versão que os pais transmitem sobre a problemática e principalmente a 
forma de descrever o sintoma, dão-nos importantes chaves para nos 
aproximarmos do significado que a dificuldade de aprender tem na família” 
(FERNÁNDEZ, 1991, apud MORAIS, 2010, p.4). 
Avaliar as aprendizagens de um aluno equivale a especificar até que ponto 
ele desenvolveu determinadas capacidades contempladas nos objetivos gerais da 
etapa. Para que o aluno possa atribuir sentido às novas aprendizagens propostas, é 
necessária a identificação de seus conhecimentos prévios, finalidade a que se 
orienta a avaliação das competências curriculares. 
Dentre os instrumentos de avaliação também podemos destacar: escrita livre 
e dirigida, visando avaliar a grafia, ortografia e produção textual (forma e conteúdo); 
leitura (decodificação e compreensão); provas de avaliação do nível de pensamento 
e outras funções cognitivas; cálculos; jogos simbólicos e jogos com regras; desenho 
e análise do grafismo. 
A avaliação psicopedagógica irá fornecer informações importantes em relação 
às necessidades dos seus alunos, bem como de seu contexto escolar, familiar e 
social, e ainda irá justificar se há ou não necessidade de introduzir mudanças na 
oferta educacional. 
Depois de coletadas informações que considera importante para a avaliação, 
o psicopedagogo irá intervir visando à solução de problemas de aprendizagem em 
seus devidos espaços, uma vez que a avaliação visa reorganizar a vida escolar e 
doméstica da criança e, somente neste foco ela deve ser encaminhada, vale dizer 
 
 
 
 
9 
 
que fica vazio o pedido de avaliação apenas para justificar um processo que está 
descomprometido com o aluno e com a sua aprendizagem. De fato, em termos bem 
objetivos, a avaliação nada mais é do que localizar necessidades e se comprometer 
com sua superação. 
4 CARACTERIZAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
Fonte: neurosaber.com.br 
A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e 
espontâneos do ser humano que desde muito cedo aprende a mamar, falar, andar, 
pensar, garantindo assim, a sua sobrevivência. A aprendizagem escolar também é 
considerada um processo natural, que resulta de uma complexa atividade mental, na 
qual o pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os 
conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em 
aprender. O estudo do processo de aprendizagem humana e suas dificuldades são 
desenvolvidos pela Psicopedagogia, levando-se em consideração as realidades 
interna e externa, utilizando-se de vários campos do conhecimento, integrando-os e 
sintetizando-os. Procurando compreender de forma global e integrada os processos 
cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares, sociais e pedagógicos que determinam 
à condição do sujeito e interferem no processo de aprendizagem, possibilitando 
situações que resgatem a aprendizagem em sua totalidade de maneira prazerosa. 
 
 
 
 
 
10 
 
5 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM 
Investigação é um termo utilizado por Rubinstein (1987), e que definem a 
psicopedagogia. O profissional desta área deve analisar o modo de como ela se 
expressa, seus gestos, a entonação da voz, tudo. O psicopedagogo deve também 
enxergar não só o que essa criança mostra, mas saber perceber que ela pode ter 
algum problema imperceptívelque está dificultando sua aprendizagem e saber 
conduzi-la para um outro profissional, como: psicólogos, fonoaudiólogos, 
neurologistas, etc., isso significa saber investigar os múltiplos fatores que levam está 
criança a não conseguir aprender. 
O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando 
solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a 
sua meta 6 fundamentalmente é investigar todo o processo de 
aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele 
envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a constituição da 
dificuldade de aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, apud MORAIS, 2010, p. 
6). 
Diagnosticar um distúrbio de aprendizagem é uma tarefa difícil e para fazê-lo 
de modo preciso e eficiente há que se ter a participação de equipe interdisciplinar e 
utilização de diferentes instrumentos para avaliação. O diagnóstico, para o 
terapeuta, deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, 
a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento 
necessário. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses 
provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para 
isso, a conhecimentos práticos e teóricos. 
Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de 
intervenções e da escuta psicopedagógica para que se possa decifrar os processos 
que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção. Diagnosticar nada mais é 
do que a constatação de que a criança possui algum tipo de dificuldade na 
aprendizagem, fato que normalmente só é detectado quando ela é inserida no 
ensino formal. Porém, uma vez realizada essa constatação, cabe à equipe investigar 
a sua causa e, para tanto, deve-se lançar mãos de todos os instrumentos 
diagnósticos necessários para esse fim. 
O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades de intervenção e dá início 
a um processo de superação das dificuldades. O foco do diagnóstico é o obstáculo 
 
 
 
 
11 
 
no processo de aprendizagem. É um processo no qual analisa-se a situação do 
aluno com dificuldade dentro do contexto da escola, da sala de aula, da família; ou 
seja, é uma exploração problemática do aluno frente à produção acadêmica. 
Durante o diagnóstico psicopedagógico, o discurso, a postura, a atitude do paciente 
e dos envolvidos são pistas importantes que ajudam a chegar nas questões a serem 
desvendadas. É através do desenvolvimento do olhar e da escuta psicopedagógica, 
trabalhados e incorporados pelo profissional que poderão ser lançadas as primeiras 
hipóteses acerca do indivíduo. Esse olhar e essa escuta ultrapassam os dados reais 
relatados e buscam as entrelinhas, a emoção, a elaboração do discurso inconsciente 
que o atendido traz. 
 O objetivo do diagnóstico é obter uma compreensão global da sua forma de 
aprender e dos desvios que estão ocorrendo neste processo que leve a um 
prognóstico e encaminhamento para o problema de aprendizagem. Procura-se 
organizar os dados obtidos em relação aos diferentes aspectos envolvidos no 
processo de aprendizagem de forma particular. Ele envolve interdisciplinaridade em 
pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e psicologia, para possibilitar a 
eliminação de fatores que não são relevantes e a identificação da causa real do 
problema. É nesse momento que o psicopedagogo irá interagir com o cliente (aluno), 
com a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do processo de ensino-
aprendizagem. 
Também é importante ressaltar que o diagnóstico possui uma grande 
relevância tanto quanto o tratamento, por isso ele deve ser feito com muito cuidado, 
observando o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito. O 
diagnóstico psicopedagógico é visto como um momento de transição, um passaporte 
para a intervenção, devendo seguir alguns princípios, tais como: análise do contexto 
e leitura do sintoma; explicações das causas que coexistem temporalmente com o 
sintoma; obstáculo de ordem de conhecimento, de ordem da interação, da ordem do 
funcionamento e de ordem estrutural; explicações da origem do sintoma e das 
causas históricas; análise do distanciamento do fenômeno em relação aos 
parâmetros considerados aceitáveis, levantamento de hipótese sobre a configuração 
futura do fenômeno atual e, indicações e encaminhamentos. 
O diagnóstico não pode ser considerado como um momento estático, pois é 
uma avaliação do aluno que envolve tanto os seus níveis atuais de desenvolvimento, 
 
 
 
 
12 
 
quanto as suas capacidades e possibilidades de aprendizagem futura. Por muitos 
anos, era uma tarefa exclusiva dos especialistas, que analisavam algumas 
informações dos alunos, obtidas através da família e às vezes da escola, e logo 
após devolviam um laudo diagnóstico, quase sempre com termos técnicos 
incompreensíveis. 
A distância existente no relacionamento entre os especialistas, a família e a 
escola impediam o desenvolvimento de um trabalho eficiente com o aluno. A 
proposta atual é que o diagnóstico seja um trabalho conjunto onde todas as pessoas 
que estão envolvidas com o aluno devem participar, e não atuar como meros 
coadjuvantes desse processo. Ele não é um estudo das manifestações aparentes 
que ocorrem no dia-a-dia escolar, é uma investigação profunda, na qual são 
identificadas as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo 
atividades adequadas para correção e/ou compensação das dificuldades, 
considerando as características de cada aluno. O diagnóstico não deverá somente 
fundamentar uma deficiência, mas apontar as potencialidades do indivíduo. Não é 
simplesmente o que este tem, mas o que pode ser e como poderá se desenvolver. 
É de extrema relevância detectarmos, através do diagnóstico, o momento 
da vida da criança em que se iniciam os problemas de aprendizagem. Do 
ponto de vista da intervenção, faz muita diferença constatarmos que as 
dificuldades de aprendizagem se iniciam com o ingresso na escola, pois 
pode ser um forte indício de que a problemática tinha como causa fatores 
intra-escolares (BOSSA, 2000, apud MORAIS, 2010, p. 8). 
Ao se instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente 
para o significado do sintoma a nível familiar e escolar e não o veja apenas em um 
recorte, como uma deficiência do sujeito. Que o psicopedagogo, através do 
diagnóstico acredite numa aprendizagem que possibilite transformar, sair do lugar 
estagnado e construir. Que ele seja o fio condutor que norteará a intervenção 
psicopedagógica. 
 
 
 
 
13 
 
6 PROBLEMATIZAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
Fonte: professoraelena.com.br 
A área da educação nem sempre é cercada por sucesso e aprovações. 
Muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os 
alunos paralisados diante do processo de aprendizagem. Assim são rotulados, pela 
própria família, professores e colegas os que não conseguem aprender, não vão 
bem na escola, não sabe ler/escrever. 
O termo dificuldade de aprendizagem sempre foi muito debatido entre os 
profissionais envolvidos na área da educação. Qual é a razão de alunos que não 
apresentam deficiência mental estarem constantemente experimentando o 
insucesso escolar, especialmente nas áreas acadêmicas como a leitura, escrita e 
cálculo matemático? 
É importante destacar, aqui, que dificuldade de aprendizagem não é sinônimo 
de deficiência mental. A imprecisão do conceito de deficiência mental trouxe 
consequências para se esclarecer o atendimento a essa situação nas escolas 
comuns e especiais. Muitos professores, ao lidar com alunos com dificuldades de 
aprendizagem mais acentuadas, confundem essas manifestações com deficiência 
mental. Essa confusão, muitas vezes, é utilizada pelo professor para justificar as 
próprias dificuldades e inabilidades em atender as diferenças significativas entre os 
alunos.14 
 
Todavia, é importante reforçar que deficiência mental e dificuldade de 
aprendizagem são distintas e requerem avaliações adequadas que propiciem 
intervenções educacionais direcionadas. A ideia de que toda criança deve ter 
oportunidade de aprender, independentemente de sua dificuldade e diferença, está 
firmemente enraizada em nossas políticas educacionais, as quais garantem o 
acesso de todas as crianças à escola. 
Porém crianças com dificuldades de aprendizagem, não estão tendo 
oportunidades e possibilidades objetivas e adequadas de aprender os conteúdos 
acadêmicos. Muitas não têm sua aprendizagem garantida e chegam à idade adulta 
sem conseguir ler e compreender o que está escrito. Geralmente, o que tem sido 
oferecido a elas é um currículo estabelecido pelo sistema escolar, sem a 
preocupação de desenvolver estratégias de flexibilização, práticas pedagógicas 
alternativas e adaptação curricular. 
Assim os alunos que não conseguem acompanhar o currículo são rotulados 
como deficientes mentais, emocionalmente desequilibrados, ou simplesmente como 
alunos fracos. Portanto, evitando rótulos e buscando atender às necessidades 
individuais do educando será possível prevenir, ou minimizar dificuldades de 
aprendizagem. Quando se está diante de uma criança com dificuldades de 
aprendizagem, não significa que essa criança não aprenda, mas sim que seu 
processo de aprendizagem se encontra desequilibrado e que as aprendizagens são 
realizadas de maneira diferenciada da esperada. 
A assimilação e a acomodação atuam no modo como o sujeito aprende e 
como isso pode ser sintomatizado, tendo assim características de excesso ou 
escassez de um desses movimentos, afetando o resultado final. As dificuldades de 
aprendizagem podem estar relacionadas a uma hiperatuação de uma dessas 
formas, somada a uma hipoatuação da outra, gerando as modalidades de 
aprendizagem sintomáticas. 
A aprendizagem normal pressupõe que os movimentos de assimilação e 
acomodação estão em equilíbrio. O que caracteriza a sintomatização no aprender é 
predomínio de um movimento sobre o outro. Quando há o predomínio da 
assimilação, as dificuldades de aprendizagem são da ordem da não resignação, o 
que leva o sujeito a interpretar os objetos de modo subjetivo, não internalizando as 
características próprias do objeto. 
 
 
 
 
15 
 
Quando a acomodação predomina, o sujeito não empresta sentido subjetivo 
aos objetos, antes, resigna-se sem criticidade. O sistema educativo pode produzir 
sujeito muito acomodados se a reprodução dos padrões for mais valorizada que o 
desenvolvimento da autonomia e da criatividade. Um sujeito que apresente uma 
sintomatização na modalidade hiperacomodativa/hipoassimilativa pode não ser visto 
como tendo problemas de aprendizagem, pois consegue reproduzir os modelos com 
precisão. 
O aluno com dificuldade de aprendizagem pode apresentar um conjunto de 
problemas cognitivos, de linguagem, socioemocionais, acadêmicos que vão dificultar 
o seu processamento de informação, o seu processo de aprendizagem. O aluno, 
uma vez inserido nesse contexto educacional, ao perceber que apresenta 
dificuldades em sua aprendizagem e não encontra respostas a elas, muitas vezes 
começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, 
porém essas respostas são inadequadas, são um sinal de descompensação. 
Como se sabe, as dificuldades podem decorrer de fatores orgânicos, 
intrínsecos ao indivíduo e extrínsecos, ou seja, contextuais ou mesmo emocionais, 
bem como pela combinação destes. É importante que sejam descobertos o quanto 
antes, a fim de auxiliar o desenvolvimento no processo educativo. 
É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos 
a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem ao longo do 
tempo. É importante que pais, professores e outros profissionais que estejam 
envolvidos com o aluno dispensem atenção à consciência afetiva que o aluno 
experimenta, pois, o controle das emoções é fator essencial para o desenvolvimento 
da racionalidade e cognição do indivíduo. Além disso, a afetividade pode aumentar a 
capacidade de pensar, de analisar realisticamente os problemas da vida, de fazer 
planos e executar ações com mais acertos, prazer e competência. 
As crianças com dificuldades de aprendizagem têm disfunções em 
habilidades necessárias para haver aprendizagem efetiva, apresentando problemas 
na compreensão da leitura, organização e retenção da informação e na 
interpretação de textos. Geralmente são lentas ao processar informações, 
apresentam estratégias pobres para escrever, problemas de organização espacial e 
muita distração o que acarreta dificuldade de comunicação e hábitos ineficientes de 
estudo. 
 
 
 
 
16 
 
Alguns psicólogos elucidam o conceito de dificuldades de aprendizagem 
como uma inabilidade para a aprendizagem numa ou mais áreas acadêmicas, não 
tendo nada a ver com o potencial intelectual (inteligência) que, geralmente se situa 
na média ou acima da média. Porém, alunos com potencial intelectual abaixo da 
média não apresentam dificuldade de aprendizagem, mas deficiência mental 
generalizando suas dificuldades de aprendizagem, embora a façam adequadamente 
em relação ao seu potencial. 
 Uma afirmação sobre essa diferença foi publicada pela Learning Disabilitties 
Association of Ontário, Canadá, “As dificuldades de aprendizagem são 
discapacidades específicas e não discapacidades globais e, como tal, são distintas 
da deficiência mental”. A preocupação de saber diferenciar dificuldade de 
aprendizagem e deficiência mental é evidente, uma vez que estas duas categorias 
apresentam características bem diferentes, portanto exigem programações 
educacionais individualizadas muito distintas. 
Sabe-se que há alunos que, devido às desordens neurológicas apresentam 
uma desorganização no momento da recepção, integração e expressão da 
informação, refletindo numa “discapacidade” para aprendizagem da leitura, da 
escrita e cálculo matemático, se não forem amparados, apoiados por serviços de 
apoio especializados, abandonam a escola por causa de experiências de insucesso 
acadêmico. 
Os maiores percentuais de fracasso na produção escolar, de alunos 
encaminhados para a avaliação, encontram-se no âmbito do problema de 
aprendizagem reativo, produzido e incrementado pelo próprio ambiente escolar. Em 
“Os Idiomas do Aprendente” de Alicia Fernandes, encontra-se a diferença entre 
fracasso escolar e dificuldade de aprendizagem. A autora define dificuldades de 
aprendizagem como uma situação que provém de causas que se referem à estrutura 
individual da criança, tornando-se necessária uma intervenção psicopedagógica 
mais direcionada. 
Fracasso escolar afeta o aprender do sujeito em suas manifestações sem 
chegar a aprisionar a inteligência: muitas vezes surge do choque entre o 
aprendente e a instituição educativa que funciona de forma segregadora. 
“Para entendê-lo e abordá-lo, devemos apelar para a situação promotora do 
bloqueio (FERNANDEZ, 2001, apud SANTOS, 2009, p. 9). 
 
 
 
 
17 
 
Muitas terminologias têm sido utilizadas para definir o que vem a ser o 
insucesso acadêmico, a não aprendizagem, o fracasso escolar, que se manifestam 
no contexto da escola, pela incapacidade de o aluno apropriar-se de um 
determinado conhecimento e/ou conteúdo, esperado para sua idade/série. Para 
compreender essa incapacidade de o aluno apropriar-se de certos conteúdos, 
buscamos explicações nos postulados de Piaget, as quais nos elucidam que a 
aquisição do conhecimento depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como 
de sua relação com o objeto. 
Portanto, o professor deve estar atento às fases do desenvolvimento da 
criança para que ele possa intervir adequadamente, proporcionando situações 
educativas que vão ao encontro do seu nível de compreensão e abstração dela para 
que haja uma aprendizagemefetiva. Seria uma troca de meios para que esse 
desenvolvimento ocorra, fatores internos e externos intercalando-se. Porém, 
dependendo do nível intelectual da constituição mental, pode não haver um 
potencial para as novas acomodações. 
A partir disso pode-se entender que uma criança é tida com dificuldades de 
aprendizagem, quando apresenta desvios em relação à expectativa de 
comportamento do grupo etário a que pertence, ou seja, quando ela não está 
ajustada aos padrões da maioria desse grupo e, portanto, seu comportamento é 
perturbado, diferente dos demais. Como consequência da dificuldade de 
aprendizagem, os alunos podem apresentar baixos níveis de autoestima e de 
autoconfiança, o que pode conduzir à falta de motivação, afastamento, crises de 
ansiedades e estresse e até mesmo depressão. 
A dificuldade que mais é encontrada na atualidade é a dislexia. Porém, é 
necessário estarmos atentos a outros sérios problemas como: disgrafia, 
disortografia, discalculia, dislalia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade). 
 
 
 
 
 
 
18 
 
6.1 Dislexia 
 
Fonte: ayudartepsicologia.com 
Dislexia: (origem grega, da contração das palavras dis= difícil, prejudicada, e 
lexis= palavra). Caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e 
soletração. Portanto, dislexia é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o 
aluno de ser fluente, pois faz trocas e omissões de letras, inverte sílabas, apresenta 
leitura lenta, silabada, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam 
que suas causas têm origem de fatores genéticos, porém ainda nada foi 
comprovado pela medicina. 
Falha no processamento da habilidade da leitura e escrita durante o 
desenvolvimento. A dislexia como um atraso do desenvolvimento ou a 
diminuição em traduzir sons em símbolos gráficos e compreender qualquer 
material escrito é o mais incidente dos distúrbios específicos da 
aprendizagem, com cifras girando em torno a 15% da população com 
distúrbios da aprendizagem, sendo dividida em três tipos: visual, mediada 
pelo lóbulo occipital, fonológica mediada pelo lóbulo temporal, e mista com 
mediação das áreas frontal, occipital, temporal e pré-frontal.( SIASCA, 2005, 
apud SANTOS, 2009, p.11). 
A dislexia costuma ser identificada nas salas de alfabetização por ser mais 
frequentemente caracterizada pela dificuldade na aprendizagem da decodificação 
das palavras, na leitura precisa e fluente e na fala, sendo comum provocar uma 
defasagem inicial de aprendizado. Pessoas disléxicas apresentam dificuldades na 
associação do som à letra (o princípio do alfabeto); também costumam trocar letras, 
b com d, ou mesmo escrevê-las na ordem inversa, "ovóv" para vovó. 
 
 
 
 
19 
 
A dislexia, contudo, não é um problema visual; envolve o processamento da 
fala e escrita no cérebro, sendo comum também confundir a direita com a esquerda 
no sentido espacial. Esses sintomas podem coexistir ou mesmo confundirem-se com 
características de vários outros fatores de dificuldade de aprendizagem, tais como o 
déficit de atenção/hiperatividade, dispraxia, discalculia ou disgrafia. Contudo a 
dislexia e as desordens do déficit de atenção e hiperatividade não estão 
correlacionadas com problemas de desenvolvimento. 
6.2 Dislexia como fracasso inesperado 
A dislexia é uma síndrome estudada no âmbito da Dislexiologia, um dos 
ramos da Psicolinguística Educacional. A Dislexiologia, definida como ciência da 
dislexia, é um termo criado, referindo-se aos estudos e pesquisas, no campo da 
Psicolinguística, que tratam das dificuldades de aprendizagem relacionadas com a 
linguagem escrita (dislexia, disgrafia e Disortografia). 
A dislexia, é um defeito de aprendizagem da leitura caracterizado por 
dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal 
reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal identificados. À dislexia, segundo o 
linguista, interessa de modo preponderante tanto a discriminação dos signos 
fonéticos quanto o reconhecimento dos signos gráficos ou a transformação dos 
escritos em signos verbais. 
A dislexia, para a Linguística, não é uma doença, mas um fracasso 
inesperado (defeito) na aprendizagem da leitura, sendo, pois, uma síndrome de 
origem linguística. As causas ou a etiologia da síndrome disléxica são várias e 
dependem do enfoque ou da análise do investigador. 
Muitas das causas da dislexia foram identificadas a partir de estudos 
comparativos entre disléxicos e bons leitores. Podemos indicar as seguintes: 
a) Hipótese de déficit perceptivo; 
b) Hipótese de déficit fonológico, e 
c) Hipótese de déficit na memória. 
Atualmente, os investigadores da área de Psicolinguística aplicada à 
educação escolar apresentam a hipótese de déficit fonológico como a que 
justificaria, por exemplo, o aparecimento de disléxicos com confusão espacial e 
 
 
 
 
20 
 
articulatória. Desse modo, são considerados sintomas da dislexia relativos à leitura e 
escrita os seguintes erros: 
Erros por confusões na proximidade especial: 
a) Confusão de letras simétricas; 
b) Confusão por rotação e 
c) Inversão de sílabas. 
d) Confusões por proximidade articulatória e sequelas de distúrbios de 
fala: 
e) Confusões por proximidade articulatória; 
f) Omissões de grafemas, e 
g) Omissões de sílabas. 
As características linguísticas mais marcantes das crianças disléxicas, 
envolvendo as habilidades de leitura e escrita, são: 
a) A acumulação e persistência de erros de soletração, ao ler, e de 
ortografia, ao escrever; Confusão entre letras, sílabas ou palavras com 
diferenças sutis de grafia: a-o; co; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u; etc; 
Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com 
diferente orientação no espaço: b-d; b-p; d-b; d-p; d-q; n-u; w-m; a-e; 
b) Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e, 
cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x;c-g;m-b-p; v-f; 
Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; 
som-mos; sal-las; pal-pla. 
Outras perturbações da aprendizagem podem acompanhar os disléxicos: 
Alterações na memória 
Alterações na memória de séries e sequências 
Orientação direita-esquerda 
Linguagem escrita 
Dificuldades em matemática 
Confusão com relação às tarefas escolares 
Pobreza de vocabulário 
Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo) 
Alguns fatores de ordem pedagógico linguística podem favorecer a aparição 
das dislexias, como, por exemplo, a atuação de docente não qualificado para o 
 
 
 
 
21 
 
ensino da língua materna (um professor ou professora sem formação superior na 
área de magistério escolar ou sem formação pedagógica, em nível médio, que 
desconheça a fonologia aplicada à alfabetização ou sem conhecimentos linguísticos 
e metalinguísticos aplicados aos processos de leitura e escrita). 
 Crianças com tendência à inversão 
 Crianças com deficiência de memória de curto prazo 
 Crianças com dificuldades na discriminação de fonemas (vogais e 
consoantes) 
 Vocabulário pobre 
 Alterações na relação figura-fundo 
 Conflitos emocionais 
 O meio social 
 As crianças com dislalia 
 Crianças com lesão cerebral 
 No caso da criança em idade escolar, a psicolinguística define a dislexia 
como um fracasso inesperado na aprendizagem da leitura (dislexia), da escrita 
(disgrafia) e da ortografia (disortografia) na idade prevista em que essas habilidades 
já devem ser automatizadas. É o que se denomina de dislexia de desenvolvimento. 
No caso de adulto, quando ocorrem tais dificuldades, depois de um acidente 
vascular cerebral (AVC) ou traumatismo cerebral, dizemos que se trata de dislexia 
adquirida. 
A dislexia, como dificuldade de aprendizagem, verificada na educação 
escolar, é um distúrbio de leitura e de escrita que ocorre no início da alfabetização. 
Em geral, a criança tem dificuldade em aprender a ler eescrever e, especialmente, 
em escrever corretamente sem erros de ortografia, mesmo tendo o Quociente de 
Inteligência (QI) acima da média. Devem ser excluídas do diagnóstico do transtorno 
da leitura as crianças com deficiência mental, com escolarização escassa ou 
inadequada e com déficits auditivos ou visuais. 
 
 
 
 
22 
 
6.3 Disgrafia 
 
Fonte: educamais.com 
A disgrafia é um transtorno da psicomotricidade, que afeta como uma criança 
associa a grafia da letra, bem como quão claramente a criança utilizará a linguagem 
escrita para expressar suas ideias e pensamentos. Assim, manifesta-se tanto em 
relação à caligrafia quanto em relação à coerência. 
 A palavra “disgrafia”, de origem grega, vem dos termos “graph”, que se 
refere à função da mão em escrever e às letras formadas pela mão, o prefixo “dys”, 
que indica a existência de um prejuízo, e o sufixo “ia” que faz referência a ter uma 
condição. Assim, disgrafia seria uma condição de prejuízo em formar letras pela 
mão, ou seja, indica deficiência em caligrafia e às vezes também em ortografia. O 
prejuízo na caligrafia pode interferir na aprendizagem ortográfica e para soletrar 
letras no processo de escrita. Apesar de raro, em alguns casos a criança apresenta 
dificuldades na ortografia, mas não na caligrafia e leitura. 
 De uma forma geral, essas são as características principais de cada tipo de 
Disgrafia: 
a) Na Disgrafia Disléxica a escrita espontânea de um texto é ilegível, 
especialmente quando o texto é complexo. A soletração oral é pobre, 
mas a cópia de texto e o desenho são relativamente normais. A 
velocidade de digitação com o dedo indicador, uma medida de 
velocidade motora fina, é normal; 
 
 
 
 
23 
 
b) Na Disgrafia Motora, tanto a escrita espontânea quanto a cópia de um 
texto pode ser ilegível, a soletração oral é normal e o desenho 
frequentemente é problemático. A velocidade de digitação com o dedo 
indicador é anormalmente lenta; 
c) Já na Disgrafia Espacial a escrita é ilegível, seja espontânea ou na 
cópia. A soletração oral e a velocidade de digitação com o dedo 
indicador são normais, mas o desenho é problemático. 
Normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e 
inversão de letras consequentemente apresenta dificuldade na escrita. Além disso, 
está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e 
desorganização ao produzir um texto. A habilidade de escrita está abaixo do nível 
esperado para idade cronológica, escolaridade e inteligência, associada ou não ao 
transtorno de leitura. 
[...] falha na aquisição da escrita; implica uma inabilidade ou diminuição no 
desenvolvimento da escrita. Atinge 5 a 10% da população escolar e pode 
ser dos seguintes tipos: disgrafia do pré-escolar: construção de frases: 
ortográfica e gramatical: caligrafia e espacialidade. (SIASCA, 2005, apud 
SANTOS, 2009, p.15). 
6.4 Disortografia 
 
Fonte: madridlogopedia.com 
É a dificuldade da linguagem escrita e também pode acontecer como 
consequência da dislexia. É um quadro, muitas vezes, descrito como característico 
 
 
 
 
24 
 
da disgrafia. Esse transtorno da escrita apresenta-se como uma persistência de 
trocas de natureza ortográfica (como ch por x, ou s por z, e vice-versa), aglutinações 
(de repente/derepente, tem que/temque), fragmentações (em baraçar); inversões 
(in/ni, es/se) e omissões (beijo/bejo), após a 2ª série do Ensino Fundamental ou 
equivalente. Estas alterações devem ser observadas com determinada frequência, e 
em vocabulário conhecido pelo aluno. 
“Perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por 
dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em 
compor textos escritos. As dificuldades centram-se na organização, 
estruturação e composição de textos escritos; a construção frásica é pobre 
e geralmente curta, observa-se a presença de múltiplos erros ortográficos e 
[por vezes] má qualidade gráfica. ” (Pereira, 2009, apud COELLHO, 2012 p. 
10). 
Uma criança com disortografia demonstra, geralmente, falta de vontade para 
escrever e os seus textos são reduzidos, com uma organização pobre e pontuação 
inadequada. A sua escrita evidencia numerosos erros ortográficos de natureza muito 
diversa: 
 Erros de caráter linguístico-perceptivo - omissões, adições e inversões de 
letras, de sílabas ou de palavras; - troca de símbolos linguísticos que se parecem 
sonoramente (“faca”/“vaca”). 
Erros de caráter visoespacial - substitui letras que se diferenciam pela sua 
posição no espaço (“b”/“d”); - confunde-se com fonemas que apresentam dupla 
grafia (“ch”/“x”); - omite a letra “h”, por não ter correspondência fonêmica. 
Erros de caráter visoanalítico - não faz sínteses e/ou associações entre 
fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer sentido. Erros relativos ao 
conteúdo - não separa sequências gráficas pertencentes a uma dada sucessão 
fónica, ou seja, une palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta sílabas 
pertencentes a duas palavras (“no diaseguinte”) ou separa palavras incorretamente. 
Erros referentes às regras de ortografia - não coloca “m” antes de “b” ou “p”; - 
ignora as regras de pontuação; - esquece-se de iniciar as frases com letra 
maiúscula; - desconhece a forma correta de separação das palavras na mudança de 
linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen. De uma forma geral, a 
caraterística mais comum nas crianças com disortografia é, sem dúvida, a ocorrência 
de erros ortográficos, sejam estes de caráter linguístico-perceptivo, visoespacial, 
visoanalítico, de conteúdo ou referentes às regras de ortografia. No entanto, quando 
 
 
 
 
25 
 
intervimos junto destes indivíduos, devemos ter a noção de que outros aspetos 
estão envolvidos no ato da escrita e, consequentemente, importa trabalhá-los. 
6.5 Discalculia 
 
Fonte: neurosaber.com.br 
É a dificuldade em lidar com cálculos, numerais e quantidades, prejudicando 
as atividades de vida diária que envolvem essas habilidades e conceitos. De acordo 
com o DSM (Manual de diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais), em 
indivíduos com transtornos da Matemática, a capacidade para a realização de 
operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático encontra-se 
substancialmente inferior à média esperada para sua idade cronológica, capacidade 
intelectual e nível de escolaridade. 
[...] discalculia é uma falha na aquisição da capacidade e na habilidade de 
lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Basicamente, a dificuldade 
está no reconhecimento do número e do raciocínio matemático. Atinge de 5 
a 6% da população com dificuldade de aprendizagem e envolve dificuldade 
na percepção, memória, abstração, leitura, funcionamento motor; combina 
atividades dos dois hemisférios. (SIASCA, 2005, apud SANTOS, 2009, 
p.15). 
As crianças com discalculia apresentam, em testes de inteligência, 
desempenhos superiores nas funções verbais comparativamente às funções não 
verbais, isto é, um QI verbal superior ao QI não verbal/realização. São crianças que 
revelam um ritmo de trabalho muito lento usando, muitas vezes, os dedos para 
 
 
 
 
26 
 
contar. São ansiosas, desmotivadas e têm receio de fracassar, consequência do 
menosprezo ou repressão por parte dos colegas de turma, professores e/ou 
pais/familiares. 
 Uma criança discalcúlica apresenta dificuldades a vários níveis: 
a) Na compreensão e memorização de conceitos matemáticos, regras 
e/ou fórmulas; 
b) Na sequenciação de números (antecessor e sucessor) ou em dizer 
qual de dois é o maior; 
c) Na diferenciação de esquerda/direita e de direções (norte, sul, este, 
oeste); 
d) Na compreensão de unidades de medida; - em tarefas que impliquem a 
passagem de tempo (ver as horas em relógios analógicos); - em 
tarefas que implicam lidar com dinheiro; 
e) Na resolução de operações matemáticas através de um problema 
proposto (podem compreender “3+2=5”, mas incapazes de resolver“A 
Maria tem três bolas e o João tem duas; quantas bolas têm no total? ”); 
f) Na correspondência um a um/correspondência recíproca; 
g) Na conservação de quantidades; - na utilização do compasso ou até 
mesmo da calculadora (reconhecimento dos dígitos e símbolos 
matemáticos). 
Estas dificuldades podem conduzir, em casos extremos, a uma fobia à 
matemática. 
Enfim, sabe-se que no cotidiano escolar pode se encontrar uma multiplicidade 
de alunos com dificuldades de aprendizagem, mas que, na maioria das vezes, não 
são identificadas a eles não são atendidos em suas reais necessidades. 
Talvez a maioria das dificuldades não tenha causas orgânicas e não esteja 
relacionada às atividades cognitivas da criança, mas seja resultado de problemas 
educativos ou ambientais. Estratégias de ensino ineficientes podem prejudicar o 
nível de sucesso das crianças na realização de tarefas, gerando problemas como 
falta de autoconfiança e efeitos negativos sobre a aprendizagem comprometendo 
aspectos como a atenção, concentração, memória, coordenação motora e outros. 
Verificamos que a maioria dos professores não recebeu formação docente, para 
atuar junto a alunos com dificuldades de aprendizagem, decorrentes dos problemas 
 
 
 
 
27 
 
apresentados. Muitas vezes utilizam práticas pedagógicas incompatíveis com as 
necessidades educacionais especiais dos referidos alunos, que, por consequência, 
não alcançam os resultados esperados em seu processo de aprendizagem. 
7 RECURSOS A SEREM USADOS NO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA 
 
Fonte: guiadoestudante.abril.com.br 
O Código de Ética da Psicopedagogia, em seu Capítulo I – Dos Princípios – 
Artigo 1º afirma que o psicopedagogo pode utilizar procedimentos próprios da 
Psicopedagogia, procedimentos próprios de sua área de atuação. 
O psicopedagogo pode usar como recursos a entrevista com a família; 
investigar o motivo da consulta; conhecer a história de vida da criança, realizando a 
anamnese; entrevistar o aluno; fazer contato com a escola e outros profissionais que 
atendam a criança; manter os pais informados do estado da criança e da 
intervenção que está sendo realizada; realizar encaminhamentos para outros 
profissionais, quando necessário. 
Outros recursos, também podem ser utilizados como as Provas de 
Inteligência (WISC); Testes Projetivos; Avaliação perceptomotora (Teste de Bender); 
Teste de Apercepção Infantil (CAT.); Teste de Apercepção Temática (TAT.); Provas 
de nível de pensamento (Piaget); Avaliação do nível pedagógico (nível de 
escolaridade); Desenho da família; Desenho da figura humana; Teste HTP (casa, 
 
 
 
 
28 
 
árvore e pessoa); Testes psicomotores; Lateralidade; Estruturas rítmicas... no 
entanto, vale ressaltar que alguns destes testes (Wisc, Teste de Bênder, CAT, TAT, 
Testes Projetivos), aqui no Brasil, são considerados de uso exclusivo de psicólogos. 
Para evitar atritos, o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver atividades que 
possibilitem fazer as mesmas observações que tais testes. 
Ele também pode organizar uma equipe multidisciplinar, de maneira a que se 
faça uma avaliação de todos os aspectos sobre os quais recai nossa hipótese 
diagnóstica inicial. Exemplos: teste de inteligência (psicólogos); testes de audição e 
de linguagem (fonoaudiólogos). Os pedagogos especialistas em psicopedagogia, 
podem usar testes como o TDE, Metropolitano, ABC, Provas Piagetianas, provas 
pedagógicas, etc. 
O uso de jogos também é sugerido como recurso, considerando que o sujeito 
através deles pode manifestar, sem mecanismos de defesas, os desejos contidos 
em seu inconsciente. Além do mais, no enfoque psicopedagógico os jogos 
representam situações-problemas a serem resolvidos, pois envolvem regras, 
apresentam desafios e possibilita observar como o sujeito age frente a eles, qual sua 
estrutura de pensamento, como reage diante de dificuldades. 
8 ETAPAS DO DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico psicopedagógico é composto de várias etapas que se 
distinguem pelo objetivo da investigação. Desta forma, temos a anamnese só com 
os pais ou com toda a família para a compreensão das relações familiares e sua 
relação com o modelo de aprendizagem do sujeito; a avaliação da produção escolar 
e dos vínculos com os objetivos de aprendizagem escolar; a avaliação de 
desempenho em teste de inteligência e viso-motores; a análise dos aspectos 
emocionais por meio de testes e sessões lúdicas, entrevistas com a escola ou outra 
instituição em que o sujeito faça parte; etc. Esses momentos podem ser estruturados 
dentro de uma sequência diagnóstica estabelecida. 
Existem diferentes modelos de sequência diagnóstica. As etapas que 
compõem o modelo e o caracterizam: 
1) Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.); 
2) Entrevista de anamnese; 
 
 
 
 
29 
 
3) Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças); 
4) Provas e Testes (quando necessário); 
5) Síntese diagnóstica – Prognóstico; 
6) Entrevista de Devolução e Encaminhamento. Estas etapas podem ser 
modificadas quanto a sua sequência e maneira de aplicá-las, de acordo com cada 
prática psicopedagógico. 
9 ENTREVISTA FAMILIAR EXPLORATÓRIO SITUACIONAL (E.F.E.S.) 
Visa a compreensão da queixa nas dimensões da escola e da família, a 
captação das relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, 
a expectativa em relação ao psicopedagogo, a aceitação e o engajamento do 
paciente e de seus pais no processo diagnóstico e o esclarecimento do que é um 
diagnóstico psicopedagógico. Nesta entrevista, pode-se reunir os pais e a criança. É 
importante que nessa entrevista sejam colhidos dados relevantes para a 
organização de um sistema consistente de hipóteses que servirá de guia para a 
investigação na próxima sessão. 
10 ENTREVISTA DE ANAMNESE 
É uma entrevista, com foco mais específico, considerada como um dos 
pontos cruciais de um bom diagnóstico, visando colher dados significativos sobre a 
história do sujeito na família, integrando passado, presente e projeções para o 
futuro, permitindo perceber a inserção deste na sua família e a influência das 
gerações passadas neste núcleo e no próprio. 
Na anamnese, são levantados dados das primeiras aprendizagens, evolução 
geral do sujeito, história clínica, história da família nuclear, história das famílias 
materna e paterna e história escolar. O psicopedagogo deverá deixá-los à vontade 
“[...]para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e 
sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos 
nevrálgicos ligada à aprendizagem. ” (WEISS, 1992, apud UHLMANN 
2018, p. 227). 
 
 
 
 
 
30 
 
A história vital permitirá detectar o grau de individualização que a criança tem com 
relação à mãe e a conservação de sua história nela. É importante iniciar a entrevista 
falando sobre a gravidez, pré-natal, concepção. A história do paciente tem início no 
momento da concepção e vêm reforçar a importância desses momentos na vida do 
indivíduo e, de algum modo, nos aspectos inconscientes de aprendizagem. 
Algumas circunstâncias do parto como falta de dilatação, circular de cordão, 
emprego de fórceps, adiamento de intervenção de cesárea, costuma ser causa da 
destruição de células nervosas que não se reproduzem e também de posteriores 
transtornos, especialmente no nível de adequação perceptivo motriz. 
É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito 
pela família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos 
pais em relação ao filho. Posteriormente é importante saber sobre as primeiras 
aprendizagens não escolares ou informais, tais como: como aprendeu a usar a 
mamadeira, o copo, a colher, como e quando aprendeu a engatinhar, a andar, a 
andar de velocípede, a controlar os esfíncteres, etc. A intenção é descobrir em que 
medida a família possibilita o desenvolvimento cognitivo da criança – facilitando aconstrução de esquemas e deixando desenvolver o equilíbrio entre assimilação e 
acomodação. 
Também é interessante saber sobre a evolução geral da criança, como 
ocorreram seus controles, aquisição de hábitos, aquisição da fala, alimentação, 
sono; se ocorreram na faixa normal de desenvolvimento ou se houve defasagens. 
Se a mãe não permite que a criança faça as coisas por si só, não permite também 
que haja o equilíbrio entre assimilação e acomodação. Alguns pais retardam este 
desenvolvimento privando a criança de, por exemplo, comer sozinha para não se 
lambuzar, é o chamado de hipoassimilação, ou seja, os esquemas de objeto 
permanecem empobrecidos, bem como a capacidade de coordená-los. 
Por outro lado, há casos de internalização prematura dos esquemas, é o 
chamado de Hiperassimilação, pais que forçam a criança a fazer determinadas 
coisas das quais ela ainda não está preparada para assimilar, pois seu organismo 
ainda está imaturo, o que acaba influenciando negativamente o pensamento da 
criança. É interessante saber se as aquisições foram feitas pela criança no momento 
esperado ou se foram retardadas ou precoces. 
 
 
 
 
31 
 
Saber sobre a história clínica, quais doenças, como foram tratadas, suas 
consequências, diferentes laudos, sequelas também é de grande relevância, bem 
como a história escolar, quando começou a frequentar a escola, sua adaptação, 
primeiro dia de aula, possíveis rejeições, entusiasmo, porque escolheram aquela 
escola, trocas de escola, enfim, os aspetos positivos e negativos e as 
consequências na aprendizagem. 
Todas estas informações essenciais da anamnese devem ser registradas 
para que se possa fazer um bom diagnóstico. 
11 SESSÕES LÚDICAS CENTRADAS NA APRENDIZAGEM (PARA CRIANÇAS) 
São fundamentais para a compreensão dos processos cognitivos, afetivos e 
sociais, e sua relação com o modelo de aprendizagem do sujeito. A atividade lúdica 
fornece informações sobre os esquemas do sujeito. 
Neste tipo de sessão, observa-se a conduta do sujeito como um todo, 
colocando também um foco sobre o nível pedagógico, contudo deve-se ter como 
postulado que sempre estarão implicados o seu funcionamento cognitivo e suas 
emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações. Pode-se avaliar através do 
desenho, a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e 
harmoniosa e elaborar a emoção. 
[...] o brinquedo exerce enorme influência na promoção do desenvolvimento 
infantil, apesar de não ser o aspecto predominante na infância. [...] o termo 
brinquedo refere-se essencialmente ao ato de brincar, à atividade. 
(VYGOTSKY, 2007, apud UHLMANN 2018, p. 228). 
O lúdico como instrumento de aprendizagem na atuação do psicopedagogo, 
tem a importância de se compreender as dificuldades de aprendizagem, observando 
individualmente na sessão diagnóstica e por meio de orientação correta fornecer o 
desenvolvimento em relação a essa dificuldade apresentada onde o sujeito estará 
naturalmente desenvolvendo a coordenação motora, a atenção, a expressão 
corporal, estimulando a iniciativa, trabalhando a oralidade, o raciocínio lógico, dentre 
outros aspectos. O momento em que a criança esteja em contato com o lúdico, 
torna-se precioso, pois expõe suas aptidões, mantém a concentração e 
produtividade. Mesmo que não se obtenha resultado final esperado, é por meio da 
 
 
 
 
32 
 
forma como a criança brinca que o psicopedagogo estará analisando-a, conhecendo 
o comportamento e interagindo com a mesma. 
“[...] o lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua própria ligação 
com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preestabelecidas, 
nem velhos caminhos já trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando 
outros possíveis”. (ALVES, 1987, apud UHLMANN 2018, p. 228). 
A atividade lúdica mostrará o que se sabe de forma descontraída, sem a 
necessidade de comandos com aplicação de atividades adequadas à idade do 
sujeito objetivando a exposição das dificuldades relatadas, ou evidenciando que 
talvez não existam, faltando apenas estímulo ou forma correta para se trabalhar com 
a aplicação dos processos de aprendizagem. É na sessão lúdica que se observa a 
conduta do sujeito como um todo, colocando também um foco sobre o nível 
pedagógico e trabalhando as questões que precisam ser desenvolvidas para a 
autonomia do sujeito. O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na 
criança, aquilo que na vida real passa despercebido por ser natural, torna-se regra 
quando trazido para a brincadeira. Baseados nisso pode-se perceber o quanto a 
ludicidade que abrange os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, tem relevância 
em função de serem tão característicos à infância e em função disto devem ser de 
atuação do psicopedagogo tanto nas atividades avaliativas como nas interventivas. 
11.1 Área Psicomotora 
A área psicomotora avalia os aspectos psicomotores e o desenvolvimento 
físico do indivíduo. Cada pessoa tem suas próprias características, que são únicas 
para cada indivíduo, as pessoas agem de acordo com sua vivência desde o 
nascimento. 
É de fundamental importância, os sentimentos e emoções durante a fase de 
desenvolvimento do seu esquema corporal, para não refletir na possível falta de 
coordenação motora, agressividade, mau humor, apatia, que poderão ser 
manifestados em seu comportamento, podendo prejudicar a aprendizagem, o 
funcionamento cognitivo. 
 
 
 
 
33 
 
Os aspectos psicomotores revelam a importância de um trabalho educativo 
para a organização da personalidade. É importante ressaltar que as atividades 
devem ser determinadas de acordo com a faixa etária das crianças. 
[...] "a avaliação psicomotora possibilita ao professor verificar se os 
conhecimentos e as atividades propostas estão adequados e cumprindo 
suas funções". (MARINHO, 2007, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 12). 
 
Na avaliação psicopedagógica clínica é necessário investigar vários aspectos 
como coordenação motora fina; coordenação motora global; equilíbrio estático; 
equilíbrio dinâmico; lateralidade; esquema corporal; orientação espacial; orientação 
temporal; tonicidade e todas as percepções que são visuais, auditivas, tátil, olfativa, 
motora e espacial. 
11.2 Área Pedagógica 
A área pedagógica avalia o nível pedagógico, principalmente no âmbito da 
leitura, escrita e cálculo matemático. Deve-se fazer uma análise detalhada do 
material escolar do aluno. O caderno do aluno dá muitas dicas do tamanho da letra, 
orientação espacial e uso da força para a escrita. 
De acordo com as atividades que o psicopedagogo irá proporcionar, deverá 
situar o nível em que se encontra o sujeito, que são: pré-silábico, silábico, silábico-
alfabético e alfabético. 
Existem várias atividades investigativas para esta área, citadas a seguir. 
Prova do realismo nominal, que tem como objetivo perceber se o educando 
vê a palavra como característica do objeto ou como representação da escrita do 
objeto, observando a quantidade de caracteres, momento da relação entre números 
e letras, características do texto lido, distinção entre letras e sinais gráficos, 
orientação espacial da leitura, leitura com imagens, palavras e orações, leitura sem 
imagens e leitura de orações. 
Na observação de leitura tem que analisar a fluência, o reconhecimento de 
palavras, a reação diante de palavras desconhecidas, utilização do contexto, uso da 
voz e hábitos de postura. Na leitura compreensiva investigar como o sujeito 
compreende e interpreta o texto. 
 
 
 
 
34 
 
O ditado topológico pode também ser feito com gravuras, ordenação de 
figuras e o ditado propriamente dito. 
Na amostra da linguagem oral, através de gravuras e suas consignas, deve-
se observar durante a oralidade, sua pronúncia, vocabulário e sintaxe oral. 
Desempenho lógico-matemático, onde serão observados a disponibilidade 
para a atividade, facilidades e dificuldades para operações e situações problemas e 
as próprias atividadesdo conteúdo escolar do sujeito. 
11.3 Área Social 
A área social está vinculada com as demais áreas, principalmente com a área 
afetiva, engloba vários dados do sujeito, as dificuldades que o levam a não 
aprendizagem e como a família encara estas dificuldades de aprendizagem. 
Ainda faltam alguns aspectos para serem analisados para que se chegue ao 
diagnóstico de uma avaliação psicopedagógica clínica. 
Como o Teste de Audibilização, onde será avaliado a discriminação fonética, 
memória, conceituação e identificação de palavras e situações, organização sintático 
semântica e compreensão do vocabulário. A Orientação Temporal observa como o 
sujeito se situa perante o tempo. 
A Informação Social avalia aspectos gerais como nome e idade dos 
familiares, endereço, suas brincadeiras, hábitos alimentares, programas de televisão 
preferidos, amigos, seus gostos e pessoas do seu convívio. 
Teste de Snellen é o teste do "E" Mágico, onde será observada a postura do 
sujeito às mudanças de posição da letra E, como também, se apresentou algum 
sintoma físico, comportamental, reclamações e a postura do indivíduo quando está 
olhando para objetos distantes e quando está lendo. A Anamnese também faz parte 
desta área social. 
Na Avaliação das capacidades básicas para aprendizagem, pode-se fazer um 
apanhado geral para a análise de informações como exercícios prontos para finalizar 
esta avaliação, que podem ser referentes a coordenação motora fina, noção de 
causalidade, orientação espacial, lateralidade, orientação temporal, discriminação 
visual, discriminação auditiva, noção de tamanho, de distância, de quantidade, 
percepção, análise e síntese. 
 
 
 
 
35 
 
Nos jogos diversos poderão ser avaliadas todas as áreas através da 
aplicação destes jogos. Atividades complementares para confirmação das hipóteses 
levantadas também podem ser usadas. 
12 PROVAS E TESTES 
 
Fonte: escolaterrafirme.com.br 
As provas e testes podem ser usadas, se necessário, para especificar o nível 
pedagógico, estrutura cognitiva e/ou emocional do sujeito. O uso de provas e testes 
não é indispensável em um diagnóstico psicopedagógico, representa um recurso a 
mais a ser utilizado quando necessário. É uma complementação que funciona com 
situações estimuladoras que provocam reações variadas. 
Existem diversos testes e provas que podem ser utilizados num diagnóstico, 
como as provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém de uso exclusivo 
de psicólogos, CIA, RAVEN); provas de nível de pensamento (Piaget); avaliação do 
nível pedagógico (atividades com base no nível de escolaridade, E.O.C.A.); 
avaliação perceptomotora (Teste de Bender, que tem por objetivo avaliar o grau de 
maturidade visomotora do sujeito); testes projetivos (CAT, TAT, Desenho da família; 
Desenho da figura humana; Casa, árvore e pessoa - HTP, também são de uso de 
psicólogos); testes psicomotores e jogos psicopedagógicos. 
As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de 
aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o 
nível de pensamento alcançado pela criança. 
 
 
 
 
36 
 
A área cognitiva avalia o processo de desenvolvimento cognitivo do indivíduo. 
Deve-se estar atento para concentração, atenção, memória, autonomia e percepção. 
Busca entender o processo de lógica, ou seja, o raciocínio lógico deste sujeito, se o 
pensamento equivale com a faixa etária do avaliando. 
"as estruturas cognitivas evoluem à medida que a criança cresce, 
permitindo novas aprendizagens e possibilitando a ela adquirir os conteúdos 
formais”. (NOGUEIRA, 2011, apud ESPÍNDOLA, 2016, p. 10). 
Para o uso da análise da área cognitiva, recomenda-se o uso das provas 
operatórias criadas por Jean Piaget, que são as provas de conservação, 
classificação e seleção. Através destas provas pode-se ter uma visão do diagnóstico 
operatório, mas jamais rotular o avaliando. Com elas podemos perceber se o sujeito 
tem noção de identidade, compensação, reversibilidade, causalidade, quantificação, 
raciocínio lógico, estrutura do pensamento, tempo e espaço. 
Estas provas dão a percepção do funcionamento e desenvolvimento das 
funções lógicas do sujeito. 
As provas de conservação são divididas em provas de conservação de 
pequenos conjuntos discretos de elementos; prova de conservação das quantidades 
de líquidos (transvasamento); prova de conservação da quantidade de matéria; 
prova de conservação do comprimento; prova de conservação do peso e prova de 
conservação do volume. 
Já as provas de classificação são divididas em prova de mudança de critério 
(dicotomia); prova de quantificação da inclusão de classes e prova de intersecção de 
classes. 
A prova de seriação de palitos analisa a capacidade de a criança seriar. Para 
as crianças com 12 anos ou mais pode-se usar a prova de combinações de duplas 
para pensamento formal e prova de permutações possíveis com um conjunto 
determinado de fichas. Não é necessário a aplicação de todas as provas, somente 
as que o psicopedagogo julgar imprescindíveis para o caso que está avaliando. 
Para cada prova devem ser usadas as suas próprias consignas, suas 
transformações, argumentações, contra argumentações, justificativas e retorno 
empírico. 
As respostas argumentadas por critérios de identidade ocorrem quando o 
sujeito consegue perceber que nada foi acrescentado ao material da prova. Os 
 
 
 
 
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critérios de identidade subjetiva ocorrem quando o sujeito tem a percepção de que 
continua a mesma quantidade de material. A reversibilidade é quando o sujeito 
questiona o retorno empírico. A compensação é quando o sujeito consegue perceber 
e argumentar compensando as formas apresentadas, ou seja, se está mais esticado, 
se achata ou divide. 
Estas provas são avaliadas por três níveis. O nível 1 de não-conservação, 
que estabelece a identidade inicial, quando o sujeito não consegue responder as 
perguntas corretamente, ou seja, dando respostas não conservadoras. O nível 2 de 
transição ou intermediário, oscila entre as respostas de conservação e não-
conservação. O nível 3 de conservação, dá respostas conservadoras, apresentando 
raciocínio de identidade, ou seja, percebe que nada foi acrescentado ou retirado. A 
reversibilidade, quando percebe que mesmo após as transformações, o material é o 
mesmo. E a compensação quando tem a noção que houve o processo de 
compensar. 
Com estas provas, o psicopedagogo investiga a dificuldade do sujeito e pode 
retomar o processo partindo da constatação da dificuldade, portanto é fundamental o 
olhar psicopedagógico. 
13 EOCA 
EOCA é a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, elaborada por 
Jorge Visca, aplicada aos sujeitos em processo de aprendizagem. É o primeiro 
momento do psicopedagogo com o avaliando que traz a queixa, com o objetivo de 
observação e das reações do sujeito frente à aprendizagem. O profissional precisa 
conhecer melhor a maneira como a criança aprende a fazer o que lhe ensinam. 
Os materiais são deixados sobre uma mesa, que podem ser: lápis de cor, giz 
de cera, massa de modelar, caneta hidrocor, régua, barbante, palitos de sorvete, 
borracha, tesoura, cola, papel pautado, papel sulfite, papel colorido, revistas, gibis, 
livros de acordo com a faixa etária do avaliando, jogos, lápis grafite sem ponta, para 
que se possa observar a iniciativa do sujeito. Utilizar materiais que sejam coerentes 
com o ambiente do sujeito. 
Diante da mesa com todos os materiais já dispostos segue para a aplicação 
da EOCA, deve-se seguir as seguintes consignas. 
 
 
 
 
38 
 
Consigna de abertura ou inicial, "Gostaria que você me mostrasse o que sabe 
fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu". Caso o sujeito não se manifeste, 
parte para a consignação múltipla. 
Consigna múltipla, "Você pode ler, escrever, pintar, desenhar, recortar, 
calcular, pode fazer o que quiser". Esta será uma opção, caso ele não respondaa 
consigna de abertura, onde você irá mostrar várias opções de acordo com os 
materiais presentes na mesa. 
Consigna fechada, "Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já 
fez". Fazer algo diferente e observar a iniciativa da criança. 
Consigna direta, "Gostaria que me mostrasse algo de leitura, escrita ou 
matemática". Esta consigna será determinada de acordo com a queixa. 
Consigna de pesquisa, "Para que serve isto, o que você fez, que horas são, 
que cor você está utilizando, etc." Esta consigna questiona vários materiais 
expostos, para investigar o conhecimento do sujeito. 
Deve-se anotar tudo o que for falado e feito pelo avaliando, inclusive suas 
reações. Isto é um trabalho de muita observação e sensibilidade do psicopedagogo, 
respondendo somente o que lhe for perguntado e estritamente o essencial, sem 
qualquer tipo de demonstração satisfatória ou insatisfatória. Deixar o avaliando se 
manifestar livremente. 
Alguns fatores devem ser observados, como a temática, ou seja, todas as 
falas do indivíduo. A dinâmica são todas as manifestações não verbais, como 
postura, manuseio do material, postura corporal, etc. O produto é aquilo que o 
sujeito realmente produziu durante a EOCA. A dimensão afetiva manifestada através 
do comportamento do avaliando como medos, frustrações, fugas, distração, 
resistência, ansiedade, choro, etc. 
A dimensão cognitiva também deve ser observada através da utilização dos 
materiais, estratégias utilizadas durante a atividade, organização, planejamento, a 
construção da sua produção e suas relações durante o pensamento para execução 
da tarefa. 
Se o sujeito não quis produzir nada, deverá ser rigidamente analisado o 
motivo desta fuga. 
 
 
 
 
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14 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
Fonte: acritica.com 
Quando a criança se desenvolve de uma forma muito diferente das outras 
crianças da mesma idade e/ou não consegue aprender, a família e profissionais da 
educação da instituição onde ela está inserida podem supor que ela tenha 
alguma deficiência, déficit, transtorno, distúrbio, altas habilidades ou atraso em seu 
desenvolvimento. Na maioria das vezes as crianças se encontram com alguma 
dificuldade de aprendizagem que de maneira adequada com atividades, avaliações 
e intervenções podem superar essa barreira e conseguir se desenvolver de acordo 
com as demais crianças de sua idade. Por isso é essencial e importante um 
profissional na área da psicopedagogia na escola para pesquisar, estudar e 
identificar o que realmente cada criança tem quando apontada pelos profissionais da 
educação ou familiares, um de seus objetivos, é ajudar a família, professores e 
alunos orientando em suas atividades educativas e compreendendo o quadro que 
aquela criança se encontra, com suas dificuldades, anseios, sintomas e com isso a 
adaptação das atitudes de todos a ela, bem como entender a intervenção adequada 
para cada um em sua dificuldade e especificidade para que ocorra o 
desenvolvimento dela no processo de aprendizagem. 
As dificuldades enfrentadas pelos sistemas de ensino em suas tentativas de 
viabilizar a educação de qualidade e igualitária para todos, deixam claro que ainda 
não é possível, especialmente nas escolas públicas.Para enfrentar e superar a 
 
 
 
 
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maioria das dificuldades existentes nas instituições, é necessário e importante saber 
utilizar estratégias educacionais na prática educativa que favoreçam o 
desenvolvimento do aluno. A aprendizagem acontece quando são estabelecidas 
conexões do novo conteúdo com o conhecimento que o aluno já possui esta 
interação e não uma simples associação é o que irá modificar o conhecimento já 
existente transformando-o pelo aluno. 
[...] podemos conceber a inteligência como o desenvolvimento de uma 
atividade assimiladora cujas leis funcionais são dadas desde a vida 
orgânica e cujas estruturas sucessivas que lhes servem de órgãos se 
elaboram por interação entre ela e o meio exterior. (MAURI 2010, apud 
DIÓGENES, 2018, p. 21). 
Um grupo heterogêneo de desordens que impedem a percepção, a 
compreensão e a aquisição de saberes caracteriza-se por dificuldades de 
aprendizagem. Podem ser de natureza cognitiva, neurológica, motora, emocional ou 
social, elas deixam o aluno fragilizado, com baixa autoestima, sem confiança 
trazendo angustias e outros transtornos emocionais afetando diretamente em seu 
desenvolvimento e no processo de aprendizagem distanciando das outras crianças 
da sua mesma idade. 
 Os profissionais da educação devem vencer uma serie de preconceitos e 
resistências de que alguns alunos são mais inteligentes ou mais bem-dotados que 
outros, de que o fracasso escolar é uma fatalidade, é preciso diferenciar, encontrar 
estratégias para trabalhar com os alunos mais difíceis, com dificuldades, aceitar o 
desafio de tentar conhecer o aluno e buscar soluções. 
A criança de acordo com seu desenvolvimento e estágio que se encontra, 
estará voltada para o interior ou seu exterior numa relação contínua de 
internalização e externalização, esse movimento de dentro e fora do eu, do seu 
interior com o meio exterior é que vai permitir sua construção, seu desenvolvimento, 
sua aprendizagem, sua autonominação. As etapas dos estágios: emocional, 
personalismo e adolescência são essencialmente afetivas, precisa de algo que 
estimule que atraia a atenção, percepção, através do mediador e/ou professor, a 
atenção necessária para a assimilação e poder fazer sua elaboração íntima, a sua 
edificação, sua relação com o outro ocasionando o aprendizado. 
Aprender a ler, escrever e matemática são uma das metas mais desejadas 
pelas famílias e pelos educandos, sejam eles deficientes ou não, pois por meio 
 
 
 
 
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destas habilidades eles terão acesso aos conhecimentos, habilidades e valores 
científicos considerados relevantes no contexto social em que vivemos. Vivemos em 
uma sociedade letrada, são necessários que todos inseridos nela saibam interpretar 
textos orais e escritos, expressar ideias, pensamentos, sentimentos utilizando a 
linguagem adequada a cada situação com autonomia e adequação. Mas, as 
dificuldades de aprendizagem estão presentes diariamente na vida dessas famílias e 
crianças experimentando o insucesso escolar, especialmente nas áreas acadêmicas 
como a leitura, escritas e cálculo matemático. 
Porém essas crianças não estão tendo oportunidades e possibilidades 
objetivas e adequadas de aprender os conteúdos acadêmicos, geralmente o que 
tem sido oferecido a elas é um currículo estabelecido pelo sistema escolar, sem a 
preocupação de desenvolver estratégias de flexibilização, práticas pedagógicas 
alternativas e adaptação curricular, os alunos que não conseguem acompanhar o 
currículo são rotulados como deficientes mentais, emocionalmente desequilibrados, 
ou simplesmente como alunos fracos nas escolas públicas do Brasil. 
Portanto, evitando rótulos e buscando atender as necessidades individuais 
dos educandos será possível prevenir, diagnosticar, intervir e orientar aos 
professores da instituição com um profissional especializado em psicopedagogia 
onde o objetivo dele é conduzir a criança, adolescente ou adulto a instituição e 
reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade normal e saudável, de acordo com as 
possibilidades e interesses dela. 
A origem das Não Aprendizagens pode estar relacionada à falta de 
interesse por parte dos aprendizes, baixa autoestima, falta de pré-requisitos 
necessários à aprendizagem, o que ocasiona a apatia ao estudo. Inclui-se, 
também, fatores, como propostas curriculares desajustadas à atualidade, 
metodologias desinteressantes, desorganização do espaço escolar e/ou 
postura inadequada de profissionais de aprendizagem com relação aos 
aprendizes, entre outros aspectos. (MALUF,2016, apud DIÓGENES, 2018, 
p. 23). 
Trata-se de dificuldades quando um aprendente apresenta em si de maneira 
significativa prejudicando o seu desenvolvimento

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