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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE PARAUAPEBAS/PA. TITO, (estado civil), motoboy, portador da cédula de identidade RG nº …, SSP/UF, inscrito sob o CPF nº …, CTPS nº..., série..., PIS nº..., endereço eletrônico …, residente e domiciliado à Rua..., por meio do seu advogado que esta subscreve, nos termos da procuração anexa, com escritório localizado à Rua …, vem, perante a Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 840, da CLT, 319, CPC, propor a presente: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA c/c TUTELA DE URGÊNCIA Em face de PIZZARIA GOURMET LTDA., situada na Rua … - Parauapebas/PA, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico …, o que faz de acordo com os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos: I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Cumpre salientar que o Reclamante não possui condições financeiras de arcar com custas processuais e honorárias advocatícias, sem prejuízo ao seu próprio sustento e de sua família, requerendo desde já os benefícios da justiça gratuita, nos termos do artigo 790, § 3º, da CLT. II. SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO O Reclamante foi admitido pela Reclamada no dia 15 de dezembro de 2018, para exercer o cargo de Motoboy, percebendo o salário mínimo mensal de R$ ... (reais), acrescidos de comissão no valor de R$ 1,00 (um real) por entrega realizada, a título de bonificação. Em média, o autor procedia 10 (dez) entregas em seu turno de trabalho, o que totalizava um montante de R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) mensais, pago ao trabalhador a título de comissão, sem, contudo tal https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103882/lei-de-criacao-do-pis-lei-complementar-7-70 pagamento ser integrado em seu salário, nem mesmo ter seus reflexos remuneratórios. O Reclamante cumpria uma jornada de seis dias na semana, com folga na 2ª feira, sendo que, uma vez por mês, a folga era no domingo. A jornada cumprida ia das 18h às 3h30, com intervalo de 40 minutos para refeição. III. DOS FATOS Acontece que, no mês de agosto de 2019, o Reclamante, ao realizar uma entrega de uma pizza na casa de um cliente, foi xingado, ameaçado e lesionado pelos cães deste, com mordidas e arranhões. Tal fato aconteceu por conta do cozinheiro da pizzaria ter se confundido quanto ao pedido e ter assado uma pizza de calabresa, pedido diverso do feito pelo cliente, sendo certo que este, ainda, é alérgico a esse produto (linguiça). Com o ocorrido, o Reclamante precisou se afastar por 30 (trinta) dias para sua recuperação, recebendo o benefício previdenciário pertinente do INSS. O Reclamante também precisou gastar a quantia de R$ 30,00 (trinta reais) na compra e aplicação de vacina antirrábica. No dia 20 de setembro de 2019, após obter alta do INSS, o Reclamante retornou à empresa e foi dispensado, recebendo as verbas rescisórias. No contracheque do Reclamante, constam, mensalmente, o pagamento do salário mínimo nacional na coluna de créditos e o desconto de INSS na coluna de descontos, sendo que no mês de março de 2019 houve ainda dedução de R$ 31,80 (trinta e um reais e oitenta centavos) a título de contribuição sindical, sem que tivesse autorizado o desconto. O Reclamante foi à CEF e solicitou seu extrato analítico, onde consta depósito de FGTS durante todo o contrato de trabalho. IV. DO DIREITO 1. DA INTEGRAÇÃO DAS GORJETAS RECEBIDAS e DA RETIFICAÇÃO DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL O Reclamante recebia, em média R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) mensais a título de gorjeta, valor este que não integrava sua remuneração. A súmula nº 354 do TST diz que: “As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.” Sendo assim, certo é que tal valor deveria ter sido integrado à composição da remuneração do trabalho, fato este não realizado pela Reclamada. No mesmo sentido, é notório que cabe à Reclamada retificar a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do Reclamante, para que conste nela o valor das gorjetas recebidas, ou uma estimativa desta, nos termos do art. 29, § 1º, da CLT. 2. DA DEVOLUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL No mês de março de 2019 foi descontado da remuneração do Reclamante o valor de R$ 31, 08 (trinta e um reais e oitenta centavos) sem o consentimento deste, conforme contracheque que segue em anexo. Observando o que dispõe os artigos 545, 578, 579 e 582, da CLT, temos que é possível que o empregador faça o desconto da contribuição sindical da remuneração recebida pelo empregado, no mês de março de cada ano, desde que seja expressamente autorizado por este, o que não ocorreu no caso em discussão. O Reclamante faz jus, portanto, à devolução do valor descontado indevidamente. 3. DAS HORAS EXTRAS Temos no art. 58, da CLT, que: “A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.” Isto posto, o Reclamante tem direito a receber, a título de horas extras, 1h30min por dia trabalhado, quantidade de horas excedidas às 8 horas diárias descritas na lei acima exposta. 4. DA SUPRESSÃO DO INTERVALO PARA REPOUSO OU ALIMENTAÇÃO O Reclamante, todos os dias trabalhados, tinha apenas 40 minutos para repouso ou alimentação respeitados. Certo é que, segundo o art. 71, da CLT, este fazia jus a, pelo menos, 1 hora diária de repouso ou alimentação. Sendo assim, tem como direito o recebimento de 20 minutos diários de repouso ou alimentação não usufruídos, com seu devido acréscimo legal, nos termos do art. 71, § 4º, da CLT. 5. DO ADICIONAL NOTURNO O Reclamante não recebeu, durante o período trabalhado, o adicional noturno que fazia jus, conforme art. 73, § 2º, da CLT. Este trabalhava 5h30min diárias em período que o tornava apto a receber tal adicional, o que não foi averbado pela Reclamada. 6. DA REINTEGRAÇÃO IMEDIATA c/c TUTELA DE URGÊNCIA Após receber alta do INSS e retornar ao seu emprego, o Reclamante foi surpreendido com a notícia de ter sido dispensado pela Reclamada. Interessante notar, Excelência, que esta parece não conhecer o que está disposto na súmula 378, item I, do TST, abaixo colacionado: “É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado.” Nesse sentido, e tendo em vista o fato do Reclamante enfrentar situação financeira difícil pela perda do emprego, este requer a concessão de tutela de urgência para ser reintegrado imediatamente em seu antigo posto, nos termos do art. 300, do CPC, sendo garantido a estabilidade por período de 12 (doze) meses. Caso não seja possível a reintegração, que a Reclamada pague os 12 meses referentes à estabilidade não respeitada. 7. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Admitido como motoboy da Reclamada, função esta constante em sua CTPS, o Reclamante também faz jus ao adicional de periculosidade, conforme preconizado no art. 193, § 4º, da CLT. 8. DA INDENIZAÇÃO DO VALOR DA VACINA ANTIRRÁBICA Após o ocorrido, por recomendação médica, foi necessário que o Reclamante desembolsasse o valor de R$ 30,00 (trinta reais) para aplicação de vacina antirrábica, valor este não reembolsado pela Reclamada. Ora, levando em consideração os artigos 186, 927 e 949, do Código Civil, temos, resumidamente, que aquele que por ato ilícito, independente de culpa, causar dano a outrem, deverá repará-lo, bem como indenizar o ofendido das despesas do tratamento, em caso de lesão ou outra ofensa à saúde. 9. DA INDENIZAÇÃO PELO DANO EXTRAPATRIMONIAL Por fim, Excelência, nos termos do art. 233-B, o Reclamante pleiteia indenização pordano extrapatrimonial, em decorrência dos xingamentos, ameaças e lesões sofridas, tudo por conta de erro da Reclamada. Entende o Reclamante que as ofensas e todos os demais arroubos sofridos foram de natureza grave, tendo em vista o fato narrado bem como o tempo de afastamento do serviço por conta do tratamento de saúde necessário. V. DOS PEDIDOS Diante das considerações expostas, pleiteia o Reclamante a condenação da Reclamada nos seguintes pedidos, resumidamente: 1. Que seja designada audiência de conciliação ou mediação na forma do previsto no artigo 334 do NCPC; 2. A citação do Réu para oferecer resposta no prazo legal sob pena de preclusão, revelia e confissão; 3. Que seja deferido o benefício da assistência judiciária gratuita, devido à difícil situação econômica do Reclamante, que não possui condições de custear o processo, sem prejuízo próprio; 4. Reconhecimento e concessão da Tutela de Urgência para reintegração imediata ao trabalho, garantindo-se a estabilidade; 5. Julgar ao final TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Reclamação, declarando o vínculo empregatício existente entre as partes, condenando a Reclamada a: a) Integração das gorjetas recebidas e retificação da CTPS; b) Devolução da contribuição sindical; c) Pagamento das horas extras; d) Pagamento da quantidade de minutos referentes à supressão do intervalo para repouso ou alimentação; e) Pagamento do adicional noturno; f) Subsidiariamente, em caso de não concessão da Tutela de Urgência ou da reintegração imediata, pagamento dos 12 (doze) meses referentes à estabilidade; g) Pagamento do adicional de periculosidade; h) Pagamento, a título de indenização, do valor da vacina antirrábica; i) Pagamento, a título de indenização, por dano extrapatrimonial. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893587/artigo-334-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15 6. Condenação ao pagamento de honorários advocatícios no patamar de 20% sobre a condenação; VI – DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do NCPC, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do Réu. Dá-se à causa o valor de R$ ... para efeitos fiscais. Nestes termos, Pede deferimento. LOCAL/DATA ____________________________ ADVOGADO/OAB https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893070/artigo-369-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15