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DIREITO TRIBUTÁRIO PROFESSOR CARLOS GONZÁLEZ RESUMO PARA PROVA DE NP1 EM 26/09/2018 ARTIGOS PARA LEITURA E ESTUDO CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 37, 145, 148, 149, 149-A, 167 IV, 153, 145, 147, 148, 154, 155, 156, 175 CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL: 3°, 4° 5°, 15, 16, 78, 79, 81, 114, 115, 143, 145, TRIBUTO CONCEITO DE TRIBUTO, O QUE É O DIREITO TRIBUTÁRIO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS O conceito de tributo se encontra no artigo 3° do CTN, que diz que “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. O direito tributário é o conjunto de regras que disciplina as relações entre o Estado e as pessoas, com o objetivo de criar, arrecadas e fiscalizar tributos. Comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos. Antigamente era chamado direito financeiro, hoje é direito tributário. Ou seja, o tributo é um vínculo que liga (sujeito ativo) ao contribuinte (sujeito passivo). Além disso, o tributo ele é prestação compulsória/obrigatória, sob pena doestado mover ação contra o devedor, tornando dívida ativa. Os tributos possuem algumas características apresentadas pelo conceito legal, que são: ⦁ Tributo como prestação pecuniária: prestação é conduta, ato de prestar algo a determinada pessoa, cujo destinatário é a PFi ou PJu responsável pelo cumprimento do dever. O tributo é prestação pecuniária, ou seja, não pode ser pago in labore (com trabalho), ou in natura (em troca de bens), como vemos em filmes antigos, ou atualmente na Novela da Record (Jesus), mas apenas pagos com dinheiro/pecúnia, COMO REGRA GERAL. Como exceção, após alteração no CTN em 2001, passou a ser possível o pagamento de tributos mediante dação de bens imóveis (o credor aceita receber prestação diversa, mas não é obrigado); ⦁ Tributo como obrigação: além de ser uma conduta onde se recebe em dinheiro, em regra, o tributo também é obrigatório/compulsório, o que significa que nenhuma PFi, PJu pode deixar de pagar, isto porque o direito tributário é entendido como direito obrigacional, porém, existe a obrigatoriedade de deveres sem a necessária contrapartida do Estado; ⦁ Tributo em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: além do tributo ser pago em moeda, deve ser pago em moeda nacional (R$). Ou seja, caso o produto seja comprado em moeda estrangeira, deve-se converter a moeda em real para fins de pagamento de imposto (espécie de tributo), como exposto no art. 143 do CTN que diz que “salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja 1 expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação”. ⦁ Tributo que não constitua sanção de ato ilícito: em primeiro lugar, tributo não se confunde com multa. A multa é uma penalização sobre algum tipo de ato ilícito, como dirigir em alta velocidade. O tributo incide sobre algum ato lícito, como imposto de renda, imposto de propriedade de terreno urbano, taxa de coleta de lixo, etc. São atos lícitos que geram o tributo. Só em casos mais graves, como nos Crimes contra a Ordem Tributária que surgirá, PARALELAMENTE às prestações pecuniárias (pagamentos de tributos), a sanção de ato ilícito, que será multa e outros na esfera penal; ⦁ Tributo instituído em lei (ex lege): o tributo só pode ser cobrado se houver uma lei que o descreva, em razão do princípio da legalidade tributária. ⦁ Atividade administrativa plenamente vinculada: se por um lado o particular está obrigado a pagar tributos (prestação compulsória), por outro o Fisco não pode se abster da cobrança quando o tributo é devido. Desse modo, podemos dizer que a atividade de cobrança do tributo independe dos critérios de conveniência e oportunidade, sendo claramente um ato vinculado. FATO GERADOR DO DIREITO TRIBUTÁRIO O fato gerador do tributo é a ocorrência, em si, que traz a tona a exigência do respectivo ônus para o contribuinte. A lei descreve situações que, ao ocorrerem na vida real, fazem com que se fixe o momento do nascimento da obrigação tributária. Essa definição, contida na lei, das hipóteses em que o tributo incide ou em que o tributo deva ser cobrado, que denominamos de fato gerador da obrigação tributária. O fato gerador é, assim, a situação de fato, prevista na lei de forma prévia, genérica e abstrata, que, ao ocorrer na vida real, faz com que, pela materialização do direito ocorra o nascimento da obrigação tributária, seja esta principal ou acessória. O fato gerador é para o direito tributário o que é o fato típico para o direito penal (fala do professor). Nos artigos 114 e 115 do CTN, há dois conceitos de fato gerador, como sendo: OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA E a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. É qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, e não só exclusivamente na lei, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS 2 ⦁ Vinculado: são aqueles em que os fins justificam a exigência, como a contribuição para financiamento da seguridade social. Ele decorre de uma conduta do Estado; ⦁ Não vinculado: é aquele que não tem destinação certa, vai para os cofres públicos, como o imposto, que serve para pagar saúde, segurança, etc. Ele decorre de uma conduta odo contribuinte, como auferir renda (IRPF), atividades de consumo, etc. MODALIDADES/CARACTERÍSTICAS DOS TRIBUTOS ⦁ Fiscal: tem função arrecadatória para os cofres públicos, e é a característica de todos os tributos na verdade. Ex: IR, IPTU, IPVA, etc; ⦁ Extrafiscal: intervém na economia e servem principalmente para (des) estimular comportamentos. Ex: imposto de importação, para desestimular a aquisição de produtos no exterior e proteger o mercado interno, o IOF, CIDE, etc; ⦁ Parafiscal: é o tributo cujo ente que cria não é o mesmo que cobra. Ex: a União cria mas delega para que outro ente receba, como a OAB recebe todo ano, conforme art. 149 da CF, etc. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Pela teoria tricotômica, são impostos, taxas e contribuições de melhoria, já pela teoria quíntupla/pentapartida/quintipartida (posição do STF) são impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais. Ainda existe a corrente bipartida/dicotômica, que divide os tributos em impostos e taxas, mas não aceita. A CF e o STF aceitam hoje a pentapartida. IMPOSTO É um tributo não vinculado a uma atividade estatal (“eu ajo, eu pago”). Ao todo existem 13 impostos no Brasil, sendo 7 federais, 3 estaduais/distritais e 3 municipais, + dois especiais, que são: FEDERAL (7) ESTADUAL/DISTRITAL (3) MUNICIPAL (3) Imposto de Importação – II Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD Impostos sobre Propriedade Territorial Urbana – IPTU Imposto de Exportação – IE Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI Imposto de Renda - IR Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor – IPVA Imposto Sobre Serviços – ISS 3 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ______________________ ______________________ Imposto sobre Operação – IOF ______________________ ______________________ Imposto sobre Território Rural – ITR ______________________ ______________________ Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF (ñ criado) ______________________ ______________________ Imposto Residual da União - IRU (imposto especial estudado abaixo) ______________________ ______________________ Imposto Extraordinário de Guerra - IEG (imposto especial estudado abaixo) ______________________ ______________________OBS: No caso do Distrito Federal, este acumula as competências dos estados e municípios, cobrando, portando, o IPTU, ITBI e ISS. Nos casos de territórios, é a União quem tem competência para instituir. Se dentro dos territórios houverem municípios, os impostos municipais serão competência destes. IMPOSTOS ESPECIAIS (de competência da União) ⦁ Imposto Residual da União – IRU: chamado de residual não porque sobra, mas sim de “novo”. A União pode criar novos impostos que não estejam previstos e eles são criados mediante Lei Complementar. Até hoje não foi criado um IRU, mas ele, o ICMS e o IPI não são cumulativos; ⦁ Imposto Extraordinário de Guerra – IEG: é o imposto criado caso o Brasil esteja em guerra. É estritamente necessário que o país esteja em guerra para que isto aconteça, e não em iminência de guerra. Neste caso seria permitida a bitributação, como por exemplo um Imposto de Renda + um Imposto de Renda Extraordinário para a guerra. TAXA Diferentemente dos impostos, a taxa é o tributo vinculado a uma contraprestação estatal (“o Estado age, eu pago”). A taxa paga o serviço prestado ao contribuinte e é divida em: TAXA DE EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA – CTN, art. 78 (que são se confunde com a instituição polícia) TAXA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 4 Poder de fiscalização, como bombeiros e fiscalização de normas contra incêndio, IBAMA, taxa de construção, etc. Não são todos os serviços públicos que geram taxas, e sim só os serviços públicos específicos e DIVISÍVEIS As taxas são sobre serviços “uti singuli” (individuais), ou seja, tem usuários determinados e pode-se mensurar a utilização de cada um, como a cobrança do DAERP. Eles podem ser usados ou simplesmente estar ao meu dispor, e por isso já são taxados, como o exemplo da água. Os serviços “uti universi” (gerais), não podem ser taxados. DIFERENÇA ENTRE TAXA E TARIFA (EXISTE?) TAXA TARIFA Tributo Preço público Instituído em lei Feito por contrato administrativo Observa o princípio da anterioridade e só se cobra no exercício seguinte (01/01) A cobrança se inicia já (ex: ônibus, pedágio) É instituto do direito tributário Instituto do direito civil Quem usa e quem não usa, paga, mesmo que seja o mínimo Quem usa, paga e quem não usa, não paga A CF NÃO DIZ QUANDO UM SERVIÇO PODE SER TAXADO OU TARIFADO. Toda vez que houver cobrança do Estado, não pode tarifar. Quando a atividade não envolver soberania do Estado, pode tarifar ou taxar. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA A CF não deu conceitos nem requisitos para a CM, só a exigência de que seja em decorrência de obras públicas, o que fica a cargo do CTN. Contribuição de melhoria é o tributo cobrado para ressarcir gastos públicos na realização de obras e aprimoramento de infraestrutura. Qualquer ente político tem competência para instituir contribuição de melhoria, sem critérios específico para instituição do mesmo. (Caparroz, p. 122). Para que esse tributo seja criado, a obra pública DEVE gerar valorização imobiliária e não se pode cobrar antes, pois pressupõe que irá valorizar, o que só acontece depois de feita a obra. Já nos casos em que a obra pública causar DANO, o Estado fica obrigado a indenizar, conforme exposto na CF art, 37, p. 6°. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO Os denominados "empréstimos compulsórios" são regulados pelo art. 15 do CTN e 148 da Constituição Federal. É um verdadeiro tributo. Não se trata de empréstimo propriamente dito em razão da obrigatoriedade de uma subscrição fixada na lei, sendo, por outro lado, totalmente irrelevante a circunstância de ser restituível, pois isto não serve para descaracterizar a índole tributária de tal receita. A figura do empréstimo compulsório confunde-se com a do tributo, sempre se 5 origina de fato cuja ocorrência faça nascer a obrigação de prestação, nos termos da lei. Confunde-se com tributo porque em ambos há uma prestação pecuniária instituída por lei, com caráter compulsório, e cuja satisfação independe de atividade discricionária do poder público. Sendo restituído, o empréstimo não corresponde a uma receita pública, mas a simples ingresso. INSTITUIÇÃO Observe-se também que somente a União pode instituí-lo, mediante lei complementar: a) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; b) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, respeitado o princípio da anualidade. CARACTERÍSTICAS Característica: é um tributo que não é receita pública. Ele é restituível e de competência exclusiva da UNIÃO. Só pode ser criado através de LEI COMPLEMENTAR. O empréstimo compulsório pode existir em dois casos (art. 148 I e II da CF): ⦁ Despesas extraordinários (que não são previstas no orçamento) ⦁ Investimentos públicos de caráter urgente e relevante ao interesse nacional LEMBRANDO QUE GUERRA EXTERNA GERA EMPRÉSTIMO, OU SEJA, DECLARANDO FORA DO BRASIL, POIS CONFLITOS INTERNOS, COMO UMA GUERRA CIVIL NÃO GERA EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. O inciso I não se submete à anterioridade, ou seja, já pode sobrar no dia seguinte o empréstimo compulsória de despesa extraordinária. Já o inciso II, sobre caráter urgente, só pode cobrar no exercício seguinte, ou seja, no ano seguinte, respeitando a anterioridade. O empréstimo compulsório é tributo vinculado ao que lhe deu início e seu fato gerador está na lei complementar. Medida Provisória não pode versar sobre matéria de lei complementar, ou seja, sobre empréstimos compulsórios, vide EC 32/2001. O art. 15 do CTN trata dos prazos de empréstimos compulsórios. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS A contribuição especial é uma modalidade de tributo trazida pela Constituição Federal de 1988, que foge da teoria do fato gerador utilizado para classificar os tributos em impostos, taxas e contribuições de melhoria. O seu critério de identificação baseia-se na finalidade da criação do tributo (art. 149 CF/88), sendo necessária a vinculação da receita que deu causa a sua criação. A Contribuição Especial é criada por meio de lei ordinária e a competência legislativa para sua 6 criação é da União, excetuando nos casos em que o estados, os municípios e o Distrito Federal adotem regime de previdência própria podendo assim criar a contribuição especial para tanto. 7
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