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Geane Lilian Dorabiatto G ea n e Li lia n D o ra b ia tt o Aprendizagem e Desenvolvimento Ap ren di za ge m e D es env ol vim ent o Su pe rv is ão , I ns pe çã o e O rie nt aç ão E du ca ci on al 93 UNIDADE 4 Nesta unidade, você poderá entender quais as teorias do conhecimento e suas implicações no processo de aprendizagem. Com a leitura dos tex- tos você perceberá que conhecimento e aprendiza- gem fazem parte de um mesmo processo, podendo compreender que tais processos estão intimamente ligados e articulados entre si, e que ambos contri- buem para uma aprendizagem significativa e cons- trução do conhecimento. Teorias do Conhecimento e suas Implicações nas Bases Epistemológicas das Teorias da Aprendizagem 95 4. Uma Breve Síntese sobre o Conhecimento Quando se fala em conhecimento, podemos iniciar lembrando que Piaget foi o teórico que propôs não só uma teoria do desenvolvimento, mas elaborou uma teoria do conhecimento e desenvolveu muitas investigações, cujos resultados são utilizados por psi- cólogos e pedagogos. Desse modo, suas pesquisas re- ceberam diversas interpretações que se concretizam em propostas didáticas diversas, colaborando para a aprendizagem dos alunos. Nesta unidade, estudaremos o conceito do conhecimento numa vertente filosófica, uma vez que já abordamos, nas unidades anteriores, a aquisição do conhecimento numa vertente delineada pelos proces- sos de ensino e aprendizagem. Podemos dizer que o conhecimento, qual- quer que seja ele, é sempre constituído de uma estru- tura e de um fato ou acontecimento. Conforme estudamos, no Construtivismo, o conhecimento é concebido como um tornar-se: ele corresponde ou equivale, e nunca é. Essa visão opõe- -se à do conhecimento não-construtivista, em que o objeto a ser conhecido já tem uma existência consti- tuída. Para o Construtivismo, o conhecimento só tem sentido através da ação, em que as pessoas produzam interpretações que convergem para algo comum e 96 público. Para o não-Construtivismo, o conhecimento é uma teoria de representação que produz fatos. No Construtivismo, o conhecimento é pro- duto de uma ação espontânea ou desencadeada, e nunca induzida. O educador deve saber ouvir e de- sencadear aquilo de que o indivíduo dispõe, como uma teoria de sua ação. No não- Construtivismo, a ação é induzida, o educador induz o aluno a chegar a um determinado ponto, a um conhecimento previa- mente determinado, independentemente dos esque- mas de que um indivíduo dispõe. Não constrói, mas atinge a situação que foi determinada como aquisição de conhecimento. Numa conclusão simples, para a investigação do desenvolvimento do pensamento e, consequentemente, do conhecimento, a análise ge- nética é de central importância. Piaget lança mão de dois métodos de investigação: o psicogenético e o sócio-histórico. O método psicogenético permite a recons- trução e o desenvolvimento das interações entre o sujeito e o mundo, e os diversos patamares do conhe- cimento e do pensamento. Através da observação de crianças de vá- rias idades e experiências, explicita as diversas for- mas de interpretações do mundo, a forma como se processa o desenvolvimento das operações sobre o mundo, e o significado que o indivíduo atribui a si mesmo e aos outros. 97 A investigação psicogenética desenvolvida por Piaget, ao contemplar os conhecimentos nos ní- veis individuais e coletivos, configurou o Carter inter- disciplinar de sua epistemologia. O conhecimento, conclui Piaget, é uma rela- ção evolutiva entre criança e seu meio e complementa que a habilidade do ser humano em adaptar-se às novas situações, por meio da autorregulação, é o elo comum entre todos os seres vivos e a base da teoria biológica do conhecimento de Piaget (Pulasky, 1986, p. 22). Sendo assim, a aquisição de conhecimento depende tanto de estruturas cognitivas do sujeito como sua relação com o objeto. Desta forma, apren- der é agir sobre o objeto do conhecimento, e nesta relação construir o conhecimento. Luckesi & Passos (2009) explicam que no que se refere ao conhecimento, há quatro elementos a serem destacados: “No que se refere ao conhecimento, há quarto ele- mentos a serem destacados: um sujeito que conhece; um objeto que é conhecido; um ato de conhecer, e, finalmente, um resultado, que é a compreensão da realidade ou o conhecimento propriamente dito (a ex- plicação produzida e exposta, tornada disponível às pessoas).” (LUCKESI & PASSOS, 2009, p.16) 98 Em conformidade com as ideias dos auto- res, o sujeito é o ser aprendente, que utiliza de sua faculdade cognitiva, neste caso a inteligência, onde consegue construir um interior capaz de apropriar-se do exterior, conseguindo interagir de forma abstrata com seus símbolos e representações. Luckesi & Passos (2009, p.16) concebem o objeto como o mundo exterior ao sujeito, sendo re- presentado em seu pensamento a partir da interação com o objeto. Os conceitos que o sujeito exerce sobre o objeto não nascem do próprio sujeito, mas sim da apropriação adequada que ele faz do mundo exterior. Além do sujeito e do objeto, o ato de conhe- cer e o resultado são partes fundamentais da aquisição do conhecimento, desta forma, os autores dizem que: “(...) o ato de conhecer é o processo de interação que o sujeito efetua com o objeto, de tal forma que, por recursos variados, vai tentando captar do objeto a sua lógica, a possibilidade de expressá-lo conceitualmente. Então, o sujeito interage com o objeto para descobrir- -lhe, teoricamente, a forma de ser. Por último, o re- sultado do ato de conhecer é o conceito produzido, o conhecimento propriamente dito, a explicação ou compreensão estabelecidas, que podem ser expostas e comunicadas.” (Luckesi & Passos, 2009, p.17) 99 Os autores descrevem que tais elementos fazem parte do processo do conhecimento. É impor- tante destacar que esse processo está implícito nas te- orias da aprendizagem, que outrora citamos. Porém, a de fazer-se uma ressalva a respeito da aprendizagem com relação ao conhecimento. A aprendizagem, assim como o conheci- mento, é um processo. O que difere é que o processo de aprendizagem envolve fatores cognitivos, afetivos e sociais que são influenciáveis à consolidação do co- nhecimento; sendo assim, a aprendizagem leva ao co- nhecimento. Trata-se de um processo recíproco, logo quem aprende adquire conhecimento. Simplificando esta afirmativa apresentamos o seguinte esquema: Conhecimento pré-existente Novo conhecimento Aprendizagem significativa Figura 4: síntese da relação entre aprendizagem e conhecimento Esquema elaborado por mim com base nas pesquisas desenvolvidas Luckesi & Passos (2009) alertam que o co- nhecimento envolve análise dos elementos. Desta forma, o ato que conhecer é analítico. Partindo deste 100 pensamento, sintetizamos o conceito do conheci- mento na citação dos referidos autores: “(...) o conhecimento é a compreensão/explicação sintética produzida pelo sujeito por meio de um es- forço metodológico de análise dos elementos da rea- lidade, desvendando a sua lógica, tornando-a inte- ligível.” (LUCKESI & PASSOS, 2009, p.17) De acordo com os autores, o conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mes- mo tempo a penetrar nela. Essa posse confere ao ho- mem a grande vantagem de se tornar-se mais apto para exercer a ação consciente. Quando o homem adquire conhecimento tem poder de transformar a realidade, de tal forma a agir com certeza, segurança e precisão sobre os fatos. Luckesi & Passos (2009) alertam quanto ao teor fidedigno do conhecimento e ajudam-nos a re- fletir quando dizem que: “Adquirir conhecimento é adquirir uma compreen- são da própria realidade. Que ocorre com a aquisi- ção de conhecimento a partir dos livros, especialmente na experiência escola, é que ela tem sido normalmen- te um processo de decorar informações, sem torná-las uma compreensão efetiva da realidade. Saber de cor 101 uma determinadaquantidade de informações não significa que se tenha uma determinada compreensão do mundo objetivo.” (LUCKESI & PASSOS, 2009, p.18) Com base na citação dos autores, a escola como espaço de conhecimento, deve propiciar aos discentes uma aprendizagem significativa, para que o aprendente perceba a ligação entre o objeto de conhe- cimento e a realidade em que o sujeito está inserido. Pois, reter informações não significa conhecimento, tal processo implica compreensão e investigação dos fatos para elucidar uma dada realidade. Porém, a realidade dos fatos não é tão facil- mente revelada, e em busca de elucidar a realidade o ser humano parte de uma situação problema ou de um desafio. Para tanto, ao desvendar uma realidade o ser humano esforça-se e começa a levantar hipóte- ses, a fim de concluir quais hipóteses são condizentes com a realidade apresentada. Diante do desafio, o ser humano formula respostas plausíveis e procura ver nas manifestações da realidade se a resposta que formulou é adequa- da ou não. Por vezes, essa resposta é encontrada e confirmada rapidamente, e em outras exige anos de trabalho (Luckesi & Passos, 2009, p. 19). Desta forma, o homem está em constante 102 busca do conhecimento, num processo que envolve o desafio de comprovar e procurar respostas para aqui- lo que julga ser ou não verdade. A realidade não é transparente por si, mas pode tornar-se por meio da investigação que constrói o conhecimento. A realidade é tão complexa que para o ho- mem apropriar-se dela, teve que aceitar diferentes tipos de conhecimento, pesquisados ao longo da História e da Filosofia. Dentre os tipos de conheci- mento, podemos destacar: o conhecimento empírico, o científico e o filosófico. A seguir, faremos uma abordagem concisa das principais correntes teóricas do conhecimento. 4.1 As Teorias do Conhecimento: o Racionalismo, o Empirismo e o Conhecimento Científico Na história da Filosofia e da Epistemologia, a diferença de perspectiva entre Descartes e Locke le- vou a distinguir as duas grandes orientações da teoria do conhecimento: o Racionalismo e o Empirismo. Ao longo da abordagem destas duas teorias, iremos perceber as polêmicas e divergências que per- meiam estas duas vertentes do conhecimento. O pensador francês René Descartes, que vi- 103 veu entre 1596 e 1650, pode ser considerado o pai do Racionalismo moderno. Para o Racionalismo, a razão, tomada em si mesma e sem apoio da experiência sensível, é o fun- damento e a fonte do conhecimento verdadeiro. A razão é a fonte de todo o conhecimento. Luckesi e Passos entendem que o Racionalismo coloca a razão como núcleo do conhecimento, e ressaltam: “Só ela seria capaz de nos levar a conhecimentos universalmente válidos, uma vez que os sentidos e a experiência nos proporcionam apenas ideias confusas e contingentes. Assim, o conhecimento não se limita aos fatos, penetra na essência dos mesmos e ultrapassa, acredita na existência de um mundo de essência, intrin- secamente verdadeiro, capaz de ser intuído pela inteli- gência humana.” (Luckesi & Passos, 2009, p.186) Podemos perceber que para o Racionalismo, a razão possui papel preponderante no processo cog- noscitivo do ato de conhecer. Num contexto histórico, a teoria Racionalista surgiu na intenção de refutar as explicações de existên- cia de mundo, que eram pautadas nos ideais religiosos tendo os fenômenos divinos como verdades absolu- tas. Desta forma, o Racionalismo buscava uma ruptura com o período medieval, buscando construir um co- 104 nhecimento seguro e embasado na razão. Para o Racionalismo, o modelo perfeito de conhecimento verdadeiro é a matemática, que depen- de exclusivamente do uso da razão e que usa a percep- ção sensível sob o controle da atividade do intelecto. Em outras palavras: “Ciente disso, o racionalismo procura trabalhar com verdades provenientes dos processos racionais e não so- mente da experiência. Para ele, o caminho capaz de levar à essência das coisas seriam as verdades oriundas da intuição pura, abstrata, portanto racional.” (Lu- ckesi & Passos, 2009, p.186) Acredita assim, que o conhecimento só é vá- lido mediante as pesquisas e ideias consolidadas pelo pensamento racional, por meio de resultados lógicos e racionais. Estabelecendo comparação com a teoria da aprendizagem de Piaget, o teórico pontua a questão das operações concretas, sendo esta etapa a tradicio- nal idade da razão (Pulaski 1986, p. 65). Por este motivo, Piaget estabeleceu, neste estágio, a realização das provas de seriação, conserva- ção de massa, composição e reversibilidade. Em suas experiências com crianças, em se tra- tando de pensamento lógico matemático, conclui que: 105 “(...) a maioria das estruturas de pensamento não satisfaz esses requisitos do grupo matemático. Com efeito, ele descreveu apenas dois grupos, um envolven- do adição e outro a multiplicação, que encontrou nas operações aritméticas da criança. Contudo, efetiva- mente observou certo número de estruturas organiza- das de pensamento, que, embora não possuam pro- priedades matemáticas, são reversíveis e logicamente organizadas (...).” (Pulaski 1986, p, 67) Fizemos, apenas, uma ressalva para comparar a teoria Racionalista com as ideias de Piaget, com rela- ção à aquisição do pensamento lógico e consequente- mente de pensar racionalmente. Certamente, uma criança de sete anos não é capaz de agir racionalmente mediante algumas ques- tões, porém suas funções cognitivas estão em fase de construção para solução de problemas envolven- do a matemática. Vale retomar, que de acordo com a citação acima, percebeu-se que as crianças encontram dificul- dades para resolver situações matemáticas, envolvendo adição e multiplicação, pois esse processo exige rever- sibilidade de pensamento, o que ainda está em desen- volvimento na criança desta idade. A questão é: o que as escolas estão exigindo das crianças desta fase, em termos de resolução de problemas matemáticos? 106 Voltando à teoria Racionalista, e concluindo, as formas de pensar da teoria em pauta, faz-se pre- sente, até nos dias atuais, quanto precisamos adminis- trar empresas, analisar dados, sintetizar. Estas ques- tões estão fortemente presentes nas áreas de análise de sistemas, no mundo acadêmico e nas atividades sociais e econômicas. O Empirismo é o oposto do Racionalismo. Esta teoria leva em consideração as experiências, e a fonte de todo e qualquer conhecimento. O Empirismo deixou de lado as questões do espírito e a metafísica, e fixou-se na realidade concre- ta, não como uma forma de negar a razão, mas de ter- -se uma nova postura frente a ela (Luckesi e Passos, 2009, p. 193). Neste contexto, o Empirismo baseia-se na experiência sensível que é responsável pela existên- cia das ideias na razão e controla o trabalho da pró- pria razão, pois acredita que o modelo do conheci- mento verdadeiro é dado pelas ciências naturais ou ciências experimentais. Já o Conhecimento Científico vai além da visão empírica, é uma nova concepção de conheci- mento que se deu de forma lenta e gradual. Esta teoria é baseada na formação de dados científicos rigorosamente demonstrados por meio de pesquisas imutáveis, para um processo de constru- ção, onde não existe o pronto e o definido, ou seja, é 107 uma busca constante de explicações e resultados que são sempre reavaliados. O Conhecimento Científico ganhou força, a partir do século XVI, com as ideias de Copérni- co, Bacon, Galileu, Descartes e outros. Importante ressaltar que o filósofo que pela primeira vez propôs uma teoria do conhecimento propriamente dita foi o inglês John Locke. Chauí (2011) destaca que antes de Bacon e Descartes abordarem o conhecimento verdadeiro, os filósofos examinaram as causas e as formas do erro, no processo do conhecimento, dando início a um es- tilo filosófico conhecido como a análise das causas e formas dos nossos preconceitos. Não cabe, neste momento, citar minuciosa- mente as teoriasde Bacon ou Descartes, e sim estabe- lecer ligação de alguns conceitos principais destas ideias mediante as teorias já citadas sobre a aprendizagem. Importante destacar nas ideias de Descartes e Bacon, a questão da instauração de um método. Chauí explica que o método proposto pelos filósofos é definido como o modo seguro de aplicar o pensamento lógico aos dados oferecidos pelo co- nhecimento sensível. E acrescenta que para o méto- do tornar-se possível é preciso organizar e controlar os dados recebidos da experiência, por meio da ob- servação e da experimentação; organizar e controlar os resultados observacionais e experimentais para se 108 chegar aos conhecimentos novos ou a formulação de teorias verdadeiras; desenvolver procedimentos adequados à aplicação prática dos resultados teóricos (Chauí, 2011, p. 143). Bacon defende a utilização de um método, pois acredita que “o método é o modo seguro e certo de aplicar a razão à experiência” (Chauí, 2011, p. 143). Apesar do conceito de método proposto por Bacon seja baseado no conhecimento científico, numa perspectiva de aprendizagem, qual seria a im- portância do método? Em síntese, Bacon cita que o método pri- ma por observação, organização de dados, contro- le de resultados objetivando adquirir um conheci- mento verdadeiro. A utilização do método na aprendizagem basicamente pressupõe destes mesmos processos. O professor ao utilizar um método de ensino baseia- -se na observação de seus alunos, suas característi- cas cognitivas, suas diferenças e especificidades de cada um. Após observação de sua turma de alunos, o professor organiza as estratégias e métodos para mobilizar as aprendizagens. Posteriormente, analisa o diagnóstico e os dados de seus alunos e mediante os resultados pode-se dizer que o professor conhece-os ou pelo menos deveria conhecer. O objetivo quan- do se trata de desenvolver este ou aquele método de ensino é que se espera concluir ou chegar a algum 109 resultado, para que se possa tornar conhecido. Em síntese, conhecimento e aprendizagem, podemos concluir que o conhecimento empírico é todo conhecimento que nossos alunos trazem em sua bagagem cultural, crenças, ideias de valores, compa- rando numa linguagem de aprendizagem, como sen- do os conhecimentos prévios próprios a cada um. O conhecimento racionalista pode ser com- parado às bases leais da razão, a defesa do pensamen- to racional, que cada um traz consigo e que é expres- so por meio de opiniões baseadas no conhecimento construído ao longo da História e da Ciência. O conhecimento científico é aquele adquiri- do por meio das experiências, da organização de pes- quisas, argumentando sobre o ponto de vista teórico. Em linhas gerais, os conhecimentos Empí- rico, Racionalista ou Científico estão presentes no nosso dia a dia, principalmente, nas escolas onde é considerado ambiente primordial para a construção do conhecimento. 110 Sugestões para Complementação dos Estudos Leitura individual, com destaque nas ideias centrais do texto: O conhecimento: significado, processo e apropriação. Pág. 13-33. LUCKESI, Cipriano C.; PASSOS, Elizete Silva. Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Cortez, 2009. Assista ao filme: Mãos talentosas: a história de Ben Carson (2009). Sinopse: “Mãos talen- tosas: a história de Ben Carson”. Conta a histó- ria de um menino pobre de Detroit interpretado por Cuba Gooding Jr. A vida escolar do jovem Carson era marcada por notas baixas e ridicula- rização dos colegas por ser o último da turma, o que o tornou desmotiva- do, acarretando em um comportamento violento, difícil de controlar. Determinada a mudar o comportamento do filho, a mãe de Carson limitou as horas que o menino Fonte: http://rmimailservice.com/ product.php?productid=19025 111 passava em frente à TV e exigiu que o menino reali- zasse empréstimos de livros na biblioteca da escola, com o intuito de lê-los e fazer um resumo por escrito de cada leitura. A partir daí, suas notas começaram a mudar. Carson formou-se com sucesso no ensino médio e ganhou uma bolsa para a Universidade de Yale, onde se graduou em Psicologia. De Yale, passou para a escola de medicina da Universidade de Michigan, onde seu interesse mudou de Psiquiatria para Neurocirurgia. Em 1987, o então já doutor Carson, tor- nou-se um dos médicos mais renomados na área de neurocirurgia. Sua história é profundamente humana que descreve o papel fundamental da mãe que acreditou no filho enquanto ser humano, valorizando seu po- tencial e provando que o vínculo afetivo tem papel decisivo, para que as pessoas acreditem umas nas ou- tras e em si mesmas, e em sua capacidade de adquirir sucesso por meio do conhecimento. 112 Atividades 1) Defina conhecimento. 2) Em sua concepção, em que momentos o pro- fessor pode desenvolver o Conhecimento Científico em sala de aula? 3) Quais as relações entre aprendizagem e conhe- cimento? 4) Na concepção de Bacon, quais linhas deve seguir -se para que um método torne-se seguro? 5) Sabemos que em uma sala de aula, muitas são as diversidades culturais, sociais e intelectuais, pois cada ser humano é único em sua maneira de expressar ideias e conceitos. Partindo deste pressuposto, você enquanto multiplicador do conhecimento, que orga- nização metódica (metodologia) desenvolveria para despertar o interesse de seus alunos em construir uma pesquisa com seguinte tema: “As diversas for- mas de conhecer”? 113 UNIDADE 5 Nesta unidade, iremos discorrer sobre os mecanismos necessários para a consolidação da aprendizagem. Você compreenderá os mecanismos psicológicos da aprendizagem e como estes influen- ciam no processo de informação dos conceitos, co- laborando para o desenvolvimento de uma aprendi- zagem significativa. Mecanismos Psicológicos da Aprendizagem e Processo de Informações 115 5. Os Mecanismos Envolvidos na Aprendizagem Para que a aprendizagem aconteça, há o en- volvimento de mecanismos inerentes, quais sejam: cognitivos, perceptivos, motores, afetivos, emocio- nais, sociais e culturais. Nesta unidade, iremos dis- correr sobre estes mecanismos tão necessários para a efetivação da aprendizagem significativa. Independentemente da teoria adotada ou de- fendida nas instituições escolares, como já percebe- mos a aprendizagem é influenciada pela inteligência, motivação, estímulo, impulso, reforço e a resposta. Estes elementos são básicos para o processo de fixa- ção das novas informações absorvidas e processadas internamente pelo indivíduo. A possibilidade do indivíduo em aprender novas informações é limitada, ou seja, é impossível in- tegrar grandes quantidades de informação ao mesmo tempo. É necessário organizar, selecionar as informa- ções relevantes naquele momento da aprendizagem, sendo que quanto mais diversificadas forem aborda- dos os temas ou conteúdos escolares, quanto mais diferente for a forma de aprensentá-los maior será o interesse e mais significativa será a aprendizagem. Para começo de conversa o que são meca- nismos de aprendizagem? Mecanismos são meios e estratégias que o cérebro desenvolve para responder 116 a determinadas tarefas. Podem ser tidos como “ins- trumentos cerebrais”. Santos (2009) assegura que a aprendizagem realiza-se em função de alguns fatores, que chamamos de processos gerais da aprendizagem (Santos, 2009, p. 19). Para compreender melhor os mecanismos envolvidos no processo de aprendizagem, elabora- mos um esquema explicativo: Figura 5: síntese dos principais mecanismos psicológicos para o processo de informações e desenvolvimento da aprendizagem Esquema elaborado por mim com base nas pesquisas desenvolvidas Mecanismos necessários para o desenvolvimento da Aprendizagem Cognitivos • Memória • Atenção • Percepção •Raciocínio Afetivos-emocionais • Motivação • Interesse Sociais e culturais • Meio ambiente •Experiência • Interação •Linguagem 117 5.1 Mecanismos Cognitivos Indispen- sáveis para a Aprendizagem:Memó- ria, Atenção, Percepção e Raciocínio A memória é um conjunto de processos mentais relacionados entre si que permite ao ser hu- mano adquirir, reter e recuperar informações. Como percebemos nos estudos anteriores, nos primeiros anos de vida, a criança aprende por meio dos estímu- los sensoriais e pelas experiências práticas provindas da interação com o meio socialmente construído. À medida que os centros nervosos evoluem, o centro nervoso da aprendizagem também evolui. O centro nervoso da aprendizagem recebe estímulos vindos de outros centros nervosos, tudo é aprendido e vai sendo transmitido para o centro nervoso da memó- ria, ambos localizados no lobo frontal do cérebro. De acordo com Santos (2009) a memória é a habilidade de lembrar algo que tenha sido aprendido ou experi- mentado, sendo este processo vital para a vida huma- na e para a aprendizagem. Reportando aos estudos sobre as teorias da aprendizagem, especificamente nas teorias de Piaget e Vygotsky, ambos afirmam que sem o auxílio da memória, o indivíduo seria incapaz de aprender algo novo, uma vez que, as aprendiza- gens anteriores servem de ponto de partida para no- vos conhecimentos. Na concepção de Vygotsky, o conhecimento parte da Zona de Desenvolvimento 118 Real (aquilo que a criança já consegue realizar, sem a ajuda de outra pessoa, já adquiriu certos conceitos). Estes conceitos já estão armazenados na memória e a partir destes, a criança, por meio da mediação, avança para novos conceitos. O hipocampo é a área do cérebro onde é armazenada a memória. De acordo com as pesqui- sas de Santos: “Muito pouco se sabe sobre como as memórias são “estocadas” no cérebro. “Estocagem” de memória pa- rece envolver alterações químicas nos neurônios, assim como mudanças em sua estrutura física. Pesquisas têm mostrado que essas mudanças parecem ocorrer numa pequena área do cérebro chamada hipocampo. O hipo- campo é parte do córtex cerebral, que controla a maior parte das funções cerebrais superiores (como solução de problemas e linguagem). Acredita-se que a memória é adquirida por meio de uma série de eventos no cére- bro que consolidam e depois estocam a informação.” (SANTOS, 2009, p. 23) A memória compreende três processos fun- damentais: codificação, armazenamento e recupera- ção. A codificação é o processo de transformar a in- formação de forma que esta possa ser introduzida e retirada pelo sistema da memória. O armazenamento 119 retém a informação na memória, podendo fazer uso dessa informação posteriormente. A recuperação, como próprio nome já diz, recupera a informação que foi armazenada tornando-a consciente. Santos (2009) ressalta que a memória é di- vidida em três grupos principais: memória senso- rial, memória de média duração e memória de longa duração. A seguir vamos discorrer rapidamente so- bre cada uma delas: Memória sensorial é nossa memória instan- tânea que dura somente pelo instante em que algo é experimentado. O autor explica que quando olhamos para uma fotografia, a imagem entra em nossos olhos e é transmitida ao cérebro. Esse processo é rápido e leva menos de um segundo para o cérebro estabele- cer relação de memória com o que foi apresentado por meio da imagem fotográfica (Santos, 2009, p. 23). Podemos perceber mediante a explicação do autor, que um dos instrumentos eficazes que podem estimular a memória sensorial é o trabalho com ima- gens, desenhos, figuras etc. O professor pode utili- zar destes recursos a fim de proporcionar ao aluno o exercício da memória sensorial, estabelecendo re- lação entre o que lhe foi apresentado por meio da imagem, oportunizando novas experiências ou refor- çando aquelas que já foram consolidadas. A memória de média duração pode armaze- nar uma informação pelo tempo que esta estiver ati- 120 vamente sendo utilizada. A informação é usada quan- do procuramos e discamos um número de telefone, mas após pararmos de discá-lo, a informação vai se perdendo aos poucos, a não ser que seja transferida para a memória de longa duração. A memória de longa duração pode durar a vida inteira. Em conformidade com Santos: “A informação “entra’’ na memória de longa du- ração por duas “portas’’: a da repetição ou a da emoção intensa. A família e os amigos serão lem- brados por muito tempo, ao contrário de alguém que encontramos apenas uma vez em situação rotineira. Da mesma forma, os acontecimentos ligados a um momento de forte emoção tendem a ser mais facil- mente lembrados do que aqueles que são parte do nosso típico dia a dia.” (SANTOS, 2009, p.24) Desta forma, a memória de longa duração armazena situações de rotina e situações que fazem parte da nossa vida. A memória de longa duração re- cebe informações que já fizeram parte da memória sensorial bem como da memória de médio prazo, dependendo da importância e dos fatos que se de- ram a estes acontecimentos anteriores. A codificação pode acontecer por repetição ou pelo significado da informação; a memória de longa duração ajuda a rela- 121 cionar as emoções com as informações visuais. Pode- mos perceber que de todos os mecanismos psicológi- cos da aprendizagem, a memória ocupa importância central para o seu bom desenvolvimento. Nos estudos anteriores aprendemos que no estágio nomeado por Piaget como Operatório Con- creto, há um grande aprimoramento da memória especialmente na memória de curta duração, deste modo, o professor que conhece as características de cada fase nomeada por Piaget, terá mais facilidade em compreender alguns comportamentos da crian- ça e mediante ao fato, proporcionar-lhes situações de aprendizagem ajudando a criança a compreender suas diversas formas de aprender. O importante é refletir nas práticas peda- gógicas realizadas em sala de aula, como o fazer pe- dagógico do professor auxilia o aluno a exercitar e desenvolver sua memória de curto e longo prazo? Vale ressaltar que os centros nervosos da aprendizagem e da memória não se comunicam di- retamente com o meio exterior, e sim indiretamente, através dos sentidos. A atenção pode ser definida como sendo a capacidade em focar e concentrar-se conscientemen- te em uma atividade específica (Santos, 2009, p. 19). Seja qual for a teoria de aprendizagem con- siderada, a atenção, assim como a memória, é fator fundamental para que a aprendizagem efetive-se. A 122 atenção é a condição para que se processe a aprendi- zagem, a solução de problemas e o desempenho das tarefas cognitivas. Santos defini atenção da seguinte forma: “Existem diferentes tipos e níveis de atenção, os quais podem ser focados em uma ou mais coisas. Algumas vezes, atenção é involuntária. Nesse caso, ela é guiada por um estímulo intenso. Estímulos intensos geralmente provocam respostas orientadas, pois captam bruscamente a nossa atenção para o es- tímulo.” (SANTOS, 2009, p.19) Mais uma vez, deparamo-nos com a im- portância do estímulo no processo de informações. Lembrando que, estes estímulos são externos ao in- divíduo como, por exemplo, o uso de sons, imagens ou objetos relacionados ao meio ambiente em que o indivíduo está inserido. De acordo com as pesquisas de Marta Kohl de Oliveira, o funcionamento da atenção para Vygotsky é visto da seguinte forma: “Inicialmente baseada em mecanismos neurológicos inatos, a atenção vai gradualmente sendo submetida a processos de controle voluntário fundamentados na mediação simbólica. Os organismos estão submetidos 123 à imensa quantidade de informações do ambiente. Em todas as atividades do organismo no meio, en- tretanto, ocorre um processo de seleção das informa- ções, com as quais vai interagir: se não houvesse essa seletividade, a quantidade de informações seria tão grande e desordenada que seria impossível uma ação organizada do organismo no mundo.” (OLIVEI- RA, 1995, p.75) Segundo os autores, a atenção é seletiva, a princípio involuntária e ao longo do desenvolvimen- to o ser humano passa a ser capaz de dirigir sua aten- ção a certasatividades de acordo com o significado que estas representam a ele. Mediante o esboço, a atenção possui estreita relação com a memória e à percepção, uma vez que ambas fazem parte das estruturas cognitivas superiores. A percepção, por sua vez, é um mecanismo que defini a forma como recebemos e interpretamos as informações do meio (Santos, 2009, p. 26). Os órgãos dos sentidos são tidos como os principais instrumentos da percepção, pois são como canais que levam as informações até os centros ner- vosos do cérebro. O ser humano é capaz de compreender o mundo a sua volta por meio de suas percepções, quais sejam: visuais, sonoras, gustativas, olfativas e táteis. San- 124 tos (2009) define o papel da percepção quando cita: “Por meio da percepção aprendemos a associar certas coisas como objetos conhecidos, eventos e pessoas. No entanto, a percepção não nos fala dos objetos, eventos ou pessoas em si mesmos. Nosso cérebro precisa orga- nizar e interpretar o que nossos órgãos dos sentidos percebem, convertendo estímulos ambientais em infor- mações sobre o mundo.” (SANTOS, 2009, p.26) O autor deixa claro que os canais recepto- res, os órgãos dos sentidos, são imprescindíveis para que as percepções possam ser transportadas para o cérebro. Chamamos a atenção para o fato de que a forma como percebemos os estímulos a que somos submetidos, sofre influências emocionais, psicoló- gicas, culturais e emocionais. Nossa experiência em determinado assunto é que define que percepções te- mos a respeito, ou seja, hábitos, costumes e educação, que se podem alterar a percepção que se tem com determinados objetos do conhecimento. Dentro deste contexto, podemos afirmar que a percepção basea-se nos órgãos sensoriais, po- rém baseando-se na teoria de Vygotsky, a mediação simbólica e a origem sociocultural dos processos psi- cológicos superiores, a que a percepção faz referên- cia, são pressupostos fundamentais para explicar o 125 funcionamento da percepção. Esta relação entre os conceitos e definições dos mecanismos psicológicos da aprendizagem com as teorias outrora supracitadas, torna possível a compreen- são do processo de ensino e aprendizagem na prática. O professor pode aguçar e estimular a per- cepção de seus alunos propondo atividades lúdicas, explorando sons, texturas, imagens e movimentos. Uma postura criativa e investigativa fará do professor um mediador dos estímulos, auxiliando a desenvolver as percepções necessárias para a aprendizagem. O raciocínio é composto de pensamento di- recionado (Santos, 2009, p. 29). O raciocínio é uma operação mental onde se deduz ou induz uma ideia ou juízo. Geralmente, o raciocínio segue uma lógica, construindo argumentos com o intuito de chegar-se a uma conclusão lógica de um determinado assunto ou questão. Podemos dizer que o raciocínio segue três vertentes: a dedução, indução e a analogia. Perraude- au (2009), como síntese de suas pesquisas, cita que a dedução é a figura maior do raciocínio, pois se trata de produzir a verdade a partir da verdade. Um exem- plo mais comum do raciocínio dedutivo é encontrado nas questões de matemática. Exemplificando: se duas linhas são paralelas, então toda linha perpendicular à primeira é, necessariamente, perpendicular à segunda (Perraudeau, 2009, p. 57). 126 O raciocínio indutivo produz a verdade a par- tir do possível, ou seja, é o campo da formulação de hipóteses. Um exemplo de raciocínio por indução é o percurso experimental e a construção da pesquisa. A analogia, segundo Perraudeau (2009, p. 57) “é outro modo de raciocínio lógico, diferente dos dois primeiros, já que se apoia na reorganização do conhecido”. A partir destes conceitos, podemos per- ceber que assim como os demais mecanismos psico- lógicos essenciais para a aquisição da aprendizagem, o raciocínio é um processo do pensamento que segue uma lógica ou construção de hipóteses para consoli- dar a solução de problemas. Quando abordamos a teoria de Piaget, pon- tuamos que, segundo esta, o conhecimento evolui progressivamente, por meio de estruturas de raciocí- nio que substituem umas as outras, como um forma- to de espiral, através de estágios. Portanto, deixemos claro que as formas de pensar de uma criança são diferentes da lógica dos adultos. Sendo que para Pia- get, é no estágio Operatório Formal que a criança co- meça a desenvolver seu pensamento como o de um adulto, assim podendo desenvolver ideias abstratas e iniciar seu raciocínio lógico. Desta forma, conclui-se que é importante o incentivo ao raciocínio, nesta fase do desenvolvimento entre os 12 e 15 anos de idade. Lembramos estes conceitos a fim de clarificar a im- 127 portância do conhecimento da teoria, estabelecendo relação nas pesquisas sobre os mecanismos psicoló- gicos necessários à aprendizagem. 5.2 Mecanismos Afetivo-emocionais que Favorecem o Desenvolvimento da Aprendizagem O fato de querer aprender garante à criança um maior sucesso na inquisição de conhecimentos ou habilidades. O interesse é, portanto, a mola pro- pulsora da aprendizagem. Os motivos que a criança tem para aprender situam-se nos vários níveis de desenvolvimento humano (níveis biológico, psico- lógico e social). Todo comportamento humano pode ser vis- to como a busca do equilíbrio, ou seja, como a pro- cura do bem-estar pelo indivíduo, tanto em relação a si mesmo como em relação ao meio ambiente em que vive. O equilíbrio traz-nos satisfação e o desequi- líbrio, tensão. A criança pode querer aprender por vários motivos: - Para satisfazer a sua necessidade biológica de exercí- cio físico, com a finalidade de liberar energia. - Ao ser estimulada pelos órgãos dos sentidos como, 128 por exemplo, pela visão das cores alegres de um ma- terial pedagógico. - Ao sentir-se motivada para uma atividade mental, quando consegue resolver um problema ou entender bem uma explicação do professor. Por sentir necessidade de conquistar um prê- mio ou uma boa classificação na escola, que lhe de status no meio social que frequenta. O fato de garan- tir a admiração da família ou dos colegas também é uma boa motivação para aprender. A motivação e interesse fazem parte de um mesmo processo, ou seja, uma desencadeia o desen- volvimento da outra, estabelecendo relação. Segundo Santos (2009: p. 33): “motivação é algo que afeta o sistema nervoso e determina certo comportamento”. Em concordância com o conceito do autor sobre a motivação torna-se relevante pensar que tal mecanismo é o que ativa as funções psicoló- gicas a responderem de forma intensa ou não, ao que foi proposto. A resposta pode ser positiva ou nega- tiva dependendo dos estímulos internos ou externos apresentados pelo indivíduo ou para o indivíduo. Santos (2009) complementa que motivos di- ferentes conduzem-nos a comportamentos diferen- tes. E explica: 129 “Existem três tipos básicos de motivos: homeostáti- cos, não-homeostáticos e motivos aprendidos. Moti- vos homeostáticos incluem necessidades como a fome, a sede e a necessidade de respirar. Eles funcionam no sentido de manter o corpo em equilíbrio interno. Os motivos não-homeostáticos envolvem comportamentos como procurar por abrigo e a curiosidade natural do ser humano. Os motivos aprendidos incluem o desejo por novidades, aprimoramento, poder e aprovação. Estes motivos desenvolvem-se com a experiência e, uma vez desenvolvidos, eles continuam a influenciar nosso comportamento pelo resto da vida.” (SAN- TOS, 2009, p.34) Neste contexto, os motivos dinamizam a personalidade, enquanto que a motivação é o proces- so pelo qual estes motivos surgem, desenvolvem-se e mobilizam os comportamentos. Por outro lado, o interesse é importante para a aprendizagem, a partir do momento em que ele fa- cilita o pensamento e a atenção. Como já citamos, para que o ser humano aprenda, a aprendizagem precisa ser significativa. O interesse pelo objeto de aprendizagem torná-la-á significante a partir do mo- mento em que estabelecer relaçãocom a realidade do aprendente. O interesse garante que não percamos o foco naquilo que nos foi proposto a aprender. Pensa- 130 mos e aprendemos à medida que temos interesse. Concordando que o interesse torna a apren- dizagem mais significativa, afirma o autor: “Pensar e aprender são processos inseparáveis por- que nosso cérebro esforça-se para pensar o tempo todo. Significa, então, que aprendizagens ocorrem toda vez que ocorrem pensamentos significativos.” (SANTOS, 2009, p.36) As emoções estão muito ligadas aos processos de motivação, há uma interação complexa de fatores físicos, comportamentais, cognitivos, sociais e afetivos. Reportando-nos aos pensamentos de Vygotsky (1997): “são os desejos, necessidades, emo- ções, motivações e interesses, impulsos e inclinações do indivíduo que dão origem ao pensamento e este, por sua vez, exerce influência sobre o aspecto afeti- vo-volitivo”. (Rego, 1997, p. 122) Como percebemos, cognição e afeto são indis- sociáveis e precisam ser entendidas em sua totalidade. Assim, como emoções, motivações e interesses também fazem parte do processo do desenvolvimento da apren- dizagem, sendo necessários para torná-la significativa. 131 5.3 A Importância dos Mecanismos Sociais e Culturais no Processo de Ensino e Aprendizagem Organizamos, como componentes deste item, temas como o meio ambiente, experiência, lin- guagem e interação, por acreditar que estes mecanis- mos estão intimamente ligados aos aspectos sociais e culturais do ser humano; porém nossa intenção não é conceituá-los de maneira separada dos mecanis- mos cognitivos e afetivo-emocionais, pois como já citamos o processo de ensino e aprendizagem en- volve todos estes mecanismos num movimento recí- proco e articulado. O processo de desenvolvimento de uma pessoa é, em grande parte, processo pelo qual o ser humano incorpora a cultura do grupo a que perten- ce. Todas as sociedades educam seus membros para assimilarem as informações, os hábitos e costumes que são próprios daquela sociedade. Cada indivíduo é educado, nos diferentes ambientes em que está per- manentemente mergulhado dentro da cultura, para tornar-se parte ativa de seu grupo social. Trata-se de uma característica da espécie humana. Educação e cultura estão intimamente ligadas, já que a Educação só é possível por meio da existência de uma cultura, que se conserva por meio da Educação. É por isso que, para cada pessoa, seu modo de fazer as coisas, 132 seu modo de pensar, seus interesses e suas capacida- des estão fortemente ligados às aprendizagens espe- cíficas que realizar ao longo da vida. As diferentes culturas estruturam-se por meio das práticas culturais, isto é, sequências de ativi- dades, que se dirigem a determinados objetivos e uti- lizam certos tipos de instrumentos e conhecimentos. Ambas as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem tratam as influências do meio como fator preponderante tanto para o desenvolvimento, quanto para a aprendizagem. Pesquisas comprovam que a exposição de um meio ambiente ricamente estimulante, pode mudar a estrutura e química do cérebro, tendendo a acelerar o processo de aprendizagem (Santos, 2009, p. 39). Desta forma, a cultura torna-se parte da na- tureza humana influenciando no desenvolvimento das funções psíquicas, estabelecendo relação com o meio ambiente físico, como também cultural. Dentro da esfera sociocultural, as experi- ências que o ser humano adquire ao longo da vida são fundamentais como ponto de partida para novos conhecimentos. Sabemos que tais experiências em grande parte, acontecem por meio da interação com outras pessoas, ou com outros objetos de conheci- mento, fazendo com que tais experiências sirvam para promover novos conceitos. Quando falamos em sociocultural e intera- 133 ção, logo pensamos nas pesquisas de Vygotsky, pois acreditamos encontrar nelas suporte teórico suficien- te para respaldar e argumentar sobre a importância do desenvolvimento do homem, enquanto ser bio- lógico e social. As funções psicológicas humanas originam-se nas relações do indivíduo e seu contexto social e cultural. Desta forma, de acordo com Rego: “A cultura é, portanto, parte constitutiva da nature- za humana, já que sua característica psicológica dá-se através da internalização dos modos historicamente de- terminados e culturalmente organizados de operar com informações.” (REGO, 1997, p.43) Partindo da ideia da autora ao referenciar Vygotsky, temos como mecanismos psicológicos da aprendizagem as relações sociais e culturais, e den- tro deste contexto, podemos agregar a importância da linguagem neste processo de informações. Porém, é preciso explicitar que a linguagem faz parte tanto dos mecanismos culturais e sociais, como dos meca- nismos relacionados ao desenvolvimento cognitivo, uma vez que linguagem envolve fatores sociais, cul- turais, como também está relacionada ao desenvolvi- mento do pensamento lógico. A linguagem pode ser interpretada como fa- 134 tor importante para a aprendizagem, como também ser relacionada como um mecanismo psicológico no processo de informações, colaborando com a capaci- dade que temos de expressar nossas lembranças, de exercitar nossa memória. As pesquisas sobre a linguagem são pautadas basicamente em duas vertentes principais: do ponto de vista psicolinguístico e do ponto de vista cogni- tivo. Entre os grandes expoentes do ponto de vista psicolinguístico na Psicologia, podemos destacar Mc- neill (1966; 1968), Roger Brown (1958; 1973) e Eric Lenneberg (1967). Os argumentos básicos do ponto de vista psicolinguísticos consistem na ideia de que as teo- rias da aprendizagem são inadequadas para explicar o desenvolvimento da linguagem. Pois, segundo os psicolinguistas, o processo de aquisição da lin- guagem envolve a descoberta de relações entre es- truturas superficiais ou manifestações explícitas da linguagem e as estruturas subjacentes, profundas e abstratas da linguagem. Biaggio, em suas pesquisas, explica tais es- truturas da seguinte forma: “As estruturas subjacentes são consideradas univer- sais, comuns a todas as línguas e representariam as capacidades inatas de todas as crianças. A aquisição da linguagem nativa seria feita através da interação 135 entre a experiência linguística da criança e suas ca- pacidades inatas, ou seja, a criança teria capacida- de e predisposições para aprender a linguagem, que seriam biologicamente determinadas. A experiência ou estimulação ambiental serviria para a criança aprender a ligação entre as estruturas subjacentes, universais da linguagem e as estruturas manifestas, particulares à comunidade linguística em que ela vive.” (BIAGGIO, 2007, p.168) Os linguistas já sustentaram de maneira bas- tante convincente que a linguagem falada é inata. É instintiva, ou seja, não precisa ser ensinada. Tudo que é necessário, segundo estes teóricos, é que os seres humanos ouçam sua língua materna. As divergências entre os psicolinguistas e os teóricos da aprendizagem em relação ao de- senvolvimento da linguagem é que, as teorias da aprendizagem reforçam a ideia de que a linguagem desenvolve-se mediante condicionamento, estímu- los ambientais, reforço e imitação. O ponto de vista psicolinguístico insiste na ideia de “pré-programa- ção do cérebro humano” e de estruturas universais de linguagem para explicar o desenvolvimento da linguagem (Biaggio, 2007, p.168). 136 A Linguagem numa Perspectiva Sociointeracionista: Mecanismo Necessário para o Desenvolvimento do Pensamento e da Aprendizagem Para discorrermos sobre a linguagem numa perspectiva sociointeracionista é necessário lembrar que esta perspectiva refere-se principalmente aos teó- ricos Piaget e Vygotsky. Piaget centra-se na interação entre o sujeito e a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. E com essa interação o sujeito cons- trói estruturas mentais. Vygotsky por sua vez, a intera- ção acontece entre o sujeito com o meio, medianteas relações sociais e culturais historicamente construídas. Pulaski (1986, p. 101) sustenta a ideia de que a linguagem possui um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, e pautando-se das pes- quisas de Piaget, afirma que a linguagem é um siste- ma arbitrário de sinais; seus signos ou palavras têm significados públicos compartilhados e compreen- A psicolinguística é o ramo da linguística que tem como um dos seus objetivos de estudo o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem e disponi- biliza um conjunto de ideias, que nos ajudam a com- preender melhor como a criança até os três anos ad- quire e posteriormente desenvolve sua língua materna. Para saber mais acesse o site: www.eduquenet.net/ 137 didos pela sociedade. Desta forma, a linguagem é como uma aprendizagem social, porém a criança desenvolve pri- meiramente uma linguagem primitiva e egocêntrica, que posteriormente os significados vão lentamente sendo assimilados pela criança. Para Piaget, a lingua- gem não constitui o pensamento lógico, mas é, ao contrário, estruturada pelo pensamento. Sendo assim, o pensamento lógico antece- de a linguagem, pois é elaborado pela própria criança partindo da interação com o objeto de conhecimen- to, posteriormente após consolidação do pensamen- to é que a criança estará capacitada para assimilar o significado completo da linguagem. Piaget sustenta que o desenvolvimento da linguagem é estruturado pelo desenvolvimento cog- nitivo e depende dele. Com base na afirmação do teórico, o professor ao disponibilizar uma determi- nada tarefa à criança, precisa levar em consideração o desenvolvimento do pensamento lógico, se este está cognitivamente preparado para desenvolver a tarefa proposta. A partir do pensamento lógico, já estru- turado, a criança consegue verbalizar sua ação e por meio da linguagem apresentar as estratégias que o pensamento utilizou para concluir a tarefa. É comum ouvirmos do professor afirma- ções do tipo: “Ah! esta criança não sabe responder a esta questão!” ou “Já fiz de tudo, mas a criança não 138 aprende, não corresponde às atividades que propo- nho.” Certamente, o professor sente-se angustiado, pois não vê resultado do seu trabalho. Será que a criança não aprende porque o ensino não foi bom? A resposta é que o processo de ensino e aprendizagem envolve vários fatores: cognitivos, bio- lógicos, sociais, culturais, psicológicos, e a linguagem posiciona-se como mecanismo de aprendizagem que está ligada indiretamente a esses fatores. Indireta- mente, porque depende das condições de prontidão destes fatores para se desenvolver. Texto Complementar A seguir, transcreve-se o texto retirado do livro da autora Tereza Cristina Rego: Vygotsky uma perspectiva histórico-cultural da educação (1997, p. 63), que apresentará relação entre pensamento e linguagem, apontando conceitos e fundamentos para aprofundar os estudos sobre a linguagem e refletir sobre este mecanismo de aprendizagem no processo de informações, e desta forma concluir a importância da linguagem no fazer pedagógico em sala de aula. 139 Os Estudos de Vygotsky: Relações Entre Pensamento e Linguagem O estudo das relações entre pensamentos e linguagem é considerado um dos temas mais comple- xos da Psicologia. Vygotsky dedicou-se a este assunto durante muitos anos de sua vida. Ele e seus colabo- radores trouxeram importantes contribuições sobre o tema, principalmente no que se refere à questão da compreensão das raízes genéticas da relação entre o pensamento e a linguagem. Afirma que a relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo da vida do indivíduo. Apesar de terem origens diferentes e de desenvolverem-se de modo independente, numa certa altura, graças à inserção da criança num grupo cultural, o pensamento e a linguagem encontram-se e dão origem ao modo de funcionamento psicológico mais sofisticado, tipicamente humano. Segundo Vygotsky, a conquista da lingua- gem representa um marco no desenvolvimento do homem: “a capacitação especificamente humana para a linguagem habilitada das crianças, a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e a contro- larem seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para crianças, primeiro acima de tudo, 140 um meio de contado social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tor- nam-se, então, a base de uma forma nova e superior de atividade nas crianças, distinguindo dos animais” (Vygotsky, 1984, p. 31). Sendo assim, a linguagem tanto expressa o pensamento da criança como age como organizadora desse pensamento. Vejamos como isto se processa. Tanto nas crianças como nos adultos, a função primordial da fala é o contato social, a comunicação; isto quer dizer que o desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela necessidade de comunicação. Assim, mesmo a fala mais primitiva da criança é social. Nos primei- ros meses de vida, o balbucio, o riso, o choro, as ex- pressões faciais ou as primeiras palavras da criança cumprem não somente a função de alívio emocio- nal (como, por exemplo, manifestação de conforto ou incômodo), como também são meios de contato com os membros de seu grupo. No entanto, esses sons, gestos ou expressões são manifestações bastan- te difusas, pois não indicam significados específicos (por exemplo, o choro do bebê pode significar dor de barriga, fome etc.). Vygotsky chamou essa fase de estágio pré-intelectual do desenvolvimento da fala. Antes de aprender a falar a criança demons- tra uma inteligência prática que consiste na sua capa- cidade de agir no ambiente e resolver problemas práticos, inclusive com o auxílio de instrumentos in- 141 termediários (por exemplo, é capaz de utilizar-se de um baldinho para encher de areia ou de subir num banco para alcançar um objeto), mas sem a media- ção da linguagem. Segundo Vygotsky, esse é o estágio pré-linguístico do desenvolvimento do pensamento. Através de inúmeras oportunidades de diálo- go, os adultos, que já dominam a linguagem, não só in- terpretam e atribuem significados aos gestos, posturas, expressões e sons da criança, como também a inserem no mundo simbólico de sua cultura. Na medida em que, a criança interage e dialoga com os membros mais maduros de sua cultura, aprende a usar a linguagem como instrumento do pensamento e como meio de comunicação. Nesse momento, o pensamento e a lin- guagem associam-se, consequentemente o pensamen- to torna-se verbal e a fala racional. É interessante analisar com mais detalhes as explicações de Vygotsky sobre o processo de con- quista da utilização da linguagem como instrumen- to de pensamento, que evidencia o modo pelo qual a criança interioriza os padrões de comportamento fornecidos por seu grupo cultural. Através de seus experimentos, pôde observar que este processo, ape- sar de dinâmico e não linear, passa por estágios que obedecem à seguinte trajetória: a fala evolui de uma fala exterior para a fala egocêntrica e, desta, para uma fala interior. A fala egocêntrica é entendida como um estágio de transição entre fala exterior (fruto das ati- 142 vidades interpsíquicas, que ocorrem no plano social) e fala interior (atividade intrapsíquica, individual). Primeiramente, a criança utiliza a fala como meio de comunicação, de estabelecimento de contato com outras pessoas. Para a resolução de um proble- ma, por exemplo, (para alcançar um brigadeiro que está em cima de uma geladeira), a criança faz apelos verbais a um adulto. Nesse estágio, a fala é global, tem múltiplas funções, mas não serve ainda como um planejamento de sequências a serem realizadas; assim não é utilizada como um instrumento do pensamen- to. Vygotsky chamou essa fala de discurso socializado. Aos poucos, a fala socializada, que antes era dirigida ao adulto para resolver um problema, é inter- nalizada, ouseja, a criança passa a apelar para si mes- ma para solucionar uma questão: é o chamado discurso interior. Deste modo, além das funções emocionais e comunicativas, a fala começa a ter também a função planejadora. Nesse caso, a criança estabelece um di- álogo com ela mesma, sem vocalização, com vistas a encontrar uma forma de solucionar o problema (é como se ela falasse para ela mesma: “Preciso arrumar um jeito de alcançar esse doce. Posso usar uma esca- da ou um banco”). Portanto, a fala passa a preceder a ação e funcionar como auxílio de um plano já conce- bido, mas ainda não executado. Ao aprender a usar a linguagem para planejar uma ação futura, a criança consegue ir além das ex- 143 periências imediatas. Esta “visão do futuro” (ausente nos animais) permite que as crianças realizem opera- ções psicológicas bem mais complexas (passa a poder prever, comparar, deduzir etc.). Vygotsky explica que existe um tipo de fala intermediária, que funciona como uma espécie de transição entre o discurso socializado e o interior. A característica principal dessa fala é que acompanha a ação e dirige-se ao próprio sujeito da ação. Nesse estágio, a criança fala, mas não se dirige a nenhum interlocutor, dialoga consigo mesma. Também, ser- ve para planejar e solucionar um problema, só que é como se planejasse em voz alta, antes ou ao longo da realização da atividade (por exemplo: “Como eu pos- so pegar aquele brigadeiro que está tão longe? Ah... já sei! Vou subir na mesa!”). Vygotsky esclarece as características da fun- ção planejadora da fala a partir de uma interessante ana- logia com a fala das crianças, enquanto desenham. As crianças menores tendem a nomear seus desenhos somente após realizá-los e vê-los. A decisão do que serão é assim, posterior à atividade. Uma criança um pouco mais velha nomeia o seu desenho, quando este já está quase pronto e, mais tarde, geralmente decidem previamente o que desenharão. Neste caso, a fala é anterior à atividade e, portanto, dirige a ação. Quando a fala desloca-se para o início da atividade, uma nova relação entre fala e ação se estabelece. 144 Como foi possível verificar, na perspectiva esboçada, o domínio da linguagem promove mudan- ças radicais na criança, principalmente no seu modo de relacionar-se com o seu meio, pois possibilita no- vas formas de comunicação com os indivíduos e de organização de seu modo de agir e pensar. Para um estudo mais aprofundado das ideias de Vygotsky sobre a ques- tão da linguagem e suas relações com o pensamento, ler o livro “Pensa- mento e linguagem”, 1987. Sugestões para Complementação dos Estudos Leitura individual do livro: Vygotsky: uma perspec- tiva histórico-cultural da educação. REGO, Tereza Cristina. 4ª Edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1997. Leitura da Revista Pátio: desvendando a aprendiza- gem: o que as diversas abordagens esclarecem sobre as diferentes maneiras de aprender. Ano XIII- N. 49- fevereiro/abril 2009. Acesso: http//www.revistapatio. com.br. editada pela Artimed. A Revista Pátio é con- siderada nos meios educacionais o mais respeitável e qualificado veículo de atualização e formação para os profissionais da Educação que atuam desde a Edu- cação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental e Médio, até chegar à esfera acadêmica com desenvoltu- ra. Aborda temas centrais relativos à docência em sala 145 de aula, e espaços universitários do Brasil e de outros países do mundo. Desde 1926, tem o propósito, e as- sim o cumpre: socializando conhecimentos de ponta, difundindo experiências exitosas de autores de eleva- do conceito e extensiva prática didático-pedagógica de todas as Universidades Federadas brasileiras e dos grandes centros do exterior do país. Atividades 1) Defina mecanismos de aprendizagem. 2) Em sua opinião, qual mecanismo você considera como fundamental para a aprendizagem? 3) Qual a importância da linguagem na concepção de Lev Vygotsky? 4) Baseado nas teorias que já estudamos, em sua opi- nião, porque alguns conteúdos são retidos na memó- ria dos alunos, enquanto outros não são apropriados pelos discentes no momento do ensino? A este fato, qual a contribuição do mecanismo da memória para a efetivação da aprendizagem? 5) Em sua opinião, qual a influência dos mecanismos so- ciais e culturais no processo de ensino e aprendizagem? 147 UNIDADE 6 Nesta unidade, você poderá entender sobre as modalidades e estratégias de aprendizagem. Este tema auxiliar-lhe-á a compreender os caminhos cognitivos percorridos pela criança no processo de aprendizagem. Mediante aos estudos anteriores per- cebemos que o ser humano está em constante busca do conhecimento, utilizando destas estratégias de aprendizagem para pensar, interagir com o objeto do conhecimento e interpretar o mundo. Aprendizagem Significativa: Modalidades e Estratégias 149 6. Enfim... O Que é Aprendizagem? Como estudamos, muitas são as concepções de aprendizagem, tais conceitos modificam-se à me- dida que as pesquisas neste campo evoluem. Nossas concepções a respeito da aprendi- zagem é que nortearão nossas práticas na escola e, especificamente; em sala de aula. Uma vez que, é na sala de aula que as práticas pedagógicas efetivam-se, tendo a pessoa do professor como maior autor do processo do ensino e da aprendizagem. Dinah Campos (2010) relata que desde a an- tiguidade os filósofos e pensadores preocupavam-se com os fatos da aprendizagem do tipo “verbal” ou “ideativo”. É por essa razão que as primeiras teorias da aprendizagem confundiram-se com as explicações dos processos lógicos e com as teorias do conhecimento. Pesquisando na literatura referente aos con- ceitos de aprendizagem, buscamos algumas das prin- cipais ideias sobre o assunto. Iniciando pelas concep- ções antigas de aprendizagem. Campos (2010) contribui com suas pesqui- sas, citando os principais pesquisadores e filósofos da antiguidade e como estes concebiam a aprendizagem. Mediante cada concepção apontada, faremos um breve comentário estabelecendo relação entre o conceito ex- posto e as possíveis práticas pedagógicas do docente: 150 Sócrates O conhecimento preexiste no espírito do homem e a aprendizagem consiste no despertar esses conheci- mentos inatos e adormecidos. Para ele, o método da “maiêutica”7 ou par- tejamento das ideias é que disciplinaria o espírito e revelaria as verdades universais. Podemos dizer que Sócrates foi um dos ho- mens mais inteligentes que já existiu e suas ideias per- manecem até os dias atuais. O termo “maiêutica” fez com que as pessoas a sua volta pudessem exercer o raciocínio como se fossem solucionar um problema ou indagação, e com isso elaborar conhecimentos mais sofisticados. Partia da ideia de que nada era ver- dade absoluta. Partindo das ideias de Sócrates, uma ques- tão leva-nos à reflexão: será que atualmente os pro- fessores estão exercendo a maiêutica? Levando seus alunos a não aceitar os conteúdos propostos como verdades absolutas? Podemos responder a esta questão afirman- do que a forma como os conteúdos são apresentados devem despertar no aluno sua consciência crítica, oportunizar o diálogo e os questionamentos que ve- nham a surgir perante o assunto em questão. 7 Termo utilizado por Sócrates que quer dizer “dar à luz” (parto) intelec- tual, da procura da verdade no interior do homem. Levava seus discípu- los a duvidar de seu próprio conhecimento de um determinado assunto, depois os levava a conceber de si mesmos, uma nova ideia, uma nova opinião sobre o assunto em questão 151 Platão Formulou uma teoria dualista que separava o corpo (ou coisas) da alma (ou ideias). Expôs as ideias de seu mestre Sócrates, elaborando-as com a formulação de sua doutrina das “reminiscências”. A alma está sujei- ta à metempsicose e guarda a lembrança das ideias contempladas na encarnação anterior que, pela per- cepção, voltam à consciência. Assim, a aprendizagem nada mais é do que uma reminiscência. Platão foi discípulo de Sócratesisso explica a base nuclear de suas ideias. Porém, a marca nuclear do pensamento de Platão está no termo reminiscên- cia, que num conceito mais simples da palavra, diz respeito à memória, recordação que temos de algo que já nos foi conhecido. Mediante o conceito em pauta, podemos di- zer que o filósofo já desenvolvia um ensino valorizan- do os conhecimentos prévios do sujeito que aprende. Aristóteles Apresenta um ponto de vista, definitivamente, científi- co, ensina que todo conhecimento começa pelos senti- dos, rejeitando a preexistência das ideias em nosso es- pírito. Lançou, portanto, o fundamento para o ensino intuitivo. Utilizou o método dedutivo, característico de seu sistema lógico, e o método indutivo, aplicando-o em suas observações, experiências e hipóteses. Aristóteles foi o primeiro filósofo a utili- 152 zar-se da lógica como instrumento para as ciências e para o conhecimento. A estrutura básica de seus conceitos é o silogismo, ou seja, o raciocínio formal- mente estruturado. Segue algumas premissas postas, previamente, para que se chegue a uma conclusão. O silogismo é dedutivo, parte do universal para o parti- cular. A indução parte do particular para o universal; sendo assim se as premissas forem verdadeiras a con- clusão também será. Relacionando o pensamento de Aristóteles às práticas de sala de aula, quando apresentamos cer- to conteúdo de Geografia, por exemplo: mapa mun- dial e exigimos que a criança aproprie-se dos nomes dos continentes, países etc, estamos partindo do uni- versal para o particular, quando o particular refere-se ao país a que a criança reside. Se apresentarmos à criança primeiro os estudos de seu país de origem, para posteriormente apresentar-lhes o mapa do mun- do, estaremos partindo do particular para ao univer- sal. Durante o processo do ensino, a criança chegará à conclusão que o seu país de origem pertence a todo um contexto de mundo. Santo Agostinho Poucos tentaram reviver o método indutivo, como Santo Agostinho, que adotou a introspecção, para re- gistrar suas próprias experiências mentais e esposou a teoria das faculdades mentais. 153 Santo Agostinho é uma das figuras mais im- portantes para o desenvolvimento do Cristianismo no Ocidente. Podemos, então, dizer que seus con- ceitos foram pautados no teologismo. Para este pen- sador, a aprendizagem é introspectiva, desenvolve-se de dentro para fora. Isso nos faz pensar que foi a partir daí que as estruturas mentais ganharam enfo- que nas relações com a aprendizagem. Santo Tomás de Aquino Distinguiu as verdades científicas, baseadas na pes- quisa e experimentação, e as verdades religiosas, baseadas na autoridade divina. Para ele, o principal agente da aprendizagem é a atividade de quem apren- de. Considerava a aprendizagem como um processo inteligente, dinâmico e autoativo. Podemos relacionar o pensamento de To- más de Aquino à aprendizagem condicionada, partin- do de experimentos, porém afirma que para aprender o ser humano precisa ter pré-disposição, envolver-se ativamente no processo. Realizando um comparativo com as teorias abordadas anteriormente nas outras unidades, perce- bemos semelhanças mesmo que implícitas com rela- ção aos conceitos por hora citados. Do ponto de vista psicológico, Campos (2010, p. 28-29) considera a aprendizagem como sendo: 154 - um processo de associação entre uma situação es- timuladora e a resposta, como se verifica na teoria conexionista da aprendizagem; - o ajustamento ou adaptação do indivíduo ao am- biente, conforme a teoria funcionalista; - um processo de reforço do comportamento, segun- do a teoria baseada em um sistema dedutivo-hipoté- tico, formulada por Hull; - um condicionamento de reações, realizado por di- versas formas, tal como se verifica, por exemplo, no condicionamento contíguo de Guthrie ou no condi- cionamento operante de Skinner; - um processo perceptivo, em que se dá uma mudan- ça na estrutura cognitiva, de acordo com as proposi- ções das teorias gestaltistas. A autora considera a aprendizagem pautan- do-se numa abordagem psicológica levando em con- sideração as diversas concepções teóricas já mencio- nadas nos estudos anteriores. Podemos considerar a aprendizagem como uma mudança de comportamento por meio da ex- periência e prática, advinda de um ajustamento ou adaptação a uma determinada situação, que envolve processo contínuo e sistemático. É possível considerar a aprendizagem me- diante as várias vertentes psicológicas, porém torna- -se custoso enquanto educador manter-se indiferente 155 as estas concepções uma vez que, o posicionamento do professor mediante esta ou àquela teoria é fator determinante com relação às práticas de ensino, que este desenvolverá em sala de aula. A concepção de aprendizagem a que se faz acreditar é importante para traçar os caminhos que levam a criança a aprender, não desconsiderando ou- tros elementos fundamentais para que a aprendiza- gem aconteça e que devem sempre ser levados em consideração. Afirmando o que já estudamos nas outras unidades, esses elementos fundamentais são destacados pela pesquisadora Ruth Caribe da Rocha Drouet (1990), como sendo o ambiente onde se efeti- va o processo de aprendizagem, seja este ambiente fa- miliar, escolar ou espaços sociais como clubes, igrejas etc. A maturação da criança que aprende, sendo que esta maturação dá-se por etapas, que se sucedem em uma mesma sequência, embora em tempo diferentes para cada indivíduo. Este último está relacionado a outros fatores fundamentais para que a aprendiza- gem efetive-se, seja qual for a teoria de aprendiza- gem considerada. Ruth Caribé (1990) aponta ainda, como fatores fundamentais para o amadurecimento da criança, o aspecto intelectual, o afetivo-social e o sensório-psiconeurológico. Lembrando que, saúde física e mental, motivação, prévio domínio de certos conhecimentos, habilidades e experiências anteriores vividas pela criança, inteligência, concentração, aten- 156 ção e memória também são fatores influenciáveis na aprendizagem da criança. O professor é o grande agente mediador desta aprendizagem, diante disto, é preciso conhecer o aluno, como ele aprende e a partir desta investiga- ção planejar um ensino que por meio do plano de aula e de metodologias incentivadoras, os canais de aprendizagem possam ser mobilizados. Outra concepção de aprendizagem citada por Antunes (2002) é a aprendizagem escolar, as crianças são levadas à escola, onde deve alcançar o acesso aos aspectos essenciais da cultura, importante fator para o seu desenvolvimento social. As escolas e os professo- res também existem porque é nelas, e principalmente com eles que se aprende. No entanto, aprender em sala de aula não é apenas copiar ou reproduzir a realidade, eleger modelos e conquistar novas habituações e novos condicionamentos. Para Celso Antunes: “A verdadeira aprendizagem escolar deve sempre buscar desafiar o aprendiz a ser capaz de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretende aprender. Enfim, deve ser capaz de construir significados”, (p. 29), e ainda: “a aprendizagem pode ser definida como uma mudança relativamente perma- nente no comportamento que resulta da experiência” (ANTUNES: 2002; p. 15). Antes de compreendermos o que são moda- lidades de aprendizagem, precisamos relembrar que, 157 os alunos são diferentes e possuem formas diferentes e ritmos diferentes de aprender. Neste contexto, Portilho, (2009, p. 78), con- ceitua modalidade de aprendizagem como sendo a ca- racterística de cada pessoa na hora de aprender. É ma- neira como cada um de nós realiza sua aprendizagem. Em conformidade com a autora, podemos considerar que não existe apenas uma maneira de aprender. Existem diferentes processos e canais de aprendizagem e o professor deve estar atento e co- nhecer bem todos esses processos. Visual Teórica Cinestésica A mente vagueia durante as atividades mentais. Tem problemas em seguirou relembrar instruções verbais. Prefere observar, a efe- tivamente participar de atividades e discussões de grupo. Gosta de ler silenciosamente. Distrai-se facilmente. Perde o interesse rapidamente em apre- sentações visuais. Gosta de atividades auditivas É ativo em situações de discussões em grupo. Mexe o lápis ou o pé, enquanto pensa, estuda ou faz provas. Adora manusear objetos. Utiliza bastantes gestos com as mãos e lingua- gem corporal. Toca as pessoas en- quanto fala com elas. TABELA 2: apresentamos, abaixo, tabela onde con- templa as características do sujeito mediante os canais de aprendizagem utilizados por este. 158 Presta atenção a detalhes. Tem letra legível e bem cuidada. É um bom orador. Memoriza facilmente vendo retratos e diagramas. Pode ter memória fotográfica. Tende a ser expansivo. Tende a ser racional. Escuta música en- quanto estuda ou faz a tarefa de casa. Tem letra descuidada e frequentemente ilegível. Memoriza facilmente sequências e listas. Memoriza nomes facilmente. Geralmente tem memória auditiva. Tende a ser moderada- mente expansivo. Tende a ser fechado com relação às emoções. Aprecia atividades manuais. Aprecia atividades da resolução de problemas. É desorganizado. É um mau orador. Geralmente, tem pro- blemas em memorizar nomes, listas etc. Tende a ser quieto, tímido ou reservado. Tende a ter facilidade para expressar emoções. Fonte: SANTOS, Júlio César Furtado dos. Aprendizagem significativa. Editora Mediação, Porto Alegre, 2009, p. 42-43. É cuidadoso e organizado. Prefere leitura em voz alta a leitura silenciosa. Tende a não gostar de ler 159 Desta forma, Santos (2009) apresenta as três modalidades básicas responsáveis por processar as informações e fixá-las na memória. Segundo o autor, todas as pessoas possuem uma modalidade predo- minante, ou seja, utiliza com maior êxito uma destas modalidades. Algumas pessoas têm consciência de sua modalidade preferida, o que ajuda a aprender de forma mais eficiente. Acontece que alguns alunos, principalmente as crianças que ingressam pela primeira vez na esco- la, não percebem a sua modalidade de aprendizagem e, cabe ao professor e equipe pedagógica da escola diagnosticar o canal de aprendizagem das crianças a fim de auxiliá-las a compreender seus estilos de aprendizagem e com isso amenizar as dificuldades de aprendizagem que possam surgir ao longo de sua vida acadêmica. Mediante as modalidades de aprendizagem existentes em cada criança é que as estratégias vão sendo construídas. 160 Modalidade Visual Modalidade Auditiva Modalidade Cinestésica Sequência lógica de imagens. Demonstrações. Cópia de notas. Destaque de ideias em textos com canetas “luminosas”. Fichas de anotações. Código de cores. Diagramas, fotografias, gráficos e mapas. Fitas de áudio. Leitura em voz alta. Instruções orais. Palestras. Repetir ideias oralmente. Uso de sons e ritmos. Poemas, rimas e associações de palavras. Experiência. Dramatização. Jogos. Resolução de problemas. Excursões. Anotações próprias. Fazer representações pessoais. TABELA 3: apresentamos, abaixo, tabela onde contempla as estratégias de ensino de acordo com a modalidade de aprendizagem desenvolvida pela criança. 161 Vídeos e filmes. Mapas mentais, abreviaturas. Grupos de discussões. Músicas. Representação corporal. Associações de conceitos e emoções. Fonte: SANTOS, Júlio César Furtado dos. Aprendizagem significativa. Editora Mediação, Porto Alegre, 2009, p. 44. A aquisição de estratégias ocorrem num processo de interiorização muito semelhante ao que Vygotsky definiu como Zona do Desenvolvimento Proximal. O sujeito desenvolve estratégias cada vez mais específicas, de acordo com a tarefa a que lhe foi proposta (Portilho, 2009, p. 84). Sendo assim, podemos perceber que de acor- do com a modalidade de aprendizagem da criança, a mesma cria estratégias para que a aprendizagem acon- teça. Lembrando que uma pessoa pode adquirir os três tipos de modalidades e desta forma criar diversas es- tratégias utilizando todos os canais de aprendizagem. Mediante as ideias propostas pelos autores, cabe refletir: de que forma podemos desenvolver as aprendizagens dos alunos? Podemos partir e relembrar a teoria Huma- nista de Carl Rogers, no sentido de que o primeiro passo é o vínculo e a cumplicidade do professor e aluno num relacionamento pautado pelo respei- to e confiança. O segundo passo é o docente ter o diagnóstico da turma e propor objetivos claros de 162 ensino e de aprendizagem, fazendo uso de metodo- logias diferenciadas. Sabemos que não existe sala de aula com uma turma homogênea. O ensino precisa alcançar a todos e para tanto exige do docente co- nhecimento e percepção para compreender qual é a forma de aprender de seus alunos. Em uma sala heterogênea, a metodologia deve oferecer instru- mentos que mobilizem os canais de aprendizagem: visual, auditivo e sinestésico. Portanto, o trabalho com mapas, cartazes, exposições orais, debates, música, teatro, jogos; são formas de enriquecer as aulas bem como, oportuni- zar que as diferentes modalidades de aprendizagem possam utilizar dessas estratégias para que o aluno aprenda mais e melhor. Ao planejar as aulas o professor deve levar em consideração, as modalidades e estratégias de aprendizagem de seus alunos. Para tanto, o uso de metodologias que contemplam os diversos estilos de aprendizagem, o uso de recursos diversos, novas tec- nologias e a realização de atividades diferenciadas são apenas alguns instrumentos eficazes para o desenvol- vimento de competências e habilidades e consequen- temente a efetivação da aprendizagem dos alunos. 163 • O momento do planejamento do professor é muito importante, tanto para refletir na prática pedagógica quanto em tomar decisões fundamentadas na teoria que vem sendo adotada. • Neste momento de planejar, é importante o acom- panhamento do supervisor escolar junto ao docente, a fim de orientar e intervir sugerindo metodologias eficazes objetivando o desenvolvimento da aprendiza- gem dos alunos. 6.1 Aprendizagem Significativa David Ausubel8 desenvolveu uma teoria cog- nitiva denominada teoria da aprendizagem significa- tiva, centrada no ensino em sala de aula, sua teoria partiu da crítica das ideias do ensino considerado mecânico, onde o professor é o detentor do saber e os alunos possuem uma posição passiva mediante o ensino e a aprendizagem. Para Ausubel, para que uma aprendizagem seja significativa, é imprescindível que os alunos tenham pre- disponibilidade para aprender significativamente. Ainda, é comum no ambiente escolar pro- 8 David Paul Ausubel, psicólogo e pedagogo norte americano, nascido em 25 de outubro de 1918 foi considerado um cognitivista e construtivista. Faleceu em 09 de julho de 2008. 164 fessores que se preocupam simplesmente em dar conta dos conteúdos dentro do prazo estipulado pela instituição escolar, como comum também alunos in- teressados apenas na nota que adquirida por meio das avaliações, muitas vezes, sem contexto algum com a realidade dos alunos. O teor da aprendizagem significativa pro- posta pelo teórico é justamente dar significado aos conteúdos ensinados na escola. Evelise Portilho (2009, p. 52 a 53), destaca que Ausubel propôs duas diferentes dimensões da aprendizagem, que por sua vez, dão lugar a quatro classes fundamentais de aprendizagem. A primeira dimensão é a que diferencia a aprendizagem por re- cepção da aprendizagem por descoberta, e a segun- da dimensão distingue a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa; de acordo com a autora: Aprendizagem receptiva - é a mais frequente no ensino, onde o aluno recebe o conteúdo que deve aprender em sua forma final e acabada; não necessi- ta realizar nenhum esforço para descobrir, devendo somente compreender e assimilar os conceitos para reproduzi-los quando for solicitado;
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