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Editora 1a Ed. | Julho | 2011 Impressão em São Paulo - SP Débora Margot de Barros O COntextO SOCiOeduCaCiOnal na PerSPeCtiva da inCluSãO O Contexto Socioeducacional na Perspectiva da Inclusão Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Maria de Lourdes Professora Responsável Débora Margot de Barros Projeto Gráfico, Diagramação e Capa Patrícia Lé Revisão Ortográfica Célia Ferreira Pinto B277e Barros, Débora Margot de. A educação especial no contexto socioeconômico brasileiro. / Débora Margot de Barros. – São Paulo : Know How, 2011. 258 p. : 21 cm. : il. Inclui Bibliografia ISBN: 978-85-8065-098-3 1. Educação. 2.Educação especial. 3. Brasil. I. Título. CDD – 371.90981 Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 1a Edição: Julho de 2011 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD Know How 2009 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Prezado aluno, Nesta disciplina, O Contexto Socioeducacional na Perspectiva da Inclusão, você terá a oportunida- de de conhecer as questões referentes à discussão do processo de inserção das crianças com deficiência no espaco escolar em nosso país,desta forma, poderá am- pliar o conceito de inclusão escolar. Considera-se, aqui, a importância da forma- ção de professores e a necessidade de organização de sistemas educacionais inclusivos para a concreti- zação dos direitos dos alunos com deficiência. Espero que os assuntos aqui discutidos contri- buam para a sua formação e reflexões não somente para o desenvolvimento das crianças com deficiên- cia, mas também para a aceitação geral das diferenças individuais,a valorização de cada indivíduo,a convi- vência em meio a diversidade humana, e a aprendiza- gem por meio da cooperação,tendo como meta uma educação com qualidade para todos. aPreSentaçãO As sociedades antepassadas não aceitavam a deficiência, provocando uma exclusão quase total das pessoas portadoras desta. As famílias chegavam mes- mo a escondê-las da convivência com outros, isolan- do-as do mundo. Felizmente, o mundo desenvolveu levando a uma maior aceitação da deficiência devido ao aparecimento de novos pensamentos e mentalida- des. Estas transformações aconteceram, em grande maioria, no final do século XIX e começo do século xx na revolução industrial, com o aparecimento do in- teresse pela educação nos países desenvolvidos. Esse interesse provocou o início do atendimento aos defi- cientes, bem como o aparecimento da Educação Es- pecial destinada a um movimento de inclusão escolar e social. É com enorme prazer e amor que organizo este material, pois acredito que o papel de cada indivíduo neste espaco é de aprendizagem, e, que este trabalho venha oferecer condições necessárias para reflexões, e desta forma gerar o acolhimento de alunos com defi- ciências em todo o país. Débora Margot de Barros Unidade 1 Educação Especial / inclusão: discussões necessárias para a sociedade atual Unidade 2 Conceitos, princípios e pressupostos legais da Educação Especial Unidade 3 Fundamentos e conceitos históricos sobre a Educação Especial no Brasil e no mundo Unidade 4 Evolução histórica da Educação Especial: diferentes enfoques Unidade 5 Características do educando com deficiência nos aspectos sociopsicopedagógico, profissionalizante e preventivo Unidade 6 Educação, possibilidades e limites na inserção profissional da pessoa com deficiência, no movimento histórico-social brasileiro e na contemporaneidade Referências 22 6 84 118 144 190 241 SumáriO 1▪ eduCaçãO eSPeCial / inCluSãO: diSCuSSõeS neCeSSáriaS Para a SOCiedade atual Seja bem-vindo (a)! Nesta primeira unidade, o texto é fruto de um es- forço onde o objetivo é oferecer algumas reflexões sobre um tema, que me é de extrema complexidade e importância para a garantia, dos direitos das pes- soas com deficiência e de todos: negros, mulheres, pobres,... Bons estudos!!! Caro (a) Aluno (a) 8 Esta unidade terá como objetivos: ▪ Identificar concepções de ensino com paradigmas diversos. ▪ Relacionar algumas características predominantes no paradigma da Educação Especial e no paradigma inclusivo. Na medida do possível, acompanhe os conteúdos das unidades assinalando no texto, dúvidas e questões. Consulte os sites indicados para ampliar informa- ções, que podem colaborar para uma melhor com- preensão dos assuntos estudados. A Educação ocupa lugar estratégico no desenvolvimento de um país, sendo fator de grande importância para a formação de cidadania das crianças e jovens. Mundialmente, a Educação Especial Inclusiva tem sido vista como integrante da Educação Especial. Esta perspectiva representa um avanço para a sociedade, assim, esta- remos juntos refletindo sobre estas ideias. Objetivos da Unidade Conteúdos da Unidade 9 O grande problema do educador não é discutir se a Edu- cação pode ou não pode, mas é discutir onde pode, como pode, com quem pode, quando pode; é reconhecer os limites que sua prática impõe. É perceber que o seu trabalho não é individual, é social e se dá na prática de que ele faz parte. Paulo Freire in Carvalho (2004, p9) A Educação é um dos mais importantes ins- trumentos de inclusão social, essencial para a redução das desigualdades no Brasil. De acordo com Carvalho (2004, p.10), a reali- dade educacional brasileira aponta severos limites, para refleti-la é necessário repensar o real significado de di- versidade, como também sobre a prática pedagógica (acesso ao currículo, avaliações,...) nas várias escolas. Historicamente, no século passado, havia um olhar positivista, tendo a igualdade como padrão, como uniformidade, precisão e clareza. Esta ideia trouxe uma prática escolar, e na sociedade, de ex- clusão. O parâmetro colocado foi quem pode mais, quem pode igual, quem pode menos, uma prática que norteou o pensamento da competência, da justiça em avaliação educacional, e, a comparação e a seleção. Ca- tegorias classificatórias foram criadas, e socialmente a dimensão de aprovado/reprovado, incluído/excluído. A Constituição Federal, de 1988, incorpora ban- deiras e traz avanços consideráveis dos pontos de vista jurídicos, normativo e institucional para a garantia dos direitos sociais. Apresenta uma concepção ampla de Educação, tratando-a como direito social inalienável e fundamental para o exercício da cidadania, asseguran- 10 do o acesso ao ensino como direito público subjetivo, impondo a co-responsabilidade dos entes federados por sua implementação e garantindo a aplicação de percentuais mínimos da receitas provenientes de im- postos, para sua manutenção e desenvolvimento. Para Pensar A escola, espaço educativo e legítimo, é onde é possível construir identidade, cidadania, deve exercer o seu papel para a sociedade. Calar-se ou omitir-se diante da exclusão da criança com deficiência ou dificuldade em aprendi- zagem, nos diversos espaços sociais, seria contribuir para o crescimento e desenvolvimento destas pessoas e para uma sociedade mais humana? ”...Somos diferentes. Essa é a nossa condição humana. Pensamos de jeitos diferentes, agimos de formas diferentes, sentimos com intensidades diferentes. E tudo isso porque vivemos e apreen- demos o mundo de forma diferente.” Carvalho (2004, p.10) Portanto, pensar na perspectiva da inclusão sig- nifica tomar consciência e valorizar a diversidade dos alunos, relativizar o certo/errado, repensar os proble- mas e rediscutir as classificações. Existem diversas formas de aprender e apre- ender as questões do mundo que nos cerca, como há saberes e saberes, e também experiências múlti- 11 plas. Valorizar a diversidadeimplica em possibilitar ao outro vir a ser no seu tempo e a seu tempo, cui- dando, acolhendo,compartilhando diferentes jeitos de aprender.Trata-se de desigualar condições para igualar possibilidades. Freire fala in Carvalho, (2004, p.11): “... é por isso que este desrespeito à criança e a sua identidade, este desrespeito ao mundo e ao mundo em que a criança está se fazendo pelo fato mesmo de estar tocando neste mundo, re- vela indiscutivelmente uma ideologia elitista e au- toritária da escola. Quer dizer, a escola é elitista entre outras coisas porque só aceita como válido o saber já montado, o saber pseudamente termi- nado. Aí há um erro científico, também um erro epistemológico. E que não há saber nenhum que esteja pronto e completo. O saber tem historici- dade pelo fato de se construir durante a história e não antes da história nem fora dela.” Seguindo as ideias de Mantoan (2003, p.13),... “a inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência, e ou dificuldade de aprender. Os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um.” Acredito ser importante fundamentar esta re- flexão a partir do conceito de paradigmas. Para Mantoan (2003, p14), paradigmas são um 12 conjunto de regras, normas, crenças, valores, princí- pios que são partilhados por um grupo em um deter- minado momento histórico e que norteiam o nosso comportamento, até entrarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não dão conta dos problemas que temos de solucionar. Para Pensar A crise educacional, em que vivemos, nos re- mete a suscitar novas bases teóricas que não são fá- ceis de haver, pois implica em mexer com princípios, crenças enraizadas culturalmente e arriscando aqui, cientificamente. Toda crise é tomada de incertezas, de insegurança, mas também de muita liberdade de criação, de ousadia para buscar alternativas, outras formas de leitura das coisas, fatos que nos cercam, novos olhos, novos sentidos. Neste cenário, no centro de tensão esta a escola onde se faz urgente a ruptu- ra de padrões organizacionais, comportamentos para se haver com o contexto atual. A partir desta visão, não é difícil perceber que os velhos paradigmas da modernidade não compõem mais “matéria-prima” da educação escolar. As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, estão sendo defendidas nos documentos nacionais e internacionais, como os direitos humanos e a democracia tornam-se im- prescindíveis para que busquemos novas concepções de mundo, de homem, de planeta.Novas redes de ações,parcerias,conhecimentos são gerados pela velo- cidade das tecnologias,comunicações e informações. Manter as posturas tradicionais compromete o 13 Para Pensar movimento do mundo globalizado, dinâmico e margi- naliza as diferenças. Mantoan (2003, p. 17) coloca que a comunida- de acadêmica não pode continuar a pensar que só há um único modelo de cientificidade e uma única epis- temologia. A escola abriu as portas para a deficiência, a novos grupos sociais, mas não aos novos conheci- mentos quando não cria possibilidade de diálogo en- tre diferentes lugares epistemológicos. A fragmentação do conhecimento em discipli- nas é uma prática que dificulta a articulação dos as- suntos, temas desenvolvidos, como também, a pos- sibilidade de se ter uma visão da essência e do todo. Qual a diferença entre Educação Especial e Educação inclusiva? De acordo com Raiça (2006, p.13), Educação Especial e educação inclusiva, na legislação brasileira, estão cada vez mais próximas, embora, do ponto de vista histórico e estrutural, as duas modalidades pos- sam nos parecer significativamente antagônicas. Historicamente, Educação Especial e Educação inclusiva são modelos de conhecimentos socialmente aceitos em determinada época. Por esta óptica, os dois modelos podem num dado momento, coexistir e ao mesmo tempo exercer influência em determinado meio social. Hoje, estamos diante de vários paradigmas, que vão da segregação, à integração e até à inclusão. A inclusão aparece como ramificação da Edu- 14 cação Especial, tal como é formada nas diretrizes legislativas brasileiras, de outro, surge como um mo- vimento opositivo às concepções paradigmáticas da Educação Especial focada nos déficits e na separação. Para Pensar Sobre a função da Educação inclusiva - seria mesmo do eixo da Educação Especial, ou seria mais coerente situá-la como aprimoramento dos serviços educati- vos regulares? Muitos profissionais relacionam a inclusão à presença de alunos com deficiência nas classes regu- lares. É comum escutar queixas nas escolas, os profes- sores sentem-se despreparados para trabalhar com alu- nos deficientes em suas turmas, alguns concordam que eles têm direito à escola opinam que, igualmente, têm direito à presença de especialistas que os atendam em classes especiais ou que ofereçam supervisão aos pro- fessores; consideram falta de respeito aos alunos e aos seus professores incluí-los no ensino regular. Reivindi- cam que as escolas sejam adaptadas para esse trabalho, seja na arquitetura ou nas atitudes. Alguns sentem-se inseguros,mas desejam enfrentar o desafio que não é simples,nem impossível, pois, reconhecem vantagens na inclusão de deficientes,nos aspectos sociais e nos cognitivos na medida em que preconceitos serão eli- minados na convivência,no cotidiano escolar. A inte- gração social desses alunos gera solidariedade entre os colegas que se sentem sensibilizados e estimulados para ajudar na aprendizagem. Nas reflexões de professores que se mostram receptivos, estes entendem que, para 15 enfrentar o desafio é necessário (Carvalho-2004, p.133): Revisão da metodologia didática atualmente adotada,intensificação da relação família/escola, oferta de mais cursos para os professores, redução do número de alunos por turma. É importante lembrar que alunos com dificul- dades de aprendizagem não são, necessariamente, de- ficientes. Observação importante, pois muitos são en- caminhados, marcados em sua trajetória escolar como tal, como deficiente, sem diagnóstico real. É possível observar também, entre os profes- sores, que quando o tema é inclusão, as referências aparecem, apenas, em relação aos alunos com defici- ência, particularmente a mental. Para se evitar tal erro, pois estamos contaminados por uma formação exclu- dente, devemos observar e perceber mecanismos que favorecem tal prática em nossas atitudes, mesmo que sejamos defensores da inclusão. Segundo Carvalho (2004, p.137), na fase de transição para o novo paradigma (inclusão), as mu- danças devem estar nas atitudes dos educadores fren- te às diferenças e na conscientização da força social de seu papel, para as práticas de significação dos conteú- dos curriculares e para a leitura crítica do mundo. Para ela, escolas inclusivas para todos e com todos, capazes de promover a integração e de remover as barreiras para a aprendizagem e para a participação de qual- quer aprendiz, deve vir com atitudes proativas, com acolhimento e compromisso da equipe pedagógica. 16 Torna-se fundamental a ressignificação do papel do professor que, em vez de ser profissional do ensino, deve assumir-se como profissional da aprendizagem, com enorme responsabilidade social e política. O mundo, em que vivemos, exige que os educadores de- sempenhem papéis que vão muito além de transmitir conhecimentos e cultura. A base conceitual do que fazemos é da maior importância, pela competência técnica que nos ofere- ce como também a competência política. O aspecto atitudinal pode acarretar mudanças duradouras e con- sistentes, mas as atitudes não mudam com o piscar dos olhos, geralmente, é sofrido, com obstáculos afetivos, cognitivos, organizacionais a serem superados. Estu- dar as atitudes humanas, analisar conceitos, é uma for- ma favorávelpara que nossas ações não sejam impul- sivas e passionais, mas teoricamente fundamentadas. Na sociedade, o paradigma da inclusão não se modifica pela imposição da lei. Para isso, são ne- cessárias transformações nas concepções de homem e de educação, por parte das pessoas envolvidas no processo em relação às crianças com deficiência, para que estas ao serem matriculadas em classes regulares, não continuem sendo excluídas das oportunidades de desenvolvimento social e pedagógico. As matrículas das crianças com deficiência, nas classes regulares do ensino, não significa inclusão, elas podem estar ali, mas excluídas do processo pedagógi- co e até mesmo das relações sociais no grupo no qual estão inseridas. Cabe às escolas especiais reestruturar suas con- cepções principalmente em relação ao apoio às escolas 17 regulares. Há escolas especiais **que realizaram a entra- da à diversidade de público, diversas deficiências e para as crianças ditas normais, e desta forma conseguem manter uma postura inclusiva. Citando estes exemplos, não são somente as escolas regulares que precisam mu- dar suas posturas, as escolas especiais precisam e de- vem ajustarem-se aos novos desafios da inclusão. Para isso, são necessários os serviços técnicos especializados tanto na área da saúde como na edu- cação. Compromissos comunitários de toda a socie- dade para promover a causa da inclusão. Dificuldades de acesso e aprimoramento do conhecimento, não se restringem, apenas, a população com deficiência. É importante defender a escola pública de qualidade para todos, negros, pobres, mulheres, índios,..., pois esta beneficiará todas as crianças que de alguma forma são tocadas pela exclusão. Mudanças na concepção e prática pedagógica no cotidiano escolar, considerando as múltiplas inteligências, as diversas áreas de saber, as formas de aprendizagem, tendem a promover o aten- dimento às diferenças e necessidades de aprendizagem. Raiça (2006, p.19) relaciona algumas caracterís- ticas predominantes no paradigma da Educação Es- pecial e no paradigma inclusivo. 18 Paradigma Especial Foco nos déficits da criança. Ênfase no treinamento da criança visando a que ela se ajuste ao meio escolar. Diagnóstico baseado em testes de inteligência, realizado por psicólogo e médico. O objetivo do diagnóstico é identificar o quociente intelectual (QI) e as limitações para que se possa estabelecer o tipo de escola especializada, assim como o nível do agrupamento apropriado à criança. Atendimento em classe ou escola especializada, isto é, separado das demais crianças. Escolas preparadas para receber os alunos com uma especificidade de problema. Por exemplo: escola só para deficientes mentais moderados; escolas que só recebem surdos etc. Professores especialistas em determinada deficiência. Objetivo educacional centrado no treinamento, com o intuito de favorecer a adaptação social da pessoa. 19 Paradigma Inclusivo Foco nas ilhas de inteligência que estão preservadas. Ênfase na mudança do ambiente para proporcionar a todas as crianças melhores condições de aprendizagem e desenvolvimento. Diagnóstico multidisciplinar, realizado por médico, psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, professores, entre outros. O objetivo do diagnóstico é identificar habilidades prévias e necessidades de apoio, com a finalidade de elaborar um programa educacional individualizado. Atendimento em classe regular junto a seus pares de idade; apoio especializado com suporte ao professor. Escolas preparadas para educar na diversidade. Educadores preparados para oferecer ensino de qualidade a qualquer criança. Objetivo educacional centrado na aprendizagem significativa, favorecendo a aquisição de habilidades pessoais, sociais profissionais, que contribuam para a inclusão social da pessoa com deficiência. 20 atividadeS 1) Leia com atenção: * Para Mantoan (2003, p14), paradigmas são um conjun- to de regras, normas, crenças, valores, princípios que são partilhados por um grupo em um determinado momen- to histórico e que norteiam o nosso comportamento, até entrarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não dão conta dos problemas que temos de solucionar. ** A fragmentação do conhecimento em disciplinas é uma prática que dificulta a articulação dos assuntos, te- mas desenvolvidos, como também, a possibilidade de se ter uma visão da essência e do todo. Ao relacionar as duas frases: quais são as concep- ções de ensino que estão sendo rediscutidas, aqui? Ten- te levantar três ações tradicionais que impossibilitam a construção do conhecimento e a aprendizagem de forma contextualizada e significativa. 21 2) A inclusão aparece como ramificação da Educação Especial, tal como é formada nas diretrizes legislativas brasileiras, de outro, surge como um movimento oposi- tivo às concepções paradigmáticas da Educação Especial focada nos déficits e na separação. Discuta com seus colegas esta afirmativa e regis- tre, aqui, suas conclusões. 3) Nas reflexões de professores que se mostram recep- tivos à inclusão dos alunos com deficiência, estes enten- dem que, para enfrentar o desafio é necessário (Carvalho 2004, p.133): ( ) Revisão da metodologia didática atualmente adotada; ( ) Perceber a escola, como espaço para onde convergem todos os conflitos econômicos, culturais, políticos; ( ) Intensificação da relação família/escola; ( ) Oferta de mais cursos para os professores; ( ) Redução do número de alunos por turma. 2▪ COnCeitOS, PrinCíPiOS e PreSSuPOStOS legaiS da eduCaçãO eSPeCial Seja bem-vindo (a)! Nesta segunda unidade, trataremos de questões relacio- nadas às pessoas com deficiência no que diz respeito a conceito, princípios, legislação. É importante compreen- der discursos, leis, documentos para se buscar ações apro- priadas no espaço de trabalho escolar. Bons estudos!!! Débora Margot de Barros Caro (a) Aluno (a) 24 Deficiências Já andei por tantos caminhos e já vivi tantas coisas, que hoje vejo que o preconceito e discriminação estão em cada um de nós, e cabe-nos quebrá-los para que possamos viver numa sociedade mais justa e humana. Hoje posso afirmar que: "Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino. "Louco" é quem não procura ser feliz. "Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. "Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. "Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia. "Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda. "Diabético" é quem não consegue ser doce. "Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer. E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus. Autor: Luiz Fernando Veríssimo Extraído do blog: http://www.floramarela.com.br/pag.asp?id=4&sub=8 25 A partir deste texto, proponho refletir sobre o tema desta disciplina, e você deverá ser capaz de: ▪ Identificar os princípios que fundamentam a Educa- ção Especial no Brasil. ▪ Reconhecer documentos que discutem o processo e estratégias de inserção das pessoas com deficiência na sociedade. Proponho pensar sobre as mudanças comportamen- tais da sociedade, provocadas por necessidades atuais da civilização, estas avançam em um ritmo acelerado, no que se refere, principalmente, a ciência e tecnolo- gia, recursos e possibilidades antes não imaginados. Vivemos um processo de globalização mundial da economia, das informações, o que acarreta competi- ção e desigualdades entre os povos, empobrecimen- to de nações, elevando os índices de injustiça social. Diante de tais fatos, assegurar os direitos a todos, a uma educação de qualidade é meta do governo e da sociedade, que através de lutas, esforços buscam ins- trumentos legais para garantircidadania; neste curso cabe destacar das pessoas com deficiência. Conteúdos da Unidade Objetivos da Unidade 27 “A verdadeira deficiência é aquela que prende o ser humano por dentro e não por fora, pois até os incapacitados de andar podem ser livres para voar.” Thaís Moraes Com a evolução humana, a sociedade produziu movimentos como o da exclusão social daqueles que a mesma considerou como diferentes. Este proces- so se acelerou com a globalização onde o capital dita normas e padrões. Para aqueles que enfrentam esta realidade, tornou-se necessário a busca de dignidade, de ser cidadão. A escola, espaço para onde convergem todos os conflitos econômicos, culturais, políticos, possui o papel transformador de atitudes, valores que venham humanizar as relações. Cabe a ela repensar suas práticas, construções teóricas diante de suas ne- cessidades. Para isso, são necessários parceiros, pois o lugar de tensão em que se encontra, deve ser dividido com outras instituições, que também são responsáveis, como o poder público e toda sociedade organizada. Para tal prática, na atualidade precisa haver mu- danças de paradigmas de forma a viabilizar a inclusão desses, que foram colocados à margem da história da humanidade. Os profissionais da educação devem buscar formação contínua no cotidiano escolar, pois assim, a postura – reflexão/ação/reflexão, poderá vir a acontecer trazendo em seu bojo transformações efetivas que estão longe de serem imediatas, pois, faz parte da construção de uma nova forma de ler o mun- do, distante dos valores arraigados, tradicionais. De- vemos, aqui, perceber o limite das pessoas envolvidas, 28 seus desejos, construções históricas e imaginárias. O direito a educação à “em igualdade de condi- ções de acesso e permanência na escola” (art.206, in- ciso I da Constituição Brasileira de 1988) visando “ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o traba- lho” (art.205) são dispositivos nacionais, que tem pro- duzido movimento nos espaços e em políticas públicas educacionais, resultado de um complexo processo in- ternacional, de onde saíram documentos importantes como, por exemplo, a Conferência Mundial de Educa- ção para todos, em 1990, em Jomtien, Tailândia. A civilização avança em um ritmo acelerado no que se refere, principalmente, à ciência e tecnologia, isto tem provocado mudanças comportamentais na sociedade, e coloca para a mesma, recursos e possi- bilidades antes não imaginados, que podem sanar as necessidades e sonhos do homem. Estamos em um processo de globalização mun- dial da economia, das informações, o que acarreta com- petição e desigualdades entre os povos, empobrecimen- to de nações, elevando os índices de injustiça social. Neste cenário é um desafio efetivar a prática dos direi- tos assegurados a todos e a uma educação de qualidade. Para Pensar *Como buscar uma realidade educacional na perspec- tiva inclusiva, ou seja, trazer para o seio das escolas condições favoráveis para oferecer ações educativas, adequadas às necessidades individuais de aprendiza- gem de todos? 29 *Como elevar os níveis de qualidade de aprendiza- gem no processo educacional escolar? Dispositivos legais e deliberações nos textos de políticas públicas educacionais já estão colocados e apontados, para isto, é necessário prover recursos de toda ordem de forma a viabilizar para que os direitos humanos para que sejam respeitados de fato. Para as escolas oferecerem respostas educativas de qualidade, diversificada, é necessária uma articulação de recur- sos financeiros, programas de saúde, nutrição, bem- -estar familiar, trabalho, emprego, ciência e tecnolo- gia, transportes, desporto e lazer, assistência social, portanto um modelo inclusivo de educação depende de providências para além do âmbito educacional, para identificar e satisfazer as necessidades da popu- lação. Documentos internacionais de cooperação e os intercâmbios internacionais são estimulados em co-responsabilidade dos Ministérios Brasileiros para assegurar e garantir a integração entre programas de educação com outros setores, principalmente saúde, trabalho e assistência social. A Educação Infantil, o Ensino Fundamental, Médio, Educação de Jovens e Adultos, Educação pro- fissionalizante e a superior deverão estar articulados para a consolidação de uma política educacional inclu- siva e sólida, envolvendo todos os setores nacionais e a cooperação internacional. Carvalho (2004, p78) diz que:... “para tanto é necessário que a Educação Especial deixe de ser um subsistema que se ocupa de um determinado tipo de alunos com deficiências, para converter-se num conjun- 30 to de serviços e de recursos de apoio, orientado para a educação regular, em benefício de todos os aprendizes”. Para Pensar Quais são os princípios que fundamentam os sistemas edu- cacionais inclusivos? Os sistemas educacionais inclusivos devem prever os ideais democráticos nos programas, proje- tos e atividades, de forma a permitir o pleno desen- volvimento da personalidade dos indivíduos, fortale- cendo o respeito aos direitos humanos e as liberdades fundamentais, proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948: Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra nature- za, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo XXIII 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre esco- lha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 31 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu- neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne- cessário, outros meios de proteção social. Artigo XXV 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida ca- paz de assegurar a si e a sua família saúde e bem es- tar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cui- dados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo XXVI 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e funda- mentais. A instrução elementar será obrigatória. A ins- trução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promo- verá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e co- adjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da 32 manutenção da paz. A compreensão comum desses direitos e liber- dades é de grande importância para o pleno cumpri- mento desse compromisso, tendo sempre em mente esta Declaração, através do ensino e da educação é possível alcançá-los agregando a adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, que assegurem o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva. Para Pensar Como traduzir discursos, leis, documentos politica- mente corretos emações efetivas? Não é tarefa fácil, mas não se trata de um traba- lho impossível, já sabendo que é o resultado de lutas de grupos, de movimentos sociais contra todas as formas de discriminação, que impedem o exercício da cida- dania das pessoas com deficiência, emerge, em nível mundial, a defesa de uma sociedade inclusiva. É funda- mental que coloquemos como meta, e que acreditemos no potencial humano, no empoderamento, no exercí- cio da cidadania, da participação de fato nos diversos espaços sociais, com capacidade de escolha e autono- mia para dirigir seu próprio destino, e, desta forma ve- nham também a contribuir com o bem-estar coletivo. A sociedade deve fortalecer-se à crítica, às práticas de categorização e segregação de estudantes encaminha- dos para ambientes especiais e ao questionamento dos modelos homogeneizadores de ensino e de aprendiza- 33 gem, geradores de exclusão nos espaços escolares. Programa mundial, Educação Para Todos, EPT O programa mundial Educação Para Todos, EPT, é fruto do compromisso dos países que parti- ciparam buscando o êxito de uma educação de qua- lidade à qual toda a população, sem exclusões, tenha acesso e que permita um pleno desenvolvimento na vida cotidiana. No Fórum Mundial de Educação, re- alizado em 2000 em Dakar, no Senegal, os governos e as organizações participantes reafirmaram a visão ampliada da educação básica com igualdade e qualida- de, colocada pela primeira vez na Declaração Mundial sobre Educação Para Todos, em Jomtien (Tailândia, 1990). O Marco de Ação de Dakar, adotado no Fó- rum Mundial da Educação, estabelece seis objetivos que levam a fortalecer a educação de qualidade como “direito humano fundamental, e elemento-chave do desenvolvimento sustentável, da paz e da estabilidade de cada país e entre nações” Os objetivos propostos, considerados essen- ciais para a educação no século XXI e alcançáveis através de um compromisso real de toda a sociedade e de uma decisão internacional firme, têm como hori- zonte o ano de 2015. São eles: i)” ampliar e melhorar a proteção e educação inte- grais da primeira infância, especialmente das crian- ças mais vulneráveis e desfavorecidas; ii) zelar para que, até 2015, todos os meninos, e so- bretudo as meninas, que se encontrem em situação difícil e que pertençam a minorias étnicas, tenham 34 acesso a ensino primário gratuito e obrigatório de boa qualidade e o concluam; iii) zelar para que sejam atendidas as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos, median- te um acesso equitativo a programas adequados de aprendizagem e de preparação para a vida cotidiana; iv) aumentar em 50%, até 2015, os níveis de alfabeti- zação dos adultos, particularmente no caso das mu- lheres, e facilitar a todos os adultos um acesso equi- tativo à educação básica e à educação permanente; v) suprimir as disparidades entre os sexos no ensino primário e secundário até 2005, alcançando até 2015 a igualdade entre os sexos na educação, em particu- lar garantindo às meninas um acesso pleno e equita- tivo a uma educação básica de boa qualidade, com as mesmas possibilidades de obter bons resultados; e vi) melhorar todos os aspectos qualitativos da edu- cação, garantindo os parâmetros mais elevados, para conseguir para todos os resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis, especialmente em lei- tura, escrita, aritmética e aptidões práticas essenciais para a vida cotidiana.Os compromissos assumidos em Dakar contemplam um monitoramento perma- nente dos resultados obtidos em relação aos objeti- vos propostos. A UNESCO foi designada como Se- cretaria no Fórum Mundial da Educação em Dakar, recebendo o mandato de coordenar e dinamizar as atividades de cooperação em prol da Educação Para Todos. O Diretor Geral da UNESCO convoca anualmente uma reunião do Grupo de Alto Nível, cuja função é estimular a mobilização política e fi- nanceira em favor de EPT. A cada ano, também, a 35 UNESCO encarrega uma equipe independente, si- tuada em sua sede, de preparar um relatório mundial de acompanhamento de EPT, que é apresentado na reunião do Grupo de Alto Nível; esse relatório mostra os progressos realizados em relação aos seis objetivos de Dakar e dá conta dos compromissos assumidos em Dakar. O relatório global de acom- panhamento de 2002, intitulado La Educación para Todos: ¿Va el Mundo por el Buen Camino? Mostrou que os progressos em direção aos seis objetivos são insuficientes e que “o mundo não está bem enca- minhado para alcançar o EPT em 2015”, já que é provável que 28 países, correspondendo a 26% da população mundial, não consigam atingir nenhuma das três metas quantitativas: a educação primária universal, a igualdade dos sexos e a redução à meta- de das taxas de analfabetismo. Da mesma maneira, outros 43 países, que constituem 36% da população mundial, correm o risco de não conseguir alcançar uma dessas metas.” Foro Mundial de la Educación. Marco de Acción de Dakar.Educación para Todos: cumplir nuestros compromisos comunes.Paris, UNESCO, 2000. No contexto internacional do movimento polí- tico para o alcance das metas de educação para todos, a Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNES- CO em 1994, propõe aprofundar a discussão, proble- matizando os aspectos acerca da escola não acessível a todos estudantes. Surge assim, o documento Decla- ração de Salamanca e Linhas de Ação sobre Necessi- 36 dades Educativas Especiais, que define que as escolas comuns representam o meio mais eficaz para comba- ter as atitudes discriminatórias, ressaltando que: “O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, in- dependentemente de suas condições físicas, intelec- tuais, sociais, emocionais, linguístico ou outras. De- vem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que traba- lham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidas ou marginalizadas. “ (Brasil, 1997, p. 17 e 18). O debate sobre os rumos da Educação Especial torna-se fundamental para a construção de políticas de formação, financiamento e gestão, necessárias para a transformação da estrutura educacional a fim de asse- gurar as condições de acesso, participação e aprendiza- gem de todos os estudantes, entendendo a escola como um espaço que reconhece e valoriza as diferenças. Cresce o movimento mundial pela inclusão, mas em 1994 no Brasil, publica-se o documento Polí- tica Nacional de Educação Especial, com paradigma integracionista, fundamentado no princípio da nor- malização, com foco no modelo clínico de deficiên- cia, atribuindo às características físicas, intelectuais ou sensoriais dos estudantes, um caráter incapacitante que dificulta a inclusão educacional e social. 37 Tal documento define como modalidades de atendimento em Educação Especial, no Brasil: as es- colas e classes especiais; o atendimento domiciliar, em classe hospitalar e em sala de recursos; o ensino itine- rante, as oficinas pedagógicas; a estimulação essencial e as classes comuns. Tal fato estimula a manter a es- trutura paralela e substitutiva da Educação Especial, com concepção integralista, o acesso de estudantes com deficiência ao ensino regular é condicionado: “Ambiente dito regular de ensino/aprendizagem, no qual também, são matriculados, em processo de in- tegração instrucional, os portadores de necessidades especiais que possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais.” (Brasil,1994, p.19) Na contramão de impulsionar a mudança de ideias favorecendo os avanços no processo de in- clusão escolar, essa política demonstra fragilidade perante os desafios impostos à construção do novoparadigma educacional. Sustentando o modelo de or- ganização e classificação de estudantes, estabelece-se o antagonismo entre o discurso inovador de inclusão e o conservadorismo das ações que não possibilitam na escola comum a ressignificação e mantém a escola especial como espaço de acolhimento daqueles estu- dantes considerados inaptos para alcançar os objeti- vos educacionais estabelecidos. Ação que fragiliza as práticas, que produzem mudanças e são capazes de 38 propor alternativas e estratégias de formação e esta- belecimento de recursos nas escolas que respondam afirmativamente às demandas dos sistemas de ensino. As práticas tradicionais que reproduzem a segregação em razão da deficiência e do suposto despreparo da escola comum, historicamente privadas de investi- mentos necessários ao atendimento das especificida- des educacionais desse grupo, continuam. Numa prática, na óptica do paradigma da inclu- são, todos podem estar favorecidos quando: as escolas promovem respostas pedagógicas às diferenças indi- viduais de estudantes, pois a mesma é impulsionada aos projetos de mudanças, e, para a gestão, nas políti- cas públicas implantadas. Para ser gerada é necessário ações, movimentos que busquem repensar o espaço escolar e da identificação das diferentes formas de ex- clusão, geracional, territorial, étnico racial e de gênero. Nessa fase, as diretrizes educacionais brasileiras endossam o caráter substitutivo da Educação Especial, embora expressem a necessidade de atendimento às especificidades apresentadas pelo estudante na escola comum. Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) quanto a Resolução 02 do Conselho Nacional de Educação (2001) denotam ambiguidade quanto à organização da Educação Especial e da es- cola comum no contexto inclusivo. Ao mesmo tempo em que orientam a matrícula de estudantes, público alvo da Educação Especial nas escolas comuns da rede regular de ensino, mantém a prática do atendimento educacional especializado substitutivo à escolarização. No início do século XXI, esta realidade levanta mobilização mais ampla em torno do questionamento 39 à estrutura segregativa que aparece nos sistemas de ensino, que mantém um alto índice de pessoas com deficiência em idade escolar fora da escola e a matrí- cula de estudantes público alvo da Educação Especial, majoritariamente, em escolas e classes especiais. Numa dimensão histórica, a proposta de um sistema educacional inclusivo, impõe um processo de reflexão e prática, que possibilita efetivar mudanças conceituais, político e pedagógicas, coerentes com o propósito de tornar efetivo o direito de todos à edu- cação, preconizado pela Constituição Federal de 1988. A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência outorgada pela ONU em 2006 é ratificada pelo Brasil como emenda constitucional, por meio do decreto Legislativo 186/2008 e pelo Decreto Executi- vo 6949/2009. Este documento sistematiza estudos e debates mundiais realizados ao longo da última década do séc. XX e nos primeiros anos deste século, criando um quadro favorável à definição de políticas públicas fundamentadas no paradigma da inclusão social. Esse acordo internacional altera o conceito de deficiência que, até então, denotava o paradigma in- tegracionista, que era protegido pelo modelo clínico de deficiência, em que a condição física, sensorial ou intelectual da pessoa se caracterizava como obstáculo a sua integração social, cabendo à pessoa com defici- ência, se adaptar às condições existentes na sociedade. De acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência “Pessoas com deficiên- cia são aquelas que têm impedimentos de longo pra- zo de natureza física, mental intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem 40 obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. (ONU Art. 1) No paradigma da inclusão, à sociedade cabe dar as condições de acessibilidade necessárias a fim de promover às pessoas com deficiência uma forma independente de participação plena de todos os as- pectos da vida. Nesse contexto, a educação inclusiva torna-se um direito inquestionável e incondicional. O artigo 24 fala sobre o direito da pessoa com deficiên- cia à educação, ao afirmar que: [..]” para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os estados partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida[..].” (ONU,2006). A construção de novos limites legais, políticos e pedagógicos da Educação Especial, promovem as mudanças nos processos de elaboração e desenvolvi- mento de propostas pedagógicas que possibilitam ga- rantir as condições de acesso e participação de todos os estudantes no ensino regular. É meta a transfor- mação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos, a partir de 2003. Estratégias como: o Pro- grama Educação Inclusiva: direito à diversidade, que desenvolve o amplo processo de formação de gesto- res e de educadores, por meio de parceria entre o Mi- nistério da Educação, os estados, os municípios e o 41 Distrito Federal dão início à construção de uma nova política de Educação Especial que enfrenta o desafio de se constituir uma modalidade transversal desde a educação infantil à educação superior. Desta forma são repensadas as práticas educacionais concebidas a partir de um padrão de estudante, de professor, de currículo e de gestão, rediscutindo a compreensão acerca das condições de infra-estrutura escolar e dos recursos pedagógicos fundamentados na concepção de desenho universal. Estratégias Para isto, seguem pontuações importantes que fazem parte das diretrizes: A Educação Para Todos propõe a partilha da responsabilidade pela educação e que esta deixe de ser domínio exclusivo dos governos para ser interio- rizada pelo conjunto da sociedade. Existe uma cons- ciência social generalizada sobre o valor indiscutível da educação e a importância da participação social na mesma. Os governos dos países devem permitir e in- centivar que setores não governamentais tomem parte na elaboração ou aplicação das políticas educacionais. Diversos atores e setores governamentais e não governamentais devem se envolver na preparação dos planos nacionais de EPT, junto à vontade política de governos para gerar espaços e mecanismos de parti- cipação ativa e efetiva da sociedade civil no planeja- mento e validação dos planos nacionais, os atores da sociedade civil devem exigir seu direito a participar na tomada de decisões políticas e estabelecer alianças com o fim de cooperar e co-responsabilizar-se pelos 42 resultados. Com esta articulação, a sociedade civil vai ganhando cada vez mais terreno no que se refere à influência sobre políticas públicas. Compreende-se, assim, a diversidade de seto- res e atores envolvidos na elaboração dos planos na- cionais, como de metodologias utilizadas para isso. A construção e implementação efetiva de um plano nacional de longo prazo não é viável sem contar com uma visão coletiva do conjunto da sociedade e o com- promisso de cada um de seus integrantes. Promover a participação social desde o início e ao longo do pro- cesso de preparação é fundamental. Para melhorar a participação da sociedade civil, destaca-se a necessida- de de que o governo tenha vontade política para abrir um espaço público de tomada de decisões políticas, e que a sociedade civil se disponha a trabalhar junto com o governo. É preciso, além disso, que se produza maior articulação entre o governo e os diversos se- tores da sociedade civil envolvidos com a educação, dando especial atenção aos meios de comunicação como aliados estratégicos. Assim, é muito importante dar ampla difusão aos planos de educação para todos, de modo que se alcance um compromisso maior das partes e o envolvimento de novos atores. Aponta-se tambémo papel que deve ter a cooperação internacio- nal em apoio ao EPT e a liderança da UNESCO na mobilização e articulação de ações e recursos para o desenvolvimento educacional dos países. Institucionalizar a participação na execução, mecanismos nacionais de acompanhamento e moni- toramento, forma de vigiar e monitorar a devida im- plementação do Plano Nacional de EPT, identificar 43 necessidades e soluções para superar as dificuldades encontradas, diálogo e consenso, contribui para man- ter o Plano Nacional ao longo das mudanças governa- mentais incluindo o ajuste do Plano Nacional de EPT, de acordo com a necessidade. Geralmente as instituições mais diretamente vinculadas à educação são as que mais participam (a associação docente, por exemplo). É necessário que outros atores sociais que têm importância no proces- so, também intervenham. Entre estes, contam-se os meios de comunicação, o empresariado e as universi- dades. Os meios de comunicação, em particular, têm um papel crucial no estímulo à participação e respon- sabilidade de toda a sociedade pela educação, e tem que assumir, ao mesmo tempo, a responsabilidade pela sensibilização social. A intersetoriedade é indis- pensável para que diferentes setores governamentais articulem seus esforços com vistas ao desenvolvimen- to social e econômico e para que o Plano Nacional de EPT se integre num “esquema mais amplo de redução da pobreza e de desenvolvimento”, como recomenda o Marco de Ação de Dakar. O foco central deve ser os atores-chave da comunidade da educação (alunos, famílias e docen- tes) e que estes se envolvam plenamente na análise da situação educacional e na tomada de decisões com respeito às metas e ações futuras. Espaços de debate, estabelecer mecanismos que garantam a participação efetiva desses atores da comunidade da educação é necessário como também, aproximar o discurso das políticas públicas ao nível da base da escola e sua co- munidade. As políticas educacionais devem permitir 44 que esses atores possam relacionar as implicações do Plano nacional com suas vidas cotidianas e fomen- tar sua responsabilidade social para com a educação. Cada ator tem que fazer seu o plano nacional de edu- cação e assumir a responsabilidade pelos resultados da educação. Elaborar planos locais de desenvolvi- mento educacional, que respondam às características e necessidades da região, município ou comunidade, sem perder de vista o quadro nacional. Tais práticas possibilitam respostas às demandas locais, facilitam a integração das organizações da sociedade civil no desenvolvimento dos planos, tanto nacionais como locais, em todo o processo de elaboração e execução. Enquanto a Declaração Mundial sobre Educa- ção Para Todos (Jomtien, 1990) concentra-se no for- talecimento da concentração de ações entre diferentes setores do governo e organizações não governamen- tais e intergovernamentais, o Marco de Ação de Dakar salienta a obrigação do governo de “garantir o com- promisso e a participação da sociedade civil na for- mulação, aplicação e supervisão das estratégias para o desenvolvimento da educação”. A participação social é uma necessidade de transparência nos sistemas or- çamentários e também de mobilização mais criativa e constante de recursos. O reconhecimento de que a sociedade civil tem muitas experiências e tem um papel essencial tanto a nível macro-político do país como no seio do centro educacional requer uma firme Comité de Redacción del Foro Mundial de Educación. Comenta- rio detallado del Marco de Acción de Dakar. Educación para To- dos: cumplir nuestros compromisos comunes. Paris, UNESCO, 2000. 45 vontade política por parte do governo para gerar es- paços e mecanismos de participação ativa e efetiva da sociedade civil, desde o nível nacional até o do centro educacional. Cabe a sociedade civil assumir a respon- sabilidade pela educação e seus resultados. PRELAC - o Plano de Ação de Educação Para Todos, estabelece cinco focos estratégicos, através dos quais os países, e a região como um todo, vão canalizar seus esforços para atingir os objetivos de EPT: Educação Para Todos - Caribe. Santiago de Chile, UNESCO-ORE- ALC, 2002. 1”. os conteúdos e práticas da educação para cons- truir sentidos sobre nós mesmos, os outros e o mun- do em que vivemos, 2. os docentes e fortalecimento de seu protagonis- mo na mudança educacional, para que respondam às necessidades de aprendizagem dos alunos, 3. a cultura das escolas e para que estas se convertam em comunidades de aprendizagem e participação, 4. a gestão e a flexibilização dos sistemas educacio- nais para oferecer oportunidades de aprendizagem efetiva ao longo da vida, e 5. a responsabilidade social pela educação para gerar compromissos com seu desenvolvimento e resultados.” Na esfera infraconstitucional, as transforma- ções na ordem jurídico-institucional concluem-se com a aprovação, pelo Congresso Nacional, de vários ins- trumentos legais de impacto para a Educação Brasi- leira, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 46 Nacional (Lei nº 9.394, de 1996 - LDB); a Emenda Constitucional nº 14, de 1996, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fun- damental e de Valorização do Magistério – FUNDEF; a Lei n° 10.172, de 2001, que colocou o Plano Nacio- nal de Educação - PNE atualmente vigente; a Lei nº 11.494, de 2007, que regulamentou o Fundo de Ma- nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUN- DEB; e a Emenda Constitucional nº 59, 2009, que am- pliou o ensino obrigatório dos 4 aos 17 anos de idade. A LDB reestruturou e definiu as diretrizes e bases da educação escolar no Brasil. Para a União, Estados, Municípios, escolas e demais instituições de ensino coube conceitos fundamentais que garantem a organização dos sistemas educacionais do país, como princípios educativos, especificação dos níveis e mo- dalidades de ensino, regulamentou a estrutura e o fun- cionamento do ensino nacional. A Lei vem sofrendo várias alterações, visando à adequação de seus dispo- sitivos às alterações constitucionais, à atualização de conceitos às novas visões e estratégias educacionais e ao aprimoramento de parte de suas normas. Sobre Educação Especial, a LDB, 1996 diz: CAPÍTULO V DA Educação Especial “Art. 58. Entende-se por Educação Especial, para os efei- tos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educan- dos portadores de necessidades especiais. 47 § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe- cializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, es- colas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de Educação Especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não pude- rem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - Educação Especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive con- dições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulaçãocom os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas so- ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível do 48 ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em Educação Especial, para fins de apoio técni- co e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alterna- tiva preferencial, a ampliação do atendimento aos educan- dos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às insti- tuições previstas neste artigo.” A Secretaria de Educação Especial (SEESP) do Ministé- rio da Educação e Cultura (MEC) é o órgão oficial que se responsabiliza pelo planejamento de ações voltadas ao atendimento educacional do público com necessidades educacionais especiais. Mas esta discussão por muitos anos ocorreu em espaços separados, ou em escolas espe- ciais ou em classes especiais. O FUNDEF estabeleceu um novo modelo de financiamento do ensino fundamental, colocou um mecanismo de redistribuição de recursos vinculados à educação com vistas a cumprir o princípio consti- tucional da equalização do financiamento sendo um instrumento essencial na universalização do ensino fundamental. Em 2007, com a criação do FUNDEB, cuja vigência se estende a 2020, ampliou-se o escopo do financiamento, passando a abranger toda a Educação básica, contemplando Educação infantil, Ensino fun- 49 damental, Ensino médio, Educação Especial e Educa- ção de jovens e adultos. Plano Nacional de Educação no Brasil O PNE 2001-2010, aprovado pelo Congresso Nacional e instituído pela Lei nº 10.127, de 9 de janei- ro de 2001, por sua vez, traçou rumos para as políti- cas e ações governamentais, fixando objetivos e metas para a Educação Brasileira por um período de dez anos - a chamada “Década da Educação”. Contribuiu para a construção de políticas e programas voltados à melhoria da educação sendo que esteve sem instru- mentos executivos para consecução das metas por ele estabelecidas. Coube aos Estados, o Distrito Federal e os Municípios elaborar planos decenais adequados. A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a sociedade civil, devem instaurar avaliações periódicas da implemen- tação do Plano Nacional de Educação. Para o Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educa- ção, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação do Senado Federal, cabe observar a execução do Plano Nacional de Educação. Cabe ao Congresso Nacional aprovar as medidas le- gais decorrentes, com vistas à correção de deficiências e distorções. A União instituiu o Sistema Nacional de Avaliação e estabelece os mecanismos necessários ao acompanhamento das metas constantes do Plano Na- cional de Educação. Os planos plurianuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de- vem ser preparados de modo a dar suporte às metas constantes do Plano Nacional de Educação e dos res- 50 pectivos planos decenais. Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios empe- nham na divulgação deste Plano e no desenvolvimen- to e realização de seus objetivos e metas, para que a sociedade tenha o conhecimento e possa acompanhar sua implementação. A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a sociedade civil, deveria instaurar avaliações periódicas da implemen- tação do Plano Nacional de Educação.Para o Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educa- ção, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação do Senado Federal, coube observar a execução do Plano Nacional de Educação, ao Congresso Nacional aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas à correção de deficiências e distorções. A União instituiu o Sistema Nacional de Avaliação que estabelecia os mecanismos necessários ao acompanhamento das metas constantes do Pla- no Nacional de Educação. Os planos plurianuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios deveriam ser preparados de modo a dar suporte às metas constantes do Plano Nacional de Educação e dos respectivos planos decenais. Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- cípios empenharam na divulgação deste Plano e no desenvolvimento e realização de seus objetivos e me- tas, para que a sociedade tivesse o conhecimento e pudesse acompanhar sua implementação. 51 Objetivos: . a elevação global do nível de escolaridade da po- pulação; . a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; . a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e . democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da es- cola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Metas: . a elevação global do nível de escolaridade da po- pulação; . a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; . a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e . democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na ela- boração do projeto pedagógico da escola e a partici- pação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Define, por conseguinte: . as diretrizes para a gestão e o financiamento da 52 educação; . as diretrizes e metas para cada nível e modalidade de ensino e . as diretrizes e metas para a formação e valoriza- ção do magistério e demais profissionais da educação, nos próximos dez anos. EDUCAÇÃO BÁSICA 1. EDUCAÇÃO INFANTIL 2. ENSINO FUNDAMENTAL 3. ENSINO MÉDIO EDUCAÇÃO SUPERIOR 4 - EDUCAÇÃO SUPERIOR MODALIDADES DE ENSINO 5 - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 6 - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E TECNOLO- GIAS EDUCACIONAIS 7 - EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA E FORMA- ÇÃO PROFISSIONAL 8 - Educação Especial 9 - EDUCAÇÃO INDÍGENA Educação Especial A Constituição Federal estabelece o direito de as pessoas com necessidades especiais receberem educação preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, III) 1988) O conhecimento da realidade é importante para isso é preciso dispor de estatísticas completas 53 sobre o número de pessoas com deficiências, sobre o atendimento. Estas podem ser de diversas ordens - visuais, auditivas, físicas, mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e também superdotação ou altas habilida- des. O atendimento particular oferecido por entidades filantrópicas, ainda é responsável por grande parcela da Educação Especial no País. A eliminação das barreiras arquitetônicas nas escolas é uma condição importante para a integração dessas pessoas no ensino regular. Outro elemento fun- damental é o material didático-pedagógico adequado, conforme as necessidades específicas dos alunos. Inexistência, insuficiência, inadequação e pre- cariedades podem ser constatadas em muitos centros de atendimento a essa clientela. Em relação à qualificação dos profissionais de magistério os sistemas de ensino costumam oferecer cursos de preparação para os professores, oferecidos pelo governo nas modalidades a distância, semipre- sencial e presencial disponíveis na Plataforma Freire. Considerando a diretriz da integração, ou seja, de que, sempre que possível, as crianças, jovens e adultos especiais sejam atendidos em escolas regula- res, a necessidade de preparação do corpo docente, e do corpo técnico e administrativo das escolas au- menta enormemente. Segundo os dadosde 1997, pre- dominam as "classes especiais", nas quais estão 38% das turmas atendidas. 13,7% delas estão em "salas de recursos" e 12,2% em "oficinas pedagógicas". Apenas 5% das turmas estão em "classes comuns com apoio pedagógico" e 6% são de "educação precoce”. Em "outras modalidades" eram atendidas 25% das tur- 54 mas de Educação Especial. As informações de 1998 estabelecem outra classificação, chamando a atenção que 62% do atendimento registrado está localizado em escolas especializadas, o que reflete a necessidade de um compromisso maior da escola comum com o atendimento do aluno especial. Apesar do crescimento das matrículas, o déficit é muito grande e constitui um desafio imenso para os sistemas de ensino, pois diversas ações devem ser realizadas ao mesmo tempo. Entre elas, destacam-se a sensibilização dos demais alunos e da comunidade em geral para a integração, as adaptações curriculares, a qualificação dos professores para o atendimento nas escolas regulares e a especialização dos professores para o atendimento nas novas escolas especiais, pro- dução de livros e materiais pedagógicos adequados para as diferentes necessidades, adaptação das escolas para que os alunos especiais possam nelas transitar, oferta de transporte escolar adaptado, etc. Mas o grande avanço que a década (2011- 2020) da educação deverá produzir será a construção de uma escola inclusiva, que garanta o atendimento à diversidade humana. Diretrizes A Educação Especial se destina-se às pessoas com necessidades especiais no campo da aprendiza- gem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou múltipla, quer de características como altas habilidades, superdotação ou talentos. A integração dessas pessoas no sistema de ensi- no regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III), 55 fazendo parte da política governamental há pelo me- nos uma década. Mas, tal diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade escolar. Uma política explícita e vigorosa de acesso à educação, de respon- sabilidade da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios, é uma condição para que às pesso- as com deficiência sejam assegurados seus direitos à educação. Tal política abrange: o âmbito social, do re- conhecimento destas crianças, jovens e adultos como cidadãos e de seu direito de estarem incluídos na so- ciedade o mais plenamente possível; e o âmbito educa- cional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos), quanto na qualificação dos professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar como um todo deve ser sensibilizado para uma perfei- ta inclusão. A garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiência é uma medida importante. Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a diversidade, quer porque o espectro das deficiências é variado. A União tem um papel essencial no planeja- mento e direcionamento da expansão do atendimen- to, diante das desigualdades regionais. O apoio da União é mais urgente e será mais necessário onde se verificam os maiores déficits de atendimento. Quanto mais cedo se der a intervenção edu- cacional, mais eficaz ela se tornará no decorrer dos anos, produzindo efeitos mais profundos sobre o de- senvolvimento das crianças. Por isso, o atendimento deve começar precocemente, inclusive como forma preventiva. Na hipótese de não ser possível o aten- 56 dimento durante a Educação Infantil, há que se de- tectarem as deficiências, como as visuais e auditivas, que podem dificultar a aprendizagem escolar, quando a criança ingressa no ensino fundamental. Em relação às crianças com altas habilidades (superdotadas ou ta- lentosas), a identificação levará em conta o contexto sócio-econômico e cultural e será feita por meio de observação sistemática do comportamento e do de- sempenho do aluno, com vistas a verificar a intensida- de, a frequência e a consistência dos traços, ao longo de seu desenvolvimento. O desenvolvimento e aprendizagem das crian- ças, jovens e adultos com deficiências, a articulação e a cooperação entre os setores de educação, saúde e as- sistência é fundamental e potencializa a ação de cada um deles. A necessidade de atendimento não se limita à área educacional, mas envolvem especialistas, sobre- tudo da área da saúde e da psicologia e dependem da colaboração de diferentes órgãos do Poder Público, em particular os vinculados à saúde, assistência e pro- moção social, inclusive em termos de recursos. O Programa de Renda Mínima Associado a Ações Sócio-educativas (Lei n.9.533/97) estendido a essa clientela, pode ser um importante meio de garan- tir-lhe o acesso e à frequência à escola. A formação de recursos humanos com capa- cidade de oferecer o atendimento aos educandos es- peciais nas creches, pré-escolas, centros de Educação Infantil, escolas regulares de Ensino fundamental, Médio e Superior, bem como em instituições especia- lizadas e outras instituições é uma prioridade para o Plano Nacional de Educação. Não há como ter uma 57 escola regular eficaz quanto ao desenvolvimento e aprendizagem dos educandos especiais sem que seus professores, demais técnicos, pessoal administrativo e auxiliar sejam preparados para atendê-los. Requer-se um esforço determinado das auto- ridades educacionais para valorizar a permanência dos alunos nas classes regulares, eliminando a nociva prática de encaminhamento para classes especiais da- queles que apresentam dificuldades comuns de apren- dizagem, problemas de dispersão de atenção ou de disciplina. A esses deve ser dado maior apoio pedagó- gico nas suas próprias classes, e não os separar como se precisassem de atendimento especial. Em 15 de dezembro de 2010, o Ministro da Educação Fernando Haddad, entrega ao governo o PROJETO DE LEI que aprova o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 e dá outras providências. O CONGRESSO NACIONAL decreta: Art. 1º Fica aprovado o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 (PNE - 2011/2020) constante do Anexo desta Lei, com vistas ao cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição. “Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios deverão ser formulados de ma- neira a assegurar a consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias do PNE - 2011/2020 e com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua plena execução. Art. 11. O Índice de Desenvolvimento da Educação Bá- 58 sica - IDEB será utilizado para avaliar a qualidade do en- sino a partir dos dados de rendimento escolar apurados pelo censo.” Este documento representa um importante avan- ço institucional para o país, definindo metas e estraté- gias para avançar no processo de melhoria da Educação Brasileira. A sociedade deve estar mobilizada, governo e os mais diversos segmentos, em torno da ampliação do acesso à educação de qualidade para todos os brasileiros. A melhoria continuada do nível de educação da população certamente irá refletir-se não só na qualida- de da vida, efetivação da democracia e ampliação da cidadania para muitos brasileiros, mas, também no de- senvolvimento econômico do país. Diante de tal fato, estabelecimento de metas e estratégias para garantia de uma educação de qualidade para todos os brasilei- ros tem que ser prioridade nacional. Foram apresentadas 20 metas para alcançar os objetivos propostos. Ao tema discutido nesta unidade cito a meta 4 e suas estratégias: “Meta 4: Universalizar, para a população de quatro a de- zessete anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e al- tas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino. Estratégias: 4.1) Contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Ma- nutenção e Desenvolvimento daEducação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, 59 as matrículas dos estudantes da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especia- lizado complementar, sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular. 4.2) Implantar salas de recursos multifuncionais e fomen- tar a formação continuada de professores para o aten- dimento educacional especializado complementar, nas escolas urbanas e rurais. 4.3) Ampliar a oferta do atendimento educacional espe- cializado complementar aos estudantes matriculados na rede pública de ensino regular. 4.4) Manter e aprofundar programa nacional de acessibi- lidade nas escolas públicas para adequação arquitetônica, oferta de transporte acessível, disponibilização de mate- rial didático acessível e recursos de tecnologia assistiva, e oferta da educação bilíngue em língua portuguesa e Lín- gua Portuguesa de Sinais - LIBRAS. 4.5) Fomentar a educação inclusiva, promovendo a articu- lação entre o ensino regular e o atendimento educacional especializado complementar ofertado em salas de recur- sos multifuncionais da própria escola ou em instituições especializadas. 4.6) Fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola por parte dos beneficiários do benefí- cio de prestação continuada, de maneira a garantir a am- pliação do atendimento aos estudantes com deficiência na rede pública regular de ensino.” A Convenção sobre o Direito das Pessoas com Deficiência (ONU 2006), ratificada no Brasil pelos Decretos 186/2008 e 6949/2009, em seu artigo 9º, afirma que: 60 “a fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver com autonomia e participar plenamente de to- dos os aspectos da vida, os Estados Partes deverão tomar as medidas apropriadas para assegurar-lhes o acesso, em igualdade de oportunidades com as de- mais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à infor- mação e comunicação”. O Ministério da Educação – MEC, de acordo com os marcos legais políticos e pedagógicos da Edu- cação Inclusiva, atua para assegurar o direito de todos à educação regular. Em 2008, estabelece a Política Na- cional de Educação Especial na perspectiva da Edu- cação Inclusiva, documento orientador para estados e municípios organizarem suas ações no sentido de transformarem seus sistemas educacionais em siste- mas educacionais inclusivos. Decretos, resoluções, notas técnicas e pare- ceres foram organizados para auxiliar e subsidiar as discussões, ações na efetivação dos compromissos estabelecidos pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com deficiência. Foram elaborados a partir de demandas dos sistemas de ensinos e sociedade em geral e para o controle social das políticas públicas voltadas à inclusão escolar das pessoas com deficiên- cia, transtornos globais do desenvolvimento, altas ha- bilidades/superdotação. 61 Mecanismos para a garantia do direito das pessoas com deficiência à Educação Inclusiva A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, publicada pelo MEC em 2008, dá um novo limite teórico e orga- nizacional na Educação Brasileira, estabelecendo Educação Especial como forma não substitutiva à escolarização; o conceito de atendimento educacio- nal especializado complementar ou suplementar à formação dos estudantes; e o público alvo da Educa- ção Especial constituído pelos estudantes com defici- ência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. De acordo com as diretrizes da nova política: “A Educação Especial é definida como uma modali- dade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e serviços, realiza o atendimento educacional especializado e orienta quanto a sua utilização no processo de en- sino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular.” PNE-MEC 2008 Os princípios definidos na atual política são ra- tificados pelas Conferências Nacionais de Educação – CONEB/2008 e CONAE/2010, que no documento final salientam: “Na perspectiva da Educação Inclusiva, cabe des- tacar que a Educação Especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com defici- 62 ência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas turmas comuns do ensino regular, orientando os sistemas de ensino para garantir o acesso ao ensino comum, a partici- pação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados de ensino; a transversalidade da Educação Especial desde a Educação infantil até a Educa- ção superior; a oferta do atendimento educacional especializado; a formação de professores para o atendimento educacional especializado e aos demais profissionais da educação, para a inclusão; a parti- cipação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informações; e a articulação inter- setorial na implementação das políticas públicas”. (Brasil, 2008) A Educação Inclusiva torna-se ponto de gran- de importância nos debates educacionais brasileiros, gerando novas concepções, que geram apoio técnico e financeiro, no sentido de buscar as condições para a inclusão escolar dos estudantes, público alvo da Edu- cação Especial nas redes públicas de ensino. O termo acessibilidade é colocado como forma de promoção da igualdade de condições entre todos. Visando instituir uma política pública de finan- ciamento da Educação Inclusiva, é publicado O De- creto nº 6.571/2008, amplia a oferta do atendimento educacional especializado – AEE a estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação e estabelece o seu financiamento no âmbito do FUNDEB. 63 Conforme o Decreto 6.571/2008: “O atendimento educacional especializado - AEE é o conjunto de atividades, recursos de acessibi- lidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular.” (Brasil, 2008) No seu artigo 3º, é definido o apoio técnico e financeiro a ser prestado pelo Ministério da Edu- cação, com a finalidade de promover o atendimento educacional especializado tanto na educação básica quanto na superior por meio das seguintes ações: “I - implantação de sala de recursos; II – formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado; III – formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para Educação Inclusiva; IV – Adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidades; V - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para acessibilidade; e VI – estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de Educação Superior” (Brasil, 2008) O financiamento da dupla matrícula de estu- dantes público alvo da Educação Especial na Educa- ção básica é instituído, no âmbito do FUNDEB, de modo a alimentar a organização e oferta do Atendi- mento Educacional Especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva conforme disposto no artigo 6º: Diretrizes para orientar a implantação do De- 64 creto 6.571 Resolução Nº. 4 CNE/CEB. Este documento define, no artigo 1º, que cabe: [...]”aos sistemas de ensino matricular os alu- nos com deficiência, transtornos globais do desenvol- vimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educa- cional Especializado – AEE[...]” (Brasil, 2009) O AEE deve integrar o projeto político peda- gógico - PPP da escola, envolver a família e ser feito e junto às políticas públicas. É uma oferta institucio- nalizada, prevendo na sua organização a implantação da sala de recursos multifuncionais, a elaboração do plano de AEE, professores para o exercício da docên- cia no AEE, demais profissionais como tradutor e in- térprete da Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e aqueles que atuam em atividades de apoio. De conformidade com o artigo 5º dessa
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