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LEISHMANIOSE · Infecção zoonótica/parasitária não contagiosa · Apresenta-se sob duas formas clínicas : tegumentar e visceral · Mamíferos vertebrados (homem) pode estra envolvido secundariamente · Não há transmissão inter-humana · Agente causal: gênero Leishmania · Transmissão de animais para o homem por flebotomíneos fêmeas infectados EPIDEMIOLOGIA · Problema de saúde pública mundial : 2° infecção parasitária mais frequente · Aprox. 75% dos casos de LC é relatada em 10 países : Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Etiópia, Irã, Sudão, Peru e Síria. · Últimos 20 anos: crescimento elevado em magnitude e expansão geográfica · Brasil: · Área endêmica de maior extensão territorial · Autóctone em todos os estados, com picos de transmissão a cada 5 anos · Surtos epidêmicos nas regiões S, SE, CO, NE e mais recentemente no Norte · Surtos epidêmicos associados à derrubada das matas · Regiões de colonização antiga · Silvestre: transmissão em áreas de vegetação primária ( animais silvestres) · Ocupacional ou lazer : transmissão associada à exploração e derrubada de florestas e ecoturismo · Rural e periurbana : adaptação do vetor ao periodomicílio. VETOR : FLEBOTOMÍNEOS · Gênero : Lutzomya ( mosquito birigui, mosquito palha ou mosquito tatuquira) · São pequenos de coloração amarelada, hábitos vespertinos, pousando com asas abertas e têm voos muito curtos · Apenas as fêmeas são hematófagas – transmitem a doença · O inseto utiliza matéria orgânica em decomposição para postura dos ovos; quintais com canis, galinheiros e árvores são locais ideais para criadouro do flebotomíneo vetor ETIOLOGIA Família: Trypanosomatidade Gênero : Leishmania – Leishmaniose cutânea e visceral Subgêneros: · Leishmania ( parasita desenvolve no intestino anterior e médio) · Viannia ( intestino anterior , médio e posterior) BIOLOGIA FORMA AMASTIGOTA : arredondada sem flagelo; no interior dos macrófagos dos hospedeiros vertebrados FORMA PROMASTIGOTA : flagelo único, livre; tubo digestivo dos hospedeiros invertebrados ( flebotomíneo) CICLO EVOLUTIVO VETOR · Nos Flebotomíneos ( vetor ): 1. Tubo digestivo das fêmeas – Forma Promastigota 2. Forma promastigota depositada na derma do mamífero, onde são fagocitados por macrófagos CICLO EVOLUTIVO MAMÍFERO · Nos vertebrados mamíferos: 1. Infecções ocorre pela regurgitação da fêmea do vetor infectado, durante o repasto sanguíneo 2. Formas promastigotas infectantes são fagocitadas pelos macrófagos da pele 3. Dentro dos macrófagos : transformação em amastigotas, dentro do citoplasma, entram em divisão binária 4. Aumento da pressão intracitoplasmática rompimento da célula e liberação no meio intercelular das formas amastigotas 5. Nova fagocitose por outros macrófagos reinício do ciclo nessas células FISIOPATOLOGIA · As leishmanias são parasitas intracelulares, o curso da infecção depende da resposta mediada por células · Amastigotas dentro dos macrófagos faz com que o controle da infecção seja dependente da resposta imune · Macrófagos: -células hospedeiras, apresentadoras de antígenos e efetoras da destruição do parasita -Secretam IFN-y e ativam linfócito T helper · Linfócito Th1 : produzem IFN-y e protegem contra patógenos intracelulares ( leishmanias) · Linfócitos Th2 : produzem IL-4, 5 e 10 e estão envolvidos nos processos alérgicos e na proteção contra agentes extracelulares · Ativação dos linfócitos Th2 leva ao agravamento das infecções por agentes intracelulares · Para o controle da infecção: predomínio da resposta imune celular com características Th1 - Linfócitos CD4 e CD8, IFN-y, TNF alfa, quimicinas produzidas por macrófagos - Resposta resulta na ativação de macrófagos que produzem radicais livres de oxigênio e óxido nítrico que destroem os parasitos · Indivíduos que desenvolvem a forma sintomática da doença: resposta imunitária do tipo Th2 ( produção de IL4, IL 5, IL10 e TGF B, baixa produção de IFN-Y) · Imunidade humoral não é protetora, os anticorpos não são neutralizantes. · Leishmaniose forma cutânea primária e visceral assintomática: -Predomínio da resposta celular Th1 com resposta celular vigorosa contra os parasitos · Leishmaniose visceral sintomática, cutânea difusa e disseminada : - Predomínio resposta celular Th2 com baixa produção de IFN-y ETIOLOFIA E FORMAS CLÍNICAS LTA FORMA CUTÂNEA LOCALIZADA (LC) · Manifestação clínica mais frequente · Imunidade celular preservada · Lesões exclusivamente cutâneas, mais frequentes únicas ou pequeno número ( 2 – 3 lesões) · Tendência a cicatrização · Doença benigna que se resolve em alguns meses de forma espontânea · Causada por todas espécies dermotrópicas de Leishmania: - L. braziliensis , L. guyanesis, L. amazonenses, L. mexicana · Lesão inicial no local da picada do inseto vetor – surge 2 semanas a 3 meses após a inoculação do parasita · Pápula eritematosa -> nódulo -> resolução espontânea OU evolui para úlcera · Úlcera: circular, bordas elevadas, fundo granuloso, avermelhado, escassa secreção serossanguinolenta e halo eritematoso circulado a lesão LTA FORMA CUTÂNEA DIFUSA (LCD) · Causada po L. amazonensis no Brasil · Polo energético da doença · Rara, porém grave. Crônica com recaídas frequentes · Início insidioso com lesão única (mácula, pápula ou nódulo) sem ulceração · Evolução lenta ( meses – anos) com placas e múltiplos nódulos, tubérculos e infiltrações, não ulcerados em grandes áreas corpóreas · Não há envolvimento mucoso · Diagnóstico diferencial com hanseníase e linfomas cutâneos LTA FORMA MUCOSA (LM) · Geralmente ocorre vários meses ou anos após o quadro cutâneo primário · Causada por L. brasilienses ou L. amazonensis · Ocorrem de preferência, nas vias respiratórias superiores · Inicia com hiperemia e infiltração inflamatória local, principalmente septo nasal · Com evolução apresenta caráter ulcerativo, mutilante levando à destruição do septo nasal e desabamento da pirâmide nasal · Pode acometer lábios, boca, orofaringe e laringe LTA FORMA CUTÂNEA MUCOSA (LCM) · Pouco frequente; causada por L. brasiliensis · Resulta da disseminação hematogênica do parasito a partir de leões cutâneas · Secundária a lesões cutâneas, surgindo após meses ou anos da resolução das lesões de pele · Pode acometer a cartilagem nasal e ossos da face: destruição do maciço central da face LEISHMANIOSE VISCERAL ( CALAZAR) · Causada por : L. chagasi, L. donovani, L. infantum · Formas assintomáticas são comuns em áreas endêmicas, pela resposta imune celular Th1 no controle da doença · Período de incubação 2 – 5 meses, mas pode chegar a vários anos · Início insidioso : febre, perda ponderal, anorexia e aumento do volume abdominal, anemia e icterícia · Evolução arrastada por meses · Hepatoesplenomegalia importante ( esplenomegalia desproporcional) · Infecção bacterianas secundárias são frequentes e contribuem para letalidade · Fenômenos hemorrágicos são frequente (plaquetopenia, epistaxe e CIVID) · Fatores determinantes de mau prognóstico: extremos de idade ( crianças e idosos) , estado nutricional, comorbidades. Icterícia e edema generalizado DIAGNÓSTICO · Clínico, epidemiológico e laboratorial 1) Demonstração direto dos amastigotas do parasita - LT/LC – biópsia ou raspado de lesão de pele ( escarificação da borda de lesão) - LV – aspirado de medula óssea, baço , fígado ou linfonodos 2) Identificação do amastigota através da pesquisa direta (DNA – PCR) e cultura 3) Imunodiagnóstico: Reação de Montenegro ( intradermorreação de Montenegro ) - Resposta de hipersensibilidade tardia - Positividade : exposição aos antígenos do parasita; não significa doença em atividade; continua positiva após a cura da doença Sorologia: detectam anticorpos anti-leishmania circulantes TRATAMENTO 1) Antimoniais pentavalentes ( N- metilglucamina): - Atividade leishmanicida; -Administração IM ou IV dose única diária 20 mg/kg/d por 28 dias; -Efeitos colaterais: artralgias, alterações enzimas hepáticas - Aplicação intralesional com boa resposta 2) Anfotericina B desoxicolado e lipossomal ( menor toxicidade) : - Empregada nasformas resistentes ao antimonial ou com toxicidade grave a esses fármacos -3mg/Kg/d por 7 dias; maior custo porém índices de cura próximos dos 100% nas formas cutâneas e mucosas -Efeitos adversos leves, reações à infusão e ocasional nefrotoxicidade 3) Pentamidina : -Boa resposta no tratamento da leishmaniose cutânea por L. guyanensis - 4 mg/kg no total de 3 aplicações IM com intervalo de 2 dias - Efeitos adversos: náuseas, dor abdominal, mialgias, cefaleia, gosto metálico na boca, taquicardia e distúrbios hidroeletrolíticos PROFILAXIA · Controle do vetor: - Construção de moradias distantes da mata - Telas de proteção, repelentes e inseticidas · Detecção e controle de reservatórios infectados ( cão doméstico) · Detecção precoce de humanos infectados e tratamento precoce TÉTANO · Doença infecciosa, imunoprevenível, não contagiosa na qual se manifestam espasmos musculares, localizados ou generalizados, provocados por uma toxina produzida pelo agente causal Clostridium tetani EPIDEMIOLOGIA · Primeira citação em humanos ocorreu há 3.500 anos no Egito · Brasil tem sofrido queda no número de casos pela maior cobertura vacinal · Problemas de confirmação dos casos notificados e de subnotificações · Em SP tem sido relatados 40 casos/ ano de tétano acidental nos últimos 8 anos, e há mais de 10 anos não são notificados casos de tétano neonatal · Mais comum no sexo masculino ( maior exposição ) · Mulheres tendem a fazer o acompanhamento pré-natal ( vacinação na gestação) ETIOLOGIA · Ação da exotoxina ( tetanospasmina) produzida por Clostridium tetani · Clostridium tetani: bacilo gram-positivo anaeróbico, esporulado ( viável por anos), móvel, se multiplica em condições de baixo potencial de oxirredução · Encontrados em solo contaminado, fezes de animais, materiais, putrefatos água putrefata, material enferrujado, fios de categute, agulhas FISIOPATOLOGIA · Esporos de C. tetani penetram nas feridas contaminadas · Exotoxina ( tetanospasmina ) é liberada quando a bactéria é lisada · Toxina -> terminações nervosas periféricas -> ligação irreversível – penetra SNC ( GABA, glicina ) -> predomínio de estímulos excitatórios -> espasmos musculares e hipertonicidade CLÍNICA · Período de incubação : 7 – 10 dias ( pode variar de 2 -21 dias) · Trismo é a primeira manifestação; riso sardônico · Rigidez, dor na musculatura cervical, disfagia e contratura de ombros e dorso ( opistótono) · Tétano localizado pode evoluir para tétano generalizado e doloroso · Tétano cefálico : acometimento de laringe, com risco de obstrução de vias aéreas ( risco de insuficiência respiratória) COMPLICAÇÕES · Acometimento pulmonar é precoce · Alterações do parênquima pulmonar com paralisias diafragmáticas atelectasias, pneumotórax, tromboembolismo pulmonar, pneumonia síndroma do desconforto respiratório agudo DIAGNÓSTICO · Clínica de espasmos musculares localizados ou generalizados · Exames complementares: hemograma, função renal, função hepática, líquo, tomografia de crânio · Excluir diagnósticos diferenciais : meningite, hipocalcemia, infecções secundárias TRATAMENTO · Desbridamento cirúrgico do foco · Imunoglobulina anti-tetânica EV e peri- lesional – neutralização da toxina · Penicilina G Cristalina · Metronidazol mg · Heparina subcutânea como profilaxia para trombose · Para relaxamento muscular e inibição de convulsões : benzodiazepínicos baclofeno e sulfato de magnésio · Vacina antitetânica ( 3 doses)
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