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OS DIREITOS POLÍTICOS E SUAS OBRIGAÇÕES

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA FLORESTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AGRÁRIAS – FACBA
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
OS DIREITOS POLÍTICOS E SUAS OBRIGAÇÕES 
POLITICAL RIGHTS AND THEIR OBLIGATIONS
Gracielle Cristina Della Giustina [footnoteRef:1] [1: Acadêmica devidamente matriculada na 4º fase do curso de Direito da Faculdade Estadual do Estado de Mato Grosso ( UNEMAT ). gracy_giustina@hotmail.com] 
 Me. Edileuza Valeriana de Farias Venturin[footnoteRef:2] [2: Mestra em Direitos Difusos e Coletivos; Professora do Curso de Direito da Faculdade de Alta Floresta (FADAF) e do Curso de Direito da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT); Advogada. edileuzafarias@hotmail.com] 
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apresentar os Direitos Fundamentais do ser humano na política e dos Direitos Políticos. E suas formas de realização da soberania popular. Estes grupos se complementam e integralizam de tal forma, que sem a existência de todos eles, torna-se impossível a plenitude dos Direitos Humanos.  Foi morosa a evolução das técnicas destinadas a efetivar a designação dos representantes do povo nos órgãos governamentais. A princípio, elas aplicavam-se nas épocas em que o povo deveria proceder à escolha dos seus representantes. Aos poucos, certos modos de atuar transformaram-se em regras ou normas de agir, denominadas de direitos políticos.  A Constituição traz um agrupamento de normas que regula a atuação da soberania popular, desdobramento do princípio de que "o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente" (art. 1º, parágrafo único).  A expressão ‘direitos políticos’ estabelece normas para os problemas eleitorais. Elas são a disciplina dos meios necessários ao exercício da soberania popular.
Palavras-chave: Política. Legislação. Direitos. Deveres. Cidadania.
ABSTRACT
This article aims to present the Fundamental Rights of the human being in politics, and Political Rights forms of realization of popular sovereignty. These groups complement and complement each other in such a way that without the existence of all of them, the fullness of Human Rights becomes impossible. The evolution of techniques aimed at making the designation of representatives of the people in government bodies slow. At first, they were applicable at times when the people should choose their representatives. Gradually, certain ways of proceeding became rules or rules of action, called political rights. The Constitution brings a set of norms that regulates the performance of popular sovereignty (articles 14 to 16), unfolding the principle that "power emanates from the people, who exercise it through elected representatives or directly" (article 1, single paragraph). The term 'political rights' sets standards for electoral problems. They are the discipline of the means necessary for the exercise of popular sovereignty.
Palavras-chave: Politics. Legislation. Rights. Duties. Citizenship
INTRODUÇÃO 
Direitos Políticos são o conjunto de regras que confiam ao sujeito o status activae civitatis, permitindo-lhe participar na formação ou exercício da atividade nacional. Através destes o cidadão interfere direta ou indiretamente nos negócios políticos no Estado. 
No Brasil a atuação da soberania popular far-se-á através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, mediante plebiscito, referendo, iniciativa popular, e ainda, através do ajuizamento de ação popular e organização de partidos políticos. Todas as normas referentes ao exercício da democracia são um desdobramento do princípio: [footnoteRef:3]“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente...”. [3: art. 1º parágrafo único da Constituição] 
Em suma, pode-se afirmar que o núcleo, o cerne dos direitos políticos é o direito ao sufrágio. Sufrágio é a capacidade de eleger e ser eleito, é um direito público subjetivo de natureza política. É dito sufrágio universal quando conferido a todos os nacionais, sem distinção; e sufrágio restrito quando para exercer o sufrágio necessário é possuir determinadas condições especiais.
CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS
	O exercício dos direitos políticos é gratuito: a parte final do inciso LXXVll do art. 5° assegura a gratuidade dos "atos necessários ao exercício da cidadania".[footnoteRef:4] [4: BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Viana Alves. Direito constitucional – Tomo I. 4.º Ed. rev., atual. e ampl. – Bahia: JusPodivm 2015.] 
	O instrumento por meio do qual os indivíduos exercem sua cidadania, "direitos políticos" é expressão que traduz o conjunto de normas legais permanentes que regulamenta o direito democrático de participação do povo no Governo, diretamente ou por seus representantes. Os direitos políticos consistem, pois, na disciplina dos meios necessários ao exercício da soberania popular[footnoteRef:5]. [5: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: JusPODVM, 2016.] 
    A Constituição do Império exprimia em cidadão ativo, para diferençá-lo do cidadão em geral, que se confundia com o nacional (arts. 6º e 7º). Cidadão ativo era o titular dos direitos políticos. As constituições posteriores misturaram ainda mais os conceitos. A de 1937 começou a distinção na quais as de 1967/1969 completaram, abrindo capítulos separados para a nacionalidade e para os direitos políticos, deixando de fora os partidos políticos.[footnoteRef:6]   [6: Art. 14, 90, 91, 140, 141, 142 e 148 da Constituição] 
A doutrina afirma que a cidadania formal é a participação dos cidadãos (eleitores) na vida do Estado por meio do voto, e a cidadania material ou real vai além desse ato, coma participação da população na fiscalização e resolução dos problemas do Estado. Pode ser externada pelas campanhas desmoralização das instituições públicas, de formação de organizações não governamentais para incentivo e auxílio nas atividades do Estado, de denúncias de corrupção e desvio de verbas públicas, entre outros.[footnoteRef:7] [7: OLIVEIRA, Erival da Silva. Direito Constitucional. – 11º Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.] 
Atualmente é dispensável a terminologia dos publicistas do período da monarquia, pois não mais se confundem nacionalidade e cidadania. Nacionalidade é encadeamento ao território estatal por nascimento ou naturalização, cidadania é um status ligado ao regime político. Cidadania é atributo político decorrente do direito de participar no governo e direito de ser ouvido pela representação política. Cidadão, hoje, é o indivíduo titular dos direitos políticos de votar e ser votado. Nacionalidade é pressuposto da cidadania, pois só o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidadão.[footnoteRef:8] [8: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1288, 10 jan. 2007.] 
  A cidadania conquista com a obtenção da qualidade de eleitor, que se manifesta na posse do título de eleitor válido. O eleitor é cidadão, é titular de cidadania, embora nem sempre possa exercer todos os direitos políticos. O seu gozo integral depende do preenchimento de condições que só gradativamente se incorporam ao cidadão.[footnoteRef:9] [9: Idem.] 
É atributo jurídico-político que o nacional obtém desde o momento em que se torna eleitor. Mas alguns direitos políticos só se adquirem em etapas sucessivas: aos 16 anos de idade, o nacional já se pode alistar, tornando-se titular do direito de votar; aos 18 anos, é obrigado a alistar-se, tornando-se titular do direito de votar, se não o fizera aos 16, e do direito de ser eleito para vereador; aos 21 anos, o cidadão incorpora o direito de ser votado para deputado federal, estadual ou distrital, vice-prefeito e juiz de paz; aos 30 anos, consegue a possibilidade de ser eleito para governador e vice-governador do Estado e do Distrito Federal e finalmente, aos 35 anos, o cidadão chega ao ponto mais elevado da cidadania formal, com o direito de ser votado para presidente e vice-presidente da Repúblicae para senador federal.[footnoteRef:10] [10: Art. 14, § 3º] 
 Os constituintes de 1988 bem que poderiam ter dificultado isso um pouco mais, exigindo dos candidatos alguma qualificação universitária, demonstração de probidade moral e administrativa. 
 ELEIÇÕES E ELEITORES
 Eleitorado é o conjunto de todos os que detêm o direito de sufrágio. Organizam-se segundo as circunscrições, zonas e seções eleitorais. É significativa a participação do povo no poder em todas as suas manifestações, pois o papel dos eleitores é participar nas operações do corpo eleitoral, em virtude de um direito individual próprio, que é uma expressão da sua soberania individual.[footnoteRef:11] [11: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
 O alistamento diz respeito à capacidade eleitoral ativa de ser eleitor, e a elegibilidade refere-se à capacidade eleitoral passiva de ser eleito.  Elegibilidade é, pois, o direito de postular a designação pelos eleitores a um mandato político no Legislativo ou no Executivo. Para que alguém, entre nós, possa concorrer a uma função eletiva, é necessário preencher as condições de elegibilidade que a Constituição arrola no art. 14, § 3º, ou seja, nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral, filiação partidária, idade mínima para os vários cargos e não incorrer em nenhuma inelegibilidade específica.[footnoteRef:12] [12: Art. 14, §§ 4º a 7º e 9º] 
Eleito é o candidato que tenha recebido votação suficiente para lhe conferir o mandato. Uma vez eleito, o candidato não incompatibilizado prestará compromisso e tomará posse do mandato. A eleição é um concurso de vontades, visando a designação de um titular de mandato eletivo. É o modo pelo qual o povo, nas democracias representativas, participa na formação da vontade do governo.
 Assim, o sistema eleitoral é o conjunto de procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinadas a organizar a representação do povo no território nacional. Isso envolve técnicas como a divisão do território em distritos ou circunscrições eleitorais, o método de emissão de votos e os procedimentos de apresentação de candidatos e de designação dos eleitos de acordo com os votos emitidos.[footnoteRef:13] Desde 1997, a Constituição reconheceu ao titular a possibilidade da reeleição, isto é, pleitear a sua própria eleição para um mandato sucessivo ao que está desempenhando. Isso já era permitido aos titulares de mandatos parlamentares.[footnoteRef:14] [13: Idem LIMA.] [14: Art. 14, § 5º
] 
 O direito constitucional brasileiro vigente consagra o sistema majoritário: Por maioria absoluta, para a eleição do presidente e vice-presidente da República, do governador e vice-governador de Estado e do prefeito e vice-prefeito municipal por maioria relativa, para a eleição de senadores federais. O sistema proporcional é acolhido constitucionalmente para a eleição de deputados federais, o que significa a adoção de um princípio que se estende às eleições para as Assembleias Legislativas e para as Câmaras Municipais, considerando o número de votos válidos, o quociente eleitoral, o quociente partidário, a técnica de distribuição dos restos ou sobras, a determinação dos eleitos e a solução dos casos em que há falta de quociente.[footnoteRef:15] [15: Art28, 29 II Art. 45 e 77 da Constituição.] 
No Brasil houve várias tentativas de implantar um sistema misto majoritário e proporcional por distrito. Elas, no entanto fracassaram, mas a tendência a isso se amplia cada vez mais, à vista dos notórios defeitos do sistema de representação proporcional puro que vigora atualmente. O procedimento eleitoral visa selecionar e designar as autoridades governamentais. Começa com a apresentação das candidaturas ao eleitorado, sua designação em cada partido, o seu registro no órgão da Justiça Eleitoral competente, a propaganda eleitoral destinada a tornar conhecidos o pensamento, o programa e os objetivos dos candidatos. Pena é que, depois de elegê-los, nós, eleitores, esquecemos os seus nomes, os seus programas, os seus objetivos, e ficamos a lamentar nossa falta de consciência política.[footnoteRef:16] [16: CESAR, Anna Luiza de Araújo Ceroy. A constitucionalidade e a conveniência da Proposta de Emenda Constitucional nº 43, de 2011, do Senado Federal, que dispõe sobre o sistema proporcional de lista fechada.] 
OS DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS
	São as normas impeditivas de participação do indivíduo no processo político e nos órgãos governamentais, abrangendo não só as inelegibilidades, que inviabilizam o gozo da capacidade eleitoral passiva, como também a perda e suspensão dos direitos políticos, que afetam a capacidade eleitoral passiva e ativa.[footnoteRef:17] [17: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: JusPODVM, 2016. ] 
"Toda a pessoa tem direito de participar no governo de seu país, diretamente ou por meio de representantes livremente escolhidos." Entretanto algumas determinações constitucionais privam o cidadão do direito de participação no processo político e nos órgãos governamentais. São negativos esses direitos, porque negam ao cidadão o direito de eleger, de ser eleito, de exercer atividade político-partidária e de exercer função pública.[footnoteRef:18] [18: Art. 21, Declaração Universal dos Direitos Humanos] 
 A Constituição veda a cassação de direitos políticos. Só a admite nos casos expressos no art. 15 CF/88, ou seja, em virtude de cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, incapacidade absoluta, condenação criminal transitada em julgado[footnoteRef:19], enquanto durarem seus efeitos, recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa nos termos do[footnoteRef:20], e improbidade administrativa. [19: Art. 15] [20: Art. 5º, VIII] 
Os constituintes de 1988 não incluíram a perda da nacionalidade entre os motivos de perda ou de suspensão dos direitos políticos[footnoteRef:21], mas o simples fato da aquisição de outra nacionalidade implica a sua perda, uma vez que transforma o brasileiro em estrangeiro. Como o estrangeiro não se pode alistar como eleitor e se a nacionalidade brasileira é pressuposto da posse dos direitos políticos, perde-os quem a perde com a aquisição de outra, ainda que não conste no art. 15.[footnoteRef:22] [21: Art. 37, § 4º] [22: Art. 12, § 4º, II] 
 A renegação de consciência é a decorrente da liberdade de crença religiosa ou de convicções filosóficas ou políticas. Fato impunível que não importaria em perda de direito algum. Os constituintes de 1988 não foram felizes, gerando incoerência no texto e até um sem sentido nonsense, porque não é lógico que o art. 5º, VIII mande o escusador cumprir uma prestação alternativa pela escusa de consciência, que também possa ser motivo de perda dos direitos políticos, e assim mesmo ficar sujeito à prestação alternativa.[footnoteRef:23] [23: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
 A cessação dos direitos políticos consiste na privação temporária dos direitos políticos. A Constituição de 1946 previa como caso de suspensão a incapacidade absoluta e a condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. A doutrina constitucionalista e a jurisprudência encontravam base na lei civil e penal para a aplicação correta dessa medida. Assim é que concluíram que bastaria a verificação judicial da incapacidade civil absoluta, mediante decretação da interdição do incapaz, para que decorresse a privação provisória da cidadania do interdito.[footnoteRef:24] [24: Art. 135, § 1º] 
Na condenação criminal o paciente continuará com seus direitos políticos suspensos, ainda que se beneficie de sursis. É que a suspensão dos direitos políticos constitui uma das penas de interdição temporária de direitos, às quais não se estende a suspensão condicional da pena. Assim, o benefício da suspensão condicional da pena não interfere na suspensão dos direitos políticos decorrentes de condenação criminal.[footnoteRef:25] [25:CP, Art. 47, I e 80] 
Nota-se, pois, que a privação de direitos neste caso está na dependência de o sujeito: (1) descumprir a obrigação legal a todos imposta, sob alegação de convicção íntima, religiosa, filosófica ou política; e (2) não se dispor a cumprir a prestação alternativa, devidamente fixada em lei. Desce modo, em não havendo lei prevendo e instituindo a prestação alternativa, não há que se falar em privação dos direitos políticos: o indivíduo poderá descumprir a obrigação legal, alegando livremente a escusa de consciência, sem que isso importe em privação de direitos, afinal, a ele não foi dada, pelo Estado, a chance de evitar a privação por meio do cumprimento do dever alternativo.[footnoteRef:26] [26: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: JusPODVM, 2016.] 
A reaquisição dos direitos políticos suspensos se dará automaticamente, com a cessação dos motivos que determinaram a suspensão. No caso da escusa de consciência (art. 15, IV, da CF/88), pode a pessoa readquiri-los ao declarar, perante a autoridade competente (Ministro da Justiça ou outro órgão a que a lei der competência), que está pronta para suportar o ónus que recusou. A Lei 8.239/1991 prevê essa reaquisição, quando diz que o inadimplente poderá a qualquer tempo regularizar sua situação mediante cumprimento das obrigações devidas (art. 4.°, § 2.°).[footnoteRef:27] [27: OLIVEIRA, Erival da Silva. Direito Constitucional. – 11º Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.] 
Pode-se dizer que a CF/88 não foi muito bem redigida, pois traz que: "Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento do erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível".[footnoteRef:28] Esta teria sentido mais amplo, de sorte que nem toda a imoralidade administrativa conduziria, necessariamente, à suspensão dos direitos políticos, salvo como pena acessória em condenação criminal.[footnoteRef:29] [28: Art. 37, § 4º] [29: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
A improbidade diz respeito à prática de ato que gere prejuízo ao erário público em proveito do agente. Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao ímprobo. O desonesto administrativo é o devasso da Administração Pública.[footnoteRef:30] [30: Idem.] 
OS DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS
São as normas que asseguram a liberdade do cidadão em participar ativamente da vida pública estatal, incluindo-se, aqui, o direito de votar e ser votado. O Estado Democrático de Direito permite ao cidadão, que está em pleno gozo de suas atividades políticas, participar efetivamente das atividades estatais, inclusive fiscalizando os aros das autoridades a quem a população entregou o poder de governar.[footnoteRef:31] [31: MASSON, op. Cit. P. 352] 
Capacidade Eleitoral Ativa
A capacidade eleitoral ativa é a aptidão do indivíduo para exercer o direito de voto nas eleições, plebiscitos e referendos. No Brasil, a capacidade eleitoral ativa é adquirida mediante a inscrição junto à Justiça Eleitoral; depende, portanto, do alistamento eleitoral, a pedido do interessado. É com o alistamento que se adquire, portanto, a capacidade de votar.
A essência desses direitos é traduzida pelo art. 14, incisos I a III, CF/88.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
 Os direitos políticos positivos asseguram ao eleitor: (a) o direito de sufrágio, que inclui: (a.1) o direito de votar e ser votado em eleições para cargos eletivos; (a.2) o direito de votar em plebiscito e referendo populares; bem como (b) outros direitos de participação popular, tais como: (b.1) direito de iniciativa legislativa; (b.2) direito de propositura de ação popular; (b.3) direito de integrar conselho de sentença na qualidade de jurado; e (b.4) direito de organização e associação a partidos políticos.[footnoteRef:32] [32: BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Viana Alves. Direito constitucional – Tomo I. 4.º Ed. rev., atual. e ampl. – Bahia: JusPodivm 2015.] 
Existem regras que asseguram o direito subjetivo de participar no processo político e nos órgãos governamentais; elas garantem a participação do povo no poder de dominação política. É o direito de voto nas eleições, o direito de elegibilidade direito de ser votado, o direito de voto nos plebiscitos e referendos, o direito de iniciativa popular, o direito de propor ação popular e o direito de organizar os partidos políticos e deles participar. O leigo usa as palavras sufrágio e voto como sinônimos. A Constituição, no entanto, no art. 14, diz que o sufrágio é universal e o voto é direto e secreto e tem valor igual.[footnoteRef:33] [33: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
Direito público subjetivo de eleger ou de ser eleito representante do povo. Trata-se de direito personalíssimo, daí por que não admite delegação nem procuração. É exercido por meio do voto, no curso de um escrutínio.[footnoteRef:34] [34: BERNARDES, op. cit. p. 233.] 
Direito de sufrágio é a capacidade de votar e de ser votado; em outras palavras, o sufrágio engloba a capacidade eleitoral ativa e a capacidade eleitoral passiva. A capacidade eleitoral ativa representa o direito de alistar-se como eleitor (alistabilidade) e o direito de votar; por sua vez, a capacidade eleitoral passiva representa o direito de ser votado e de se eleger para um cargo público (elegibilidade).
As formas de sufrágio são condicionadas pelo regime político, se este for democrático, o sufrágio será universal; se elitista, autocrático ou oligárquico, o sufrágio será restrito. A universalidade do direito de sufrágio, princípio basilar da democracia política, apoia-se na identidade entre governantes e governados e é acolhida no art. 14 da Constituição. Direito de votar, sem restrições de quaisquer espécies discriminatórias.
O voto, como já dito, é o instrumento para o exercício do sufrágio. A CF/88 estabelece que este deverá ser direto, secreto, universal, periódico (art. 60, §4º, CF), obrigatório (art. 14, § 1º, I, CF) e com valor igual para todos (art. 14, caput). Dentre todas essas características, a única que não é cláusula pétrea é a obrigatoriedade de voto, ou seja, é a única que pode ser abolida mediante emenda constitucional.
Quanto às características, pode-se dizer que, no que range a abrangência, o sufrágio pode ser universal ou restrito. Universal quando possibilita que todos os cidadãos o exerçam sem que qualquer elemento discriminatório interfira. Deste modo, diferenças culturais, intelectuais, econômicas, sociais, que envolvam a raça ou o gênero, não são determinantes para permitir ou inviabilizar o exercício do direito. Em contrapartida, o sufrágio será restritivo se sua prática estiver condicionada à presença de determinadas condições especiais possuídas por alguns indivíduos, cais como, peculiar capacidade intelectual ou financeira. Assim, o sufrágio restrito se divide em censitário, quando o nacional tiver que preencher alguma qualificação econômica, ou capacitário, quando necessitar apresentar alguma característica especial de natureza intelectual para exercer o direito.[footnoteRef:35] [35: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: JusPODVM, 2016.] 
Quanto à igualdade do direito de serem votados, no nosso direito constitucional, os eleitores analfabetos e menores de dezoito anos não são elegíveis para nada.  Determinados eleitores, por circunstância especial, têm o direito de votar mais de uma vez ou de dispor de mais de um voto para prover um mesmo cargo.[footnoteRef:36] É o sufrágio desigual. [36: Art. 14, §§ 3º, d, e 4º.] 
Um exemplo é o direito de voto plural, o eleitor pai de família dispõe de um ou mais votos em funçãodos membros do núcleo familiar. Além de desigual em função de circunstância especial, é também contrário ao voto feminino. Todas essas formas de sufrágio desigual constituem técnicas antidemocráticas, destinadas a propiciar regimes elitistas, afirmando que o povo não está preparado para a democracia, que o homem mais instruído ou dono de fortuna tem mais capacidade, qualidade e discernimento para escolher os governantes e para participar do governo.[footnoteRef:37] [37: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 27 out. 2008] 
Se o alistamento e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito anos (art. 14, § 1º, I), como conciliar essa exigência com a concepção da liberdade do voto? Essa obrigatoriedade significa apenas que ele deve comparecer à sua seção eleitoral e depositar sua cédula na urna, assinando a folha individual de votação. O chamado voto em branco não é voto, mas com ele o eleitor cumpre seu dever jurídico. Só não cumpre é o seu dever social e político, porque não desempenha a função instrumental da soberania popular, que lhe incumbia naquele ato.[footnoteRef:38] [38: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
Capacidade Eleitoral Passiva
A capacidade eleitoral passiva está relacionada ao direito de ser votado, de ser eleito (elegibilidade). Para que o indivíduo adquira capacidade eleitoral passiva, ele deve cumprir os requisitos constitucionais para a elegibilidade e, além disso, não incorrer em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade, que são impedimentos é capacidade eleitoral passiva.[footnoteRef:39] [39: CERQUEIRA, Diego;VALE, Ricardo. Direito Constitucional - 1ª Fase - XXIII Exame da OAB, 2017.] 
O sufrágio é apenas um direito, enquanto o voto é um dos atos de exercício desse direito. O direito de votar caracteriza o eleitor. Mas o direito de ser votado distingue o elegível, o titular do direito de ser votado, de vir a ser eleito. O primeiro é pressuposto do segundo, pois ninguém tem o direito de ser votado se não for titular do direito de votar, isto é, se não for eleitor.[footnoteRef:40] [40: CF, art. 14, § 1º] 
As condições (requisitos) de elegibilidade estão previstas no art. 14, §3º, CF/88:
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição�‹o;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
Bernardes e Ferreira defendem o que preleciona José Afonso Da Silva. As causas de inelegibilidade não se confundem com as de "inalistabilidade" eleitoral, porque estas se relacionam com a capacidade eleitoral ativa; e tampouco com as causas de "incompatibilidade", que têm a ver com os impedimentos ao exercício do mandato em face de quem já está eleito.[footnoteRef:41] [41: BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Viana Alves. Direito constitucional – Tomo I. 4.º Ed. rev., atual. e ampl. – Bahia: JusPodivm 2015.] 
 Importante destacar que o domicílio eleitoral de modo algum pode ser confundido com o domicílio civil. Enquanto este último é resultado da conjugação de dois elementos, um objetivo (representado pela residência) e o outro, subjetivo (consistente no ânimo definitivo de residir), o domicílio eleitoral é de mais simples efetivação, haja vista ser suficiente a comprovação de qualquer liame de interesse na circunscrição. Isso significa que o domicílio eleitoral de um indivíduo pode ser qualquer local onde ele possua vínculo patrimonial, afetivo, profissional, comercial ou funcional - o que torna o conceito de domicílio eleitoral mais amplo que o de domicílio civil.[footnoteRef:42] [42: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: JusPODVM, 2016.] 
A ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA
Os partidos políticos, instituições essenciais à preservação do Estado democrático de direito, são entidades de direito privado que se organizam em torno de ideias e convicções políticas comuns, almejando a conquista e manutenção do poder por meio das eleições. A Constituição trata dos partidos políticos em seu art. 17.[footnoteRef:43] [43: CERQUEIRA, Diego;VALE, Ricardo. Direito Constitucional - 1ª Fase - XXIII Exame da OAB, 2017.] 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
São condicionados, no entanto, a serem de caráter nacional, a não receberem recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou a subordinação a estes, a prestarem contas à Justiça Eleitoral e a terem funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Regra importante é que a estrutura de poder não poderá interferir nos partidos, para extingui-los, como várias vezes aconteceu. Mas a liberdade partidária não é absoluta: fica sujeita a vários princípios que confluem para o seu compromisso com o regime democrático, no sentido constitucional.[footnoteRef:44] [44: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
 A Constituição Federal instituiu um Estado Democrático de Direito, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, livre, justa e solitária e sem preconceitos (art. 3º, II e IV). Tudo isso fundamentado na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos valoressociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político. Trata-se assim de um regime democrático baseado no princípio da soberania popular, segundo o qual o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (parágrafo único do art. 1º).[footnoteRef:45] [45: Idem.] 
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de Direito Privado cujas especiais características de formação, funcionamento e desenvolvimento estão fixadas na Constituição da República de 1988, que os regulamenta assegurando a eles autonomia, garantindo a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção, resguardando a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana. Para a criação é suficiente que um grupo de pessoas estabeleça seus atos constitutivos e os registrem no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (are. 7°, Lei nº 9.096/ 1995, ele ares. 44, V e 45 do CC). Após o registro no cartório, que para as pessoas jurídicas é requisito para a aquisição de personalidade jurídica, o novo partido deve registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.[footnoteRef:46] [46: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: JusPODVM, 2016.] 
 O texto constitucional transmite a ideia de que os partidos hão de se organizar e funcionar em harmonia com o regime democrático e que a sua estrutura interna também fica sujeita ao mesmo princípio. A autonomia é conferida na suposição de que cada partido busque, de acordo com suas concepções, realizar uma estrutura interna democrática. A disciplina e a fidelidade partidárias passam a ser um determinante estatutário (art. 17, § 1º). Não se trata de obediência cega aos ditames dos órgãos partidários, mas o acatamento do programa e objetivos do partido subordinados às regras de seu estatuto, cumprimento de seus deveres e probidade no exercício de mandatos ou funções partidárias.
Visando a democracia foi assegurada autonomia aos partidos políticos, mas exigiu-se que seus estatutos estabelecessem normas de disciplina e fidelidade partidária. Na mesma linha, foram assegurados aos partidos políticos recursos de fundo partidário e acesso ao rádio e à televisão (na forma da lei), vedada a utilização de organização paramilitar pelos mesmos.[footnoteRef:47] [47: CERQUEIRA, Diego;VALE, Ricardo. Direito Constitucional - 1ª Fase - XXIII Exame da OAB, 2017.] 
 O não respeito à fidelidade partidária é o ato indisciplinar mais sério e tornar-se visível na oposição a diretrizes genuinamente instituídas pelo partido e no apoio ostensivo ou disfarçado a candidatos de outra agremiação. A Constituição não permite a perda do mandato por infidelidade partidária. Até o veda quando, no art. 15, declara proibida a cassação de direitos políticos, só admitidas a sua perda e a suspensão nos restritos casos nele indicados. Não há controle quantitativo constitucional aos partidos, mas a possibilidade de que venha a existir por via de lei. É que o controle quantitativo não atua no momento da organização, mas no seu funcionamento.[footnoteRef:48] [48: LIMA, Máriton Silva. Direitos políticos. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 27 out. 2008.] 
Quando se fala no controle qualitativo, este é ligado constitucionalmente em razão do regime democrático. Os princípios do regime democrático, do pluripartidarismo e dos direitos fundamentais da pessoa humana constituem condicionamento à liberdade partidária; funcionam como forma de controle ideológico, de modo que será ilegítimo um partido que, porventura, pleiteie um sistema de um só partido ou um regime de governo que não se fundamente no princípio de que o poder emana do povo.[footnoteRef:49] [49: Parágrafo único do art. 1º.] 
 Controle qualitativo é ainda o da vedação de utilização, pelos partidos políticos, de organização paramilitar, o que significa repelir partido fascista, nazista ou integralista dos tipos que vigoraram na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler e no Brasil de Plínio Salgado.[footnoteRef:50] [50: Idem LIMA, 2008.] 
Em relação ao fundo partidário, seu objetivo é garantir o financiamento das atividades dos partidos políticos. Os recursos desse fundo são distribuídos pelo TSE aos órgãos nacionais dos partidos (Lei 9.096/95, art. 41, II). Já o acesso gratuito ao rádio e à TV (§ 3º do art. 17), é instituído pelo legislador ordinário visando estabelecer anualmente os critérios de sua utilização. Seu objetivo é “igualizar, por métodos ponderados, as oportunidades dos candidatos de maior ou menor expressão econômica no momento de expor ao eleitorado suas propostas”.[footnoteRef:51] [51: STF, ADI 956, DF de 20.04.2001.] 
PARTIDOS E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA
Que o número de partidos políticos no Brasil é excessivo, ninguém discute e que este grande caldeirão de sopa de letrinhas mais atrapalha do que ajuda no debate das grandes questões políticas urgentes e inadiáveis para o Brasil, também é de entendimento geral. Todavia, no mundo político, existe uma explicação comum para justificar o grande número de partidos políticos no Brasil: o fato de o país ser grande e heterogêneo. Portanto, várias legendas seriam necessárias para representar os diferentes grupos que fazem parte da sociedade.
O fenômeno partidário permeia todas as nossas instituições político-governamentais, como o princípio da separação de poderes, o sistema eleitoral e a técnica de representação partidária. É que os partidos políticos exercem influência decisiva no governo dos Estados contemporâneos. Destinam-se a assegurar a autenticidade do sistema representativo. No direito constitucional, não se admitem candidaturas avulsas, porque o art. 14, § 3º, V, da Constituição, exige a filiação partidária como uma das condições de elegibilidade.[footnoteRef:52] [52: Latim e Direito Constitucional. Partidos e representação política. Disponível em: http://www.latimedireito.adv.br/artigos/17-artigos/filosofia/293-partidos-e-representacao-politica.] 
A questão de representação através dos partidos políticos é um tema fundamental dentro do modelo de sociedade democrática, embora não consensual. Embora alguns vejam o modelo representativo com desconfiança, como é o caso dos filósofos David Hume, Jean-Jacques Rousseau e Tocqueville, é pouco provável pensar um modelo de sociedade democrática sem representação política através dos partidos políticos, devido à complexidade que o modelo democrático impõe à sociedade.[footnoteRef:53] [53: BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.] 
Pode-se perceber que a forma com que o povo participa do poder, por meio dos partidos políticos, é que o exercício do mandato político, que o povo outorga a seus representantes, sendo o instrumento por meio do qual o povo governa. 
Pensando um pouco a representação política no Brasil e recorrendo às contribuições de Kinzo, sabe-se que a eleição indireta já existia no Brasil durante o período colonial para a escolha dos representantes das câmaras municipais. Nesse período este procedimento do voto oral e aberto, advinha por um lado da noção corrente na época de que o voto constituía um ato público e uma forma do eleitor manter abertamente suas opiniões, embora, na verdade, funcionasse como uma forma de controlar o voto. Por outro lado, respondia a uma questão prática na medida em que o direito de voto se estendia aos analfabetos.[footnoteRef:54] [54: KINZO, Maria D’Alva. Partidos, Eleições e Democracia no Brasil Pós-1985. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 19, n. 54, fevereiro/2004, p. 23-41.] 
De compromisso com o sistema constitucional vigente, os partidos políticos deverão desenvolver atividades que ofereçam várias manifestações, tais como: permitir aos cidadãos participar nas funções públicas; atuar como representantes da vontade popular e da opinião pública; instrumentar a educação política do povo; e facilitar a coordenação dos órgãos políticos do Estado. Ainda simples miragem no Brasil, mera visão teórica, sua função primordial deveria apoiar-se em suas atividadeseleitorais, tanto no momento de constituir os candidatos como no de condicionar sua eleição e o exercício do mandato.[footnoteRef:55] [55: Latim e Direito Constitucional. Partidos e representação política. Disponível em: http://www.latimedireito.adv.br/artigos/17-artigos/filosofia/293-partidos-e-representacao-politica.] 
Para Habermas[footnoteRef:56], os partidos no Estado de Bem-Estar Social “são instrumentos de formação da vontade, mas não estão na mão do público, e sim daqueles que determinam o aparato partidário”. Sua configuração é uma “conjunção dos interesses organizados e sua tradução oficial na maquinaria política do partido que lhes atribui àquela posição predominante, diante da qual o Parlamento é reduzido a uma comissão de facções”. Desta forma, a democracia representativa enquanto “sistema institucionalizado de responsabilidade política”, como diz Bobbio, está longe da coerção convencida pela razão, “para que não entre em contradição consigo mesmo”, de Kant.[footnoteRef:57] [56: Jürgen Habermas é um filósofo e sociólogo alemão que participa da tradição da teoria crítica e do pragmatismo.] [57: MENDONÇA, Ana Kelson Batinga de. Os partidos e a representação política: uma relação polissêmica. 27 a 29 abr. 2015. Disponível em: http://www.semacip.ufscar.br/wp-content/uploads/2014/12/Ana-Kelson-Batinga-de-Mendon%C3%A7a.pdf. Acesso em: 04 jul. 2018.] 
Lamentavelmente, o sistema de representação proporcional nada tivera com a multiplicação dos partidos. Nem com o fenômeno atual de liberdade partidária. O que consegue empolgar não são as eleições parlamentares, mas as eleições para a presidência da República, que atendem ao princípio majoritário. Pois, se a representação proporcional pode influir na multiplicação dos partidos, isso só ocorre nos sistemas parlamentaristas de governo. Aí a polarização de forças se concentra nas eleições de parlamentares, sem haver a atração principal que se dá nos sistemas presidencialistas.[footnoteRef:58] [58: Idem Latim e Direito Constitucional.] 
Maria D’Alva Kinzo aponta algumas dificuldades para o funcionamento do sistema democrático representativo, do ponto de vista dos partidos políticos, tais como: a existência de um sistema partidário altamente fragmentado; a falta de identidade partidária e ideológica (pelo menos na prática) tornando pouco nítido as opções oferecidas ao eleitor no processo eleitoral e dificultando a distinção de quem é quem na competição eleitoral; a eleição de representantes pouco comprometidos com seu partido e, por conseguinte, com os eleitores que o elegeram; a necessidade de se estabelecer um governo de coalizão de vários partidos para obter apoio nas casas legislativas (uma base parlamentar de apoio para aprovação de suas políticas), obrigando um chefe de governo a compor seu ministério com diferentes forças partidárias, não raro heterogêneas.[footnoteRef:59] [59: KINZO, Maria D’Alva. A democratização brasileira: um balanço do processo político desde a transição. São Paulo em Perspectiva, vol.15, n.4, p. 3-12, out./dez. 2001.
] 
A despeito da controvérsia gerada em torno de a questão partidária no Brasil ser ou não um problema para a consolidação democrática, não há dúvida de que o sistema partidário atual é um dos mais fragmentados do mundo. No entanto essa fragmentação do sistema partidário não seria um problema para o funcionamento da democracia caso não afetasse a inteligibilidade do processo eleitoral, isto é, a capacidade de o sistema produzir opções claras para os eleitores, permitindo-lhes escolher com base em seu conhecimento sobre os partidos ou sua identidade com eles. [footnoteRef:60] [60: KINZO, Maria D’Alva. Partidos, Eleições e Democracia no Brasil Pós-1985. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 19, n. 54, fevereiro/2004, p. 23-41.] 
Se, no Brasil, fosse permitido criar partidos de âmbito regional, certamente muitos daqueles partidos aparentemente nacionais, como PSP, PRT, PST, PL, seriam praticamente desconhecidos na maioria dos Estados. Nessa época, de 1946, só havia três partidos: a UDN, o PSD e o PTB, que dominavam cerca de 78% das cadeiras nas duas Casas do Congresso. Isso mostra que o efeito que se atribui ao sistema de representação proporcional não se verificou nem se verifica. E a estatística eleitoral sugere que, à medida que as forças populares compreenderam a importância do voto universal no seu interesse, passaram a prestigiar os partidos populares, que cresceram.[footnoteRef:61] [61: Latim e Direito Constitucional. Partidos e representação política. Disponível em: http://www.latimedireito.adv.br/artigos/17-artigos/filosofia/293-partidos-e-representacao-politica.] 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os Direitos Políticos envolvem um conjunto de regras que regulam a participação da população de um país no processo político do mesmo. Mas o importante é que eles permitam a participação do indivíduo na vida pública, concedendo-o o voto secreto, o poder de escolha e também a capacidade de se candidatar para cargos públicos. Esses direitos são uma conquista tardia da sociedade, tendo em vista que os Estados e reinos sempre foram governados por alguém, mas nem todos podiam decidir ou opinar sobre quem seria a liderança.
São os partidos políticos os instrumentos que propiciam aos indivíduos a condição de se expressarem nos acontecimentos políticos nacionais e participarem com efetividade da vida política estatal. Indispensáveis no regime representativo, é por meio deles que se organiza a vontade popular, na busca da realização de projetos comuns.
É certo que a cidadania é realiza dentro e fora dos partidos, pois os cidadãos a exercem no cotidiano, quando apoiam alguma decisão polícia, quando votam ou subscrevem um projeto de lei de iniciativa popular. Todavia, como não há mandato eletivo sem os partidos, eles se afiguram como um relevante e fundamental canal para os cidadãos se aproximarem do poder político e influenciarem as decisões.
Os direitos de cidadania adquirem-se mediante alistamento eleitoral. Alistamento são a qualificação e inscrição da pessoa como eleitor perante a Justiça Eleitoral. É obrigatório para brasileiros de ambos os sexos, maiores de dezoito anos de idade, e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Não são alistáveis como eleitores os estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório. Já o alistamento eleitoral depende de iniciativa da pessoa, mediante requerimento que obedeça ao modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que apresentará instruído com comprovante de sua qualificação e de idade.
Pode-se concluir que os direitos políticos, ou de cidadania, sintetizam o conjunto de direitos que regulam a forma de participação popular no governo. A Constituição Federal elenca um conjunto de preceitos, os quais proporcionam ao cidadão a participação na via pública do País. E foi justamente o direito democrático de participação do povo no governo, por seus representantes, que exigiu a formação de um conjunto de leis que regulamentam e garantem o real exercício dos direitos políticos.
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______. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 956. Distrito Federal de 20.04.2001. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266599. Acesso em: 04 jul. 2018.
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