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Vitória Carolina Alves da Silva 3° período de enfermagem Política de saúde e cidadania 1. Crie um breve esquema apontando o principal marcos no desenvolvimento do Sistema Único de Saúde. Após elaborar este esquema, descreva esses acontecimentos com seus conhecimentos sobre o assunto. Os modelos de atenção e gestão à saúde sofreram diversas mudanças desde da chegada dos portugueses ao Brasil até a criação do Sistema Único de Saúde que é utilizado até hoje. • Brasil Colônia (1500-1822) Como se sabe, a 520 anos atrás o Brasil era povoado por índios que não tinha imunidade para uma série de doenças comum na Europa que foram trazidas pelos portugueses, como consequência houveram milhares de mortes decorrente desse processo de saúde-doença. É importante destacar que nesse período pouco ou nada foi feito em relação a saúde, não existia políticas públicas de saúde, hospitais, clinicas ou posto de saúde. O atendimento médico era feito nos lares, dependia da classe social e só tinha acesso quem pudesse pagar com terras ou posses. É muitas pessoas achavam que as doenças eram decorrentes de castigos ou provações. Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, houve uma organização urbana, social, econômica e a construção de estrutura sanitária no Rio de Janeiro. É a partir, daí que começa as preocupações e medidas controle sanitário, principalmente dos navios que desembarcavam nos portos do Rio de Janeiro. Também houve as criações dos cursos universitários, dentre eles, o curso de medicina, logo os médicos passaram a ter formação no Brasil. Assim, aos poucos, os médicos estrangeiros foram substituídos por médicos brasileiros, ou formados no Brasil. Nesse período, existiam muitas Santas Casas de Misericórdia que prestava assistência às pessoas que não tinham dinheiro e precisava acolhimento e tratamento de saúde. Essas Santas Casas, trabalhavam com a ideia de caridade e tinha uma vinculação muito forte com entidades religiosas. • Brasil Império (1822-1889) Em 1822, D. Pedro II criou órgãos para vistoriar a higiene pública principalmente na nova capital brasileira, o Rio de Janeiro. A cidade, além de sofrer diversas mudanças urbanas, como calçamento de ruas e iluminação pública, também visava a higienizar o centro urbano – de maneira sanitária e social. A higienização social é um processo comum e infeliz que existe até hoje, onde pessoas em estado de vulnerabilidade social maior saem dos grandes centros forçadamente e começam a ocupar a região periférica da cidade, a partir daí a gente começa a construção nas favelas e as periferias no Brasil. A higienização sanitária deveria ocorrer por conta das recorrentes endemias de febre amarela, peste bubônica, malária e varíola, doenças associadas à falta de saneamento básico e de higiene. Os esgotos, na época, corriam a céu aberto e o lixo era depositado em valas. Em 1850, houve a criação da junta Central de Higiene e Saúde Pública que visava estruturar o saneamento básico, podem ser destacados os seguintes pontos: • Junta Central de Higiene Pública; • Coordenar as juntas Municipais e, especialmente, atuar no combate à febre amarela; • Coordenar as atividades de polícia sanitária, vacinação contra varíola, fiscalização do exercício da medicina e Inspetoria de Saúde dos portos. • República Velha (1889-1930) Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas sanitários e das epidemias. Portanto, para a recepção dos imigrantes europeus, houve diversas reformas urbanas e sanitárias nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, em que houve atenção especial às suas áreas portuárias, como: • Serviços sanitários dos portos marítimos e fluviais e a inspeção médica de imigrantes e de outros passageiros; • Estudo da natureza, etiologia, tratamento e profilaxia das doenças transmissíveis; • Suprimento dos medicamentos oficiais; a organização e a publicação das estatísticas demógrafo-sanitárias (ações sanitárias ainda bem restritas). Para o governo, o crescimento do país dependia de uma população saudável e com capacidade produtiva, portanto era de seu interesse que sua saúde estivesse em bom estado. Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde, sendo um dos destaques o médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas populares na defesa da vacina obrigatória contra a varíola – na época, a população revoltou-se com a medida, pois não foram explicados os objetivos da campanha e do que se tratavam as vacinas. As ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão Nordestino, divulgando a importância dos cuidados com a saúde no meio rural. Lá, porém, as pessoas eram muito pobres e continuavam em moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo com a disseminação de vacinas. Outro destaque importante, é o seu sucessor Carlos Chagas, que desenvolveu políticas públicas de organização mais diretiva do Departamento Nacional de Saúde, o desenvolvimento de propagandas e educação com as iniciativas de saúde sendo que essa é uma das maiores críticas no que se refere ao período direcionado por Oswaldo Cruz, então Carlos Chagas tentou promover a organização daquilo que era anteriormente reconhecido como um problema, desenvolveu campanhas e orientações para que as informações chegasse a comunidade evitando resistência, anteriormente vivenciada por algumas estratégias de saúde, por fim, atuou no desenvolvimento de uma assistência hospitalar, desenvolvendo unidade hospitalares especializadas para atende à demanda populacional da época. Em 1923, foi celebrado o convênio entre o Brasil e a Fundação Rockefeller e promulgada a Lei Eloy Chaves → considerada o marco do início da Previdência Social no Brasil e que criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP). Os trabalhadores as criaram para garantir proteção na velhice e na doença. • Era Vargas (1930-1964) Em 1930, houve a criação do Ministério da Educação e Saúde (MESP), a saúde pública era de responsabilidade do MESP, ou melhor, tudo o que fosse relacionado à saúde da população e que não se encontrava na área da medicina previdenciária era desenvolvido no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Nesse sentido, o MESP prestava serviços para os identificados como pré- cidadãos: os pobres, os desempregados, os que exerciam atividades informais, ou seja, as pessoas que não eram seguradas da previdência social. Com a presidência de Getúlio Vargas, houve reformulações no sistema a fim de criar uma atuação mais centralizada, inclusive quanto à saúde pública. Em 1933, devido à pressão popular, Getúlio Vargas ampliou as CAPS para outras categorias profissionais, tornando- se o IAPS: Instituto de Aposentadorias e Pensões. Basicamente, seria pactuações entre empregado e empregador, que fazem com que esses empregados tivessem acesso a recurso de cunho previdenciário e de saúde, sendo restrita a trabalhadores de determinadas empresas, ou seja só tinha acesso a saúde as pessoas relacionadas com a força de trabalho, logo, era necessário manter a produtividade em alta fazendo com que houvesse um retorno para o governo. Dessa, era enaltecidas as desigualdades sociais na saúde, porque quem não tinha um trabalho, não teria acesso à saúde, então a tendência é que haja um distanciamento entre os trabalhadores e as pessoas que não tinham trabalho, isso por que os trabalhadores tinha acesso assistência à saúde pública e à privada, mesmo sendo de baixa qualidade e resolutividade, já as pessoas que não tinha um vínculo empregatício, recebiam a assistência à saúde por meio das Santas Casas de Misericórdia, que provavelmente não conseguiam atender a todas as pessoas em estado de vulnerabilidade no Brasil. O foco de seu governo foi o tratamento de epidemias e endemias, sem muitos avanços, pois os recursos destinados à saúde eram desviados a outros setores, parte dos recursosdos IAPS ia para o financiamento da industrialização. A Constituição de 1934, promulgada durante o governo Vargas, concedia novos direitos aos trabalhadores, como licença a gestante e alguns direitos voltados para área da saúde como assistência médica. Além disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, a CLT, determina aos trabalhadores de carteira assinada, além do salário mínimo, também benefícios à saúde. Mas também, está fortemente vinculado ao viés de produtividade, citado anteriormente. Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez em que houve um ministério dedicado exclusivamente à criação de políticas de saúde, com foco principalmente no atendimento em zonas rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha carteira assinada. As Conferências Nacionais de Saúde tiveram um papel muito importante na consolidação do entendimento da importância da saúde pública no Brasil. A 3ª Conferência Nacional de Saúde ocorreu no final de 1963 e apresentou diversos estudos sobre a criação de um sistema de saúde. Além disso, a ditadura militar, iniciada em março de 1964, sepultou a proposta poucos meses depois. • Autoritarismo (1964-1985) A saúde sofreu com o corte de verbas durante o período de regime militar e doenças como dengue, meningite e malária se intensificaram. Houve aumento das epidemias e da mortalidade infantil, até que o governo buscou fazer algo. Uma das medidas foi a criação do INPS, em 1966, que foi a união de todos os órgãos previdenciários que funcionavam desde 1930, a fim de melhorar o atendimento médico, garantir acesso a serviço de saúde e previdência social a todos os trabalhadores. . Em 1977, os INPS se transformaram em INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social, tendo a intenção de ser mais abrangente, pois destinava prestar a assistência médica a todos os seus associados, esses associados eram pessoas que eram conveniadas a previdência social que possuíam carteira assinada pagava seus impostos e contribuições para com o governo, e as pessoas que não possuíam esses requisitos eram excluída, ou seja, ainda se tinha as desigualdades sociais do acesso à saúde. A assistência médica é caracterizada pela construção de muitos hospitais e contratação de serviços privados. Outros pontos importantes adotados nesse período: • Adotada políticas voltadas para a população urbana os centros, ou seja, os centros urbanos era as preocupações do governo da época, porque eles mantinham a economia do país. • Todo empregado era contribuinte automático, tendo uma arrecadação alta, ou seja, é uma contribuição obrigatória de todos os trabalhadores, não tinham o direito à escolha de NÃO participação na contribuição do INAMPS. • Saúde precária: Impossível o sistema previdenciário atende a todos pois não se investia em instituições públicas e sim em instituições privadas. • Privilegiar o setor privado através da compra de serviços e assistência médica A persistência da crise promoveu um movimento burocrático administrativo que tentou reordenar o sistema, dividindo as atribuições da Previdência em órgãos especializados. Assim, criou-se o Sistema Nacional de Previdência (SINPAS), que congregou o Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (IAPAS), o INPS e o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). A assistência médica previdenciária era restrita aos trabalhadores que exerciam atividade remunerada e aos seus dependentes e a atenção à saúde centrada na doença e em procedimentos Em 1970, o movimento pela Reforma Sanitária se refere às ideias de uma série de mudanças e transformações necessárias à saúde, surgiu da indignação de setores da sociedade sobre o dramático quadro do setor da saúde. Sua composição é técnicos e intelectuais, partidos políticos, diferentes correntes e tendências e movimentos sociais diversos. Aqui começa a se pensar saúde com viés mais social não tão biologista e nem voltado para a questão clínica assistencial de doenças-saúde, ela passa a ser vista com um olhar mais amplo, pode-se considerada como conceito ampliado de saúde que vai fomentar esse movimento. O movimento atingiu sua maturidade a partir do fim da década de 1970 e princípio dos anos 1980 e mantém-se mobilizado até o presente. Um dos marcos dessa luta foi a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986. Em 1978, a Conferência de Alma-Ata, em que germinou o debate entre vários países sobre a importância da atenção primária à saúde e que impulsionou o debate de um novo modelo de saúde no Brasil. Em 1980, o INAMPS vivenciou e o agravamento da crise financeira e tendo de equacioná-la não simplesmente como o gestor da assistência médica aos segurados da previdência, mas cada vez mais como o responsável pela assistência médica individual ao conjunto da população Em 1981 a Instituição do Plano CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária). O Plano se dividia em três grandes grupos de programas, um deles eram as Ações Integradas de Saúde (AIS); • Nova República (1985-1988) Fortalecimento do Movimento da Reforma Sanitária; 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, essa Conferência permitiu a participação da sociedade civil no processo de construção de um novo ideário para a saúde. Norteada pelo princípio da “saúde como direito de todos e dever do Estado”. Principais deliberações foram a base para a institucionalização do SUS pela Constituição Federal de 1988. A 8ª Conferência Nacional de Saúde possibilitou: • A adoção de um conceito mais ampliado de saúde, que não se conceito se refere a uma ausência de doença, mas a uma promoção saúde e prevenção de instalação de doenças, incluindo inclusive os aspectos sociais emocionais e espirituais. • Reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado. • Criação do Sistema Único de Saúde: Defendia justamente o que é considerado como Princípios e Diretrizes do SUS: A universalização do acesso, equidade no atendimento, integralidade da atenção, unificação institucional do sistema, descentralização, regionalização e hierarquização da rede de serviços, bem como participação da comunidade. • Participação popular e social como estratégia elementar nas propostas de políticas públicas que é colher da população a demanda para com a assistência para adequação dos serviços para atender essa população. • Constituição e ampliação do orçamento social • Defendia justamente o que é considerado como Princípios e Diretrizes do SUS: A universalização do acesso, equidade no atendimento, integralidade da atenção, unificação institucional do sistema, descentralização, regionalização e hierarquização da rede de serviços, bem como participação da comunidade. Essa conferência fecha um determinado período histórico, para da abertura a outro, que é deflagrado pela constituição federal de 1988 e a criação do SUS, ou seja, uma nova reformulação do conceito de saúde abandona-se á ideia de saúde como a ausência de doenças e constrói a ideia de saúde na compreensão de um sujeito influenciado por múltiplos fatores, multifacetado, influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais, um sujeito mais ampliado, uma nova concepção do sujeito e sucessivamente uma nova concepção de saúde para atender essas demandas e sujeito. Início do processo de descentralização das ações de saúde para estados e municípios; Criação do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS), em 1987: Enquanto se aprofundavam as discussões sobre o financiamento e a operacionalização para a constituição do Sistema Único de Saúde (SUS), em julho de 1987, criou-se o SUDS, cujos princípios básicos eram, também: a universalização, a equidade, a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a participação comunitária. O SUDSrepresentou a extinção legal da ideia de assistência médica previdenciária. 1988: Institucionalização do SUS pela Constituição Federal de 1988, com disposições sobre a Seguridade Social nos art. 194 e 195 e, em relação à saúde, nos arts. 196 a 200. A Constituição Brasileira reconhece o direito de acesso universal à saúde a toda a população, por meio de um Sistema Único de Saúde. Foi o primeiro documento a colocar o direito à saúde definitivamente no ordenamento jurídico brasileiro. A saúde passa a ser um direito do cidadão e um dever do Estado deve ser gratuito, de qualidade e universal, isto é, acessível a todos os brasileiros e residentes no Brasil. 1990: Regulamentação do SUS pelas Leis Orgânicas da Saúde: Lei nº 8.080/1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências e a Lei nº 8.142, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. São muito importantes instrumentos para a transparência, participação e para controle da população perante as políticas de saúde que vão acontecer no Brasil. ANTES DO SUS • Centralização dos recursos e do poder na esfera federal; • Ações voltadas para a atenção curativa e medicamentosa; • Serviços exclusivos para contribuintes; • não participação da comunidade; HOJE COM O SUS • Sistema único de saúde • Ações voltadas para prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde; • Investimento nas ações preventivas: PACS e PSF (ESTRATÉGIA DE REFORMA INCREMENTAL); • Controle social: Conselhos e Conferências de Saúde; • Processo de MUNICIPALIZAÇÃO; • Novo MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE (vai além da relação hospedeiro e agente etiológico).
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