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6 GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL INTELECTUAL

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Universidade Presbiteriana Mackenzie 
Centro de Ciências Sociais e Aplicadas 
Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL 
INTELECTUAL: UMA ABORDAGEM EM BANCOS 
BRASILEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sergio de Jesus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
Sergio de Jesus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL 
INTELECTUAL: UMA ABORDAGEM EM BANCOS 
BRASILEIROS 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Ciências Contábeis da 
Universidade Presbiteriana Mackenzie para 
a obtenção do título de Mestre em 
Controladoria Empresarial. 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profª. Drª. Maria Thereza Pompa Antunes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie 
Professor Dr. Pedro Ronzelli Junior 
 
Decano de Pesquisa e Pós-Graduação 
Professora Dra. Sandra Maria Dotto Stump 
 
Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas 
Professor Dr. Moisés Ari Zilber 
 
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis 
Professora Dra. Maria Thereza Pompa Antunes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 J58 Jesus, Sergio de 
 Gerenciamento de risco de crédito e capital intelectual: uma abordagem em bancos 
brasileiros/ Sergio de Jesus– 2011. 
 
 140 f.: il.; 30 cm 
 
 Mestrado Profissional (Dissertação de Mestrado)- Universidade Presbiteriana 
Mackenzie, São Paulo, 2011. 
 Orientação: Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes 
 Bibliografia: f. 135-140 
 
 1. Gerenciamento de Risco de Crédito 2.Capital Intelectual 3.Instituições 
Financeiras Bancárias 4.Gestão de Riscos 5.Ativos Intangíveis. Título. 
CDD 658.15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O homem não é a soma do que 
 ele tem, mas a totalidade do que 
 ainda não tem, do que poderia ter.” 
Jean Paul Sartre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos grandes amores da 
minha vida, minha esposa Helen e meus 
filhos Gustavo e Vinícius, que sempre me 
apoiaram e motivaram nesse projeto pessoal, 
além da compreensão pela grande ausência e 
pelo incentivo nas horas difíceis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a Deus por tudo em minha vida; a minha 
orientadora, Profª. Drª. Maria Thereza Pompa Antunes, 
pelo apoio, conhecimento e sabedoria compartilhados; aos 
professores do Programa de Mestrado Profissional em 
Controladoria Empresarial da Universidade Presbiteriana 
Mackenzie; aos Professores Drs. Octavio Ribeiro Mendonça 
Neto e Armando Lourenzo Moreira Junior pelas sugestões 
e comentários no exame de qualificação. 
 
RESUMO 
 
 
O processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos é uma atividade de extrema 
importância para a correta identificação dos riscos inerentes à atividade bancária de emprestar 
recursos financeiros a terceiros. Dessa forma, os gestores dos bancos precisam estar atentos às 
melhores práticas de mercado e ter em mãos processos eficientes para a tempestiva e correta 
identificação dos riscos de crédito de sua carteira de empréstimos e agir de maneira adequada 
para minimizar suas possíveis perdas. Mundialmente, o processo de gerenciamento de risco 
de crédito passa por significativas mudanças de forma a melhorar a mensuração de riscos por 
parte dos bancos, devido ao novo acordo de capitais da Basileia II. Segundo este novo acordo, 
os bancos podem construir e utilizar modelos próprios de gerenciamento de riscos de crédito 
com a inclusão de informações financeiras e não financeiras. Atualmente, estudos 
demonstram a importância dos ativos intangíveis das empresas, inclusive os relacionados ao 
Capital Intelectual, por sua capacidade de geração de valor e de fluxos de caixas futuros para 
as empresas. Porém, em função da difícil identificação e mensuração desses ativos, os 
processos atuais de gerenciamento de risco de crédito não incluem esses ativos em suas 
análises. Sendo assim, esse estudo buscou conhecer a estrutura atual dos modelos de 
gerenciamento de risco de crédito de bancos brasileiros, pela ótica do novo acordo de capitais 
da Basileia II, de forma a se verificar a possibilidade de se contemplar os ativos intangíveis 
relacionados ao Capital Intelectual nesses modelos. Também foi escopo do trabalho sugerir 
uma proposta de aperfeiçoamento do processo do Banco Titânio (nome fictício), com a 
identificação, mensuração e inclusão desses ativos no processo de gerenciamento de risco de 
crédito do banco. A pesquisa é descritiva e exploratória e foi conduzida em duas fases: Na 
primeira fase, a coleta de dados foi efetuada por meio de questionário eletrônico enviado para 
oito bancos brasileiros, sendo que os dados foram tratados por análises descritivas e análises 
de conteúdo. Na segunda fase da pesquisa, foi efetuada uma análise de caso com o Banco 
Titânio, sendo que os dados foram tratados por meio da verificação “in loco” dos processos 
atuais do banco. Os resultados demonstraram que os ativos intangíveis relacionados ao 
Capital Intelectual são vistos pelos gestores dos bancos como informações importantes para o 
processo de gerenciamento de risco de crédito, porém por não existir uma forma sistematizada 
para sua inclusão nos modelos, esses ativos ainda não são contemplados nos processos de 
gerenciamento de risco de crédito dos bancos que compuseram a amostra; sendo assim, foi 
proposta uma sistemática para o aperfeiçoamento dos modelos de gerenciamento de risco de 
crédito dos bancos com a inclusão desses ativos. 
 
 
 
 
Palavras-Chave: Gerenciamento de Risco de Crédito; Capital Intelectual; Instituições 
Financeiras Bancárias, Gestão de Riscos, Ativos Intangíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The process of credit risk management of banks is an extremely important activity for the 
correct identification of the risks inherent in banking to lend funds to third parties. Thus, 
bank’s managers should be alert to best market practices and efficient processes for the timely 
and accurate identification of credit risks in its loan portfolio and act appropriately to 
minimize their potential losses. Worldwide, the process of credit risk management has 
changed to improve the measurement of risks by banks through the new agreement of 
Capitals - Basel II. Through this new agreement the banks can build and use their own models 
of credit risk management, with the inclusion of financial and nonfinancial information. 
Currently, studies demonstrate the importance of intangible assets of enterprises, including 
those related to intellectual capital, for its ability to generate value and future cash flows for 
companies. However, due to the difficult identification and measurement of these assets, the 
current processes for credit risk management still do not include these assets (Intellectual 
Capital) into their risk analysis. Thus, this study investigates the structure of current models of 
credit risk management of Brazilian banks, from the Basel II’s perspective, to see the 
possibility to contemplate the intangible assets related to intellectual capital in these models. 
It was also a scope of the research, a proposal for improving the process of Banco Titânio 
(unreal name), through the identification, measurement and inclusion of such assets in the 
process of credit risk management of the bank. The research is exploratory and descriptive 
and it was conducted in two phases: Initially, the data collection was conducted through an 
electronic research sent to eight Brazilian banks, and the data were processed by descriptive 
analysis and content analysis. In the second phase, the research wasconducted like a case 
analysis with the Banco Titânio, and the data were processed through the verification “in 
loco” of the current processes of the bank. The results showed that intangible assets related to 
Intellectual Capital are viewed by managers of banks as important informations to the process 
of managing credit risk, but because there is no systematic way for its inclusion in the models, 
these assets still are not included in the processes of credit risk management of Banks that 
formed the sample; therefore, we proposed a systematic way to improve the management 
models of banks' credit risk with the inclusion of these assets. 
 
 
 
 
Keywords: Credit Risk Management; Intellectual Capital; Banking Financial Institution, Risk 
Management, Intangible Assets. 
0 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO...............................................................................................13 
1.1 Contextualização do Tema.............................................................................................13 
1.2 Questão de Pesquisa.......................................................................................................16 
1.3 Objetivo Geral................................................................................................................16 
1.4 Objetivos Específicos.....................................................................................................17 
1.5 Justificativas e Contribuições.........................................................................................17 
CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................20 
2.1 Intermediação Financeira, Crédito e Gerenciamento de Risco de Crédito....................20 
2.2 Informação Contábil.......................................................................................................47 
2.3 Capital Intelectual...........................................................................................................50 
CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................64 
3.1 Tipo de Pesquisa.............................................................................................................64 
3.2 Método de Pesquisa........................................................................................................65 
3.3 População e Amostra......................................................................................................65 
3.4 Procedimentos de Coleta de Dados: instrumento e técnica...........................................66 
 3.4.1 Primeira fase da coleta de dados: objetivos específicos 1 e 2..................................66 
 3.4.2 Segunda fase da coleta de dados: objetivo específico 3...........................................72 
3.5 Procedimentos de Tratamento de Dados........................................................................72 
3.6 Desenho da Pesquisa......................................................................................................73 
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................75 
4.1 Resultados das respostas dos questionários com Diretores e Gerentes dos bancos.......75 
4.2 Proposta de aperfeiçoamento do modelo de gerenciamento de risco de crédito do Banco 
Titânio (nome fictício)........................................................................................................113 
CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................130 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA...................................................135 
APÊNDICES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
1. Função intermediadora dos bancos................................................................................22 
2. Comportamento da taxa de juros cobrados de clientes com níveis de risco de crédito 
diferenciados e seus impactos para os bancos...............................................................32 
3. Esquema do processo de geração do Capital Intelectual...............................................59 
4. Desenho da Pesquisa......................................................................................................73 
5. Ferramentas utilizadas pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito............89 
6. Principais ativos intangíveis considerados pelos bancos como mais importante para o 
processo de gerenciamento de risco de crédito...........................................................100 
7. Segmento de negócio onde deveriam ser tratadas as informações de Ativos Intangíveis 
e de Capital Intelectual das empresas..........................................................................110 
8. Essência de um modelo de gerenciamento de risco de crédito....................................118 
9. Formas de mensuração de riscos no banco Titânio.....................................................118 
10. Técnica Credit scoring - Banco Titânio......................................................................120 
11. Técnica de Análise Julgamental – Banco Titânio.......................................................121 
12. Possíveis correlações entre a nova variável e as PD’s dos clientes............................122 
13. Fluxo do processo de inclusão de novas variáveis – Credit Scoring..........................123 
14. Processo final de inclusão de variáveis de ativos intangíveis relacionados ao Capital 
Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio – 
análise julgamental......................................................................................................127 
15. Técnica de Análise Julgamental ajustada...................................................................128 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
1. Resumo da estrutura proposta para o Novo Acordo de Capitais da Basileia – Basileia II 
de acordo com o BIS.....................................................................................................46 
2. Características das sociedades industrial e do conhecimento........................................52 
3. Classificação do Capital Intelectual segundo Brooking................................................56 
4. Classificação do Capital Intelectual segundo Edvinsson e Malone...............................57 
5. Classificação do Capital Intelectual segundo Sveiby....................................................57 
6. Classificação do goodwill, segundo Coyngton..............................................................62 
7. Classificação do goodwill, segundo Paton e Paton........................................................62 
8. Caracterização do respondente......................................................................................67 
9. Bloco A - Estrutura atual dos modelos de gestão de riscos de crédito dos 
bancos............................................................................................................................68 
10. Bloco B – Relevância de se contemplar os ativos intangíveis nos modelos de gestão de 
riscos de crédito dos bancos..........................................................................................69 
11. Bloco C – Relevância de se contemplar o Capital Intelectual nos modelos de gestão de 
riscos de crédito dos bancos..........................................................................................70 
12. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre os motivos que levam os 
bancos a utilizarem informações não financeiras em seus modelos de gerenciamento 
de risco de crédito.........................................................................................................82 
13. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre quais são as principais 
informações não financeiras utilizadas pelos bancos emseus modelos de 
gerenciamento de risco de crédito.................................................................................84 
14. Informações não financeiras importantes e suas relações com as definições de Capital 
Intelectual segundo Brooking, Edvinsson e Malone e Sveiby.....................................86 
15. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre onde são obtidas as 
principais informações (financeiras e não financeiras) das empresas para o banco 
incluir em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito....................................87 
16. Finalidade de cada ferramenta no processo de gerenciamento de risco de crédito dos 
bancos............................................................................................................................90 
17. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos se as informações dos ativos 
intangíveis não evidenciadas nas Demonstrações Contábeis são utilizadas pelos bancos 
em seus processos de gerenciamento de risco de crédito e onde essas informações são 
obtidas...........................................................................................................................98 
18. Ativos intangíveis importantes e suas relações com as definições de Capital Intelectual 
segundo Brooking, Edvinsson e Malone e Sveiby......................................................101 
19. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes se os bancos mensuram e avaliam algum 
item sobre Capital Intelectual de uma empresa para inseri-lo nos modelos de Gestão de 
Riscos de Crédito? Em caso afirmativo, como é feito esse processo?....................107 
20. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre os motivos de não 
utilização do Capital Intelectual nos processos atuais de gerenciamento de risco de 
crédito..........................................................................................................................109 
21. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre o atual estágio de 
utilização dos Ativos Intangíveis e do Capital Intelectual nos modelos de 
Gerenciamento de riscos de crédito dos bancos..........................................................111 
22. Principais ativos de Capital Intelectual obtidos na pesquisa com os bancos e sugestões 
de formas de avaliação e pontuação para o processo de gerenciamento de risco de 
crédito – Banco Titânio...............................................................................................125 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
1. Representatividade da amostra frente à população – bancos.........................................66 
2. Bancos e cargo dos respondentes...................................................................................75 
3. Perfil dos respondentes quanto à área de atuação..........................................................76 
4. Perfil dos respondentes quanto ao tempo de atuação em suas áreas.............................76 
5. Perfil dos respondentes quanto ao tempo de atuação no banco.....................................76 
6. Perfil dos respondentes quanto à idade..........................................................................77 
7. Perfil dos respondentes quanto à Escolaridade..............................................................78 
8. Perfil dos respondentes quanto à formação na Graduação............................................78 
9. Perfil dos respondentes quanto à formação na Pós-Graduação.....................................79 
10. Adoção das regulamentações de Basileia II pelos bancos.............................................80 
11. Metodologia utilizada pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito.............80 
12. Tipo de metodologia IRB utilizada pelos bancos..........................................................81 
13. Modelos internos antes de Basileia II............................................................................81 
14. Tipo de Informação utilizada pelos bancos...................................................................82 
15. Incorporação das informações não financeiras nos modelos de gerenciamento de risco 
de crédito dos bancos....................................................................................................89 
16. Variáveis e resultados obtidos no bloco A do questionário – visão Diretores..............92 
17. Variáveis e resultados obtidos no bloco A do questionário – visão Gerentes...............93 
18. Variáveis e resultados obtidos no bloco B do questionário – visão Diretores...............95 
19. Variáveis e resultados obtidos no bloco B do questionário – visão Gerentes...............96 
20. Variáveis e resultados obtidos no bloco C do questionário – visão Diretores.............104 
21. Variáveis e resultados obtidos no bloco C do questionário – visão Gerentes.............104 
 
13 
 
CAPÍTULO 1 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
1.1. Contextualização do Tema 
 
Atualmente mitigar exposição a riscos tem sido uma atividade muito praticada pelas 
empresas, visto que o processo de gestão de riscos corporativos se faz necessário para não se 
incorrer em perdas financeiras futuras. 
Pode-se observar os efeitos maléficos de uma gestão de riscos ineficiente quando se 
considera a crise financeira desencadeada no final de 2008, e que se estendeu durante o ano de 
2009, denominada “crise dos subprimes”. Esta crise financeira foi desencadeada a partir da 
quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos, que concediam empréstimos 
hipotecários de alto risco que não foram honrados pelos tomadores dos empréstimos. Este fato 
pode ter levado vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente 
sobre as bolsas de valores de todo o mundo. Uma possível explicação para esse fato pode ser 
a inexistência de processos eficientes de gerenciamento de riscos para evitar tais perdas, além 
de eventuais comportamentos disfuncionais dos gestores. 
Em linhas gerais, o gerenciamento de riscos tem por missão mitigar os riscos de 
determinada empresa, segmento, atividades etc. (KALAPODAS e THOMSON, 2005, p.25). 
Por meio de uma gestão de riscos eficaz as empresas podem elaborar modelos de predição de 
perdas futuras, agindo no sentido de minimizá-las. Nos dias atuais, as empresas tendem a 
assumir mais riscos em virtude da intensa competitividade, logo a implementação de um 
efetivo gerenciamento de risco se faz necessária, principalmente no caso dos bancos, pois 
esses utilizam fortemente recursos de terceiros em suas atividades e os empresta para outras 
pessoas, com o objetivo de ganhar pela intermediação da operação, o que consiste em sua 
principal fonte de renda (SILVA, 2000, p.31). 
No campo da gestão de riscos, a gestão de riscos de crédito tem sido objeto de 
interesse para o mercado financeiro e, também, para a comunidade acadêmica, principalmente 
devido à evolução das técnicas de mensuração e gerenciamento de riscos de crédito que vêm 
se desenvolvendo nos últimos anos (BRITO e NETO, 2008, p.263). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_financeira�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fal%C3%AAncia�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Institui%C3%A7%C3%A3o_financeira�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9dito�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipoteca�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Risco_%28administra%C3%A7%C3%A3o%29�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Insolv%C3%AAncia�
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_de_valores�
14 
 
Mundialmente o assunto gestão de riscos para bancos é tratado pelo Novo Acordo de 
Capitais – Basileia II, que tem o objetivo de melhorar a gestão de riscos dos bancos 
fundamentando-se em três pilares: 1) Necessidades mínimas de Capital; 2) Processo de exame 
da fiscalização; e 3) Disciplina de mercado. Destaca-se que no Pilar 1 tem-se a descrição dos 
padrões a serem seguidos para a avaliação de riscos de crédito pelos bancos (SEGRETI e 
LIMA,2004, p.1; DOBIJA e ROSOLINSKA, 2010, p.4). 
No Brasil, a supervisão dos bancos é realizada pelo Banco Central do Brasil (BACEN) 
o qual determina que no processo de gerenciamento de risco de crédito para o segmento 
bancário deve-se implementar estruturas de gerenciamento de riscos de crédito compatível 
com a natureza de suas operações e a complexidade dos produtos e serviços oferecidos, sendo 
que essa estrutura deve permitir a identificação, a mensuração, o controle e a mitigação dos 
riscos associados à instituição com a utilização de sistemas, rotinas e procedimentos 
(BACEN, 2009). 
Atualmente, não existem modelos padronizados para avaliação dos riscos de crédito 
(KALAPODAS e THOMSON, 2005, p.25) e, portanto, os bancos definem a melhor maneira 
de realizar o gerenciamento desses riscos. Porém, é de se questionar quais informações de 
natureza qualitativas e subjetivas são contempladas nos modelos de gerenciamento de riscos 
de crédito desenvolvidos pelos bancos, visto que os modelos atuais de avaliação de riscos de 
crédito são fortemente focados na utilização de informações quantitativas e financeiras, 
evitando-se ou desprezando-se, em muitas vezes, as informações não financeiras das 
empresas. Segundo Kalapodas e Thomson (2005, p.26), mesmo com a utilização de 
metodologia julgamental para avaliação de riscos de crédito, os aspectos analisados por meio 
dessa técnica são: demonstrações de lucratividade, liquidez, fluxo de caixa, alavancagem, 
estrutura de capital e projeções financeiras. Assim sendo, percebe-se, claramente, que se 
referem a aspectos financeiros encontrados nas demonstrações contábeis das empresas. 
Até o ano de 2008, os sistemas contábeis raramente reconheciam os ativos intangíveis 
das empresas (GUIMÓN, 2005, p.28; ANTUNES e LEITE, 2008, p.34), e dentre esses ativos, 
aqueles que se referem ao Capital Intelectual. Com o advento da Lei 11.638/07 houve uma 
evolução importante para a contabilidade no tocante à questão dos ativos intangíveis e de 
alguns elementos que caracterizam o Capital Intelectual, porém ainda não suficiente para que 
essas informações permitam uma avaliação mais adequada dos riscos de crédito por parte dos 
bancos. De acordo com Antunes (2004, p.197), Capital Intelectual é o conjunto de 
conhecimento que a empresa possui proveniente das pessoas que, por meio das suas 
competências e habilidades, materializam-no em novas tecnologias, processos e 
15 
 
produtos/serviços com a finalidade de atingir objetivos estratégicos, sendo necessária, 
entretanto, a sua adequação à estratégia da empresa. Para a referida autora, o elemento 
humano é o gerador dos demais ativos seja tangíveis, seja intangíveis e, por sua vez, é 
também um ativo, ou seja, é compreendido tanto como recurso (insumo), quanto como 
produto de per si. 
Notadamente, a questão dos ativos intangíveis é secular para a Contabilidade e a 
complexidade que abrange este tema refere-se, principalmente, à dificuldade de seu 
reconhecimento, registro e evidenciação por parte da Contabilidade Financeira. Isso se deve 
ao fato de a Contabilidade Financeira estar atrelada às Normas Contábeis que balizam a sua 
aplicação (ANTUNES, 2004) e essa realidade restringe a aceitação de vários itens como 
elementos componentes do ativo, fazendo surgir à figura do Goodwill (MARTINS, 1972). 
A Lei 11.638/07 trouxe uma evolução importante para a contabilidade no tocante à 
questão dos ativos intangíveis, pois criou a conta Ativos Intangíveis no grupo do ativo no 
Balanço Patrimonial. Nesse sentido, em 2008, o CPC (Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis) emitiu o Pronunciamento Técnico 04 (CPC-04), baseado no International 
Accounting Standard 38 
Com o passar dos anos, as exigências do mercado em relação à evidenciação dos 
intangíveis foram aumentando devido, dentre outros fatores, ao aumento da importância 
relativa que os ativos intangíveis passaram a representar em relação ao ativo total das 
empresas, de uma forma geral. Essa realidade conduz a uma assimetria de informações entre 
as empresas e os usuários das informações contábeis o que prejudica, sobremaneira, a 
avaliação dessas empresas. 
(IAS-38), para regulamentar especificamente o tratamento a ser dado 
aos Ativos Intangíveis. De acordo com o CPC-04 (2008, item 1, p. 3) os Ativos Intangíveis 
são representados por ativo não-monetário, identificável e sem substância física. Em linhas 
gerais, este Pronunciamento determina que a identificação do Ativo Intangível somente lhe é 
permitida se o mesmo for separável e resultar de direitos contratuais ou de outros direitos 
legais. Dessa forma, o reconhecimento se dá somente quando for provável que os benefícios 
econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo sejam gerados em favor da entidade e o 
custo do ativo possa ser mensurado com segurança (SAIKI, 2009). Sendo assim, pode-se 
verificar que a Lei 11.638/07 ainda restringe o reconhecimento de certos ativos intangíveis na 
contabilidade, notadamente aqueles gerados internamente e que resultam no Capital 
Intelectual das organizações. Porém, de acordo com Saiki (2009), a citada Lei abriu uma 
oportunidade para que os assuntos sobre ativos intangíveis evoluam para que mais ativos 
intangíveis sejam identificados e registrados pelos sistemas contábeis. 
16 
 
Nesse sentido, Antunes (2004, p. 257) considera que, na realidade empresarial atual, 
todos os esforços em relação ao tema Capital Intelectual e aos Ativos Intangíveis devem ser 
dirigidos para a Contabilidade Gerencial e que estudos, no sentido de identificar, mensurar e 
registrar esses investimentos e contemplá-los nos sistemas de informação gerenciais das 
organizações, devem ser priorizados. 
Tendo em vista esses aspectos, é de se questionar por que não se incluir a avaliação 
dos ativos relacionados ao Capital Intelectual nos processos de gerenciamento de risco de 
crédito, caso esses ativos sejam considerados relevantes pela área de riscos dos bancos, por 
meio de procedimentos para seu reconhecimento, mensuração e avaliação. 
Assim sendo, este estudo aborda o tema Ativo Intangível, sob o enfoque do conceito 
de Capital Intelectual, de forma a se avaliar a possibilidade de tais intangíveis serem 
contemplados nos modelos de gerenciamento de risco de crédito e concessão de recursos às 
empresas por bancos brasileiros. 
Considerando-se que pelo Novo Acordo de Capitais da Basileia II, por meio do 
modelo de gestão de riscos baseado em classificações internas (IRB – Internal Ratings 
Based), os bancos devem desenvolver processos eficientes para a gestão de risco de crédito 
adotando critérios próprios, entende-se que a inclusão das informações relativas ao Capital 
Intelectual das empresas nesses processos tornaria os modelos de gerenciamento de riscos de 
crédito dos bancos mais completos, eficazes e eficientes frente à realidade das empresas no 
cenário econômico atual. 
 
1.2. Questão de Pesquisa 
 
Para este estudo formulou-se a seguinte questão de pesquisa: como as instituições 
financeiras bancárias contemplam o Capital Intelectual em seus modelos de gestão de risco de 
crédito? 
 
1.3. Objetivo Geral 
 
O objetivo geral desta pesquisa é o de conhecer como são os processos de 
gerenciamento de riscos de créditos de bancos brasileiros de forma a se identificar como são 
tratadas as informações não financeiras, especificamente as relacionadas ao Capital 
17 
 
Intelectual, à luz do Novo Acordo de Capitais - Basileia II, visando o aperfeiçoamento desses 
processos com a introdução dessas informações. 
 
1.4. Objetivos Específicos 
 
Como objetivos específicos tem-se: 
1. Conhecer como estão estruturados os processos de gerenciamento de riscos de crédito 
das instituições financeiras bancárias da amostra em estudo, pela ótica do Novo 
Acordo de Capitais da Basileia II. 
2. Buscar o entendimento e a relevância de se contemplar os ativos intangíveis 
relacionados ao CapitalIntelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito 
de acordo com a percepção dos profissionais (diretores e gerentes) de risco dos bancos 
que compõem a amostra deste estudo. 
3. Propor uma sistemática para a inclusão dos ativos intangíveis caracterizados como 
Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito de bancos, para 
aperfeiçoamento dos mesmos. 
 
1.5. Justificativas e Contribuições 
 
A justificativa para a presente pesquisa diz respeito, primeiramente, sobre a 
necessidade de se aperfeiçoar os modelos de gerenciamento de riscos de crédito dos bancos 
com a inclusão de maior quantidade de informações, sejam elas quantitativas, qualitativas, 
financeiras e não financeiras. Nesse contexto, o Capital Intelectual assume papel de grande 
relevância conforme anteriormente exposto. 
Adicionalmente, a motivação para se realizar o presente estudo em bancos brasileiros 
também se deve aos resultados encontrados em pesquisas já realizadas na Espanha e na 
Polônia, cujos resultados são mencionados a seguir: 
 Atualmente as falhas de comunicação entre as empresas e os bancos sobre os ativos 
intangíveis críticos que direcionam inovações e performance de negócio resultam em 
uma ineficiente alocação de recursos financeiros limitados, prejudicando o 
crescimento econômico (GUIMÓN 2005, p.28). 
18 
 
 Tradicionalmente apenas as mensurações financeiras são incorporadas nos processos 
de gerenciamento de risco de crédito e o uso de informações não financeiras é limitado 
(DOBIJA E ROSOLINSKA, 2007, p.2). 
 Instituições financeiras raramente integram e utilizam ferramentas abrangentes para 
avaliar o Capital Intelectual dentro de suas rotinas de trabalho, sendo que esse trabalho 
vem sendo feito de maneira intuitiva e desestruturada (GUIMÓN 2005, p.33). 
 Alguns analistas financeiros desconhecem os impactos dos intangíveis na criação de 
valor para as empresas; parte explicada pelo fato desses analistas não terem sido 
treinados para fazerem esse reconhecimento e parte porque eles não possuem 
ferramentas específicas para analisar os intangíveis (GUIMÓN 2005, p.33 e DOBIJA 
E ROSOLINSKA, 2007, p.10). 
 Os analistas financeiros se consideram muito racionais e dessa forma preferem 
números ao invés de informações qualitativas, pelo fato dos números serem 
considerados reais e objetivos (GUIMÓN 2005, p.33). 
 Existência de um gap significativo entre o impacto esperado dos relatórios de Capital 
Intelectual e os impactos reais, com relação ao processo de riscos de crédito 
(GUIMÓN 2005, p.28). 
 O uso de informações não financeiras na Polônia é limitado, em se tratando de 
processos de avaliação de riscos de crédito (DOBIJA E ROSOLINSKA, 2007, p.2). 
 Analistas de crédito da Polônia entendiam como muito importantes as informações 
sobre Capital Intelectual para seus trabalhos de concessão de crédito e que os modelos 
atuais de gestão de riscos de crédito não permitiam o uso das informações de Capital 
Intelectual em seus modelos (DOBIJA E ROSOLINSKA, 2007, p.2). 
 
Por fim, vale ressaltar que outra motivação para este estudo partiu de uma necessidade 
específica identificada pelo autor deste estudo, visto atuar há mais de 26 anos em uma 
instituição financeira bancária. Assim, entende-se que o presente estudo será de grande valia 
para a sua aplicação na referida instituição e, também, uma sugestão para ser adotada pelas 
demais instituições financeiras bancárias. 
Conforme já comentado, os bancos precisam criar/utilizar modelos mais precisos de 
gerenciamento de riscos de crédito para mitigar a probabilidade de perdas financeiras em suas 
operações, principalmente na concessão de crédito a terceiros. Com isso, a introdução de 
elementos financeiros e não financeiros nos modelos de avaliação de riscos de crédito seria 
19 
 
indicada para uma correta e mais apurada avaliação de riscos. Recursos humanos adequados e 
bem treinados, novos projetos de pesquisa e desenvolvimento, investimentos em tecnologia 
são alguns direcionadores de Capital Intelectual que as empresas possuem e que impulsionam 
a geração de fluxos de caixas positivos futuros as mesmas. 
Assim sendo, a principal contribuição deste estudo é a proposição de uma sistemática 
para o gerenciamento de risco de crédito que contemple os ativos intangíveis (Capital 
Intelectual) e que, portanto, aperfeiçoe os modelos já existentes. Além disso, contribuiu para 
fomentar a discussão de tão relevante e complexo tema que se reveste os ativos intangíveis 
para a contabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
CAPÍTULO 2 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
2.1. Intermediação Financeira, Crédito e Gerenciamento de Risco de Crédito 
 
• Desenvolvimento Econômico/Financeiro e Intermediação Financeira 
 
Ao analisar-se a história do desenvolvimento econômico internacional, percebe-se 
uma relação causal com o desenvolvimento financeiro. Em outras palavras, o 
desenvolvimento financeiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento econômico 
mundial. Nesse sentido, Andrezo e Lima (1999, p.15) afirmam que atualmente já existe uma 
aceitação generalizada dos impactos positivos que um sistema financeiro desenvolvido 
proporciona na economia, em termos de produtividade, acumulação de capital, aumento de 
poupanças e investimentos, além do crescimento econômico como um todo. 
Primeiramente, pode-se pontuar a própria importância do dinheiro para o 
desenvolvimento econômico, pois por meio de sua criação eliminou-se as ineficiências do 
escambo, surgimento de uma unidade de valor que facilitou a avaliação e cálculo de 
transações, e um recipiente de valor que permitiu que as transações econômicas fossem 
conduzidas durante longos períodos e, também, em grandes distâncias geográficas 
(FERGUSON, 2009, p.28). Assim sendo, o dinheiro flexibilizou e facilitou as operações 
financeiras e comerciais, traduzido num único ativo aceito por todas as pessoas. 
Outro aspecto relacionado à evolução da economia mundial é o desenvolvimento do 
crédito, pois por meio das operações de crédito muitos projetos foram viabilizados e 
automaticamente o crescimento econômico mundial acelerou-se. Sendo assim, o crédito e o 
débito estão entre os blocos essenciais da construção do desenvolvimento econômico, tão 
vitais para a riqueza das nações quanto à mineração, a indústria, ou a telefonia móvel 
(FERGUSON, 2009, p.34 e 64) 
Os bancos assumem papel de relevância no desenvolvimento econômico, e nesse 
sentido, Andrezo e Lima (1999, P.15) comentam que Schumpeter, em 1912, destacava o papel 
dessas instituições no financiamento das inovações tecnológicas e que um trabalho 
interessante foi realizado em 1993, por King e Levine, no qual com base em uma amostra de 
21 
 
oitenta países, no período de 1960 a 1989, foi concluído que as taxas de crescimento do 
período podiam ser explicadas pelo nível de desenvolvimento financeiro em 1960. 
Fergusson (2009, p.20 e 64) comenta que em situações raras, tem-se uma percepção 
equivocada sobre o papel dos bancos como atividades predatórias, pela cobrança de juros e 
motivador da pobreza dos países. O autor considera que, na verdade, a pobreza tem mais 
haver com a falta dos bancos, pois à medida que as pessoas tem acesso ao crédito elas podem 
escapar das “garras” dos agiotas e exploradores, pois esses agentes sim tendem a destruir os 
tomadores de recursos com a cobrança de juros abusivos e fora da realidade financeira. E 
também, é por intermédio dos bancos que os poupadores deixam seus recursos para que os 
bancos possam emprestar para as pessoas que necessitam, ou seja, transferir recursos do rico 
ocioso para o pobre empreendedor. 
Andrezo e Lima (1999, P.18), por sua vez, mencionam estudo efetuado por um 
professor da Yale University, professor Hugh T. Patrick, em que o mesmo analisa e define 
alguns conceitos sobre a relação entre crescimento econômico e financeiro.O primeiro 
conceito é o Demand Following, onde o sistema financeiro é essencialmente passivo em 
relação ao crescimento econômico. Por intermédio do crescimento econômico, o mercado 
financeiro se desenvolve e se aperfeiçoa, surgindo oportunidades com maior liquidez e menor 
risco, o que, por sua vez, também estimula o crescimento econômico. O segundo conceito é o 
Supply Leading que consiste na criação de instituições financeiras e fornecimento de serviços 
financeiros, anteriormente ao surgimento da demanda, de modo a induzir o desenvolvimento 
econômico. O Supply Leading possui duas funções: transferir recursos dos setores tradicionais 
para os setores modernos, e promover um estímulo nos setores modernos. 
Em resumo tem-se no desenvolvimento financeiro um papel importante no 
desenvolvimento econômico mundial, sendo que essa importância tem aumentado através dos 
tempos, com a criação de novos mecanismos e produtos financeiros que impulsionam e 
incentivam a pesquisa, desenvolvimento e produção de bens e serviços e, consequentemente, 
a criação de mais postos de trabalhos, causando um ciclo de crescimento econômico. 
O ambiente onde as operações financeiras acontecem é denominado mercado 
financeiro. O mercado financeiro é o local onde o dinheiro é gerido, intermediado, oferecido e 
procurado, por meio de canais de comunicação que se relacionam como sistemas. E mais 
especificamente é no mercado de crédito onde as operações de crédito ocorrem, sendo esse 
mercado composto pelo conjunto de instituições e instrumentos financeiros destinados a 
possibilitar operações de prazo curto, médio, longo ou aleatório (ANDREZO e LIMA, 1999, 
P.3). 
22 
 
De forma geral, Banco é definido como uma instituição de crédito que tem por 
finalidade a produção e a circulação dos capitais, servindo de intermediário entre as pessoas 
que possuem excesso de capital com aquelas que necessitam de capital, satisfazendo as 
necessidades de ambos; ou são empresas que têm por objetivo o exercício do crédito, que 
pode ser efetuado com meios próprios e com meios provindos mediante uma função 
eminentemente mediadora, soma de fundos de terceiros (sobretudo fundos de economias) para 
empregá-los em operações desenvolvidas entre comerciantes, indústrias, agricultores etc., que 
necessitam de meios financeiros (COLLI e FONTANA, 1992, p.13 e NIYAMA e GOMES, 
2000, p.35). 
No mercado de crédito os bancos utilizam sua função intermediadora, atuando como 
sujeito ativo ou passivo nas operações realizadas. A figura 1 apresenta o esquema da função 
intermediadora dos bancos. Pode-se verificar que na função de intermediação financeira, os 
bancos assumem o risco das operações, e, dessa forma cobram uma taxa de juros maior do 
tomador de recursos do que ele paga ao investidor de recursos, com o propósito de cobertura 
ou remuneração do risco assumido. Essa diferença de taxas de juros é denominada de spread. 
 
 $ $ 
 
 
 
 $ + i% $+(i+x)% 
 Figura 1 – Função intermediadora dos bancos 
 Fonte: ANDREZO e LIMA ( 1999, p.4) 
 
Os bancos exercem uma das principais atividades para a economia de um país, sendo 
fomentadora de recursos para as pessoas investirem em seus projetos. Os bancos não possuem 
recursos próprios suficientes para a atividade de fomento do mercado e é por meio da 
intermediação financeira que os mesmos conseguem os recursos para destiná-los a quem 
necessita. Dessa forma a intermediação financeira é o grande cenário da qual a atividade de 
crédito faz parte e consiste em captar dinheiro junto aos depositantes e emprestá-los para 
outras pessoas que necessitam de recursos. A função de intermediação financeira é, sem 
dúvida, facilitadora para a consecução dos objetivos de diversos outros segmentos da 
atividade econômica (SILVA, 2000, p.26 e 48). 
 
 
INVESTIDOR 
 
 
BANCO 
 
 
TOMADOR 
23 
 
Segundo Andrezo e Lima (1999, P.11) diversas características tornam a intermediação 
financeira atraente, sendo elas: 
a) Economia de escala: os intermediários financeiros atuam com custos menores do que 
os tomadores e operadores, pois trabalham continuamente na compra de títulos 
primários; 
b) divisibilidade e flexibilidade: um intermediário financeiro pode reunir as poupanças de 
diversas pessoas ou entidades, de modo a aumentar a oferta de títulos indiretos com 
características mais atraentes, além de proporcionar maior flexibilidade e melhores 
condições ao tomador, do que se este entrasse em contato direto com diversos 
poupadores; 
c) diversificação das características dos instrumentos financeiros: a intermediação 
financeira possibilita transformação dos montantes de capital, dos prazos de 
vencimentos, alteração das taxas de juros e diluição do risco, o que permite uma 
alocação mais eficiente dos recursos e mais atraente, tanto para o investidor como para 
o poupador; 
d) especialização e conveniência, ou seja, os intermediários financeiros são especialistas 
na compra de títulos diretos, o que elimina inconvenientes da compra direta, como 
conhecimento de aspectos específicos. 
Considerando-se que uma das principais atividades de um banco é a intermediação 
financeira, fica evidente que os bancos precisam focar seus esforços no controle e 
gerenciamento dessas atividades para reduzir ao máximo sua exposição a riscos e 
probabilidades de perdas financeiras. 
 
• Conceito de Crédito 
 
Conforme já comentado, na atividade de intermediação financeira dos bancos, 
conceder “crédito” é uma das atividade que expõe os bancos a risco, pois o não recebimento 
dos recursos emprestados a terceiros podem levar o banco a um estado financeiro crítico. 
A palavra crédito deriva do latin credere, que significa acreditar, confiar, ou seja, 
acreditar e confiar no compromisso de alguém para conosco (PAIVA, 1997, p.3). Assim 
sendo, crédito é conceituado como todo ato de vontade ou disposição de alguém em ceder, 
temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, normalmente na forma de recursos 
financeiros, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, após 
24 
 
decorrido o tempo estipulado entre as partes (SCHRICKEL, 2000, p.25 e CAOUETTE, 
ALTMAN e NARAYANAN, 2000, p.1). 
No âmbito das instituições bancárias, o crédito consiste em alocar à disposição do 
cliente (tomador de recursos) certo valor sob a forma de empréstimos e financiamentos, 
mediante uma promessa de pagamento numa data futura, com a expectativa de receber um 
valor maior que o disponibilizado inicialmente, por intermédio do recebimento de juros 
(SILVA, 2000, p.63). 
Chaia (2003, p.10) comenta que em decorrência de inúmeras facilidades que as 
operações de crédito podem introduzir na dinâmica do processo econômico, elas apresentam 
importantes papéis sociais, sendo as principais: a oportunidade de as empresas aumentarem 
seus níveis de atividade e o estímulo ao consumo dos indivíduos, ou seja, elevação da 
demanda agregada. Outro fator importante é que o crédito usado adequadamente, tanto por 
governos, quanto por empresas, como forma de gestão de consumo, continua a desempenhar 
papel fundamental na economia, pelo fato de ser um instrumento provocador e facilitador das 
transações de bens e serviços. 
Historicamente, pode-se dizer que o crédito nasceu juntamente com as instituições 
bancárias em Roma, a partir dos cambistas que se aproveitavam da diversidade de moedas 
existentes na época para realizar trocas entre elas, obtendo-se sempre pequenas vantagens 
nessas transações. Os cambistas normalmente ficavam em pequenos bancos nos lugares de 
movimento, tais como igrejas, estabelecimentos públicos e praças. Por esse fato, esses 
cambistas receberam o nome de banqueiros, que é usado até osdias atuais. Posteriormente, 
essas atividades foram expandidas pela possibilidade de recebimento de depósitos em 
dinheiro e a oferta de empréstimos com recursos próprios mediante a cobrança de um 
acréscimo no valor futuro, ou seja, a realização de uma operação de crédito (CHAIA, 2003, 
p.11). 
Caouette, Altman e Narayanan (2000, p.39), comentam que os primeiros bancos da 
Europa medieval agiam como um armazém para commodities fungíveis, que começaram a 
considerar o que poderiam fazer com os depósitos até que seus clientes voltassem para 
recuperá-los. Começaram a fazer empréstimos de curto prazo para manter o negócio. Esses 
empréstimos eram feitos apenas para clientes que eram bem conhecidos, geralmente os 
mesmos clientes que tinham depositado o dinheiro. 
Esses bancos normalmente cobravam dos seus clientes uma tarifa para guardar seus 
fundos. Não demorou muito para que os banqueiros percebessem que, emprestando o dinheiro 
depositado para outras pessoas, podiam fazer dessa atividade um negócio rentável. Para atrair 
25 
 
novos depositantes, começaram a pagar uma remuneração pelo aluguel de seu dinheiro, ou 
seja, taxa de juros. Os banqueiros pagavam uma taxa de juros a seus depositantes e cobravam 
uma taxa de juros maior dos tomadores dos recursos e lucravam a diferença. 
Em vista do exposto, pode-se perceber que a atividade de crédito e o funding das 
operações são bastante antigos e se mostravam operações muito importantes para a população 
e para a economia da época. 
 
• Riscos – Conceitos e Gerenciamento 
 
As empresas estão constantemente gerenciando riscos em seus negócios para tentar 
mitigá-los ao máximo, sendo que algumas conseguem obter sucesso em sua gestão e outras 
não. Outras empresas aceitam passivamente exposições a riscos, sem uma ação para sua 
identificação e gerenciamento e outras tentam criar uma vantagem competitiva com relação à 
sua exposição a riscos. Seja qual for a forma de atuação das empresas com relação a seus 
riscos, entende-se que as mesmas devem monitorar cuidadosamente esses riscos, pois esses 
possuem grande potencial para causar danos financeiros. 
Segundo Jorion (2001, p.3), riscos podem ser definidos como volatilidade ou 
resultados inesperados, geralmente no valor de ativos, passivos ou resultados. Também pode-
se conceituar risco como sendo incerteza, imponderável, imprevisível, situando-se 
necessariamente e unicamente ao futuro (SCHRICKEL, 2000, p.35). Os riscos são originados 
de várias fontes, tais como: ciclos de negócios, inovação tecnológica, inflação, mudanças nas 
políticas governamentais e guerras. Também podem surgir por intermédio de fenômenos 
naturais, tais como enchentes ou terremotos. Os riscos e a vontade de incorrer em riscos são 
essenciais para o crescimento econômico. 
 Jorion (2001, p.4) explica que os vários tipos de riscos a que as empresas estão 
expostas podem ser classificados como riscos do negócio e riscos não relacionados aos 
negócios. 
Os riscos do negócio são aqueles onde as empresas voluntariamente assumem para 
criar uma vantagem competitiva e adicionar valor para os acionistas. Esses riscos pertencem 
ao mercado onde a empresa opera e estão relacionado a inovação tecnológica, desenho de 
produtos, dentre outros. 
Os demais riscos, aqueles que não estão sob controle das empresas, são denominados 
riscos não relacionados aos negócios. Esses riscos incluem riscos estratégicos, que resultam 
26 
 
de fundamentais mudanças na economia ou no ambiente econômico onde a empresa atua. 
Como exemplo de risco não relacionado aos negócios pode-se citar que no Brasil em 1994, 
após longo período de elevados níveis de inflação, o governo adotou um novo plano 
econômico (Plano Real) para combate à inflação. Por meio desse plano e de um engenhoso 
mecanismo econômico, a inflação inercial foi freada e reduzida bruscamente (KIMURA et al., 
2009, p.11). Também são considerados riscos não relacionados aos negócios e expropriação 
ou nacionalização de ativos, pois, as empresas possuem dificuldades de se protegerem contra 
esses riscos. 
O principal risco a que o segmento bancário está exposto é o risco financeiro, definido 
como sendo aquele relacionado com a possibilidade de perdas no mercado financeiro, ou seja, 
perdas relacionadas aos movimentos das taxas de juros ou “defaults” em obrigações 
financeiras, causando prejuízos monetários para os bancos expostos ao risco. Suas causas 
podem ser: a flutuação ou volatilidade de preços de ativos e passivos, inadimplência na 
carteira de crédito de empresas, fraudes, erros, inadequação da estrutura, ações judiciais etc. 
(JORION, 2001, p.4 e KIMURA et al., 2009, p.13). O crescimento da volatilidade nas taxas 
de câmbio, juros e os preços dos commodities tem criado a necessidade de novos instrumentos 
financeiros e ferramentas analíticas de gerenciamento de riscos. Dessa forma, o 
gerenciamento de riscos tem emergido como uma resposta para o crescimento da volatilidade 
dos mercados financeiros globais. No tocante à gestão de riscos, Kimura et al.,( 2009, p.6) a 
definem como sendo o processo formal adotado por uma organização para promover a efetiva 
identificação, mensuração e controle das exposições assumidas. 
Já o gerenciamento de riscos financeiros referem-se ao desenho e implementação de 
procedimentos para controlar esse tipo de riscos (JORION, 2001, p.10). Os principais riscos 
financeiros são: Risco de Mercado; Risco de Liquidez; Risco Operacional; Risco Legal; e 
Risco de Crédito, resumidos a seguir: 
 
a) Risco de Mercado 
 
Risco de Mercado advém do potencial de perdas relacionadas à flutuação de preços de 
ativos e passivos da empresa (KIMURA et al., 2009, p.15). Do mesmo modo Jorion (2001, 
p.15) define risco de mercado como sendo os riscos que surgem dos movimentos no nível ou 
volatilidade dos preços de mercado. Uma queda muito grande nos preços de um ativo pode 
levar a perdas que, em última análise, podem afetar a capacidade de sobrevivência de uma 
27 
 
empresa. Já, uma alta forte nos preços de um passivo pode fazer com que a empresa tenha 
sérias dificuldades em honrar com seus compromissos assumidos. 
Kimura et al.,( 2009, p.15) afirmam que o gerenciamento do risco de mercado de uma 
empresa deve buscar manter o potencial de perda de ativos e passivos controlado em 
montantes que a empresa possa suportar. Esses montantes, assim como as políticas vigentes 
na área de gerenciamento de riscos da empresa, devem ser previamente definidos e 
formalizados pela alta gestão da empresa. Uma das técnicas fundamentais de análise do risco 
de mercado é o VaR ou Value at Risk, que representa a perda máxima potencial de uma 
carteira, em um horizonte de tempo definido, com determinado grau de confiança. 
 
b) Risco de Liquidez 
 
O risco de liquidez possui duas origens. A primeira diz respeito ao risco da empresa 
em não conseguir negociar um ativo pelo seu valor real, ou seja, o ativo perde sua 
negociabilidade. Dessa forma as perdas ocorrem quando a empresa vende seu ativo de baixa 
liquidez a valor inferior ao real. Alguns ativos possuem mercados altamente líquidos e são 
negociados facilmente pelas empresas. Outros ativos não possuem essa condição e a empresa 
para se desfazer do mesmo precisa abrir mão de parte do preço (deságio) (JORION, 2001, 
p.18 e KIMURA et al., 2009, p.16). 
A segunda diz respeito a falta de recursos disponíveis para bancar desembolsos de 
curto prazo, ou seja, a empresa se vê obrigada a liquidar antecipadamente um ativo por falta 
de recursos (dinheiro), realizando na venda desses ativos perdas financeiras. 
Para a análise e gerenciamento do risco de liquidez as empresas devem estimar os 
deságios associados à falta de negociabilidade de ativos, como também a escassez de recursos 
disponíveis no mercado, além do controle das necessidades de caixa das empresas. 
 
c) Risco Operacional 
 
O risco operacional geralmente podeser definido como originado de erros humanos, 
tecnológicos ou acidentes. Nesta definição se inclui as fraudes, falhas na gestão e 
procedimentos e controles inadequados (JORION, 2001, p.18). Da mesma forma Kimura et 
al.,( 2009, p.17) afirmam que o risco operacional reflete as perdas potenciais que podem 
resultar de falhas ou inadequações de processos internos, pessoas, sistemas ou de eventos 
28 
 
externos. Assim, perdas ocasionadas por erros, fraudes, incompatibilidades de estruturas, 
falhas nos processos operacionais da empresa, estão relacionados ao risco operacional. 
Segundo Jorion (2001, p.20), a melhor proteção contra o risco operacional consiste na 
redundância de sistemas, separação clara de papéis e responsabilidades (segregação de 
funções), controles internos robustos e planos de contingências regulares. 
 
d) Risco Legal 
 
O risco legal, também denominado de risco de compliance, está relacionado à 
possibilidade de perdas ocasionadas pela má formalização dos contratos (JORION, 2001, p.20 
e KIMURA et al., 2009, p.18). Também pode-se conceituar risco legal como sendo o risco de 
se descobrir que ativos poderão ser muito menores ou que obrigações poderão ser muito 
maiores do que se esperava devido à interpretação legal, documentação incorreta ou 
inadequada. Os bancos são particularmente suscetíveis a riscos legais quando entram em 
novos tipos de transações e quando o direito legal de uma contraparte para entrar numa 
transação não está estabelecido (BIS 2003). 
O risco legal pode ser controlado e gerenciado por intermédio de políticas e 
procedimentos para a adequação às normas legais, que podem ser desenvolvidas pelos 
consultores jurídicos da empresa. 
 
e) Risco de Crédito 
 
Quando um banco disponibiliza recursos a alguém, por mais que utilize técnicas para 
verificar a capacidade do tomador dos recursos em devolver o valor emprestado no prazo e 
quantia inicialmente acordados, sempre há o risco do não recebimento desses recursos. A isso 
denomina-se por riscos de crédito. 
Risco de crédito, ou risco de default, é a possibilidade de uma contraparte em um 
contrato financeiro de não cumprir com o acordado em relação a suas obrigações contratuais, 
sendo que esse risco nasce do fato de que uma contraparte pode estar relutante ou 
impossibilitada de realizar suas obrigações. As perdas originadas do risco de crédito podem 
ocorrer antes do default atual. Obrigações, empréstimos e derivativos são itens que estão 
expostos ao risco de crédito, que também incluem os riscos soberanos, que são aqueles onde 
um país impõe controles cambiais que fazem com que as contrapartes fiquem impossibilitadas 
29 
 
de honrar seus compromissos. Uma relação de crédito liga o credor ao devedor e estabelece 
uma obrigação para o devedor efetuar um determinado pagamento ao credor em uma data 
futura (BIELECKI e RUTKOWSKI, 2002, p.3; JORION, 2001, p.16; KIMURA et al., 2009, 
p.16; CAOUETTE, ALTMAN e NARAYANAN, 2000, p.1). 
O Bacen (2009), define como risco de crédito a possibilidade de ocorrência de perdas 
associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações 
financeiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da 
deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às 
vantagens concedidas na renegociação e os custos da recuperação, e compreendem: 
a) O risco de crédito da contraparte, entendido como a possibilidade de não cumprimento, 
por determinada contraparte, de obrigações relativas à liquidação de operações que 
envolvam a negociação de ativos financeiros; 
 b) o risco país, entendido como a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento 
de obrigações financeiras nos termos pactuados por tomador ou contraparte localizada 
fora do país, em decorrência de ações realizadas pelo governo do país onde localizado 
o tomador ou contraparte, e o risco da transferência, entendido como a possibilidade 
de ocorrência de entraves na conversão cambial dos valores recebidos; 
c) a possibilidade de ocorrência de desembolsos para honrar avais, fianças, coobrigações, 
compromissos de crédito ou outras operações de natureza semelhante; e 
d) a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações financeiras 
nos termos pactuados por parte intermediadora ou conivente de operações de crédito. 
Um ponto importante citado por Kimura et al.,(2009, p.16) é o fato de que, 
tradicionalmente, utiliza-se a análise fundamentalista de demonstrativos contábeis e 
financeiros para estimar a capacidade de crédito dos tomadores de recursos. Por meio de 
ratings de crédito proferidos por agências especializadas, podem ser estimadas probabilidades 
de default que estimam o risco de crédito. Outro ponto importante salientado pelos autores é a 
diversificação da carteira de crédito, para diluição dos riscos individuais. 
O modelo mais tradicional de organização de informações sobre a possibilidade de 
pagamento de um cliente é caracterizado pelas suas cinco dimensões, conhecidos como os 5 
C’s do crédito: (i) Capacidade; (ii) Caráter; (iii) Capital; (iv) Condições; e (v) Colateral 
(SCHRICKEL, 2000, p.47; SILVA, 2000, p.78; SHIMKO, 1999, p.149; PAIVA, 1997, p.21), 
que, resumidamente, compreendem: 
30 
 
 Capacidade: Representada pela habilidade de honrar com os compromissos assumidos. 
Considera-se que apenas a vontade de contrair compromissos não é suficiente, pois os 
tomadores de recursos precisam ter capacidade comprovada de poder honrar com seus 
compromissos e devolver no prazo os valores emprestados; 
 caráter: Representada pela avaliação dos antecedentes do possível tomador de 
recursos. Na verdade a análise do caráter do indivíduo demonstrará sua honestidade, 
confiança, vontade de honrar compromissos etc. Normalmente as pessoas que não 
possuem bom caráter são percebidas pelo mercado e possuem dificuldades em obter 
recursos financeiros; 
 capital: Representada pela capacidade econômica e financeira do tomador em contrair 
dívidas e honrá-las. Por intermédio da análise de informações econômico-financeiras 
do tomador pode-se ter uma boa ideia se o mesmo possui condições de contrair 
dívidas, e por meio de suas atividades gerar fluxos de caixas futuros para honrar seus 
compromissos; 
 condições: Representada pela verificação das condições do tomador no momento do 
crédito, suas particularidades, seus ciclos de recebimentos e desembolsos etc. Muitas 
vezes apenas a análise dos demonstrativos financeiros do tomador não espelha a real 
condição do mesmo, em função desses demonstrativos estarem defasados e 
comprometidos com eventos subsequentes a sua publicação. Outro ponto para se 
refletir é se apenas analisando os demonstrativos financeiros atuais é possível ter um 
completo perfil do tomador de recursos. A pergunta que fica é: As informações não 
financeiras das empresas são importantes para uma correta e completa avaliação das 
condições do tomador de recursos?; e 
 colateral: Representada pelas garantias que o tomador poderá entregar aos bancos no 
caso de não conseguir honrar com seus compromissos. Essas garantias precisam ter 
valor suficientes para que os bancos, no caso de possíveis defaults de tomadores de 
recursos, poderem utilizar as garantias ou vendê-las para cobertura total ou parcial dos 
prejuízos com a inadimplência do tomador. 
Vale comentar que quando da análise por meio dos 5 C’s, os bancos avaliam uma série 
de informações sobre os clientes, sendo elas informações econômico-financeiras ou 
informações não financeiras, (SCHAEFFER, 2000, p.4 a 6 e SILVA, 2000, p.87 a 91). 
31 
 
Por fim, ressalta-se que os riscos de crédito podem ser controlados ou reduzidos 
através da adoção de políticas conservadoras de administração de crédito, adoção de modelos 
de gestão de riscos sólidos, controle de limites de crédito, obtenção e controle de garantiasdos empréstimos e acompanhamento pormenorizado dos clientes (JORION, 2001, p.17 e 
KIMURA et al., 2009, p.16). 
 
• Gerenciamento de Risco de Crédito 
 
No item anterior, verificou-se que risco de crédito é a possibilidade de uma contraparte 
não honrar com suas obrigações financeiras. Dessa forma, gestão ou gerenciamento de risco 
de crédito são todos os processos, modelos, atividades, controles etc. para identificar e 
controlar o risco de crédito. De acordo com o Bacen (2009), a estrutura de gerenciamento de 
risco de crédito deve permitir a identificação, a mensuração, o controle e a mitigação dos 
riscos de crédito associados a cada instituição. 
Outro ponto importante a se destacar sobre um gerenciamento de risco de crédito 
eficaz é a possibilidade de aperfeiçoamento das técnicas de cobrança de juros dos clientes dos 
bancos, atribuindo-se taxas de juros maiores aos clientes com maiores níveis de risco de 
crédito e, consequentemente, menores taxas de juros aos clientes que apresentem riscos de 
crédito menores. A Figura 2 demonstra, de forma hipotética (pois nos bancos essas 
informações são tratadas de forma confidencial por serem estratégicas), o comportamento da 
taxa de juros cobrados de clientes com níveis de risco de crédito diferenciados e seus 
impactos para o banco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – comportamento da taxa de juros cobrados de clientes com níveis de risco de crédito 
diferenciados e seus impactos para os bancos 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
A Figura 2 demonstra, de forma hipotética, a política de cobrança de taxa de juros de 
dois bancos (A e B), dado certo nível de risco de clientes. Observa-se que no banco A, por se 
ter uma forma mais apurada de mensurar o risco dos clientes, a cobrança de juros dos mesmos 
é mais justa, pois esses juros são maior para os clientes com maiores níveis de risco e, 
consequentemente, menores para os clientes com menores níveis de risco. Já o banco B, por 
não ter uma forma tão apurada de mensuração de riscos de clientes, acaba praticamente 
utilizando a mesma taxa de juros para todos os clientes. 
Esse procedimento acaba trazendo problemas ao banco B, pois, o banco tende a reter 
em sua carteira os “maus”clientes e, provavelmente, perder os “bons” clientes para o banco A, 
que é mais justo na cobrança de juros. Esse fenômeno fará com que o banco B tenha uma 
deterioração de sua carteira de empréstimos e a possibilidade do mesmo incorrer em perdas 
com crédito aumentará substancialmente. 
Caouette, Altman e Narayanan (2000, p.4) atribuem o nascimento da gestão de risco 
de crédito a meados da década de 80, quando os Estados Unidos sofreram uma grande 
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5 6 7
JUROS - RISCO ERRADO JUROS - RISCO REAL
Problema: Juros 
cobrados a maior 
dos clientes com 
baixo risco de 
crédito 
Problema: Juros 
cobrados a menor 
dos clientes com 
maior risco de 
crédito 
Taxa de juros 
Risco 
Banco A 
Banco B 
33 
 
inadimplência do pagamento de empréstimos bancários e bonds de empresas. Quando a 
inadimplência dos junk bonds saltou para mais de 10% em 1990 e 1991, muitos observadores 
de mercado acharam que tanto os mercados de junk bonds como os de empréstimos bancários 
alavancados tendiam a desaparecer. O mau desempenho das carteiras de empréstimos na 
década de 80 estimulou os administradores de risco de crédito a se interessarem cada vez mais 
por novas técnicas. Porém, nesse período não foram observados grandes evoluções no 
processo de gerenciamento de risco de crédito. De fato, o interesse por novas abordagens da 
gestão de risco de crédito aumentou no período atual, onde pode-se perceber grande evolução 
nos mercados de crédito, crescimentos econômicos, aumento da demanda e oferta por crédito. 
Para uma efetiva gestão de risco de crédito existem técnicas de avaliação de risco de crédito 
que auxiliam os bancos a gerenciar essas operações e tentar mitigar ao máximo as 
possibilidades de perdas com créditos. Na sequência são abordados essas técnicas. 
 
• Técnicas de mensuração de Risco de Crédito 
 
As técnicas de mensuração de risco de crédito visam auxiliar os profissionais de 
gestão de riscos de crédito dos bancos a identificar, controlar e mitigar a ocorrência dos riscos 
e, consequentemente, perdas financeiras. De acordo com Caouette, Altman e Narayanan 
(2000, p.119), as técnicas mais utilizadas no processo de gerenciamento de risco de crédito 
são: 
a) Econométricas: são técnicas que utilizam fortemente o auxílio de cálculos estatísticos 
para se determinar a probabilidade de um evento acontecer ou não. Essas técnicas 
modelam a probabilidade de inadimplência como variáveis dependente, cuja variância 
é explicada por um conjunto de variáveis independentes, que podem ser razões 
financeiras, indicadores econômicos, condições econômicas, dentre outras; 
b) redes Neurais: são sistemas de computador que tentam imitar o funcionamento do 
cérebro humano, por meio da emulação de uma rede de neurônios interligados. Essa 
técnica utiliza os mesmos dados empregados nas técnicas econométricas, porém com 
metodologia empregada de acerto e erro; 
c) de otimização: são técnicas de programação matemática que descobrem os pesos 
ideais dos atributos de credor e tomador, que minimizam o erro do credor e 
maximizam seus lucros; 
34 
 
d) sistemas especialistas: são sistemas utilizados para imitar de maneira estruturada o 
processo usado por um analista experiente para chegar a uma decisão de crédito. 
Basicamente, esses sistemas clonam o processo empregado por um analista bem-
sucedido para que sua experiência seja distribuída para toda a organização; 
e) sistemas híbridos utilizando computação, estimativas e simulação diretas: são 
processos movidos em parte por uma relação causal direta, cujos parâmetros são 
determinados por meio de técnicas de estimativa. 
As técnicas mencionadas podem ser aplicadas para as seguintes finalidades 
relacionadas à gestão do risco de crédito, a saber: 
1) Aprovação de crédito: processo de análise das informações e aprovação ou rejeição de 
crédito a um tomador ou contraparte. Esse processo normalmente é utilizado em 
pequenas operações de crédito e não são utilizados para aprovação de crédito de 
grandes empresas, porém podem auxiliar na tomada de decisão; 
2) determinação de ratings de crédito: os ratings de crédito são notas atribuíveis a 
prováveis tomadores de recursos ou para derivar “espelhos” para títulos e empréstimos 
que não sejam avaliáveis. Esses ratings influenciam os limites de crédito, de carteira e 
outros limites dos bancos; 
3) precificação do crédito: podem ser utilizada para sugerir “prêmios”por risco que 
devem ser cobrados dos tomadores de recursos, em virtude da probabilidade e do 
volume de perda, em caso de inadimplência. Normalmente esse prêmio é cobrado dos 
tomadores de recursos na forma de taxa de juros; 
4) aviso prévio financeiro: podem ser usados para sinalizar problemas em potencial na 
carteira para facilitar medidas corretivas antecipadas; 
5) linguagem comum de crédito: podem ser usados para selecionar ativos de um conjunto 
para construir uma carteira aceitável para atingir uma qualidade de crédito mínima 
necessária para obter o rating de crédito desejado; e 
6) estratégias de cobrança: podem ser utilizados para decidir a melhor estratégia de 
cobrança e solução. Por exemplo, se o modelo indicar que o tomador de recurso está 
passando por dificuldades financeiras de curto prazo, e não um declínio em sua 
capacidade de honrar suas obrigações, então se pode elaborar uma solução apropriada 
para o caso. 
35 
 
Especificamente sobre as técnicas econométricas citadas anteriormente, ressalta-se o 
“Credit Scoring”. O Credit Scoring é um conjunto de modelos de decisão, com 
especificidades que auxiliam os emprestadores de recursos a efetuarem a concessão e 
gerenciamentode crédito a terceiros. Por meio do Credit Scoring pode-se definir quem pode 
obter crédito, qual o montante de recursos financeiros e quais as estratégias operacionais que 
deverão ser utilizadas para alavancar a lucratividade do emprestador de recursos com o 
tomador de recursos. Em outras palavras, o Credit Scoring avalia o risco de emprestar 
recursos a um tomador específico (THOMAS, EDELMAN, CROOK, 2002, p.1). 
Na mesma direção, Hand e Henley (1997, p.2) definem Credit Scoring como sendo o 
termo usado para descrever os métodos formais estatísticos usados para classificar possíveis 
tomadores de recursos em “boas”ou “más” classes de riscos. 
Adicionalmente, para um efetivo gerenciamento de crédito por meio do Credit Scoring 
os bancos e demais emprestadores de recursos consideram uma vasta quantidade de 
informações sobre o possível tomador de recursos para a avaliação de sua condição de honrar 
com seus compromissos. Como exemplos dessas informações tem-se: informações 
demográficas, informações financeiras obtidas por intermédio das demonstrações contábeis, 
informações cadastrais, algumas informações de caráter subjetivo, dentre outras. 
Vários métodos estatísticos podem ser utilizados no Credit Scoring, como exemplos 
pode-se citar as análises discriminantes, regressões logísticas, regressões não-lineares, 
classificação “’árvore”, dentre outras. Essas metodologias são de extrema importância para 
avaliação dos tomadores de recursos e, muitas vezes, precisam ser adaptadas ao tipo de 
cliente, maneira de gerenciamento de risco por parte do banco, perfil de riscos etc. É por 
intermédio do Credit Scoring que se chega ao rating do tomador de recurso para seu 
enquadramento em nível de risco. 
Outra técnica também utilizada pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito 
é a análise julgamental, também denominada como qualitativa. Essa técnica utiliza a 
avaliação de fatores específicos relacionados aos tomadores de recursos e do ambiente 
externo (econômico) para a avaliação de crédito. Por intermédio da análise julgamental, os 
analistas de crédito coletam uma série de informações sobre os tomadores de recursos e 
formam uma lista com suas características específicas para verificar qual exposição de riscos 
o banco está assumindo com a operação de crédito. Uma das principais características 
analisadas por essa técnica são as garantias da operação oferecidas pelos tomadores de 
recursos (KALAPODAS e THOMSON, 2005, p.25). Também, segundo os autores, a maior 
36 
 
desvantagem dessa técnica diz respeito ao fato de que a interpretação das informações são 
extremamente subjetivas. 
Um ponto a se destacar na gestão de riscos de crédito efetuada pelos bancos é a 
segregação dos tomadores de recursos por segmentos. Essa segregação é muito importante 
para um tratamento diferenciado e personalizado de acordo com cada tipo de tomador de 
recurso. Normalmente, a segregação efetuada pelos bancos é feita entre operações de “Varejo 
ou massificados” e operações “Corporate ou grandes empresas”. Cada banco possui uma 
regra específica para alocar os clientes entre esses segmentos e isso demonstra a forma de 
como o banco gerencia seus riscos de crédito. Dependendo do segmento que o possível 
tomador de recursos está alocado, o banco utiliza uma técnica específica para avaliar o risco 
de crédito da operação. Em geral, nas operações de Varejo é empregada a técnica de Credit 
Scoring, enquanto que nas operações Corporate utiliza-se a técnica de análise julgamental. 
Analisando os modelos e técnicas de mensuração e gerenciamento de riscos de crédito, 
pode-se perceber que existe um vasto ferramental para os bancos e seus profissionais de risco 
de crédito trabalharem para fazerem um efetivo e eficiente controle de riscos. Também é 
notório que os modelos podem ser configurados para receberem informações não financeiras 
das empresas, informações essas avaliadas e mensuradas cuidadosamente, para o 
aperfeiçoamento e refinamento dos modelos de gestão de riscos de crédito. 
Todavia, verifica-se que, atualmente, o gerenciamento de riscos de crédito em sua 
grande maioria tem sido pautado em informações quantitativas e objetivas e os modelos de 
avaliação de crédito raramente utilizam informações não financeiras ou subjetivas (DOBIJA E 
ROSOLINSKA, 2007, p.2) e dessa forma importantes ativos geradores de valor das empresas 
não são avaliados tempestiva e corretamente nas avaliações de riscos de crédito. Grande parte 
desse procedimento é causado pelo fato desses ativos não estarem evidenciados nas 
demonstrações contábeis e demais informações divulgadas ao mercado. Esse é o caso do 
Capital Intelectual das empresas que são ativos relevantes e com grande potencial de geração 
de valor às mesmas, que pelo fato de na maioria das vezes não estarem evidenciados nas 
informações contábeis ou por não existir uma forma padronizada de seu reconhecimento e 
mensuração são tratados de forma não relevante, ou mesmo desprezados, nos modelos de 
avaliação de crédito. 
 
 
 
 
37 
 
• Conceito de Default, Probabilidade de Default e Escore de crédito 
 
O entendimento do conceito de default é fundamental para o processo de 
gerenciamento de risco de crédito, pois é através desse entendimento que os profissionais da 
área de gestão de riscos de crédito dos bancos agem para criar maneiras de mitigar suas 
perdas financeiras. Sendo assim denomina-se default como o ato de alguém fracassar em 
pagar uma quantia a um banco, quebrar um acordo ou o fracasso em cumprir com uma 
obrigação contratual (FITCH, 2000, p.134, BESSIS, 1998, p.82 e WESTGAARD e WIJST, 
2001, p.339). 
Para o processo de Basileia II, o BIS (2006, p.100) considera que o default ocorre 
quando: 
 O banco considera improvável que o devedor pague suas obrigações na sua 
totalidade, sem a necessidade do banco ter que incorrer em ações para fazer valer 
seu direito; 
 o devedor está em atraso em mais de 90 dias em alguma obrigação material com o 
banco. 
 
Sendo assim, percebe-se que para o processo de gerenciamento de risco de crédito, a 
identificação do default de um cliente para o banco é de extrema importância para que o 
mesmo possa agir no sentido de verificar quanto o banco irá arcar de prejuízo com a operação 
de crédito. 
Já a probabilidade de default ou descumprimento é definido como a medição da 
probabilidade da ocorrência de um evento de default de um determinado cliente do banco. 
Segundo Bessis (1998, p.83), a probabilidade de default não pode ser medida diretamente e 
técnicas estatísticas históricas de defaults podem ser utilizadas para essa mensuração. 
A determinação da probabilidade de default de um cliente não é uma tarefa fácil e 
nesse sentido Westgaard e Wijst (2001, p.339) comentam que a definição de default pode ser 
desmembrada utilizando o montante e período em atraso de uma operação, porém essas 
informações não existem de maneira sistematizada e definições mais gerais têm sido 
utilizadas, tais como falências decretadas. 
Com isso, Akiama (2008, p.27) comenta que esse fato explica o motivo de muitos 
estudos relacionados com a previsão de default de empresas utilizarem dados de falência ou 
concordatas, pois são dados publicamente disponíveis, uma vez que dados de atrasos são de 
difícil obtenção. 
38 
 
Uma importante afirmação sobre o processo de mensuração da probabilidade de 
default é feita por Saunders (2000, p.207), onde o mesmo comenta que a disponibilidade de 
mais informações, com custos menores para sua obtenção, permitem que os bancos utilizem 
métodos mais sofisticados e mais quantitativos de mensuração. O autor também comenta que 
a mensuração do risco de crédito de empréstimos individuais é crucial para que um banco 
possa precificar um empréstimo ou avaliar uma obrigação corretamente e para fixar limites 
apropriados ao volume de crédito a ser concedido a qualquer tomador, ou a exposição 
aceitável

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