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Ergonomia do Trabalho: Conceitos e Histórico

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*
GRADUAÇÃO SUPERIOR TECNÓLOGO EM SEGURANÇA NO TRABALHO
Prof. EDMILSON CAETANO
Especialista em PERÍCIA, AUDITORIA E GESTÃO AMBIENTAL.
E-mail: edmilson.pereira@fametro.edu.br
Discip. ERGONOMIA DO TRABALHO
ERGONOMIA
ENSINAR E APRENDER: UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
Dra. Kelen Machado de Abreu e Lima.
Adpt. Por Edmilson Caetano
A ergonomia é a ciência que estuda as adaptações do posto de trabalho em um contexto específico, para que os aspectos que dificultam o desenvolvimento do trabalho possam ser observadas afim de buscar uma solução coerente para melhorar a qualidade de vida e da atividade laboral a ser desenvolvida pelo indivíduo. 
 CURSO TECNOLÓGICO EM SEGURANÇA NO TRABALHO
 
ERGONOMIA DO TRABALHO
Prof. EDMILSON CAETANO
*
INTRODUÇÃO
Ergonomia[1] (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema.
‘E a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas.
Derivada do grego ergon (trabalho) e nomos (leis) para denotar a ciência do trabalho, ergonomia é uma disciplina inicialmente orientada aos sistemas e que modernamente se estende por todos os aspectos da atividade humana. 
[1] Esta conceituação foi aprovada por unanimidade na Reunião do Conselho Científico da International Ergonomics Association de 01 de agosto de 200, em San Diego, USA.
*
HISTÓRICO 
	Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reúnem, interessados em formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.
*
HISTÓRICO
De acordo com a Ergonomics Research Society (1949),
“Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”.
	Já para Wisner (1987), “Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e necessários à concepção e instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência”.
*
HISTÓRICO
	Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no início da década de '50, na Inglaterra, a Ergonomics Research Society.
	Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane & Faverge, que torna-se deciciva para a evolução da metodologia ergonômica. Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente do trabalho. 
*
HISTÓRICO
Em referência as publicações científicas que marcaram o início da produção dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar:
	1949- Chapanis - com a aplicação da Psicologia Experimental
	1953- Lehmann, G. A - Prática da Fisiologia do Trabalho
	1953 - Floyd & Welford - Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos
*
O PAPEL DO ERGONOMISTA
	Ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas para torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.
*
PRÁTICA PROFISSIONAL
Ergonomistas, em sua prática profissional, devem ter uma compreensão abrangente da amplitude de seu papel, que é, com a Ergonomia, promover uma abordagem holística do trabalho, na qual considerações de ordem física, cognitiva, social, organizacional, ambiental e de outros aspectos relevantes devem ser levados em conta. 
*
*
As boas interfaces (adequadas) atenderão de forma conjunta, integrada e coerente os critérios de conforto, eficiência e segurança.
INTERFACES DO CONHECIMENTO EM ERGONOMIA
*
DISCIPLINAS DE BASE DA ERGONOMIA
*
Matemáticas
Ciências físicas
Ciências biológicas
Ciências humanas
Estatística
Física
Química
Anatomia
Fisiologia
Antropologia
Psicologia
Sociologia
Anatomia
funcional
Psicologia
industrial
Bioquímica
Antropologia
física
Sociologia
industrial
Acústica
Luminotécnica
Biofísica
Psicologia
experimental
Biometria
Mecânica
Fisioterapia
Bio
-
ergologia
Fisiologia do
trabalho
Antropometria
Dinâmica
de grupo
Biomecânica
Tempos
e movimentos
Fisiologia
ambiente
Psicologia
do trabalho
Teoria da
informação
ERGONOMIA (FATORES HUMANOS)
Termodinâmica
 
Matemáticas
Ciências físicas
Ciências biológicas
Ciências humanas
Estatística
Física
Química
Anatomia
Fisiologia
Antropologia
Psicologia
Sociologia
Anatomia
funcional
Psicologia
industrial
Bioquímica
Antropologia
física
Sociologia
industrial
Acústica
Luminotécnica
Biofísica
Psicologia
experimental
Biometria
Mecânica
Fisioterapia
Bio
-
ergologia
Fisiologia do
trabalho
Antropometria
Dinâmica
de grupo
Biomecânica
Tempos
e movimentos
Fisiologia
ambiente
Psicologia
do trabalho
Teoria da
informação
ERGONOMIA (FATORES HUMANOS)
Termodinâmica
APLICAÇÕES DA ERGONOMIA
Ergonomia na indústria:
Melhoria das interfaces dos sistemas homens-tarefas
Melhoria das condições ambientais de trabalho
Melhoria das condições organizacionais de trabalho
Ergonomia na agricultura e na mineração:
Melhoria do projeto de máquinas agrícolas e de mineração
Melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem
Estudos sobre os efeitos dos agro-tóxicos 
Ergonomia no setor de serviços:
Melhoria do projeto de sistemas de informação (ergonomia da informática)
Melhoria do projeto de sistemas complexos de controle (salas de controle)
Estudos diversos sobre: hospitais, bancos, supermercados, ...
Ergonomia na vida diária
*
DOMÍNIOS DE ESPECIALIZAÇÃO
Através da disciplina, os domínios de especialização representam profundas competências em atributos humanos específicos e características das interações humanas entre si e destes com os sistemas, quais sejam: 
*
 ERGONOMIA FÍSICA
	Ergonomia Física - no que concerne as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação a atividade física. Os tópicos relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde. 
*
 ERGONOMIA COGNITIVA 
– Ergonomia Cognitiva - no que concerne aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. 
Os tópicos relevantes incluem carga mental de trabalho, tomada de decisão, performance especializada, interação homem-computador, stress e treinamento conforme estes se relacionam aos projetos envolvendo seres humanos e sistemas
*
ERGONOMIA ORGANIZACIONAL
	Ergonomia Organizacional - no que concerne a otimização dos sistemas sócio técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos. 
	Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade. 
*
DIFERENTES ATUAÇÕES EM ERGONOMIA
Ergonomia de projeto - Ergonomia industrial 
Ergonomia de projeto: é a ergonomia preventiva no estágio de projeto
Ergonomia industrial: é a ergonomia corretiva de situações existentes
Ergonomia do produto - Ergonomia da produção
Ergonomia do produto: é a ergonomia de concepção de um dado objeto
Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábricaErgonomia de laboratório - Ergonomia de campo
Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia realizada em
 situação controlada de laboratório;
Ergonomia de campo: é a pesquisa em ergonomia realizada em situação real de trabalho.
*
Diferentes abordagens em Ergonomia
 
Quanto a abrangência: 
Ergonomia do posto de trabalho: abordagem microergonômica
Ergonomia de sistemas de produção: abordagem macroergonômica
Quanto a contribuição:
Ergonomia de concepção: normas e especificações de projeto
Ergonomia de correção: modificações de situações existentes
Ergonomia de arranjo físico: melhoria de seqüências e fluxos de produção
Ergonomia de conscientização: capacitação em ergonomia
Quanto a interdisciplinaridade:
Engenharia: projeto e produção com adequação ergonômica 
Design: metodologia de projeto e design do produto
Psicologia: treinamento e motivação do pessoal
Medicina e enfermagem: prevenção de acidentes e doenças do trabalho-Administração: projetos organizacionais e gestão de R.H.
*
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA DO CAPITULO
	SANTOS, N. & FIALHO, F. A. P., Manual de Análise Ergonômica no Trabalho. Curitiba: Gênesis Editora, 2 ª Ed., 1997.
	IIDA, Itiro. Ergonomia: Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 4ª ed., 1997 
	WISNER, Alain. A Inteligência no Trabalho, Textos selecionados de ergonomia. São Paulo: Editora da UNESP, 1994. 
	Guimarães,L..B. de M. Ergonomia de Processo. 4.ed. Porto Aegre: UFRGS/PPGEP. (2000).
	Vidal, M. C. R. Ergonomia na Empresa. Util Pratica e Aplicada. 2 ed. EVC.
*
2. A visão da abordagem sistêmica
O ponto de partida de qualquer Intervenção, estudo ou pesquisa em Ergonomia se dara através de uma abordagem sistêmica.
Do ponto de vista ergonômico, uma situação de trabalho é um sistema complexo dinamicamente inter-relacionado
*
Situação de Trabalho
*
:
cujas entradas (as exigências econômicas, sócio-técnicas e organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informações e ações) e,
 cujas saídas (os resultados do trabalho em termos de produção e saúde), são as resultantes deste sistema.
Figura Modelo sistêmico de uma situação de trabalho: componentes, lacos de regulação. Santos, N.1997.
A abordagem sistêmica em ergonomia
Teoria de sistemas
	A teoria de sistemas foi elaborada pelo biólogo alemão LUDWIG VON BERTALANFFY, no final da década de 40. Ela partia de três premissas básicas:
	os sistemas existem dentro de outros sistemas (formando sub-sistemas);
	os sistemas são abertos;
	as funções de um sistema dependem de sua estrutura.
A partir destas premissas, foram estabelecidos os pressupostos básicos desta teoria:
*
Teoria dos sistemas
	existe uma nítida tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;
essa integração parece orientar-se no sentido de uma teoria de sistemas; 
	essa teoria de sistemas pode ser uma abordagem mais abrangente para estudar os campos não-físicos do conhecimento científico;
	essa teoria de sistemas aproxima-nos do objetivo da unidade científica;
	Os pressupostos anteriores podem promover a necessária integração na educação científica.
*
Teoria de sistemas
	BERTALANFFY (ibidem) define "sistema como um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas". Desta definição decorrem dois conceitos:
	Objetivo do sistema: as unidades, bem como os relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre um objetivo.
	Globalidade do sistema: o sistema sempre reagirá globalmente a qualquer estímulo produzido em quaisquer das suas unidades. Isto é, há uma relação de causa-efeito entre as diferentes partes de um sistema.
*
Teoria de sistemas
	A definição de um sistema depende da focalização à ele dada, pelo sujeito que pretenda analisá-lo. Uma determinada situação de trabalho pode ser:
	um sistema;
um sub-sistema;
um super-sistema.
*
Quanto a complexidade os sistemas podem ser:
	Sistemas simples: dinâmicos; 
Sistemas complexos: altamente elaborados e bem inter-relacionados; 
Sistemas hipercomplexos: complicados e não descritivos.
Quanto a ocorrência:
	sistemas determinísticos: totalmente previsíveis; 
sistemas probabilísticos: previsível dentro de uma certa probabilidade;
sistemas estocásticos: não previsíveis. 
*
Sistema homem-máquina
*
Sistemas Ser Humano – Tarefas
Sistemas Ser Humano – Tarefas
	São mais ricos do que os sistemas ser humano – máquinas, anteriormente apresentados. De fato, as tarefas compreendem não só as condições técnicas de trabalho, mas, também, as condições ambientais e organizacionais do trabalho.
	Em uma determinada situação de trabalho, sempre pode-se identificar três tipos de tarefa, mais ou menos formalizados:
	tarefa prescrita;
tarefa induzida ou redefinida;
tarefa atualizada.
*
Teoria dos sistemas (SH-T)
O primeiro passo na análise de um sistema ser humano – tarefa é a delimitação deste sistema que pode ser estruturada nos seguintes passos.
definição da missão do sistema;
definição do perfil do sistema;
identificação e descrição das funções do sistema e sub-sistemas;
estabelecimento de normas;
atribuições de funções aos operadores e às máquinas.
	Para qualquer que seja o sistema ser humano – tarefa a ser analisado, de um simples posto de trabalho a um complexo sistema de produção
*
SHT
	O segundo passo na análise do sistema ser humano – tarefa é a descrição dos componentes deste sistema, através da: 
	identificação das exigências da tarefa, em termos técnicos, ambientais e organizacionais. 
	Esta descrição permite o levantamento de uma série de dados a respeito da situação de trabalho considerada:
	dados referentes aos operadores, informações e ações de trabalho;
	dados referentes às máquinas, controles e comandos, entradas e saídas;
	dados referentes às condições técnicas de trabalho;
	dados referentes às condições ambientais de trabalho;
	dados referentes às condições organizacionais de trabalho.
*
Sistema de trabalho
	Do ponto de vista ergonômico, uma situação de trabalho é um sistema complexo, dinamicamente inter-relacionado, cujas entradas (as exigências técnicas, ambientais e organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informações e ações) e, cujas saídas (os resultados do trabalho em termos de produção e saúde), são as resultantes deste sistema.
*
Situação de trabalho
*
Visão da abordagem do sistema homem-tarefa na situação de um posto trabalho 
*
Fonte:www.eps.ufsc.br/disserta/eliete/capit_4
3. Metodologia de Avaliação 
utilizada em Ergonomia 
Nasce em 1949 com Suzanne Pacaud, a análise da atividade em situação real, resgatada em 1955 por Obrendame & Faverge como análise do trabalho. 
Estes autores preconizavam que o projeto de um posto de trabalho deveria ser precedido por um estudo etnográfico da atividade e mostravam o distanciamento entre as suposições iniciais e as análises finais. A proposta veio a ser formalizada somente em 1966 por Alain Wisner já como Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
*
Atuação metodológica da ação ergonômica
	Na Europa um conceito novo, a Intervenção ergonômica, hoje expressão corrente nos EUA, Japão,França, Alemanha, Canadá, Suécia, Brasil e etc.
	As mudanças de paradigmas econômicos, no limiar dos anos 80, ampliaram este quadro fazendo brotar duas novas considerações que dão à ergonomia seu formato atual da Ação Ergonômica. 
*
Atuação metodológica da ação ergonômica
	A primeira delas nos Estados Unidos e Países Nórdicos, preconiza que os projetos de melhoria ergonômica são mais bem sucedidos numa perspectiva maior e inseridas na estratégia organizacional, e que foi chamada a partir de 1990 de Macroergonomia (Brown Jr.,1990). 
*
Atuação metodológica da ação ergonômica
	A segunda nova vertente amplia este mesmo debate para o nível das contingências sociais e culturais, a que uma empresa está afeita no seu ambiente mediato e que foi cunhada por seu autor em 1974 deAntropotecnologia (Wisner, 1974, 1980). 
*
Intervenção ergonômica
O conceito de intervenção ergonômica inicialmente desenvolvido pela escola francesa de Ergonomia (Wisner, 1974, Duraffourg et al. 1977; Guérin et al. 1991) é hoje uma forma internacional de atuação do profissional que trabalha com a ergonomia. 
*
Intervenção ergonômica 
Segundo Laville (1997, p. I-2) a metodologia geral da ergonomia comporta: 
	a. Um diagnóstico baseado na: 
análise das características sociais, técnicas, organizacionais e econômicas da situação de trabalho analisada; 
análise da atividade real dos operadores e do quadro temporal no qual ela se efetua; 
a medida das características dos meios de trabalho e do meio ambiente físico no qual o mesmo se realiza; 
a medida das características antropométricas, fisiológicas e psicológicas dos operadores em atividade. 
	b. Um projeto construído a partir: 
do diagnóstico; 
dos dados recolhidos sobre a situação de trabalho; 
dos dados existentes na literatura. 
	c. Uma verificação dos efeitos das modificações resultantes. 
*
Intervenção ergonômica
Assim, as etapas desta metodologia envolvem, ordenadamente: 
	Análise da Demanda,
	Análise da Tarefa e
	Análise da Atividade, 
Cada uma dessas etapas resulta em hipóteses que vão subsidiar a etapa posterior e resultarão no diagnóstico, recomendações, execução, avaliação e validação das alterações propostas.
*
Intervenção 
ergonômica
etapas
*
Fig. Esquema geral da metodologia de análise ergonômica do trabalho 
Fonte: Adaptado de Santos et all (1995, p. 39)
DEMANDA 
A análise da demanda e’ a fase preliminar onde o analista de ergonomia confronta os conhecimentos sobre a situação concreta de trabalho com aqueles que possui sobre o homem em atividade. 
	Desta confrontação surge um certo número de hipóteses
 explicativas para a carga de trabalho, as quais, irão orientar o prosseguimento do estudo.Cada fase da análise estas hipóteses irão sendo refinadas e aprofundadas, na media que o estudo avança.
	Buscar: construir as condições ideais que deveriam ser alcançadas para a condução da análise:
a) discutir os objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas (direção da empresa, serviços funcionais, gerências, supervisores, trabalhadores e suas organizações).
b) obter a aceitação dos trabalhadores que ocupam o posto (ou postos) a ser estudado. A participação destes trabalhadores é, de fato, indispensável para realizar uma boa análise das atividades. Para julgar a pertinência das variáveis e ajudar na interpretação dos resultados; e,
c) esclarecer as respectivas responsabilidades, tanto do analista, quanto da direção da empresa, dos trabalhadores e das organizações destes, em relação ao desenvolvimento do estudo e da utilização dos resultados.
*
Analise da Demanda
Segundo Vidal (2003) reconhece a demanda empresarial e social através das seguintes necessidades :
 Demandas Trabalhistas
 Demandas de certificação
 Demandas de modernização
	
*
Demanda Trabalhista 
Contemplada na NR 17, através da lei 641(MT).
Segundo Arueira 2000 (apud Vidal 2003), a demanda trabalhista pode apresentar as seguintes características:
	Atividades que requeiram grande esforço físico, posturas rígidas e movimentos aparentemente repetitivos.
	Tarefas com elevados requisitos de precisão e qualidade final
	Introdução de novas tecnologias físicas ou organizacionais
	Elevadas taxas de absenteísmo, rotatividade, acidentes e queixas
	Atividades em turno
	Conflitos entre empregados ou setores (produção X vendas)
*
	Uma situação bastante comum de uma demanda trabalhista, e quando o se pede uma AET geral de toda a empresa. ( Caso em que caberia um programa de Ergonomia)
*
Demanda por certificação
	No plano de certificação de produtos e processos, a AET e a maneira de se poder verificar o encaminhamento de mudanças necessárias a conformidade dos temas convencionados em normas.
ISO 9000/ OSHAS 18001(Occupational Health and Safety Assessment Series, foi oficialmente publicada pela BSI – British Standards Institution – e entrou em vigor no dia 15/4/99) 
*
Demanda de Modernização
	Numa perspectiva de Modernização, a empresa procura :
	Aproveitar uma mudança para efetuar outras mudanças
	Fazer a coisa certa desde o inicio
	Apurar continuamente o custo e o beneficio das mudanças
	Contratar um profissional certificado
*
Resultados esperados na demanda
	Na demanda Trabalhista:
Quadro ergonômico da empresa e seus processos chaves;
Seleção e hierarquização dos problemas a solucionar;
Recomendações de mudanças úteis, praticas e aplicadas;
Mudanças de acordo com as normas regulamentadoras.
*
Resultados esperados de uma AET- demanda/certificação
	Em contexto de certificação
a. Apreciação ergonômica( unidade autônoma/ setor ou unidade inteira).
	O conjunto de apreciações ou avaliações fica mais bem organizado se apresentado como proposta de um PROGRAMA de ERGONOMIA para aquela empresa.
b. Analise ergonômica da conformidade 
	( São assinalados modificações importantes nos sistemas acoplados/s. informáticos configuração dos ambientes, organização do trabalho 
	
*
Resultados esperados de uma AET- demanda/ certificação
c. Implementação ergonômica de padrões
(projeto, implantação, modificações necessárias a garantir uniformidade e desempenho). 
Ex. transferência de Tecnologia 
d. Verificação ergonômica de projetos
( em busca de um selo de qualidade)
*
Resultados esperados de uma AET- demanda/ modernização
	Em geral tem os seguintes contornos básicos;
	Caracterização/ seleção de processos-chave para a modernização;
	Estudo de processos-chave nas situações de referencia
	Estabelecimento de caderno de premissas 
	( dos estudos ergonômicos com os demais projetos)
	Estudos ergonômicos das situações futuras prováveis 
	(em modo normal e em face de contingências presumíveis)
	Construção do caderno de encargos relativo as mudanças necessárias.)
	
*
Análise da demanda
*
Ao final da análise da demanda, o ergonomista deverá ter reunido dados acerca
da situação englobando a empresa, o sistema produtivo, a população de trabalhadores envolvida e a situação de trabalho, como sugerido no quadro abaixo.
.... Como acontece o dialogo da demanda?
A relação entre a empresa e o ergonomista, em geral, apresenta a seguinte forma:
	Empresa- “ estamos precisando de uma proposta de uma AET nos setores de.... ou nos postos de...Vocês podem nos enviar uma proposta.
	Praticante de Ergonomia- Poderíamos fazer uma visita técnica e uma reunião com a direção da empresa?
	Empresa – Visita Técnica? ( pensa um pouco) Ah! Sim,claro, amanha? Quanto a reunião não acho que seja necessária, podem me enviar a proposta diretamente por email.
	Praticante de Ergonomia - Bem, agendemos o horário da visita.
*
Exercício 1-
Trabalho em dupla: Discuta com o seu colega os seguintes pontos:
1.1Quais os principais tipos de demanda por Analise Ergonômica do trabalho na realidade das empresas?
1.2 Como podemos empregar a analise ergonômica do Trabalho para contribuir num projeto de modernização tecnológica ou organizacional?.
*
Exercício
*
1.3. Discuta e apresente de forma descritiva sobre o tipo de demanda ergonômica que poderia estar vinculada aos casos abaixo
A 
B
Leitura Recomendada
	Vidal, M. C. Guia para Analise Ergonômica do Trabalho (AET) na empresa. Editora EVC.Rio de Janeiro, 2003.
	Santos, N. Manual da Analise Ergonômica do trabalho. Genesis, 1997.
*
Analise da Tarefa
*
*
ESTAVAMOS 
AQUI !!!
AGORA VAMOS INICIAR AQUI !!!!
	Analise da Tarefa /(Task analysis) é um processo para procurar investigar O QUE o usuário FAZ e COMO FAZ, passo a passo, a fim de usar esta informação para analisar um sistema ou projetar um sistema novo. 
*
	O termo Analise da Tarefa refere-se a metodologia que pode ser obtida por diversos metodos.
	Estas tecnicas são usadas para descrever ou avaliar
	These techniques are used to describe or evaluate the interactions between the humans and the equipment or machines. They can be used tomake a step-by-step comparison of the capabilities and limitations of the operator with the requirements of the system. The resulting information is useful for designing not only equipment, but also procedures and training.
*
análise da tarefa
A análise da tarefa é o estudo do que o trabalhador deve realizar e as
condições ambientais, técnicas e organizacionais.
	é fundamental conhecer como o trabalho é organizado e prescrito no interior da organização. Realiza-se uma descrição o mais precisa possível da situação, observações e medidas sistemáticas de variáveis. 
	As interações se dão fundamentalmente entre os analistas de ergonomia e o corpo técnico e gerencial da empresa (supervisores, gestores, gerentes).
 A análise da tarefa encerra-se com o refinamento de hipóteses acerca das
condicionantes do trabalho, indicando as situações onde o estudo deverá ser
aprofundado e quais variáveis deverão ser investigas com maior rigor.
*
Analise da Tarefa 
Dois tipos de instrumentos são fundamentais nesta etapa para a coleta de dados:
	Um primeiro, visando conhecer o trabalho prescrito e as condicionantes para a sua realização.
	Outro,que visa captar a percepção dos trabalhadores acerca dos problemas na execução da tarefa. 
*
Analise da Tarefa
*
Tarefas e tempo de execução.
Ex:de ferramenta utilizada para o levantamento de dados do trabalho prescrito e das condicionantes para a sua realização
Analise da Tarefa
*
Ex: método utilizado para conhecer dados de percepção dos trabalhadores. Adaptação de Corlett (1995)
Analise da tarefa
	Moraes (1992 ) coloca a análise da tarefa como sendo a descrição do conjunto dos elementos que compõem a situação de trabalho a ser analisada e das interações entre esses elementos, incluindo eventuais disfunções.
	a tarefa corresponde a um conjunto de objetivos designados aos operadores e um conjunto de prescrições, definidas pela empresa para atender a seus objetivos particulares 
	as hipóteses geradas na etapa anterior servirão para a escolha da ou das situações de trabalho que devem ser avaliadas para responder às questões propostas 
*
Analise da Tarefa
Noulin (1992, p. 158) cita os elementos para uma descrição da tarefa como sendo: 
	Objetivos: performances exigidas, resultados designados, normas de produção que determinam uma certa obrigação de resultados que o operador reconhece como contrapartida de sua remuneração. 
	Procedimentos: maneiras com as quais o operador deve atingir os objetivos. 
	Meios técnicos: máquinas, ferramentas, meios de proteção, meios de informação e de comunicação. 
	Meios humanos: organização coletiva de trabalho, repartição das tarefas, relações hierárquicas. 
	Meio ambiente físico: Ambiências sonoras, térmicas, luminosas, vibratórias, tóxicas, concepção antropométricas do posto de trabalho. 
	Condições temporais: duração, horários e ritmo de trabalho; cadências; pausas, flutuações da produção no tempo. 
	Condições sociais: formação e/ou experiência profissional exigidas, qualificação reconhecida, possibilidade de promoção, plano de carreira. 
*
Analise da ATIVIDADE
Para realizar a tarefa, com os meios disponíveis e nas condições definidas, o operador desenvolve uma atividade. 
	Para Leplat et all (1977), a atividade é a resposta do indivíduo ao conjunto desses meios e condições, caracterizada pelos comportamentos reais do mesmo em seu local de trabalho.
	 Os comportamentos podem ser físicos, tais como gestos e posturas, ou mentais, representados por competências, conhecimentos e raciocínios que guiam os procedimentos realmente seguidos. 
*
Analise da ATIVIDADE
Estuda-se, assim, o conjunto formado pelo trabalhador e seu posto de trabalho, ou vários trabalhadores e o dispositivo técnico considerando as estruturas técnicas, econômicas e sociais que os envolvem. 
A análise da atividade, é o que o trabalhador, efetivamente, realiza para executar a tarefa. É a análise das condições reais de execução e das condutas do homem no trabalho. 
Assim como na fase anterior, deve-se proceder a uma
 descrição o mais detalhada possível das atividades de trabalho.
*
Analise da ATIVIDADE
	Nesse sentido, torna-se extremamente importante a participação dos trabalhadores pois os mesmos possuem, como diz Daniellou (1992, p. 101), conhecimentos específicos sobre a situação de trabalho e seus efeitos sobre a saúde. 
	Esses conhecimentos são técnicos, profissionais, também fisiológicos e psicológicos; em alguns caso, empíricos, adquiridos pela experiência, pela repetição cotidiana da ação do organismo
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Analise da ATIVIDADE
 Medidas devem ser realizadas, sejam sobre as pessoas que trabalham (medidas fisiológicas do esforço), sejam sobre as atividades desenvolvidas (variação dos modos e dos tempos operativos), sejam, ainda, sobre o meio ambiente (dimensões do espaço e do local de trabalho, níveis de iluminação, ruído, temperatura, vibração).
 No geral são avaliadas as posturas, ações, gestos, comunicações, direção do olhar,movimentos, verbalizações, raciocínios, estratégias, resolução de problemas,modos operativos, enfim, tudo que possa ser observado ou inferido das condutas dos indivíduos.
 Ainda, tal descrição é obtida a partir da interação com os
operadores, em entrevistas pessoais ou coletivas.
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Analise da ATIVIDADE
	Guerin et all (1991, p. 21) sugerem levar em conta as informações que os operadores detectam no meio ambiente, a maneira como eles tratam essas informações, as razões enfocadas para a tomada de decisões e suas opiniões sobre gestos, posturas e esforços feitos durante a atividade de trabalho. 
	Os mesmos autores (p. 58) consideram que a atividade de trabalho é o elemento central organizador e estrutura as componentes da situação de trabalho. 
	Ela representa uma resposta às condicionantes determinadas exteriormente ao operador e, simultaneamente, é suscetível de transformá-las.
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Analise da ATIVIDADE
	Os determinantes da atividade de trabalho são analisadas enquanto fatores internos próprios de cada operador e fatores externos ao mesmo.
	Os fatores internos podem ser representados por sexo, idade, estado de saúde, estado momentâneo (ritmos biológicos, fadiga), formação inicial, formação profissional contínua e vida profissional.
	 Já os fatores externos podem ser os objetivos a atingir; os meios técnicos; a organização do trabalho; as regras e instruções; os meios humanos; as normas quantitativas, qualitativas e de segurança; o espaço de trabalho e o contrato de trabalho. 
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Determinantes da Atividade de Trabalho
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Fig. Esquema de descrição das determinantes da atividade de trabalho 
Fonte: Guerin et all (1991, p. 59)
Analise da Atividade
	Assim, como afirmam Guerin et all (1991, p. 62) a análise da atividade, em particular a variabilidade dos modos operatórios das condicionantes, revela as relações entre a estrutura econômica da empresa, as escolhas comerciais que daí resultam, os meios técnicos postos em ação e as dificuldades dos operadores para regular a variação da produção e os riscos decorrentes. 
	A análise permite também rever o funcionamento da empresa de um outro ponto de vista, ajudando a elaborar novas escolhas econômicas, técnicas e organizacionais visando a garantir qualidade e quantidade de produção. 
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Analise da Atividade
Do ponto de vista instrumental são duas as principais técnicas utilizadas nesta fase:
 
Uma voltada para estabelecer as diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real.
Outra para aprofundar as análises do ponto de vista fisiológico e biomecânico.
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 Identificar diferenças entre trabalho prescrito e real
Analise da Atividade
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Analise da Atividade
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aprofundar as análises do ponto de vista fisiológico e biomecânico
Analise da atividade
Ao final da análise da atividade, os analistas refinam as hipóteses explicativas da carga de trabalho,
 corroborando ou refutando as hipóteses anteriores, e encaminhando a análise para uma discussão ampla entre os atores envolvidos no estudo.
A análise da atividade é encerrada com a formulaçãode uma explicação global para a atividade de trabalho, para a qual, utiliza-se o Modelo Integrador da Atividade de Trabalho
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Diagnóstico
A etapa inicia-se com o diagnóstico da situação de trabalho que fundamentará o caderno de encargos de recomendações ergonômicas. 
O diagnóstico representa a recomposição das análises parciais realizadas. Os dados levantados nas análises anteriores servirão nesta fase como argumentos a serem confrontados e integrados numa síntese que reflita os aspectos determinantes da situação de trabalho. 
As conclusões de uma análise ergonômica, apresentadas na forma de hipóteses para a ação, devem conduzir e orientar modificações para melhorar as condições de trabalho em específico e da situação de trabalho, em termos mais gerais,atuando sobre os pontos críticos que foram evidenciados, equacionando os critérios de saúde e produtividade.
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Diagnóstico
 Caderno de encargos
	As propostas testadas e aprovadas, passam a constituir um caderno de encargos, tornando-se referência para projetos futuros e das práticas cotidianos no posto (postos) estudados. 
Os cadernos de encargos, no geral deverão conter:
	a) uma descrição geral do setor ao qual se destina;
	b) uma descrição dos principais problemas encontrados no setor;
	c) uma revisão da literatura acerca das questões evidenciadas;
	d) uma listagem dos princípios que orientam o projeto do trabalho no setor; e,
	e) os dispositivos técnicos e organizacionais recomendados para cada atividade
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referencias
SANTOS, N., FIALHO, F.A. P.(1995). Manual de Análise Ergonômica do
Trabalho. 1a Edição, Curitiba, Editora Genesis. 283 p.
WISNER, A. et al.(1994). A inteligência no trabalho: textos selecionados de
ergonomia. São Paulo: FUNDACENTRO,. 191p.
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AUDITORIA ERGONÔMICA EM UMA INDÚSTRIA DE CALÇADOS
Franklim Rabelo de Araújo
Especialista Eng. de Seg. do Trabalho - Auditor Fiscal do Trabalho do MTE/DRT/CE
Tel: 0XX21 255-3931, e-mail: frankrabelo@zaz.com.br
Ismênia Maria Lima de Oliveira
Médica do Trabalho – Auditora Fiscal do Trabalho – MTE/DRT/CE
Cláudio Cezar Peres
Orientador e membro do CNE - Auditor Fiscal do Trabalho do MTE / DRT/RS
1 – INTRODUÇÃO
A indústria Calçadista vem crescendo em ritmo acelerado no Nordeste do
Brasil nos últimos anos, especificamente no Ceará, atraídas por incentivos fiscais
concedidos pelo governo e pela mão de obra farta e barata existente na região.
Muitas dessas indústrias originam-se do Sul do País. De 6 anos para cá muitas
empresas se instalaram, as maiores com mais de 10.000 trabalhadores.
Em 06/12/2000 foi realizada uma fiscalização na empresa “Calçados N S.
A.”, atendendo ao processo No 462205.008124/00-11 do MTE, cujo conteúdo
continha alegativas de seus advogados para o não cumprimento do item 1.3 do
Termo de compromisso firmado na Delegacia Regional do Trabalho.
Nesta auditoria foram lavrados autos de infração(ITENS 17.3.1 da NR-17 e
12.1.2 da NR-12) pelos Auditores Fiscais do Trabalho: Franklim Rabelo de Araújo,
Ismênia Maria Lima de Oliveira , bem como notificada a empresa quanto a outros
itens de segurança do trabalho. Em 08/06/2001, após retorno da fiscalização, bem
como atendendo a requisição do Ministério Público do Trabalho da 7a Região foi
procedida nova auditoria para verificação do cumprimento do termo de
compromisso firmado entre a Delegacia Regional do Trabalho do Ceará e o
Ministério Público do Trabalho no Ceará.
Este trabalho tem como objetivo relatar as condições ergonômicas de
trabalho, em uma indústria de calçados, localizada no Estado do Ceará,
notadamente focalizando o cumprimento do Termo de compromisso citado.
Exemplo de aplicação da AET
*
2 – A DEMANDA DO TRABALHO
Solicitação do Ministério Público do Trabalho CODIN / PRT / 7a REGIÃO
para verificação do cumprimento do Termo de compromisso firmado no Ministério
Público do Trabalho pela empresa “Calçados N S. A .”
3 – DADOS DA EMPRESA ( NOME FICTÍCIO1)
DENOMINAÇÃO: CALÇADOS N S/ A
CNAE: 19.31-3
ENDEREÇO: RUA IGNORADA , s/n.
MUNICÍPIO: Não identificado
CNPJ: xxxxxxxxxxxxxxxxxx
NÚMERO DE EMPREGADOS: 3.164
GRAU DE RISCO: 03
4 – DESCRIÇÃO DA TAREFA
A empresa não possui tarefa prescrita, as instruções são passadas
verbalmente pelo supervisor de produção ,existe treinamento introdutório na
admissão , entretanto todos os trabalhadores das fábricas possuem função
polivalente, variando em função do tipo de calçado a ser fabricado. Não foi
encontrado o manual de procedimentos a ser seguido pelos empregados.
Procurou-se neste trabalho comparar o que foi prescrito no Termo de acordo comas condições reais de trabalho, depois de decorrido o prazo para sua implantação.
5 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRABALHO
- Ritmo de trabalho:3 equipes em 3 turnos de 8 horas de trabalho ,
havendo uma pausa de 45 min para alimentação, após 4 horas de
trabalho;
- Ritmo de trabalho constante pelo sistema de esteiras;
- A remuneração do trabalhador é fixa;
Conteúdo das tarefas: trabalho monótono, sem exigência de
criatividade por parte do trabalhador.
- Existência de repetitividade na execução das tarefas. Devido o sistema de produção ser em esteira, os postos de trabalho possuem ciclo menor de 30 segundos para não atrasar o andamento da esteira.
Sendo a produção média de pares de sapatos entre 1.000 e 1.500 peças por fábrica2 por dia, dependendo do modelo fabricado.
6- VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DO ACORDO
Em 08/06/2001, inspeção foi realizada, verificando a seguinte situação:
ITEM 1.1 DO ACORDO: “ PROVIDENCIAR REGULAGEM DA ALTURA DAS BANCADAS DE FORMA A ADAPTÁ-LAS À POSTURA DE TRABALHO DO
EMPREGADO”;
.
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Fig. 1 : Bancadas foram providas de ajuste de três níveis de regulagem, mas ainda faltam concluir 20% das bancadas
*
ITEM 1.2 DO ACORDO: “IMPLEMENTAR AS RECOMENÇÕES CONSTANTES
DA ANÁLISE ERGONÔMICA REALIZADA PELA EMPRESA”.
Observou-se que os seguintes itens, recomendados pela Análise
Ergonômica do Trabalho, realizada pelo profissional contratado pela “CALÇADOS
N S/A”, não foram implementados.
Na página 88 da AET(Análise Ergonômica do Trabalho) da empresa, no item
cujo título é ERGONOMIA DO LAYOUT, veja-se:
Ser humano X layout do seu local de trabalho
1. No trabalho o ser humano necessita de espaço mínimo:
- Para movimentação do corpo
- Para movimentação em volta da máquina
- Para segurança (choque com equipamento ou mobiliário)
- Para não se sentir constrito.
A seguir demonstram-se situações em que essa recomendação da AET
*
Fig. 3: vista dos espaços reduzidos entre as bancadas
Fig. 4: vista dos espaços reduzidos de trabalho, neste exemplo de 38 cm.
*
JUSTIFICATIVA DA EMPRESA:
Em requerimento protocolado sob No 46205.008124/00-11 na DRT/CE a
empresa alega no item 3 e 4 :
“ Face à solicitação do nosso mercado, somos obrigados a produzir em lotes
pequenos, e trocar quatro a cinco vezes por dia o nosso “lay-out”, ocorrendo em
certas ocasiões, em número ainda maior, sendo este um fator da impossibilidade
de planejarmos a disposição mais definitiva do maquinário e dos trabalhadores ao
longo de nossas linhas.”
“Para melhor entendimento, a competitividade levou-nos a ampliar nossa linha de
mercado de tênis, cujos produtos e modelos exigem um maior número de
trabalhadores ao longo das linhas de montagens, o que as congestiona e diminui
os espaços”.
A empresa argumenta que a solução deste problema diminuiria sua
produção, acarretando perda na competitividade.
O consultor da empresa , em sua AET(análise ergonômica do trabalho)
elenca as conseqüências do lay-out inadequado,as quais são:
- acidentes(más qualidades ambientais);
- Perda de produtividade (excesso de movimentos e deslocamentos que
não agregam valores);
-
*
Desconforto ambiental (ruído, iluminamento, etc.);
- Lesões musculoligamentares(posturas).
Na auditoria não se constatou, também, nenhuma forma de participação do
trabalhador,como sugere a AET o empregador deveria “Ouvir o trabalhador sobre
sua atividade, perguntando-lhe o que poderia ser melhorado”(item 16 pág. 83 da
AET da empresa),assim como o item 9 da mesma página que cita que se
deve:”Alternar a postura detrabalho (de pé / sentado / semi-sentado). Verifica-se
que a empresa reluta em atender as recomendações do seu próprio consultor
contratado.
ITEM 1.3 DO TERMO DE COMPROMISSO: “MANTER A DISPOSIÇÃO DOS
EMPREGADOS ASSENTOS ERGONÔMICOS PARA A POSIÇÃO SEMISENTADA
NA PROPORÇÃO DE UM PARA CADA TRÊS TRABALHADORES
NOS POSTOS DE TRABALHO COM MENOR MOVIMENTAÇÃO”.
A empresa providenciou assentos para a posição semi-sentada, mas em
número insuficiente, não atendendo este item do acordo. Aliás, devido aos
reduzidos espaços mantidos pela empresa, entre bancadas e máquinas, não se
consegue atender o que preconiza este item. Em inspeção no Galpão 1 , observa-se
que existe uma relação de 1(um) assento para cada 80(cinqüenta)
trabalhadores e não de 1 para 3 como determina o acordo. As trabalhadoras que
se encontravam com o assento semi-sentado estavam na maioria grávidas(fig. 5).
*
Fig.5: vista da utilização do assento semi-sentado
Fig. 6: vista do assento semi-sentado, que possui regulagem de altura.
*
Fig. 7.: vista geral de uma fábrica, com sua esteira rolante.
*
NR -17
 NR 17 – Ergonomia (117.000-7)
 17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros
 que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados
 ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário,
 aos equipamentos e às condições ambientais do posto de
 trabalho e à própria organização do trabalho.
 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às
 características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador
 realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar,
 no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta
 Norma Regulamentadora.
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Manual de Aplicação da Norma
Regulamentadora Nº 1
-Ministério do Trabalho-2002
Pagina 12.
17.1. Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parâmetros
 que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
 eficiente.
A palavra parâmetros criou uma falsa expectativa de que seriam
fornecidos valores precisos, normatizando toda e qualquer situação
de trabalho. 
Apenas para entrada eletrônica de dados, é que há referência a números precisos. No entanto, os resultados dos estudos realizados no Brasil e no exterior devem ser utilizados nas transformações das condições de trabalho de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
*
Literatura Recomendadada
	Santos, N ;Fialho. F.Manual da Analise Ergonômica do Trabalho. Genesis. 1997.
	http://www.cdc.gov/niosh/mining/topics/ergonomics/taskanalysis/taskanalysis.htm
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