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RESUMO Hipotireoidismo A glândula da tireoide, situada no pescoço, na parte anterior, pesa em média de 20, 25 gramas, possui a forma de borboleta. A glândula é dividida em lóbulo esquerdo e direito, a parte central é considerada como istmo. A tireoide é uma glândula alveolar, ou seja, temos uma camada epitelial de células e dentro das células, uma região colóide, na qual são produzidos os hormônios tireoidianos. Ela pode ser afetada por diversas doenças, tais como: a doença de Graves e outras que levam a sua hiperfunção, e outras que levam a hipofunção da glândula, como o hipotireoidismo. O hipotireoidismo é caracterizado por uma quantidade insuficiente de hormônios tireoidianos circulantes, afetando a regulação de diversos processos metabólicos. De acordo com Taylor et al (2018), a incidência desta doença é de 2% a nível mundial, afetando principalmente às mulheres adultas. No Brasil, a prevalência é de 4,20%, afetando, principalmente, o gênero feminino também. 1. MECANISMO NORMAL DA TIREOIDE: O eixo que regula a síntese dos hormônios tireoidianos é o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide ou hipotalâmico-hipofisário-tireoidiano. A regulação desta glândula inicia no cérebro, no núcleo paraventricular do hipotálamo, no qual é liberado o tripeptídeo TRH, que é direcionado para a adeno-hipófise, ligando-se ao receptor. Ao se ligar ao receptor, o receptor acoplado a proteína G, um segundo mensageiro. Na adeno-hipófise, vai estimular a liberação do hormônio tireoestimulante, o TSH. O TSH possui diversas funções, dentre RESUMO elas, a principal é favorecer a síntese de hormônios tireoidianos, T4 e T3, pela glândula tireoide, por meio de diversas funções. O TSH produzido na adeno-hipófise é direcionado para a tireoide, liga-se ao receptor e estimula a quantidade de proteínas envolvidas na síntese de hormônios tireoidianos e também dos transportadores de iodo. Ao consumir iodo, consumimos na forma do íon iodeto, por meio da alimentação, 80% do iodo é direcionado para os rins e 20% fica na tireoide. Como é uma glândula alveolar, temos células foliculares e a região coloide, na qual são sintetizados os hormônios tireoidianos. De que forma o iodeto entra para a célula folicular? O iodeto entra na célula folicular por meio de um simportador, o simportador sódio-iodeto (2NA+/I-). Ao entrar uma molécula de iodeto, entram duas moléculas de sódio, ou seja, o iodeto entra na membrana basolateral pelo simportador sódio-iodeto. Já para a entrada na membrana apical, há um canal de iodeto, uma proteína transportadora que facilita a entrada do iodeto para a região coloide, na qual há síntese dos hormônios. RESUMO Porém, a quantidade de sódio intracelular, é corrigida com a quantidade de potássio, visando o equilíbrio, pela bomba sódio-potássio ATPase (3Na+/2K+ ATPase), voltando 3 moléculas de sódio e entrando 2 moléculas de potássio, reduzindo a quantidade de sódio intracelular. Ou seja, o iodeto entra para a célula folicular pelo transportador e é direcionado ao coloide pelo canal para atuar na síntese dos hormônios tireoidianos. 2. FORMAÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS A formação dos hormônios: A enzima TPO, tireoperoxidase ou peroxidase tireoidiana, possui diversas funções, dentre elas, transformar o iodeto em iodo, necessário para a síntese hormonal. Após isto, o iodo passará pelo processo de iodação, entrando para a molécula de tireoglobulina. RESUMO A tireoglobulina é como se fosse um arcabouço, no qual serão formadas as moléculas de T3 e T4. A molécula de tireoglobulina é composta por diversas subunidades do aminoácido tirosina, proveniente da dieta. Para a iodação da tirosina, requer a enzima TPO e o radical livre H2O2, formando a monoiodotironina (MIT) e a diiodotironina (DIT). O iodo liga-se a molécula de tirosina na tireoglobulina, acontecendo principalmente no carbono 3 e no carbono 5, sendo que a TPO coloca o iodo na molécula de tirosina, sendo dependente de H2O2 e formando o MIT e o DIT. E a formação do T3 e do T4? Uma molécula de MIT e uma de DIT formam o T3. Duas moléculas de DIT formam o T4. RESUMO O acoplamento dessas moléculas é realizado pela tireoperoxidase, a TPO e depende do radical livre H2O2, formando T4, T3 e T3 Reverso. Estes hormônios ainda estão na tireoglobulina, o arcabouço para a formação dos hormônios tireoidianos. A tireoglobulina, após sofrer o processo de iodação, sofre o processo de pinocitose. A molécula de tireoglobulina, repleta de T3 e T4, sofre a ação de enzimas lisossômicas, liberando o T4 e o T3. A classe de enzimas deiodinases, sendo a deiodinase do tipo 1 (D1), do tipo 2 (D2) e do tipo 3 (D3). Normalmente, alguns tecidos e órgãos, expressam maior quantidade de um tipo de deiodinase. Na célula folicular, 10% do T4 é convertido em T3. O processo de deiodação é realizado pela D1 e D2, principalmente a D2. Os hormônios tireoidianos possuem o arcabouço na tireoglobulina, a tireoide possui uma reserva de T3 e T4 para até 2 meses. O iodo sofre ação da iodotirosina-deiodinase, que retira o iodo da tireoglobulina e direciona-o para a região coloide. Após isto, o T4 e o T3 precisam sair da célula folicular para cumprirem suas respectivas funções. Os hormônios saem da célula folicular por meio do transportador MCT8, um transportador monocarboxílico 8, sendo direcionados para a circulacao sanguínea. A ação dos hormônios tireoidianos: RESUMO Os hormônios, de forma geral, não circulam em grandes concentrações livres. O T3 e o T4 se deslocam para a corrente sanguínea, sendo 99% destes hormônios carreados pelas suas proteínas transportadoras, sintetizadas pelo fígado. Estas proteínas que se ligam aos hormônios, tais como a SHBG, a proteína ligadora de hormônios sexuais, a CBG que se liga ao cortisol e a TBG, globulina de ligação à tiroxina, sendo a proteína carreadora de hormônios tireoidianos. Além desta, a transtiretina e a albumina, em menor fração também se ligam aos hormônios tireoidianos. Vale ressaltar que os estrogênios, normalmente, estimulam o aumento da síntese destas proteínas pelo fígado. Já os andrógenos, reduzem a síntese delas pelo fígado. Portanto, por exemplo, uma mulher na menopausa, com grande queda dos estrogênios, pode ter uma queda das concentrações de TBG. O mecanismo de ação dos hormônios à nível celular O T3 e o T4 entram para a célula pelo transportador MCT8, sendo que grande parte deste T4 já é convertido em T3, pelas deiodinases D1 e D2. O T4 também pode ser convertido em T3 reverso pela D3 ou D1. O T3 reverso, normalmente, aumenta em períodos de estresse, de privação calórica e/ou de carboidratos. O T3 pode ser convertido pela D1 e D3 para T2. Sendo que a literatura demonstra algumas funções do T2. O T3 reverso também é convertido em T2, pela D1 e D2. RESUMO O T3 é 15 vezes mais forte do que o T4, sendo que a tireoide libera 80% de T4 e 20% de T3, sendo que boa parte do T4 será convertido em T3 pela ação das deiodinases, as enzimas que convertem um hormônio em outro. Além disso, o T3 possui maior afinidade pelo núcleo do que o T4, sendo a principal ação do T3, o qual se liga ao receptor nuclear, o TR, receptor tireoidiano, e a um ligante de receptor, o retinol X (RXR), sendo que ambos se ligam ao TRE, um elemento de resposta tireoidiana, aumentando a síntese de RNA mensageiro (mRNA), para expressar algumas proteínas que são expressas, quando o hormônio tireoidiano liga- se ao seu receptor nuclear. RESUMO Principais funções dos hormônios tireoidianos: O controle da liberação de hormônios tireoidianos é realizado por feedback negativo, do eixo hipotálamo-hipófise-tireoidiano, com a liberação de TRH, TSH, T4 e T3. O T3, principalmente o T3 hipotalâmico, é o principal fator para realizar o feedback negativo com o hipotálamo, reduzindo as concentrações de TSH. Porém, se há diminuição de T3, há aumento do TRH.Ou seja, requer a formação de mais hormônios tireoidianos. No núcleo paraventricular, a leptina estimula a fosforilação do fator transcricional STAT3, aumentando a liberação de TRH. Por isso, com a redução das concentrações calóricas da alimentação, com uma queda rápida de tecido adiposo, por exemplo, que haverá uma queda da leptina, pode ser um fator negativo para a função tireoidiana. No núcleo ventromedial (VHM), em maiores concentrações de T3, há aumento da síntese de ácidos graxos (FAS) e redução da ativação de AMPK. A AMPK é um sensor metabólico, sendo que na redução da quantidade de energia na célula, há aumento da AMPK. Com a redução do AMPK, há um estímulo do Sistema Nervoso Central, estimulando o aumento da expressão de receptores beta 3 (B3- AR) no tecido adiposo marrom, aumentando as concentrações de T3 nas RESUMO células do tecido adiposo marrom, estimulando o aumento das proteínas desacopladoras, a UCP1, e a redução de peso. Além disto, a ativação do receptor TGR5 aumenta a atividade da D2, aumentando o T3 dentro da célula, aumentando as concentrações de UCP1 e reduzindo o peso. Este estímulo não ocorre apenas no tecido adiposo marrom, ocorre também no tecido adiposo branco. O Sistema Nervoso Central aumenta as concentrações de receptores beta 1 e beta 2 adrenérgicos (B1,2-AR), aumentando as concentrações de T3 no tecido adiposo branco, estimulando o aumento de catecolaminas locais, estimulando o aumento da lipólise, a quebra da gordura, e favorecendo a redução do peso. No fígado, os hormônios tireoidianos controlam a síntese de colesterol através dos receptores de LDL (LDL-R) e de enzimas formadoras de colesterol (CYP7a1). E, ainda, os ácidos graxos presentes no fígado, controlam a liberação de ácidos biliares. Os ácidos biliares, por sua vez, se ligam aos receptores TGR5, receptor presente na membrana, associado a uma proteína G, como o próprio nome diz, que estimula, principalmente, a ação da D2. O que também ocorre no músculo. No músculo, os ácidos biliares ligam-se aos receptores TGR5, estimulando o aumento da D2, que converte o T4 em T3, gerando um aumento no músculo da myoD, um fator de proliferação e diferenciação da célula muscular, um aumento da MHC, a cabeça pesada de miosina e um aumento da SERCA, do retículo endoplasmático cálcio, que estimula a síntese de energia no músculo, ou seja, um maior gasto energético com o aumento dos hormônios tireoidianos. No pâncreas, a conversão de T4 em T3, estimula o MAFA, um fator transcricional relacionado a maturação das células beta, e a proliferação das células beta relacionadas a produção da insulina. Os hormônios tireoidianos também estão relacionados com a função pancreática. Todas estas funções dependem, principalmente, da deiodinase do tipo 2 (D2). As deiodinases estão expressas em todo o corpo. Por exemplo, a D1 está presente, principalmente, nos rins e fígado. A D2 está presente no cérebro, hipófise, músculo esquelético, músculo cardíaco, placenta, tecido adiposo marrom. A D3 na placenta, no útero gravídico e no Sistema Nervoso Central. RESUMO 3. HIPOTIREOIDISMO Temos o hipotireoidismo primário e secundário. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO O hipotireoidismo primário é responsável por 95% dos casos e consiste em uma doença da glândula tireoide, esta associado a alterações no tamanho da glândula. Normalmente, em uma doença autoimune, há diminuição do tamanho da glândula. Já no bócio, caracterizado pela deficiência de iodo, há aumento da glândula tireoide. Tireoidite de Hashimoto: A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada por um infiltrado inflamatório, o leucocitário, que substitui o parênquima e induz o aumento da tireoide, levando a fibrose da glândula, podendo gerar nódulos na glândula. RESUMO Trata-se de um distúrbio genético e imunológico, ou seja, é originado pelos genes e envolve o sistema imunológico. Uma das principais características dessa doença, é a ativação dos linfócitos TCD4, o qual estimula a ativação das células B e a ativação das células TCD8. Os linfócitos B se diferenciam em plasmócitos, os quais formam anticorpos contra a própria glândula da tireoide, induzindo uma autoimunidade. Estes anticorpos pode, por exemplo, impedir que o TSH se ligue ao seu receptor, podendo destruir as proteínas da tireoide, como a tireoperoxidase tireoidiana, podendo levar a necrose da célula. Por outro lado, os linfócitos TCD8 se diferenciam em linfócitos T citotóxicos podendo estimular a apoptose destas células. Se há apoptose, a morte celular, da célula que produz o hormônio tireoidiano, haverá um quadro de hipotireoidismo, da hipofunção da glândula, com a redução das concentrações dos hormônios tireoidianos, visto que as células estão sofrendo o processo de apoptose, morrendo. Apoptose da célula da tireoide: Na célula T citotóxica temos a liberação de duas enzimas, as granzinas e a perforinas. As perforinas perfuram a membrana em diversos pontos, facilitando a morte celular. As granzinas atuam em diversos mecanismos de ação para induzir a apoptose, esta enzima requer o receptor manose-6-fosfato/fator de crescimento II receptor, o Man-6- P/IGF II R, para entrar na célula da tireoide. Ao entrar na célula, atua em diversas vias para promover a apoptose, uma delas é a ativação da RESUMO proteína apoptótica, a BID, a qual vai retirar o citocromo C da mitocôndria, fazendo com que o citocromo C ligue-se a CASPASE-9 e o fator ativador de apoptose, o APAF-1. Os 3 juntos irão formar uma molécula de maior peso molecular e receber o estímulo da CASPASE-3. Além disso, as granzinas podem estimular as CASPASES-8 que também estimulam as CASPASES-3, estimulando as CASPASES-9. O efeito da apoptose é realizado pelas CASPASES-3, as quais ligam-se aos substratos apoptóticos, induzindo a morte celular programada. Outro mecanismo de ação, seria que a célula T citotóxica expressa alguns ligantes, com o CD178 e o CD95, os quais se ligam ao receptor da célula da tireoide TRAIL, o receptor da morte, pois ela expressa um receptor que ao ligar-se ao ligante induz a apoptose da célula. Quando o CD178 e CD95 ligam-se ao receptor TRAIL a caspase-8 fica livre, ativa alguns fatores indutores de apoptose, como o CER, o BID e o GD3, estimula a caspase-9, o citocromo C e o APAF-1, ativando a caspase-3, que liga-se a substratos apoptóticos e gera a apoptose. RESUMO HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO: O hipotireoidismo secundário é um distúrbio na alça longa ou na alça curta, ou seja, na adeno-hipófise ou no hipotálamo. Caracterizado pela redução na liberação do TSH com baixa estimulação do receptor de TSH. Sendo as possíveis causas: 4. QUADRO CLÍNICO O quadro clínico do paciente depende de há quanto tempo ele possui a doença. Se for um hipotireoidismo agudo, os sintomas são mais brandos e no caso crônicos, os sintomas são mais agravados. RESUMO O cabelo (queda), a pele (seca e áspera) e a unha (quebradiça) são alguns dos primeiros sinais do hipotireoidismo. A constipação e o fluxo menstrual anormal também são bem comuns. A intolerância ao frio é menos comum, já a voz rouca, letargia e cansaço são mais comuns também. Este quadro clínico representa o início da doença. No hipotireoidismo crônico, há lentidão da função mental, fala lenta, comprometimento da memória, edema periorbitário, redução da frequência cardíaca e do débito cardíaco, dentre outros sintomas que demonstram o comprometimento de diversos órgãos e sistemas. Em relação ao aumento da adiposidade visceral: RESUMO O nutricionista visa reduzir o acúmulo de gordura visceral característico do hipotireoidismo, sendo que quanto pior o grau do hipotireoidismo, maior o acúmulo de gordura visceral. O paciente com acúmulo de gordura visceral, possui um quadro clínico mais inflamado, RESUMO com maior liberação de TNF-alfa, IL-6, possivelmente,alteração na sensibilidade à insulina, alteração à nível de microbioma intestinal. Portanto, além da conduta específica para tireoide, sua intervenção deve visar reduzir o peso, a gordura visceral e o processo inflamatório. Além disso, evitar outros fatores que favoreçam o acúmulo de gordura visceral, como a privação de sono. As mulheres, quando entram na menopausa, possuem queda nos estrogênios, sendo que este hormônio protege a mulher do acúmulo de gordura visceral. Com a queda do estrogênio, aumenta o acúmulo de gordura visceral. A mulher com hipotireoidismo, entrando na menopausa e, ainda, sedentária, todo este quadro caracteriza diversos fatores para o acúmulo da gordura visceral, extremamente pró-inflamatória. 5. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS Em relação aos exames laboratoriais: Para avaliar a tireoide com preciso, gosto de analisar os exames em quartis, em 3 fases. O TSH para a normalidade, está entre 0,5 e 4,5 mU/L, uma distância muito grande. Por exemplo, se o paciente chegou na 1° consulta com o TSH de 0,5 mU/L e agora está com 2,5 mU/L, o TSH RESUMO aumentou 400%, ou seja, muito significativo! Clinicamente, foi uma alteração extremamente significativa, não avalie apenas as extremidades dos exames laboratoriais. No hipotireoidismo subclínico, o TSH entre 4,5 e 9,9 mU/L apresenta um grau leve de hipotireoidismo subclínico e o TSH maior que 10 mU/L, o grau grave. Ainda, o TSH elevado de 6,809 uUI/mL e o T4 de 5,0 ug/dL, praticamente dentro da normalidade. O T3, praticamente na normalidade, um pouco reduzido, o mesmo para o T3 livre. RESUMO Já o hipotireoidismo primário é caracterizado pelo TSH elevado, de forma persistente, o T4 livre baixo ou dentro do normal, principalmente se o paciente fizer uso da levotiroxina. Na Tireoidite de Hashimoto: RESUMO Por ser uma doença autoimune, o corpo estimula anticorpos relacionados a tireoglobulina e peroxidase (anti-TG e anti-TPO). No hipotireoidismo secundário, como o problema normalmente é nível de hipotálamo ou adeno-hipófise, o TSH costuma ser baixo, normal ou levemente elevado e o T4 livre baixo. 5. COMO TRATAR O HIPOTIREOIDISMO? RESUMO Fármacos: Levotiroxina: RESUMO Alguns fatores atrapalham a biodisponibilidade deste fármaco. Visto que muitos clínicos aumentam a dose sem analisar todo o contexto, sendo prejudicial ao paciente. O ideal é que funcione o mais normal possível com a dose mais baixa possível. Quanto a sua absorção, o horário de administração costuma ser 30 a 60 minutos antes de dormir, porém há protocolo de administração entre 3 a horas após o jantar, o benefício deste protocolo seria, também, manter o pico hormonal fisiológico, de acordo com o ciclo circadiano. Alguns fatores atrapalham a absorção do medicamento. Os pacientes com Tireoidite de Hashimoto tem maior probabilidade para doenças relacionados ao glúten, portanto, requer analisar sintomas clínicos e avaliar exames, tais como, anti-endomisio, anti- transglutaminase, dentre outros, para avaliar a tolerância ao glúten. Se necessário, reduza gradualmente a exposição do paciente ao glúten. RESUMO No caso da gastrite atrófica, há aumento do pH e redução da absorção da levotiroxina, além da inflamação presente. A infecção por H. pylori também altera a absorção do medicamento, portanto, necessita de maior quantidade para a mesma absorção. Os pacientes vegetarianos e intolerantes à lactose, que consomem maior quantidade de soja, devemos nos atentar, visto que podem reduzir a absorção da levotiroxina. A co-ingestão com café pode atrapalhar a sua absorção. RESUMO Alguns fitoterápicos provenientes da "grapefruit" podem atrapalhar a absorção e eficácia do fármaco. Ao prolongar um pouco o tempo de jejum e administrar o medicamento junto com a vitamina C, visto que a vitamina acidifica o meio, favorecendo maior absorção do fármaco. Em um estudo, os pacientes estavam com o TSH de 9,01 mlU/L e após a administração do fármaco com a vitamina C, reduziu para 2,27 mlU/L. RESUMO Os sais de cálcio, presentes em diversos alimentos, podem reduzir em 20-25% a absorção de LT4. O uso de LT4 deve ocorrer 2 horas antes da administração de preparações contendo carbonato de cálcio. Na deficiência de ferro ou anemia ferropriva, há necessidade de suplementar o sulfato ferroso, que pode reduzir a absorção de LT4. Portanto, recomenda-se administrar em diferentes turnos. A levotiroxina possui sua absorção facilitada em meio ácido, portanto, qualquer composto com ação anti-ácida, afeta a sua absorção. Visto que alcaliniza o meio estomacal e aumenta o tempo de dissolução, reduzindo a absorção da levotiroxina com os inibidores de bomba de prótons, além de outros efeitos colaterais. E como esses problemas são amenizados? A dose padrão é entre 1,6 a 1,8 mcg/kg/dia de LT4, podendo ser administradas em diferentes formas. Sendo que os líquidos e as cápsulas em gel aparentam tem maior biodisponibilidade, tendo melhor absorção. RESUMO Organograma para soluções, de acordo com Virili (2016): Sendo uma solução aos pacientes que: RESUMO Mecanismo de ação da levotiroxina: O comprimido de levotiroxina entra na corrente sanguínea através do T4 e entra pelo receptor MCT8. O T4 será convertido em T3reverso ou em T3, o T3 liga-se aos receptores locais, realizando suas ações. Mas será que só o tratamento com LT4 é suficiente? Muitos pacientes estão utilizando doses de T3 também, podendo ocasionar efeitos colaterais. Ao utilizar o T3 para tentar controlar a sintomatologia e os níveis de TSH, a relação de 16 a 18 partes de T4 para 1 RESUMO parte de T3, sendo que na prática clínica são vistas doses muito maiores de T3, ocasionando em diversos efeitos colaterais. E quais são os efeitos colaterais? RESUMO RESUMO RESUMO Lugol: Como é este mecanismo? RESUMO A solução de lugol fornece elevada concentração de iodo. Com a quantidade elevada de iodo, ocorre adaptação negativa em relação a tireoperoxidase, reduzindo suas concentrações. A tireoperoxidase é necessária para converter iodeto em iodo, para colocar a molécula de iodo nos carbonos 3 e 5 da molécula de tirosina da tireoglobulina. Também requer a tireoperoxidase quando possui o MIT e o DIT para formar os hormônios tireoidianos. Com o excesso de iodo, há redução da TPO, portanto, há redução na concentração dos hormônios tireoidianos. Quando a tireoide percebe que está há algumas semanas com excesso de iodo na região coloide, ela reduz o simportador sódio-iodeto, reduzindo a entrada de iodo na célula, desinibindo a tireoperoxidase, transformando o iodeto em iodo, realizando a iodação da tirosina, formando o MIT e o DIT, regulando os níveis de T3 e T4. RESUMO O uso do lugol não é recomendando pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Alimentação no paciente com hipotireoidismo: Conhecer a interação entre fármaco-nutriente, entre fármaco- fármaco, os fatores que reduzem a absorção da levotiroxina. Melhorar ou ao menos controlar o estado nutricional, evitar o acúmulo de gordura visceral, adequar a oferta de micronutrientes envolvidos na formação dos hormônios tireoidianos e na proteção da tireoide, melhorar os parâmetros bioquímicos e os sinais clínicos do paciente, adequar a quantidade calórica, dos macronutrientes e melhorar o microbioma intestinal. O artigo, de 1.980, "Thyroid Hormone Homeostasis in States of Relative Caloric Deprivation" foi realizado com 26 voluntários obesos, com eutireoide entre 20% ou mais do peso ideal, demonstrou que as dietas hipocalóricas (o estudo foi divido em 3 grupos, sendo ofertadas de 200, 400 e 600 kcal/dia) reduziram os níveis de TSH. Visto que, o déficit calórico induz a redução da leptina, produzida pelo tecidoadiposo, reduzindo a síntese de TRH, TSH, T3 e T4. RESUMO No geral, houve redução significativa de T3, aumento do T3reverso e sem alterações no T4. A resposta média integrada do TSH ao TRH diminui aproximadamente em 50%, caracterizando o efeito poupador de calorias na privação energética, visando a sobrevivência, que desacelera o metabolismo do indivíduo. Pois há ativação do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal, sendo que no córtex da adrenal (subdividida em córtex e medula), ocorre a produção de cortisol, desta forma, há aumento do cortisol, que, também, reduz o TSH, tentando poupar calorias por perceber o estresse fisiológico imposto ao organismo. Ainda, há redução da leptina, que também estimula a redução do TSH. Esta privação calórica também ocorre no eixo hipotálamo-hipófise- gonadal, tanto testicular quando ovariano. Microbioma intestinal e a tireoide: Pacientes com hipotireoidismo possuem níveis elevados de ácidos biliares secundários e supercrescimento bacteriano no intestino delgado. RESUMO Estes ácidos regulam a liberação da D2 no intestino, a qual pode ser inibida por LPS, a qual também pode inibir a D1 hepática e inibir a expressão do receptor tireoidiano no fígado. Ainda, o pH do estômago está mais alto, mais alcalino, há redução da motilidade gástrica, desta forma, o crescimento bacteriano estará excessivo, visto que o pH ácido possui ação bactericida. Portanto, requer doses mais altas de LT4. Primeiro regular o consumo de fibras, antes dos probióticos. Este processo, normalmente, ocorre antes da menopausa ou no período de perimenopausa. RESUMO Os estrógenos são metabolizados enzimas beta-glucuronidases, que desconjugam os estrógenos, de forma que possa ser utilizado novamente. Na menopausa, há aumento da relação estrôgenio:progesterona, portanto, se a microbiota não estiver saudável, a mulher não terá níveis circulantes suficientes das concentrações de estrogênio. Fatores que influenciam o microbioma: Diversos estudos analisam a relação dos micronutrientes com o hipotireoidismo, demonstrando diversos benefícios no tratamento. RESUMO Analisar os marcadores de ferro (ferro sérico, ferritina, capacidade total de ligação), visto que é mineral que estimula a TPO, uma heme- proteína, ou seja, o grupamento heme possui ferro, vitamina B6, riboflavina, biotina, zinco e cobre em sua formação. Para ótimos níveis de tireoperoxidase, requer ótimas concentrações destes minerais e vitaminas. O selênio é essencial para a tireoide, muitas enzimas da tireoide são selenoproteínas e precisam de selênio em sua composição, como as deiodinases e a glutationa peroxidase. A coenzima Q10 estimula a síntese de ATP e melhora sua perfusão, além da ação antioxidante. O grupo heme do ferro participa do processo de respiração mitocondrial. Os SREBPs são fatores transcricionais presentes na membrana que ativam os genes relacionados a síntese de colesterol, e, também, possuem ações relacionados ao aumento da expressão de tireoglobulina e do simportador sódio-iodeto, assim como da formação de peroxidase. O magnésio está envolvido na perfusão da tireoide, no complexo II, III e IV da respiração mitocondrial e na síntese de simportador sódio- iodeto. O iodo também é fundamental para a síntese dos hormônios, não requer a suplementação, mas a adequação das doses. Esta meta-análise analisou a relação da vitamina D na autoimune. Sendo que os indivíduos com a doença apresentavam níveis mais baixos de vitamina D, podendo ser por diversos motivos, como a baixa RESUMO exposição ao Sol, redução do nível calórico, o corpo necessitando de maiores doses da vitamina D, enfim. A vitamina D: A vitamina D é fundamental para o sistema imunológico, visto que atua na imunidade inata, menos específica ao antígeno e combate de forma mais rápida em 48 horas, sendo que, se não houver necessidade, não ativa a imunidade adquirida, que é mais específica. Esta vitamina potencializa a ação da imunidade inata aumentando a atividade antimicrobiana de fagócitos, que aumentam a produção de CAMP e defensina B2 e, também, aumentando a tolerância imunológica, reduzindo a apresentação de antígenos via MHC2. RESUMO Ainda, há aumento do clearance de patógenos, aumentando a quimiotaxia e a fagocitose. Também aumenta a prevenção as infecções, pela formação de NETS, que são redes de neutrófilos que aumentam a imunidade inata. Em relação a imunidade adaptativa, reduz a expressão de citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6 e o TNF-alfa, também induz a diferenciação dos linfócitos TREG, aumentando IL-10 e TGF-B1, citocinas anti- inflamatórias. Há também apoptose das células B (que normalmente, se transformam em plasmócitos e aumentam a produção de anticorpos), induzindo a redução da produção da anticorpos. Na doença de Hashimoto há aumento da atividade do linfócito T citotóxico induzido pela atividade do linfócito TCD4. A vitamina D também atuam reduzindo a atividade T citotóxica, portanto, com efeito imunomodulador e reduzindo a expressão de Fasl, reduzindo o processo de apoptose. Há também regulação na diferenciação de linfócito CD4 aumentando a relação Th1/Th2, aumentando citocinas anti-inflamatórias e reduzindo as pró-inflamatórias. Em relação à ação da vitamina D na Hashimoto, caracterizada pela infiltração de células inflamatórias. A vitamina reduz a produção destas citocinas pró-inflamatórias, atua na regulação do Th2 e na produção de citocinas anti-inflamatórias. RESUMO Na Hashimoto há também infiltração de clones nas células B, aumentando a produção de anti-TPO, anti-tireoglobulina, anticorpos que vão destruir a função da tireoide. A vitamina D aumenta a apoptose das células B e reduz a expressão de autoanticorpos em relação a tireoide. Selênio e Zinco: RESUMO Quanto à suplemenetação de selênio, um elemento traço, presente em altas concentrações na tireoide. O TSH se liga ao receptor de TSH (TSHR) ativando proteínas G nas subunidades Gs e Gq ativando uma via pela PKC e outra via pelo AMPc e pela PKA, aumentando a produção de diversos radicais livres para a síntese de hormônios tireoidianos, que também gera estresse oxidativo na célula da tireoide. O SBP2 é um elemento de resposta a ação às selenoproteínas, o qual é inibido por citocinas pró-inflamatórias e estimulado por altas concentrações de selênio. A glutationa atua, principalmente, em relação ao racional livre H2O2, impedindo a sua ação pró-oxidante e controlando o estresse oxidativo na tireoide. RESUMO Ainda, se houver deficiência de selênio, há baixa ativação de macrófagos e células dendríticas, células de defesa, e aumento das respostas de Th1, aumentando a liberação de citocinas pró-inflamatórias e redução dos linfócitos TREG, os quais possuem ação anti-inflamatória. Zinco: Elemento traço que participa de mais de 300 reações enzimáticas. Em relação às suas funções endócrinas, é essencial para a transcrição de genes que envolve a síntese de hormônios tireoidianos. Também é necessário para a síntese da enzima deiodinase do tipo 2 que converte T4 em T3. RESUMO RESUMO L-carnitina: O que é a L-carnitina: RESUMO A L-carnitina aumenta as concentrações de carnitina. Os ácidos graxos precisam ser ativados para serem oxidados, eles são ativados na forma de acil-CoA. Ele precisa da carnitina para entrar na membrana, essa ligação ocorre pela carnitina palmitoil transferase I (CPT I), que forma a acil-carnitina. Quando a acil-carnitina passa pelo citosol, a carnitina palmitoil transferase II (CPT II), desfaz este agrupamento da carnitina com o acil-CoA, a carnitina volta para o citosol e o acil-Coa está pronto para sofrer o processo de oxidação. Teoricamente, a L-carnitina melhora o processo de utilização e geração de energia. Ao analisar este estudo sobre a açãoda L-carnitina em pacientes com hipotireoidismo em tratamento com a levotiroxina. RESUMO Os pacientes com scores de fadiga física e mental tiveram melhores números nos indivíduos < 50 anos e naqueles com T3 livre ≥4,0 pg/mL. Possivelmente, pela maior capacidade em usar gordura no processo de geração de energia. Magnésio: As baixas concentrações de magnésio estão associadas ao aumento do risco da produção de anticorpos contra a tireoide, como a anti- tireoglobulina, característica da Tireoidite de Hashimoto, buscando compreender a relação entre níveis baixos de magnésio, a doença autoimune e a função tireoidiana, sendo um estudo com 1.257 participantes. RESUMO Qual a relação entre o magnésio e a tireoide? RESUMO O magnésio baixo pode gerar fadiga no músculo esquelético, redução da tolerância ao exercício e aumento das dores musculares. Também é importante para a formação de ATP, principalmente no complexo V da mitocôndria, está relacionado com a ansiedade, cognição e emoção também. Ainda, pode gerar alterações tróficas. Mas e a sua função na tireoide? A deficiência de magnésio reduz a captação de iodo, pela redução no simportador sódio-iodeto. Ainda, há redução na formação de ATP pela tireoide, reduzindo a função tireoidiana e aumentando o risco do desenvolvimento de doenças autoimunes. Alguns fatores estressores que são relacionados aos níveis de magnésio. A lesão muscular também aumenta a necessidade magnésio, é fundamental para a síntese de ATP, principalmente nos complexos I e IV na mitocôndria, também está relacionado às concentrações de iodo, sendo fundamental para a função tireoidiana e para a função mitocondrial da tireoide. RESUMO Nigella sativa: Um fitoterápico que os estudos demonstram ser eficaz para o controle glicêmico, redução de gordura corporal, controle de gordura visceral e, também melhorando a função da tireoide. O estudo analisa o fator endotelial VEGF, a nesfatina-1 e relação com pacientes com hipotireoidismo. RESUMO A ação possui ação antioxidante, anti-inflamatória e imunomoduladora. RESUMO E seu mecanismo de ação? A principal substância com estes efeitos na planta medicinal é a "thymoquinona" que gera redução do TSH, aumento do T3, redução do VEGF, redução dos receptores de FLT-1, reduzindo o processo inflamatório. Com isso, há aumento da lipólise e redução da lipogênese, por isso está associada à redução de peso e da ingestão alimentar. Ainda, possui ação antioxidante e anti-inflamatória, aumentando heme- oxigenase, reduzindo a COX-2 e, também, reduz a resistência à insulina, inflamação e o estresse oxidativo, sendo extremamente benéfico em pacientes com Tireoidite de Hashimoto. Primeiro, faça uma ótima anamnese do paciente. Entenda como começou a doença, há quanto tempo, com quais sintomas, qual o desenvolvimento da doença, analise os parâmetros bioquímicos, como TSH, T3, T4, T3 livre, T4 livre, status da vitamina D, ferro, ferritina, hemoglobina, zinco, magnésio, dentre tantos outros. O que houve necessidade de suplementar, use a forma mais biodisponível. Trate o paciente de forma holística. RESUMO
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