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NUTRIÇÃO ENTERAL Rodrigo Silveira Conteúdo programático 1. Conceitos e Legislação; 2. Indicações e Contra-indicações; 3. Vias de acesso e Administração; 4. Fórmulas Enterais; 5. Substratos em NE; 6. Complicações; 7. Alta hospitalar com nutrição enteral; 8. Nutrição Enteral Precoce/Paciente Grave. Nutrição Enteral Nutrição Enteral Conceitos e legislação ANVISA, RDC, nº63 de 6 de julho de 2000. Nutrição Enteral Nutrição Enteral (NE): alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. RDC, nº63 de 6 de julho de 2000. Nutrição Enteral NE Industrializada: NE na forma em pó ou líquida com prazo de validade determinado pelo fabricante. NE não Industrializada: NE de composição estimada, formulada e manipulada a partir de alimentos in natura e ou produtos alimentícios, sob prescrição dietética. Nutrição Enteral Nutrição Enteral Terapia de Nutrição Enteral (TNE): conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio de NE. Nutrição Enteral A TNE deve abranger obrigatoriamente as seguintes etapas: 1. Indicação e prescrição médica; 2. Prescrição dietética; 3. Preparação, conservação e armazenamento; 4. Transporte; 5. Administração; 6. Controle clínico laboratorial; 7. Avaliação final. Nutrição Enteral 1. Indicação O médico é responsável pela indicação da TNE. A indicação da TNE deve ser precedida da avaliação nutricional do paciente que deve ser repetida, no máximo, a cada 10 dias. São candidatos à TNE os pacientes que não satisfazem suas necessidades nutricionais com a alimentação convencional, mas que possuam a função do trato intestinal parcial ou totalmente íntegra. 2. Prescrição Médica da TNE O médico é responsável pela prescrição médica da TNE. Prescrição médica da Terapia de Nutrição Enteral - TNE: determinação das diretrizes, prescrição e conduta necessárias para a prática da TNE, baseadas no estado clínico nutricional do paciente. Nutrição Enteral 3. Prescrição dietética O nutricionista é responsável pela prescrição dietética da NE. Prescrição dietética da NE: determinação de nutrientes ou da composição de nutrientes da NE, mais adequada às necessidades específicas do paciente, de acordo com a prescrição médica. A prescrição dietética deve contemplar o tipo e a quantidade dos nutrientes requeridos pelo paciente, considerando seu estado mórbido, estado nutricional e necessidades nutricionais e condições do trato digestório. Nutrição Enteral 4. Preparação, conservação e armazenamento O nutricionista é responsável pela supervisão da preparação da NE. A preparação da NE envolve a avaliação da prescrição dietética, a manipulação, o controle de qualidade, a conservação e o transporte da NE e exige a responsabilidade e a supervisão direta do nutricionista, devendo ser realizada, obrigatoriamente, na UH ou EPBS, de acordo com as recomendações das BPPNE. A avaliação da prescrição dietética da NE quanto à sua adequação, concentração e compatibilidade físico-química de seus componentes e dosagem de administração, deve ser realizada pelo nutricionista antes do início da manipulação, compartilhada com o farmacêutico quando se fizer necessário. Nutrição Enteral 4. Preparação, conservação e armazenamento Qualquer alteração na prescrição dietética deve ser discutida com o nutricionista responsável por esta, que se reportará ao médico sempre que envolver a prescrição médica. Qualquer alteração na prescrição dietética deve ser registrada e comunicada à EMTN. Nutrição Enteral 4. Preparação, conservação e armazenamento A NE não industrializada deve ser administrada imediatamente após a sua manipulação. Para a NE industrializada devem ser consideradas as recomendações do fabricante. Nutrição Enteral 5. Transporte O transporte da NE deve obedecer a critérios estabelecidos nas normas de BPPNE; O nutricionista é responsável pela manutenção da qualidade da NE até a sua entrega ao profissional responsável pela administração e deve orientar e treinar os funcionários que realizam o seu transporte. Nutrição Enteral 6. Administração O enfermeiro é o responsável pela conservação após o recebimento da NE e pela sua administração. A administração da NE deve ser executada de forma a garantir ao paciente uma terapia segura e que permita a máxima eficácia, em relação aos custos, utilizando materiais e técnicas padronizadas, de acordo com as recomendações das BPANE. A NE é inviolável até o final de sua administração, não podendo ser transferida para outro tipo de recipiente. A necessidade excepcional de sua transferência para viabilizar a administração só pode ser feita após aprovação formal da EMTN. A via de administração da NE deve ser estabelecida pelo médico ou enfermeiro, por meio de técnica padronizada e conforme protocolo previamente estabelecido. A utilização da sonda de administração da NE não é exclusiva, podendo ser empregada para medicamentos e outras soluções quando necessário. Nutrição Enteral 7. Controle Clínico e Laboratorial O paciente submetido à TNE deve ser controlado quanto à eficácia do tratamento, efeitos adversos e alterações clínicas que possam indicar modificações da TNE. O controle do paciente em TNE deve ser realizado periodicamente e contemplar: ingressos de nutrientes, tratamentos farmacológicos concomitantes, sinais de intolerância à NE, alterações antropométricas, bioquímicas, hematológicas e hemodinâmicas, assim como modificações em órgãos, sistemas e suas funções. Qualquer alteração encontrada nas funções dos principais órgãos e as conseqüentes alterações na formulação ou via de administração da NE devem constar na história clínica do paciente. Nutrição Enteral 8. Avaliação Final Antes da interrupção da TNE o paciente deve ser avaliado em relação à: Capacidade de atender às suas necessidades nutricionais por alimentação convencional; Presença de complicações que ponham o paciente em risco nutricional e ou de vida e possibilidade de alcançar os objetivos propostos, conforme normas médicas e legais. Atribuições do Nutricionista Realizar a avaliação do estado nutricional do paciente, utilizando indicadores nutricionais subjetivos e objetivos, com base em protocolo pré- estabelecido, de forma a identificar o risco ou a deficiência nutricional Elaborar a prescrição dietética com base nas diretrizes estabelecidas na prescrição médica. Formular a NE estabelecendo a sua composição qualitativa e quantitativa, seu fracionamento segundo horários e formas de apresentação. Acompanhar a evolução nutricional do paciente em TNE, independente da via de administração, até alta nutricional estabelecida pela EMTN. Adequar a prescrição dietética, em consenso com o médico, com base na evolução nutricional e tolerância digestiva apresentadas pelo paciente. Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas à evolução nutricional do paciente. Orientar o paciente, a família ou o responsável legal, quanto à preparação e à utilização da NE prescrita para o período após a alta hospitalar; Utilizar técnicas pré-estabelecidas de preparação da NE que assegurem a manutenção das características organolépticas e a garantia microbiológicae bromatológica dentro de padrões recomendados na BPPNE ; Selecionar, adquirir, armazenar e distribuir, criteriosamente, os insumos necessários ao preparo da NE, bem como a NE industrializada; Qualificar fornecedores e assegurar que a entrega dos insumos e NE industrializada seja acompanhada do certificado de análise emitido pelo fabricante. Assegurar que os rótulos da NE apresentem, de maneira clara e precisa, todos os dizeres exigidos na RDC 63 de 6/7/2000. Assegurar a correta amostragem da NE preparada para análise microbiológica, segundo as BPPNE. Atribuições do Nutricionista Atender aos requisitos técnicos na manipulação da NE. Participar de estudos para o desenvolvimento de novas formulações de NE. Organizar e operacionalizar as áreas e atividades de preparação. Participar, promover e registrar as atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização de seus colaboradores, bem como para todos os profissionais envolvidos na preparação da NE. Fazer o registro, que pode ser informatizado, onde conste, no mínimo: a) data e hora da manipulação da NE; b) nome completo e registro do paciente; c) número sequencial da manipulação; d) número de doses manipuladas por prescrição; e) identificação (nome e registro) do médico e do manipulador; f) prazo de validade da NE. Desenvolver e atualizar regularmente as diretrizes e procedimentos relativos aos aspectos operacionais da preparação da NE. Supervisionar e promover auto-inspeção nas rotinas operacionais da preparação da NE Atribuições do Nutricionista Nutrição Enteral Indicações contra-indicações Nutrição Enteral Indicações Gerais da NE: Impossibilidade da V.O; Risco ou existência de desnutrição; Ingestão oral insuficiente (60 a 75%) das necessidades diárias; TGI total ou parcialmente funcionante; Condições para uso da NE: Previsão de uso (5 a 7 dias); Jejum em pacientes críticos (NE Precoce). Nutrição Enteral Indicações de TNE em Adultos Pacientes que não podem se alimentar • Inconsciência • Anorexia Nervosa • Lesões Orais • AVC • Neoplasias • Doenças desmielinizantes Pacientes com ingestão oral insuficiente • Trauma •Septicemia • Alcoolismo crônico • Depressão grave • Queimaduras Pacientes nos quais a alimentação comum produz dor ou desconforto. • Doença de Crhon • Colite ulcerativa • Carcinoma do TGI • Pancreatite • Quimioterapia e Radioterapia Pacientes com disfunção do TGI • Síndrome da má absorção • Fístula • Síndrome do intestino curto Nutrição Enteral Contra-indicações da TNE Doença terminal Síndrome do intestino curto Obstrução intestinal maciça ou pseudo obstrução Sangramento do TGI grave Vômitos incontroláveis Diarréia grave Íleo prolongado Fístulas de alto débito (>500 mL/dia) Colites graves Refluxo gastroesofágico intenso Pancreatite aguda grave Disfunções do TGI ou condições que requerem repouso intestinal Nutrição Enteral Vias de acesso Administração Nutrição Enteral Vias de Acesso em NE Nasogástrico; Nasoduodenal ; Nasojejunal; Gastrostomia; Jejunostomia; Faringostomia; Esofagostomia. Gastrostomia percutânea Nutrição Enteral Critérios para seleção da via de acesso: 1. Tempo de uso: < 4 semanas - SNE; > 4 semanas – Estomias; 2. Posicionamento da sonda: Velocidade de esvaziamento gástrico; Gastroparesia/inibidores de motilidade; Risco de aspiração pulmonar Nutrição enteral > 4 semanas Estomias Sonda Nasoenteral Sim Risco de aspiração pulmonar? Não Risco de aspiração pulmonar? Sim Não Decisão da via de acesso em NE Sim Não Jejunostomia Gastrostomia Nasoduodenal/ Nasojejunal Nasogástrica Nutrição Enteral Vantagens e desvantagens da localização gástrica e duodenal/jejunal Localização Gástrica Localização duodenal e jejunal Vantagens • Maior tolerância à fórmulas variadas (proteínas intactas, proteínas isoladas, aminoácidos cristalinos; • Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas; • Permite a progressão mais rápida para alcançar o valor calórico total ideal; • Possibilita a introdução de grandes volumes em curto tempo; • Fácil posicionamento da sonda. • Menor risco de aspiração; • Maior dificuldade de saída acidental da sonda; • Permite a NE quando a alimentação gástrica é inconveniente e inoportuna. Nutrição Enteral Localização Gástrica Localização duodenal e jejunal Desvantagens • Alto risco de aspiração em pacientes com dificuldades neuromotoras de deglutição; • A ocorrência de tosse, náuseas ou vômitos favorece a saída acidental de sonda nasoenteral • Risco de aspiração em pacientes que têm mobilidade gástrica alterada ou são alimentadas à noite; • Desalojamento acidental, podendo causar refluxo gástrico; • Requer dietas normo ou hipoosmolares Vantagens e desvantagens da localização gástrica e duodenal/jejunal Nutrição Enteral Métodos de Administração da NE Método Características Infusão em bolo ou bolus Injeção com seringa, 100 a 300 mL de dieta no estômago, de 3 a 6 horas, com intervalos de pelo menos três minutos entre cada infusão e mais tolerada se não exceder 60 mL/min precedida e seguida de irrigação da sonda enteral com 20 a 30mL de água potável. Infusão intermitente Volume de 100 a 300 mL de dieta administrada por gotejamento (60 a 150 mL/h) a cada 3 a 6h, precedida e seguida de irrigação da sonda com 20 a 30mL de água potável. Infusão contínua Geralmente em sistema fechado, a dieta corre por 24h com equipo de alta qualidade ou bomba de infusão Infusão cíclica Geralmente noturna, ministração de 25 a 125 mL/h, por 6 a 8 h, proporciona mais independência e tem pouca interferência na via oral dos pacientes que começaram a se alimentar. Nutrição Enteral Dose e velocidade de administração Localização gástrica Início: 100mL e aumentar em 24 a 48h; Infusão contínua – 25 a 30 mL/h/dia, progredir até 100 a 150 mL/h; Localização pós-pilórica Início: 50 mL/h, progredir de 25 a 50 mL/h/dia até atingir cota. Nutrição Enteral Fórmulas enterais Nutrição Enteral Seleção da fórmula Características da dieta: Complexidade dos nutrientes; Grau de digestibilidade e absorção; Presença de lactose; Osmolalidade/osmolaridade; Viscosidade; Densidade calórica; Facilidade de preparo; Estabilidade; Custo. Nutrição Enteral Seleção da fórmula Características do paciente: Integridade do TGI; Idade; Patologia; Situação metabólica; Restrição de volume; Requerimentos nutricionais; Disponibilidade da fórmula Custo/benefício da fórmula. Nutrição Enteral Classificação das fórmulas: 1. Quanto ao preparo; 2. Quanto à densidade calórica/mL de dieta; 3. Quanto à osmolalidade; 4. Quanto ao grau de complexidade dos nutrientes; Nutrição Enteral 1. Quanto ao preparo: Artesanais – alimentos in natura ou mesclas (naturais + módulos); Industrializadas em pó; Industrializadas líquidas semiprontas p/ uso; Industrializadas prontas p/ uso. Nutrição Enteral 2. Quanto a densidade calórica Categorização da Densidade calórica Valores da Densidade Calórica (Kcal/mL) Categorização da Fórmula Muito baixa <0,6 Acentuadamente hipocalórica Baixa 0,6-0,8 Hipocalórica Padrão (standard) 0,9-1,2 Normocalórica Alta 1,3-1,5 Hipercalórica Muito Alta >1,5 Acentuadamente hipercalórica Nutrição Enteral Densidade Calórica - Kcal/mL Qtde. de água (mL)/1000 mL de fórmula Qtde de água % 1,0 a 1,2 800-860 80-86 1,5 760-780 76-18 2,0 690-710 69-71 Conteúdo de água das fórmulas enterais segundo a densidade calórica Nutrição Enteral 3. Quanto a Osmolalidade CategorizaçãoValores de osmolalidade Hipotônica 280-300 Isotônica 300-350 Levemente hipertônica 350-550 Hipertônica 550-750 Acentuadamente hipertônica >750 Nutrição Enteral 4. Quanto ao grau de complexidade dos nutrientes Fórmula Caracteríticas Poliméricas • Indicação: ausência de necessidades metabólicas específicas e intolerâncias. • Palatáveis, facilmente absorvidas e de baixo custo • Osmolalidade : geralmente isotônicas • Densidade calórica: 1 a 2,0 kcal/mL • Proteína: 35 a 45g/L • Lipídeos: 30 a 35% do VCT. • Carboidratos: geralmente maltodextrina. Semi- elementar e elementar • Indicação: situações de absorção comprometida, DII, def. enzimática, trauma, cirurgia, pancreatite, atrofia intestinal. • Osmolalidade : elementar > semi-elementar >polimérica • Densidade calórica: 1,0 a 1,5 kcal/mL • Proteína: aa cristalinos, di e tripeptídeos. • Lipídeos: Reduzidos, maior proporção TCM • Carboidratos: maltodextrina , amido de milho. Nutrição Enteral Fórmulas especializadas Nutrição Enteral Fórmulas especializadas: Diabetes/intolerância à glicose; Doença hepática; Doenças renais; Doenças pulmonares; Imunomodulação. Nutrição Enteral Fórmula Caracteríticas Intolerância à glicose • Indicação: diabetes descompensada ou intolerância à glicose induzida pelo estresse ou à oferta de carboidratos convencionais. • Baixo teor de HC, rica em fibras e maior teor lipídico. • Osmolalidade (isotônicas): 375 mOsm/kg de água; • Densidade calórica: 1 kcal/mL • Proteína: 40 a 50g/L • Lipídeos: 45 a 50% do VCT. ω6:ω3 variável; • Carboidratos: geralmente polissacarídeos, 35% do VCT; • Fibras: 5 a 15g/1000 kcal. Doença Hepática • Indicação: Pacientes com doença hepática descompensada, encefalopatia hepática. • Osmolalidade : > 450 mOsm/kg de água; • Densidade calórica: 1,2 a 1,5 kcal/mL • Proteína: 40 a 46g/L (AACR) • Lipídeos: Reduzidos - má absorção (colestase, síntese biliar reduzida) • Carboidratos: maltodextrina e sacarose Nutrição Enteral Fórmula Caracteríticas Doença Renal • Indicação: minimizar complicações, como sobrecarga hídrica, uremia e níveis séricos elevados de eletrólitos e minerais. • Baixo teor de HC, rica em fibras e maior teor lipídico. • Osmolalidade: 635 a 700 mOsm/kg de água; • Densidade calórica: 2 kcal/mL • Proteína: 20 a 70g/L • Lipídeos: 21 a 45% do VCT. • Carboidratos: sacarose, maltodextrina, hidrolisados de milho. Doença Pulmonar • Indicação: Doença pulmonar de longa ou curta duração • Osmolalidade : 450 a 520 mOsm/kg de água; • Densidade calórica: 1,5 kcal/mL • Proteína: 63 a 70g/L (AACR) • Lipídeos: 40 a 55% do VCT. • Carboidratos: 40% do VCT, sacarose, maltodextrina, hidrolisados de milho. Nutrição Enteral Fórmula Caracteríticas Imunomoduladora • Indicação: câncer, AIDS, queimados ou qualquer outra condição que apresente imunossupressão. • Baixo teor de HC, rica em fibras e maior teor lipídico. • Osmolalidade: 375 a 480 mOsm/kg de água; • Densidade calórica: 1 a 1,5 kcal/mL • Proteína: 55 a 80g/L (arginina. glutamina, aminoácidos ramificados e nucleotídeos. • Lipídeos:ω3 • Carboidratos: maltodextrina. Nutrição Enteral Sistemas em NE: Nutrição Enteral em Sistema Aberto: NE que requer manipulação prévia à sua administração, para uso imediato ou atendendo à orientação do fabricante; Dietas líquidas prontas para uso (latas, vidros ou tetrapack®) ou pó (envelopes ou latas); Maior risco de contaminação; Tempo de administração – 4h a partir do envase; Nutrição Enteral Sistemas em NE: Nutrição Enteral em Sistema Fechado: NE industrializada, estéril, acondicionada em recipiente hermeticamente fechado e apropriado para conexão ao equipo de administração. Dietas líquidas prontas para uso (bolsas ou frascos de plástico ou vidro); Menor risco de contaminação; Tempo de administração : 24h a partir da instalação. Nutrição Enteral Substratos em NE Proteínas Lipídeos Carboidratos Fibras Insolúveis Fibras Solúveis Caseína Canola Maltodextrina Celulose Pectina Soja TCM Sacarose Hemicelulose Mucilagem Lactoalbumina Girassol Glicose Lignina Gomas Soro do leite Soja Maltose FOS Colágeno Óleo de milho Xarope de Milho Inulina Albumina Óleo de peixe Lactose L-aminoácidos Frutose Minerais: Atendem às recomendações para adultos sadios, exceto para Na e K; Vitaminas: Atendem às recomendações. Substratos em NE Nutrição Enteral Complicações Nutrição Enteral Complicações da NE: Gastrintestinais; Mecânicas; Metabólicas; Infecciosas; Respiratórias; Psicológicas. Nutrição Enteral Complicações Gastrintestinais Problema Possível causa Náuseas e Vômitos 1. Retenção gástrica: gastroparesia diabética, gastroparesia associada a trauma, sepse e manipulaçao peritoneal; 2. Rápida infusão ou fórmulas hiperosmolares; 3. Fórmulas hiperlipídicas; 4. Intolerância à lactose. Distensão abdominal, cólicas, empachamento 1. Rápida infusão intermitente ou em bolus da dieta; 2. Diminuição do esvaziamento gástrico e/ou gastroparesia. 3. Má absorção; 4. Rápida infusão de gordura. Esvaziamento gástrico retardado 1. Retenção gástrica e cirurgias; 2. Medicamentos que diminuem a motilidade (analgésicos, opióides, anticolinérgicos) Problema Possível causa Constipação 1. Desidratação; 2. Obstrução do TGI; 3. Inadequada ingesta de fibras; 4. Inadequada atividade física. Diarréia Fatores não relacionados à dieta: 1. Antibioticoterapia; 2. Antiácidos com magnésio; 3. Medicações contendo sorbitol; 4. Suplemento com fósforo; 5. Hipoalbuminemia; 6. Desordens do TGI. Fatores relacionados à dieta: 1. Inadequada ingestão de fibras; 2. Rápida infusão da dieta; 3. Hiperosmolaridade da fórmula; 4. Má absorção; 5. Rápida infusão de gordura; 6. Rápido esvaziamento gástrico; 7. Dietas geladas. Nutrição Enteral Complicações Metabólicas Problema Possível causa Hiper-hidratação 1. Desnutrição grave; 2. Insuficiência cardíaca, renal ou hepática; 3. Excesso de líquidos administrado. Desidratação 1. Uso de fórmulas hipertônicas; 2. Diarréia; 3. Baixa oferta de água. Hiperglicemia 1. Diabetes; 2. Trauma; 3. Sepse; 4. Uso de corticosteróides. Hipoglicemia 1. Suspensão súbita da dieta em pacientes hiperglicêmicos; 2. Excesso de administração de insulina. Nutrição Enteral Complicações Metabólicas Problema Possível causa Anormalidades de eletrólitos e elementos-traços 1. Diarréia; 2. Desnutrição; 3. Infecção; 4. Disfunção Renal. Alterações na função hepática 1. Sobrecarga calórica; 2. Substratos inapropriados; 3. Toxinas. Nutrição Enteral Complicações Mecânicas Problema Possível causa Obstrução da sonda 1. Lavagem incorreta da sonda; 2. Impactação de medicamentos pouco solúveis em água; 3. Dobramento e nó na sonda. Saída ou migração acidental da sonda 1. Alterações no peristaltismo; 2. Paciente hiperativo. Erosões nasais, necrose e abscesso septonasal 1. Sondas de grosso calibre e pouca flexibilidade. Sinusite aguda, rouquidão, otite 1. Sondas de pouca flexibilidade; 2. Permanência prolongada da SNE. Esofagite, ulceração esofágica e estenose 1. Sondas de grosso calibre; 2. Vômitos persistentes; 3. Refluxo gastroesofágico Nutrição Enteral Complicações Mecânicas Problema Possível causa Fístula traqueoesofágica 1. Necrose por pressão na parede posterior da traqueostomia e parede anterior do esôfago Ruptura de varizes de esôfago 1. Irritação e pressão excessiva; 2. Esofagites. Complicações Infecciosas Problema Possível causa Gastroenterocolite 1. Contaminação microbiana no preparo, utensílios e na administração da fórmula. *Portaria 337, ANVISA, abril de 1999 – orientações gerais para aplicação na operacionalização depreparo da NE. Nutrição Enteral Complicações Respiratórias Problema Possível causa Aspiração Pulmonar 1. Posicionamento inadequado da sonda; 2. Migração da sonda após passagem inicial; 3. Posicionamento impróprio do paciente; 4. Oferta exagerada de dieta; 5. Retardo do esvaziamento gástrico; 6. Íleo paralítico. Pneumonia aspirativa – incidência de 21 a 95% Nutrição Enteral Complicações Psicológicas • Ansiedade; • Depressão; • Falta de estímulo ao paladar; • Monotonia alimentar; • Insociabilidade; • Inatividade. Necessidades Energéticas • Calorimetria indireta; • Método prático (25 a 35 kcal/kg/dia); • Equação de Mifflin-St - 1990 (Eutróficos e Obesos) • Homens: GEB=10 x Peso(kg) + 6,25 x altura(cm) – 5x idade(anos) + 5; • Mulheres: GEB=10 x Peso(kg) + 6,25 x altura(cm) – 5x idade(anos) – 161. Recomendações Nutricionais DITEN, 2011 Paciente Grave: • Método prático (20 a 25 kcal/kg/dia); Equação de Ireton-Jones -1997: Respiração Espontânea • GET=629-11(i) + 25 (peso atual) – 609 (O); Ventilação Mecânica • GET=1784 -11(i) + 5 (peso atual) + 244 (S) + 239 (T) +804 (Q); I = idade (anos); O = Obesidade (ausente = 0; presente = 1); S= Sexo (masc=1; fem=0); T=Trauma (ausente=0; presente=1) Q=Queimadura (ausente=0; presente=1) Recomendações Nutricionais DITEN, 2011 DITEN, 2011 Recomendações Nutricionais Macronutrientes % VET Observações Carboidratos 50-60% Mín. 130g/dia Máx. 7g/kg/dia Proteínas 10-15% 0,8-1,0g/kg/dia (sem estresse met.) 1,0-2,0g/kg/dia (com estresse met.) Lipídeos Totais ω-6 ω-3 20-35% 2-4% 0,25-0,5% Máx. 2,5g/kg/dia 10-17g/dia 0,9-1,6g/dia Líquidos – 30 a 40 mL/kg/dia ou 1,0 a 1,5 mL/kcal. Fibras, Probióticos, Prebióticos e Simbióticos • Fibras solúveis – Paciente estável com TNE; • Fibras insolúveis – Evitar nos pactes gravemente enfermos, com risco de isquemia intestinal ou dismotilidade grave; • Recomendação – 15 a 30g/dia de fibras (75% insolúveis e 25% solúveis); • Prebióticos - 5 a 10g (flora normal); 12,5 a 20g (recuperação de bifidobactérias); • Probióticos – 109 UFC. Recomendações Nutricionais DITEN, 2011 Eletrólitos Recomendações Nutricionais Eletrólitos Recomendações Sódio 500 mg (22 mEq/Kg) Potássio 2g (51 mEq/kg) Cloreto 750 mg (21 mEq/kg) Magnésio 420 mg (17 mEq/kg) Cálcio 1200 mg (30 mEq/kg) Fósforo 700 mg (23 mEq/kg) DITEN, 2011 Vitaminas Recomendações Nutricionais Vitaminas Recomendações Betacaroteno 7 mg (limite máximo seguro) Vitamina K 1 mg Vitamina B1 (Tiamina) 100 mg Vitamina B2 (riboflavina) 40 mg Vitamina B12 2000 µg Biotina 900 µg Ácido Pantotênico 300 mg DITEN, 2011 Nutrição Enteral Alta com sonda Kcals, CHO, PTN.... Orientações Gerais cálculo de alta por sondas.xls cálculo de alta por sondas.xls ORIENTAÇÕES PARA O PREPARO DE DIETA POR SONDA ARTESANAL.docx ORIENTAÇÕES PARA O PREPARO DE DIETA POR SONDA ARTESANAL.docx RISCOS E BENEFÍCIOS NUTRIÇÃO ENTERAL PRECOCE Nutrição no paciente grave PASSADO SUPORTE NUTRICIONAL FORNECER SUBSTRATO EXÓGENO DURANTE O TRAUMA 1. PRESERVAR MM; 2. MANTER FUNÇÃO IMUNE; 3. PREVENIR COMPLICAÇÕES METABÓLICAS. PRESENTE TERAPIA NUTRICIONAL MODULAR A RESPOSTA ORGÂNICA AO TRAUMA 1. ↓ RESPOSTA METABÓLICA AO STRESS; 2. ↓ STRESS OXIDATIVO CELULAR; 3. MODULAR A RESPOSTA IMUNE. Thibault R., Pichard C., 2010 Nutrição no paciente grave TERAPIA NUTRICIONAL X STRESS CATABÓLICO Oferta adequada (macro e micronutrientes); Controle adequado da glicemia; Nutrição Enteral Precoce (NEP). ASPEN, 2009 NEP - Benefícios NUTRIÇÃO ENTERAL PRECOCE (NEP) INICIADA ATÉ 48H DE INTERNAMENTO OU APÓS O EVENTO CIRÚRGICO. NEP ↓ TEMPO DE INTERNAMENTO EM UTI ↓ SEVERIDADE DA DOENÇA ↓ COMPLICAÇÕES FAVORECE O BOM PROGNÓSTICO ASPEN, 2009 Avaliação Clínica do Íleo Pós Operatório Após NE Precoce em Cirurgias do Trato Digestório Alto Bernardes, L. F.M., 2006 N = 16 pacientes Grupo 1 (controle) – V.O após 72h da cirurgia; Grupo 2 (estudo) – NE por cateter nasojejunal 24h após cirurgia; Objetivos: Determinar e avaliar (BN, tolerância à dieta, tempo de permanência hospitalar, complicações no POI). Resultados: Não houve diferença (tolerância à dieta, tempo de permanência hospitalar, complicações no POI). BN (4º DPO) Controle – Média (-10,47)/DP= 3,02 Estudo – Média (-0,6)/DP=3,05 *(p<0,000) Early enteral nutrition can be sucessfully implemented in trauma patients with an “open abdomen” Byrnes, M.C; Reicks, P.; Irwin, E. N= 23 pacientes Grupo 1 – NE antes do fechamento da fáscia (12); Grupo 2 – NE após o fechamento da fáscia (11). Resultados O grupo 1 iniciou NE após 3,8 dias; Não houve complicações relacionadas à NE; Não houve diferença significativa no fechamento fascial. The American Journal of Surgery (2010) 199, 359 - 363 Early vs Delayed enteral nutrition in critical ill medical patients Woo, S.H. et al Objetivo: Avaliar o efeito da NEP ou NE tardia no tempo de internamento em UTI. N = 36 Grupo 1 – NEP (18); Grupo 2 – NE tardia (18). Nutrition in Clinical Practice, 2010 Early vs Delayed enteral nutrition in critical ill medical patients Woo, S.H. et al Conclusão A NEP está associada com: ↓ do tempo de UTI; ↓ tempo de AVM; ↓ Mortalidade hospitalar. A NEP (<24h) é considerada a melhor conduta para os pacientes críticos. Nutrition in Clinical Practice, 2010 NEP - Riscos Isquemia intestinal (<1%); A NE deve ser evitada se PAM <60mmHg, particularmente em pacientes que usam DVA e ainda se as doses precisam ser aumentadas para manter a estabilidade hemodinâmica. PAM = PAS + (PAD X 2) 3 Pode ser oferecida com cautela em pacientes estáveis com baixas doses de vasopressores, porém todos os sinais de intolerância (distensão abdominal, ↑ resíduo gástrico, ↓ fezes e flatos, ruídos intestinais hipoativos, acidose metabólica) devem ser cuidadosamente avaliados, pois podem representar os primeiros sinais de isquemia. Early enteral nutrition and outcomes of critical ill patients treated with vasopressors and mechanical ventilation Khalid, I.; Doshi, P.; Digiovine, B. N= 1174 pacientes Grupo 1 – NE ≤ 48h da AVM (707); Grupo 2 – NE tardia (467). Hipótese NEP estava associada com a ↓ da mortalidade American Journal of Critical Care, 2010 Early enteral nutrition and outcomes of critical ill patients treated with vasopressors and mechanical ventilation Early enteral nutrition and outcomes of critical ill patients treated with vasopressors and mechanical ventilation Khalid, I.; Doshi, P.; Digiovine, B. Conclusão: A NEP pode estar associada ↓ da mortalidade em pacientes críticos em AVM, hemodinamicamente instáveis em uso de vasopressores; Os efeitos da NEP foram mais evidentes nos pacientes em estado mais grave; A NEP não provocou danos aos pacientes. American Journal of Critical Care, 2010 When Early Enteral Feeding Is Not Possible in Critical Ill Patients: Results of a Multicenter Observational Study. Cahil, N.E., et al Objetivo: Avaliar o efeito da NP precoce comparada com a NP e NE tardia. N = 703 pacientes Grupo 1 – NP Precoce – 83 (11,8%); Grupo 2 – NP tardia – 79 (11,2%); Grupo 3 – NE tardia – 541 (77%). JPEN, 2011 When Early Enteral Feeding Is Not Possible in Critical Ill Patients: Results of a Multicenter Observational Study. Cahil, N.E., et al Conclusão O grupo NP precoce teve uma maior adequação nutricional, porém este resultado não se relacionou com a melhora clínica dos pacientes; A mortalidade, tempo de internamento hospitalar e a piora clínica tenderam a ser maioresno grupo NP Precoce; Os resultados reforçam os Guidelines Canadenses que referem a otimização da NE antes do início da NP. JPEN, 2011 Resumindo... BENEFÍCIOS A NEP, quando bem instituída, promove um impacto positivo na melhora clínica do paciente crítico; ↓ Tempo de internamento e os custos hospitalares; ↓ Mortalidade; ↓ Tempo de ventilação mecânica; ↓ Frequência de infecção; ↓ Permeabilidade intestinal; Segura em pacientes cirúrgicos; Modula a resposta inflamatória; Início < 24h traz benefícios ainda maiores; Resumindo... RISCOS • Risco de intolerância à terapia instituída (↑ Déficit calórico); • Risco de isquemia intestinal. NÃO ESQUECER!!! • Monitoramento constante; • EMTN. OBRIGADO!!! rodrigohuoc@yahoo.com.br Caso clínico 1 Paciente do sexo feminino, 47 anos chega ao serviço com história de ferida infectada em pé esquerdo referente a acidente com arame farpado há uma semana, com quadro de “trismus”, rigidez na nuca e espasmos musculares. HD: Tétano grave É diretamente encaminhada à UTI DIP do hospital para realização de TQT e início de tto. Após dois dias de internamento evolui com sepse, IRPa, esta sedada, com antibioticoterapia, em AVM modo PCV e estável com DVA. Qual a sua conduta nutricional? Justifique. Caso clínico 2 - TDL Paciente do sexo masculino, 69 anos, diabético e hipertenso, sequelado de AVC chega ao serviço com queixas de inapetência, tosse pós alimentação liquido pastosa, redução do nível de consciência, febre e desconforto respiratório, perda de 11kg em 1 mês, Peso habitual de 60 kg, altura (1,65m) IMC atual de 18,7 kg/m², circunferência da panturrilha (23 cm). Qual a conduta nutricional adequada para este paciente. Justifique. Faça a prescrição nutricional de alta para o paciente.
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