Resenha do Filme Adeus Lenin

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Resenha do Filme “Adeus, Lênin!” – Marina Moreira Batista Fernandes
O filme “Adeus, Lênin!” começa em um cenário da Alemanha um pouco antes da queda do muro de Berlim, período este em que ocorriam diversas manifestações populares contra o regime marxista da Alemanha Oriental, socialista. 
Nesse contexto, uma mulher vê seu filho participando de uma dessas manifestações e sofre um ataque cardíaco, que a leva ao estado de coma por meses e sendo diagnosticada de forma a não suportar esforços emocionais, caso contrário colocaria sua vida estaria em risco, devido ao seu mau funcionamento cardíaco. 
Durante o estado de coma da mulher, ocorre a emblemática queda do Muro de Berlim. Com o colapso da URSS aconteceram sucessivas manifestações dos dois lados, o que levou à derrubada do muro, resultando num processo de reunificação da Alemanha. 
A forte influência capitalista se fortaleceu ainda mais com a queda do muro influenciando o que antes era a Alemanha Oriental através de diversos recursos e produtos importados, empregos e outras formas típicas do capitalismo de ganhar a população com a sua sensação de “liberdade”. A partir de então a economia se tornou somente capitalista, provocando uma mudança enorme no cenário.
O filme ilustra a diferença no dia a dia das pessoas vivendo em ambos os regimes. Mostra que o novo não é necessariamente uma evolução positiva do velho. Critica bastante a ideologia socialista, mostrando como ela utilizava a repressão policial e o controle das mídias para reprimir manifestações contrárias ao regime. Mas em contrapartida, mostra como a ideologia capitalista, apesar de oferecer uma grande variedade de produtos, se vê de frente com a realidade de que nem sempre há dinheiro para adquiri-los. Além disso, as disputas pelas vagas de trabalho não aumentaram a remuneração, mas sim o desemprego. Essas questões afetam inclusive alguns personagens do filme, que reclamam do fim do regime e como isso prejudicou seus trabalhos.
É importante, sobretudo, compreender os pilares dos sistemas capitalista e socialista, sendo o primeiro caracterizado por atribuir os meios de produção à iniciativa privada, enquanto o outro esses são administrados pelo Estado​​, os bens de produção seriam estatais e cooperados, passando a ser administrados de forma planejada, de forma a atender as necessidades de todos. 
A grande questão do filme é que, para manter a vida da mãe, que não podia viver a emoção da queda do muro e as mudanças decorrentes desse episódio, o protagonista manipula a situação a fim de omitir o ocorrido para ela. Nesse ponto usa da manipulação para que ela não descubra, utiliza até mesmo de vídeos gravados com seu amigo para que sua mãe assista, simulando a realidade. A farsa é responsável por nos envolver na trama, isso porque o protagonista acaba por viver alguns desafios para não ser descoberto. As ações de Alex, por mais nobres que sejam, provocam mais uma reflexão: estaria ele se igualando às práticas autoritárias de manipulação?
Verifica-se que a principal mensagem deixada é de que, ao retratar o cenário entre os dois lados da Alemanha, o filme traz à tona os reflexos diretos das escolhas políticas e ideológicas nas vidas das pessoas, mostrando como o modelo político econômico adotado pelo Estado interfere em nossas vidas práticas. Somos parte de um todo. Nos permite, através da exposição da vida dos personagens, questionar como seria a nossa própria vida caso o modelo econômico do nosso país fosse outro.